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Capítulo 5. Redescobrir a cidade inventando um parque Faculdade Mater Dei – Arquitetura e Urbanismo Técnicas Retrospectivas II Professor: Me. Fábio Almeida Acadêmicos: Elton Cesar Valério Junior e Sérgio Felippe Mittmann. (ARQ8DA) Parque do Horto Botânico e Vale dos Contos em Ouro Preto - Minas Gerais Introdução Este capítulo é dedicado às intervenções que objetivam criar ou reabilitar parques urbanos, equipamentos com crescente importância na vida cotidiana da população, por garantirem um espaço de lazer e de contato com a natureza. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Redescobrir a cidade inventando um parque Os parques são áreas verdes de grandes dimensões destinadas ao lazer, à recreação e ao culto e fruição da natureza. Na atualidade, estão fortemente relacionados à prática de exercícios físicos e esportes e ao contato direto com elementos naturais, como a vegetação e a água. Com o crescimento urbano e a valorização do meio ambiente, a importância dos parques aumentou extraordinariamente. Mais recentemente, muitas praças estão sendo transformadas em pequenos parques, por meio do ajardinamento, arborização e implantação de equipamentos e mobiliário para a prática de exercícios físicos. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Nos primeiros séculos de colonização e urbanização do território brasileiro, não havia razão objetiva para a criação de espaços de culto à natureza no interior das cidades. A exuberância do meio natural, que mais precisava ser domado do que idolatrado, levava a um certo desprezo pela implantação de locais de cultivo ao verde. Como não se valorizava a natureza, áreas públicas arborizadas e ajardinadas não fizeram parte da tradição urbana brasileira. O verde nos núcleos históricos ficou restrito aos quintais particulares, nos fundos de lote, e aos conventos, fundamentalmente com funções utilitárias, como pomares e hortas. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. A partir do final do século XVIII, mais por importação de costumes do que por necessidade ou reivindicação popular, as áreas verdes muitas vezes acabaram abandonadas e malcuidadas pelo poder público, o que continuou a ocorrer até meados do século XX. A implantação de espaços ajardinados nos núcleos históricos brasileiros teve início em 1779, quando o vice-rei D. Luis de Vasconcellos encarregou o Mestre Valentim de traçar o projeto do Passeio Público “à maneira dos recintos existentes na Europa”, numa área alagadiça junto ao mar, no Rio de Janeiro. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Já a proposta de criação de jardins botânicos nas principais cidades brasileiras, no final do século XVIII, estava vinculada à preocupação da coroa portuguesa em fomentar o conhecimento da flora local e exótica, como os franceses tinham feito em Caiena, Guiana Francesa. Com objetivos científicos, agrícolas e econômicos, relacionados à aclimatação de plantas úteis ao comércio de especiarias, foi lançada a única proposta abrangente de implantar áreas verdes nas cidades brasileiras durante o período colonial. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. O Parque do Horto Botânico e Vale dos Contos em Ouro Preto - Minas Gerais Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. A documentação sobre o Horto Botânico é escassa e contraditória. Ele foi criado em 1798, no âmbito do Aviso Régio que determinou a implantação de recintos destinados à cultura de plantas locais e exóticas e ao plantio de madeiras de lei em várias províncias. O Vale dos Contos, por sua vez, é um grande espaço livre remanescente nos fundos dos lotes dos casarões construídos nas ruas São José, Ranulfo Bretas, Pilar, Paraná e na praça Reynaldo Alves de Brito. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. A intervenção no Horto Botânico e no Vale dos Contos não se limita à transformação de áreas desocupadas em um parque público. Trata-se de um plano de maior abrangência, que cria uma via de circulação urbana exclusiva para pedestres, ao longo da qual se observam novos panoramas e fachadas, com um potencial urbanístico extraordinário para o desfrute de moradores e visitantes. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Em vários pontos do circuito foram instalados platôs, verdadeiras varandas de madeira que se projetam sobre a paisagem, equipados com mesas e bancos. Em um ambiente paradisíaco, com paisagem privilegiada, implantou-se um anfiteatro de 60 lugares para pequenos eventos. Pontes metálicas, escadas e muretas em pedra configuram a trilha, criando alternativas de percurso ao longo do trajeto, que às vezes se torna labiríntico, deixando a caminhada ainda mais atraente. O represamento das águas que descem o morro forma um pequeno lago, ambiente acolhedor e inusitado. A passagem sob a ponte dos Contos A ponte dos Contos, monumento nacional sob o qual se estabelece o elo entre os dois setores do parque, representa o verdadeiro nó de toda a intervenção. Trata-se de um dos pontos de maior visibilidade da cidade de Ouro Preto, de onde se vislumbra, do lado esquerdo de quem vem da praça Tiradentes, o Vale dos Contos e os fundos dos casarões que o conformam e, do direito, a frondosa vegetação que cobre o antigo Horto Botânico. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. O Parque do Horto Botânico e Vale dos Contos, além de ampliar o interesse turístico e valorizar o patrimônio histórico ouro-pretano, estabelece uma interlocução com a população local, criando uma área que irá melhorar significativamente a qualidade de vida na cidade. Esse aspecto é muito relevante, porque em Ouro Preto, assim como em várias cidades preservadas, a conservação de edifícios e as regras patrimoniais são ainda vistas por parte dos moradores como um obstáculo para o desenvolvimento e a modernização, impedindo-os de ter acesso a benefícios corriqueiros em outras cidades. Passados quase três séculos desde sua formação, Ouro Preto ainda conserva um ambiente que permite uma leitura clara das características do urbanismo português no Brasil. O vasto “quarteirão” do Vale dos Contos talvez seja um dos locais em que essa estrutura apareça melhor preservada. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. O projeto é muito bem resolvido e implantado, sem gerar impactos na paisagem da cidade. Embora a partir das trilhas abertas no verde se descortinem belas e novas vistas para a cidade, não se alteraram substancialmente os elementos da estrutura urbana original, nem a frondosa vegetação que domina a área. O ponto mais fraco da intervenção, corresponde ao cruzamento da ponte dos Contos com a trilha do parque, o que não chega a comprometer a proposta como um todo. O ganho para a população foi enorme, sem prejudicar a preservação das características fundamentais da cidade. Não se pode conceber Ouro Preto como uma relíquia intocável. É uma cidade viva, que se transforma cotidianamente e assim deverá continuar. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Fonte: Google Imagens em 01/09/2020. Obrigado pela Atenção!!!
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