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Ética e Orientação Livro Texto - Unidade I

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Prévia do material em texto

Autoras: Profa. Mariana Pantaleão Del Re
 Profa. Bettina Gerken Brasil
Colaboradores: Profa. Mônica Teixeira
 Prof. Jamilson José Alves da Silva
Ética e Orientação 
Profissional
Professoras conteudistas: Mariana Pantaleão Del Re / Bettina Gerken Brasil
Mariana Pantaleão Del Re
Nutricionista formada em 2011 pelo Centro Universitário São Camilo. Possui Iniciação Científica e atualização 
profissional pelo Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em 2015 concluiu 
o mestrado em Ciências da Saúde, também pelo Departamento de Psicobiologia da Unifesp e no ano de 2017 a 
pós-graduação na área de nutrição esportiva na Fundação de Apoio à Pesquisa e Estudo na Área da Saúde (Fapes). Possui 
experiência profissional como docente de cursos de graduação e pós-graduação e em consultório, com atendimento 
voltado a atletas e desportistas. Atualmente, dedica-se exclusivamente à Universidade Paulista (UNIP), onde ministra 
disciplinas específicas do curso de Nutrição.
Bettina Gerken Brasil
Nutricionista formada pela Universidade de São Paulo (USP) em 1997, com mestrado (2000) e doutorado (2005) 
em Saúde Pública, pela Faculdade de Saúde Pública da USP; também é bacharel em Filosofia pela USP (2007). Docente 
da UNIP desde 2004, é vice-coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
D331e Del Re, Mariana Pantaleão.
Ética e Orientação Profissional / Mariana Pantaleão Del Re, 
Bettina Gerken Brasil. – São Paulo: Editora Sol, 2020.
172 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Código de ética. 2. Resolução. 3. Biotecnologia. I. Del Re, 
Mariana Pantaleão. II. Brasil, Bettina Gerken. III. Título.
CDU 17.023.33
U509.17 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Ingrid Lourenço
 Juliana Muscovick
Sumário
Ética e Orientação Profissional
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 FUNDAMENTOS DA ÉTICA ...............................................................................................................................9
1.1 Um pouco de filosofia ........................................................................................................................ 12
1.2 A trajetória do bem ............................................................................................................................. 14
1.3 O cristianismo e o Renascimento .................................................................................................. 15
1.4 Ética profissional .................................................................................................................................. 17
2 FUNDAMENTOS DA BIOÉTICA..................................................................................................................... 21
2.1 Bioética no Brasil .................................................................................................................................. 26
3 DEONTOLOGIA E CÓDIGO DE ÉTICA ......................................................................................................... 35
4 CÓDIGO DE ÉTICA DO NUTRICIONISTA ................................................................................................... 38
4.1 Breve histórico sobre a elaboração do novo Código de ética e de conduta 
do nutricionista ............................................................................................................................................ 38
4.2 Estrutura do Código de ética e conduta do nutricionista ................................................... 40
4.2.1 Princípios fundamentais ...................................................................................................................... 40
4.2.2 Capítulo I: Responsabilidades profissionais ................................................................................. 43
4.2.3 Capítulo II: Relações interpessoais .................................................................................................. 52
4.2.4 Capítulo III: Condutas e práticas profissionais ........................................................................... 53
4.2.5 Capítulo IV: Meios de comunicação e informação ................................................................... 59
4.2.6 Capítulo V: Associação a produtos, marcas de produtos, serviços, empresas 
ou indústrias ........................................................................................................................................................ 62
4.2.7 Capítulo VI: Formação profissional .................................................................................................. 65
4.2.8 Capítulo VI: Pesquisa ............................................................................................................................. 68
4.2.9 Capítulo VIII: Relações com as entidades da categoria .......................................................... 81
4.2.10 Capítulo IX: Infrações e penalidades ............................................................................................ 84
4.2.11 Capítulo X: Disposições gerais ......................................................................................................... 88
Unidade II
5 RESOLUÇÕES E DIRETRIZES DO CFN ....................................................................................................... 94
5.1 Resolução CFN n. 600, de 2018 ...................................................................................................... 94
5.2 Resolução CFN n. 222, de 1999 ...................................................................................................... 99
5.3 Resolução CFN n. 304, de 2003 ...................................................................................................... 99
5.4 Resolução CFN n. 306, de 2003 ....................................................................................................102
5.5 Resolução CFN n. 594, de 2017 ....................................................................................................103
5.6 Resolução CFN n. 417, de 2008 ....................................................................................................108
5.7 Resolução CFN n. 418, de 2008 ....................................................................................................113
5.8 Resolução CFN n. 465, de 2010 ....................................................................................................114
5.9 Resolução CFN n. 525, de 2013 ....................................................................................................1205.10 Resolução CFN n. 126, de 1992 .................................................................................................125
6 ATUAÇÃO EM EQUIPE MULTIDISCIPLINAR ..........................................................................................125
6.1 Equipes multi e interdisciplinares na nutrição .......................................................................127
6.1.1 O papel do nutricionista na EMTN ................................................................................................ 129
7 BIOTECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE ......................................................................................................132
7.1 Conceitos de biotecnologia e meio ambiente ........................................................................132
7.2 A revolução verde ...............................................................................................................................133
7.2.1 Organismos geneticamente modificados .................................................................................. 135
7.2.2 Responsabilidade social do nutricionista ................................................................................... 142
8 TEMAS POLÊMICOS.......................................................................................................................................143
8.1 Contextualização ................................................................................................................................143
8.2 Temas polêmicos e a ciência da nutrição .................................................................................144
8.2.1 Dieta detox ............................................................................................................................................. 145
8.2.2 Dieta com exclusão de glúten e/ou lactose .............................................................................. 146
8.2.3 Jejum intermitente .............................................................................................................................. 147
8.2.4 Multimistura .......................................................................................................................................... 149
8.3 Considerações finais ..........................................................................................................................150
7
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina traz a possibilidade da discussão e análise, à luz da ética, da atuação do nutricionista 
e da sua importância na sociedade. Serão discutidos temas profissionais atuais, sobre a temática da 
profissão, a ética e os valores acerca do que é ser nutricionista.
Por esse motivo, é objetivo desta disciplina desenvolver uma sólida reflexão com os alunos sobre a 
atuação profissional e a discussão acerca dos comportamentos esperados no exercício da profissão. Esse 
tema é, contemporaneamente, muito importante para a área. De um lado, é importante que o estudante 
tenha a consciência da dimensão e da importância da conduta adequada; de outro, os valores que 
acompanham a prática profissional.
Considerando que estamos em um momento de valores líquidos, de pilares poucos sólidos, é importante 
discutir com o aluno que isso é uma percepção errônea de como devemos agir. Existem sim pilares e 
valores sólidos que estão na base de todas as profissões, e não seria diferente com o nutricionista. Uma 
vez que uma pessoa recebe o título de nutricionista, é esperado dela esse comportamento adequado, 
pautado na nossa história e nos nossos valores.
Por isso, esta disciplina visa compreender a importância das questões éticas na sociedade 
contemporânea; analisar, sob o ponto de vista ético, temas ligados direta ou indiretamente à escolha 
profissional; conhecer e discutir o Código de Ética do Nutricionista e debater a ética profissional do 
nutricionista a partir da análise de alguns casos representativos.
INTRODUÇÃO
Tem sido muito comum encontrar orientações alimentares inadequadas nas redes sociais, algumas 
vezes até sendo publicadas por nutricionistas. Qual é o limite para esse tipo de publicação? O que o 
nutricionista pode ou não pode fazer quando se trata de mídias sociais? Em última instância, quando 
alguém publica alguma informação errônea só está pensando em si mesmo e não no outro, que pode 
ser influenciado por essa informação. Esse é um pequeno exemplo sobre posturas éticas que iremos 
trabalhar ao longo deste livro-texto.
Este conteúdo tem como objetivo fortalecer a prática do futuro nutricionista. É muito importante 
que o futuro profissional perceba que ter o título de nutricionista não dá a chave de ouro para qualquer 
conduta na vida profissional, e sim lhe dá o direito de exercer todo esse conhecimento científico já 
provado e comprovado. Todo profissional carrega consigo a história da profissão e o dever de levar essa 
história adiante, no caminho adequado.
Por isso, serão vistos a seguir alguns pontos importantes sobre ética e orientação profissional, 
começando justamente pelo tema da ética. É importante e fascinante entender os valores que envolvem 
a ética e seus desdobramentos. Logo após, falaremos também sobre bioética, pois esses valores pautam 
a atuação do profissional.
8
Logo após essa etapa, será conhecido o Código de Ética do Nutricionista. É muito importante perceber 
que muitas competências que estão na Resolução das áreas de atuação do nutricionista são colocadas 
e enfatizadas no Código de Ética.
Serão vistas também as resoluções e diretrizes do Conselho Federal de Nutricionistas, temas atuais e 
aplicados, como a biotecnologia e o meio ambiente, e alguns outros polêmicos nos quais os nutricionistas 
estão envolvidos.
Outro ponto importante que permeia a atuação do nutricionista é a sua atuação em equipe. Ser 
protagonista nesta situação é uma das atitudes mais importantes, mas para isso é necessário perceber a 
importância que o grupo tem no desenvolvimento das atividades e, com isso, respeitar toda e qualquer 
individualidade ali presente.
9
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Unidade I
1 FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Ética e moral são palavras que andam sempre juntas. O significado delas parece ser conhecido por 
nós, mas organizá-lo em palavras às vezes parece complicado. Vamos aqui passear por esse conteúdo, 
mostrando que ética é uma disciplina do campo da filosofia muito interessante, porque nos faz pensar 
sobre nossa vida e, mais do que isso, nos fortalece no comportamento de extremo respeito à vida 
e aos outros que vivem conosco. Não há nada melhor do que entender que respeito se conquista 
respeitando o outro.
Gontijo (2006) nos mostra que as palavras ética e moral são usadas praticamente como 
sinônimos. Originalmente, a ética foi entendida como costume, estilo de vida e ação. É essa 
ética que permite que o mundo seja habitável ser humano, que é construído e incessantemente 
reconstruído, trata-se de seu abrigo. Ou seja, é na ética que os seres humanos conseguem conviver 
em harmonia e em sociedade.
Figueiredo (2008, p. 1) também mostra essa dependência da ética para a vida em sociedade. Segundo 
ele, desde a Antiguidade se afirmava que o homem, sem a sociedade, teria um destino trágico, “pois, 
embora seja um ser independente, sua existência só teria sentido com a convivência social”.
Sobre a ética, esse autor também nos mostra que:
Refere-se aos atos concretos e particulares, por meio dos quais as pessoas 
realizam seu projeto de vida. Este sentido também interessa à ética, uma 
vez que o caráter moral vai se formando, precisamente, mediante as opções 
particulares que fazemos em nossa vida cotidiana (FIGUEIREDO, 2008, p. 3).
Essa afirmação e conceptualização de ética é muito importante. Apesar de ser relativa à palavra 
grega que deu origem ao termo ética, fala muito sobre o que vivemos na atualidade. Quais são as opções 
particulares que fazemos na nossa vida cotidiana que permite que vivamos a vida em sociedade? Essa 
escolha dos atos é muitoimportante para que essa vida seja possível.
 Observação
Segundo Gontijo (2006), os termos moral e ética falam sobre a 
reflexão, a ação, o bem ou o justo, e podemos usar indiferentemente 
qualquer um dos dois.
10
Unidade I
Então vamos lá. O que é, afinal, ética?
Figura 1 
No mundo ocidental, um dos primeiros filósofos a falar sobre ética foi Aristóteles, com seu famoso 
livro Ética a Nicômaco, no qual ele ensinava seu filho a viver na cidade.
É muito interessante que a partir dos estudos de Aristóteles depreende todo o estudo sobre ética que 
temos até hoje. Aristóteles começou nos trazendo o tema para pensarmos no comportamento humano. 
Com isso, ele fez desse tema o estudo das ações e costumes humanos (como uma disciplina filosófica) 
e a própria realização de um tipo de comportamento (VALLS, 1994).
Para estudar ética, costuma-se separar os problemas teóricos em dois campos, a saber: os problemas 
gerais e fundamentais como a liberdade, consciência, leis, valores, fazer o bem e assim por diante; e 
problemas específicos, como os problemas de ética profissional, política, bioética, entre outros (VALLS, 1994).
 Observação
Para estudarmos ética, separamos teoricamente seus objetos de estudo. 
Mas na vida cotidiana esses assuntos não estão assim separados e nos 
deparamos com eles o tempo todo.
Também vale lembrar um ponto importante quando falamos de ética, o fato de estar muito ligada ao 
seu tempo. Como os costumes e as percepções sobre a vida mudam, é comum mudarmos e aceitarmos 
comportamentos diferentes que não eram aceitos antes. Valls (1994) pergunta se a ética não seria, 
então, uma simples listagem das convenções sociais provisórias.
11
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
À primeira vista pode-se pensar que sim, como ele mesmo nos apresenta:
[…] o que seria um comportamento correto, em ética? Não seria nada mais 
do que um comportamento adequado aos costumes vigentes, e enquanto 
vigentes, isto é enquanto estes costumes tivessem força para coagir 
moralmente, o que aqui quer dizer, socialmente, Quem se comportasse de 
maneira discrepante, divergindo dos costumes aceitos e respeitados, estaria 
no erro, pelo menos enquanto a maioria da sociedade ainda não adotasse o 
comportamento ou o costume diferente. Quer dizer: esta ação seria errada 
apenas enquanto ela não fosse o tipo de um novo comportamento vigente 
(VALLS, 1994, p. 10).
Mas depois percebemos que não, ética não é apenas o comportamento vigente aceito na sociedade, 
e sim uma reflexão teórica, com uma validade mais universal (VALLS, 1994).
Sobre a teorização do campo da ética, temos documentos valiosos desde os gregos antigos, 
como Aristóteles.
Figura 2 – Aristóteles
Nesses textos, percebemos que as reflexões, mesmo que teóricas, são relativas à organização social 
daquela sociedade (VALLS, 1994). Mas comportamento ético propriamente dito só se consegue acessar 
em textos não filosóficos, que se aproxime da vida diária.
Na obra Ética a Nicômaco, Aristóteles afirma que a ética nos ensina a viver. E esse viver é a prática, 
é o costume, é o comportamento (GONTIJO, 2008). Percebemos que a ética, então, pode variar ao longo 
do tempo e em diferentes locais/sociedades.
12
Unidade I
Para Valls (1994, p. 13), “não são apenas os costumes que variam, mas também os valores que os 
acompanham, as próprias normas concretas, os próprios ideais, a própria sabedoria, de um povo a outro”.
 Observação
A ética e os costumes estão ligados ao momento histórico de um 
determinado povo ou sociedade.
As palavras ética e moral podem ser usadas como sinônimos quando se trata do estudo do 
comportamento humano, mas na contemporaneidade e na vida prática,
[…] deve-se entender por moral um sistema de normas, princípios e valores, 
segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos 
ou entre estes com a comunidade de forma não coercitiva. De maneira que 
estas normas são dotadas de um caráter histórico e social e são acatadas de 
forma livre e por convicção de foro íntimo (FIGUEIREDO, 2008, p. 7).
Ou seja, moral trata das regras de convivência em sociedade implícitas e não impostas de forma 
coercitiva. A ética trata, hoje em dia, das normas explícitas para ações do ser humano. Ambas com o 
objetivo da vida harmoniosa em sociedade.
1.1 Um pouco de filosofia
Temos na história da filosofia ocidental o pensador Sócrates, um dos pioneiros do pensamento filosófico.
Figura 3 – Sócrates
13
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Conhecemos Sócrates a partir das obras de seu discípulo Platão, que conta nos seus livros 
diversos diálogos entre seu mestre e interlocutores. Nesses diálogos, eles desenvolvem pensamentos 
estudados até hoje.
Sócrates foi chamado de o fundador da moral
porque sua ética não se baseava simplesmente nos costumes do povo e 
dos ancestrais, assim como nas leis exteriores, mas sim na convicção 
pessoal, adquirida através de um processo de consulta ao seu “demônio 
interior” (como ele dizia), na tentativa de compreender a justiça das leis 
(VALLS, 1994, p. 17).
Ele foi importante porque foi o primeiro grande pensador da subjetividade. Sócrates tinha um 
movimento de interiorização da reflexão e de valorização da subjetividade, e essa subjetividade culmina 
em Kant, no século XVIII.
 Saiba mais
O texto a seguir fala sobre os conceitos de ética e moral e pode ser bem 
proveitoso para o desenvolvimento do tema deste livro-texto:
GONTIJO, E. D. Os termos “ética” e “moral”. Revista Mental, n. 7, p. 127-135, 
2006. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttex
t&pid=S1679-44272006000200008. Acesso em: 8 maio 2020.
Kant, por sua vez, procurava a ética de validade universal e a possibilidade do conhecimento 
verdadeiro e do agir livre. Ele desenvolve o pensamento de que existe o dever, a obrigação moral, e que 
isso é uma necessidade para uma liberdade. Para ele, “o dever obriga moralmente a consciência moral 
e livre, a vontade verdadeiramente boa deve agir sempre conforme o dever e por respeito ao dever” 
(VALLS, 1994, p. 18).
Tome, pensei em ficar 
com o troco da padaria 
para comprar bala, mas 
não consegui.
E tudo por causa do maldito 
inquilino que começou a dizer 
que isso é muito feio, que não 
se faz e sei lá o quê!
Inquilino?
Que inquilino?
Esse que a 
gente tem 
aqui dentro.
Figura 4 
14
Unidade I
 Observação
Immanuel Kant foi o principal filósofo da Era Moderna.
Kant procura mostrar a existência de uma moral igual para todos; uma moral racional, que precisa 
ser consciente e não apenas relativa aos costumes (VALLS, 1994).
Ele traz consigo alguns pensamentos importantes que influenciaram e ainda influenciam o 
entendimento da moral e da ética até hoje. Para ele,
se a moral é a racionalidade do sujeito, este deve agir de acordo com o dever 
e somente por respeito ao dever: porque é dever, eis o único motivo válido 
da ação moral (VALLS, 1994, p. 20).
Esse pensamento, na sua época, foi revolucionário, porque o século XVIII foi um período pautado por 
tradições e imposições irracionais, muitas vezes ligadas à Igreja. Para Kant,
[…] o sujeito está obrigado, para ser um homem livre, a perguntar qual é o 
seu dever, e a agir somente de acordo com o seu dever, e isto, exclusivamente, 
por ser o seu dever (VALLS, 1994, p. 20).
Isso quer dizer que quando o indivíduo pensa de fato nas suas ações deve fazer o bem. Ainda 
segundo Kant, e diferentemente do que era vigente na sua época, os conteúdos éticos não estão no 
exterior, fora das pessoas, e sim no interior. É nesse momento que as pessoas devem pensar em seus atos 
e em fazer o bem. Para ele, “devo proceder sempre de maneira que eu possa querer também que a minha 
máxima se torne uma lei universal” (VALLS, 1994, p. 20).
De forma indireta, Kant, assim como outros filósofos que trabalharam o tema ética, quiseram 
discutir o que é o bem.
1.2 A trajetória do bem
Segundo Valls (1994), os primeiros filósofos pesquisaram sobre a natureza do bem moral para 
compreender um princípio absoluto da conduta.Lembrete
Conhece-te a ti mesmo é um aforismo utilizado por Sócrates nos 
diálogos de Platão e que está na base da reflexão racional, um dos 
métodos da filosofia.
15
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
É interessante perceber que esse bem moral estava ligado a outra questão importante para a filosofia: 
a busca pela felicidade. Hoje em dia, quando pensamos em felicidade, estamos um pouco longe daquilo 
que Platão pensou ao discutir essa busca. Para o pensador, essa busca pela felicidade estava no centro 
das preocupações éticas.
E é sobre essa virtude que devemos falar. Para Platão, um homem virtuoso estabelece na sua vida a 
ordem, a harmonia e o equilíbrio. Para ele,
a prática da virtude é por isso a coisa mais preciosa para o homem. A virtude 
é a harmonia, a medida e proporção, e a harmonia individual e social é assim 
uma imitação da ordem cósmica (VALLS, 1994, p. 26).
Por sua vez, Aristóteles mostra que a ética é marcada pelos fins que devem ser alcançados para que 
o homem atinja a felicidade. Para ele, a felicidade verdadeira é conquistada pela virtude.
Aristóteles valoriza, então, mais do que seu mestre, a vontade humana, 
a deliberação e o esforço em busca de bons hábitos. O homem precisa 
converter suas melhores disposições naturais em hábitos, de acordo com a 
razão: virtudes intelectuais (VALLS, 1994, p. 33).
Aristóteles afirmava que toda investigação (ética, como ciência) e toda ação (ética, como costume) 
visam o bem. Ou seja, todas as coisas (pensamento e ação) visam o bem.
 Observação
A palavra grega para ética também significa morada, abrigo, proteção, 
dando a conotação que a ética protege o ser humano.
Atualmente, a discussão sobre ética está um pouco diferente. Platão e Aristóteles colocavam que o 
homem virtuoso tem atitudes éticas. Hoje, se diz que quem tem atitudes éticas é virtuoso e elas são bem 
delimitadas pelas leis e pelos códigos de ética.
O intuito aqui é colocar essa discussão em pauta. O nutricionista, ao entender o seu papel, deve 
exercer sua função de forma ética de modo mais intuitivo.
1.3 O cristianismo e o Renascimento
O cristianismo influenciou por muitos anos os conceitos de ética e moral. Em todo o período da 
Idade Média o ser humano viveu para conhecer, amar e servir a Deus, diretamente e por meio de seus 
irmãos. O ideal ético, naquele tempo, era o de uma vida espiritual, de amor e fraternidade.
16
Unidade I
 Observação
Tomás de Aquino, teólogo e filósofo italiano, foi influenciado pelos 
escritos de Aristóteles e influenciou os pensamentos cristão e moderno.
Ainda na Idade Média, Tomás de Aquino deu importância à consciência moral, que é, para ele, aquela 
voz interior que nos diz que devemos fazer o bem e evitar o mal (VALLS, 1994). Essa consciência moral 
é discutida até os dias de hoje.
No Renascimento e no Iluminismo, a consciência moral sofreu grande influência de Kant e tinha 
como ideal ético a autonomia individual. O homem racional, autônomo, autodeterminado – aquele que 
age segundo a razão e liberdade – é o próprio critério de moralidade.
É importante entender o pensamento de Hegel sobre ética. Para ele,
[…] o ideal ético […] estava numa vida livre dentro de um Estado livre, um 
Estado de direito, que preservasse os direitos dos homens e lhes cobrasse 
seus deveres, onde a consciência moral e as leis do direito não estivessem 
nem separadas nem em contradição (VALLS, 1994, p. 45).
 Observação
Hegel foi um filósofo germânico, representante do idealismo alemão, 
que até hoje influencia um grande número de pensadores.
Percebemos nas ideias de Hegel uma presença grega, tanto de Platão como de Aristóteles. 
Conseguimos ver nos seus conceitos a virtude e o racionalismo gregos.
Gontijo (2006) nos mostra que, para Hegel, assim como para outros pensadores, ser ético é que faz 
o ser humano capaz de viver em sociedade.
Existindo na substância ética, o indivíduo se submete livremente ao sistema 
de seus deveres dando à sua ação, ao cumpri-los, a qualidade de virtude e 
participando, assim, do universo ético dos costumes (GONTIJO, 2006, p. 130).
Mais uma vez nos deparamos com essa noção de que a ética está no ser humano antes mesmo 
de sua ação. É o indivíduo ético que age livremente de forma ética e é este costume que permite a 
convivência entre as pessoas.
17
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Para Valls (1994), os valores éticos, nos últimos duzentos anos, se tornaram cada vez mais um 
assunto particular, e não mais geral, privilegiando o aspecto pessoal ou personalista da ética, como 
autenticidade, opção, cuidado, entre outros.
A ética entendida como uma vida social mais justa volta à discussão no pensamento social, que foca 
as injustiças econômicas, principalmente. Procura trazer a discussão para um aspecto mais palpável e 
menos teórico, colocando como pauta a discussão sobre um mundo mais humano.
A reflexão ético-social do século XX coloca em pauta uma questão importante: “na massificação 
atual, a maioria hoje talvez já não se comporte mais eticamente, pois não vive imoral, mas amoralmente” 
(VALLS, 1994, p. 47).
O filósofo Jean-Paul Sartre retoma o tema liberdade. Para ele, cada indivíduo escolhe livremente e, 
ao escolher, cria o seu valor. Dessa forma, a ação de uma pessoa vale moralmente não por se submeter 
a uma norma, mas pelo uso que ela faz da própria liberdade (GAUDENZI, 2004).
De alguma forma, esse pensamento de Sartre nos leva de novo à importância de agir eticamente, 
com a intenção de fazer o bem para a coletividade, mas de modo livre e intuitivo, e não coercitivo.
Ética e moral são conceitos que mudam ao longo do tempo. Sabemos que sempre existirá a discussão 
acerca desses temas porque vivemos em sociedade e, ao conviver com outros seres humanos, pensamos 
no comportamento e nas condutas.
Dentro desse conceito de ética e moral, estudamos como ela foi entendida ao longo do tempo 
como virtude, felicidade, racionalidade, consciência, entre outros. Todas essas ideias permeiam 
nosso conceito atual.
 Saiba mais
O texto a seguir trata um pouco mais sobre a história da ética:
SILVA, F. L. Breve panorama histórico da ética. Revista Bioética, v. 1, n. 1, 
1993. Disponível em: http://www.revistabioetica.cfm.org.br/index.php/
revista_bioetica/article/view/473/290. Acesso em: 21 maio 2020.
1.4 Ética profissional
A ética e a moral tratam do comportamento, do valor e dos costumes dos seres humanos. Quando se 
trata da ética profissional, estão se trazendo normas e consciência para a atuação de um determinado 
profissional, para que ele siga com os valores do grupo do qual faz parte.
18
Unidade I
Essas normas têm como objetivo, de um lado, mostrar os limites da atuação e, de outro, mostrar a 
liberdade de escolhas dentro daquele conjunto de ações que se espera de um determinado profissional.
Para Gaudenzi,
[…] a liberdade deve estar fundamentada no cumprimento das normas 
que regulamentam os atos morais e não mais submetidos passivamente à 
tradição ou pelo temor aos castigos dos deuses. Emergem daí com maior 
relevância os códigos que passam a orientar moralmente a vida e o trabalho 
nas sociedades humanas (GAUDENZI, 2004, p. 140).
Voltamos a lembrar que, historicamente, os princípios morais e éticos têm servido como norteadores 
das ações humanas, garantindo a vida imediata e possibilitando a vida futura.
Gaudenzi ainda afirma:
[…] importa reconhecer que os problemas éticos surgem no 
relacionamento pessoal ou nas relações de trabalho, provavelmente 
porque nossos valores morais não estão suficientemente interiorizados 
para que possamos agir sempre da forma considerada eticamente correta 
(GAUDENZI, 2004, p. 141).
Por esse motivo há necessidade de se discutir os valores e fundamentos da ética com os 
profissionais; no caso, profissionais de saúde, para que esses valores fiquem interiorizados e baseiem as 
escolhas de cada um.
Nesse sentido, não são perda de tempo a reflexão, o exercício do questionamento e a análise da 
realidade, por mais que pareça na sociedade contemporânea, tãoafeita à tecnologia e ao automatismo.
Desta forma, os conflitos no ambiente de trabalho são inevitáveis, em 
virtude da complexidade do ser humano, tendo em vista as diferentes 
personalidades, as aspirações e os níveis de frustrações, assim como o 
princípio da autonomia, tão caro ao pensamento liberal. No entanto a 
autonomia, embora muito importante, “não tem caráter absoluto, universal 
e de primazia no momento da solução dos conflitos éticos”. Na medida 
em que a autonomia de cada um, por definição relativa, encontra seus 
limites na responsabilidade que temos no respeito à autonomia do outro 
(GAUDENZI, 2004, p. 141).
Este pensamento vem de encontro à frase comumente ouvida, de que o limite da liberdade de uma 
pessoa é a liberdade da outra. Apesar da autonomia e da liberdade das pessoas, esta só se dá por meio 
do respeito e da consciência de que o outro também detém sua autonomia e liberdade.
19
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Dessa forma, segundo Gaudenzi, cada profissional deve fazer o melhor uso possível da sua liberdade, 
considerando não só o código de ética profissional, formalmente constituído, mas este código no 
respeito ao seu paciente ou ao cidadão.
É necessário que a discussão sobre ética e moral seja conhecida por cada um dos profissionais, pois 
qualquer regra de comportamento só pode ser verdadeiramente exercida se encontrar uma ressonância 
em nossa personalidade. Isso se dá pelo sentimento ético. Se isso não ocorrer, os escritos das normas 
profissionais se transformam em protocolos estéreis e sem sentido.
 Lembrete
A vocação para lidar com o outro em momentos de dor, perda, 
vulnerabilidade, deve ser o elemento motivador que iluminará o senso de 
responsabilidade do profissional de saúde (GAUDENZI, 2004).
É com esses valores que o profissional de saúde recebe seu reconhecimento e valor e, 
consequentemente, é remunerado pelo seu trabalho. A qualidade da sua atuação está cada vez 
mais relacionada com sua empregabilidade e remuneração. Segundo Gaudenzi (2004), ter o diploma 
reconhecido oficialmente é cada vez mais parte do requisito pra o exercício profissional. Cada vez mais 
é necessária a qualificação moral, o exercício digno, a prática humana, capaz de respeitar a autonomia 
do paciente, sem discriminação.
As novas diretrizes curriculares dos cursos de Medicina, Enfermagem e Nutrição afirmam:
A atenção à saúde, uma competência geral de todos os profissionais de 
saúde, deve ser realizada atendendo, simultaneamente, aos mais altos 
padrões de qualidade e aos princípios da ética ou da bioética. Além disso, 
também estão preconizadas a inclusão e a valorização das dimensões éticas 
e humanísticas desde a formação, tendo em vista o desenvolvimento, no 
aluno e no futuro profissional, de atitudes e valores orientados para a 
cidadania (GAUDENZI, 2004, p. 142).
Começamos este livro-texto introduzindo uma provocação: hoje em dia é muito comum encontrarmos 
orientações alimentares inadequadas nas redes sociais, em algumas vezes até sendo publicadas por 
nutricionistas. Qual então é o limite para esse tipo de publicação?
A resposta não é exatamente ríspida, não é coercitiva, não está escrita em algum lugar para todos 
seguirem. Temos que levar em conta que os profissionais e todas as pessoas são bombardeados todos 
os dias com informações de novos procedimentos, mais resultados, promessas, expectativas de cura ou 
de perda de peso.
Os avanços científicos verdadeiros não podem ser ignorados pelo profissional de saúde. Mas é preciso 
atentar-se para que a vontade de resolver o problema do paciente/cliente não conduza a conclusões 
20
Unidade I
erradas sobre a eficácia do novo, sem considerar o processo científico que chegou à conclusão alardeada. 
É necessário verificar se as supostas novas descobertas foram cientificamente testadas e se a ética 
e a bioética foram respeitadas nesse processo. Sem isso, fuja dessas condutas, não atue de forma 
irresponsável e eticamente inaceitável.
A matéria-prima básica dos serviços de saúde são vidas humanas. Assim, 
a responsabilidade que está inscrita no ato do profissional de saúde, em 
parte, é arte, em parte, é técnica, mas integra sempre uma dimensão 
humanitária e solidária na direção da promoção do bem-estar de todos 
(GAUDENZI, 2004, p. 143).
Segundo Koerich, Machado e Costa,
para as teorias éticas, o desejável é o “ser”: ser livre e autônomo (o ser que 
pondera seus atos no respeito ao outro e no direito comum); ser que age 
para a benevolência e a beneficência (pratica o bem e não o nocivo); o ser 
que exercita a justiça (avalia atos, eventos e circunstâncias com a razão e não 
distorce a verdade); o ser virtuoso no caráter (solidário, generoso, tolerante, 
que ama a liberdade e o justo) (KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005, p. 107).
As discussões sobre ética, segundo Koerich, Machado e Costa (2005), não podem abrir mão do 
princípio de responsabilidade, que permeia todas as questões éticas e se refere à:
•	 responsabilidade individual, assumida por cada um de nós;
•	 responsabilidade pública, referente ao papel e aos deveres dos Estados com a saúde e a 
vida das pessoas;
•	 responsabilidade planetária, nosso compromisso como cidadãos do mundo frente ao desafio de 
preservação do planeta.
Esses três pontos são fundamentais para discussão na formação do profissional de saúde. 
Ao escolher uma profissão de saúde, cada um de nós assume uma responsabilidade no cuidado 
do outro e ela é individual, pessoal. Também assumimos uma responsabilidade pública quando a 
atuação é no sistema público, de representar o Estado no cuidado com a vida das pessoas. E hoje em 
dia, frequentemente em discussão, a responsabilidade planetária, na qual cada um de nós precisa 
assumir seu compromisso com todos os cidadãos do mundo para a preservação do planeta (KOERICH; 
MACHADO; COSTA, 2005). É visível a necessidade de uma postura consciente, solidária, responsável e 
virtuosa dos profissionais.
O comportamento ético de profissionais da saúde não se restringe ao indivíduo, devendo ter um 
enfoque de responsabilidade social e ampliação dos direitos da cidadania, uma vez que sem cidadania 
não há saúde (KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005).
21
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
2 FUNDAMENTOS DA BIOÉTICA
Agora que entendemos um pouco sobre a ética e seus fundamentos, vamos estudar uma parte da 
ética que envolve diretamente a área da saúde, especificamente os testes e pesquisas com seres humanos.
A bioética é uma forma de ética aplicada que caracteriza a sociedade, a cultura e os valores morais 
da civilização contemporânea (GAUDENZI, 2004).
Ela pode ser definida como:
o estudo sistemático de caráter multidisciplinar, da conduta humana na 
área das ciências da vida e da saúde, na medida em que esta conduta é 
examinada à luz dos valores e princípios éticos (KOERICH; MACHADO; 
COSTA, 2005, p. 108).
Para Garrafa,
a bioética, assim, diferentemente da ética profissional e deontológica, de 
cunho legalista, não tem por base a proibição, a limitação ou a negação. Ao 
contrário, atua com base na legitimidade das ações e situações, tratando 
de atuar afirmativamente, positivamente. Para ela, a essência é a liberdade, 
porém, com compromisso e responsabilidade (GARRAFA, 2005, p. 11).
Marques Filho (2007) conta que a experimentação com seres humanos foi prática comum ao longo 
de séculos em todo o mundo, com diferentes padrões de ética e qualidade.
As pesquisas na área biomédica e com seres humanos sofreu grande avanço técnico na última 
metade do século passado e, paralelamente a esse avanço, acompanhamos abusos e conflitos éticos 
nesse processo. Foi nesse momento que surgiu o termo, um novo campo do conhecimento humano e 
uma nova disciplina acadêmica, a bioética. O surgimento desse tema dá voz a uma discussão importante 
sobre os limites das experimentações com seres humanos.
Segundo Garrafa (2005), a definição de bioética abarca a ética médica, mas não se limita a ela, e 
abrange mais que os limites tradicionais que tratam dos problemasresultantes das relações entre os 
profissionais de saúde e seus pacientes.
Ela não significa apenas uma moral do bem e do mal, ou um saber universitário a ser transmitido 
e aplicado diretamente na realidade concreta, como as ciências biomédicas ou sociais, por exemplo 
(GARRAFA, 2005).
Foi Van Rensselaer Potter, um bioquímico e pesquisador na área de câncer nos Estados Unidos, que 
empregou pela primeira vez o termo biotética, em 1971, com a publicação de seu livro. Van Rensselaer 
via a necessidade de desenvolver um novo campo da ética que discutisse a proteção do homem, de sua 
sobrevivência e melhora na qualidade de vida.
22
Unidade I
Outros pesquisadores – um deles, o obstetra holandês André Hellegers – se preocuparam em colocar 
esse termo para a medicina e as ciências biológicas, criando uma aplicação prática para esse novo 
campo de conhecimento, incorporando seus conceitos na prática médica assistencial.
Garrafa mostra que o desenvolvimento histórico da bioética compreende quatro etapas ou momentos 
bem determinados:
1 – A etapa da fundação, relacionada com os anos 1970, quando os primeiros 
autores estabelecem as bases conceituais;
2 – A etapa da expansão e consolidação, relacionada à década de 1980 […]
3 – A etapa da revisão crítica que compreende o período posterior aos 
anos 1990 até o início de 2005, onde os princípios da bioética foram 
questionados; […]
4 – A etapa de ampliação conceitual após a homologação em 10 de outubro 
de 2005, em Paris, da Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos 
da Unesco, ampliando a bioética para além da temática biomédica-
biotecnológica, para os campos social e ambiental (GARRAFA, 2005, p. 5).
Os princípios dessa nova bioética estão presentes até hoje: beneficência, não maleficência, 
autonomia e justiça.
Foi em 1947 que surgiram as primeiras normas reguladoras de pesquisa. Isso se dá em decorrência 
da Segunda Guerra Mundial e dos relatos de testes e abusos ocorridos dentro e fora dos campos de 
concentração. Essa foi uma parte muito triste da história da humanidade.
Decorrente desses abusos e como resultado de discussões internacionais sobre bioética, foi 
estabelecido o Código de Nuremberg, foi assinado por diversos países, inclusive o Brasil. Nesse código, 
há o princípio da autonomia reconhecido oficialmente. O Código de Nuremberg estabelece algumas 
normas importantes:
•	 estabelece a necessidade de estudos prévios em laboratório e em animais, antes de serem 
testados em humanos;
•	 a análise de riscos e benefícios da investigação proposta;
•	 a liberdade do sujeito de pesquisa de se retirar do estudo;
•	 adequada qualificação do pesquisador, entre outros.
23
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
 Lembrete
A autonomia de participar ou não de uma pesquisa foi estabelecida e 
respeitada após o Código de Nuremberg, princípio fundamental que era 
ignorado antes disso.
A história nos mostra que apesar do Código de Nuremberg, ainda existiam pesquisas com protocolos 
de abuso importante contra seres humanos. Nas décadas de 1950 e 1960 existiram diversas pesquisas 
que foram publicadas, mesmo não seguindo os princípios da bioética já vigentes no mundo.
A 18a Assembleia da Associação Médica Mundial, que ocorreu em 1964, reviu o Código de Nuremberg 
e aprovou a Declaração de Helsinque. Essa declaração passou por revisão posterior em 1975 (Tóquio), 
1983 (Veneza), 1989 (Hong Kong), 1996 (Somerset West) e 2000 (Edimburgo), e todas mantiveram o 
nome de Declaração de Helsinque.
Paralelamente a essa discussão e publicação, o Council for International Organization of Medical 
Sciences, junto à Organização Mundial da Saúde, elaborou na década de 1980 as Diretrizes internacionais 
para pesquisa biomédica com seres humanos.
Em 2005, a Conferência Geral da Unesco aprovou por aclamação a Declaração universal sobre bioética 
e direitos humanos. Esse é um marco importante, pois pela primeira vez todos os Estados-membros da 
Unesco (hoje 193 países) comprometeram-se com a comunidade internacional a respeitar e aplicar os 
princípios da bioética desta Declaração (UNESCO, 2006).
 Observação
Unesco é a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência 
e a Cultura e foi criada em 1945, após a Segunda Guerra Mundial.
A Declaração incorpora os princípios que norteiam o respeito pela dignidade humana, pelos direitos 
humanos e pelas liberdades fundamentais.
 Saiba mais
Leia na íntegra a Declaração universal sobre bioética e direitos humanos:
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E 
CULTURA (UNESCO). Declaração universal sobre bioética e direitos humanos. 
Portugal, 2006. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/
pf0000146180_por. Acesso em: 22 maio 2020.
24
Unidade I
A Declaração inicia mostrando às pessoas o papel importante de cada um na garantia dos 
princípios da bioética:
Consciente da capacidade única dos seres humanos de refletir sobre a sua 
existência e o seu meio ambiente, identificar a injustiça, evitar o perigo, 
assumir responsabilidades, procurar cooperação e dar mostras de um sentido 
moral que dá expressão a princípios éticos (UNESCO, 2006, p. 3).
No seu preâmbulo, apresenta suas bases para apresentar seus princípios:
1 – Dignidade humana e direitos humanos
Coloca como primeiro princípio a noção de que os interesses e o bem-estar do indivíduo devem 
prevalecer sobre o interesse exclusivo da ciência ou da sociedade (UNESCO, 2006).
2 – Efeitos benéficos e efeitos nocivos
Este é um princípio importante de qualquer pesquisa ou protocolo de atendimento, mostra que os 
efeitos benéficos diretos ou indiretos devem ser maximizados e deve ser minimizado qualquer efeito 
nocivo suscetível de afetar esses indivíduos.
3 – Autonomia e responsabilidade individual
Deve ser respeitada a autonomia das pessoas no que diz respeito à tomada de decisões, assumindo 
a respectiva responsabilidade e respeitando a autonomia dos outros.
4 – Consentimento
Qualquer procedimento só pode acontecer com o consentimento prévio, livre e esclarecido da 
pessoa em causa.
5 – Pessoas incapazes de exprimir seu consentimento
É importante promover proteção especial às pessoas que são incapazes de exprimir seu consentimento. 
O interesse da pessoa em causa deve estar em primeiro lugar na decisão de qualquer procedimento, e 
o benefício deve ser direto à saúde dessa pessoa. Deve ser, também, respeitada a recusa dessas pessoas 
em causa em participar na investigação.
6 – Respeito pela vulnerabilidade humana e integridade pessoal
Os grupos vulneráveis devem ser protegidos e deve ser respeitada a integridade pessoal dos 
indivíduos em causa.
25
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
7 – Vida privada e confidencialidade
Considerar como premissa o sigilo e o anonimato dos dados coletados.
8 – Igualdade, justiça e equidade
A igualdade de todos os seres humanos em dignidade e direitos deve ser respeitada para que todos 
sejam tratados de forma justa e equitativa.
9 – Respeito pela diversidade cultural e pelo pluralismo
Devem ser levados em conta a diversidade cultural e o pluralismo, mas nunca de forma a infringir a 
dignidade humana, os direitos humanos e as liberdades fundamentais.
10 – Solidariedade e cooperação
Valores que devem ser incentivados.
11 – Responsabilidade social e saúde
A promoção da saúde e o desenvolvimento social em benefício dos respectivos povos é um objetivo 
da Declaração e dos países-membros.
12 – Partilha dos benefícios
A publicação dos resultados de qualquer investigação científica deve ser obrigatória para 
todas as pesquisas.
13 – Proteção das gerações futuras
Deve ser considerada toda a repercussão possível das ciências da vida sobre as gerações futuras, 
especificamente na sua constituição genética.
14 – Proteção do meio ambiente, da biosfera e da biodiversidade
Importa tomar na devida conta a interação entre os seres humanos e as 
outras formas de vida, bem como a importância de um acesso adequado 
aos recursos biológicos e genéticos e de uma utilização adequada dessesrecursos, o respeito pelos saberes tradicionais, bem como o papel dos seres 
humanos na proteção do meio ambiente, da biosfera e da biodiversidade 
(UNESCO, 2006, p. 9).
26
Unidade I
2.1 Bioética no Brasil
A bioética é uma ética aplicada, neste caso, à vida, às relações entre as pessoas e às instituições.
Podemos ver a bioética, no Brasil, se desenvolvendo nesses campos, tanto no que se refere à discussão 
da atuação profissional e, especificamente, do profissional de saúde, assim como no que se refere à 
questão das pesquisas envolvendo seres humanos.
Em 1996, o Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde publicou a Resolução n. 196, criando 
o sistema CEP (Comitês de Ética em Pesquisa)/Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa). Esse foi 
um marco importante para a ciência brasileira, agregando a discussão sobre a postura do pesquisador 
frente ao participante de pesquisa. Nota-se uma melhora na qualidade das pesquisas desenvolvidas 
no país após a publicação dessa resolução e a participação dos CEPs na análise e no acompanhamento 
delas (MARQUES FILHO, 2007).
 Observação
O Sistema CEP/Conep faz parte do Conselho Nacional de Saúde, que 
integra o Ministério da Saúde.
No Brasil, o primeiro documento oficial que normatiza as pesquisas em saúde é a Resolução CNS 
n. 1, de 1988, do Conselho Nacional de Saúde. Em 1995 foi criado um grupo de trabalho especial para 
revisar as normas de pesquisa no Brasil. Esse grupo de trabalho foi composto por diversas áreas e 
inclusive representantes dos usuários. Desse grupo resultou a Resolução n. 196, de 1996.
Finalizando seus trabalhos, o GET elaborou a Resolução CNS 196/96, 
publicada no DO em 10 de outubro de 1996. Esta criou os Comitês de 
Ética em Pesquisa (Ceps), vinculados às instituições de pesquisas, exigindo 
que sua composição fosse multidisciplinar (não mais que metade dos 
membros pertencentes à mesma profissão), incluindo, obrigatoriamente, 
um representante dos usuários. Criou também a Comissão Nacional de Ética 
em Pesquisa (Conep), órgão máximo da área, ligado ao Conselho Nacional 
de Saúde (CNS) – Ministério da Saúde (MS). O professor Dr. Hossne define a 
resolução da seguinte maneira: a resolução não é cartorial, estatutária ou 
código. Ela é um instrumento que obriga a análise bioética dos projetos de 
pesquisa. Sem ser lei, tem força legal, sem ser coercitiva, é consistente para 
flexibilização com responsabilidade (MARQUES FILHO, 2007, p. 3).
Os princípios da criação do sistema CEP/Conep são:
•	 equidade;
•	 universalidade;
27
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
•	 descentralização;
•	 controle social.
 Observação
Equidade é a adaptação da regra considerando os critérios de justiça. 
A equidade considera a igualdade entre as pessoas e a justiça.
Além da equidade, a universalidade é um pilar importante não só para o sistema CEP/Conep, mas 
também para toda a sociedade brasileira.
 Lembrete
O Sistema CEP/Conep faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.
A Constituição de 1988 coloca a universalidade como um dos princípios fundamentais do SUS. 
Esse mesmo princípio se encontra no sistema CEP/Conep e garante o mesmo cuidado para todos os 
brasileiros em território nacional, sem qualquer tipo de discriminação. Nesse sentido, toda e qualquer 
pessoa deve ser vista como detentora do direito de ser tratada de forma ética e bioética pelo serviço de 
saúde e pelas pesquisas que envolvem seres humanos.
No que se refere à descentralização do sistema, é uma característica importante para que haja a 
cobertura de todo o território nacional pelos comitês de ética em pesquisa. Assim, todos os centros de 
pesquisa no país podem solicitar um CEP no seu local para acompanhar e garantir a eticidade das pesquisas.
E, por fim, uma caraterística e princípio importante do sistema é o controle social, que faz parte 
da democracia e consiste na participação e no acompanhamento por parte do cidadão das decisões 
tomadas pelo poder público. Neste caso específico, o controle social participa da avaliação e aprovação 
de pesquisas com seres humanos. A participação do cidadão traz não só a visão do participante da 
pesquisa, como também mostra os campos de estudo que são importantes para a sociedade.
Esses quatro princípios do CEP/Conep sustentam as ações e a organização do sistema, pois ele garante 
a equidade (a justiça considerando a igualdade entre as pessoas), a universalidade (todos os brasileiros 
e todas as pesquisas em território nacional respondem ao sistema), a descentralização (formando CEPs 
nos centros de pesquisa para atuar na defesa da bioética) e o controle social. Este último é uma das 
características mais importantes do sistema, pois a participação social acontece em todas as instâncias, 
ela garante o controle da eticidade das pesquisas e o direito das pessoas em participar de pesquisas 
de seu interesse.
Vamos agora conversar sobre os quatro princípios da bioética, a saber:
28
Unidade I
•	 beneficência;
•	 não maleficência;
•	 autonomia;
•	 justiça ou equidade.
A beneficência está relacionada ao dever de ajudar o outro, de fazer ou promover o bem a favor do 
interesse do outro. Nessa discussão tem o claro reconhecimento do valor moral do outro e entende-se 
que ao maximizar o seu bem, pode-se reduzir o mal.
Nesse sentido, o profissional se compromete a avaliar os riscos e os benefícios potenciais (individuais 
e coletivos) e, ao analisar esses dois pontos, busca-se o máximo de benefícios e o mínimo de riscos ou 
danos (KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005).
 Observação
Quando se fala de beneficência, é importante entender que, como 
profissionais da saúde, devemos fazer o que é benéfico do ponto de vista 
da saúde para os seres humanos.
Outro ponto importante desse princípio é a necessidade do pleno desenvolvimento das competências 
inerentes à profissão, pois só dessa forma o profissional conseguirá decidir de forma correta o que é 
benefício ou risco ao paciente (KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005).
O princípio de não maleficência, por sua vez, implica o dever de evitar fazer qualquer mal para 
clientes/pacientes/participantes de pesquisa. Isso engloba desde atividades/procedimentos que não lhes 
provoquem danos até aqueles que possam colocá-los em risco. Nesse item, novamente é necessário o 
adequado desenvolvimento das competências profissionais para que o nutricionista avalie e evite os 
possíveis e previsíveis danos (KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005).
 Lembrete
Quando se fala de bioética, não basta ter boas intenções. Deve haver 
comprometimento técnico e conhecimento para que não coloque a vida 
do outro em risco.
Em relação à autonomia, esse princípio considera o poder dos indivíduos de decidir sobre si mesmos. 
De forma geral, é relativo à liberdade de cada ser humano e essa liberdade deve ser assegurada, protegida 
e garantida pelo profissional de saúde.
29
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Essa liberdade e autonomia tem um limite, relativo a situações em que a vontade do indivíduo não 
coloque outras pessoas em risco.
A autonomia não nega influência externa, mas dá ao ser humano a 
capacidade de refletir sobre as limitações que lhe são impostas, a partir das 
quais orienta a sua ação frente aos condicionamentos (KOERICH; MACHADO; 
COSTA, 2005, p. 109).
Como é um direito do ser humano exercer sua autonomia, é um dever de todos respeitá-la. Isso 
implica o reconhecimento de que o indivíduo pode ter pontos de vista, que deve deliberar e tomar 
decisões seguindo seu próprio plano de vida e ação, embasado em crenças e valores. Esse respeito deve 
se dar mesmo que exista divergência de opinião, sendo que o limite dessa autonomia é expor o outro ou 
a si mesmo a um risco desnecessário.
O princípio da justiça refere-se ao retorno para a sociedade de forma coerente e adequada dos 
deveres e benefícios sociais.
Dessa forma, é notório que a ética em saúde é permeada pelo pensar coerente, pela introspecção e 
pela cobrança de irmos além da boa intenção e tomarmos decisões que não causem danosao indivíduo.
Mesmo considerando os princípios que regem tanto o sistema CEP/Conep como a Resolução 
n. 196/96, válidos e importantes, depois de 15 anos da sua publicação iniciou-se um processo de revisão 
dessa Resolução. Durante pouco mais de um ano foi discutida e elaborada uma nova resolução, que 
foi enviada e aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde em 12 de dezembro de 2012 (NOVOA, 2014). 
Dessa forma, atualmente, quando se trata de pesquisas com seres humanos, estamos sob as orientações, 
direcionamentos e regras desta última resolução.
Considerando essa resolução como um guia para elaboração de protocolos de pesquisa e uma fonte 
preciosa de informação sobre bioética, faremos uma leitura de seus principais pontos.
 Saiba mais
Leia a Resolução 466/12 na íntegra:
BRASIL. Resolução CNS 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre as 
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. 
Diário Oficial da União, 13 jun. 2012b. Disponível em: https://conselho.saude.
gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf. Acesso em: 25 maio 2020.
No seu preâmbulo, a Resolução apresenta todas as referências teóricas que foram utilizadas para sua 
elaboração e que sustentam as decisões ali tomadas.
30
Unidade I
Após esta introdução, ela apresenta termos e definições. Este item é muito importante porque 
padroniza termos que envolvem a bioética, não permitindo o uso inadequado dos conceitos. Dois 
dos mais importantes e que são questionados em todas as pesquisas são os de risco e benefício, pois 
a pesquisa só pode acontecer quando o benefício ao participante é maior do que o risco para sua 
integridade e saúde. Nas palavras da Res. 466 (III1.b),
a eticidade da pesquisa implica ponderação entre riscos e benefícios, tanto 
conhecidos como potenciais, individuais ou coletivos, comprometendo-se 
com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos (BRASIL, 2012b, p. 3).
Para a Resolução:
Risco da pesquisa – possibilidade de danos à dimensão física, psíquica, 
moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano, em qualquer 
pesquisa e dela decorrente (BRASIL, 2012b, p. 3).
Na definição fica claro que o risco que é analisado é relativo ao participante da pesquisa, que é o 
indivíduo que aceita ser pesquisado.
Portanto, nesse momento, não se trata de qualquer risco do protocolo ou risco para os pesquisadores, 
mas de forma exclusiva da ciência dos riscos que o indivíduo que se submete à pesquisa pode ter em 
relação à sua integridade.
Em relação aos benefícios:
Benefícios da pesquisa – proveito direto ou indireto, imediato ou posterior, 
auferido pelo participante e/ou sua comunidade em decorrência de sua 
participação na pesquisa (BRASIL, 2012b, p. 2).
Considerando as definições relativas ao participante, o conceito de vulnerabilidade também é 
importante para ser considerado nas pesquisas:
Estado de pessoas ou grupos que, por quaisquer razões ou motivos, tenham a 
sua capacidade de autodeterminação reduzida ou impedida, ou de qualquer 
forma estejam impedidos de opor resistência, sobretudo no que se refere ao 
consentimento livre e esclarecido (BRASIL, 2012b, p. 3).
Além dessas definições, este item traz duas figuras importantes para as pesquisas: o Termo de 
consentimento livre e esclarecido e o Termo de assentimento. Esses termos são documentos importantes 
para o processo de consentimento e participação do cidadão na pesquisa.
31
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Termo de consentimento livre e esclarecido:
TCLE – documento no qual é explicitado o consentimento livre e esclarecido 
do participante e/ou de seu responsável legal, de forma escrita, devendo 
conter todas as informações necessárias, em linguagem clara e objetiva, de 
fácil entendimento, para o mais completo esclarecimento sobre a pesquisa a 
qual se propõe participar (BRASIL, 2012b, p. 3).
Termo de assentimento:
Documento elaborado em linguagem acessível para os menores ou para os 
legalmente incapazes, por meio do qual, após os participantes da pesquisa 
serem devidamente esclarecidos, explicitarão sua anuência em participar 
da pesquisa, sem prejuízo do consentimento de seus responsáveis legais 
(BRASIL, 2012b, p. 3).
Então, nessas definições, fica claro que alguém só pode participar da pesquisa se entender os 
procedimentos e as consequências nas quais vai ser submetido e que consente em participar de forma 
livre após esse entendimento. Isso quando se trata de um adulto, no caso de uma criança ou para os 
legalmente incapazes, o seu responsável precisa consentir, também de forma livre e esclarecida. Mas 
a partir desta resolução aparece mais uma questão importante, não é porque o responsável autoriza 
que o indivíduo é obrigado a participar. É importante ter a anuência dele também, através do termo de 
assentimento. O indivíduo que será submetido à pesquisa deve concordar em participar.
Também é importante considerar que o consentimento é livre, ou seja, o participante não pode ser 
coagido a consentir. A participação é voluntária e livre.
No item III dos aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, destaca-se:
III.2 – As pesquisas, em qualquer área do conhecimento envolvendo seres 
humanos, deverão observar as seguintes exigências:
a) ser adequada aos princípios científicos que a justifiquem e com 
possibilidades concretas de responder a incertezas;
b) estar fundamentada em fatos científicos, experimentação prévia e/ou 
pressupostos adequados à área específica da pesquisa;
c) ser realizada somente quando o conhecimento que se pretende obter não 
possa ser obtido por outro meio;
d) buscar sempre que prevaleçam os benefícios esperados sobre os riscos e/ou 
desconfortos previsíveis;
32
Unidade I
e) utilizar os métodos adequados para responder às questões estudadas, 
especificando-os, seja a pesquisa qualitativa, quantitativa ou 
quali-quantitativa;
[…]
g) obter consentimento livre e esclarecido do participante da pesquisa 
e/ou seu representante legal, inclusive nos casos das pesquisas que, por sua 
natureza, impliquem justificadamente, em consentimento a posteriori;
[…]
i) prever procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade, 
a proteção da imagem e a não estigmatização dos participantes da 
pesquisa, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das 
pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de autoestima, de 
prestígio e/ou de aspectos econômico-financeiros;
[…]
k) respeitar sempre os valores culturais, sociais, morais, religiosos e 
éticos, como também os hábitos e costumes, quando as pesquisas 
envolverem comunidades;
[…]
n) assegurar aos participantes da pesquisa os benefícios resultantes do 
projeto, seja em termos de retorno social, acesso aos procedimentos, produtos 
ou agentes da pesquisa;
o) assegurar aos participantes da pesquisa as condições de acompanhamento, 
tratamento, assistência integral e orientação, conforme o caso, enquanto 
necessário, inclusive nas pesquisas de rastreamento;
[…]
q) utilizar o material e os dados obtidos na pesquisa exclusivamente para 
a finalidade prevista no seu protocolo, ou conforme o consentimento 
do participante; […] (BRASIL, 2012b, p. 3-4).
Essas exigências são importantes para a elaboração de pesquisas e protocolos corretos de pesquisas. 
Somando à análise sobre os riscos e benefícios aos participantes, existe a análise sobre a qualidade da 
pesquisa. É importante e necessário que os pesquisadores mostrem os fundamentos da pesquisa, a 
importância, a relevância e a adequação dos objetivos e métodos da pesquisa.
33
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Os pesquisadores são envolvidos nesse processo, pois devem prever e garantir confidencialidade e 
privacidade dos dados.
Além dos requisitos anteriormente apresentados, para que um indivíduo participe de uma pesquisa 
é necessário que ele dê seu consentimento de forma livre e esclarecida. Para isso, a Resolução n. 466/12 
orienta a elaboração do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e normatiza:
Item IV. 5 – O Termode Consentimento Livre e Esclarecido deverá, ainda:
a) conter declaração do pesquisador responsável que expresse o cumprimento 
das exigências contidas nos itens IV. 3 e IV.4, este último se pertinente;
[…]
c) ser aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado e pela 
Conep, quando pertinente; e
d) ser elaborado em duas vias, rubricadas em todas as suas páginas e 
assinadas, ao seu término, pelo convidado a participar da pesquisa, ou 
por seu representante legal, assim como pelo pesquisador responsável, ou 
pela(s) pessoa(s) por ele delegada(s), devendo as páginas de assinaturas estar 
na mesma folha. Em ambas as vias deverão constar o endereço e contato 
telefônico ou outro, dos responsáveis pela pesquisa e do CEP local e da 
Conep, quando pertinente (BRASIL, 2012b, p. 6).
Ou seja, esse documento deve, além de explicar a pesquisa, conter todos os direitos do participante 
e as garantias de que as informações colhidas na pesquisa não serão utilizadas ou publicadas de forma 
a expor o participante.
Voltando à discussão sobre riscos e benefícios, a Resolução n. 466/12 abre um capítulo específico 
para isso. Ela afirma um dos pontos mais importantes e que todo pesquisador deve reconhecer:
Toda pesquisa com seres humanos envolve risco em tipos e gradações 
variados. Quanto maiores e mais evidentes os riscos, maiores devem ser os 
cuidados para minimizá-los e a proteção oferecida pelo Sistema CEP/Conep 
aos participantes (BRASIL, 2012b, p. 7).
Ou seja, se toda pesquisa com seres humanos envolve algum risco ao participante, toda pesquisa 
envolvendo eles deve ser apresentada e avaliada pelo sistema CEP/Conep.
34
Unidade I
Neste item da Resolução, ela discorre sobre a admissibilidade do risco:
V.1 – As pesquisas envolvendo seres humanos serão admissíveis quando:
a) o risco se justifique pelo benefício esperado; e
b) no caso de pesquisas experimentais da área da saúde, o benefício seja 
maior, ou, no mínimo, igual às alternativas já estabelecidas para a prevenção, 
o diagnóstico e o tratamento.
V.2 – São admissíveis pesquisas cujos benefícios a seus participantes forem 
exclusivamente indiretos, desde que consideradas as dimensões física, 
psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual desses.
V.3 – O pesquisador responsável, ao perceber qualquer risco ou dano 
significativos ao participante da pesquisa, previstos, ou não, no Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido, deve comunicar o fato, imediatamente, 
ao Sistema CEP/Conep, e avaliar, em caráter emergencial, a necessidade de 
adequar ou suspender o estudo.
V.4 – Nas pesquisas na área da saúde, tão logo constatada a superioridade 
significativa de uma intervenção sobre outra(s) comparativa(s), o pesquisador 
deverá avaliar a necessidade de adequar ou suspender o estudo em curso, 
visando oferecer a todos os benefícios do melhor regime.
V.5 – O Sistema CEP/Conep deverá ser informado de todos os fatos relevantes 
que alterem o curso normal dos estudos por ele aprovados e, especificamente, 
nas pesquisas na área da saúde, dos efeitos adversos e da superioridade 
significativa de uma intervenção sobre outra ou outras comparativas.
V.6 – O pesquisador, o patrocinador e as instituições e/ou organizações 
envolvidas nas diferentes fases da pesquisa devem proporcionar assistência 
imediata, nos termos do item II.3, bem como responsabilizarem-se pela 
assistência integral aos participantes da pesquisa no que se refere às 
complicações e danos decorrentes da pesquisa.
V.7 – Os participantes da pesquisa que vierem a sofrer qualquer tipo de 
dano resultante de sua participação na pesquisa, previsto ou não no Termo 
de Consentimento Livre e Esclarecido, têm direito à indenização, por parte 
do pesquisador, do patrocinador e das instituições envolvidas nas diferentes 
fases da pesquisa (BRASIL, 2012b, p. 7-8).
Ao mesmo tempo que o participante deve estar ciente e consciente dos procedimentos que serão 
realizados com ele durante a pesquisa, os pesquisadores devem estar cientes e conscientes dos riscos, 
35
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
para minimizá-los ao máximo. Desta forma, todos os documentos que decorrem de um projeto de 
pesquisa têm o objetivo de proteger o participante de pesquisa. A proteção do participante é um dos 
eixos da bioética trabalhada na Resolução n. 466/12.
Durante os próximos itens da resolução é apresentado o sistema CEP/Conep, suas atribuições e dos 
procedimentos de análise ética das pesquisas, consistindo em conteúdo mais técnico da Resolução.
É importante ressaltar que a formação de bacharel em Nutrição confere ao profissional formado 
o direito de propor estudos na sua área de atuação e pesquisa. No sistema CEP/Conep, o aluno de 
graduação não pode ser um pesquisador responsável por uma pesquisa, mas um profissional já formado, 
pode. Por esse motivo, a discussão sobre bioética em pesquisa na graduação é um ponto importante 
na sua formação.
 Saiba mais
Atualmente, as pesquisas são cadastradas e avaliadas pela 
Plataforma Brasil. Acesse:
http://plataformabrasil.saude.gov.br/
3 DEONTOLOGIA E CÓDIGO DE ÉTICA
Ao longo dos tempos, os princípios morais têm servido como norteadores das ações humanas, 
de forma a garantir a sobrevivência (GAUDENZI, 2004). A ética estuda os princípios fundamentais 
e sistemas morais, legitimados pela sociedade, ou seja, é a parte da filosofia que considera os atos 
humanos como aceitos ou não. Logo, ações consideradas adequadas ou inadequadas são resultantes do 
que foi socialmente convencionado (CLOTET, 2000).
Desde o final do século XX, o pensamento ético caracteriza-se pelo crescente interesse na solução dos 
problemas de ordem individual e coletiva que preocupam as autoridades e a sociedade como um todo. 
No cerne da área da saúde, o debate ético se mostra ainda mais complexo, devido à própria natureza das 
profissões e suas relações com os colegas de trabalho, pacientes, clientes e usuários (GAUDENZI, 2004).
Nesta perspectiva, devemos reconhecer que os problemas éticos emergem nas relações de trabalho 
provavelmente porque nossos valores morais não estão suficientemente interiorizados para que 
possamos agir sempre de forma considerada eticamente correta. Dessa forma, os conflitos no ambiente 
de trabalho são inevitáveis, em virtude da complexidade do ser humano, tendo em vista as diferentes 
personalidades, as aspirações e os níveis de frustrações, assim como o princípio da autonomia que se 
depara no desafio de cada pessoa encontrar seus limites na responsabilidade que temos no respeito à 
autonomia da outra (CLOTET, 2000; GAUDENZI, 2004).
36
Unidade I
Em vista do que foi exposto, é muito importante que haja uma ética aplicada a essas questões, a qual 
é conhecida como deontologia. Do ponto de vista etimológico, o termo deontologia deriva do grego 
déon e déontos, que significam dever; e logos, que significa razão. Tanto déon quanto déontos também 
podem ser traduzidos como tratado e, desse modo, a deontologia seria o tratado/conjunto de deveres, 
princípios e normas adotadas por um determinado grupo de indivíduos (RASCHE, 2005).
Essa terminologia foi introduzida em 1834 pelo filósofo inglês Jeremy Bentham, para falar sobre 
o ramo da ética que estuda o fundamento do dever e das normas, pautado no tripé formado pela 
existência do dever; pela natureza do dever; e pelas consequências do dever. Atualmente, a deontologia 
se refere ao conjunto normativo de imposições que deve reger os comportamentos dos membros de 
uma determinada profissão, de forma a alcançar a excelência no trabalho, garantir a confiança do 
público e proteger a reputação da profissão (CFN, 2018).
É pertinente salientar que, de uma forma mais abrangente, a ética concebe os princípios morais, 
subjacentes a todo o comportamento humano em sociedade, e a deontologia poderia ser denominada 
como uma dimensão ética de uma certa profissão que abrange os deveres dos profissionais nas relações 
com seus colegas de trabalho e na contribuição com a sociedade civil (DANTAS;SOUSA, 2008).
Tendo em vista as mudanças abruptas dos valores dentro da sociedade contemporânea, a ética 
profissional é fundamental, uma vez que se parte do pressuposto de que ela trilha os caminhos da 
bioética, associando o conhecimento técnico e biológico aos valores humanos (SOUZA, 2016). Na 
atuação profissional, é necessário levar em consideração os contextos micro e macro da vida humana, a 
fim de se identificar valores e princípios presentes na sociedade.
Nesse segmento, os códigos deontológicos, conhecidos por códigos de ética (CE) se mostram 
instrumentos eficazes na proteção tanto aos profissionais quanto àqueles que recorrem a esse bem 
ou serviço (SILVA; LAMELA, 2009). Um CE tem por finalidade apresentar os princípios que o grupo 
de profissionais deverá utilizar como referência para suas atividades no trabalho. Inversamente, esses 
mesmos princípios também servirão como recurso para avaliar e julgar as ações desse grupo em relação 
à sociedade (AMENDOLA, 2014).
McGarry ressalta que:
a validade da ética profissional reside no papel que a pessoa desempenha e 
na confiança depositada no “profissional”, que ganha ênfase em sociedades 
tecnologicamente complexas nas quais, a aplicação de conhecimento por 
especialistas tende a aumentar. Além disso, a conduta ética profissional 
envolve os interesses do grupo, com base no interesse em garantir a 
sobrevivência de cada um, os interesses de realização pessoal obtida por 
meio do exercício profissional adequado, no sentido tanto de preservar 
como de enobrecer a si e à profissão (MCGARRY, 1999, p. 175).
Regra geral, os códigos de ética se baseiam nas grandes declarações universais e nos direitos humanos 
e esforçam-se por traduzir o sentimento ético expresso nestas, adaptando-o às particularidades de cada 
37
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
país e de cada grupo profissional. Outrossim, estes códigos propõem sanções, segundo princípios e 
procedimentos explícitos, para os infratores dele. De acordo com o avançar dos anos, os documentos 
deontológicos podem sofrer revisões para se adequar às mudanças na sociedade. Sendo assim, os códigos 
de ética tornam as condutas profissionais adequadas à realidade, devendo sempre estar abertos ao 
novo. No entanto, as classes profissionais devem garantir que os CE não contemplem somente interesse 
da classe profissional.
No que diz respeito à deontologia da nutrição, inicialmente é necessário que lembremos que a 
nutrição é uma ciência entendida como um direito fundamental do ser humano e a alimentação é 
reconhecida no Brasil pela Constituição Federal, como um direito social, devendo o poder público 
adotar as políticas e ações que se façam necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e 
nutricional da população (BRASIL, 2010). Uma vez que o nutricionista exerce um papel fundamental em 
diferentes âmbitos sociais, o código de ética determina que suas ações sejam baseadas em:
•	 Prestigiar e dignificar a profissão.
•	 Atuar com independência profissional.
•	 Exercer a sua atividade com diligência e zelo.
•	 Utilizar os instrumentos científicos e técnicos, desenvolvendo uma prática informada e conduzida 
pela evidência científica.
•	 Comprometer-se com a atualização contínua dos seus conhecimentos e capacidades científicas, 
técnicas e profissionais.
•	 Fornecer informações claras ao paciente/cliente, para que ele possa ter autonomia nas suas 
escolhas, podendo consentir ou declinar voluntariamente a uma determinada avaliação ou a um 
específico tratamento nutricional.
•	 Colocar suas habilidades ao serviço do interesse público inerente à profissão.
•	 Reconhecer as suas competências profissionais e preservar a autonomia da profissão, procurando 
apoio multidisciplinar quando necessário.
•	 Conhecer e agir com respeito pelos preceitos legais e regulamentares.
•	 Identificar-se de forma precisa como membro da ordem, através do nome profissional e do número 
de cédula profissional.
De acordo com o Código de ética do nutricionista, quando os membros de uma coletividade 
compartilham maneiras de pensar, sentir e agir, configura-se uma realidade social cuja estrutura e 
funcionamento dependem de um conjunto de normas que condicionam as relações entre seus membros, 
conferindo-lhe coerência. Essas normas se expressam na compreensão do seu papel e no respeito às 
38
Unidade I
atribuições de outros profissionais. As condutas técnicas, políticas e éticas esperadas de um nutricionista, 
quando construídas a partir do compartilhamento de valores, identificam a ação social de uma categoria 
coesa e harmônica, que assim se apresenta à sociedade e é por ela reconhecida (CFN, 2018). Desse 
modo, a ética profissional deve se sobrepor a interesses econômicos, políticos, de marketing, de status 
social, entre outros.
4 CÓDIGO DE ÉTICA DO NUTRICIONISTA
Historicamente, as regras morais responsáveis pela fundação e pela sobrevivência de uma sociedade 
foram passadas de geração em geração por meio de documentos escritos, os quais deram base para a 
sustentação da moralidade de um povo (NEVES; SIQUEIRA, 2010).
De maneira geral, os documentos que compilam as regras morais de uma sociedade tentam garantir 
a adequada convivência social por meio do conhecimento das atitudes que são consideradas aceitas ou 
não dentro de um determinado grupo de pessoas. Além disso, estas passam a ter convicção dos limites 
legais e das eventuais penalidades que regulamentam as relações interpessoais (NEVES, 2008).
A deontologia é definida como um conjunto de princípios e regras de conduta de uma determinada 
profissão. Neste sentido, cada profissional tem suas ações norteadas pelos códigos deontológicos, que 
seguem o mesmo caminho dos demais documentos que regem o comportamento de um determinado 
grupo de pessoas (NEVES, 2008).
Mediante o aumento da abrangência e da visibilidade que a nutrição vem alcançando nas últimas 
décadas, é indispensável a existência de um documento deontológico que permita que os profissionais 
consigam discernir sobre as condutas que podem ou não ser adotadas. Desse modo, o Código de ética e 
conduta do nutricionista (CEN) traz uma série de normas que regem os procedimentos técnicos, políticos 
e éticos esperados do profissional, de forma a condicionar o comportamento individual e as relações 
entre os membros da classe. Sendo assim, espera-se que haja um trabalho coeso e harmônico de todos 
os nutricionistas, a fim de promover a melhoria da alimentação e a nutrição da sociedade (CFN, 2018).
4.1 Breve histórico sobre a elaboração do novo Código de ética e de 
conduta do nutricionista
Questões éticas e morais de uma profissão podem sofrer modificações ao longo dos anos e, desse 
modo, as autarquias responsáveis precisam estabelecer novas regras de conduta profissional. No âmbito 
da nutrição, em decorrência das mudanças da ampliação dos campos de atuação profissional e dos 
avanços da ciência, em 2014 o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) determinou que era o momento 
de atualizar o CEN de forma a padronizar as condutas profissionais em prol de zelar pelo decoro da 
profissão e de garantir à saúde da população (CFN, 2018).
Frente a esse cenário, a Resolução CFN n. 541, de 14 de maio de 2014, alterou o Código de ética 
do nutricionista, aprovado pela Resolução CFN n. 334, de 2004. No entanto, apenas alguns artigos 
sofreram modificações (CFN, 2014), o que caracterizou uma desvantagem perante a rapidez das 
mudanças supracitadas.
39
ÉTICA E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Desse modo, entre os anos de 2014 e 2018 foram realizados eventos com a participação de 
profissionais e estudantes que puderam contribuir de forma democrática com suas próprias opiniões 
acerca da elaboração de um novo documento para reger o comportamento da classe profissional no 
decorrer dos próximos anos. Além de estudantes e profissionais, entidades da classe, como a Asbran, 
também cederam espaço às discussões relacionadas à construção do código de ética (CFN, 2018). Como 
resultado, em 25 de fevereiro

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