Buscar

Herança+multifatorial+II

Prévia do material em texto

Bases biológicas do comportamento
Prof.: Daniel Gontijo
4.2: Herança multifatorial II
Para sublinhar...
As características físicas/comportamentais causadas pelos efeitos combinados de diversos genes são denominadas poligênicas. Quando os fatores ambientais também causam variação nessas características, dizemos que a herança é multifatorial. 
Noutras palavras, a herança multifatorial é caracterizada por características individuais determinadas pela interação de diferentes genes e pela ação de fatores ambientais. 
Para sublinhar...
Segundo o DSM-5, os transtornos mentais são conjuntos sistemáticos de alterações intelectuais, afetivas e/ou comportamentais que prejudicam consideravelmente a funcionalidade do indivíduo (p. ex., no trabalho, no lazer e/ou na vida social) e que normalmente causam sofrimento.
Eu não vejo razão para tentar. Ou para conversar. Ou para respirar.
Transtorno depressivo maior
O transtorno depressivo maior (TDM) é popularmente conhecido como depressão. As principais características do TDM são humor deprimido e falta de interesse ou prazer em atividades diárias. 
Transtorno depressivo maior
Conforme o DSM-5, o diagnóstico do TDM envolve, entre outros critérios: 
Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estão/estiveram presentes durante pelo menos duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior (o sintoma 1 ou o 2 precisa estar presente):
Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias (p. ex., sensação de tristeza, vazio ou sem esperança); 
Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas, ou quase todas, atividades na maior parte do dia, quase todos os dias; 
Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta; 
Insônia ou hipersonia quase diária; 
Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias; 
Fadiga ou perda de energia quase todos os dias; 
Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada quase todos os dias;
Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias;
Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente e tentativa de suicídio.
Transtorno depressivo maior
Conforme o DSM-5, estes são os fatores de risco para o transtorno depressivo maior: 
Temperamentais. Pessoas com uma maior suscetibilidade de sentir emoções negativas (neuroticismo) têm mais chance de desenvolver TDM em resposta a eventos estressantes. 
Ambientais. Experiências adversas durante a infância (p. ex., abuso sexual, violência ou negligência parental) ou em outro momento da vida (p. ex., problemas no trabalho) aumentam a chance de a pessoa desenvolver TDM. 
Genéticos e fisiológicos. Pessoas cujos parentes de primeiro grau apresentaram TDM têm de 2 a 4 vezes mais chance de desenvolver o transtorno também. Estima-se que a herdabilidade seja de 40%. Acredita-se que os genes relacionados ao transtorno estejam relacionados à produção do neurotransmissor serotonina. 
Transtorno bipolar
A principal característica do transtorno bipolar é a presença alternada de episódios maníacos e depressivos. Episódios maníacos e depressivos são, respectivamente, elevações e declínios drásticos do humor, os quais resultam em sofrimento e em disfunções. 
Transtorno bipolar
Para diagnosticar transtorno bipolar tipo I, é necessário o preenchimento dos critérios a seguir para um episódio maníaco: 
A. Um período de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal da energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária).
Transtorno bipolar
Para diagnosticar transtorno bipolar tipo I, é necessário o preenchimento dos critérios a seguir para um episódio maníaco: 
B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do comportamento habitual:
Autoestima inflada ou grandiosidade;
Redução da necessidade de sono (p. ex., descansa-se com apenas três horas de sono).
Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando;
Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados;
Distratibilidade (i.e., a atenção é desviada facilmente por estímulos externos irrelevantes);
Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora (i.e., hiperatividade sem propósito);
Envolvimento excessivo em atividades com elevando potencial para consequências danosas (p. ex., surtos de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos).
Transtorno bipolar
Para se diagnosticar transtorno bipolar tipo I, é provável – embora não seja necessário – que a pessoa já tenha apresentado um episódio depressivo. Os sintomas que definem um episódio depressivo são os mesmos que caracterizam o transtorno depressivo maior. 
Transtorno bipolar
Conforme o DSM-5, estes são os fatores de risco para o transtorno bipolar: 
Ambientais. É mais comum em países com pessoas com renda elevada do que com renda mais baixa (1,4 vs. 0,7%). Pessoas separadas, divorciadas ou viúvas têm taxas mais altas de transtorno bipolar tipo I do que aquelas casadas ou que nunca casaram, mas o sentido em que a associação se modifica não é clara.
Genéticos e fisiológicos. O risco de um parente em primeiro grau de quem apresenta o transtorno apresentá-lo também é de 2 e 15%. Quando um gêmeo idêntico apresenta o transtorno, a chance de o outro também o apresentar é de 60 a 80%.
Transtorno por uso de substâncias
Conforme o DSM-5, a característica essencial de um transtorno por uso de substâncias consiste na presença de um agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos indicando o uso contínuo pelo indivíduo apesar de problemas significativos relacionados à substância. 
Transtorno por uso de Cannabis
Caracteriza-se por um padrão problemático de uso de Cannabis, levando a comprometimentos ou sofrimentos clinicamente significativos. 
Transtorno por uso de Cannabis
Para se diagnosticar transtorno por uso de Cannabis, pelo menos dois dos seguintes sintomas precisam estar ocorrendo durante um período de 12 meses: 
Cannabis é frequentemente consumida em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido. 
Existe um desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso de Cannabis. 
Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção de Cannabis, na utilização de Cannabis ou na recuperação de seus efeitos. 
Fissura ou um forte desejo ou necessidade de usar Cannabis.
Uso recorrente de Cannabis, resultando em fracasso em desempenhar papéis importantes no trabalho, na escola ou em casa. 
Uso continuado de Cannabis, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados pelos efeitos da substância. 
Importantes atividades sociais, profissionais ou recreacionais são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso de Cannabis. 
Uso recorrente de Cannabis em situações nas quais isso representa perigo para a integridade física. 
Transtorno por uso de Cannabis
9. O uso de Cannabis é mantido apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pela substância. 
10. Tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos: 
Necessidade de quantidades progressivamente maiores de Cannabis para atingir a intoxicação ou o efeito desejado. 
Efeito acentuadamente menor com o uso continuado da mesma quantidade de Cannabis. 
11. Abstinência, manifestada por qualquer um dos seguintes aspectos: 
Síndrome de abstinência característica de Cannabis (após a cessação do uso prolongado da substância, presença de sintomas como irritabilidade, dificuldade de dormir, sudorese, calafrios e humor deprimido). 
Cannabis (ou uma substância relacionada) é consumida para aliviarou evitar os sintomas de abstinência. 
Transtorno por uso de Cannabis
Conforme o DSM-5, estes são os fatores de risco para o transtorno por uso de Cannabis: 
Temperamentais. História de transtorno da conduta na infância ou adolescência e de transtorno da personalidade antissocial são fatores de risco para o desenvolvimento de vários transtornos relacionados a substâncias. Outros fatores de risco incluem transtornos externalizantes ou internalizantes durante a infância ou adolescência. Jovens com pontuação elevada de desinibição comportamental mostram transtornos por uso de substâncias com início precoce, incluindo envolvimento com múltiplas substâncias e problemas precoces de conduta. 
Ambientais. Fatores de risco incluem fracasso acadêmico, tabagismo, situação familiar instável ou violenta, uso de Cannabis por familiares imediatos, história familiar de transtorno por uso de substância e baixo nível socioeconômico. Facilidade de acesso à substância é outro fator de risco (como ocorre com outras substâncias). 
Transtorno por uso de Cannabis
Genéticos e fisiológicos. Fatores hereditários contribuem de 30 a 80% para a o risco de transtorno por uso de Cannabis. O uso de substâncias ativa o sistema de recompensas (p. ex., núcleo accumbens), gerando uma sensação imediata de prazer.
Transtornos de ansiedade
Os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionadas. Os ataques de pânico se destacam dentro dos transtornos de ansiedade como um tipo particular de resposta ao medo. 
Transtorno de pânico
O transtorno de pânico é um tipo de transtorno de ansiedade. Ele caracteriza-se por: 
Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro ou mais dos seguintes sintomas: 
Palpitações, coração acelerado, taquicardia. 
Sudorese. 
Tremores. 
Sensações de falta de ar ou sufocamento. 
Sensações de asfixia. 
Dor ou desconforto torácico. 
Náusea ou desconforto abdominal. 
Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. 
Calafrios ou ondas de calor. 
Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). 
Desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo). 
Medo de perder o controle ou “enlouquecer”.
Medo de morrer. 
Transtorno de pânico
Conforme o DSM-5, os fatores de risco são: 
Temperamentais. Neuroticismo e crença de que os sintomas de ansiedade são prejudiciais. História de “períodos de medo”. 
Ambientais. Abusos sexual e físico; tabagismo; exposição recente a eventos estressantes (p. ex., problemas sociais ou morte na família); problemas relacionados ao bem-estar (p. ex., uso de substâncias ou doenças). 
Genéticos e fisiológicos. Múltiplos genes parecem conferir maior chance ao transtorno de pânico. Como em outros transtornos de ansiedade, a hiperatividade das amígdalas parecem estar por trás das crises. Filhos de pais que apresentaram transtornos de ansiedade ou de humor são mais suscetíveis ao transtorno. Distúrbios respiratórios, como asma, estão associados ao transtorno. 
REFERÊNCIAS
Primon, C. S. F. (2016). Bases biológicas do comportamento. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional.

Continue navegando