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Resenha comparativa: Modernidade e Holocausto, Bauman - Tudo que é sólido desmancha no ar, Berman

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Universidade Federal do Rio de Janeiro 
História do Mundo Contemporâneo 
Ricardo Castro 
Aluna: Milena Guerrão Lourenço 
 
Resenha comparativa: 
Modernidade e Holocausto, BAUMAN 
Tudo que é sólido desmancha no ar, BERMAN 
 
​A modernidade é um processo que se constitui durante um longo período histórico, 
atravessando os séculos e consolidando estruturas e relações. Marshall Berman e 
Zygmunt Bauman analisam sua construção e efeitos explicitando aspectos que por 
vezes passam despercebidos por aqueles que estão inseridos na sociedade moderna. 
Berman aponta o caráter dúbio da modernidade, os produtos desse processo tem por 
característica ser positivos e negativos simultaneamente. Um exemplo disso é o 
maquinário fabril que, enquanto otimiza a produção e aumenta a arrecadação de lucro, 
sobrecarrega os trabalhadores. Bauman também concebe a modernidade tendo duas 
faces: uma aclamada, com o desenvolvimento científico, a industrialização, etc, e uma 
perversa, diretamente relacionada com os aspectos aclamados, como o distanciamento 
das relações, a desumanização do outro, o individualismo, etc. Essa dualidade 
intrínseca à sociedade moderna ocasiona uma série de complicações, como, segundo 
Bauman, a ascensão do Holocausto. 
O comportamento moderno, produzido pela complexidade das transformações e 
desenvolvimentos, assim como os aspectos já citados, é tóxico, segundo Bauman. Os 
aspectos “perversos” caem em normalidade na modernidade, fazem parte do cotidiano 
social, estão enraizados nas relações com os sujeitos e com o mundo. Berman trata 
dessa questão utilizando Marx, que coloca o sujeito como produto dos tempos 
modernos, e Foucault, que compreende o sujeito como prisioneiro de seu tempo e das 
implicações deste, a consciência do indivíduo seria um apêndice da modernidade. Tais 
concepções podem explicar a afirmativa de Bauman de que o comportamento 
desumano, bárbaro, frio, do Holocausto não configura patologia pois não foge da 
normatividade. Se o sujeito é produto dessa modernidade individualista, desumana, 
distante, os atos do Holocausto não destoam disso, mas trazem à tona esses fatores 
que, de tão normalizados em pequenas ações, estando implícitos nas relações 
modernas, passam despercebidos. 
Em síntese, a modernidade é marcada, não só pelo desenvolvimento, avanço, 
industrialização, mudança, cientificismo, entusiasmo, mas também pela obscuridade 
que estes afloram quando enraizados na consciência do indivíduo. A dicotomia da 
sociedade moderna está intrínseca ao sujeito inserido na mesma e, por muitas vezes, 
não é constatada, analisada, criticada, nos encaminhando à absurdos normais, como o 
Holocausto.

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