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ESTRUTURA DO PROCESSO JUDICIAL - Praticas Judicial e Extrajudicial

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TEORIA DO PROCESSO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL
ESTRUTURA DO PROCESSO JUDICIAL
1. Estrutura do processo judicial
A atividade jurisdicional, privativa do Estado, está entre as faculdades soberanas, ao lado do legislar e administrar a coisa pública. A jurisdição pode ser entendida como uma tutela estatal exercida por intermédio do Poder Judiciário, na qual este identifica e diz o Direito àqueles que, via processo judicial, buscam guarida estatal.
Enquanto atividade estatal, a jurisdição é una, entretanto o exercício dessa atividade se mostra complexo, com atuação de inúmeros órgãos e agentes do Poder Judiciário. Dentre os critérios que compõem a atividade jurisdicional a competência é justamente o critério de distribuir entre vários órgãos judiciários as atribuições relativas ao desempenho da jurisdição.
As definições de competência afetam diretamente a soberania do país, uma vez que, aqui no Brasil, esse título no Código de Processo Civil se inicia pelos limites da jurisdição nacional e da cooperação internacional. Outras questões como território, matérias, hierarquia dos órgãos jurisdicionais, sujeitos envolvidos na lide, valor da ação interferem diretamente na distribuição da competência.
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1.1 Limites da jurisdição nacional - critérios determinativos da competência
O Código de Processo Civil trata de forma muito clara a competência internacional do Poder Judiciário brasileiro, em seus artigos 21 a 25, podendo ser cumulativa/concorrente ou exclusiva.
Com relação à competência cumulativa/concorrente, os arts. 21 e 22 exemplificam, sem exaurir as hipóteses de quando a ação pode ser ajuizada tanto no Brasil quanto em outro país:
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil;
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
Quanto à competência exclusiva do Brasil, a mesma está fixada no art. 23:
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
Além das hipóteses elencadas pelos artigos supracitados, o Código de Processo Civil apresenta também o
procedimento a ser adotado em caso de duas ações (sobre a mesma lide) serem processadas
concomitantemente em foro brasileiro e estrangeiro, o que chamamos de litispendência.
No caso de litispendência, o art. 24 do CPC é taxativo em não reconhecê-la, sendo possível que a jurisdição brasileira conheça processo sobre o mesmo tema que tramita em território estrangeiro, inclusive com relação à homologação da sentença estrangeira perante o Superior Tribunal de Justiça, conforme previsão do art. 150, I, i, as Constituição Federal: "Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: (...) i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequátur às cartas rogatórias (...)".
Uma terceira situação possível com relação à competência estrangeira é a eleição de foro exclusivo, essa escolha feita pelas partes litigantes; isso pode ocorrer em um contrato ou acordo, por exemplo; exclui da apreciação do judiciário brasileiro a lide oriunda daqueles exemplos.
A presente situação é tratada no art. 25 do CPC, essa hipótese precisa estar prevista, como dito, em instrumento escrito e fazer referência expressa ao negócio jurídico que o acordo versa, a referida conveniência se estende a herdeiros e sucessores. É importante ressaltar que, quando a cláusula de convenção de foro exclusivo se torna abusiva, a mesma pode ser denunciada perante o judiciário brasileiro, que irá apreciar a referida alegação.
1.2 Cooperação internacional
Outra dimensão da competência estrangeira se dá pela cooperação jurídica internacional, com ampla possibilidade de aplicação, inclusive em medidas extrajudiciais, regidas em sua grande parte por tratados internacionais dos quais o Brasil é parte signatária.
A cooperação pode ser ativa, quando o Brasil é quem faz o pedido a outro país, ou passiva, quando a situação é inversa. Os pedidos são feitos por intermédio do Ministério da Justiça.
Diferente da cooperação jurídica internacional, prevista nos arts. 26 e 27, ambos do CPC, a cooperação jurisdicional internacional é mais restrita, podemos citar três hipóteses apresentadas pelo CPC:
o auxílio direto (arts. 28 a 34. Do CPC );
a homologação de sentença estrangeira (arts. 40 e 960, ambos do CPC); e a carta rogatória (art. 36, do CPC).
O auxílio direto não está restrito apenas a atos judiciais que não necessitem de submissão ao juízo de delibação brasileiro, pode ser, também, para atos administrativos, como consultas a documentos públicos, atuações policiais ou alfandegárias, por exemplo.
A carta rogatória obedece e é aceita no Brasil como procedimento contencioso, devendo ser garantido o devido processo legal da mesma. Se dá perante o STJ e obedece aos mesmos requisitos da carta precatória. Utiliza-se esse procedimento para atos como:
citação, intimação,
notificação judicial, colheita de provas,
obtenção de informações oficiais,
e cumprimento de decisões interlocutórias.
Quanto ao STJ, esse não irá apreciar mérito da lide a ser julgada em território estrangeiro, mas tão somente se a diligência solicitada não ofende a soberania nacional ou a ordem pública.
A homologação de sentença estrangeira é processada em ação própria, tendo seu procedimento descrito no Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, sua existência está prevista nos arts. 960 a 965, do CPC.
1.3 Competência interna
A função jurisdicional é distribuída entre os vários órgãos que compõem o Poder Judiciário. Essa competência interna obedece a três critérios básicos, conforme o art 62, do CPC: a) matéria; b) pessoa ou c) função do órgão jurisdicional.
A competência em função da matéria é absoluta, cabendo às justiças especializadas processar e julgar as matérias especiais; assim, a competência da Justiça Civil é residual. Ainda em função da matéria e do valor da causa (pode-se entender afeto à matéria) na área civil, duas justiças são competentes para julgar e processar ações de matéria civil: a Justiça Estadual e a Justiça Federal.
Essa divisão é feita pela Constituição, observado os critérios de sujeito, ratione personae, e matéria, ratione materiae. Definido a competência entre estadual ou federal, passa-se ao órgão interno que apreciará o caso.
Essa divisão é baseada em critérios objetivos, funcionais e territoriais. Feita essa divisão deve-se analisar a competência entre foro e juiz. A primeira divide-se em comum ou especial; e a segunda por simples distribuição (atualmente feito pelos sistemas informatizados dos fóruns) ou por ratione materiae (quando uma vara trata de um assunto específico como a Vara de Família, Vara de Concordatas e Falências,etc.).
Importante destacar que a competência por distribuição é relativa, se a mesma não for impugnada no primeiro momento que a parte se manifestar no processo, essa se torna definitiva, tornando o juiz prevento (art. 286, do CPC).
1.4 Competência em razão do valor da causa e da matéria em litígio
A Lei 9.099/95 criou os Juizados Especiais, vulgarmente conhecido como Juizado de pequenas causas, seu intuito fora desafogar a Justiça Comum que estava abarrotada de processos com pequenas montas pecuniárias e de baixas complexidades.
O Código de Processo Civil em seus arts. 291 e 292 determinam que a toda causa deverá ser atribuído um valor e este deverá constar da petição inicial ou reconvenção. Essa organização é feita pelo sistema judiciário local que assim o determinará respeitando a legislação vigente e a constituição: “Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições dos Estados.”.
Dentre os critérios fixados para o valor da causa, as ações de competência dos juizados Especiais têm o teto de 40 salários mínimos. Assim também ocorre nas execuções fiscais em grau recursal, por exemplo, quando são pequenos valores a impugnação da sentença (recurso) não será remetida ao tribunal, mas sim ao próprio juiz que proferiu a decisão (§3º, art. 34. Da Lei 6.830/80).
No que tange à matéria (direito material controvertido), como vimos, a primeira distinção será entre Justiça Estadual ou Justiça Federal, posteriormente dever ser analisado o critério territorial, que veremos a seguir, decidido a comarca, analisar-se-á a existência de varas especializadas na comarca elegida (varas de família, execuções ficais, penais, etc).
· Competência Funcional
Essa análise está adstrita às diferentes atribuições jurisdicionais, devendo levar-se em consideração a fase do procedimento, o grau de jurisdição e o objeto do juízo. A exemplo da fase do procedimento, cita- se o processo de execução que possui bens penhorados em outra comarca, neste caso a penhora, avaliação e leilão serão deslocados para a comarca da situação dos bens; quanto ao grau de jurisdição,
podemos elencar a ação rescisória, cuja competência originária é do tribunal superior ao juízo prolator da sentença objeto da ação; por fim, em relação ao objeto do juízo, as provas a serem colhidas em circunscrições territoriais distintas do juízo da ação principal, a competência será deslocada para a sua devida colheita.
· Competência territorial
Neste caso, devemos levar em consideração a divisão territorial nacional e as circunscrições judiciárias. Conhecida também como competência de foro, a competência territorial é fixada em comum/geral ou especiais, dentro da divisão interna feita nos territórios (competência de foro), desta forma temos os foros comuns e os foros especiais.
O primeiro é determinado pelo art. 46, do CPC, que fixa a competência em razão do domicílio do réu, levando em consideração os ditames do arts. 47 a 53, todos do CPC. São esses a natureza da causa, a qualidade da parte, a situação da coisa, o local de cumprimento da obrigação ou da prática do ato ilícito, por exemplo.
Importante destacar os foros subsidiários ou supletivos, esses estão estabelecidos nos parágrafos do art. 46, do CPC
§ 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.
§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor.
§ 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
§ 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
§ 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.
O segundo é determinado por critérios ratione materiae, ratione personae e ratione loci para ações reais imobiliárias; inventários e partilhas, arrecadação, cumprimento de disposições de última vontade e ações contra espólio; ações contra ausentes; ações em que a união for parte interveniente; ações de divórcios, separação, anulação de casamento, reconhecimento ou dissolução de união estável e
alimentos; ações contra pessoas jurídicas; ações com obrigações jurídicas com local determinada para seu cumprimento; ações de reparação de danos; e ações contra administrador ou gestor de negócios alheios.
A determinação da competência territorial acarreta também na determinação do tribunal superior competente para o recebimento e processamento dos recursos em segundo grau de jurisdição. Assim, as comarcas estão vinculadas a tribunais superiores nas justiças estaduais e as subseções e seções judiciárias estão vinculadas aos tribunais regionais federais.
2. Sujeitos do processo: partes e procuradores
Judicium est actus trum personarum: judicis, actoris et rei, ou seja, Jurisdição é um ato que necessita três pessoas: Estado, autor e réu, esses três indivíduos determinam a trilateralidade do processo, onde todos buscam a solução do conflito posto. Os sujeitos do processo podem ser entendidos como todos aqueles que figuram na relação jurídica processual.
O Estado nesse caso é representado pelo papel do Juiz, esse possui garantias funcionais guardadas na Constituição federal que garantem a independência no julgamento das causas apresentadas ao Estado.
2.1 Partes
Sem a presença do Juiz (órgão judicial), não se pode falar em relação jurídico-processual, entretanto, sem a provocação das partes o Juiz não pode tomar qualquer iniciativa processual, devendo ser constantemente provocado a agir. Essa função faz com que as partes, além de sujeitos da lide ou do negócio jurídico, sejam também sujeitos processuais, pois é uma das pessoas que fazem o processo.
Nessa divisão, o que devemos destacar é que nem sempre o sujeito da lide é o sujeito do processo. Substituição Processual
A regra no processo é que o titular da lide é o titular do pedido, o que se chama de legitimidade ordinária, (art. 18, do CPC), ocorre que em algumas situações o titular da lide não é o mesmo titular do processo, para isso a doutrina dá o nome de substituição processual.
A substituição processual, quando permitida por lei, sempre carregará em si uma conexão entre o interesse do substituto e do substituído, como, por exemplo, um sindicato que pleiteie direito líquido e certo de associados. Somente a lei pode determinar o caso de possibilidade de substituição processual, não podendo essa decorrer da mera vontade das partes.
Além da substituição processual, temos algumas situações onde a titularidade da ação se modifica seja pela sucessão de partes, alienação de bens em litígio, representação de pessoas jurídicas públicas e privadas, e representação do incapaz ou relativamente capaz.
Litisconsórcio
Além do autor e réu, pode haver no processo outras pessoas interessadas no mesmo objeto, e nesse caso elas podem atuar conjuntamente no feito, dando assim o fenômeno do litisconsórcio. É importante destacar que o fenômeno do litisconsórcio ocorre quando existe pluralidade de sujeitos em um dos polos da ação, não sendo caso de intervenção de terceiro ou da atuação do Ministério Público, quando em exercício de fiscal da ordem pública. Aos indivíduos que ocupam o mesmo polo da ação chamam-se litisconsortes.
Essa situação pode ser ativa (vários autores) ou passiva (vários réus), também pode-se classificar pelo momento que se estabelece o litisconsórcio, podendo ser inicial (já na distribuição do feito) ou incidental (quando ocorre no curso do processo), neste último, ainda cabe a distinção entre o unitário e necessário (quando é irrecusável a presença de outro indivíduo no polo da ação, pois os efeitos alcançarão o interveniente) ou facultativo ulterior (quando terceirorequer sua participação no feito).
O litisconsórcio pode ser classificado, ainda, sob dois aspectos: pela possibilidade de aceite e recusa do litisconsorte; ou pela uniformidade de decisão perante os litisconsortes.
No primeiro caso, temos a impossibilidade de recusa, chamando-se assim de litisconsórcio necessário, não havendo possibilidade de dispensa mesmo com acordo geral dos litigantes; ou a possibilidade de, por conveniência entre as partes, quando requerida pelo réu e aceito pelo autor.
No segundo caso, tem-se o litisconsórcio unitário (especial), quando a decisão do processo deve ser uniforme para todos os litisconsortes; ou não unitário (comum) quando ocorre decisão diferente para os litisconsortes, mesmo que no mesmo processo e proferida pelo mesmo juiz.
A previsão legal do litisconsórcio está fixada no art. 113, do CPC:
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
§ 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.
§ 2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar.
É de suma importância a participação de todos os interessados no objeto controvertido, nesse caso, litisconsórcio necessário, sob pena de ser declarada nula a sentença que não observar essa questão (art. 115, do CPC). Se for o caso de litisconsórcio facultativo, a sentença só produzirá efeitos com relação àqueles que figuraram no processo, não sendo aproveitada a outra parte que não pode exercer o contraditório e ampla defesa em juízo.
Deveres e direitos das partes e dos procuradores
O art. 77 do CPC elenca os deveres das partes e de seus procuradores, sendo livres para eleger o meio mais idôneo para alcançar seus direitos, objeto de litígio, agindo em consonância com os princípios da lealdade e da probidade dentro do processo.
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento;
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa do direito;
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação;
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva;
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.
Ações de má-fé processual serão combatidas pela parte adversa e pelo próprio juiz do caso, assim também ocorre em casos de abuso processual, como, por exemplo, o atraso na execução de uma sentença, por parte do autor, para que a multa por mora alcance patamares maiores e assim possa auferir uma maior monta na execução.
O código processual se preocupa inclusive com a linguagem utilizada nos processos, sendo expressamente vetado a qualquer sujeito do processo, incluindo o juiz, utilizar-se de linguagem ou expressões ofensivas (art. 78, do CPC).
Ainda com relação aos deveres das partes, é importante destacar o parágrafo segundo do art. 77, do CPC que determina atos atentatórios à justiça, como aqueles que descumprirem decisões judiciais ou tumultuarem o cumprimento das mesmas, bem como aqueles que inovem, de forma ilícita, o estado dos fatos, do bem ou do próprio direito em litígio.
Além dos atos atentatórios à justiça, o código também apresenta a figura do litigante de má-fé em caso de danos dentro do processo.
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Nesses casos, a consequência é uma multa de até 10% do valor da causa, corrigido, mais indenização dos prejuízos sofridos.
Porém, não são somente as partes e o juiz que possuem deveres dento do processo, o advogado (devidamente constituído e com regular capacidade postulatória) também tem. É dever do advogado representar a parte outorgante perante o juízo, devendo este estar regularmente inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil. Assim, também deve o advogado agir sob a égide dos princípios da lealdade e probidade processual, sendo suas obrigações expor os fatos em juízo, de acordo com a verdade; não formular pedido ou defesa destituído de fundamento; não produzir provas nem atos inúteis ao bom andamento processual, evitando tumulto processual; cumprir com exatidão as determinações legais e judiciais; não praticar qualquer inovação ilícita dentro do processo.
Fonte: shutterstock 149002709, mediapool, 2020.
#PraCegoVer: A imagem mostra dois homens vestidos de terno e gravata, sentados a uma mesa de escritório, de frente um para o outro e apertando as mãos um do outro.
Assista aí
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2.2 Intervenção de terceiros
A intervenção de terceiros é um conceito mais amplo que o litisconsórcio, pois ocorre toda vez que alguém ingressa, como parte ou coadjuvante da parte, em processo pendente entre outras partes, em regra, de forma voluntária. Essa intervenção pode ser analisada sob dos aspectos: pela modificação ou ampliação da relação subjetiva processual pelo terceiro interveniente; ou pela iniciativa da medida.
Na primeira hipótese, temos a intervenção
ad coadiuvandum,
quando o terceiro interveniente atua em
assistência a uma das partes, conhecido como assistência; ou a intervenção ad excludendum, hipótese em que o interveniente busca excluir uma ou ambas as partes primitivas, o que ocorre na oposição.
Na segunda hipótese, temos a intervenção espontânea, quando ocorre por iniciativa do próprio terceiro interveniente; ou provocada quando ocorre por iniciativa de uma das partes litigantes, respeitado o ato voluntário do interveniente.
A intervenção de terceiro no processo civil está dividida da seguinte forma:
a) a assistência (arts. 119 a 124, do CPC);
b) a denunciação da lide (arts. 125 a 129, do CPC);
c) o chamamento ao processo (arts. 130 a 132, do CPC);
d) o incidente de desconsideração da personalidade jurídica (arts. 133 a 137, do CPC)
e) o amicus curiae (art. 138).
2.3 Procuradores
O agir processual das partes, em grande maioria, depende de técnicas que possam influenciar na decisão do juiz do caso, essa técnica é exercida através de profissional habilitado, o advogado. Para ele, é concedido uma
capacidade postulatória decorrente de uma
procuração
(instrumento de mandato público ou privado)
conforme determinado pelo CPC, podendo ser conferida por instrumento particular, por todas as pessoas capazes, pelos menores devidamente representados, pelas pessoas jurídicas de direito privado e por entes despersonalizados; nos demais casos somente por instrumento público.
Neste instrumento, deverá conter a qualificação do profissional outorgado, os poderes para qual se elege o procurador e a assinatura do outorgante, em caso de capacidade relativa do assistentee, nos casos de absoluta incapacidade, deve conter a assinatura do curador ou tutor da pessoa.
Assim como pode ocorrer com as partes, com os procuradores pode ocorrer a sucessão, seja por ato voluntário, quando a parte revoga a procuração e nomeia outro em ato contínuo ou fato natural; possível também a renúncia ao mandato pelo advogado, neste caso, deve o advogado comprovar que notificou a parte para que essa possa constituir um novo procurador, no caso de uma procuração concedida a vários advogados, a renúncia de um ficará dispensada à comunicação do mandante.
Em caso de morte do procurador ou de incapacidade, o juiz suspenderá o feito e intimará a parte para que constitua novo advogado no caso.
2.4 Advocacia pública
As pessoas jurídicas de direito público (União, estados e municípios), englobando administração direta e indireta, serão representados por advogados públicos, que atuarão na defesa dos interesses do Estado. São cargos públicos e, por representar o Estado, possuem algumas diferenciações da advocacia privada, tal como prazo em dobro, intimação pessoal do advogado público, tendo a jurisprudência aceitado intimação por carta registro do Procurador da Fazenda quando este estiver lotado fora da sede do juízo.
Sua atuação é regida por lei e, assim como o Ministério Público, os advogados públicos são responsáveis civilmente e regressivamente por prejuízos que causem quando sua conduta for dolosa ou fraudulenta, no exercício de sua função.
2.5 Defensoria pública
A defensoria pública é órgão essencial à função jurisdicional do Estado, conforme ditame do art. 134, da CF:
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
No código de processo civil, sua atuação é prevista nos arts. 185 a 187 do CPC, devendo atuar na promoção dos direitos humanos, orientação jurídica, bem como na defesa dos direitos individuais e coletivos das pessoas necessitadas, respeitando os pressupostos constitucionais e os direitos sociais.
Assim como os advogados públicos, os defensores públicos gozam de prazo em dobro e da intimação pessoal, essas prerrogativas se estendem às faculdades de direito que prestem assistência jurídica gratuita, em convênio com as defensorias públicas. Também são responsáveis civilmente e regressivamente por prejuízos que causem quando sua conduta for dolosa ou fraudulenta, no exercício de sua função.
3. Despesas e Multas
A jurisdição é um serviço público remunerado, ou seja, possui custas e despesas, com exceção dos casos de miserabilidade, comprovado na distribuição do processo, quando o juiz convencido do fato declara a assistência judiciária (Lei 1.060/50):
Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça, incumbe às partes prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-lhes o pagamento, desde o início até a sentença final ou, na execução, até a plena satisfação do direito reconhecido no título.
§ 1º Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica.
§ 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou.
Nelas, estão compreendidas todas as despesas do processo, como peritos, diligências, etc. A distinção é feita entre custas e despesas processuais. Custas são as despesas pagas aos serventuários e aos cofres públicos, em razão dos atos processuais praticados no curso da ação, estabelecidas em lei ou regimentos internos dos tribunais. Enquanto as despesas são todos os outros gastos arcados pelas partes, com exceção dos honorários advocatícios.
As despesas processuais são arcadas antecipadamente por cada uma das partes, sejam elas determinas pelo Juízo ou requeridas pelo Ministério Público, quando este estiver atuando no processo como fiscal da ordem pública, pois, se o Ministério Público for parte no processo, não poderá se exigir da outra parte que arque com referido ônus.
Caso não haja o pagamento antecipado do ato, este não se realizará, em completo prejuízo à parte que o requereu. Em casos nos quais do ato processual depende o seguimento do processo, sua não realização acarretará em abandono de causa, podendo acarretar na extinção do feito sem resolução do mérito, conforme incisos II e III, e §1º, do art. 485, do CPC. Em caso de recuso, onde as custas são parte do preparo recursal, o mesmo será considerado deserto.
3.1 Sucumbência
Diferente do ônus de antecipar as custas e despesas processuais, a sucumbência é o ônus do ressarcimento da parte vencedora pela parte perdedora, esta deverá ressarcir aquela pelas despesas antecipadas no processo, isso ocorre também na reconvenção e na execução de sentença.
Independente da natureza da sentença (declaratória, condenatória ou constitutiva), ela sempre conterá uma parte condenatória que se converterá em título executivo em favor da parte vencedora.
Em caso de litisconsórcio, o código determina a responsabilidade de acordo com o interesse que tenham no objeto da ação.
Art. 87. Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários.
§ 1º A sentença deverá distribuir entre os litisconsortes, de forma expressa, a responsabilidade proporcional pelo pagamento das verbas previstas no caput .
§ 2 o Se a distribuição de que trata o § 1º não for feita, os vencidos responderão solidariamente pelas
despesas e pelos honorários.
A exceção é no caso de litígios divisórios, por exemplo, onde cada parte arcará de acordo com seu quinhão (art. 89), no caso de desistência do pedido ou do processo a parte desistente arcará com as despesas, se for proporcional, o mesmo ocorre com as despesas. Em caso de acordo, a regra é que no mesmo esteja estipulado o ônus das custas e despesas processuais.
Pela regência do princípio da boa-fé, caso o réu reconheça o pedido e o cumpra espontaneamente, as despesas e honorários advocatícios serão reduzidos pela metade, oportunizando assim a existência do princípio da cooperação processual. Em caso de perda do objeto, após a distribuição do feito, o código determina que o ônus das despesas e honorários recai sobre quem deu causa ao processo (§10, do art. 85, do CPC).
Por fim, em caso de sucumbência recíproca, calcular-se-á todos os gastos no processo e será rateado entre os litigantes. Ao término do processo, tanto a parte vencedora, como os serventuários da justiça possuirão um título executivo para cobranças das custas e despesas processuais.
3.2 Multa
As multas são sanções impostas aos litigantes que praticarem atos atentando à dignidade da justiça ou por litigância de má-fé. No primeiro, a multa será convertida aos cofres públicos (Fazenda Pública), por meio de execução fiscal, se dará a cobrança. Na litigância de má-fé, será convertida a parte vítima, além das indenizações por ato ilícito, quando couber.
4. Juiz e auxiliares da justiça
Os órgãos do poder Judiciário brasileiro são divididos em dois grandes aparelhos: o federal e o estadual. O primeiro com jurisdição nacional e o segundo com jurisdição em cada unidade federativa. Ambos os aparelhos estão hierarquicamente abaixo do Superior Tribunal de Justiça, em direito comum, e do Supremo Tribunal Federal, em matéria constitucional, ambos com sede no Distrito Federal.
No aparelho federal, além da justiça civil, estão incorporados a justiça militar, a justiça eleitoral e a justiça do trabalho, órgãos de jurisdição especial. Na justiça civil, no âmbito federal, a administração da justiça está assentada nos Tribunais regionais federais e nos juízes federais; no âmbito estadual,resta sentada nos tribunais de justiça e nos juízes de cada unidade federativa.
Os tribunais e os Juízes se posicionam em um primeiro e segundo grau de jurisdição, garantindo assim o duplo grau de jurisdição, garantindo ao vencido (seja autor ou réu) o reexame da matéria apreciada pelos juízes em primeiro grau, por meio de recurso em segundo grau pelos desembargadores. Essa é a Jurisdição ordinária. Na jurisdição extraordinária, temos os recursos interpostos perante o STJ, para questões de direito federal, e STF para questões de direito constitucional, nenhum desses órgãos analisará questões de fato nem de direito local. A análise de contrariedade a leis federais ou constitucionais, não se confunde com a aplicação da lei local ao caso.
Essa jurisdição se dá através de recurso extraordinário (perante o STF) e recurso especial (perante o STJ). Não se trata de um terceiro grau de jurisdição, mas sim de um grau extraordinário de apelo.
A competência de cada órgão de jurisdição encontra sua limitação pela matéria e também pela limitação territorial. Os tribunais de segundo grau exercem a função disciplinar em torno de seus membros e dos juízes de primeira instancia, isso internamente. Atualmente existe um órgão responsável pelo controle externo, criado pela emenda constitucional 45, o Concelho Nacional de Justiça.
4.1 Juízes
No primeiro grau de jurisdição, os órgãos são monocráticos, tendo apena um juiz, já em segunda instância, os órgãos são colegiados, formados por vários juízes que compõem os tribunais. Para o exercício da função de juiz, alguns requisitos são necessários, como: jurisdicionalidade; competência; imparciabilidade/alheabilidade; independência, e processualidade.
A jurisdicionalidade diz respeito ao poder de jurisdição, quando são investidos no cargo público. Competência somente dentro dos limites que a lei estabelecer. Imparciabilidade é a sua posição de terceiro, estranho à causa, não estando contaminado por qualquer relação com as partes. Independência, pois não está subordinado a nenhum órgão superior nem ao Poder Legislativo nem ao Executivo, podendo exercer sua atividade sem qualquer influência externa ou interna. Processualidade devendo obedecer a ordem processual nacional instituída por lei.
Para garantia do exercício da jurisdição de forma independente, a Constituição concede três garantias especiais sendo elas a vitaliciedade, inamovibilidade, irredutibilidade de subsídios. Além das garantias, também há restrições às pessoas que ocupam os cargos de juízes, tais como impossibilidade de exercer outra função, ou ocupar outro cargo, com exceção à docência; é vedado receber qualquer tipo de gratificação ou participação em processos ou auxílio de pessoa física ou jurídica a qualquer título (com exceção legal); não pode exercer vida política; e, após seu afastamento do cargo, não poderá exercer a advocacia onde estava lotado por pelo menos três anos.
O art, 139 do CPC determina a forma como o juiz deve conduzir o processo sob sua custódia, com o intuito de garantir o reto cumprimento das normas processuais, podendo inclusive as partes provocarem o magistrado para que aja e use de seus poderes toda vez que o processo se desvirtuar do fim a que se incumbe.
Sua atividade é exercida inclusive no silêncio da lei, ou seja, se não houver legislação sobre o caso, o juiz, utilizando das técnicas necessárias, deverá decidir a causa. Sua atividade é disciplinada em lei e, além das sanções disciplinares, também pode responder civilmente.
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.
Além da independência do juiz, a imparcialidade deste é fundamental para a lisura do processo, o juiz deve ser um completo estranho à relação objeto da lide, essa imparcialidade extrapola a esfera subjetiva do juiz, ela deve estar instaurada inclusive entre as partes, pois se alguma delas achar que o juiz possa ser parcial, pode requerer seu impedimento para julgar a causa.
Os casos de impedimento estão previstos no art. 144, do CPC, e são eles:
a) em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
b) de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
c) quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
d) quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
e) quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;
f) quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;
g) em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
h) em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
i) quando promover ação contra a parte ou seu advogado
Além dos casos de impedimento do juiz, este pode se declarar suspeito para julgar a causa, conforme art. 145, do CPC, estando inclusive autorizado a se declarar suspeito, sem delinear o motivo, declarando apenas foro íntimo, (§1º, art. 145, do CPC).
Nos tribunais, ainda existe um caso especial de impedimento em virtude da parentalidade até terceiro grau, entre os membros de um julgamento. Nesse caso, o primeiro a tomar conhecimento do processo, torna-se prevento e impede os demais (art. 147, do CPC).
Em ambos os casos, o juiz deve declarar seu impedimento ou suspeição de ofício, caso não o faça podem as partes instruir incidente com provas e testemunhas, e caso mantida a recusa do incidente, remeter-se-á ao tribunal para que faça o julgamento.
4.2 Chefe de secretaria (Escrivão)
Este é o mais importante cargo na secretaria, pois é dele a responsabilidade de dar andamento ao processo e de documentar os atos processuais, ao contrário do princípio da inércia, regente da atividade do magistrado, o escrivão ou escrivã devem ser diligentes e eficientes na prestação do serviço público, podendo praticar atos de ofício, sob possibilidade de revisão do juiz se for necessário.
4.3 Oficial de justiça (Meirinho)
Suas atribuições envolvem atividades fora do cartório como cumprimento de mandados de citação, intimações, diligências fora do cartório, busca e apreensão, penhoras, emissão de posse, condução de testemunhas, entre outras atividades.
Ao contrário do chefe de secretaria, suas atividades dependem de ordem dos juízes, através de mandados, não
possuindo autonomia. Seus atos podem ser divididos em duas categorias:
execução ou coação, e estão enumeradas no art. 154 do CPC.
intercâmbio processual; e
4.4 Perito
Auxiliar ocasional, prestando informações técnicas quando no litigio existir objeto que dependa da apreciação de assunto mais técnico, estranho aos quadros de funcionários da Justiça, sua atuação se dá por nomeação, e seus custos são arcados pelas partes que requerem a perícia.
Assim como o juiz, o perito está sujeito a suspeição ou impedimento, a regra é que a nomeação ocorra pelo juízo, mas o CPC possibilita a nomeação por acordo entre as partes.
4.5 Depositário e administrador
São auxiliares por conveniência econômica, trata-se de um servidor da justiça que fica encarregado de zelar pelos bens postos a disposição do juízo, normalmenteocorrido por constrição patrimonial. O administrador se distingue do depositário, pois acumula a função de depositário e gestor do bem, em ambos os casos a nomeação é feita pelo juiz.
4.6 Interprete e tradutor
Responsável por traduzir para o Português documentos, depoimentos em língua estrangeira ou linguagem de mímica dos surdos-mudos, as missões para as quais se nomeia um tradutor e interprete estão fixadas no art. 162, do CPC.
4.7 Ministério Público
Trata-se de ente que possui, em seu íntimo, o dever de proteger os direitos coletivos da sociedade, que surgiu inicialmente como forma de repressão penal contra os crimes que afetam mais o convívio social do que as próprias vítimas. Atualmente sua função é a representação dos interesses sociais coletivos perante o judiciário, seja na esfera penal ou na esfera civil. Ingressa também nesse conceito a função de garantidor da ordem judicial, atuando como fiscal em alguns processos: “Art. 176. O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis.”.
Está vinculado ao Poder Executivo, mas possui autonomia institucional, podendo contrapor-se contra o Executivo.
No processo civil, sua atuação se da de duas formas, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Quando em ação própria, é importante ressaltar que o ministério público não é um substituto processual, suas atribuições privadas estão fixadas constitucionalmente:
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
Nesses casos, a ausência da participação do Ministério Público pode causar a nulidade da sentença, caso não seja devidamente intimado a comparecer no feito. Suas garantias, vedações e responsabilidades se assemelham às dos juízes (arts. 127 a 129 e 181, do CPC).

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