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Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida e/ou transmitida, seja quais forem os meios empregados sem a permissão dos Autores e Editores. Av. Oliveira Paiva, 1600, Sala 05 - Cidade dos Funcionários – Fortaleza-CE CEP: 60822-131 email: didaticoseditora@gmail.com © Didáticos Editora, 2019 Índices para catálogo sistemático Catalogação na publicação Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 19-27892 CDD-372.8918113 -372.898113 Eric Medeiros Nara Moreira Telry Freire Nilo Rocha Vangillye Carvalho Hellayne Viana e Liane Frota Rafael Mendes Eduardo Rosberg XXXXXX Suzana Frota Direção: Coordenação editorial: Supervisão geral e gráfica: Coordenação de equipe: Coordenação pedagógica: Conselho editorial: Projeto gráfico e diagramação: Ilustrações: Fotografias: Revisão ortográfica: Autores Ana Karlla Messias João Paulo Holanda Lucicleide da Silva Prezado estudante de nossa querida Arapiraca, A cultura é grande fonte de conhecimento e inspiração de um povo. Ela é capaz de explicar quem somos e mostrar o caminho que devemos seguir para crescermos sempre. Um povo sem cultura é um povo que não conhece a própria história, é como uma árvore sem raízes. Este livro é um trabalho de ressignificação de nossa gente, sendo contada por nós, arapiraquenses. Arapiraca é um terra de diversidade – temos aqui a união de muitas tradições: quilombolas, indígenas, brancos, camponeses, sertanejos, que viram nessa terra um lugar propício ao desenvolvi- mento e fizeram daqui o seu lar. Através da pesquisa e da memória, buscamos criar uma obra de fácil leitura e compreensão para você, aluno, como forma de garantir que nossa identidade será sempre preservada. Segundo Le Goff (1990), a memória acaba por estabelecer um vínculo entre as gerações humanas e o tempo histórico que as acompanha. Esse vínculo torna-se afetivo, colocando-nos como su- jeitos da história, com direitos e deveres. Esta obra representa uma estratégia para garantir o domínio do conhecimento histórico e geográfico sobre nosso município, por meio de você e de sua família. Não podemos silenciar diante da multiplicidade de nossos elementos culturais. Pelo contrário, temos que nos orgulhar daquilo que foi construído e daquilo que estamos, todos os dias, construindo: uma Arapiraca viva, forte e frondosa. Desejamos que este material seja o primeiro passo para que cada um (a) de vocês possa construir novas e importantes formas de escrever, respeitar e preservar a História de Arapiraca. Boa leitura! Os autores Carta dos autores Prezado estudante, É com muita honra que criamos este livro que é, “antes de mais nada”, um passeio por nossa história, um passeio em meio ao nos- so povo e a tudo aquilo que construímos e estamos construindo. Esta importantíssima obra busca, primeiramente, fazer-nos refletir sobre quem nós somos, sobre a nossa cultura, rememorando o pas- sado para trilharmos um futuro mais firme e robusto, como a árvore que dá nome à nossa cidade: arapiraca. O livro “Arapiraca: cidade da gente” é uma obra que causa- rá grande impacto na sua vida e na de seus familiares. Você será responsável por levar às futuras gerações os traços da formação de nossa gente, despertando a sensação de pertencimento e a va- lorização da cultura local. É nosso dever, enquanto educador, pai, gestor, valorizar o que de bom nós temos a oferecer para os futuros filhos de nossa terra. Sabemos que a educação é importante para a nossa formação intelectual e moral e que, sem a valorização de nosso povo, de nossas origens, não temos condições de criar um futuro promissor. Pela primeira vez na história de nossa cidade, ofertamos aos nossos alunos, alunas, pais, mães, professores e professoras, um material de resgate de nossa história, com linguagem acessível e apropriada às nossas crianças e aos nossos jovens. Esperamos de verdade que esta obra seja lida e relida, não ape- nas em casa, mas que ela se estenda aos lares de cada arapira- quense. Temos aqui a impressão digital de nosso povo, de nossa terra e, acima de tudo, o compromisso e o respeito com a educação de nosso município. Palavra da Prefeitura Prefeitura Municipal de Arapiraca - AL Estimado aluno, Tenho a honra de apresentar a você, aluno, o livro “Arapiraca: cidade da gente”, um alicerce de nosso município, uma fonte de conhecimento e sabedoria sobre o nosso povo, sobre a nossa cultu- ra e nossa história – com informações tão importantes para quem busca uma identidade. Sabemos que a educação é um importante instrumento de desenvolvimento de uma sociedade. Por isso, é tão importante investir em recursos educacionais, a fim de traçarmos um caminhar mais firme e forte rumo ao futuro. Queremos aqui parabenizar pelo empenho nossos professores, no belíssimo trabalho que vêm apresentando ao longo dos anos. Parabenizamos também o trabalho de nossos autores – professores de nossa terra – que souberam colher as informações, os relatos, os documentos, além de consultar arquivos pessoais, para que a concretização deste sonho fosse possível, resgatando nossa histó- ria, possibilitando um debate sobre nossa geografia e estendendo o conhecimento de nossa querida Arapiraca. Este é um material de qualidade, um projeto pioneiro no muni- cípio de Arapiraca, que não se perderá na história, mas ficará como instrumento de propagação do desenvolvimento de nossa socieda- de. As histórias serão contadas e recontadas pelas gerações futu- ras, fazendo parte de nossa identidade. Que possamos aproveitar ao máximo tudo o que este livro tem. Por isso, convidamos você a viajar por nossa Arapiraca – des- de a sua origem até os dias de hoje. Bons estudos! Palavra da Secretaria de Educação Secretaria Municipal de Educação e Esporte de Arapiraca - AL Unidade 1 Arapiraca - AL: Lugar de viver Sumário Unidade 2 Arapiraca - AL: História e memória 14 Introdução à unidade 16 Arapiraca – terra do fumo 20 Arapiraca – localização geográfica 23 Símbolos oficiais da cidade 28 Economia e desenvolvimento urbano 36 Esta Arapiraca, por enquanto, é minha terra 39 Processo de emancipação 46 A feira livre e o fumo 50 Arapiraca – aspectos sociais 59 Comunidades Quilombolas Unidade 3 Arapiraca - AL: Lugar de memória Unidade 4 Arapiraca - AL: Educação socioambiental 100 Arapiraca e suas belezas naturais 106 Fauna e Flora de Arapiraca 113 O ser humano e sua relação com o meio ambiente 116 Leis de proteção ambiental 70 Memórias arapiraquenses 74 A religiosidade de Arapiraca 90 Manifestações culturais: patrimônio imaterial 93 Preservação do patrimônio Unidade 5 Arapiraca - AL: Lazer e turismo Unidade 6 Arapiraca - AL: Poder e cidadania 130 O direito ao lazer 134 Praças e lugares comuns da cidade 138 Turismo arapiraquense 143 ASA, esporte e lazer 154 Comunidade, cultura e cidadania 157 Arapiraca: uma trajetória de luta e cidadania 165 Cultura, cidadania e poder: as destaladeiras de fumo 170 Arapiraca e sua organização política 176 Nossa cidade: os direitos e deveres da população “Esta Arapiraca, por enquanto, é a minha casa” Manoel André Lugar de viver Unidade 1 Arapiraca - AL: 14 Unidade 1 Introdução à unidade OLÁ, PREZADO ALUNO, VOCÊ SABE COMO É IMPORTANTE CONHECER AS NOSSAS ORIGENS. O QUE ACHA DE CONVERSARMOS UM POUCO SOBRE A FORMAÇÃO DE NOSSA CIDADE, ARAPIRACA? VAMOS JUNTOS NESSE PASSEIO? Pôr-do-sol no Lago da Perucaba – Arapiraca Fonte: Marcos Paulo Dantas 15 Arapiraca, originalmente, é o nome de uma árvore da família das Leguminosas Mimosáceas – Piptadênia (Piteodolobim), uma espécie de angico branco bem comum na região do agreste e sertão do estado de Alagoas. Primeiramente, iremos conhecer a relação que há entre o nome da árvore e o nome de nossa cidade, além dos aspectos históricos e ge- ográficos, como clima, relevo e desenvolvimento urbano, que fazem queArapiraca esteja “no coração” de Alagoas. Este livro é uma conquista que reúne os elementos responsáveis por tornarem Arapiraca a segunda maior cidade do estado de Alagoas. Ele guiará seus estudos e será responsável por você propagar a cultura de nossa região com seus pais, familiares, amigos e vizinhos. Vamos pas- sear pela história, pela memória do nosso povo, conhecendo lugares in- teressantes que só existem aqui, além de discutirmos sobre o poder que nosso povo tem. Aqui, deixamos registrada a importância que você, estudante, tem na formação cultural e intelectual da nossa sociedade. Portanto, aproveite ao máximo essa incrível viagem. Mapa político de Alagoas Fonte: http://dados.al.gov.br/dataset/mapa-politico-administrativo-do-estado-de-alagoas-2019 16 Arapiraca – terra do fumo Arapiraca, nacionalmente conhecida como terra do fumo, está situada no estado de Alagoas, Nordeste brasileiro. Alagoas é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Situado no Nor- deste brasileiro, banhado pelo Oceano Atlântico, rico em belezas natu- rais, com uma diversidade de mangues e lagoas. O estado faz limites ao norte e nordeste com Pernambuco; ao sul, com Sergipe; e, ao sudoeste, traça limite com a Bahia. O estado possui, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Es- tatística – IBGE – cerca de 3.337.357 habitantes, distribuídos nos 102 municípios. A área total do estado é 27.767,661 km². A capital de Alagoas é Maceió, uma das cidades mais visitadas duran- te o verão, em virtude das belezas naturais, sobretudo das praias. Além disso, a cidade oferece ao turista uma vasta culinária, tendo os frutos do Estado de Alagoas, com destaque para Arapiraca Fonte: www.wikipedia. com 17 mar como seu prato mais atrativo. Além da culinária, a capital alagoana também é conhecida pela renda, produzida no Pontal da Barra, represen- tando um forte elemento cultural e econômico. Além de Maceió, outras cidades estão na rota do desenvolvimento econômico e cultural, como Arapiraca, Palmeira dos Índios, Penedo, Del- miro Gouveia, Piranhas, Maragogi, São Miguel dos Milagres. Dessas cida- des, Arapiraca, localizada no coração de Alagoas, representa a segunda maior economia, em decorrência do cultivo de fumo, colocando-a no pa- tamar de Capital do Fumo, nacionalmente. O percurso de Arapiraca até Maceió é, em média, 123 km e pode ser feito por duas rodovias: AL 220 ou AL 101, sendo que a AL 220 é a prefe- rida da maioria dos arapiraquenses, em virtude do trajeto, em parte, ser pela orla marítima, tornando a viagem mais agradável com vistas para o azul do mar. Percurso de Arapiraca até Maceió Fonte: https://www.google.com.br/maps/dir/arapiraca/maceio 18 1. Além de Arapiraca, que outras cidades alagoanas você conhece? Loca- lize-as no mapa do estado de Alagoas. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 19 • lagoa • reisado • Maceió • praias • fumo • árvore • renda • turismo • mangues • nordeste. caça As palavras deste caça palavras estão escondidas na horizontal, vertical e diagonal, sem palavras ao contrário. H A D C O H G R E A D E O W N O E S B I E B H T S L M A N G U E S E O R H B E T E L N E W S H O A A A M F C T E T N L R I M S W C I R Y R L D I R I L A E T U R I S M O A D T T T T T F M G A U O B O A R P F C E D D N I L A G O A F K R D P Á F U H S B A N L C O R S U U D A R U O R B L T E E R E N D A M S S V A D A G U G U E R E I S A D O U O I I U O E I E S N W N Ó N I A L R A D A E N O T E H O R E T N N O E E B F S R P I O S R F FUMO LAGOA MACEIÓ MANGUES NORDESTE PRAIAS REISADO RENDA TURISMO ÁRVORE 2. A renda alagoana é bastante conhecida nacionalmente e representa um grande traço de nossa cultura. Que outros elementos culturais, representativos da cultura alagoana, você conhece? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 3. Encontre, no caça palavras abaixo, palavras que estão relacionadas ao estado de Alagoas e à cidade Arapiraca. 20 Além do percurso pela AL 220, observamos que também podemos ir de Arapiraca para Maceió pela AL 101. Você já fez essa viagem? Que cidades foram percorridas? Caso não tenha ainda viajado, localize a rodovia no mapa e faça o percurso, identificando as cidades que são visitadas. Você sabia que, brevemente, o percurso de Arapiraca até Maceió, pela AL 220, será mais curto? Está em andamento a duplicação dessa rodovia, tornando a viagem mais cômoda, se- gura e rápida, unindo a Região Metropolitana do Agreste até a capital alagoana. Arapiraca – localização geográfica Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 2018 – a cidade de Arapiraca possui uma área territorial de 345,655 km², com uma população estimada em 231.747 habitantes, vivendo em zona urbana e zona rural. Por estar localizada no centro do estado de Alagoas, Arapiraca tornou-se rota de muitas trocas comerciais, fazendo que sua economia estivesse sempre em constante crescimento entre as cidades do agreste. 21 Comércio de Arapiraca Fonte: www.cdlarapiraca.com.br Sua área está situada em uma ampla planície, ficando a 265 metros de altitude e distando 123 quilômetros da capital Maceió. Em questões de localização geográfica, a cidade limita-se, ao norte, com o município de Igaci; ao sul, com o município de São Sebastião; a leste, com os municí- pios de Coité do Noia e Limoeiro de Anadia; a oeste, com os municípios de Lagoa da Canoa, Girau do Ponciano e Feira Grande; a noroeste, com o município de Craíbas; e, a sudeste, com o município de Junqueiro. Localização da cidade de Arapiraca Fonte: https://www.google.com.br/maps/dir/arapiraca 22 Atualmente, o prefeito da cidade é Rogério Auto Teófilo, professor, administrador de empresas e advogado, filho de Moacir Teófilo e Thereza Auto Teófilo, personalidades ilustres na história de nosso povo. 1. Após analisar o mapa da cidade de Arapiraca, você consegue localizar o lugar onde você mora? Ele está perto ou longe do centro da cidade? _______________________________________________________ _______________________________________________________ 2. Comparando Arapiraca com outras cidades alagoanas, como justifica- mos o fato de ela ser a segunda maior cidade do estado? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 3. Localize, no mapa abaixo, os pontos cardeais e as cidades que fazem limite com Arapiraca. Localização de Arapiraca Fonte: www.alagoas24horas.com.br 23 Você ganhou um emprego de marketing e será responsável por apresentar a sua cidade a todos aqueles que desejam co- nhecê-la. Sendo assim, prepare, em equipe, uma apresentação de Arapiraca, localizando-a geograficamente, apresentando os bairros principais e o seu, além dos importantes pontos turísti- cos, relatando os motivos os quais fizeram que ela fosse carac- terizada como a segunda maior cidade do estado. Símbolos oficiais da cidade Os principais símbolos representativos da cidade de Arapiraca são a bandeira, o brasão e o hino. Eles descrevem, por meio de imagens, cores e palavras, a história de formação de nossa gente, além de destacar os principais elementos constituintes de nossa economia. A bandeira de Arapiraca foi criada por meio do Projeto de Lei 20/64, de 29 de agostode 1964, pelo Vereador Higino Vital da Silva. Ela tem um formato retangular com as cores verde e amarelo, nos lados esquerdo e direito, respectivamente, e, ao centro, cor branca, com o brasão da cida- de. As cores da bandeira representam: os campos fumageiros, com a cor verde; a riqueza da cidade, liderada pelo fumo, na cor amarela; e a paz e o caráter de nossa gente, com o branco. 24 O brasão da cidade faz refe- rência aos aspectos histórico, ge- ográfico e econômico da cidade. O brasão de armas de origem portu- guesa mostra de um lado uma co- roa e de outro a árvore Arapiraca, além do arco de cinco torres. A coroa é o símbolo da cidade, representando-a como a Princesa do Agreste. O arco de cinco torres mostra sua emancipação. A cor prata justifica-se por não se tratar da capital do estado. A árvore é a representação da arapiraca – ár- vore onde Manoel André descan- sou e idealizou o seu lar. Além disso, há um ramo de fumo, apontando para o principal meio econômico da cidade à época, além de um ramo de algodão. A palavra Arapiraca, no centro, identifica a cidade. Bandeira de Arapiraca Fonte: Prefeitura Municipal de Arapiraca Brasão de Arapiraca Fonte: Prefeitura Municipal de Arapiraca 25 Além da Bandeira e do Brasão, ainda temos o Hino como símbolo ofi- cial da cidade. Criado em 1961, o Hino de Arapiraca tem letra do Professor Pedro de França Reis e música do Maestro Nelson Palmeira. A canção foi instituída como Hino de Arapiraca por meio do Projeto de Lei nº 36/61, do vereador Higino Vital da Silva, em Sessão Ordinária do dia 11/11/1961, aprovado em 25/11/1961. O Hino resgata a história da cidade, colocando Manoel André como o grande desbravador, responsável pela criação da cidade. Chamada de ci- dade sorriso, formosa e de encantos mil, Arapiraca é homenageada como uma inspiração de Manoel André, cidade galã abençoada por Deus. Sob um céu de safira estrelado, Num agreste dêste imenso Brasil, Fôra um rincão pequenino fadado A ser majestoso, soberbo e viril. CÔRO Arapiraca, Estrêla radiosa, Que fulgura sob o céu do Brasil, Cidade sorriso, cidade formosa, Cheia de esplendor e de encantos mil. Arapiraca fôra a inspiração De um sertanejo cheio de fé. Rendamos, pois, de coração O nosso “HOSANA” a Manoel André. A cultura do fumo, a sua riqueza, O “OURO NEGRO”, que os seus campos veste Lhe adquirira um título de nobreza, “cidade Galã”. PRINCESA DO AGRESTE. Terra adorada, Gloriosa terra, Crisol da Pátria, abençoada por Deus Receba, pois, o afeto que se encerra Nos meigos corações dos filhos teus. Letra de Pedro de França Reis e Música de Nelson Palmeira Hino de Arapiraca (o texto foi digitado seguindo as regras gramaticais da época) 26 1. Identifique, na bandeira da cidade, referências ao Brasil. _______________________________________________________ _______________________________________________________ 2. A sua escola também possui um símbolo oficial: uma bandeira, um hino ou um brasão? Se possuir, desenhe-o no espaço abaixo. Caso não possua, o que acha de criar um e apresentá-lo à direção da escola? 27 Escolha uma pessoa mais velha em seu bairro ou sua comu- nidade para entrevistar. Siga as orientações abaixo: • Pergunte como era a cidade de Arapiraca no seu tempo de juventude. • Como se divertiam, quais eram as festas e o lazer daquele tempo. • Havia locais para estudo e recreações. • Na opinião dele (a), o que era melhor no passado e o que é melhor nos dias de hoje. Organize as respostas e apresente-as em sala de aula para os colegas e professor. Em 1928, o fumo em rolo era vendido pela primeira vez, para fora do Estado, ao Sr. José Tomáz de Caruaru-Pe. Em 1930, José Pedro Proteciano (apesar de assustado com a Revolução e com os cangaceiros) já carrega esse produto em tropas de burros para Águas Belas, PE. Nesse ano, Lino de Paula Maga- lhães aumenta a área de cultivo para dez tarefas, tornando-se o maior produtor do município de Arapiraca. 28 Economia e desenvolvimento urbano A cidade de Arapiraca, ao longo dos anos, vem apresentando um vas- to desenvolvimento econômico e, como consequência, urbano. A cultura do fumo fez que a cidade tornasse-se referência no Nordeste, gerando riquezas e prosperidade. Não é à toa que ela é conhecida como Terra do fumo. No entanto, com a crise no setor fumageiro, o poder público buscou outros meios para motivar a economia na região, investindo na agricul- tura familiar – plantio de milho, feijão, mandioca, soja. Essas famílias organizam cooperativas e associações, favorecendo a permanência e am- pliação da atividade, além da garantia, por parte dos órgãos públicos, de apoio tecnológico, implementos e máquinas agrícolas. Plantação de fumo em Arapiraca Fonte: www.arapiraca.al.gov.br 29 Outro grande destaque no fortalecimento da economia arapiraquense é a fruticultura irrigada e a criação, em 2003, do Cinturão Verde, na pro- dução de plantio irrigado de hortaliças. Além da agricultura familiar, a economia arapiraquense gira em torno da pecuária e dos investimentos no setor de indústrias de beneficiamento de fumo, bem como indústrias de alimentos e madeira, por exemplo. É importante destacar que a feira local, além de ser um forte elemen- to cultural, é uma forma de desenvolvimento econômico, visto que ela atende a vários bairros e comunidades da cidade. Do mesmo modo que a feira é referência na cidade, o desenvolvimento do comércio também o é, principalmente, após a inauguração do Arapiraca Garden Shopping, atraindo consumidores de cidades circunvizinhas. Arapiraca ganhou destaque na Revista Veja, em 2010, sendo aponta- da como uma das metrópoles do futuro, destacando o crescimento socio- econômico dos últimos anos. Avenida Rio Branco – uma das principais avenidas do Centro de Arapiraca Fonte: Prefeitura Municipal de Arapiraca 30 O Centro urbano da cidade vem apresentando, nos últimos tempos, um intenso desenvolvimento, provocado pelo incentivo à indústria, ao comércio e ao lazer, por meio do PAC – Programa de Aceleração do Cres- cimento – do Governo Federal. Novos bairros vêm sendo criados, bem como têm sido feitos investimentos no saneamento básico, na iluminação pública, nos transportes, na limpeza e coleta, na acessibilidade, no abas- tecimento de água. Com a inauguração do Arapiraca Garden Shopping, um impulso maior à economia foi dado, uma vez que lojas nacionais vieram até aqui e inauguraram filiais, diversificando o comércio e os pro- dutos. Além disso, a cidade vem acolhendo bem o seu povo, por meio de ações de lazer e diversão, como o “Projeto Vem pro Bosque” – atividade que busca levar música, cultura e prevenção de doenças para a socieda- de, aos domingos, tornando o Bosque das Arapiracas um espaço de lazer e encontro familiar. Arapiraca Garden Shopping Fonte: www.arapiraca.al.gov.br 31 As imagens abaixo mostram a Praça Manoel André em duas épocas distintas: a primeira, no século XIX, quando a cidade ainda buscava um desenvolvimento; e a segunda, nos dias de hoje. A Praça Manoel André é o grande ponto de lojas e centros comerciais da cidade. Por ela, diaria- mente, transitam milhares de pessoas entre lojas de eletrodomésticos, lojas de conveniências, lojas de tecidos e afins, bancos, lanchonetes e restaurantes, farmácias, lojas de roupas e sapatos etc. 1. Descreva os setores que ganharam destaque na economia arapira- quense, nos últimos anos. ___________________________________________________ ___________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ _______________________________________________ ______________________________ Praça Manoel André, no século XIX Praça Manoel André, nos dias atuais Fonte: https://www.historiadealagoas. com.br/historia-de-arapiraca.html Fonte: www.alagoas24horas.com.br 32 2. Refletindo sobre o seu futuro, em quais dos setores da economiavocê gostaria de trabalhar? Por que escolheu esse setor? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ Vamos fazer uma exposição sobre a cidade de Arapiraca na escola? Busque em sites, ou nos arquivos dos vizinhos mais velhos, fotos de imagens antigas da cidade e faça o registro desse mes- mo espaço nos dias de hoje. Compare as épocas e faça cartazes para exposição em dia definido pelo professor. Você sabia que as feiras livres movimentam grande parte da economia arapiraquense? Elas acontecem semanalmente em vários bairros da cidade. No domingo, a tradicional Feira da Fumageira acontece no Bair- ro Primavera, além dos Bairros Canafístula, Senador Teotônio Vilela, Jardim Tropical, Jardim Esperança. Nas segundas, temos feira no Centro e Bairro Baixão. Nas quintas, no Bairro Brasília. No sábado, no Bairro Itapoã, além da Feira do Artesanato dia- riamente, na Praça Margarida Gonçalves, no Centro da Cidade. 33 ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ Anotações “Eu tô chorando, eu tô chorando, Eu tô chorando é por você Se você não acredita, Vou chorar pra você ver” Destaladeiras de fumo de Arapiraca História e memória Unidade 2 Arapiraca - AL: 36 Unidade 2 Esta Arapiraca, por enquan- to, é minha terra OLÁ, AMIGO! CHEGOU O MOMENTO DE VOLTARMOS UM POUQUINHO PARA O PASSADO E CONHECERMOS COMO NOSSA CIDADE FOI, AOS POUCOS, SENDO FORMADA. O QUE ACHA DE ENTRAR NESSE TREM E DAR UM PASSEIO CONOSCO? Esta Arapiraca, por enquanto, é minha casa. O processo de povoamento no interior pós emancipação política de Alagoas acontece por meio da mistura entre os remanescentes de qui- lombos, povos indígenas e brancos que resistiram aos ataques sucessivos e às tentativas de extermínio desses povos pelos portugueses. O "surgimento" e povoamento de Arapiraca não foge à regra da maio- ria das possessões coloniais. É nesse contexto de demarcação de terras que, segundo Zezito Guedes, em 1848, Manoel André Correia dos Santos, um alagoano de Anadia, junto com sua esposa Maria Isabelda Silva Valen- te, filha do Capitão Amaro da Silva Valente, do povoado de Cacimbinhas, em Palmeiras dos Índios, construiu à margem direita do Riacho Seco, a primeira habitação, próxima a uma frondosa árvore de nome Arapiraca. Encostou ali os instrumentos de trabalho e cuidou de preparar a boia, quando usou estas palavras: “Essa Arapiraca, por enquanto, é a minha casa". 37 Arapiraca, um termo indígena que significa "ramo que o periquito vi- sita": ara-periquito; poya (visitar); aça (ramo). E, nos ramos dessa árvo- re que deu nome ao lugar, originou-se também a árvore genealógica das famílias que aqui se instalaram. O desenvolvimento do local deu-se a partir de trilhas que serviam de escoamento de produção e destino ao rio São Francisco, acesso a outros municípios e dos gêneros alimentícios cultivados (mandioca, feijão, milho e algodão), favorecendo a concentração da terra. Em 1855, faleceu Maria Valente, deixando sob seus cuidados cinco filhos. Sua esposa foi sepultada ao lado direito de sua casa; e foi sobre sua sepultura que, em 1865, Manoel André inaugurou a Igreja de Nossa Senhora do Bom Conselho, padroeira de Arapiraca. Desenho com Manoel André descansando na árvore arapiraca Fonte: www.arapiraca.al.gov.br 38 Igreja Nossa Senhora do Bom Conselho Fonte: www.historiadealagoas.com.br Nos anos seguintes à colonização inicial, os parentes do fundador co- meçaram a habitar as terras próximas a Arapiraca, surgindo um vilarejo com algumas ruas que formavam um "Quadro de Arapiraca". A partir do progresso da feira livre criada em 1844 e ocupando lugar de destaque na região, no ano de 1892, foi elevada à categoria de distrito do município de Limoeiro de Anadia, que tinha se emancipado do município de Anadia em 1882. Com o início da chamada Guerra do Paraguai, acontecida na década de 1860, muitas famílias, para ficarem livres do perigo, resolveram ir para as proximidades de Arapiraca, pois sabiam que existiam muitas mandiocas. Isso era um fator de garantia contra a fome. Dessa forma, foi aumentando o número de po- voados vizinhos e tornando Arapiraca ponto de referência. 39 Arapiraca pertencia ao município de Limoeiro de Anadia e, devido ao seu desenvolvimento econômico e ao desejo de progredir da população, o Major Esperidião Rodrigues da Silva inicia sua campanha em prol da emancipação política do distrito de Arapiraca, representando as elites locais. 1. Segundo o texto, como se deu o processo de povoamento do interior após a emancipação política de Alagoas? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 2. Quais fatores contribuíram para o desenvolvimento local de Arapiraca? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 3. Qual o significado da palavra Arapiraca? Porque esse nome foi escolhi- do para a cidade? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ Processo de emancipação 40 O deputado Odilon Auto contribuiu no processo de emancipação polí- tica, defendendo o projeto na Assembleia Legislativa. O trabalho intenso revelou-se em anos de luta e dificuldades de deslocamento para a ca- pital pela aprovação da maioria dos deputados. Até que, em 30 de maio de 1924, foi sancionado pelo Governador José Fernandes Lima o projeto de Lei de nº 1009, que emancipava o distrito de Arapiraca do município de Limoeiro de Anadia. A festa de comemoração aconteceu no dia 30 de outubro de 1924, logo, esse dia fica marcado como dia da Emancipação Política de Arapi- raca. Assembleia Legislativa Estadual em 1924 Fonte: www.confaa.com.br 41 Uma junta governativa passa a organizar o município e as eleições. A Junta erapresidida pelo senhor Francisco de Paula Magalhães e tinha como membros os senhores: Tibúrcio Valeriano da Silva, Cícero Gonzaga da Silva, Aprígio Jacinto da Silva, Domingos Rodrigues de Macedo, José Pereira Sobrinho, Pedro Lima de Oliveira, Antônio Ribeiro e Antônio Apo- linário Correia. Essa junta permanece até o dia 07 de janeiro de 1925, quando acontece a posse de Esperidião Rodrigues da Silva, o primeiro prefeito de Arapiraca. Segundo Valdemar, historiador da cidade, o primeiro trabalho público de Esperidião Rodrigues foi a construção da prefeitura. No século pas- sado, o prédio foi ocupado pela Câmara dos Vereadores, na Avenida Rio Branco. Primeira sede da Prefeitura Municipal de Arapiraca Fonte: www.nn1.com.br 42 Basicamente, o Centro da cidade era formado por dois quadros prin- cipais que receberam o nome da Rua. O quadro da Igreja Nossa Senhora do Bom Conselho, que foi denominado de Rua do Capela de São Sebas- tião, e o Quadro da Rua Nova (as outras saíram delas). A Esperidião Rodrigues é atribuída a criação da tradicional Feira Livre de Arapiraca, além do nosso primeiro grupo escolar: a Instituição de En- sino Adriano Jorge, ainda a primeira escola de música da cidade, o Car- tório de registros e os Correios, o apoio à instalação ao Tiro de Guerra e a doação de diversos terrenos. Avenida Rio Branco, no século XIX Fonte: www.arapiraca.al.gov.br Escola Adriano Jorge – século XIX Fonte: http://www.agenciaalagoas.al.gov.br/ Escola Adriano Jorge – século XXI Fonte: http://agenciaalagoas.al.gov.br/ 43 Antiga Feira Livre de Arapiraca, no século XIX Fonte: www.historiadealagoas.com.br Você sabia que a escultura em frente ao Museu Zezito Gue- des, na Praça Luiz Pereira Lima, no Centro da cidade, inaugu- rada em 2014, é uma estátua em homenagem a Esperidião Ro- drigues, segurando um telegrama que na época lhe foi enviado pelo governador, noticiando a emancipação de Arapiraca? 44 O telegrama dizia assim: Coronel Esperidião Rodrigues Arapiraca – Limoeiro Acabo de sancionar um Projeto de Lei criando o mu- nicípio de Arapiraca, cuja população é laboriosa, adian- tada e progressista; congratulo por intermédio amigo, grande incansável paladino dessa conquista, que repre- senta ato de justiça aos poderes públicos a um povo que se levanta por si próprio, que tem iniciativa e que progride. Cordiais saudações, Fernandes Lima, Governador do Estado. Estátua de Esperidião Rodrigues, no Centro da cidade Fonte: https://confaa.com.br/noticia/. 45 1. Quais os fatores que impulsionaram a emancipação política de Arapi- raca? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 2. Quais são as melhorias para o município de Arapiraca atribuídas a Es- peridião Rodrigues? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 3. Vamos comemorar o aniversário da nossa cidade criando um cordel? Escreva o seu nas linhas abaixo. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ ____________________________________________________ 46 A feira livre e o fumo A feira livre de Arapiraca impulsionou de várias formas o crescimento da cidade e a economia local, ocupando as principais ruas nos dias de segunda feira. A princípio, o comércio era de gêneros alimentícios, mas, com o passar do tempo, foi se diversificando até que se tornou uma das maiores feiras do nordeste e ponto de encontro através da cultura do fumo "ouro verde”. A feira foi terreno fértil para um sem número de expressões artísticas populares e abordagens científicas, chegando a abrigar semanalmente mais de 30 mil pessoas, vindas de várias localidades, tornando-se patri- mônio imaterial de Arapiraca, em virtude de toda sua contribuição eco- nômica e cultural, além de seu poder de ressignificação a cada mudança sofrida, geográfica e econômica. As plantações de fumo de Arapiraca surgem no final do século XIX. A cultura do conhecido fumo de "rolo"ou de corda prosperou e fez entregas às regiões do estado, ao ponto de elevar Arapiraca à capital nacional do fumo – título que lhe é atribuído até hoje. Venda de rolo de fumo Fonte: https://arapiraca.7segundos.com.br/noticias/2016/01/06/55748/feira-do-fumo-mantem- -tradicao-e-resiste-a-outras-culturas.html 47 Observe abaixo uma dessas cantigas: O cultivo do fumo chegou a ocupar centenas de hectares de terra cultivadas (minifúndios), abastecendo o mercado interno e externo, mo- bilizando trabalhadores rurais e comerciantes nas feiras. A partir da dé- cada de 50, estabeleceram-se fábricas, exportadoras e salões de fumos, expandindo a produção e caracterizando a cida- de como "Cutlura fuma- geira". Assim, os salões onde homens e mulheres, com seu trabalho, ajuda- ram a construir os pilares econômicos da cidade, a exemplo das destaladei- ras de fumo, que agrega- vam ao trabalho canções descrevendo seus traba- lhos e animando os salões de fumo. As destaladeiras de fumo e suas cantigas tornaram-se patrimônio cultural arapiraquense. Destaladeiras de fumo Fonte: https://diarioarapiraca.com.br/editoria/arapiraca/-blues-de-ala- goas:-o-canto-das-destaladeiras-de-fumo-de-arapiraca/1/35285 Eu estava forrando a cama, A cama pra meu amor Deu um vento na roseira, A cama se encheu de flor. Leva eu, saudade! Se me leva, eu vou! 48 Segundo Guedes, em A cidade do futuro, (pág. 16), A partir da década de 1980, vários fatores fizeram a cultura do fumo e, consequentemente, a feira livre declinarem, o que resultou num pro- cesso de urbanização desordenado em que trabalhadores migraram em busca de melhores oportunidades de emprego. Há décadas, centenas de trabalhadores sentem os impactos da dimi- nuição da feira livre. Atualmente desmembrada em vários bairros e dias diferenciados, mas resistem bravamente. É no suor e na força desses ambulantes, agricultores, comerciantes, que os ramos da grande Arapi- raca florescem e renascem a cada dia. O recrudescimento da feira e do cultivo do fumo não impediu o cres- cimento do polo comercial diversificado, onde se mantém como principal abastecedor de uma diversidade comercial e agrícola. 1. De que forma a feira livre impulsionou o desenvolvimento da cidade de Arapiraca? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ ____________________________________________________ "convergiram para Arapiraca trabalhadores de várias regiões do nor- deste, que foram trazendo suas bagagens, costumes, folguedos, crendices, seitas, cantos, os quais foram se adaptando à primitiva cultura já existente, e assim se concentrou um número expressivo de cantigas que há mais de meio século foram cantadas na época da colheita do fumo pelas mulheres que retiraram os talos das folhas de fumo. 49 2. Como está a feira de Arapiraca atualmente? _______________________________________________________ _______________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________ 3. Você conhece Hermeto Pascoal? Faça uma pesquisa sobre a vida e obra do "Bruxo dos instrumentos" que tem um teatro com seu nome em nossa cidade. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ Observamos o quanto as destaladeiras de fumo são ícones importantes de nossa cultura, sendo consideradas Patrimônio Imaterial da cidade. Sendo assim, vamos organizar um Festival de Destaladei- ras? Reúnam, em grupo, poesias cantadas pelas destaladeiras de fumo e organize um sarau. 50 “Muitas coisas que eu faço são inspiradas nas coi- sas que eu via de criança nas feiras de Lagoa da Canoa-AL e de Arapiraca-AL, que eram os lugares onde eu ia até os meus 14 anos de idade”. [Fonte: Jornal “Gazeta de Alagoas”, 25 de novembro de 2012 ] Hermeto Pascoal Fonte: https://arapiracalegal.wordpress.com/artis- tas-arapiraquenses/hermeto-pascoal/ Arapiraca – aspectos sociais Educação Arapiraca é considerada o segundo maior polo de educação do esta- do, vem se destacando em todos os níveis da educação, resultante de várias iniciativas públicas e privadas. Esse desenvolvimento teve início antes do seu processo de eman- cipação, que aconteceu no ano de 1924. No livro “Arapiraca através do tempo”, do escritor, escultor e folclorista Zezito Guedes, narram que foi em 1885 a data da chegada do professor Antônio Raimundo, o primeiro contratado por lideranças do povoado para ensinar a meninada a ler, es- crever e contar, o qual ministrava aulas numa residência e numa sala de aula improvisada. 51 Nessa fase, a escolarização era considerada um privilégio acessível aos filhos de famílias abastadas. Somente em 1890 foi criada uma escola mista. E, em 1891, Esperidião Rodrigues, o primeiro prefeito do muni- cípio, conseguiu do então governador do Estado, o Barão de Traipu, a nomeação da sua nora, Marieta Peixoto, a primeira professora estadual. Após esse feito, a próxima conquista de destaque para o cam- po da educação aconte- ceu somente no ano de 1940, após 16 anos da emancipação do municí- pio, quando foi instituí- do oficialmente o curso primário, com a funda- ção do Grupo Escolar Adriano Jorge. A demora para que Arapiraca tenha embarcado no processo de es- colarização pode ser explicada por meio da observação dos costumes da época. Um deles era o estímulo à participação de toda a família, incluindo os filhos, nas atividades agrícolas. Primeiro, na cultura da mandioca e, mais tarde, com o fumo. Por isso a escolarização não era priorizada, e a escola considerada um luxo dispensável. Entretanto, se por um lado a valorização do trabalho afastava as crianças da escola, por outro, a partir da fase da ampliação e êxito no cultivo do fumo, que fez riqueza no município, mudaram-se as concep- ções, principalmente dos mais favorecidos financeiramente, que passa- ram a enxergar a necessidade da expansão da educação escolar para o progresso econômico do município. Dessa fase até aqui, quanta diferença! A valorização da produção do saber, ao longo das décadas, foi conduzindo a cidade ao status de segun- do maior polo da educação do Estado, sendo responsável pela mão de obra qualificada para atender as demandas, não somente da cidade, mas da região, passando a ser primordial no processo de desenvolvimen- to cultural, social e econômico do município. Grupo de alunas da Escola Adriano Jorge Fonte: www.arapiracanews.com.br 52 A educação está atrelada diretamente ao desenvolvimento de qual- quer município, e Arapiraca tem garantido belas conquistas nesse âmbito. Grupo Escolar Adriano Jorge O primeiro Grupo Escolar de Arapiraca foi construído na gestão do governador Osman Loureiro, na principal rua da cidade, onde funciona até hoje a Escola Estadual Adriano Jorge, na Avenida Rio Branco. O corpo docente era constituído por algumas professoras que se deslocaram da capital e outras da própria cidade de Arapiraca, que, em condições favo- ráveis, puderam concluir o curso normal em Maceió. Alunos da Escola Adriano Jorge em desfile pela cidade Fonte: http://www.agenciaalagoas.al.gov.br/ A nova escola passou a oferecer estrutura e instrumentos pedagó- gicos desconhecidos da maioria dos arapiraquenses, na década de 40, a exemplo da mobília composta de carteiras duplas, o quadro negro, os mapas e o globo. A unidade escolar despertou o interesse da comunidade em ampliar o acesso ao ensino. 53 Instituto São Luís Em 1943, o muni- cípio ganhou a primei- ra escola particular, o Instituto São Luís, criada pelo professor Pedro de França Reis, com o apoio do Padre Medeiros Neto, então secretário de Estado, e do padre Epitácio, pá- roco da cidade. Hoje, no mesmo prédio, fun- ciona o Colégio Nossa Senhora da Rosa Mís- tica. O Instituto São Luís, a exemplo do que acontecia com o Grupo Es- colar Adriano Jorge, desenvolveu uma prática pedagógica aliada a uma rigorosa disciplina, de cunho tradicional, reconhecida e respeitada por atender à forma como os pais consideravam a “boa educação”. Reforço Educacional Já na década de 50, após a inauguração das duas escolas, Grupo Es- colar Adriano Jorge e Instituto São Luís, oferecendo o ensino de 1ª a 4 ª série, a população recebe dois reforços na área educacional: o Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho e o Colégio São Francisco de Assis, con- siderados importantes marcos para a história da educação de Arapiraca. Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho Fundado pelo Cônego Teófanes Augusto de Araújo Barros, em 1950, com o nome de Ginásio Nossa Senhora do Bom Conselho, o tradicional CBC, nasceu integrante da Escola da Campanha Nacional de Educandá- rios Gratuitos (CNEG), que hoje é denominada de Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC). Instituto São Luiz Fonte: www.cadaminuto.com.br 54 Uma das primeiras turmas do Colégio Cenecista Nossa Senhora do Bom Conselho Fonte: Ascom Arapiraca O colégio surgiu como uma novidade, trazendo o curso ginasial, que atualmente corresponde ao Ensino Fundamental. Naquela época, para conseguir uma vaga, era necessário participar de um concorrido exame de admissão. Após cinco anos do início das atividades, em 1955, a nova escola in- troduziu os cursos: comercial, científico e normal, possibilitando aos alu- nos condições de ingressar nos cursos superiores das capitais mais próxi- mas ou de exercer funções profissionais que exigiam maior qualificação. A história do colégio mistura-se com a do Dr. José Moacir Teófilo, que, em 1955, após um período ocupando a função de interventor-diretor, foi nomeado definitivamente o diretor do colégio, onde exerceu a atividade até os 90 anos e tem uma contribuição significativa na formação educa- cional da juventude. 55 Uneal A história da Universidade Estadual de Alagoas começou em 1970, com a abertura da Fundação Educacional do Agreste Alagoano (Funec), que manteve a Faculdade de Formação de Professores de Arapiraca (FFPA). Desde essa data, outras transformações aconteceram na instituição. Em 1995, foi estadualizada, tendo o seu nome altera- do para Fundação Universidade Estadual de Alagoas (Funesa) e, em 2006, passou a ser intitulada de Universidade Estadual de Alagoas (Uneal). Atualmente oferta 11 cursos de graduação e tem matriculados mais de dois mil alunos, segundo infor- mações da própria instituição. Atual fachada do Colégio Cenecista Nossa Senhora do Bom Conselho Fonte: Ascom Arapiraca Universidade Estadual de Alagoas Fonte: Ascom Arapiraca 56 UfalOutro importante avanço na educação de Arapiraca foi a implanta- ção do campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Em 2005, o município foi contemplado com projeto piloto do Ministério da Educação (MEC), dentro do programa de expansão do ensino superior público, e passou a ofertar, inicialmente, 16 cursos de graduação. Além das duas instituições públicas, a Universidade Estadual de Ala- goas (Uneal) e a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), no município há mais de uma dúzia de particulares de ensino superior e técnico. Os avanços no âmbito da educação, como o aumento de números de escolas e cursos universitários, vêm traçando um perfil cultural mais amplo de transformação e inclusão social para seus moradores. Universidade Federal de Alagoas Fonte: Ascom Arapiraca 57 Veja abaixo outros espaços educacionais da cidade: Planetário Arapiraca Fonte: Prefeitura Municipal Fonte: Prefeitura Municipal Arapiraquinha – Biblioteca Digital 58 Perguntem aos seus pais em quais as instituições de ensino eles estudaram e pesquisem a história dessas instituições. 1. Arapiraca é considerada o segundo maior polo de educação do estado. Justifique essa afirmação, segundo o texto. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ ___________________________________________________ 59 2. Como se iniciou o processo de escolarização em Arapiraca? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 3. Segundo Zezito Guedes, a escolarização era considerada um privilégio acessível aos filhos de famílias abastadas.. compare a afirmação com a atual situação da educação arapiraquense. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ Comunidades Quilombolas As comunidades quilombolas são grupos étnicos, predominantemen- te constituídos de população negra rural ou urbana, descendentes de ex- escravizados, que se autodefinem a partir das relações específicas com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e as práticas culturais próprias. Existem em Alagoas 69 comunidades remanescentes dos quilombos, e duas delas em Arapiraca; antes da chegada do fundador, em 1848, já havia gente nessas terras, quando ainda não se chamava Arapiraca, e comunidades foram se firmando com nomes de árvores nativas: Pau d’Arco (ipê) e Carrasco (pau-viola). Carrasco surge aproximadamente no ano de 1800; nela existem mais de 250 famílias e mais de 1.000 habitantes. Carrasco é assim chamado devido à vegetação local, que tem esse nome, e originou-se a partir da doação de terras para ex-escravos, alforriados, realizada pela Capitã An- tônia Rosa, que faleceu sem deixar herdeiros . 60 Sobre a história local, destacamos que no início só existiam matas e algumas casas de taipa, da Capitã Antônia Rosa, que lá vivia com seus escravos, para os quais deixou todos os seus bens. Era a maior autori- dade local, só entrava no Carrasco pessoas com sua autorização. As mu- camas Pastora e Belinda vieram de Angola; uma delas teve uma filha, que casou-se e teve 18 filhos, compondo assim o grupo dos primeiros escravos. Essas pessoas que viveram e morreram até esta data povoaram o Carrasco com inúmeros filhos. Na época do relato dessa história, as con- dições de vida não eram boas, mas, melhores que as primeiras da histó- ria, porque já eram filhos dos escravos, já tinham seus próprios pedaços de terras e seus casarões de taipa. As mulheres faziam panelas e potes de barro para venderem na feira, quando a cidade ainda era um povoado de Anadia . Nesse período, não havia transportes, as mercadorias eram conduzidas em burros e na cabeça, era bastante difícil, porque ficava lon- ge e só tinha mato, o isso foi há mais de 100 anos. Hoje a maioria ainda sobrevive da agricultura e dos empregos informais. A localidade nos dias atuais dispõe de escola, Unidade Básica de Saúde (UBS) e transporte coletivo. Em 2008, o Carrasco recebeu a certificação da Fundação Cultural Pal- mares, do Ministério da Cultura (MinC), como sendo ambiente remanes- cente dos quilombos. Assim, a associação nasceu e hoje dá oficinas de modelagem, pintura, reciclagem, artesanato (potes e panelas de barro, vassouras de palha, balaios) etc. A história oral é fundamental para dar voz aos que não puderam escrever sua história, e a relação entre memória e oralidade possibilita a formação de uma consciência histórica; dessa forma, a tradição oral nas comunidades quilombolas é sinônimo de resistência e busca por uma consciência, a exemplo da comunidade de Pau D’arco, que reconstituiu sua identidade a partir das histórias de moradores antigos, como Zé Pretinho, Dona Mocinha e Dona Terezinha. 61 Correntes de ouro A professora de História e pedagoga Laurinete Basílio, uma das fun- dadores da Associação de Desenvolvimento da Comunidade Remanes- cente de Quilombos da Vila Pau d’Arco, desenvolveu um trabalho a partir da oralidade, para resgatar a história dessas comunidades (comunidades remanescentes de quilombo em Alagoas) e, segundo ela,"chegando onde hoje é o local, ele teve que comprar as terras – justamente com as cor- rentes de ouro – do capitão João de Deus Florentino, senhor de engenho de família portuguesa, estabelecendo-se lá com a esposa Josefa da Sil- va; teve cinco filhos. Logo, um filho de um primo de João de Deus com uma escrava, José Januário Pragelo, também fez moradia naquele lugar repleto de ipês amarelos e brancos – daí o nome “pau d’arco”. Eram dos galhos dessa árvore que se faziam arcos para possíveis caças.Vindo de Rio das Cruzes, em Limoeiro de Anadia-AL, Luiz Tolintino foi o terceiro negro a formar uma família na localidade na mesma época. A agricultura familiar predominou na região com o cultivo de mandio- ca, feijão, milho, batata e macaxeira. Apenas no segundo ciclo do fumo de Arapiraca, quando a cidade ganhou status de “Capital Brasileira do Fumo”, na década de 1970, que essa planta começou a dar mais vazão nos terrenos da Vila Pau d’Arco. A associação é também o Ponto de Cultura Identidade e Cidadania Afrodescendente, dentro da rede arapiraquense, e tem 332 famílias ca- dastradas que contam com grupos de capoeira, grupo de percussão afro (alfaia, pandeiro, xequerê), grupo de dança, oficinas de artesanatos (po- tes de barro) e gastronomia. Atualmente a professora é supervisora das escolas quilombolas onde desenvolve um trabalho de resgate e sentimento de pertencimento dos alunos e moradores das duas comunidades, com o desenvolvimento de projetos educacionais relacionados a questões étnico raciais. A história das duas comunidades intercruza-se e amplia o olhar para uma Arapiraca de múltiplas cores, que não surge de um único "ramo" étnico que nasce, fortalece-se entrelaçada entre índios quilombolas e brancos. 62 Professora Laurinete Basílio Fonte: http://agenciaalagoas.al.gov.br/noticia/item/11402-educacao-emocional-e-social-em-arapiraca- -contribui-para-o-enfrentamento-da-discriminacao Arte produzida pelas Comunidades Quilombolas Grupo Artístico de raízes quilombolas Fonte: https://confaa.com.br/noticia/12064/noti- cias/2017/10/20/a-cultura-negra-em-arapiraca-rai- zes-quilombolas-nunca-antes-vistas.html Fonte: https://confaa.com.br/noticia/12064/noti- cias/2017/10/20/a-cultura-negra-em-arapiraca-rai- zes-quilombolas-nunca-antes-vistas.html 63 Sob a orientação de seu(sua) professor(a), elabore um questionário sobre a história das comunidade ou do bairro onde você mora e entreviste os moradores mais antigos sobre suas memórias; socialize com a turma a experiência.64 1. O que são comunidades quilombolas? E quantas comunidades quilom- bolas existem em Alagoas? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 2. Qual a origem dos nomes das comunidades quilombolas de Arapiraca? _______________________________________________________ _______________________________________________________ 3. Segundo o texto: " A história oral é fundamental para dar voz aos que não puderam escrever sua história ". a) Qual a importância da oralidade na história? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ b) Sobre a história das comunidades quilombolas de Arapiraca, o que lhe chamou atenção? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 65 ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 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VOCÊ SABE DA IMPORTÂNCIA DAS MEMÓRIAS PARA UMA SOCIEDADE? COMO O CONHECIMENTO DOS NOSSOS ANTEPASSADOS CONTRIBUI PARA SERMOS QUEM SOMOS HOJE? NESTA UNIDADE, VAMOS PASSEAR PELAS MEMÓRIAS DO POVO ARAPIRAQUENSE E CONHECER UM POUCO SOBRE NÓS E NOSSA GENTE. 71 O passado e a história podem ser evocados de várias formas, a mais utilizada é a via da memória, que pode ser apreendida e ressignificada, a partir dos vestígios deixados pelo tempo. Conhecer a história do local em que se vive permite-nos revisitar um passado não tão distante, porém cheio de significados. Pretendemos, nesta unidade, abordar as memórias, as personagens e os monumentos de uma Arapiraca que foi construída e também perten- ce aos agricultores, feirantes e pescadores, árvore de muitos ramos que floresce na sua cultura, na arte e na fé das rezadeiras e das mães de santo, cidade que abriga uma imensidão de manifestações culturais que resistem, renovam-se e ampliam a identidade Arapiraquense. Diversos monumentos e cartões postais representam Arapiraca em tempos históricos distintos, as igrejas, os museus, as praças, a estação ferroviária, as paisagens cotidianas e mesmo as que ficaram no passa- do, mas permanecem vivas nos "Lugares de memória" de nossa cidade. Concatedral do Bom conselho A igreja localizada no Largo Dom Fernando Gomes tem apenas 34 anos de inaugurada, mas a história da paróquia de Nossa Senhora do Bom Conselho começa quando Manoel André construiu a primeira igreja no povoado, no ano de 1864, em cima do túmulo de sua esposa, Maria Valente, que, até a construção da catedral, era a matriz da paróquia, localizada na praça Manoel André, hoje conhecida como igreja do Santíssimo. A memória dos habitantes que faz que eles percebam, na fisionomia da cidade, sua própria história de vida, suas ex- periências sociais e lutas cotidianas... Sem a memória, não se pode situarna própria cidade, pois perde-se o elo afetivo que propicia a relação habitante-cidade, impossibilitando ao mora- dor de reconhecer-se enquanto cidadão de direitos e deveres e sujeito da história. (Oriá 2005). 72 Igreja Nossa Senhora do Bom Conselho – século XIX Fonte: Davi Salsa Atual fachada da Igreja Nossa Senhora do Bom Conselho Fonte: Genival Silva 73 Fonte: Genival Silva Os moradores da comunidade, que se reuniam na igreja para rezar para Nossa Senhora e Manoel André, encomendaram uma imagem de Nossa Senhora da Guia a um artesão no município de Bom Conselho (PE). O fundador foi a cavalo buscar a imagem e, no caminho de volta, foi conduzido por uma comitiva de cavaleiros desde Palmeira dos Índios. A imagem foi recebida com festa, banda de pífanos e fogos, e as pessoas comemoravam: "Viva Nossa Senhora do Bom Conselho". Hoje, o caminho de volta feito por Manoel André trazendo a imagem é refeito todos os anos por mais de uma centena de cavaleiros na Caval- gada da Padroeira, que chega a Arapiraca no dia 02 de fevereiro, consi- derado o dia da padroeira de Arapiraca e dia que foi rezada a primeira missa em 1865, na igreja construída por Manoel André, que foi batizada de matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho, um dos maiores monu- mentos de fé dos arapiraquenses. Concatedral Nossa Senhora do Bom Conselho 74 A Religiosidade de Arapiraca Arapiraca é uma cidade predominantemente católica, porém, nas úl- timas décadas, tem aumentado o número de igrejas evangélicas, centros espíritas e expressões religiosas de matriz africana, o que demonstra sua diversidade religiosa. As manifestações públicas de religiosidade praticadas por meio da fé e das festas contribuem para fortalecer as tradições e renovar o senti- mento de pertencimento nas identidades locais; além disso, revelam vários aspectos da hierarquia social de uma cidade e de como essas manifestações tornam-se patrimônio cultural de várias comunidades. Cavalgada Nossa Senhora do Bom Conselho Fonte: arapiraca.al.gov.br 75 1. Qual a relação entre história e memória? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 2. Quais monumentos históricos ou lugares de memória de Arapiraca você conhece? Faça uma pesquisa sobre o lugar escolhido e organize sequências desses lugares no passado e atualmente. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 3. O crescimento da cidade proporcionou também sua diversidade reli- giosa. Descreva outras atividades religiosas que acontecem em Arapi- raca. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ ____________________________________________________ 76 Zezito Guedes Ao se tratar de História de Arapiraca, é inevitável recorrer à figura de Zezito Guedes, o paraibano José Gomes Pereira, que se encantou pela princesinha do agreste e aqui reside desde a infância, tornando-se referência na história e cultura local. O sobrenome Guedes ganhou do escritor Ariano Suas- suna durante uma solenidade em Recife, em 1974. Escultor, historiador, folclorista, teve suas obras expostas em vários lugares do Brasil. Como pesquisador, destacam- -se as obras “Cantigas das destala- deiras de Fumo” e “Arapiraca atra- vés do tempo”. Considerado patrimônio vivo. Em 2013, ele recebeu o registro de Patrimônio Vivo da Cultura Alagoana pela Secretaria de Estado da Cultura. Obra: Arapiraca através dos tempos, de Zezito Guedes. Fonte: confaa.com.br Zezito Guedes Fonte: Museu Zezito Guedes 77 Museu Zezito Guedes Situado no Centro de Arapiraca, o museu, inaugurado em 2009, pos- sui espaço de exposições permanente e um amplo acervo que reconstrói a vida de seu patrono, com objetos, fotografias, registro da vida e obras do pesquisador, além de material histórico sobre origem e formação so- ciocultural da cidade de Arapiraca, baseado na obra “Arapiraca Através do Tempo”, de Zezito Guedes. Na comemoração de dez anos do Museu, em 2019, Zezito, aos 83 anos, recebeu um busto em sua homenagem pelo artista plástico Thony Silva. "Os patrimônios culturais são estratégias por meio das quais grupos sociais e indivíduos narram sua memória e sua iden- tidade, buscando para eles um lugar público de reconheci- mento, na mesma medida em que a transformam em "patrimônio". (Horta 1999) Museu Zezito Guedes Fonte: arapiraca.al.gov.br 78 A praça Luiz Pereira Lima (Praça da Prefeitura) sempre foi palco de manifestações culturais que habitam nas memórias afetivas dos arapi- raquenses , a sede do governo ao lado da escola Hugo Lima, o cinema Trianon, onde os jovens da época iam assistir a filmes e shows, o labi- rinto, o cuscuz de "mundiça", o coreto, a banca de revistas do Argentino e seus torneios de xadrez e tantos outros espaços da praça estão reple- tos de significados e narrativas sobre uma Nostálgica Arapiraca, onde crianças brincavam nas ruas. Atualmente a praça foi revitalizada e continua sendo ponto de en- contro abrigando vários projetos culturais, entre eles, o "Cultura na pra- ça, organizado pelo mestre Afrísio Acácio, que reúne artistas de várias regiões, todas as segundas-feiras (dia da feira), a partir das 8h até às 12h, sanfoneiros, repen- tistas, aboiadores, poetas e tantos outros artistas populares se apresentam na Tenda Cultural, reme- morando, fortalecendo a cultura local e atraindo centenas de pessoas que passam pela praça e vão assistir às apresentações e danças regionais . Antigo coreto na Praça Luiz Pereira Lima Antiga Praça Luiz Pereira Lima Fonte: cma.al.gov.br Fonte: cma.al.gov.br Apresentações musicais na Praça Luiz Pereira Lima Fonte: Secom Arapiraca 79 Você sabia que a segundo templo religioso mais antigo da cidade é a capela de são Sebastião? Fundada em 1904- 1905, tombada como patrimônio histórico em 2005.a capela preserva traços da arquitetura original. A igreja foi erguida por iniciativa do comerciante José Zeferino de Magalhães, em ação de graças pelo fim de uma epidemia de febre tifoide, ocorrida no então povoado de Ara- piraca, entre os anos de 1904 a 1905. A doença provocou muitas mortes. Na- quela época, os sintomas eram tratados apenas à base de ervas me- dicinais, que não surtira o efeito de- sejado. Sendo assim, a população, por meio do poder da oração, suplicava pela cura. As preces eram dirigidas a São Sebastião, soldado romano, mártir que se tornou santo protetor da humanida- de, contra a guerra, a fome e a peste. O pedido foi atendido e a população se livrou da enfermidade. Acontece desde sua construção ,a festa em homenagem a são Sebastião ,com novenas procissão, leilão, banda de pífano tradições populares que sob revivem ao tempo. Fonte: http://joaorocha2.blogspot.com/2016/08/patrimonio-historico-de-arapiraca.html Igreja de São Sebastião 80 A literatura de cordel é bastante praticada pelos poe- tas arapiraquenses um deles é zé de Quinô que escreveu um lindo cordel sobre São sebastião. Vamos transformar o cordel em uma xilogravura con- temporânea? Crie um cartaz, fazendo uso apenas de lápis grafite preto, mostrandoo desenrolar da história de Sebastão, produzida por Zé de Quinô. SEBASTIÃO (Zé de Quinô) Meu pobre Sebastião Crivado numa figueira Assim como o nosso povo Que é crivado a vida inteira E exposto à violência Sem a mínima clemência Injustiça verdadeira. Assim como o Povo pobre Tu sangras todos os dias Na juventude que morre Em nossas periferias Tu vive entre os humilhados Agredidos, espancados As piores covardias. Oh, pobre Sebastião Abra os olhos para ver Não te conformes com a dor Não te deixe esmorecer Só existe uma saída Para essa nossa vida Que é lutar até vencer. 81 Zé do Rojão foi o primeiro locutor da Rádio Novo Nor- deste AM, era sua voz, com boa dicção, que despertava a “nação agrestina” com música de raiz, forró pé-de-serra e declamações de poesias matutas de autoria de Zé da Luz, Catulo da Paixão Cearense, e tantos outros”, segundo o jor- nalista Roberto Gonçalves. No poema a se- guir, a professora, artista e poeta Mar- ta Eugênia faz, a partir de suas me- mórias, faz home- nagem a Zé do Ro- jão e a uma praça da cidade. Sabendo nisso, elabore um poema a partir de suas memórias homenageando algum lugar ou personagem de Arapiraca. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ Professora, artista e poeta Marta Eugênia Fonte: Marta Eugênia 82 Rojão no céu Atravesso a Marques da Silva, como de costume, e sento para um café. As buzinas ferozes da segunda-feira, O som tumultuado das pessoas me tiraram da cama mais cedo. Mas, quando eu era criança, havia outro modo que despertava o dia : minha mãe ligando o rádio o grito do chocalho e a voz de zé do Rojão "acorda minha gente", e recitava Zé da luz : "três muié, três irmã, três cachorra da mulesta eu vi num dia de festa, num lugar Puxinanã..." Meu pai cutucando o meu dedão do pé : tá na hora de levantar mocinha pra não perder a escola. Meus pais se foram, o rádio aquietou-se de velho. Eu e um poema de Zé da Luz ficamos atônitos no meio da praça quando ouvimos o barulho do rojão subindo ao céu. (Marta Eugênia de Oliveira) Quanto Tanto 2014. 83 Afrísio Acácio do acordeon: o poeta vaqueiro Por Pedro Jorge O “Poeta-Vaquei- ro” Afrísio Acácio do Acordeon é natural de Campo Grande (AL). Ele é considerado um dos maiores acorde- onistas do Nordeste brasileiro. Atualmen- te reside em Arapira- ca (AL) e vem dando uma grande contribui- ção, através de seus projetos, para a cul- tura local e regional. Cantando ou apresen- tando o Projeto Cultu- ra na Praça, Afrísio proporciona aos arapiraquenses contato direto com as nossas origens culturais. Mestre Afrísio Acácio Fonte: portaldenoticiasdasuacidade.com.br A Casa da Cultura Inaugurada em 1998, a Casa da cultura é mais um espaço que con- tribui para a formação histórica e preservação cultural de Arapiraca, por ser refúgio de vários intelectuais que se utilizam do lugar para pres- tigiar exposições, oficinas, palestras que o local dispõe frequentemente, e por abrigar um acervo de 21 mil livros da Biblioteca Municipal Professor Pedro de França Reis, que, em 2019, completou 60 anos de existência. 84 Casa da Cultura Fonte: arapiraca.al.gov.br Além da Biblioteca municipal, a Casa da Cultura dispõe de recursos para leituras específicas em braile, briquedoteca, espaço para literatura infantil, acervo com dezenas de vinis e ilustre presença de Paulo Lou- renço, o maior colecionador de vinis do agreste alagoano. Em 2019, a Casa da Cultura realizou a II Feira Literária de Arapiraca – FLIARA, atrelando a literatura a música, artes plásticas, teatro e cinema, oficinas, contação de história, mesas-redondas, exposições, vendas de livros, lançamentos de obras e apresentações musicais. Paulo Lourenço, o Dj do Agreste. Paulo Lourenço, 87 anos, é um grande in- centivador cultural de nossa cidade. Por mais de 30 anos, esteve a frente de um bar (O Bar do Paulo), na Rua Dom Jonas Batingas, no bair- ro Ouro Preto, onde reunia escritores, músicos, militantes jovens, estudantes que recorriam ao bar para conversarem sobre cinema, política, música e literatura. Dj Paulo Lourenço Fonte: Paulo Lourenço 85 1. O hábito da leitura é imprescindível para a cultura de um povo. Na sua escola ou comunidade, há biblioteca? Com ajuda do seu professor, organize uma roda de leitura e contações de estórias com os livros da biblioteca. Logo após, descreva abaixo suas impressões sobre a ativi- dade. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 2. Você conhece o disco de vinil? Com a ajuda do seu professor de Histó- ria, construa uma linha do tempo da música, com exposição de vinis, fitas cassetes, cd’s, pen drives , etc. _______________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________ Paulo é natural de Palmeira dos Índios e, após um período em São Paulo, onde trabalhou como garçom, voltou em 1973 para Arapiraca e inaugurou o "Bar do Paulo". Seu acervo atraía pessoas de várias regiões e estados à procura de boa música, no período em que a censura vigorava em nosso país. Segundo Paulo, pessoas de várias capitais vinham para Arapiraca, a fim de escutar músicas que eram proibidas naquelas loca- lidades. O bar era sempre frequentado por artistas, alguns de renome nacional, entre elas Alceu Valença, Hermeto Pascoal Lobão etc. Em 2019, a Prefeitura de Arapiraca lançou edital de Prêmio Paulo Lou- renço. A chamada pública destina recursos para cada projeto e para ações nas áreas de música, teatro, circo, dança, artes plásticas, folgue- dos, manifestações afro arapiraquenses, literatura e audiovisual, home- nagem mais que justa a esse grande incentivador da cultura de Arapiraca. 86 Estação Ferroviária Antiga Estação Ferroviária Fonte: Maria de Fátima S. Silva A estação ferroviária de Arapiraca foi inaugurada de forma antecipa- da. Em 28 de maio de 1949, foi inaugurado o novo trecho da linha até Arapiraca, autorizado pelo Distrito Fiscal do Departamento Nacional de Estradas de Ferro, por solicitação do governador, em 17 de fevereiro de 1950. O funcionamento da linha férrea e da estação ferroviária, nos tempos de auge da cultura fumageira, proporcionou a integração das regiões vi- zinhas à cidade, o escoamento da produção, o abastecimento interno, e contribuiu para a evolução urbana do Centro de Arapiraca. São inúmeras as lembranças dos arapiraquenses sobre o local que entrecruzava os caminhos de centenas de trabalhadores, feirantes, an- darilhos, que vinham a Arapiraca em busca de melhores condições de trabalho. 87 O barulho dos trilhos na linha férrea, as fotos dos presos políticos nos muros da estação durante o regime militar, o colorido das saias das ci- ganas estão na memória e nas muitas estórias dos arapiraquenses. Sem passageiros desde a década de 80 e tendo a linha férrea em situação de abandono desde 2008, a estação ferroviária tem inspirado projetos de revitalização e conservação, porém os projetos, até o momento, não ob- tiveram êxito. Fonte: www.estacoesferroviarias.com.br/alagoas/arapiraca.htm Antigo jornal da cidade 88 O cantor e poeta Raul Seixas compôs a música “O trem das 7” fazendo referência à Estação Ferroviária de São Pau- lo, grande símbolo de desenvolvimento da cidade, no final do século XIX e começo do século XX. Vamos conhecer? O Trem Das 7 Raul Seixas Ói, ói o trem, vem surgindo de trás das montanhas
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