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DIREITO EMPRESARIAL APLICADO II RECUPERAÇÃO JUDICIAL, EXTRAJUDICIAL E FALÊNCIA (LEI Nº 11.101/2005) 1 RESOLUÇÃO DE QUESTÕES SOBRE A MATÉRIA DA AULA ANTERIOR (AULA Nº 12) – RECUPERAÇÃO JUDICIAL 2 1. (FGV/2018 – XXVII Exame OAB) A Fazenda Pública do Estado de Pernambuco ajuizou ação de execução fiscal em face de sociedade empresária. No curso da demanda, houve o processamento da recuperação judicial da sociedade. Em relação à execução fiscal em curso, assinale a afirmativa correta. A) Fica suspensa com o processamento da recuperação até seu encerramento. B) Não é suspensa com o processamento da recuperação judicial. C) Fica suspensa com o processamento da recuperação judicial até o máximo de 180 (cento e oitenta) dias. D) É extinta com o processamento da recuperação judicial. 3 RESPOSTA Alternativa “b” Lei nº. 11.101/05 Art. 6. A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. § 7º As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica. 4 2. (FGV/2017 – XXIV Exame OAB) A sociedade empresária Pará de Minas Veículos Ltda. pretende requerer sua recuperação judicial. Ao analisar a minuta de petição inicial, o gerente administrativo listou os impedimentos ao pedido de recuperação. Assinale a opção que apresenta um desses impedimentos. A) O devedor ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial B) O devedor possuir ativo que não corresponda a, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) do passivo quirografário. C) O devedor deixar de requerer sua autofalência nos 30 (trinta) dias seguintes ao vencimento de qualquer obrigação líquida. D) A sociedade ter como administrador pessoa condenada por crime contra o patrimônio ou contra a fé pública. 5 RESPOSTA Alternativa “a” Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei 6 3. (FGV/2013 – XII Exame OAB) Laranja da Terra Comércio de Frutas Ltda. requereu sua recuperação judicial e o pedido foi distribuído para a 2ª Vara Cível. A distribuição do pedido de recuperação produziu como efeito A) a nomeação pelo juiz do administrador judicial dentre os maiores credores da sociedade em recuperação judicial. B) a suspensão das ações e execuções ajuizadas anteriormente ao pedido em face do devedor por até 180 (cento e oitenta) dias. C) a proibição de alienação ou oneração de bens ou direitos do ativo permanente, salvo evidente utilidade reconhecida pelo juiz, ouvido o Comitê. D) o afastamento imediato dos administradores e sócios controladores da sociedade até a deliberação dos credores sobre o plano de recuperação. 7 RESPOSTA Alternativa “c” A: incorreta. A indicação do administrador judicial ocorrerá somente apõs o deferimento do processamento da recuperação judicial pelo juiz (art. 52,1, da Lei de Falências) B: incorreta. Tal medida somente se dá após o deferimento do processamento da recuperação judicial pelo juiz (art. 52, III, da Lei de Falências); C: correta, nos termos do art. 66 da Lei de Falências; D: incorreta. O afastamento dos administradores e sócios controladores é medida excepcional no campo da recuperação judicial, a qual só ocorrerá nas hipóteses do art. 64 da Lei de Falências. 8 4. (FGV/2016 – XX Exame OAB – Reaplicação – Salvador/BA) O estatuto de uma sociedade empresária do tipo anônima estabelece que seu objeto social é a exploração de serviços aéreos públicos de transporte regular e não regular. Diante do processamento da recuperação judicial da referida sociedade empresária, o exercício dos direitos derivados de contratos de arrendamento de aeronaves ou de seus motores pelos credores 9 A) ficará suspenso pelo prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado da data do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos arrendadores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial. B) não ficará suspenso, e os arrendadores podem continuar suas ações e execuções, mas, durante o prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data do processamento da recuperação, não é permitida a venda ou a retirada do estabelecimento das aeronaves, por serem bens de capital essenciais à empresa. C) ficará suspenso até a concessão da recuperação judicial, exceto se o plano de recuperação estabelecer que as obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições originalmente definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos. D) não ficará suspenso em nenhuma hipótese e os créditos decorrentes dos contratos de arrendamento não se submeterão aos efeitos da recuperação judicial, prevalecendo os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais. 10 RESPOSTA Alternativa “d” Fundamento: art. 49, § 3º da Lei nº 11.101/2005 Art. 49. § 3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei , a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. 11 5. (FGV/2016 – XX Exame OAB – Reaplicação – Salvador/BA) A sociedade Boaventura & Cia. Ltda. obteve concessão de recuperação judicial, mas por insuperáveis problemas de fluxo de caixa a recuperação foi convolada em falência. Um dos fornecedores de produtos agrícolas à devedora antes do pedido de recuperação judicial era Barra do Jacaré EIRELI ME. Contudo, com o pedido de recuperação judicial e inclusão do crédito no plano, a fornecedora interrompeu imediatamente a entrega dos produtos e resiliu o contrato. Os créditos estão representados por duplicatas de venda, sendo o valor total de R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais), exigíveis antes da recuperação judicial e ainda não pagos. Com base nessas informações e na regra estabelecida na Lei nº 11.101/2005, assinale a afirmativa correta. A) O crédito será classificado na falência como quirografário. B) O crédito será classificado na falência como extraconcursal. C) O crédito será classificado na falência como com privilégio geral. D) O crédito será classificado na falência como com privilégio especial. 12 RESPOSTA Alternativa “d” Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: [...] IV – créditos com privilégio especial, a saber: d) aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das microempresas e empresas de pequeno porte de que trata a Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006 (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) 13 AULA 13. FALÊNCIA (a partir do art. 75) - conceito de falência,princípios, objetivos, pressupostos e legitimidade; - causas de insolvência: impontualidade injustificada, execução frustrada e atos de falência; - defesas pré-falimentares; - depósito elisivo e as causas impeditivas da falência. 14 CONCEITO Procedimento judicial cujo objeto é afastar o empresário da administração de suas atividades, preservando o patrimônio da sociedade para que posteriormente seja utilizado para garantir a satisfação de seus credores. 15 Disposições gerais (arts. 75 e 76) Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual. 16 Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo. Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo. 17 Legitimidade - podem requerer a falência do devedor (art. 97): I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; IV – qualquer credor. (na recuperação judicial não pode) 18 PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO FALIMENTAR - delineiam os procedimentos legais para a efetiva consecução do regime de insolvência da empresa. A doutrina majoritária estabelece os seguintes: a) Princípio da Preservação da Empresa; b) Princípio da Viabilidade da Empresa; c) Princípio da Proteção aos Trabalhadores; d) Princípio da Celeridade e da Economia Processual; e) Princípio da par conditio creditorum. 19 PRESSUPOSTOS DO PROCESSO FALIMENTAR Para que se instaure o processo de execução concursal, é necessária a concorrência de 3 pressupostos: a) devedor empresário ou sociedade empresária (em geral, sociedade limitada ou anônima); b) insolvência do devedor (impontualidade injustificada, execução frustrada ou prática de ato de falência); c) sentença declaratória de falência. 20 a) Devedor empresário ou sociedade empresária - algumas organizações, mesmo sendo reputadas empresariais, são excluídas do regime jurídico falimentar. - art. 2º, Lei nº 11.101/05. 21 b) Insolvência do devedor - a configuração do estado de insolvência não deve ser assimilada no sentido estritamente patrimonial (passivo maior que o ativo), mas de acordo com as hipóteses enumeradas no art. 94, I, II e III. * impontualidade injustificada; * execução frustrada; insolvência jurídica * prática de ato de falência. 22 Impontualidade Injustificada – art. 94, I I. sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência. Ex: títulos de crédito em geral; certidões de dívida ativa. - análise do art. 96 – obsta o pedido de falência... 23 Execução frustrada – art. 94, II II. executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal. (tríplice omissão) 24 Prática de ato de falência – art. 94, III III. pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: §1º - Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para o pedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo. 25 DEFESAS PRÉ-FALIMENTARES (art. 98, § único) - a mudança mais importante na disciplina da resposta do requerido no pedido de falência, diz respeito ao prazo, que aumentou de 24 horas para 10 dias. No prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial. (art. 95) Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 dias. 26 DEPÓSITO ELISIVO - depósito elisivo é o realizado em dinheiro correspondente ao crédito reclamado; - efetivando-se, a falência não mais pode ser decretada, porque já não mais existe a impontualidade; - art. 98, § único. 27 REFERÊNCIAS • RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. 4. ed. rev. atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. • COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à Lei de Falências e de Recuperação de Empresas. 8. ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 28 EXERCÍCIOS 1. Em relação à falência, assinale a alternativa correta. a) O devedor pode apresentar pedido de recuperação judicial no prazo de 15 dias a contar da citação. b) A impontualidade do devedor empresário, na falência, somente pode ser comprovada com a certidão de protesto. c) Na falência, a insolvência do devedor é real, ou seja, o passivo do devedor empresário tem que superar seu ativo. d) As sociedades em conta de participação incidem em falência, mas podem requerer recuperação judicial. e) Da decisão que decreta a falência cabe apelação. 29 1. RESPOSTA Alternativa “B”. Fundamentos A. art. 98. B. Art. 94, I. C. basta que se demonstre a insolvência jurídica. D. a sociedade em conta de participação nem é uma sociedade; é um contrato de investimento. E. cabe agravo de instrumento (art.100). 30 2. Paulo, Pedro e João são credores da empresa “Alpha Ltda.”, em decorrência de obrigações líquidas não pagas no vencimento e materializadas em títulos executivos protestados, cuja soma corresponde a 25 salários mínimos em relação a Paulo, a 18 salários mínimos em relação a Pedro e a 10 salários mínimos em relação a João. Nesse caso, é certo que a falência da empresa devedora pode ser requerida por: A) Pedro, com base nos títulos de que é credor. B) Paulo, com base nos títulos de que é credor. C) Paulo e Pedro, se reunidos em litisconsórcio. D) Pedro e João, se reunidos em litisconsórcio. E) Paulo e João, se reunidos em litisconsórcio. 31 2. RESPOSTA Alternativa “C” Fundamento: art. 94, I c/c § 1º. 32 EXERCÍCIOS DO CADERNO (OAB – XI Exame de Ordem) José, empresário individual que teve sua falência decretada em 20.10.2011, vendeu um sítio de sua propriedade para Antônio, em agosto de 2011. Antônio prenotou a escritura de compra e venda do sítio em 18.10.2011, mas o registro da transferência imobiliária só foi efetuado em 05.11.2011, 15 (quinze) dias após a decretação da falência. Isto posto, responda aos itens a seguir. A) É válida e eficaz a compra e venda acima referida? B) A referida compra e venda poderia eventualmente vir a ser revogada? 33 RESPOSTAS A) Sob o ponto de vista formal, a compra e venda é válida e eficaz, uma vez que se insere na exceção ao ato ineficaz previsto no art. 129, VII, Lei nº 11.101/05, em razão da prenotação ser anterior à data da decretação da falência. B) Sim. Por meio de ação revocatória, (art. 130, Lei nº 11.101/05, na hipótese de se tratar de ato com o intuito de prejudicar credores, mediante prova de eventual conluio fraudulento entre José e Antônio e do prejuízo sofrido pela massa. 34 1. (TJDFT – Juiz Substituto– 2007) Assinale a assertiva correta: a) A falência cessa os efeitos do mandato, cabendo ao mandatário, de imediato, prestar contas de sua gestão ao juízo falimentar. b) Os juros bancários posteriores à decretação da falência, debitados da conta do falido, devem ser creditados de novo, a não ser que o banco depositário desconhecesse a falência de seu cliente quando apurou o lançamento. c) O credor de coobrigados solidários cujas falências sejam decretadas tem o direito de concorrer em apenas uma delas, pela totalidade de seu crédito. d) A decretação da falência não suspende o exercício do direitode retenção sobre os bens sujeitos à arrecadação. 35 RESPOSTA Alternativa “a”. Fundamento: art. 120, Lei n° 11.101/2005. Art. 120. O mandato conferido pelo devedor, antes da falência, para a realização de negócios, cessará seus efeitos com a decretação da falência, cabendo ao mandatário prestar contas de sua gestão. 36 2. (VUNESP – Procurador do Município/Ribeirão Preto-SP – 2007) O prazo de contestação na ação de falência será de: a) 24 horas b) 48 horas c) 5 dias d) 10 dias e) 15 dias 37 RESPOSTA Alternativa “d”. Fundamento: art. 98, Lei n° 11.101/2005. 38
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