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Aula_02_parte_geral_CPB_para_meu_chuchuris

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CP Iuris - PENAL II - Questoes Comentadas.pdf
 
 
 
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QUESTÕES – PENAL II 
 
1- Assinale a alternativa CORRETA: 
I – Segundo o princípio da lesividade é necessário que haja uma lesão ou um perigo de lesão ao 
bem jurídico tutelado para que haja crime. 
II – Os Tribunais Superiores, com base no princípio da lesividade, entendem impossível 
criminalizar crimes de perigo abstrato. 
III – A doutrina defende a criminalização dos crimes de perigo abstrato. 
a) Todas estão corretas. 
b) Apenas I está correta. 
c) Apenas II e III estão corretas. 
d) Apenas I e III estão incorretas. 
e) Todas estão incorretas. 
 
Gabarito: B 
I – CORRETA 
II – INCORRETA - Os tribunais superiores entendem possível e constitucional a criminalização de 
crimes de perigo abstrato, como por exemplo posse de amar de fogo e embriagues ao volante. 
III – INCORRETA - A doutrina entende que crimes de perigo abstrato são inconstitucionais, ferindo 
o princípio da lesividade. 
 
O princípio da ofensividade está ligado ao axioma da “nulla necessitas sine injuria” (não há 
necessidade sem ofensa ao bem jurídico). 
Para este princípio, é necessário que haja uma lesão ou um perigo de lesão ao bem jurídico 
tutelado para que haja crime. 
Parte da doutrina defende, com base neste princípio, a inconstitucionalidade dos crimes de perigo 
abstrato. Isso porque, no caso, não haveria lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico. Os 
crimes de perigo abstrato possuem uma presunção absoluta do perigo. 
 
Os Tribunais Superiores admitem delitos de perigo abstrato como constitucionais. Ex.: posse ilegal 
de arma de fogo. A posse ilegal de arma de fogo desmuniciada já seria suficiente para configurar o 
crime. 
Outro exemplo, em que o STF entende possível o crime de perigo abstrato, é a embriaguez ao 
volante. Os Tribunais Superiores reputam plenamente constitucional. 
São vedações decorrentes do princípio da lesividade: 
• Vedação à criminalização de pensamentos e cogitações (direito à perversão) 
• Vedação à criminalização de condutas que não tenham caráter transcendental (vedação à 
criminalização da autolesão) 
• Vedação à criminalização de meros estados existenciais (criminalização da pessoa pelo que 
ela é) 
CPIuris – Direito Penal – Parte Geral. Material Completo. 2018, p. 24. 
 
2- Considerando os princípios penais, assinale a alternativa CORRETA. 
a) De acordo com o princípio da culpabilidade, para haver punição, é necessário que o agente seja 
imputável, tenha potencial consciência da ilicitude de sua conduta e que lhe seja exigível de 
conduta diversa. 
b) Segundo o STF o início da execução da pena, após a confirmação da condenação na 2ª instância, 
viola o princípio do estado de inocência ou da não culpabilidade. 
c) O princípio do ne bis in idem encontra previsão constitucional e também no Estatuto de Roma, 
sendo portanto absoluto. 
d) A sentença condenatória transitada em julgado não evita que se instaure novo processo contra 
o réu condenado, em razão do mesmo fato, caso o comportamento definido espaço-
temporalmente imputado ao acusado não foi trazido por inteiro para apreciação do juízo. 
 
 Gabarito: A 
a) CORRETA 
b) Segundo o STF o início da execução da pena, após a confirmação da condenação na 2ª instância, 
não viola o princípio do estado de inocência ou da não culpabilidade. 
c) O princípio do ne bis in idem não encontra previsão constitucional, mas encontra previsão no 
Estatuto de Roma. Não é um princípio absoluto, o artigo 8º do CP diz que a pena cumprida no 
estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é 
computada, quando idênticas. Logo, é possível que o sujeito tenha sido processado duas vezes 
pelo mesmo fato. 
d) A sentença condenatória transitada em julgado evita que se instaure novo processo contra o 
réu condenado, em razão do mesmo fato, mesmo quando o comportamento definido espaço-
temporalmente imputado ao acusado não foi trazido por inteiro para apreciação do juízo. 
 
O princípio da culpabilidade é um postulado que limita o direito de punir do Estado. É preciso que o 
sujeito seja culpável para ser punível. 
 
Ou seja, é preciso, para ser punido, que o sujeito: 
 Seja imputável; 
 Tenha potencial consciência da ilicitude de sua conduta; 
 Pudesse ter um conduta diversa (exigibilidade de conduta diversa). 
O princípio da culpabilidade exige que estejam presentes tais elementos para haver a punição do 
indivíduo. 
(...) 
Dispõe a CF, em seu art. 5º, LVII, que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado 
de sentença penal condenatória. 
A partir dessa ideia, é possível extrair três ideias do Estatuto de Roma: 
 A pena privativa de liberdade só é admissível após a condenação em caráter definitivo; 
 Quem deve comprovar a responsabilidade penal do réu é o órgão acusatório; 
 Eventual dúvida, deve ser interpretada a favor do réu (in dubio pro reo). 
No entanto, o STF entendeu que o início da execução da pena, após a confirmação da 
condenação na 2ª instância, não viola o princípio do estado de inocência ou da não 
culpabilidade. 
(...) 
Este princípio não encontra consagração expressa na Constituição, mas está previsto no Estatuto 
de Roma, em seu artigo 20. 
Para o Estatuto de Roma, nenhuma pessoa poderá ser julgada por outro tribunal por um crime 
mencionado no artigo 5°, relativamente ao qual já tenha sido condenada ou absolvida pelo 
Tribunal. 
O princípio da vedação do bis in idem não é um princípio absoluto. Há uma exceção no art. 8º do 
Código Penal, que são os casos de extraterritorialidade da lei penal brasileira, pois o artigo 8º do 
CP diz que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, 
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Logo, é possível que o sujeito tenha sido 
processado duas vezes pelo mesmo fato. 
No direito brasileiro, a sentença condenatória transitada em julgado evita que se instaure novo 
processo contra o réu condenado, em razão do mesmo fato, quer para impingir ao sentenciado 
acusação mais gravosa, quer para aplicar-lhe pena mais elevada. A doutrina sustenta que a 
proibição de imposição de mais de uma consequência jurídico-repressiva pela prática dos mesmos 
fatos ocorre, ainda, quando o comportamento definido espaço-temporalmente imputado ao 
acusado não foi trazido por inteiro para apreciação do juízo. Isso porque o objeto do processo é 
informado pelo princípio da consunção, pelo qual, tudo aquilo que poderia ter sido imputado ao 
acusado, em referência a dada situação histórica e não o foi, jamais poderá vir a sê-lo novamente. 
CPIuris – Direito Penal – Parte Geral. Material Completo. 2018, p. 23/26. 
 
 
3- Marque a assertiva INCORRETA 
a) Pelo princípio da confiança, todo aquele que se conduz com observância ao dever de cuidado 
objetivo exigido, pode esperar que os demais co-participantes de idêntica atividade procedam do 
mesmo modo. 
b) Desdobramento do princípio da legalidade é o da taxatividade, que impede a edição de tipos 
penais genéricos e indeterminados. 
c) Tratando-se de crimes permanentes, aplica-se a lei penal mais grave se esta tiver vigência antes 
da cessação da permanência. 
d) O princípio da ofensividade ou lesividade (nullum crimen sine iniuria) não exige que do fato 
praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
 
Gabarito: D 
O princípio da ofensividade ou lesividade (nullum crimen sine iniuria) exige que do fato praticado 
ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
 
4- Para solucionar o conflito aparente de normas, são empregados os princípios da 
a) especialidade, legalidade, intranscendência e alternatividade. 
b) especialidade, legalidade, consunção e alternatividade. 
c) especialidade, subsidiariedade, consunção
e alternatividade. 
d) legalidade, intranscendência, consunção e alternatividade. 
e) legalidade, consunção, subsidiariedade e alternatividade. 
 
Gabarito: C 
Quando falamos de conflito aparente de normas, não falamos em sucessão de leis penais no 
tempo. Para que falemos no conflito aparente de normas, é necessário que haja duas leis penais 
em vigor ao mesmo tempo. 
Para resolver o conflito aparente de norma, é necessário se valer dos seguintes princípios: 
• princípio da especialidade 
• princípio da subsidiariedade 
• princípio da consunção 
• princípio da alternatividade 
CPIuris – Direito Penal – Parte Geral. Material Completo. 2018, p. 41. 
 
5-Assinale a alternativa CORRETA 
I - A lei penal, ao entrar em conflito com lei penal anterior, pode apresentar as seguintes 
situações: novatio legis incriminadora, abolitio criminis, novatio legis in pejus e novatio legis in 
mellius. 
 
II - Há progressão criminosa quando o agente, a fim de alcançar o resultado pretendido pelo seu 
dolo, obrigatoriamente, produz outro, antecedente e de menor gravidade, sem o qual não 
atingiria o seu fim. 
III - Há crime progressivo quando o dolo inicial do agente era dirigido a determinado resultado e, 
durante os atos de execução, resolve ir além, e produzir um resultado mais grave. 
a) Todas estão corretas. 
b) Apenas I está correta. 
c) Apenas II e III estão corretas. 
d) Apenas I e III estão incorretas. 
e) Todas estão incorretas. 
 
Gabarito: B 
I – CORRETA 
II – INCORRETA Há crime progressivo quando o agente, a fim de alcançar o resultado pretendido 
pelo seu dolo, obrigatoriamente, produz outro, antecedente e de menor gravidade, sem o qual 
não atingiria o seu fim. 
III – INCORRETA Há progressão criminosa quando o dolo inicial do agente era dirigido a 
determinado resultado e, durante os atos de execução, resolve ir além, e produzir um resultado 
mais grave. 
 
6- Possuem imunidade diplomática, EXCETO: 
a) Chefes de estado e chefes de governo, bem como seus familiares e membros da comitiva. 
b) Embaixador e sua família. 
c) Agente consular 
d) Funcionários do corpo diplomático e sua família. 
e) Funcionários de organização internacional, quando estes estiverem em serviço. 
 
Gabarito: C 
O agente consular tem a função meramente administrativa, não desfrutando de imunidade 
diplomática. Apesar disso, o cônsul possui uma imunidade restrita aos atos de ofício, ou seja, é 
uma imunidade funcional relativa. 
CPIuris – Direito Penal – Parte Geral. Material Completo. 2018, p. 37. 
 
7- A respeito das imunidades parlamentares assinale a alternativa CORRETA 
a) Os Deputados e Senadores são invioláveis penalmente por quaisquer de suas opiniões, palavras 
e votos, sendo, desde a posse, submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. 
b) Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, 
salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 
 
quarenta e oito horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva 
sobre a prisão. 
c) Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido antes a diplomação, o 
Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político 
nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o 
andamento da ação. 
d) O pedido de sustação será apreciado pelo Congresso Nacional no prazo improrrogável de 
quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. 
e) Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou 
prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles 
receberam informações. 
 
Gabarito: E 
a) Art. 53, CF Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas 
opiniões, palavras e votos. 
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento 
perante o Supremo Tribunal Federal. 
b)art. 53, § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser 
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 
vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva 
sobre a prisão. 
c) art. 53, § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a 
diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de 
partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão 
final, sustar o andamento da ação. 
d) art. 53, 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 
quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. 
 e) art. 53, § 6º , CF – CORRETA 
 
8- Marque a Alternativa INCORRETA. 
a) Aplica-se a lei brasileira, em prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, 
ao crime cometido no território nacional. 
b) A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando 
diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
c)Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se 
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
d) É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações 
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em 
vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
e) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
 
Gabarito: A 
a) 5º, CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
b) art. 8º, CP 
c)art. 5º, §1º, CP 
d) art. 5º, §2º, CP 
e) art. 3º, CP 
 
9- A extraterritorialidade prevista no art. 7º, do Código Penal estabelece quais crimes ficam 
sujeitos à lei brasileira, embora estes crimes tenham sido cometidos no estrangeiro. Com 
relação a extraterritorialidade, marque a opção CORRETA. 
a) haverá extraterritorialidade condicionada nos crimes contra o patrimônio ou a fé pública da 
União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade 
de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público 
b) haverá extraterritorialidade condicionada para os crimes que, por tratado ou convenção, o 
Brasil se obrigou a reprimir. 
c) é caso de extraterritorialidade hipercondicionada nos crimes contra a vida ou a liberdade do 
Presidente da República. 
d) haverá extraterritorialidade incondicionada praticados em aeronaves ou embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. 
 
Gabarito: B 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: (EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA) 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída 
pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública,
por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: (EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA) 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do 
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
10- Assinale a alternativa INCORRETA 
a) Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de 
internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997. 
b) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o 
débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a teor do 
disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 
130, ambas do Ministério da Fazenda. 
c) O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública. 
d) Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, 
periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem a 
característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. 
e) É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo ser 
analisadas as circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta 
em exame. 
 
Gabarito: B 
a) Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina 
de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 
9.472/1997. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018, DJe 17/04/2018. 
b) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o 
débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do 
disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 
130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1688878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 622). STF. 2ª Turma. HC 155347, Rel. Min. 
Dias Toffoli, julgado em 17/04/2018. 
 
c) Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração 
pública. STJ. Corte Especial. Aprovada em 20/11/2017, DJe 27/11/2017. 
d) Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência 
doméstica. Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, 
periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem a 
característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. O STJ e o STF não admitem a 
aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e contravenções 
praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher, no âmbito das relações domésticas, 
dada a relevância penal da conduta. Vale ressaltar que o fato de o casal ter se reconciliado não 
significa atipicidade material da conduta ou desnecessidade de pena. STJ. 5ª Turma. HC 
333.195/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 12/04/2016. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 
318849/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/10/2015. STF. 2ª Turma. RHC 
133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/5/2016 (Info 825). 
e) É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo ser 
analisadas as circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta 
em exame. STJ. 5° Turma. AgRg no AREsp 654.321/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
julgado em 09/06/2015. É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. 
STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816). 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia> 
DIREITO PENAL II - Aula Bonus.pdf
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
1 
MAGIS 8 EXTREME 
Aula Bônus 
DIREITO PENAL 
PARTE GERAL 
 
TEORIA GERAL DA NORMA PENAL (CONTINUAÇÃO) 
 
Princípio da ofensividade ou lesividade 
“Nulla necessitas sine injuria” 
 
Não há necessidade de se tipificar uma conduta como crime caso se verifique que ela não 
ofende um bem jurídico. É necessário que haja lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado 
para que haja crime. 
Parte da doutrina entende, com base nesse princípio, que os crimes de perigo abstrato são 
delitos inconstitucionais, porque de fato não haveria ali um perigo concreto para um bem jurídico 
tutelado pela norma. No entanto, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou pela 
constitucionalidade de crimes de perigo abstrato. É constitucional, por exemplo, o delito do artigo 
12 do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826), que tipifica a posse ilegal de arma de fogo 
desmuniciada. O sujeito tem uma arma de fogo, guardada no cofre de casa e ainda assim pratica 
o crime. 
São vedações decorrentes do princípio da ofensividade ou lesividade: 
• vedação à criminalização de pensamentos e cogitações (direito à perversão)- o pensamento 
é impunível; 
• vedação à criminalização de condutas que não tenham caráter transcendental (vedação à 
criminalização da autolesão)- é preciso que a conduta atinja bem jurídico de uma pessoa 
diversa do agente. De maneira que a autolesão não pode ser punida. Cabendo ressaltar que 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
2 
pratica o crime de estelionato o sujeito que provoca lesão em si próprio ou destrói um bem 
particular com o fim único de receber o seguro, porque nessa situação o que se tem é um 
crime contra o patrimônio da seguradora, que é uma outra pessoa, pessoa jurídica e, 
portanto, há alteridade; 
• vedação à criminalização de meros estados existenciais (vedação da criminalização da 
pessoa pelo que ela é)- não é possível criminalizar a pessoa pelo que ela é. Essa é a razão pela 
qual, a mendicância deixou de ser uma contravenção penal. Não se pode criminalizar uma 
pessoa simplesmente por ser mendigo. 
a) Princípio da alteridade: consiste em um subprincípio do princípio da lesividade. A conduta 
deve atingir ou ameaçar bem jurídico de terceiro. 
 
Princípio da responsabilidade pessoal 
 
É vedado que a pena atinja pessoa diversa daquela que cometeu a infração penal. 
Desdobramentos: 
• A denúncia deve ser individualizada, dizendo, ainda que minimamente, o que os 
acusados fizeram. 
• Exige-se que, na sentença, seja feita a individualização da pena, considerando 
isoladamente todas as peculiaridades da conduta de cada um dos envolvidos na 
empreitada criminosa. Aqui estamos diante de um princípio constitucional, que é 
o princípio da
individualização da pena. 
 
Princípio da responsabilidade subjetiva 
 
Vedação da responsabilidade penal objetiva. 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
3 
Pergunta-se: O sujeito que praticou o crime quando estava completamente embriagado 
poderá responder pela infração penal, ainda que tenha se embriagado culposamente? 
A resposta é sim, porque neste caso analisaremos não o momento em que ele 
efetivamente prática a conduta criminosa por estar complemente embriagado, mas o momento 
em que ele decide se embriagar, que ele começa a beber voluntariamente, pois entende-se que 
na origem, a ação dele era livre. Será analisado se nesse momento inicial era previsível a conduta 
criminosa que veio a praticar. Se analisando ação na origem for constatado que ela era livre na 
causa, ele deverá responder. É a teoria que se denomina actio libera in causa. 
 
Princípio da culpabilidade 
 
Limita o direito de punir do Estado. 
Nós sabemos que crime é fato típico, ilícito e culpável. É preciso, portanto, que o sujeito 
que comete o fato típico e ilícito seja culpável (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude 
da conduta e exigibilidade de conduta diversa) para ser punível. O que significa que o agente deve 
ser imputável, deve ter potencial consciência da ilicitude daquilo que praticou e é preciso que 
fosse exigível dele, naquelas circunstâncias uma conduta diferente, a chamada exigibilidade 
conduta diversa. 
 
Princípio da presunção de inocência (chamado de Princípio do estado de inocência ou princípio da 
não culpabilidade) 
 
O artigo 5º, LVII da CF prevê que ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória. 
O professor Rogério Sanches vai lembrar que é possível extrair três ideias do Estatuto de 
Roma: 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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• a pena privativa de liberdade só é admissível após a condenação em caráter definitivo, isto 
é, após o trânsito em julgado da condenação; 
• Quem deve comprovar a responsabilidade penal do réu é o órgão acusatório, tendo em vista 
que o indivíduo é presumivelmente inocente; 
• In dubio pro reo - existindo dúvida se o indivíduo é culpável ou não, o juiz deverá absolve-lo, 
tendo em vista que ele é presumivelmente inocente. 
O STF, até o momento entende que o início da execução da pena, após a confirmação da 
condenação em 2ª instância, não viola o princípio do estado de inocência ou da não culpabilidade, 
sob a justificativa de que quando os autos são remetidos ao Tribunal para julgamento da apelação 
o fato já está definitivamente apreciado, não sendo mais possível o revolvimento fático, mas tão 
somente a verificação pertinentes as questões de direito, seja da legislação federal no STJ, por 
meio de um Recurso Especial, seja da própria Constituição e da compatibilidade do que restou 
decidido com a CF, por meio de um Recurso Extraordinário no STF. Portanto, como o fato está 
definitivamente apreciado é possível o início imediato da execução da pena. 
 
Princípio da pessoalidade 
 
Nos termos do artigo 5º, XVL, da Constituição Federal nenhuma penal passará da pessoa 
do condenado. 
Está ligado ao princípio da responsabilidade penal subjetiva, responsabilidade penal 
pessoal, da culpabilidade, princípio da individualização da pena, etc. 
 
Princípio da vedação do bis in idem 
 
Ninguém será processado e nem condenado duas vezes pelo mesmo fato. 
Este princípio não encontra consagração expressa na Constituição, mas poderá ser extraído 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
5 
do artigo 20 do Estatuto de Roma, do qual o Brasil é signatário, motivo pelo qual tal estatuto tem 
no Brasil força de lei. 
Como não há previsão na CF, a vedação ao bis in idem vai encontrar exceções previstas 
inclusive em lei. Exemplo: o artigo 8º do CP, prevê: “a pena cumprida no estrangeiro atenua a 
pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando 
idênticas.” O artigo 8º do CP trata do que se denomina extraterritorialidade incondicionada. A 
partir do estudo do artigo supracitado conclui-se que é possível impor a um indivíduo uma pena 
no estrangeiro por um determinado fato e uma pena no Brasil pelo mesmo fato. Portanto, o 
princípio da vedação do bis in idem não é absoluto. 
Contudo, cabe destacar que, via de regra, não se admite o bis in idem. Por esta razão 
quando da dosimetria da pena a reincidência não pode ser valorada como agravante e como maus 
antecedentes, sob pena de bis in idem. 
Da mesma forma o STJ, em entendimento vinculado no Informativo 569, asseverou que a 
proibição de imposição de mais de uma consequência jurídico-repressiva pela prática dos mesmos 
fatos ocorre, ainda, quando o comportamento imputado ao acusado, definido espaço-
temporalmente, não tenha sido trazido por inteiro para apreciação do juízo. Ex.: Um determinado 
fato é levado a apreciação do juízo, o qual é analisado e em razão dele o sujeito é ao final 
condenado por dois roubos. Posteriormente é descoberto que em verdade foram três os 
patrimônios violados em concurso formal e não somente dois. Mesmo diante desta nova 
informação o fato não pode ser novamente apreciado, pois já foi objeto de julgamento e ninguém 
pode ser processado, nem condenado duas vezes pelo mesmo fato. 
 
Princípio da confiança 
 
Todos possuem o direito de atuar acreditando que as demais pessoas irão agir de acordo 
com as normas que disciplinam a vida em sociedade. 
 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
6 
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO 
 
É possível que a lei penal se movimente no tempo. É o que se denomina extra-atividade. 
Se a lei penal é aplicada a fatos posteriores a sua revogação, estamos diante do instituto 
da ultratividade da lei penal. 
Se a lei penal é aplicada a fatos que ocorreram antes da sua entrada em vigor estamos 
diante do instituto da retroatividade da lei penal. 
 
Tempo do Crime 
 
O artigo 4º do Código Penal adotando a teoria da atividade prevê que se considera 
praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do 
resultado. 
O que significa que se o sujeito com 17 anos, 11 meses e 29 dias atira em uma pessoa que 
é socorrida, levada ao hospital e vem a óbito depois de uma semana, o autor do crime embora já 
fosse maior de idade na data do óbito da vítima, responde pelo ato infracional análogo ao crime 
de homicídio e não pelo crime de homicídio, pois o momento do crime é o momento da ação. 
 
Sucessão de leis penais 
 
A CF em seu artigo 5º, XL institui que a lei penal não retroagirá (é o princípio da 
irretroatividade da lei penal), salvo para beneficiar o réu (é a retroatividade da lei penal benéfica). 
a) Novatio legis incriminadora- a lei penal, nesse caso, não retroagira. 
b) Novatio legis in pejus – A lei penal que torna o tratamento do réu mais gravoso, a sanção 
cominada aquela fração uma sanção mais grave, chamada de novatio legis in pejus, não 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
7 
retroagirá. A lei nova que, de qualquer modo, prejudique o réu será irretroativa. 
Súmula 711 do STF: 
A Súmula 711 do STF (“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.”) 
não é considerada uma exceção a norma, inclusive constitucional. Isso porque no crime 
permanente, a exemplo da extorsão mediante sequestro, a situação de flagrante se protrai 
no tempo, o que significa que quando a lei mais gravosa entrou em vigor, o crime ainda estava 
sendo praticado e o sujeito ainda estava em situação de flagrante. Logo, enquanto o sujeito 
praticava a infração penal já estava em vigor a lei mais gravosa e por isso ela
é aplicada. A 
mesma ideia se aplica aos crimes continuados. No crime continuado o sujeito prática 
mediante mais de uma ação ou omissão delitos da mesma espécie (do mesmo tipo penal), 
dentro das mesmas circunstâncias de tempo, local, modo de execução, de forma que se 
considera um continuação do outro. Essa é a ideia do crime continuado, que se trata de uma 
ficção jurídica. Na verdade, o que temos é um indivíduo que prática uma sequência de crimes, 
alguns durante a vigência da Lei A e outros da Lei B, sendo esta a mais nova e mais gravosa. 
Em algum momento, quando a lei nova mais grave já está em vigor ele praticou um crime 
desta sequência. E o artigo 71 do CP prevê que em casos de crime continuado aplica-se a 
pena mais grave se elas forem diversas ou uma delas, se forem iguais, exasperando-se de 1/6 
a 2/3 considerando o número de infrações praticadas. Nesse caso, portanto, pega-se a pena 
mais grave imposta pela lei nova e a exaspera. 
c) Abolitio criminis– Nos termos do artigo 2º do CP “ninguém pode ser punido por fato que lei 
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos da 
sentença condenatória”. Constitui o que se denomina abolition criminis quando uma lei 
posterior deixa de considerar um fato como criminoso. Neste caso, como a lei nova é mais 
benéfica, retroagirá. 
A abolitio criminis faz cessar os efeitos penais, sejam eles principais (o sujeito deixa de 
cumprir a pena), sejam eles secundários (ex.: ele não será considerado reincidente). 
Poderá a vítima cobrar indenização do réu, mesmo que tenha ocorrido abolitio criminis, pois 
o fato da conduta ter deixado de ser considerado um ilícito penal não significa que ele não 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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seja um ilícito civil, portanto, o dever de indenizar persiste. Os efeitos extrapenais não são 
alcançados pela abolitio criminis. 
A natureza jurídica da abolitio criminis, apesar da posição do professor Flavio Monteiro de 
Barros, com o qual o professor Samer concorda, no sentido de que a abolitio criminis tem 
natureza de causa extintiva da tipicidade, fato é que o código penal adotou a posição segunda 
a qual a natureza jurídica do abolitio criminis é de causa extintiva da punibilidade. 
d) Novatio legis in mellius- se verifica quando o crime com a publicação da nova lei continua 
sendo criminoso, contudo o indivíduo que o praticar estará sujeito, por exemplo, a uma pena 
mais branda. Esta lei nova retroagirá, por ser benéfica, ainda que já tenha ocorrido o trânsito 
em julgado da condenação (art. 2º, parágrafo único do CP). Se o sujeito já estiver cumprindo 
pena será o juízo da execução o competente para aplicar a nova lei ao caso concreto. Este 
entendimento inclusive já foi sumulado pelo STF, no verbete 611, que institui: “Após o 
trânsito em julgado da sentença, o juiz competente para aplicar a novatio legis in mellius é o 
juízo da execução”. 
O professor Rogério Sanches faz uma ponderação e defende que se for necessário o exercício 
de um juízo de valor e não somente um cálculo aritmético será necessário que se ajuíze uma 
revisão criminal para que o órgão competente (competência originária dos tribunais ou 
turmas recursais) aplique a novatio legis in mellius. 
e) Lei penal benéfica em período de vacatio legis 
1ª Corrente (Alberto Silva Franco): defende que é possível a aplicação desta lei 
2ª Corrente: A lei penal durante a vacatio legis não tem eficácia jurídica, razão pela qual não 
pode beneficiar o réu. Uma lei somente terá aptidão para produzir efeitos quando entrar em 
vigor. De maneira que uma lei em vacatio legis, mesmo que mais benéfica, se revogada antes 
de entrar em vigor, nunca terá produzido efeito. É a corrente prevalente. 
f) Combinação de leis penais (lex tertia)- Ex.: quando o individuo praticou a infração penal 
estava em vigor a lei A, que previa para tal crime uma pena de 2 a 6 anos e para a progressão 
de regime o cumprimento de ¼ da pena. Quando do julgamento deste crime estava em vigor 
a lei B, que lhe impunha pena de 3 a 7 anos e para progressão o cumprimento de 1/6 da 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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pena. Diante deste contexto temos que a pena da lei B é maior, contudo a sua progressão se 
dará em menor tempo. Pergunta-se: é possível então aplicar ao caso a pena da lei A e a 
progressão de regime da lei B? Não, o STF entende que a combinação de leis implica na 
criação de uma terceira lei pelo Poder Judiciário. E o Poder Judiciário não pode atuar como 
legislar positivo, apenas como legislador negativo. Portanto, deverá ser aplicada a lei A ou a 
lei B em sua integralidade, devendo se aplicar aquela que no caso concreto se mostre mais 
benéfica ao réu. Caso não seja possível apontar qual seja a mais benéfica a doutrina defende 
que o réu deverá ser intimado para que ele se manifeste, por meio de seu defensor, sobre 
qual das normas deseja ser adotada como parâmetro para o seu julgamento. 
g) Continuidade típico-normativa- Há supressão formal, mas não material do crime, ou seja, 
não há mais uma capitulação jurídica específica, mas a conduta continua a ser considerada 
criminosa. Ex.: com a criação da Lei 12.015 o atentado violento ao puder, tipificado no artigo 
214 do CP, teve sua conduta migrada para o delito de estupro, artigo 213 do CP. Em outras 
palavras a Lei 12.015 acabou com o crime de atentado violento ao pudor, contudo aquele 
que constranger outrem a ato libidinoso diverso da conjunção carnal (ex.: sexo anal) após a 
lei 12.015, não responderá pelo crime de atentado violento ao pudor, mas responderá por 
estupro, pois a sua conduta continua sendo criminosa. 
h) Leis temporárias e lei excepcionais – são leis que já nascem com previsão de revogação. A lei 
temporária já é instituída com a data prevista de revogação, enquanto a lei excepcional 
vigorará até que cesse a circunstância excepcional, para a qual ela foi criada. Ex.: calamidade. 
Cessada a calamidade a lei perde a sua vigência. 
Ambas possuem como características a autorrevogabilidade. 
Serão aplicadas aos fatos praticados durante a sua vigência, mesmo após sua revogação 
(ultratividade). 
Como regra, não há abolitio criminis e nem mesmo lex mitior para os fatos delitivos 
praticados durante a vigência das leis temporárias e excepcionais, salvo se houver 
determinação expressa em lei nesse sentido. 
A Lei 12.663, que busca proteger o patrimônio material e imaterial da FIFA, tendo vigência 
até 31/12/2014 consiste em um exemplo de lei temporária, pois ela foi criada com um prazo 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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determinado, certo de vigência. 
i) Retroatividade da jurisprudência- em via de regra, a extra-atividade da jurisprudência, tanto 
a ultratividade, quanto a retroatividade não é admitida. Todavia, o professor Rogério Sanches 
faz uma ponderação no sentido de que a jurisprudência de caráter vinculante (p.ex.: uma 
súmula vinculante) ou a decisão do STF em sede de controle concentrado de 
inconstitucionalidade, devem retroagir para beneficiar o réu. Nesses casos, a decisão será 
erga omnes. Contudo, para fins de primeira fase, jurisprudência não retroage, ainda que para 
beneficiar ao réu. 
j) Retroatividade da lei penal no caso de norma penal em branco- a norma penal em branco 
própria é aquela, cujo seu complemento normativo é ato diverso do legislador (ex.: portaria, 
decreto, etc.). A imprópria, em sentido amplo, por sua vez, é aquela, cujo complemento se 
dará por ato do legislador (ex.: conceitos do código civil complementando conceitos do 
código penal). 
STF: a alteração de complemento da norma penal em branco homogênea (norma penal em 
branco imprópria) deverá retroagir para beneficiar o réu. 
Se houver a revogação do complemento, que é uma lei evidentemente isso retroagirá
para 
beneficiar o réu. 
Contudo, se norma penal em branco for própria (norma penal em branco heterogênea) a 
revogação do complemento pode ou não retroagir, dependendo da natureza do 
complemento: 
(i) Quando a legislação não se reveste de excepcionalidade (isto é, a retirada tem caráter 
permanente), como é o caso da retirada do cloreto de etila da lista da Portaria da 
Anvisa que complementa a Lei de Drogas, haverá a retroatividade da lei penal. A 
alteração produz a descriminalização da conduta. 
(ii) Quando a legislação complementar é revestida de caráter excepcional, como é o caso 
de Portarias que fazem tabelamento de preços (crimes contra a ordem econômica), 
não haverá a retroatividade da lei penal. 
k) Lei intermediária mais benéfica- o STF vai dizer que se entre a data do fato e a data da 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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sentença houver uma lei que tenha entrado em vigor e tenha sido revogada posteriormente, 
caso ela se mostre mais benéfica ao réu, ela terá duplo efeito: retroatividade em relação ao 
fato e ultratividade em relação a sentença. Portanto, a lei que teve vigência entre a data do 
fato e a data do julgamento e que se mostra mais benéfica ao réu, é a que será aplicada. 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
Quando falamos em lei penal no espaço nos referimos a possibilidade de conflito de 
jurisdição internacional. Existem alguns princípios que vão orientar essas situações para evitar que 
estes conflitos ocorram. 
São princípios que levam à solução de um conflito aparente: 
1. Princípio da territorialidade- a lei penal do local no qual o crime foi praticado é a que será 
aplicada, não importando a nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico. 
2. Princípio da personalidade ativa ou da nacionalidade ativa- aplica-se a lei do país do agente 
do crime, sem importar a nacionalidade da vítima, o local do crime ou o bem jurídico violado. 
3. Princípio da personalidade passiva ou da nacionalidade passiva- - aplica-se a lei do país 
pertencente à vítima do crime, sem importar a nacionalidade do agente, local do crime ou 
bem jurídico violado. 
4. Princípio da defesa real- é a aplicação da lei penal da nacionalidade da coisa, do bem jurídico 
lesado. 
5. Princípio da justiça penal universal (justiça penal cosmopolitica)- é o princípio que exige que 
se faça justiça, sem importar onde. O agente fica sujeito às leis do país em que for encontrado. 
6. Princípio do pavilhão (substituição ou bandeira): aplica-se a lei nacional aos crimes 
cometidos em aeronaves ou embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro, mas 
lá não sejam julgados. Princípio que adotamos em caso de extraterritorialidade condicionada 
da lei penal brasileira. 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
12 
Teorias da lei penal no espaço 
 
O artigo 5º do CP, com sua função integradora, vai nos permitir concluir que no Brasil 
aplica-se como regra o princípio da territorialidade mitigada. 
Conforme disposto no artigo 5º, aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido em território nacional. Portanto, o 
crime praticado em território nacional, está sujeito inicialmente a lei penal brasileira. Porém há 
possibilidade de se firmar um tratado internacional que veda a aplicação da lei brasileira em 
determinadas situações. Por isso falamos que o princípio da territorialidade no Brasil é mitigado. 
Eventualmente admite-se que por expressão previsão uma Convenção Internacional, por 
exemplo, imponha a aplicação da lei estrangeira a fato praticado no território brasileiro. É o que 
denominamos intraterritorialidade. Ex.: casos de imunidade diplomática. 
No mesmo sentido, é possível aplicarmos a lei penal brasileira a fato praticado no 
estrangeiro. É o que denominamos extraterritorialidade. 
 
Território nacional 
 
Nos termos do artigo 5º, parágrafo 1º do CP, consideram-se como extensão do território 
nacional, sujeita a aplicação da lei penal brasileira os crimes praticados dentro de embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se 
encontrem. 
São também extensão do território nacional as aeronaves e as embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo 
correspondente ou em alto-mar. 
O parágrafo 2º do artigo 5º do CP prevê que é também aplicável a lei brasileira aos crimes 
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-
se as aeronaves em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, ou 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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então as embarcações em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
Embaixadas 
 
Apesar de as Embaixadas serem invioláveis, não constituem extensão do território dos 
países que representam. 
A depender de quem pratique o crime dentro de uma embaixada, haverá incidência da lei 
penal brasileira, salvo se houver convenções, tratados e regras de direito internacional em sentido 
contrário. 
 
Passagem inocente 
 
É a não incidência da lei penal brasileira no caso em que ocorra crime dentro de navio ou 
aeronave que se encontra de passagem pelo território nacional. Ex.: o avião decolou nos Estados 
Unidos, sentido a Argentina, no momento em que está sobrevoando o Brasil, um crime ocorre. 
Não se aplica, neste caso a lei brasileira, pois o avião não irá pousar no Brasil. O mesmo se aplica 
se o crime foi praticado dentro de um navio que saiu do México sentido ao Uruguai, enquanto ele 
passava pelo Brasil, pois o navio não tem a intenção de se atracar no território nacional. 
 
Lugar do crime 
 
Em relação ao local do crime o artigo 6º do CP adota a teoria mista ou da ubiquidade, pois 
considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão (teoria da atividade), 
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (teoria do 
resultado). 
Vele destacar que o código de processo penal, em seu artigo 70, para fins de fixação de 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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competência adota-se a teoria do resultado. 
O professor Rogério Sanches traz uma classificação dos crimes, em relação ao local: 
(i) Crimes à distância (crime de espaço máximo)- são aqueles cometidos em dois países 
soberanos. Pode gerar conflito internacional de jurisdição; 
(ii) Crimes em trânsito- são aqueles cometidos em três ou mais países. Pode gerar conflito 
internacional de jurisdição. 
(iii) Crime plurilocal: percorre dois ou mais territórios de um mesmo país. Pode existir um 
conflito de competência, pois atinge várias comarcas de um país. 
 
Extraterritorialidade 
 
É a possibilidade de aplicar a lei penal brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro. 
Esta matéria é regulada pelo artigo 7º do CP. 
 
a) Extraterritorialidade incondicionada 
 
No inciso I, o artigo 7º traz as hipóteses de extraterritorialidade incondicionada da lei penal 
brasileira, isto é, ainda que o sujeito tenha sido processado e condenado no estrangeiro, ele será 
processado e condenado também no Brasil. Estamos aqui diante de uma exceção ao princípio do 
ne bis in idem. 
Será aplicada a extraterritorialidade incondicionada quando: 
(i) o crime for cometido contra a vida ou a liberdade do Presidente da República- Se o crime 
é cometido contra o patrimônio ou qualquer outro bem do Presidente da República 
distinto da vida ou a liberdade, não é caso de extraterritorialidade incondicionada. 
(ii) o crime cometido contra o patrimônio ou a fé pública da Administração Direito ou Indireta- 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
15 
ou seja, contra o patrimônio da União, estados,
DF, territórios, municípios, autarquias, 
fundações instituídas pelo poder público, empresas públicas e sociedades de economia 
mista. 
(iii) crime é praticado contra a Administração Pública por alguém que esteja a seu serviço. 
(iv) crime de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. 
 
b) Extraterritorialidade condicionada 
 
No inciso II, do artigo 7º teremos a extraterritorialidade condicionada. 
Nos casos de extraterritorialidade condicionada a aplicação da lei penal brasileira ao fato 
praticado no estrangeiro exige a presença de algumas condições. 
São situações nas quais a extraterritorialidade da lei penal será condicionada: 
(i) Quando se tratar de crime que por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
(ii) Praticados no estrangeiro por brasileiro; 
(iii) Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade 
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Aplicação do princípio 
da bandeira. 
As condições para aplicação da lei penal brasileira a estes casos são: 
(i) Entrar o agente no território nacional: trata-se de condição de procedibilidade; 
(ii) Ser o fato punível também no país em que foi praticado: trata-se de condição objetiva de 
punibilidade; 
(iii) Estar o crime incluído entre aqueles em relação aos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição- ou seja, que a pena privativa de liberdade cominada seja maior ou igual a 2 
anos; 
(iv) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena: respeito 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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ao ne bis in idem; 
(v) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, segundo a lei mais 
favorável, não estar extinta a punibilidade. Ex.: configuração da prescrição segundo a 
pena aplicada ao fato no estrangeiro. 
 
b) Extraterritorialidade hipercondicionada 
 
Exige, além de todas as condições da extraterritorialidade condicionada, que, em relação 
ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil não tenha sido pedida ou tenha 
sido negada a extradição e haja requisição do Ministro da Justiça (condição de procedibilidade). 
A ação penal aqui, portanto, é pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça. 
 
Competência para extraterritorialidade 
 
Via de regra, a competência será do juízo estadual, salvo se presente qualquer das 
hipóteses do artigo 109 da CF, quando então a competência será da Justiça Federal. 
Nos termos do artigo 88 do CPP, no processo por crimes praticados fora do território 
brasileiro, será competente o juízo da Capital do estado onde houver por último residido o 
acusado. 
Caso, ele nunca tenha residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. 
 
Pena cumprida no estrangeiro 
 
Nos termos do artigo 8º do CP, se a pena foi cumprida no estrangeiro, ela atenuará a pena 
imposta no Brasil, se diversa ou, se idêntica, nela será computada. 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS 
 
I. Imunidades diplomáticas 
 
Imunidades diplomáticas são prerrogativas em razão do cargo, de natureza pública. 
Possuem imunidades diplomática: 
• Chefes de estado e chefes de governo, bem como seus familiares e membros da comitiva; 
• Embaixador e sua família; 
• Funcionários do corpo diplomático e sua família; 
• Funcionário de organização internacional, quando estiverem em serviço 
 
A Convenção de Viena assegura ao agente diplomático a imunidade de jurisdição penal do 
estado acreditado, ou seja, ele não pode ser punido pelas leis do estado acreditado. Ex.: O 
embaixador da Suécia no Brasil não pode ser punido segundo as leis brasileiras. Isso não significa 
que ele não deva obediência as leis brasileiras. 
Os agentes diplomáticos devem obediência as leis brasileiras, pois elas possuem caráter 
geral (generalidade) e são imperativas, de maneira que se impõem a todos. O que ocorre na 
verdade é que, caso ele não observe tais normas não será punido segundo a lei brasileiro, mas 
poderá ser punido segundo a lei do seu país. Quando então teríamos uma situação de 
intraterritorialidade, pois será aplicada a lei do país acreditante aqui no Brasil. 
O agente diplomático não pode ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão, 
conforme Decreto 6.435/65. 
Esta inviolabilidade se estende à sua residência, documentos, correspondências, ou seja, 
aos bens em geral. 
A natureza jurídica da imunidade diplomática é causa pessoal de isenção de pena. Esta 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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imunidade se aplica a qualquer crime, e não apenas aos atos praticados no exercício da função. 
 
II. Agente consular 
 
O agente consular tem a função meramente administrativa, não desfrutando de imunidade 
diplomática. Em verdade, o que o cônsul possui é tão somente imunidade funcional relativa, isto 
é, restrita aos atos do ofício. 
 
III. Imunidades parlamentares 
 
As imunidades parlamentares podem ser classificadas em: 
• Imunidades absolutas (substancial, material ou indenidade)- nos termos do artigo 53 da CF 
Deputados e Senadores são invioláveis civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, 
palavras e votos. Em relação a opiniões e palavras, o STF entende que para haver a incidência 
da imunidade absoluta, é preciso que haja uma conexão entre as palavras e opiniões do 
parlamentar e o exercício de suas funções, caso contrário ele poderá ser responsabilizado. 
Se o parlamentar estiver nas dependências do Parlamento presume-se absolutamente que 
há essa conexão. 
• Imunidades relativas (formal ou processual)- prevista no artigo 53, parágrafos 1º ao 8º da CF 
e trata-se: 
(i) Imunidade relativa ao foro; 
(ii) Imunidade relativa à prisão (incoercibilidade dos congressistas); 
(iii) Imunidade relativa ao processo; 
(iv) Imunidade relativa à condição de testemunha; 
(v) Imunidade relativa ao estado de sítio 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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(i) IMUNIDADE RELATIVA AO FORO- Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, 
serão submetidos a julgamento perante o STF. É o chamado foro por prerrogativa de 
função. O STF conferiu interpretação restritiva a norma constitucional, dizendo que este 
foro por prerrogativa de função só se faz presente quando o Parlamentar cometeu crimes 
em razão do mandato e enquanto estiverem no mandato. 
(ii) IMUNIDADE RELATIVA À PRISÃO (chamada de INCOERCIBILIDADE DOS CONGRESSISTAS)- 
Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser 
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos 
dentro de 24 horas à Casa do respectivo Parlamentar, para que, pelo voto da maioria de 
seus membros, resolva sobre a prisão (trata-se de uma decisão política). 
Pergunta-se: Como Delcidio do Amaral foi preso enquanto Senador? Isso ocorreu devido 
ao fato de que lhe foi imputado a prática de delito de embaraçar investigação de 
organização criminosa, tipificado na Lei 12.850. Este delito é considerado permanente, 
ou seja, ele estava em situação de flagrante (primeiro requisito). Ademais entendeu o 
Ministro Teori que nesta situação não caberia fiança, portanto, estaríamos diante de um 
flagrante delito de crime que se mostrou na situação em apreço inafiançável. Tendo o 
STF por unanimidade ratificado a decisão do Ministro. 
Com relação à pensão alimentícia, há uma divergência sobre a possibilidade de prisão ou 
não do parlamentar em débito: 
1ª Corrente (Uadi Lammego Bulos): é possível. O professor Samer concorda com esta 
corrente, sob o fundamento de que a incoercibilidade do congressista, na condição de 
garantia constitucional deve conviver com outras garantias constitucionais, entre as quais
temos a chamada prioridade absoluta da criança e do adolescente. Neste contexto 
parece que a prioridade da criança e do adolescente deve prevalecer, de maneira que 
seria cabível a prisão do Parlamentar por débito alimentar. 
2ª Corrente (Gilmar Mendes): não é cabível, eis que a imunidade abarca qualquer ato de 
privação da liberdade, impedindo também as prisões de natureza extrapenal. 
3ª Corrente (Rogério Sanches): a depender da espécie de alimentos poderá ou não haver 
a prisão. Se os alimentos forem provisórios, não cabe prisão. Se definitivos, sim. 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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(iii) IMUNIDADE RELATIVA AO PROCESSO- Se o Parlamentar é processado por delito cometido 
no curso do mandato e em razão dele, entende-se que o Supremo poderá receber a 
denúncia, mas deverá comunicar o recebimento à Casa respectiva deste parlamentar. 
Não é uma condição de procedibilidade, mas sim condição para que se prossiga o 
processo. Uma vez comunicada pelo STF a casa legislativa um partido político nela 
representado poderá provocar a Casa para que se manifestem sobre suspensão ou não 
do andamento deste processo. Ocorrendo esta provocação a Casa Legislativa deverá 
decidir no prazo de 45 dias. A decisão sobre a suspensão ou não se dará pelo voto 
ostensivo e nominal da maioria absoluta de seus membros (parágrafo 3º, do artigo 53). 
Se eles decidirem pela suspensão do processo estarão sustados o processo e o curso do 
prazo prescricional. 
Vale destacar que a chamada imunidade parlamentar processual não se estende a 
inquérito policiais. De maneira que o Parlamentar pode ser investigado, não havendo que 
se falar em sustação de inquérito policial a pedido de qualquer partido político. 
O STF entende que nas situações nas quais há foro por prerrogativa de função, ou seja, 
quando o Parlamentar tiver sendo investigado por um crime cometido no curso do 
mandato e em razão dele, como se trata de Parlamentar a instauração de inquérito 
policial fica sujeito a uma requisição do Procurador Geral da República e como a 
competência é do Supremo, o andamento do inquérito policial deve ser supervisionado 
pela Suprema Corte. Tanto é que quanto o Ministério Público deseja que o inquérito 
policial seja prorrogado ele requer ao Ministro do Supremo a prorrogação. 
(iv) IMUNIDADE RELATIVA À CONDIÇÃO DE TESTEMUNHA- 
Não se trata de parlamentar acusado ou investigado. 
A imunidade aqui é em relação a condição de testemunha do parlamentar. 
Os parlamentares são obrigados a testemunhar, salvo em duas hipóteses excepcionais, 
previstas na CF: 
• Não são obrigados a prestar testemunhos sobre informações recebidas ou prestadas em 
razão do exercício do mandato; 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
21 
• Não são obrigados a prestar testemunho sobre as pessoas que lhe confiaram ou deles 
receberam informações 
Nos termos do artigo 221 do CCP, os parlamentares possuem a prerrogativa de serem 
inquirido em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. 
(v) IMUNIDADES RELATIVAS AO ESTADO DE SÍTIO 
Mesmo que tenha sido decretado o estado de sítio, as imunidades parlamentares 
persistem. 
É possível, contudo, que estas imunidades sejam suspensas pela decisão de 2/3 dos 
parlamentares da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso 
Nacional, e que sejam incompatíveis com a execução da medida, do estado de sítio. 
 
Parlamentar licenciado 
 
STF: Parlamentar licenciado (ex.: Deputado Federal licenciado para ser Ministro de Estado) 
não tem mais as imunidades processuais e materiais que anteriormente possuía, salvo o foro por 
prerrogativa de função. 
 
Imunidade dos Deputados Estaduais 
 
Prevê o artigo 27, parágrafo 1º da CF que estende as imunidades dos parlamentares 
federais aos deputados estaduais. 
 
Imunidades dos Vereadores 
 
Nos termos do artigo 29, VIII da CF, os Vereadores possuem inviolabilidade por suas 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município. Ou seja, 
possuem apenas imunidades absolutas (materiais). 
Vereadores não possuem foro por prerrogativa de função, salvo se previsto na Constituição 
Estadual. 
O foro por prerrogativa de função do prefeito está na CF, devendo ser julgado 
originariamente no Tribunal de Justiça. O STF faz uma leitura da norma constitucional de forma a 
ampliar essa competência para Tribunais de 2º grau, a depender da espécie de crime cometido 
(TRF, TRE ou TJ). Nesse sentido, será julgado perante o Tribunal de Justiça quando o crime for de 
competência da justiça estadual, se for um crime eleitoral quem vai julgará é o TRE e se for federal 
competirá ao TRF julgar. 
 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
I. Eficácia da sentença estrangeira 
 
Sentença criminal proveniente de estado soberano estrangeiro deve ser homologada no 
Brasil pelo STJ para, em via de regra, produzir efeitos no país. Fala-se em via de regra, pois alguns 
efeitos não estão condicionados à homologação. 
Ao fazer a homologação, o STJ não aprecia o mérito, fazendo apenas um exame formal 
(juízo de prelibação). Sentença estrangeira que não viola a soberania nacional, os bons costumes 
e a ordem pública e que observa os pressupostos legais indispensáveis ao deferimento do pleito 
deve ser homologada. 
Após a homologação, se a parte quiser que o agente repare o dano, restitua a coisa ou 
outro efeito civil, deverá promover uma nova ação. 
A sentença penal estrangeira pode ser homologada tanto para que produza efeito 
extrapenal (ex.: buscar uma indenização), quanto para que seja cumprida uma medida de 
segurança. 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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Se a homologação for pertinente à medida de segurança será imprescindível que exista 
tratado de extradição com o país de cuja autoridade emanou a decisão. Se não houver esse 
tratado, é necessário que haja uma requisição do ministro da justiça que suprirá a necessidade do 
tratado entre os países. 
A homologação é prescindível para que ela produza efeitos como reincidência, impedir o 
sursis, tornar mais difícil a concessão de livramento condicional. 
 
Contagem de prazo 
 
• Prazos processuais penais (CPP)- não é computado o dia do início, mas é incluído o dia do 
vencimento. Se cair em feriado ou dia não útil, prorrogar-se-á para o primeiro dia 
imediatamente posterior. 
• Prazos penais: improrrogabilidade dos prazos. Será incluído o dia do começo e excluído o dia 
do final. 
 
Frações não computáveis da pena 
 
São excluídas as frações de dia e frações de reais. Nesse sentido, é o que prevê o artigo 11 
do CP: 
 
Art. 11. São desprezados, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as 
frações de dia, e, na pena de multa, as frações de reais (cruzeiro). 
 
 
 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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Conflito aparente de normas 
 
Para que falemos no conflito aparente de normas, é necessário que haja duas leis penais 
em vigor ao mesmo tempo e que aparentemente estejam em conflito, quando de fato não estão. 
Para resolver o conflito aparente de norma, é necessário se valer dos seguintes princípios: 
(i) Princípio da especialidade; 
(ii) Princípio da subsidiariedade; 
(iii) Princípio da consunção; 
(iv) Princípio da alternatividade. 
• Princípio da especialidade- lei especial prevalece sobre a geral. A lei especial tem todos os 
elementos da lei geral e mais alguns elementos especializantes. A lei especial não 
necessariamente é mais grave. O infanticídio é exemplo de uma norma especial, quando 
comparada ao homicídio. No infanticídio, assim como no homicídio a autora do delito matou 
alguém, mas ela matou o próprio filho, sob a influência do estado
puerperal, durante o parto 
ou logo após. Pelo princípio da especialidade esta mãe responderá por infanticídio, sujeito 
a pena muito menor do que aquela imputada ao homicídio. Aqui não há relevância se o 
crime é mais gravoso ou menos gravoso. 
• Princípio da subsidiariedade- aqui estamos diante de uma norma principal e uma norma 
subsidiária, tendo esta um alcance muito maior do que aquela. A norma principal traz uma 
infração penal mais grave. O sujeito poderá responder pela infração principal ou subsidiária 
a depender daquela que melhor se amolda a sua conduta. A subsidiariedade pode ser tácita, 
inferindo da leitura do tipo ou pode ser expressa, isto é, o próprio tipo penal pode dizer que 
é subsidiário. Ex.: artigo 239 do CP: “simular casamento mediante engano de outra pessoa. 
Detenção de um a três anos, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.” A 
norma subsidiária só se aplica quando não houver subsunção do fato à norma mais grave, 
que é a norma principal. 
• Princípio da consunção- aqui um crime absorve o outro, pois um é apenas meio para a 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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configuração de outro. O crime que consome o outro não necessariamente é o mais grave, 
embora exista entendimento nesse sentido. No princípio da consunção não 
necessariamente será aplicada a pena do crime mais grave, porque o próprio entendimento 
sumulado do STJ (Súm. 171) traz situação em que o crime que está consumindo o outro 
crime, é menos grave. Quando o STJ diz que se o crime de falso se exaure no estelionato, 
resta por este absorvido, ele está dizendo que falsificação de documento público (pena de 
reclusão de 2 a 6 anos) é absorvida pelo estelionato (pena de reclusão de 1 a 5 anos), se o 
falso se exauriu nesta conduta. Com isso o sujeito responde apenas pelo crime de 
estelionato. 
Em 2016 o STJ entendeu que, se o agente criou farmácia de fachada para vender produtos 
falsificados destinados a fins terapêuticos ou medicinais, ele deverá responder pelo delito 
do artigo 273 do CP- Falsificação de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais 
(e não por este concurso com tráfico de drogas), ainda que fique demonstrado que ele 
também mantinha em depósito e vendia alguns medicamentos e substâncias consideradas 
psicotrópicas no Brasil por estarem na Portaria SVS/MS nº 344/1998. 
Assim, mesmo tendo sido encontradas algumas substâncias que podem ser classificadas 
como droga, o crime do artigo 33 da Lei 11.343/2006 ficará absorvido pelo delito do artigo 
273 do CP, que possui maior abrangência. Aplica-se aqui o princípio da consunção. 
STJ: “não se mostra plausível dizer que houve a prática de dois crimes distintos e em 
concurso material quando, em um mesmo cenário fático, se observa que a intenção 
criminosa era dirigida para uma única finalidade, perceptível, com clareza.” 
 
Casos de consunção: Crime progressivo x Progressão criminosa 
 
 
1 Súmula 17 do STJ: “quando o fato se exaure no estelionato sem mais potencialidade lesiva é por este 
absorvido.” 
 
 
Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 
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Quando falamos em crime progressivo a intenção do sujeito é cometer uma infração penal 
mais grave, mas para cometê-la terá que passar por uma infração penal menos grave. Ex.: alguém 
querendo matar seu desafeto, necessariamente terá que inicialmente lesioná-lo. Neste caso 
ocorreu a consunção da lesão corporal pelo homicídio. Certo que o dolo do agente deste o inicio 
era o de matar. 
Se, porém, o dolo inicial do agente era lesionar, mas depois que ele obtém o seu intento 
inicial (lesão), muda o seu dolo, passando a decidir pela morte da vítima e por isso continua 
empregando atos com o fim de mata-lo, estaremos diante do instituto da progressão criminosa. 
Portanto, no crime progressiva o dolo desde o início é pela infração penal mais grave. Na 
progressão criminosa, por sua vez, o agente começa com o dolo de uma infração penal menos 
grave e quando alcança este resultado troca o dolo passando a ter o dolo de uma infração penal 
mais grave. Em ambos os casos, obtendo-se êxito na empreitada mais grave, somente por este 
responderá. 
São ainda casos de consunção os chamados ante factum impunível e post-factum 
impunível. 
Ante factum impunível é o que ocorre antes e não será punível. São fatos anteriores que 
estão na linha de desdobramento da ofensa mais grave naquela situação em particular. Ex.: 
violação de domicílio para furtar. A violação de domicílio é etapa do furto, mas não de todo furto. 
Por essa razão, não se fala em progressão criminosa ou crime progressivo. 
Post factum impunível, por sua vez, consiste basicamente no exaurimento do crime 
principal. Ex.: sujeito que furtou um automóvel e coloca fogo no carro não pratica um furto e um 
dano, mas apenas um furto. A destruição posterior é post factum impunível. 
 
SLIDES AULA 2 Penal (Parte Geral).pdf
DIREITO PENAL
(PARTE GERAL)
PROF. SAMER AGI
Teoria geral da norma penal (continuação).
V. Princípio da ofensividade ou lesividade
“Nulla necessitas sine injuria”.
É necessário que haja lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado para que haja crime.
• Parte da doutrina entende, com base neste princípio, a
inconstitucionalidade dos crimes de perigo abstrato 
ausência de perigo concreto de lesão ao bem jurídico.
• Os Tribunais Superiores admitem delitos de perigo
abstrato como constitucionais. Ex.: posse ilegal de arma
de fogo desmuniciada.
São vedações decorrentes do princípio da lesividade:
• Vedação à criminalização de pensamentos e cogitações
(direito à perversão)
• Vedação à criminalização de condutas que não tenham caráter
transcendental (vedação à criminalização da autolesão)
• Vedação à criminalização de meros estados existenciais
(vedação da criminalização da pessoa pelo que ela é)
a) Princípio da alteridade
Subprincípio do princípio da lesividade. A conduta deve atingir
ou ameaçar atingir bem jurídico de terceiro.
VI. Princípio da responsabilidade pessoal
É vedado que a pena atinja quem não praticou o fato.
Desdobramentos:
• A denúncia deve ser individualizada, dizendo, ainda que
minimamente, o que os acusados fizeram.
• Exige-se que, na sentença, seja feita a individualização da pena.
VII. Princípio da responsabilidade subjetiva
Vedação da responsabilidade penal objetiva.
No caso da embriaguez, actio libera in causa.
VIII. Princípio da culpabilidade
Limita o direito de punir do Estado.
É preciso que o sujeito seja culpável (imputabilidade, potencial
consciência da ilicitude da conduta e exigibilidade de conduta
diversa) para ser punível.
IX. Princípio da presunção de inocência
CF, art. 5º, LVII: ninguém será considerado culpado até o trânsito
em julgado de sentença penal condenatória.
É possível extrair três ideias do Estatuto de Roma:
• A pena privativa de liberdade só é admissível após a
condenação em caráter definitivo;
• Quem deve comprovar a responsabilidade penal do réu é o
órgão acusatório;
• In dubio pro reo.
STF: o início da execução da pena, após a confirmação
da condenação na 2ª instância, não viola o princípio do
estado de inocência ou da não culpabilidade.
X. Princípio da pessoalidade
Art. 5º, XLV, CF: Nenhuma pena passará da pessoa do
condenado
Ligado ao princípio da responsabilidade penal subjetiva,
responsabilidade penal pessoal, da culpabilidade etc.
XI. Princípio da vedação do bis in idem
• Não encontra consagração expressa na Constituição.
• Previsto no Estatuto de Roma, artigo 20.
• O princípio da vedação do bis in idem não é um princípio
absoluto. Art. 8º do CP: a pena cumprida no estrangeiro
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada,
quando idênticas.
STJ, inf. 569.
A proibição de imposição de mais de uma consequência
jurídico-repressiva pela prática dos mesmos fatos ocorre,
ainda, quando o comportamento imputado ao acusado,
definido espaço-temporalmente, não tenha sido trazido
por inteiro para apreciação do juízo.
XII. Princípio da confiança
Todos possuem o direito de atuar acreditando que as demais
pessoas irão agir de acordo com as normas que disciplinam a
vida em sociedade.
Eficácia da lei penal no tempo
I. Introdução
É possível que a lei penal se movimente no tempo: extra-
atividade.
• Se a lei penal é aplicada a fatos que ocorreram antes da sua
entrada em vigor retroatividade da lei penal.
• Se aplicada a fatos posteriores a sua revogação 
ultratividade da lei penal.
II.Tempo do crime
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado (teoria
da atividade - art. 4º, CP).
III. Sucessão de leis penais
Art. 5º, XL: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
a) Novatio legis incriminadora
A lei penal, neste caso, não retroagirá.
b) Novatio legis in pejus
A lei nova que, de qualquer modo, prejudique o réu, também
será irretroativa.
Súmula 711 do STF:
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou
ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à
cessação da continuidade ou da permanência.
c) Abolitio criminis
Art. 2º do CP: ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
Obs.: poderá a vítima cobrar indenização do réu. Os
efeitos extrapenais não são alcançados.
Flávio Monteiro de Barros: a natureza jurídica da abolitio
criminis é causa extintiva da tipicidade. Código Penal: a
abolitio criminis é causa extintiva da punibilidade.
d) Novatio legis in mellius
Lex mitior.
Art. 2º, parágrafo único, do CP: a lei posterior, que de qualquer
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda
que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Após o trânsito em julgado da sentença, o juiz competente
para aplicar a novatio legis in mellius é o juízo da execução (S.
611 do STF.)
Rogério Sanches: é possível que a análise da lei mais
benéfica seja feita pelo juízo competente para apreciar
a revisão criminal (competência originária dos tribunais
ou turmas recursais). Isso ocorre quando houver necessidade
de exercício de um juízo de valor.
e) Lei penal benéfica em período de vacatio legis
1ªC:Alberto Silva Franco: é possível a aplicação.
2ªC: A lei penal durante a vacatio legis não tem eficácia jurídica,
razão pela qual não pode beneficiar o réu. É a corrente
prevalente.
f) Combinação de leis penais (lex tertia)
STF não admite - seria criação de uma terceira lei
A benignidade da lei posterior ou da anterior deve ser
feita considerando-as separadamente.
Doutrina: é possível que a escolha caiba ao réu.
g) Continuidade típico-normativa
Há a supressão formal, mas não material do crime.
Ex.: o crime de atentado violento ao pudor (art. 214) teve sua
conduta migrada para o delito de estupro (art. 213).
h) Leis temporárias e excepcionais
São leis que já nascem com previsão de revogação.
Serão aplicadas aos fatos praticados durante a sua vigência,
mesmo após sua revogação (ultratividade).
Lei temporária: tem um prazo determinado, certo.
Ex.: Lei 12.663/12, que busca proteger o patrimônio material e
imaterial da FIFA, tendo vigência até 31/12/2014.
Lei excepcional: editada em função de algum acontecimento
excepcional.
Exemplo: uma calamidade.
Tais leis possuem duas características essenciais:
• Autorrevogabilidade.
• Ultratividade.
Como regra, não há abolitio criminis e nem mesmo lex
mitior para os fatos delitivos praticados durante a vigência
das leis temporárias e excepcionais, salvo se houver
determinação expressa em lei nesse sentido.
i) Retroatividade da jurisprudência
A extra-atividade, ultratividade ou retroatividade da jurisprudência
não é admitida.
Todavia, não se pode negar a possibilidade de
retroatividade benéfica de jurisprudência de efeito
vinculante, bem como quando há um controle concentrado de
constitucionalidade. Nesses casos, a decisão será erga omnes.
Para primeiras fases, devemos marcar que jurisprudência não
retroage, ainda que para beneficiar o réu.
j) Retroatividade da lei penal no caso de norma penal
em branco
STF: a alteração de complemento da norma penal em
branco homogênea (norma penal em branco imprópria)
deverá retroagir para beneficiar o réu.
Todavia, no caso de uma alteração de uma norma penal em
branco heterogênea, a retroatividade da lei penal dependerá:
• quando a legislação não se reveste de
excepcionalidade, como é o caso da retirada do cloreto de
etila da lista da Portaria da Anvisa que complementa a Lei de
Drogas, haverá a retroatividade da lei penal. A alteração
produz a descriminalização da conduta.
• quando a legislação complementar é revestida de
caráter excepcional, como é o caso de Portarias que fazem
tabelamento de preços (crimes contra a ordem econômica),
não haverá a retroatividade da lei penal.
k) Lei intermediária mais benéfica
Doutrina e do STF: esta lei é dotada de duplo-efeito:
• retroatividade: retroage para alcançar o fato;
• ultratividade: alcança a sentença ou o julgamento.
Prevalece a norma mais favorável que tenha tido vigência entre a
data do fato e a data da sentença.
Lei penal no espaço
I. Introdução e princípios
Quando falamos em lei penal no espaço, há a possibilidade de
conflito de jurisdição internacional.
Princípios que levam à solução de um conflito aparente:
• Princípio da territorialidade: a lei penal do local do
crime é a que será aplicada, não importando a
nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico.
• Princípio de nacionalidade ativa (personalidade ativa):
aplica-se a lei do país do agente do crime, sem importar a
nacionalidade da vítima, o local do crime ou o bem jurídico
violado.
• Princípio da nacionalidade passiva (personalidade
passiva): aplica-se a lei do país pertencente à vítima do crime,
sem importar a nacionalidade do agente, local do crime ou
bem jurídico violado.
• Princípio da defesa real: é a aplicação da lei penal da
nacionalidade da coisa, do bem jurídico lesado.
• Princípio da justiça penal universal (justiça penal
cosmopolita): é o princípio que exige que se faça justiça, sem
importar onde. O agente fica sujeito às leis do país em que for
encontrado.
• Princípio do pavilhão (substituição ou bandeira): aplica-
se a lei nacional aos crimes cometidos em aeronaves ou
embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro, mas
lá não sejam julgados.
II.Teorias da lei penal no espaço
Art. 5º: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no
território nacional.
Teoria da territorialidade mitigada
Permite-se, eventualmente, a aplicação da lei estrangeira a fato
praticado no território brasileiro (intraterritorialidade).
Exemplo: casos de imunidade diplomática.
Também é possível aplicar a lei penal brasileira a fato praticado no
estrangeiro extraterritorialidade.
III.Território nacional
§1º do art. 5º
Consideram-se como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza
pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer
que se encontrem.
Também são extensão do território nacional as aeronaves e
as embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§2ºdo artigo 5º
É também aplicável a lei brasileira aos

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