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CP Iuris - PENAL II - Questoes Comentadas.pdf Facebook: CP IURIS Instagram: @cpiuris Email: contato@cpiuris.com.br www.cpiuris.com.br QUESTÕES – PENAL II 1- Assinale a alternativa CORRETA: I – Segundo o princípio da lesividade é necessário que haja uma lesão ou um perigo de lesão ao bem jurídico tutelado para que haja crime. II – Os Tribunais Superiores, com base no princípio da lesividade, entendem impossível criminalizar crimes de perigo abstrato. III – A doutrina defende a criminalização dos crimes de perigo abstrato. a) Todas estão corretas. b) Apenas I está correta. c) Apenas II e III estão corretas. d) Apenas I e III estão incorretas. e) Todas estão incorretas. Gabarito: B I – CORRETA II – INCORRETA - Os tribunais superiores entendem possível e constitucional a criminalização de crimes de perigo abstrato, como por exemplo posse de amar de fogo e embriagues ao volante. III – INCORRETA - A doutrina entende que crimes de perigo abstrato são inconstitucionais, ferindo o princípio da lesividade. O princípio da ofensividade está ligado ao axioma da “nulla necessitas sine injuria” (não há necessidade sem ofensa ao bem jurídico). Para este princípio, é necessário que haja uma lesão ou um perigo de lesão ao bem jurídico tutelado para que haja crime. Parte da doutrina defende, com base neste princípio, a inconstitucionalidade dos crimes de perigo abstrato. Isso porque, no caso, não haveria lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico. Os crimes de perigo abstrato possuem uma presunção absoluta do perigo. Os Tribunais Superiores admitem delitos de perigo abstrato como constitucionais. Ex.: posse ilegal de arma de fogo. A posse ilegal de arma de fogo desmuniciada já seria suficiente para configurar o crime. Outro exemplo, em que o STF entende possível o crime de perigo abstrato, é a embriaguez ao volante. Os Tribunais Superiores reputam plenamente constitucional. São vedações decorrentes do princípio da lesividade: • Vedação à criminalização de pensamentos e cogitações (direito à perversão) • Vedação à criminalização de condutas que não tenham caráter transcendental (vedação à criminalização da autolesão) • Vedação à criminalização de meros estados existenciais (criminalização da pessoa pelo que ela é) CPIuris – Direito Penal – Parte Geral. Material Completo. 2018, p. 24. 2- Considerando os princípios penais, assinale a alternativa CORRETA. a) De acordo com o princípio da culpabilidade, para haver punição, é necessário que o agente seja imputável, tenha potencial consciência da ilicitude de sua conduta e que lhe seja exigível de conduta diversa. b) Segundo o STF o início da execução da pena, após a confirmação da condenação na 2ª instância, viola o princípio do estado de inocência ou da não culpabilidade. c) O princípio do ne bis in idem encontra previsão constitucional e também no Estatuto de Roma, sendo portanto absoluto. d) A sentença condenatória transitada em julgado não evita que se instaure novo processo contra o réu condenado, em razão do mesmo fato, caso o comportamento definido espaço- temporalmente imputado ao acusado não foi trazido por inteiro para apreciação do juízo. Gabarito: A a) CORRETA b) Segundo o STF o início da execução da pena, após a confirmação da condenação na 2ª instância, não viola o princípio do estado de inocência ou da não culpabilidade. c) O princípio do ne bis in idem não encontra previsão constitucional, mas encontra previsão no Estatuto de Roma. Não é um princípio absoluto, o artigo 8º do CP diz que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Logo, é possível que o sujeito tenha sido processado duas vezes pelo mesmo fato. d) A sentença condenatória transitada em julgado evita que se instaure novo processo contra o réu condenado, em razão do mesmo fato, mesmo quando o comportamento definido espaço- temporalmente imputado ao acusado não foi trazido por inteiro para apreciação do juízo. O princípio da culpabilidade é um postulado que limita o direito de punir do Estado. É preciso que o sujeito seja culpável para ser punível. Ou seja, é preciso, para ser punido, que o sujeito: Seja imputável; Tenha potencial consciência da ilicitude de sua conduta; Pudesse ter um conduta diversa (exigibilidade de conduta diversa). O princípio da culpabilidade exige que estejam presentes tais elementos para haver a punição do indivíduo. (...) Dispõe a CF, em seu art. 5º, LVII, que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. A partir dessa ideia, é possível extrair três ideias do Estatuto de Roma: A pena privativa de liberdade só é admissível após a condenação em caráter definitivo; Quem deve comprovar a responsabilidade penal do réu é o órgão acusatório; Eventual dúvida, deve ser interpretada a favor do réu (in dubio pro reo). No entanto, o STF entendeu que o início da execução da pena, após a confirmação da condenação na 2ª instância, não viola o princípio do estado de inocência ou da não culpabilidade. (...) Este princípio não encontra consagração expressa na Constituição, mas está previsto no Estatuto de Roma, em seu artigo 20. Para o Estatuto de Roma, nenhuma pessoa poderá ser julgada por outro tribunal por um crime mencionado no artigo 5°, relativamente ao qual já tenha sido condenada ou absolvida pelo Tribunal. O princípio da vedação do bis in idem não é um princípio absoluto. Há uma exceção no art. 8º do Código Penal, que são os casos de extraterritorialidade da lei penal brasileira, pois o artigo 8º do CP diz que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Logo, é possível que o sujeito tenha sido processado duas vezes pelo mesmo fato. No direito brasileiro, a sentença condenatória transitada em julgado evita que se instaure novo processo contra o réu condenado, em razão do mesmo fato, quer para impingir ao sentenciado acusação mais gravosa, quer para aplicar-lhe pena mais elevada. A doutrina sustenta que a proibição de imposição de mais de uma consequência jurídico-repressiva pela prática dos mesmos fatos ocorre, ainda, quando o comportamento definido espaço-temporalmente imputado ao acusado não foi trazido por inteiro para apreciação do juízo. Isso porque o objeto do processo é informado pelo princípio da consunção, pelo qual, tudo aquilo que poderia ter sido imputado ao acusado, em referência a dada situação histórica e não o foi, jamais poderá vir a sê-lo novamente. CPIuris – Direito Penal – Parte Geral. Material Completo. 2018, p. 23/26. 3- Marque a assertiva INCORRETA a) Pelo princípio da confiança, todo aquele que se conduz com observância ao dever de cuidado objetivo exigido, pode esperar que os demais co-participantes de idêntica atividade procedam do mesmo modo. b) Desdobramento do princípio da legalidade é o da taxatividade, que impede a edição de tipos penais genéricos e indeterminados. c) Tratando-se de crimes permanentes, aplica-se a lei penal mais grave se esta tiver vigência antes da cessação da permanência. d) O princípio da ofensividade ou lesividade (nullum crimen sine iniuria) não exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Gabarito: D O princípio da ofensividade ou lesividade (nullum crimen sine iniuria) exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 4- Para solucionar o conflito aparente de normas, são empregados os princípios da a) especialidade, legalidade, intranscendência e alternatividade. b) especialidade, legalidade, consunção e alternatividade. c) especialidade, subsidiariedade, consunção e alternatividade. d) legalidade, intranscendência, consunção e alternatividade. e) legalidade, consunção, subsidiariedade e alternatividade. Gabarito: C Quando falamos de conflito aparente de normas, não falamos em sucessão de leis penais no tempo. Para que falemos no conflito aparente de normas, é necessário que haja duas leis penais em vigor ao mesmo tempo. Para resolver o conflito aparente de norma, é necessário se valer dos seguintes princípios: • princípio da especialidade • princípio da subsidiariedade • princípio da consunção • princípio da alternatividade CPIuris – Direito Penal – Parte Geral. Material Completo. 2018, p. 41. 5-Assinale a alternativa CORRETA I - A lei penal, ao entrar em conflito com lei penal anterior, pode apresentar as seguintes situações: novatio legis incriminadora, abolitio criminis, novatio legis in pejus e novatio legis in mellius. II - Há progressão criminosa quando o agente, a fim de alcançar o resultado pretendido pelo seu dolo, obrigatoriamente, produz outro, antecedente e de menor gravidade, sem o qual não atingiria o seu fim. III - Há crime progressivo quando o dolo inicial do agente era dirigido a determinado resultado e, durante os atos de execução, resolve ir além, e produzir um resultado mais grave. a) Todas estão corretas. b) Apenas I está correta. c) Apenas II e III estão corretas. d) Apenas I e III estão incorretas. e) Todas estão incorretas. Gabarito: B I – CORRETA II – INCORRETA Há crime progressivo quando o agente, a fim de alcançar o resultado pretendido pelo seu dolo, obrigatoriamente, produz outro, antecedente e de menor gravidade, sem o qual não atingiria o seu fim. III – INCORRETA Há progressão criminosa quando o dolo inicial do agente era dirigido a determinado resultado e, durante os atos de execução, resolve ir além, e produzir um resultado mais grave. 6- Possuem imunidade diplomática, EXCETO: a) Chefes de estado e chefes de governo, bem como seus familiares e membros da comitiva. b) Embaixador e sua família. c) Agente consular d) Funcionários do corpo diplomático e sua família. e) Funcionários de organização internacional, quando estes estiverem em serviço. Gabarito: C O agente consular tem a função meramente administrativa, não desfrutando de imunidade diplomática. Apesar disso, o cônsul possui uma imunidade restrita aos atos de ofício, ou seja, é uma imunidade funcional relativa. CPIuris – Direito Penal – Parte Geral. Material Completo. 2018, p. 37. 7- A respeito das imunidades parlamentares assinale a alternativa CORRETA a) Os Deputados e Senadores são invioláveis penalmente por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos, sendo, desde a posse, submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. b) Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de quarenta e oito horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. c) Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido antes a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. d) O pedido de sustação será apreciado pelo Congresso Nacional no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. e) Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. Gabarito: E a) Art. 53, CF Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. b)art. 53, § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. c) art. 53, § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. d) art. 53, 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. e) art. 53, § 6º , CF – CORRETA 8- Marque a Alternativa INCORRETA. a) Aplica-se a lei brasileira, em prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. b) A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. c)Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. d) É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. e) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Gabarito: A a) 5º, CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. b) art. 8º, CP c)art. 5º, §1º, CP d) art. 5º, §2º, CP e) art. 3º, CP 9- A extraterritorialidade prevista no art. 7º, do Código Penal estabelece quais crimes ficam sujeitos à lei brasileira, embora estes crimes tenham sido cometidos no estrangeiro. Com relação a extraterritorialidade, marque a opção CORRETA. a) haverá extraterritorialidade condicionada nos crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público b) haverá extraterritorialidade condicionada para os crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. c) é caso de extraterritorialidade hipercondicionada nos crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da República. d) haverá extraterritorialidade incondicionada praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Gabarito: B Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: (EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA) a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: (EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA) a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. 10- Assinale a alternativa INCORRETA a) Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997. b) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. c) O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública. d) Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. e) É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo ser analisadas as circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta em exame. Gabarito: B a) Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018, DJe 17/04/2018. b) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1688878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 622). STF. 2ª Turma. HC 155347, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/04/2018. c) Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública. STJ. Corte Especial. Aprovada em 20/11/2017, DJe 27/11/2017. d) Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência doméstica. Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. O STJ e o STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale ressaltar que o fato de o casal ter se reconciliado não significa atipicidade material da conduta ou desnecessidade de pena. STJ. 5ª Turma. HC 333.195/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 12/04/2016. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 318849/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/10/2015. STF. 2ª Turma. RHC 133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/5/2016 (Info 825). e) É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo ser analisadas as circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta em exame. STJ. 5° Turma. AgRg no AREsp 654.321/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2015. É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816). CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia> DIREITO PENAL II - Aula Bonus.pdf Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 1 MAGIS 8 EXTREME Aula Bônus DIREITO PENAL PARTE GERAL TEORIA GERAL DA NORMA PENAL (CONTINUAÇÃO) Princípio da ofensividade ou lesividade “Nulla necessitas sine injuria” Não há necessidade de se tipificar uma conduta como crime caso se verifique que ela não ofende um bem jurídico. É necessário que haja lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado para que haja crime. Parte da doutrina entende, com base nesse princípio, que os crimes de perigo abstrato são delitos inconstitucionais, porque de fato não haveria ali um perigo concreto para um bem jurídico tutelado pela norma. No entanto, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou pela constitucionalidade de crimes de perigo abstrato. É constitucional, por exemplo, o delito do artigo 12 do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826), que tipifica a posse ilegal de arma de fogo desmuniciada. O sujeito tem uma arma de fogo, guardada no cofre de casa e ainda assim pratica o crime. São vedações decorrentes do princípio da ofensividade ou lesividade: • vedação à criminalização de pensamentos e cogitações (direito à perversão)- o pensamento é impunível; • vedação à criminalização de condutas que não tenham caráter transcendental (vedação à criminalização da autolesão)- é preciso que a conduta atinja bem jurídico de uma pessoa diversa do agente. De maneira que a autolesão não pode ser punida. Cabendo ressaltar que Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 2 pratica o crime de estelionato o sujeito que provoca lesão em si próprio ou destrói um bem particular com o fim único de receber o seguro, porque nessa situação o que se tem é um crime contra o patrimônio da seguradora, que é uma outra pessoa, pessoa jurídica e, portanto, há alteridade; • vedação à criminalização de meros estados existenciais (vedação da criminalização da pessoa pelo que ela é)- não é possível criminalizar a pessoa pelo que ela é. Essa é a razão pela qual, a mendicância deixou de ser uma contravenção penal. Não se pode criminalizar uma pessoa simplesmente por ser mendigo. a) Princípio da alteridade: consiste em um subprincípio do princípio da lesividade. A conduta deve atingir ou ameaçar bem jurídico de terceiro. Princípio da responsabilidade pessoal É vedado que a pena atinja pessoa diversa daquela que cometeu a infração penal. Desdobramentos: • A denúncia deve ser individualizada, dizendo, ainda que minimamente, o que os acusados fizeram. • Exige-se que, na sentença, seja feita a individualização da pena, considerando isoladamente todas as peculiaridades da conduta de cada um dos envolvidos na empreitada criminosa. Aqui estamos diante de um princípio constitucional, que é o princípio da individualização da pena. Princípio da responsabilidade subjetiva Vedação da responsabilidade penal objetiva. Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 3 Pergunta-se: O sujeito que praticou o crime quando estava completamente embriagado poderá responder pela infração penal, ainda que tenha se embriagado culposamente? A resposta é sim, porque neste caso analisaremos não o momento em que ele efetivamente prática a conduta criminosa por estar complemente embriagado, mas o momento em que ele decide se embriagar, que ele começa a beber voluntariamente, pois entende-se que na origem, a ação dele era livre. Será analisado se nesse momento inicial era previsível a conduta criminosa que veio a praticar. Se analisando ação na origem for constatado que ela era livre na causa, ele deverá responder. É a teoria que se denomina actio libera in causa. Princípio da culpabilidade Limita o direito de punir do Estado. Nós sabemos que crime é fato típico, ilícito e culpável. É preciso, portanto, que o sujeito que comete o fato típico e ilícito seja culpável (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude da conduta e exigibilidade de conduta diversa) para ser punível. O que significa que o agente deve ser imputável, deve ter potencial consciência da ilicitude daquilo que praticou e é preciso que fosse exigível dele, naquelas circunstâncias uma conduta diferente, a chamada exigibilidade conduta diversa. Princípio da presunção de inocência (chamado de Princípio do estado de inocência ou princípio da não culpabilidade) O artigo 5º, LVII da CF prevê que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. O professor Rogério Sanches vai lembrar que é possível extrair três ideias do Estatuto de Roma: Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 4 • a pena privativa de liberdade só é admissível após a condenação em caráter definitivo, isto é, após o trânsito em julgado da condenação; • Quem deve comprovar a responsabilidade penal do réu é o órgão acusatório, tendo em vista que o indivíduo é presumivelmente inocente; • In dubio pro reo - existindo dúvida se o indivíduo é culpável ou não, o juiz deverá absolve-lo, tendo em vista que ele é presumivelmente inocente. O STF, até o momento entende que o início da execução da pena, após a confirmação da condenação em 2ª instância, não viola o princípio do estado de inocência ou da não culpabilidade, sob a justificativa de que quando os autos são remetidos ao Tribunal para julgamento da apelação o fato já está definitivamente apreciado, não sendo mais possível o revolvimento fático, mas tão somente a verificação pertinentes as questões de direito, seja da legislação federal no STJ, por meio de um Recurso Especial, seja da própria Constituição e da compatibilidade do que restou decidido com a CF, por meio de um Recurso Extraordinário no STF. Portanto, como o fato está definitivamente apreciado é possível o início imediato da execução da pena. Princípio da pessoalidade Nos termos do artigo 5º, XVL, da Constituição Federal nenhuma penal passará da pessoa do condenado. Está ligado ao princípio da responsabilidade penal subjetiva, responsabilidade penal pessoal, da culpabilidade, princípio da individualização da pena, etc. Princípio da vedação do bis in idem Ninguém será processado e nem condenado duas vezes pelo mesmo fato. Este princípio não encontra consagração expressa na Constituição, mas poderá ser extraído Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 5 do artigo 20 do Estatuto de Roma, do qual o Brasil é signatário, motivo pelo qual tal estatuto tem no Brasil força de lei. Como não há previsão na CF, a vedação ao bis in idem vai encontrar exceções previstas inclusive em lei. Exemplo: o artigo 8º do CP, prevê: “a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.” O artigo 8º do CP trata do que se denomina extraterritorialidade incondicionada. A partir do estudo do artigo supracitado conclui-se que é possível impor a um indivíduo uma pena no estrangeiro por um determinado fato e uma pena no Brasil pelo mesmo fato. Portanto, o princípio da vedação do bis in idem não é absoluto. Contudo, cabe destacar que, via de regra, não se admite o bis in idem. Por esta razão quando da dosimetria da pena a reincidência não pode ser valorada como agravante e como maus antecedentes, sob pena de bis in idem. Da mesma forma o STJ, em entendimento vinculado no Informativo 569, asseverou que a proibição de imposição de mais de uma consequência jurídico-repressiva pela prática dos mesmos fatos ocorre, ainda, quando o comportamento imputado ao acusado, definido espaço- temporalmente, não tenha sido trazido por inteiro para apreciação do juízo. Ex.: Um determinado fato é levado a apreciação do juízo, o qual é analisado e em razão dele o sujeito é ao final condenado por dois roubos. Posteriormente é descoberto que em verdade foram três os patrimônios violados em concurso formal e não somente dois. Mesmo diante desta nova informação o fato não pode ser novamente apreciado, pois já foi objeto de julgamento e ninguém pode ser processado, nem condenado duas vezes pelo mesmo fato. Princípio da confiança Todos possuem o direito de atuar acreditando que as demais pessoas irão agir de acordo com as normas que disciplinam a vida em sociedade. Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 6 EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO É possível que a lei penal se movimente no tempo. É o que se denomina extra-atividade. Se a lei penal é aplicada a fatos posteriores a sua revogação, estamos diante do instituto da ultratividade da lei penal. Se a lei penal é aplicada a fatos que ocorreram antes da sua entrada em vigor estamos diante do instituto da retroatividade da lei penal. Tempo do Crime O artigo 4º do Código Penal adotando a teoria da atividade prevê que se considera praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. O que significa que se o sujeito com 17 anos, 11 meses e 29 dias atira em uma pessoa que é socorrida, levada ao hospital e vem a óbito depois de uma semana, o autor do crime embora já fosse maior de idade na data do óbito da vítima, responde pelo ato infracional análogo ao crime de homicídio e não pelo crime de homicídio, pois o momento do crime é o momento da ação. Sucessão de leis penais A CF em seu artigo 5º, XL institui que a lei penal não retroagirá (é o princípio da irretroatividade da lei penal), salvo para beneficiar o réu (é a retroatividade da lei penal benéfica). a) Novatio legis incriminadora- a lei penal, nesse caso, não retroagira. b) Novatio legis in pejus – A lei penal que torna o tratamento do réu mais gravoso, a sanção cominada aquela fração uma sanção mais grave, chamada de novatio legis in pejus, não Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 7 retroagirá. A lei nova que, de qualquer modo, prejudique o réu será irretroativa. Súmula 711 do STF: A Súmula 711 do STF (“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.”) não é considerada uma exceção a norma, inclusive constitucional. Isso porque no crime permanente, a exemplo da extorsão mediante sequestro, a situação de flagrante se protrai no tempo, o que significa que quando a lei mais gravosa entrou em vigor, o crime ainda estava sendo praticado e o sujeito ainda estava em situação de flagrante. Logo, enquanto o sujeito praticava a infração penal já estava em vigor a lei mais gravosa e por isso ela é aplicada. A mesma ideia se aplica aos crimes continuados. No crime continuado o sujeito prática mediante mais de uma ação ou omissão delitos da mesma espécie (do mesmo tipo penal), dentro das mesmas circunstâncias de tempo, local, modo de execução, de forma que se considera um continuação do outro. Essa é a ideia do crime continuado, que se trata de uma ficção jurídica. Na verdade, o que temos é um indivíduo que prática uma sequência de crimes, alguns durante a vigência da Lei A e outros da Lei B, sendo esta a mais nova e mais gravosa. Em algum momento, quando a lei nova mais grave já está em vigor ele praticou um crime desta sequência. E o artigo 71 do CP prevê que em casos de crime continuado aplica-se a pena mais grave se elas forem diversas ou uma delas, se forem iguais, exasperando-se de 1/6 a 2/3 considerando o número de infrações praticadas. Nesse caso, portanto, pega-se a pena mais grave imposta pela lei nova e a exaspera. c) Abolitio criminis– Nos termos do artigo 2º do CP “ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos da sentença condenatória”. Constitui o que se denomina abolition criminis quando uma lei posterior deixa de considerar um fato como criminoso. Neste caso, como a lei nova é mais benéfica, retroagirá. A abolitio criminis faz cessar os efeitos penais, sejam eles principais (o sujeito deixa de cumprir a pena), sejam eles secundários (ex.: ele não será considerado reincidente). Poderá a vítima cobrar indenização do réu, mesmo que tenha ocorrido abolitio criminis, pois o fato da conduta ter deixado de ser considerado um ilícito penal não significa que ele não Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 8 seja um ilícito civil, portanto, o dever de indenizar persiste. Os efeitos extrapenais não são alcançados pela abolitio criminis. A natureza jurídica da abolitio criminis, apesar da posição do professor Flavio Monteiro de Barros, com o qual o professor Samer concorda, no sentido de que a abolitio criminis tem natureza de causa extintiva da tipicidade, fato é que o código penal adotou a posição segunda a qual a natureza jurídica do abolitio criminis é de causa extintiva da punibilidade. d) Novatio legis in mellius- se verifica quando o crime com a publicação da nova lei continua sendo criminoso, contudo o indivíduo que o praticar estará sujeito, por exemplo, a uma pena mais branda. Esta lei nova retroagirá, por ser benéfica, ainda que já tenha ocorrido o trânsito em julgado da condenação (art. 2º, parágrafo único do CP). Se o sujeito já estiver cumprindo pena será o juízo da execução o competente para aplicar a nova lei ao caso concreto. Este entendimento inclusive já foi sumulado pelo STF, no verbete 611, que institui: “Após o trânsito em julgado da sentença, o juiz competente para aplicar a novatio legis in mellius é o juízo da execução”. O professor Rogério Sanches faz uma ponderação e defende que se for necessário o exercício de um juízo de valor e não somente um cálculo aritmético será necessário que se ajuíze uma revisão criminal para que o órgão competente (competência originária dos tribunais ou turmas recursais) aplique a novatio legis in mellius. e) Lei penal benéfica em período de vacatio legis 1ª Corrente (Alberto Silva Franco): defende que é possível a aplicação desta lei 2ª Corrente: A lei penal durante a vacatio legis não tem eficácia jurídica, razão pela qual não pode beneficiar o réu. Uma lei somente terá aptidão para produzir efeitos quando entrar em vigor. De maneira que uma lei em vacatio legis, mesmo que mais benéfica, se revogada antes de entrar em vigor, nunca terá produzido efeito. É a corrente prevalente. f) Combinação de leis penais (lex tertia)- Ex.: quando o individuo praticou a infração penal estava em vigor a lei A, que previa para tal crime uma pena de 2 a 6 anos e para a progressão de regime o cumprimento de ¼ da pena. Quando do julgamento deste crime estava em vigor a lei B, que lhe impunha pena de 3 a 7 anos e para progressão o cumprimento de 1/6 da Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 9 pena. Diante deste contexto temos que a pena da lei B é maior, contudo a sua progressão se dará em menor tempo. Pergunta-se: é possível então aplicar ao caso a pena da lei A e a progressão de regime da lei B? Não, o STF entende que a combinação de leis implica na criação de uma terceira lei pelo Poder Judiciário. E o Poder Judiciário não pode atuar como legislar positivo, apenas como legislador negativo. Portanto, deverá ser aplicada a lei A ou a lei B em sua integralidade, devendo se aplicar aquela que no caso concreto se mostre mais benéfica ao réu. Caso não seja possível apontar qual seja a mais benéfica a doutrina defende que o réu deverá ser intimado para que ele se manifeste, por meio de seu defensor, sobre qual das normas deseja ser adotada como parâmetro para o seu julgamento. g) Continuidade típico-normativa- Há supressão formal, mas não material do crime, ou seja, não há mais uma capitulação jurídica específica, mas a conduta continua a ser considerada criminosa. Ex.: com a criação da Lei 12.015 o atentado violento ao puder, tipificado no artigo 214 do CP, teve sua conduta migrada para o delito de estupro, artigo 213 do CP. Em outras palavras a Lei 12.015 acabou com o crime de atentado violento ao pudor, contudo aquele que constranger outrem a ato libidinoso diverso da conjunção carnal (ex.: sexo anal) após a lei 12.015, não responderá pelo crime de atentado violento ao pudor, mas responderá por estupro, pois a sua conduta continua sendo criminosa. h) Leis temporárias e lei excepcionais – são leis que já nascem com previsão de revogação. A lei temporária já é instituída com a data prevista de revogação, enquanto a lei excepcional vigorará até que cesse a circunstância excepcional, para a qual ela foi criada. Ex.: calamidade. Cessada a calamidade a lei perde a sua vigência. Ambas possuem como características a autorrevogabilidade. Serão aplicadas aos fatos praticados durante a sua vigência, mesmo após sua revogação (ultratividade). Como regra, não há abolitio criminis e nem mesmo lex mitior para os fatos delitivos praticados durante a vigência das leis temporárias e excepcionais, salvo se houver determinação expressa em lei nesse sentido. A Lei 12.663, que busca proteger o patrimônio material e imaterial da FIFA, tendo vigência até 31/12/2014 consiste em um exemplo de lei temporária, pois ela foi criada com um prazo Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 10 determinado, certo de vigência. i) Retroatividade da jurisprudência- em via de regra, a extra-atividade da jurisprudência, tanto a ultratividade, quanto a retroatividade não é admitida. Todavia, o professor Rogério Sanches faz uma ponderação no sentido de que a jurisprudência de caráter vinculante (p.ex.: uma súmula vinculante) ou a decisão do STF em sede de controle concentrado de inconstitucionalidade, devem retroagir para beneficiar o réu. Nesses casos, a decisão será erga omnes. Contudo, para fins de primeira fase, jurisprudência não retroage, ainda que para beneficiar ao réu. j) Retroatividade da lei penal no caso de norma penal em branco- a norma penal em branco própria é aquela, cujo seu complemento normativo é ato diverso do legislador (ex.: portaria, decreto, etc.). A imprópria, em sentido amplo, por sua vez, é aquela, cujo complemento se dará por ato do legislador (ex.: conceitos do código civil complementando conceitos do código penal). STF: a alteração de complemento da norma penal em branco homogênea (norma penal em branco imprópria) deverá retroagir para beneficiar o réu. Se houver a revogação do complemento, que é uma lei evidentemente isso retroagirá para beneficiar o réu. Contudo, se norma penal em branco for própria (norma penal em branco heterogênea) a revogação do complemento pode ou não retroagir, dependendo da natureza do complemento: (i) Quando a legislação não se reveste de excepcionalidade (isto é, a retirada tem caráter permanente), como é o caso da retirada do cloreto de etila da lista da Portaria da Anvisa que complementa a Lei de Drogas, haverá a retroatividade da lei penal. A alteração produz a descriminalização da conduta. (ii) Quando a legislação complementar é revestida de caráter excepcional, como é o caso de Portarias que fazem tabelamento de preços (crimes contra a ordem econômica), não haverá a retroatividade da lei penal. k) Lei intermediária mais benéfica- o STF vai dizer que se entre a data do fato e a data da Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 11 sentença houver uma lei que tenha entrado em vigor e tenha sido revogada posteriormente, caso ela se mostre mais benéfica ao réu, ela terá duplo efeito: retroatividade em relação ao fato e ultratividade em relação a sentença. Portanto, a lei que teve vigência entre a data do fato e a data do julgamento e que se mostra mais benéfica ao réu, é a que será aplicada. LEI PENAL NO ESPAÇO Quando falamos em lei penal no espaço nos referimos a possibilidade de conflito de jurisdição internacional. Existem alguns princípios que vão orientar essas situações para evitar que estes conflitos ocorram. São princípios que levam à solução de um conflito aparente: 1. Princípio da territorialidade- a lei penal do local no qual o crime foi praticado é a que será aplicada, não importando a nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico. 2. Princípio da personalidade ativa ou da nacionalidade ativa- aplica-se a lei do país do agente do crime, sem importar a nacionalidade da vítima, o local do crime ou o bem jurídico violado. 3. Princípio da personalidade passiva ou da nacionalidade passiva- - aplica-se a lei do país pertencente à vítima do crime, sem importar a nacionalidade do agente, local do crime ou bem jurídico violado. 4. Princípio da defesa real- é a aplicação da lei penal da nacionalidade da coisa, do bem jurídico lesado. 5. Princípio da justiça penal universal (justiça penal cosmopolitica)- é o princípio que exige que se faça justiça, sem importar onde. O agente fica sujeito às leis do país em que for encontrado. 6. Princípio do pavilhão (substituição ou bandeira): aplica-se a lei nacional aos crimes cometidos em aeronaves ou embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro, mas lá não sejam julgados. Princípio que adotamos em caso de extraterritorialidade condicionada da lei penal brasileira. Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 12 Teorias da lei penal no espaço O artigo 5º do CP, com sua função integradora, vai nos permitir concluir que no Brasil aplica-se como regra o princípio da territorialidade mitigada. Conforme disposto no artigo 5º, aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido em território nacional. Portanto, o crime praticado em território nacional, está sujeito inicialmente a lei penal brasileira. Porém há possibilidade de se firmar um tratado internacional que veda a aplicação da lei brasileira em determinadas situações. Por isso falamos que o princípio da territorialidade no Brasil é mitigado. Eventualmente admite-se que por expressão previsão uma Convenção Internacional, por exemplo, imponha a aplicação da lei estrangeira a fato praticado no território brasileiro. É o que denominamos intraterritorialidade. Ex.: casos de imunidade diplomática. No mesmo sentido, é possível aplicarmos a lei penal brasileira a fato praticado no estrangeiro. É o que denominamos extraterritorialidade. Território nacional Nos termos do artigo 5º, parágrafo 1º do CP, consideram-se como extensão do território nacional, sujeita a aplicação da lei penal brasileira os crimes praticados dentro de embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem. São também extensão do território nacional as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. O parágrafo 2º do artigo 5º do CP prevê que é também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando- se as aeronaves em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, ou Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 13 então as embarcações em porto ou mar territorial do Brasil. Embaixadas Apesar de as Embaixadas serem invioláveis, não constituem extensão do território dos países que representam. A depender de quem pratique o crime dentro de uma embaixada, haverá incidência da lei penal brasileira, salvo se houver convenções, tratados e regras de direito internacional em sentido contrário. Passagem inocente É a não incidência da lei penal brasileira no caso em que ocorra crime dentro de navio ou aeronave que se encontra de passagem pelo território nacional. Ex.: o avião decolou nos Estados Unidos, sentido a Argentina, no momento em que está sobrevoando o Brasil, um crime ocorre. Não se aplica, neste caso a lei brasileira, pois o avião não irá pousar no Brasil. O mesmo se aplica se o crime foi praticado dentro de um navio que saiu do México sentido ao Uruguai, enquanto ele passava pelo Brasil, pois o navio não tem a intenção de se atracar no território nacional. Lugar do crime Em relação ao local do crime o artigo 6º do CP adota a teoria mista ou da ubiquidade, pois considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão (teoria da atividade), no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (teoria do resultado). Vele destacar que o código de processo penal, em seu artigo 70, para fins de fixação de Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 14 competência adota-se a teoria do resultado. O professor Rogério Sanches traz uma classificação dos crimes, em relação ao local: (i) Crimes à distância (crime de espaço máximo)- são aqueles cometidos em dois países soberanos. Pode gerar conflito internacional de jurisdição; (ii) Crimes em trânsito- são aqueles cometidos em três ou mais países. Pode gerar conflito internacional de jurisdição. (iii) Crime plurilocal: percorre dois ou mais territórios de um mesmo país. Pode existir um conflito de competência, pois atinge várias comarcas de um país. Extraterritorialidade É a possibilidade de aplicar a lei penal brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro. Esta matéria é regulada pelo artigo 7º do CP. a) Extraterritorialidade incondicionada No inciso I, o artigo 7º traz as hipóteses de extraterritorialidade incondicionada da lei penal brasileira, isto é, ainda que o sujeito tenha sido processado e condenado no estrangeiro, ele será processado e condenado também no Brasil. Estamos aqui diante de uma exceção ao princípio do ne bis in idem. Será aplicada a extraterritorialidade incondicionada quando: (i) o crime for cometido contra a vida ou a liberdade do Presidente da República- Se o crime é cometido contra o patrimônio ou qualquer outro bem do Presidente da República distinto da vida ou a liberdade, não é caso de extraterritorialidade incondicionada. (ii) o crime cometido contra o patrimônio ou a fé pública da Administração Direito ou Indireta- Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 15 ou seja, contra o patrimônio da União, estados, DF, territórios, municípios, autarquias, fundações instituídas pelo poder público, empresas públicas e sociedades de economia mista. (iii) crime é praticado contra a Administração Pública por alguém que esteja a seu serviço. (iv) crime de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. b) Extraterritorialidade condicionada No inciso II, do artigo 7º teremos a extraterritorialidade condicionada. Nos casos de extraterritorialidade condicionada a aplicação da lei penal brasileira ao fato praticado no estrangeiro exige a presença de algumas condições. São situações nas quais a extraterritorialidade da lei penal será condicionada: (i) Quando se tratar de crime que por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (ii) Praticados no estrangeiro por brasileiro; (iii) Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Aplicação do princípio da bandeira. As condições para aplicação da lei penal brasileira a estes casos são: (i) Entrar o agente no território nacional: trata-se de condição de procedibilidade; (ii) Ser o fato punível também no país em que foi praticado: trata-se de condição objetiva de punibilidade; (iii) Estar o crime incluído entre aqueles em relação aos quais a lei brasileira autoriza a extradição- ou seja, que a pena privativa de liberdade cominada seja maior ou igual a 2 anos; (iv) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena: respeito Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 16 ao ne bis in idem; (v) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, segundo a lei mais favorável, não estar extinta a punibilidade. Ex.: configuração da prescrição segundo a pena aplicada ao fato no estrangeiro. b) Extraterritorialidade hipercondicionada Exige, além de todas as condições da extraterritorialidade condicionada, que, em relação ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil não tenha sido pedida ou tenha sido negada a extradição e haja requisição do Ministro da Justiça (condição de procedibilidade). A ação penal aqui, portanto, é pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça. Competência para extraterritorialidade Via de regra, a competência será do juízo estadual, salvo se presente qualquer das hipóteses do artigo 109 da CF, quando então a competência será da Justiça Federal. Nos termos do artigo 88 do CPP, no processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do estado onde houver por último residido o acusado. Caso, ele nunca tenha residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. Pena cumprida no estrangeiro Nos termos do artigo 8º do CP, se a pena foi cumprida no estrangeiro, ela atenuará a pena imposta no Brasil, se diversa ou, se idêntica, nela será computada. Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 17 EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS I. Imunidades diplomáticas Imunidades diplomáticas são prerrogativas em razão do cargo, de natureza pública. Possuem imunidades diplomática: • Chefes de estado e chefes de governo, bem como seus familiares e membros da comitiva; • Embaixador e sua família; • Funcionários do corpo diplomático e sua família; • Funcionário de organização internacional, quando estiverem em serviço A Convenção de Viena assegura ao agente diplomático a imunidade de jurisdição penal do estado acreditado, ou seja, ele não pode ser punido pelas leis do estado acreditado. Ex.: O embaixador da Suécia no Brasil não pode ser punido segundo as leis brasileiras. Isso não significa que ele não deva obediência as leis brasileiras. Os agentes diplomáticos devem obediência as leis brasileiras, pois elas possuem caráter geral (generalidade) e são imperativas, de maneira que se impõem a todos. O que ocorre na verdade é que, caso ele não observe tais normas não será punido segundo a lei brasileiro, mas poderá ser punido segundo a lei do seu país. Quando então teríamos uma situação de intraterritorialidade, pois será aplicada a lei do país acreditante aqui no Brasil. O agente diplomático não pode ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão, conforme Decreto 6.435/65. Esta inviolabilidade se estende à sua residência, documentos, correspondências, ou seja, aos bens em geral. A natureza jurídica da imunidade diplomática é causa pessoal de isenção de pena. Esta Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 18 imunidade se aplica a qualquer crime, e não apenas aos atos praticados no exercício da função. II. Agente consular O agente consular tem a função meramente administrativa, não desfrutando de imunidade diplomática. Em verdade, o que o cônsul possui é tão somente imunidade funcional relativa, isto é, restrita aos atos do ofício. III. Imunidades parlamentares As imunidades parlamentares podem ser classificadas em: • Imunidades absolutas (substancial, material ou indenidade)- nos termos do artigo 53 da CF Deputados e Senadores são invioláveis civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Em relação a opiniões e palavras, o STF entende que para haver a incidência da imunidade absoluta, é preciso que haja uma conexão entre as palavras e opiniões do parlamentar e o exercício de suas funções, caso contrário ele poderá ser responsabilizado. Se o parlamentar estiver nas dependências do Parlamento presume-se absolutamente que há essa conexão. • Imunidades relativas (formal ou processual)- prevista no artigo 53, parágrafos 1º ao 8º da CF e trata-se: (i) Imunidade relativa ao foro; (ii) Imunidade relativa à prisão (incoercibilidade dos congressistas); (iii) Imunidade relativa ao processo; (iv) Imunidade relativa à condição de testemunha; (v) Imunidade relativa ao estado de sítio Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 19 (i) IMUNIDADE RELATIVA AO FORO- Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o STF. É o chamado foro por prerrogativa de função. O STF conferiu interpretação restritiva a norma constitucional, dizendo que este foro por prerrogativa de função só se faz presente quando o Parlamentar cometeu crimes em razão do mandato e enquanto estiverem no mandato. (ii) IMUNIDADE RELATIVA À PRISÃO (chamada de INCOERCIBILIDADE DOS CONGRESSISTAS)- Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa do respectivo Parlamentar, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão (trata-se de uma decisão política). Pergunta-se: Como Delcidio do Amaral foi preso enquanto Senador? Isso ocorreu devido ao fato de que lhe foi imputado a prática de delito de embaraçar investigação de organização criminosa, tipificado na Lei 12.850. Este delito é considerado permanente, ou seja, ele estava em situação de flagrante (primeiro requisito). Ademais entendeu o Ministro Teori que nesta situação não caberia fiança, portanto, estaríamos diante de um flagrante delito de crime que se mostrou na situação em apreço inafiançável. Tendo o STF por unanimidade ratificado a decisão do Ministro. Com relação à pensão alimentícia, há uma divergência sobre a possibilidade de prisão ou não do parlamentar em débito: 1ª Corrente (Uadi Lammego Bulos): é possível. O professor Samer concorda com esta corrente, sob o fundamento de que a incoercibilidade do congressista, na condição de garantia constitucional deve conviver com outras garantias constitucionais, entre as quais temos a chamada prioridade absoluta da criança e do adolescente. Neste contexto parece que a prioridade da criança e do adolescente deve prevalecer, de maneira que seria cabível a prisão do Parlamentar por débito alimentar. 2ª Corrente (Gilmar Mendes): não é cabível, eis que a imunidade abarca qualquer ato de privação da liberdade, impedindo também as prisões de natureza extrapenal. 3ª Corrente (Rogério Sanches): a depender da espécie de alimentos poderá ou não haver a prisão. Se os alimentos forem provisórios, não cabe prisão. Se definitivos, sim. Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 20 (iii) IMUNIDADE RELATIVA AO PROCESSO- Se o Parlamentar é processado por delito cometido no curso do mandato e em razão dele, entende-se que o Supremo poderá receber a denúncia, mas deverá comunicar o recebimento à Casa respectiva deste parlamentar. Não é uma condição de procedibilidade, mas sim condição para que se prossiga o processo. Uma vez comunicada pelo STF a casa legislativa um partido político nela representado poderá provocar a Casa para que se manifestem sobre suspensão ou não do andamento deste processo. Ocorrendo esta provocação a Casa Legislativa deverá decidir no prazo de 45 dias. A decisão sobre a suspensão ou não se dará pelo voto ostensivo e nominal da maioria absoluta de seus membros (parágrafo 3º, do artigo 53). Se eles decidirem pela suspensão do processo estarão sustados o processo e o curso do prazo prescricional. Vale destacar que a chamada imunidade parlamentar processual não se estende a inquérito policiais. De maneira que o Parlamentar pode ser investigado, não havendo que se falar em sustação de inquérito policial a pedido de qualquer partido político. O STF entende que nas situações nas quais há foro por prerrogativa de função, ou seja, quando o Parlamentar tiver sendo investigado por um crime cometido no curso do mandato e em razão dele, como se trata de Parlamentar a instauração de inquérito policial fica sujeito a uma requisição do Procurador Geral da República e como a competência é do Supremo, o andamento do inquérito policial deve ser supervisionado pela Suprema Corte. Tanto é que quanto o Ministério Público deseja que o inquérito policial seja prorrogado ele requer ao Ministro do Supremo a prorrogação. (iv) IMUNIDADE RELATIVA À CONDIÇÃO DE TESTEMUNHA- Não se trata de parlamentar acusado ou investigado. A imunidade aqui é em relação a condição de testemunha do parlamentar. Os parlamentares são obrigados a testemunhar, salvo em duas hipóteses excepcionais, previstas na CF: • Não são obrigados a prestar testemunhos sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato; Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 21 • Não são obrigados a prestar testemunho sobre as pessoas que lhe confiaram ou deles receberam informações Nos termos do artigo 221 do CCP, os parlamentares possuem a prerrogativa de serem inquirido em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. (v) IMUNIDADES RELATIVAS AO ESTADO DE SÍTIO Mesmo que tenha sido decretado o estado de sítio, as imunidades parlamentares persistem. É possível, contudo, que estas imunidades sejam suspensas pela decisão de 2/3 dos parlamentares da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, e que sejam incompatíveis com a execução da medida, do estado de sítio. Parlamentar licenciado STF: Parlamentar licenciado (ex.: Deputado Federal licenciado para ser Ministro de Estado) não tem mais as imunidades processuais e materiais que anteriormente possuía, salvo o foro por prerrogativa de função. Imunidade dos Deputados Estaduais Prevê o artigo 27, parágrafo 1º da CF que estende as imunidades dos parlamentares federais aos deputados estaduais. Imunidades dos Vereadores Nos termos do artigo 29, VIII da CF, os Vereadores possuem inviolabilidade por suas Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 22 opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município. Ou seja, possuem apenas imunidades absolutas (materiais). Vereadores não possuem foro por prerrogativa de função, salvo se previsto na Constituição Estadual. O foro por prerrogativa de função do prefeito está na CF, devendo ser julgado originariamente no Tribunal de Justiça. O STF faz uma leitura da norma constitucional de forma a ampliar essa competência para Tribunais de 2º grau, a depender da espécie de crime cometido (TRF, TRE ou TJ). Nesse sentido, será julgado perante o Tribunal de Justiça quando o crime for de competência da justiça estadual, se for um crime eleitoral quem vai julgará é o TRE e se for federal competirá ao TRF julgar. DISPOSIÇÕES GERAIS I. Eficácia da sentença estrangeira Sentença criminal proveniente de estado soberano estrangeiro deve ser homologada no Brasil pelo STJ para, em via de regra, produzir efeitos no país. Fala-se em via de regra, pois alguns efeitos não estão condicionados à homologação. Ao fazer a homologação, o STJ não aprecia o mérito, fazendo apenas um exame formal (juízo de prelibação). Sentença estrangeira que não viola a soberania nacional, os bons costumes e a ordem pública e que observa os pressupostos legais indispensáveis ao deferimento do pleito deve ser homologada. Após a homologação, se a parte quiser que o agente repare o dano, restitua a coisa ou outro efeito civil, deverá promover uma nova ação. A sentença penal estrangeira pode ser homologada tanto para que produza efeito extrapenal (ex.: buscar uma indenização), quanto para que seja cumprida uma medida de segurança. Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 23 Se a homologação for pertinente à medida de segurança será imprescindível que exista tratado de extradição com o país de cuja autoridade emanou a decisão. Se não houver esse tratado, é necessário que haja uma requisição do ministro da justiça que suprirá a necessidade do tratado entre os países. A homologação é prescindível para que ela produza efeitos como reincidência, impedir o sursis, tornar mais difícil a concessão de livramento condicional. Contagem de prazo • Prazos processuais penais (CPP)- não é computado o dia do início, mas é incluído o dia do vencimento. Se cair em feriado ou dia não útil, prorrogar-se-á para o primeiro dia imediatamente posterior. • Prazos penais: improrrogabilidade dos prazos. Será incluído o dia do começo e excluído o dia do final. Frações não computáveis da pena São excluídas as frações de dia e frações de reais. Nesse sentido, é o que prevê o artigo 11 do CP: Art. 11. São desprezados, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de reais (cruzeiro). Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 24 Conflito aparente de normas Para que falemos no conflito aparente de normas, é necessário que haja duas leis penais em vigor ao mesmo tempo e que aparentemente estejam em conflito, quando de fato não estão. Para resolver o conflito aparente de norma, é necessário se valer dos seguintes princípios: (i) Princípio da especialidade; (ii) Princípio da subsidiariedade; (iii) Princípio da consunção; (iv) Princípio da alternatividade. • Princípio da especialidade- lei especial prevalece sobre a geral. A lei especial tem todos os elementos da lei geral e mais alguns elementos especializantes. A lei especial não necessariamente é mais grave. O infanticídio é exemplo de uma norma especial, quando comparada ao homicídio. No infanticídio, assim como no homicídio a autora do delito matou alguém, mas ela matou o próprio filho, sob a influência do estado puerperal, durante o parto ou logo após. Pelo princípio da especialidade esta mãe responderá por infanticídio, sujeito a pena muito menor do que aquela imputada ao homicídio. Aqui não há relevância se o crime é mais gravoso ou menos gravoso. • Princípio da subsidiariedade- aqui estamos diante de uma norma principal e uma norma subsidiária, tendo esta um alcance muito maior do que aquela. A norma principal traz uma infração penal mais grave. O sujeito poderá responder pela infração principal ou subsidiária a depender daquela que melhor se amolda a sua conduta. A subsidiariedade pode ser tácita, inferindo da leitura do tipo ou pode ser expressa, isto é, o próprio tipo penal pode dizer que é subsidiário. Ex.: artigo 239 do CP: “simular casamento mediante engano de outra pessoa. Detenção de um a três anos, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.” A norma subsidiária só se aplica quando não houver subsunção do fato à norma mais grave, que é a norma principal. • Princípio da consunção- aqui um crime absorve o outro, pois um é apenas meio para a Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 25 configuração de outro. O crime que consome o outro não necessariamente é o mais grave, embora exista entendimento nesse sentido. No princípio da consunção não necessariamente será aplicada a pena do crime mais grave, porque o próprio entendimento sumulado do STJ (Súm. 171) traz situação em que o crime que está consumindo o outro crime, é menos grave. Quando o STJ diz que se o crime de falso se exaure no estelionato, resta por este absorvido, ele está dizendo que falsificação de documento público (pena de reclusão de 2 a 6 anos) é absorvida pelo estelionato (pena de reclusão de 1 a 5 anos), se o falso se exauriu nesta conduta. Com isso o sujeito responde apenas pelo crime de estelionato. Em 2016 o STJ entendeu que, se o agente criou farmácia de fachada para vender produtos falsificados destinados a fins terapêuticos ou medicinais, ele deverá responder pelo delito do artigo 273 do CP- Falsificação de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais (e não por este concurso com tráfico de drogas), ainda que fique demonstrado que ele também mantinha em depósito e vendia alguns medicamentos e substâncias consideradas psicotrópicas no Brasil por estarem na Portaria SVS/MS nº 344/1998. Assim, mesmo tendo sido encontradas algumas substâncias que podem ser classificadas como droga, o crime do artigo 33 da Lei 11.343/2006 ficará absorvido pelo delito do artigo 273 do CP, que possui maior abrangência. Aplica-se aqui o princípio da consunção. STJ: “não se mostra plausível dizer que houve a prática de dois crimes distintos e em concurso material quando, em um mesmo cenário fático, se observa que a intenção criminosa era dirigida para uma única finalidade, perceptível, com clareza.” Casos de consunção: Crime progressivo x Progressão criminosa 1 Súmula 17 do STJ: “quando o fato se exaure no estelionato sem mais potencialidade lesiva é por este absorvido.” Material elaborado por Danielle Aparecida Ferreira 26 Quando falamos em crime progressivo a intenção do sujeito é cometer uma infração penal mais grave, mas para cometê-la terá que passar por uma infração penal menos grave. Ex.: alguém querendo matar seu desafeto, necessariamente terá que inicialmente lesioná-lo. Neste caso ocorreu a consunção da lesão corporal pelo homicídio. Certo que o dolo do agente deste o inicio era o de matar. Se, porém, o dolo inicial do agente era lesionar, mas depois que ele obtém o seu intento inicial (lesão), muda o seu dolo, passando a decidir pela morte da vítima e por isso continua empregando atos com o fim de mata-lo, estaremos diante do instituto da progressão criminosa. Portanto, no crime progressiva o dolo desde o início é pela infração penal mais grave. Na progressão criminosa, por sua vez, o agente começa com o dolo de uma infração penal menos grave e quando alcança este resultado troca o dolo passando a ter o dolo de uma infração penal mais grave. Em ambos os casos, obtendo-se êxito na empreitada mais grave, somente por este responderá. São ainda casos de consunção os chamados ante factum impunível e post-factum impunível. Ante factum impunível é o que ocorre antes e não será punível. São fatos anteriores que estão na linha de desdobramento da ofensa mais grave naquela situação em particular. Ex.: violação de domicílio para furtar. A violação de domicílio é etapa do furto, mas não de todo furto. Por essa razão, não se fala em progressão criminosa ou crime progressivo. Post factum impunível, por sua vez, consiste basicamente no exaurimento do crime principal. Ex.: sujeito que furtou um automóvel e coloca fogo no carro não pratica um furto e um dano, mas apenas um furto. A destruição posterior é post factum impunível. SLIDES AULA 2 Penal (Parte Geral).pdf DIREITO PENAL (PARTE GERAL) PROF. SAMER AGI Teoria geral da norma penal (continuação). V. Princípio da ofensividade ou lesividade “Nulla necessitas sine injuria”. É necessário que haja lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado para que haja crime. • Parte da doutrina entende, com base neste princípio, a inconstitucionalidade dos crimes de perigo abstrato ausência de perigo concreto de lesão ao bem jurídico. • Os Tribunais Superiores admitem delitos de perigo abstrato como constitucionais. Ex.: posse ilegal de arma de fogo desmuniciada. São vedações decorrentes do princípio da lesividade: • Vedação à criminalização de pensamentos e cogitações (direito à perversão) • Vedação à criminalização de condutas que não tenham caráter transcendental (vedação à criminalização da autolesão) • Vedação à criminalização de meros estados existenciais (vedação da criminalização da pessoa pelo que ela é) a) Princípio da alteridade Subprincípio do princípio da lesividade. A conduta deve atingir ou ameaçar atingir bem jurídico de terceiro. VI. Princípio da responsabilidade pessoal É vedado que a pena atinja quem não praticou o fato. Desdobramentos: • A denúncia deve ser individualizada, dizendo, ainda que minimamente, o que os acusados fizeram. • Exige-se que, na sentença, seja feita a individualização da pena. VII. Princípio da responsabilidade subjetiva Vedação da responsabilidade penal objetiva. No caso da embriaguez, actio libera in causa. VIII. Princípio da culpabilidade Limita o direito de punir do Estado. É preciso que o sujeito seja culpável (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude da conduta e exigibilidade de conduta diversa) para ser punível. IX. Princípio da presunção de inocência CF, art. 5º, LVII: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. É possível extrair três ideias do Estatuto de Roma: • A pena privativa de liberdade só é admissível após a condenação em caráter definitivo; • Quem deve comprovar a responsabilidade penal do réu é o órgão acusatório; • In dubio pro reo. STF: o início da execução da pena, após a confirmação da condenação na 2ª instância, não viola o princípio do estado de inocência ou da não culpabilidade. X. Princípio da pessoalidade Art. 5º, XLV, CF: Nenhuma pena passará da pessoa do condenado Ligado ao princípio da responsabilidade penal subjetiva, responsabilidade penal pessoal, da culpabilidade etc. XI. Princípio da vedação do bis in idem • Não encontra consagração expressa na Constituição. • Previsto no Estatuto de Roma, artigo 20. • O princípio da vedação do bis in idem não é um princípio absoluto. Art. 8º do CP: a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. STJ, inf. 569. A proibição de imposição de mais de uma consequência jurídico-repressiva pela prática dos mesmos fatos ocorre, ainda, quando o comportamento imputado ao acusado, definido espaço-temporalmente, não tenha sido trazido por inteiro para apreciação do juízo. XII. Princípio da confiança Todos possuem o direito de atuar acreditando que as demais pessoas irão agir de acordo com as normas que disciplinam a vida em sociedade. Eficácia da lei penal no tempo I. Introdução É possível que a lei penal se movimente no tempo: extra- atividade. • Se a lei penal é aplicada a fatos que ocorreram antes da sua entrada em vigor retroatividade da lei penal. • Se aplicada a fatos posteriores a sua revogação ultratividade da lei penal. II.Tempo do crime Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado (teoria da atividade - art. 4º, CP). III. Sucessão de leis penais Art. 5º, XL: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. a) Novatio legis incriminadora A lei penal, neste caso, não retroagirá. b) Novatio legis in pejus A lei nova que, de qualquer modo, prejudique o réu, também será irretroativa. Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. c) Abolitio criminis Art. 2º do CP: ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Obs.: poderá a vítima cobrar indenização do réu. Os efeitos extrapenais não são alcançados. Flávio Monteiro de Barros: a natureza jurídica da abolitio criminis é causa extintiva da tipicidade. Código Penal: a abolitio criminis é causa extintiva da punibilidade. d) Novatio legis in mellius Lex mitior. Art. 2º, parágrafo único, do CP: a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Após o trânsito em julgado da sentença, o juiz competente para aplicar a novatio legis in mellius é o juízo da execução (S. 611 do STF.) Rogério Sanches: é possível que a análise da lei mais benéfica seja feita pelo juízo competente para apreciar a revisão criminal (competência originária dos tribunais ou turmas recursais). Isso ocorre quando houver necessidade de exercício de um juízo de valor. e) Lei penal benéfica em período de vacatio legis 1ªC:Alberto Silva Franco: é possível a aplicação. 2ªC: A lei penal durante a vacatio legis não tem eficácia jurídica, razão pela qual não pode beneficiar o réu. É a corrente prevalente. f) Combinação de leis penais (lex tertia) STF não admite - seria criação de uma terceira lei A benignidade da lei posterior ou da anterior deve ser feita considerando-as separadamente. Doutrina: é possível que a escolha caiba ao réu. g) Continuidade típico-normativa Há a supressão formal, mas não material do crime. Ex.: o crime de atentado violento ao pudor (art. 214) teve sua conduta migrada para o delito de estupro (art. 213). h) Leis temporárias e excepcionais São leis que já nascem com previsão de revogação. Serão aplicadas aos fatos praticados durante a sua vigência, mesmo após sua revogação (ultratividade). Lei temporária: tem um prazo determinado, certo. Ex.: Lei 12.663/12, que busca proteger o patrimônio material e imaterial da FIFA, tendo vigência até 31/12/2014. Lei excepcional: editada em função de algum acontecimento excepcional. Exemplo: uma calamidade. Tais leis possuem duas características essenciais: • Autorrevogabilidade. • Ultratividade. Como regra, não há abolitio criminis e nem mesmo lex mitior para os fatos delitivos praticados durante a vigência das leis temporárias e excepcionais, salvo se houver determinação expressa em lei nesse sentido. i) Retroatividade da jurisprudência A extra-atividade, ultratividade ou retroatividade da jurisprudência não é admitida. Todavia, não se pode negar a possibilidade de retroatividade benéfica de jurisprudência de efeito vinculante, bem como quando há um controle concentrado de constitucionalidade. Nesses casos, a decisão será erga omnes. Para primeiras fases, devemos marcar que jurisprudência não retroage, ainda que para beneficiar o réu. j) Retroatividade da lei penal no caso de norma penal em branco STF: a alteração de complemento da norma penal em branco homogênea (norma penal em branco imprópria) deverá retroagir para beneficiar o réu. Todavia, no caso de uma alteração de uma norma penal em branco heterogênea, a retroatividade da lei penal dependerá: • quando a legislação não se reveste de excepcionalidade, como é o caso da retirada do cloreto de etila da lista da Portaria da Anvisa que complementa a Lei de Drogas, haverá a retroatividade da lei penal. A alteração produz a descriminalização da conduta. • quando a legislação complementar é revestida de caráter excepcional, como é o caso de Portarias que fazem tabelamento de preços (crimes contra a ordem econômica), não haverá a retroatividade da lei penal. k) Lei intermediária mais benéfica Doutrina e do STF: esta lei é dotada de duplo-efeito: • retroatividade: retroage para alcançar o fato; • ultratividade: alcança a sentença ou o julgamento. Prevalece a norma mais favorável que tenha tido vigência entre a data do fato e a data da sentença. Lei penal no espaço I. Introdução e princípios Quando falamos em lei penal no espaço, há a possibilidade de conflito de jurisdição internacional. Princípios que levam à solução de um conflito aparente: • Princípio da territorialidade: a lei penal do local do crime é a que será aplicada, não importando a nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico. • Princípio de nacionalidade ativa (personalidade ativa): aplica-se a lei do país do agente do crime, sem importar a nacionalidade da vítima, o local do crime ou o bem jurídico violado. • Princípio da nacionalidade passiva (personalidade passiva): aplica-se a lei do país pertencente à vítima do crime, sem importar a nacionalidade do agente, local do crime ou bem jurídico violado. • Princípio da defesa real: é a aplicação da lei penal da nacionalidade da coisa, do bem jurídico lesado. • Princípio da justiça penal universal (justiça penal cosmopolita): é o princípio que exige que se faça justiça, sem importar onde. O agente fica sujeito às leis do país em que for encontrado. • Princípio do pavilhão (substituição ou bandeira): aplica- se a lei nacional aos crimes cometidos em aeronaves ou embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro, mas lá não sejam julgados. II.Teorias da lei penal no espaço Art. 5º: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. Teoria da territorialidade mitigada Permite-se, eventualmente, a aplicação da lei estrangeira a fato praticado no território brasileiro (intraterritorialidade). Exemplo: casos de imunidade diplomática. Também é possível aplicar a lei penal brasileira a fato praticado no estrangeiro extraterritorialidade. III.Território nacional §1º do art. 5º Consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem. Também são extensão do território nacional as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. §2ºdo artigo 5º É também aplicável a lei brasileira aos
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