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RIO PITIMBU ARTIGO

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IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS DECORRENTES DO USO E OCUPAÇÃO DO 
SOLO EM TORNO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PITIMBU – REGIÃO 
METROPOLITANA DE NATAL (RN)
KAROLINE RACHEL TEODOSIO DE MELO;
ALINE RACHEL BEZERRA GURGEL; 
KLEBER MIRANDA DE ARAUJO;
CELIA DA CONCEIÇÃO REIS DE SANTANA;
EDBAR WILSON PEREIRA CÂMARA.
Tecnolandos do curso de Gestão Ambiental do CEFET – RN
Resumo: O abastecimento de água em Natal, capital do Rio Grande do Norte (RN), pode 
entrar em colapso nos próximos dez anos caso não sejam tomadas providências para conter a 
degradação ambiental acelerada, sobretudo em áreas estratégicas para alimentação do aqüífero 
da cidade. Um dos problemas mais alarmantes acerca dessa situação é a degradação ambiental 
decorrente da ocupação humana progressiva e desordenada em torno da Bacia Hidrográfica 
do Rio Pitimbu (BHRP), localizada no litoral oriental do RN, abrangendo os municípios de 
Macaíba, Parnamirim e Natal. Tal bacia é responsável pelo abastecimento de 30% das regiões 
Leste, Oeste e Sul da capital potiguar. Entretanto, o desmatamento das matas ciliares da 
BHRP juntamente com as práticas agrícolas intensivas desenvolvidas às margens do rio 
Pitimbu, provocam a erosão dos solos e o posterior assoreamento, diminuindo, dessa forma, a 
profundidade do rio em questão. O presente lançamento de dejetos urbanos e industriais gera 
a contaminação desse recurso hídrico. Além disso, o conjunto desses fatores intensifica o 
processo de degradação, influindo no equilíbrio do ecossistema e na qualidade de vida, 
principalmente da população da região metropolitana de Natal. Sendo assim, visando avaliar 
as implicações ambientais decorrentes das formas de uso e ocupação do solo da bacia em 
análise, foi realizado um estudo teórico e crítico que objetiva averiguar o histórico do 
processo de ocupação urbana, procurando caracterizar os principais poluentes encontrados ao 
longo da extensão do rio Pitimbu. Nesse contexto, para a execução do objetivo proposto, 
realizaram-se levantamentos de informações bibliográficas relacionadas à bacia em foco por 
meio de consultas a relatórios dos órgãos competentes (IGARN, IDEMA, IBAMA, 
COMPLAN, SEMURB). Com essa pesquisa, pretende-se, portanto, apresentar as potenciais 
medidas mitigadoras que poderão promover a recuperação e o uso sustentável do rio em 
estudo, proporcionando, dessa forma, a gestão integrada da Bacia Hidrográfica do Rio 
Pitimbu. 
Palavras-chave: Rio Pitimbu;ocupação humana;degradação
1 INTRODUÇÃO
A ocupação humana crescente e desordenada em torno das bacias hidrográficas coloca 
desafios especiais para o profissional da área de degradação ambiental. Conforme a 
urbanização acontece, as mudanças na hidrologia natural na área tornam-se inevitáveis 
(SCHUELER, 1995, apud ARAÚJO, ALMEIDA e GUERRA, 2005). Nesse sentido, 
atividades como desmatamentos, queimadas, agricultura intensiva, extrativismo agressivo e 
urbanização generalizada geram a impermeabilização dos solos e degradação das águas dos 
rios e lagos, comprometendo a qualidade de vida da população (BORGES, 2002). Esse é o 
cenário das bacias hidrográficas urbanas do estado do Rio Grande do Norte (RN), como no 
caso da bacia do rio Pitimbu, a qual merece um estudo detalhado devido a sua importância e 
falta de gestão adequada.
O rio está localizado no litoral oriental do RN, tem sua nascente no município de 
Macaíba, percorre os municípios de Natal e de Parnamirim, desaguando, por fim, na lagoa do 
Jiqui. A bacia hidrográfica desse rio possui um formato de um polígono irregular (ver figura 
1) de aproximadamente 150 km² e está situado entre os paralelos 5°50’00’’ e 5°57’53’’ de 
latitude sul e os meridianos 35°11’08’’ e 35°23’19’’ de longitude oeste. 
Figura 1: Área da Bacia Hidrográfica do Rio Pitimbu.
Fonte: VBA Consultores, 2005 apud IGARN 2006
Ao longo do trajeto do rio Pitimbu, verifica-se um histórico de degradação ambiental 
progressivo decorrente do crescimento urbano desordenado. Tal fato proporcionou o aumento 
na deposição de dejetos nas áreas próximas ao rio, já que o sistema de saneamento básico dos 
três municípios banhados pelo rio é ineficiente.
Nessa perspectiva, este trabalho tem como objetivo analisar a importância ambiental, 
econômica e cênica do rio Pitimbu, bem como averiguar o histórico do processo de ocupação 
urbana nas áreas de matas ciliares que o circundam. Este estudo visa também caracterizar os 
principais poluentes na Bacia Hidrográfica do Rio Pitimbu (BHRP). 
Para execução do objetivo proposto, realizaram-se levantamentos de informações 
bibliográficas e documentais relacionadas à bacia em foco. Dessa forma, esse estudo busca, 
primeiramente, caracterizar a BHRP bem como avaliar sua importância ambiental, econômica 
e paisagística. Em seguida, expor os impactos ambientais na bacia em questão e o futuro do 
rio Pitimbu e, por fim, apresentar as potenciais medidas mitigadoras que poderão promover a 
recuperação e o uso sustentável do rio em estudo, proporcionando, assim, a gestão integrada 
da BHRP.
2 CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PITIMBU
Para caracterizar a BHRP, levou-se em conta a geologia, a geomorfologia, o solo, a 
vegetação e a fauna da bacia (IGARN, 2005). Os aspectos geomorfológicos têm o intuito de 
identificar em nossa área de estudo, as divisões do relevo que se expressam e se caracterizam 
por meio de leito recente e sub-recente, vertente, tabuleiro e dunas, todos pertencentes às 
terras baixas. 
De acordo com o Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte – 
IGARN, à geologia da área em estudo é compreendida por três formações: formação 
Barreiras, depósitos eólicos e aluviões, apresentando uma estratigrafia constituída por rochas 
pré-cambrianas do embasamento cristalino, sobrepostos por sedimentos areníticos e calcários 
com idade geológica Mesozóica e período Cretáceo.
Em relação ao relevo, essa bacia é caracterizada por possuir duas regiões de altitudes 
bem distintas. A primeira região compreende a parte baixa, com altitudes que variam de 4 a 
45 metros, com declividade de 0,29 m/km. A segunda é compreendida por altitudes com 
variações de 180 a 45 metros, sendo a declividade média de 2,30m/km. Em conformidade 
com as plantas cartográficas da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste 
(SUDENE), a área de drenagem da bacia do Rio Pitimbu é de 180,00km², sendo o 
comprimento do leito principal de 37,00 km e declividade média de 1,03m/km. Verifica-se 
que a altimetria espressa-se por meio de perfis distintos onde da nascente ao médio curso, 
ocorre uma ocupação do solo por atividades relacionadas com a agropecuária, apresentando 
características de subsistência e sendo realizadas por pequenos proprietários. Do médio ao 
baixo curso desse mesmo rio, até o encontro com o riacho Taborda, à medida que o rio 
Pitimbu se distancia do canal fluvial as altitudes encontradas formam regiões homogêneas, 
caracterizando o uso do solo para fins tipicamente urbanos e industriais. Do alto para o baixo 
curso, é possível identificar uma variação de altitude de 66 metros acima do nível do mar, 
demonstrada pela Figura 2. As feições geomorfológicas apresentadas são, segundo a teoria 
Davisiana do ciclo geográfico, uma condição do estágio de senilidade (CHRISTOFOLETTI, 
1981). 
Figura 2 – Perfil longitudinal da bacia hidrográfica do 
rio Pitimbu, indicando o desnível topográfico da 
nascente à foz.
Fonte: Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento 
Remoto, 2007.
Segundo IGARN(2005), os solos de maior expressão na área da bacia do Pitimbu são os 
tabuleiros do grupo Barreiras, nas regiões de alto e médio curso da bacia que ocorrem em 
associação aos latossolos (solos profundos, muito porosos, textura arenosa a média, resistente 
à erosão, apresentando baixa fertilidade natural e acidez,comprometendo o uso em 
agricultura). Na região de baixo curso, próximo ao litoral, observa-se o predomínio das areias 
quartzosas distróficas (solos profundos, muito arenosos, ácidos e de fertilidade natural muito 
baixa, exigindo doses elevadas de adubações e calagem. O aproveitamento hidroagrícola 
desses solos pode alcançar boas produtividades, se tiverem suas limitações corrigidas). 
Aparecem, ainda, com pouca representatividade geográfica, margeando o vale do rio Pitimbu, 
coberturas arenosas podzolizadas (apresentam textura arenosa na superfície e argilosa nos 
horizontes inferiores, ocorrendo em relevo plano a suave ondulado, estando sujeitas a 
alagamentos). A identificação e distribuição geográfica dos solos fornecem importantes 
elementos para estabelecer a aptidão agrícola das áreas dos municípios em estudos, orientando 
as obras de engenharia civil, a escolha de locais para disposição de rejeitos industriais e 
urbanos, sólidos e líquidos, e os trabalhos de controle a erosão. 
Em virtude do crescimento urbano de forma desordenada, hoje resta muito pouco da 
vegetação nativa na área da bacia do rio Pitimbu. Tal vegetação é composta por floresta 
subperenifólia densa, possuindo folhas largas e em grande quantidade que se mantêm sempre 
verdes. Vale salientar que os troncos dessa formação vegetal costumam ser delgados e o solo 
encontra-se coberto de húmus. Já nas áreas de maior intervenção humana, são encontrados 
tabuleiros costeiros. Porém a cobertura vegetal predominante em torno da bacia do rio 
Pitimbu é a savana florestada, podendo ser densa ou aberta. Uma particularidade sobre a 
savana florestada densa é que esta tem uma vegetação formada por um dossel contínuo, que 
não permite a penetração de luz até o solo, possuindo características opostas em relação à 
savana aberta que apresenta um porte menor, com árvores mais espaçadas favorecendo a 
penetração de luz até o solo. Há predominância de gêneros e de espécies de nanofanerófitos, 
como Schinus terebenthifolius, Lythraea brasiliensis, ErythroxyIom, Myrcia e Eugenia que 
emprestam um caráter lenhoso à formação (COSTA, 1995).
Vale salientar ainda que áreas com maiores concentrações de cobertura vegetal são mais 
vulneráveis ao sofrer um processo de ocupação humana do que aquelas com menos densidade 
de vegetação. Isso se deve à maior fragilidade das áreas com vegetação fechada diante dos 
impactos resultantes das ações antrópicas, ao contrário do que acontece com as áreas de 
vegetação aberta que apresentam uma menor vulnerabilidade.
 Associada à vegetação da BHRP, observa-se a composição de uma fauna característica 
que é dotada de uma diversificada variedade de animais. Dentre as principais espécies de aves 
encontradas naquele nicho ecológico, desenvolvendo hábitos peculiares destacam-se o 
carcará, curió, pêga, xexéu boá, graúna, cabocolinho; dos mamíferos destacados, têm-se o 
mico-estrela-do-tufo-branco, animal que se adapta bem em áreas degradadas ou em processo 
de recuperação, e o preá (FUNPEC, 1998).
Em relação a herpetofauna com exceção do jacaré-de-papo-amarelo, não foram 
identificadas espécies raras ou ameaçadas de extinção. Foram encontrados em maior número, 
a serpente-salamanta, falsa-coral, cobra-verde, coral-verdadeira, corricampo, bem como a 
cobra-de-duas-cabeças, a víbora, a lagartixa, o camaleão e o calango. Quanto aos peixes, 
encontramos em uma das regiões banhadas pelo rio, exemplares de muçum, traíra, cascudo, 
piau, jundiá, cangatí, maria doce; bagre de água doce e bebel.
Dentre as espécies nativas, que são presentes em menor número, as mais freqüentes são 
a piaba, a carapeba, o camurim, o bebeu e o piau. Também encontram-se presentes algumas 
espécies de anfíbios e crustáceos como o camarão pitú, e outros (ECONATAL, 1995).
3 IMPORTÂNCIA AMBIENTAL, ECONÔMICA E PAISAGÍSTICA DA BHRP
A BHRP tem uma importância incontestável tanto para o meio ambiente quanto para a 
população da Grande Natal. Tal bacia é atualmente responsável pelo abastecimento de cerca 
de 30% das regiões Leste, Oeste e Sul de capital potiguar. 
No que tange a importância econômica, a BHRP, no início de sua ocupação, era fonte 
de renda para as populações ribeirinhas que utilizavam suas águas para agricultura e pesca. 
Hoje, o Rio Pitimbu é fundamental para efetivação das atividades industriais que se 
encontram em seu entorno. Contudo, as indústrias que se beneficiam das águas do rio Pitimbu 
não estão utilizando-as de forma sustentável.
Outro fato concernente a esse assunto, é que a grande maioria dos poços utilizados no 
abastecimento de águas da cidade de Natal apresenta elevados índices de contaminação por 
nitrato, com teor superior ao máximo admitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 
Esses poços ainda operam devido à mistura destas águas contaminadas com a água, ainda 
limpa do Rio Pitimbu, diluindo-os. 
A importância do rio Pitimbu, no entanto, não se restringe ao abastecimento de águas. 
Ele também é responsável pela amenização do clima das regiões circunvizinhas, tornando-o 
mais úmido e, dessa forma, mais agradável.
A mata da principal lagoa da BHRP, o Jiqui, é uma representante importantíssima do 
bioma da Mata Atlântica em seus limites setentrionais e encontra-se relativamente bem 
conservada, apesar da forte pressão exercida pela expansão urbana. Ela também é um dos 
maiores fragmentos florestais nas proximidades de Natal e, além de assegurar a sobrevivência 
das espécies integrantes da comunidade, é fonte de dispersão das espécies para toda a região. 
Sua existência é fundamental para projetos futuros de corredores ecológicos na região e para a 
sobrevivência do rio.
4 IMPACTOS AMBIENTAIS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PITIMBU
Segundo IGARN(2005), a aceleração do processo de urbanização proporcionou 
modificações na bacia hidrográfica do rio Pitimbu. Os três municípios que a circundam – 
Macaíba, Parnamirim e Natal- sofrem um intenso processo de degradação ambiental devido à 
ocupação urbana, agrícola, instalação de centro industrial e conseqüente perda de vegetação 
nativa de áreas de dunas, restingas, rios, riachos e manguezais, que são ecossistemas 
caracterizados por um alto grau de vulnerabilidade. Proveniente desses municípios observa-se 
o lançamento de esgotos sem tratamento no rio Pitimbu, assim como se pode notar um 
aumento do escoamento pluvial (devido à urbanização), erosão e produção de lixo urbano. 
Esses fenômenos estão comprometendo o atual manancial urbano, utilizado para o 
abastecimento da capital potiguar.
Dentro desse contexto de urbanização, houve um adensamento populacional bastante 
significativo. Estima-se que a população residente no entorno da bacia hidrográfica em 
estudo, chega a 160.647 habitantes e que esta mesma população é desprovida principalmente 
nas regiões de Parnamirim e Macaíba, de um sistema de saneamento básico e tratamento de 
efluentes. Dessa forma, de acordo com o relatório final do IGARN (2005), sabe-se que os 
resíduos sólidos produzidos por Natal e Parnamirim são encaminhados para o aterro sanitário 
de Ceará-Mirim, porém essa medida parece ineficiente frente à Parnamirim, já que em tal 
município, registram-se a ocorrência de lixões em diversos bairros. Os resíduos provenientes 
de Macaíba, por sua vez, são destinados ao lixão Pé do galo localizado na BHRP, onde muitas 
famílias vivem como catadores de lixo e apesar de saberem dos perigos advindos da 
realização dessa prática, continuam exercendo tal atividade.
Baseado no exposto acima, se entende que é na destinação final dos resíduos em que a 
situação é mais crítica, uma vez que existem danos ambientais gravíssimos no que diz 
respeito, principalmente, aos recursos hídricos. 
Ainda verifica-se,inserido nessa problemática, que em todos os municípios da área em 
interesse, o sistema de drenagem urbana é bastante deficiente, pois este sofre com a operância 
precária do sistema de bombeamento e com inúmeras ligações clandestinas de esgotos 
sanitários às galerias, que dificultam a resolução do problema sanitário e comprometem 
drasticamente a qualidade das águas.
Inserido nesse cenário de degradação, foram identificados pontos considerados 
representativos dos vários tipos de degradação existentes ao longo da extensão do rio Pitimbu.
De acordo com o relatório final do IGARN(2005), no município de Macaíba, onde o rio 
Pitimbu se desenvolve desde a nascente até o km 15, apresentam-se situações que 
caracterizam os problemas ambientais mais marcantes na região que é considerada área rural. 
Entre elas, pode-se citar a utilização de agrotóxicos em atividades agrícolas, o que promove a 
contaminação e a acumulação de substâncias nocivas (exemplos dessas substâncias são os 
compostos organoclorados tais como o DDT, HCH ou BHC) e até mesmo contaminação por 
metais pesados (como Fe, Pb, Zn, Cu). Estes últimos permanecem no solo por muitos anos, 
contaminando inclusive, os níveis tróficos de cadeias alimentares e o próprio ser humano. Na 
BHRP, também é evidenciado o desmatamento de matas ciliares e áreas de nascentes, assim 
como o assentamento em áreas de preservação permanente. Tais práticas degradam o solo, 
fragmentando-o e arrastando suas partículas erodidas para outras regiões, gerando dessa 
forma, o assoreamento do rio Pitimbu. Nesse trecho do rio, pode-se observar, além disso, a 
construção de barramentos que promovem o acúmulo de matéria orgânica e a conseqüente 
floração de plantas aquáticas. Verifica-se ainda, que resíduos sólidos são dispostos de forma 
inadequada, com ênfase no lixão Pé do Galo, e no Centro Industrial Avançado, instalado em 
área imprópria, fazendo com que a situação do Distrito Industrial de Natal, segundo a 
promotora Gilka da Mata, desrespeite a legislação ambiental. Especialmente a Lei 
6.938/1981, que exige licenciamento ambiental para atividades potencialmente poluidoras. 
Porém, o Governo do Estado sequer realizou estudos de impacto ambiental e simplesmente 
cedeu a área para novos empreendimentos. 
Segundo IGARN(2005), em Parnamirim onde a rede de esgotamento é praticamente 
inexistente, foram identificados o lançamento de esgotos domésticos e dejetos de animais. 
Esse tipo de esgoto contém basicamente matéria orgânica e mineral, em solução e em 
suspensão, assim como alta quantidade de bactérias e outros organismos patogênicos e não 
patogênicos. Os agentes patogênicos podem causar doenças como a cólera, a difteria, o tifo, a 
hepatite e muitas outras; Práticas como a utilização do rio como área de banho/lazer com 
lançamento de lixo, lavagem de roupa, carros e animais, também podem ser evidenciadas, 
assim como a ocupação das áreas na faixa de proteção e destruição do cordão dunar, gerando 
a erosão e carreamento de material.
Segundo IGARN(2005), no caso do municipio de Natal, não diferente dos municípios 
citados anteriormente, foram destacados o lançamento de esgotos domésticos, a ocupação do 
cordão dunar, a erosão com carreamento de material para o curso d’água promovendo o 
assoreamento, bem como o plantio agrícola com lançamentos de agrotóxicos e pontos de 
banho e lazer também com lançamento de lixo. 
Com as mudanças nos aspectos naturais da bacia do rio Pitimbu, pode-se constatar que no 
municipio de Macaíba:
-Todas as formações vegetais naturais acham-se muito modificadas pela interferência 
antrópica, ocorrendo na área campos de várzeas, florestas de várzea, catinga arbórea e 
arbustiva ralas e capoeiras, manguezais e tabuleiros. A pequena área municipal, 492 km² e a 
proximidade de Natal, capital do estado, da qual dista 22 km, que impõe um comportamento 
urbano, concorreram decisivamente para a descaracterização da vegetação municipal, não 
existindo, salvo os manguezais do estuário do rio Jundiaí, vegetação de importância 
significativa especial (MACAÍBA, 2000 P.8).
Em Parnamirim, a SETUR (1999, p.28) relata que:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bact?ria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mineral
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mat?ria_org?nica
-das reservas de mata nativa que incidem sobre o territorio de município, somente as que 
se situam em áreas militares, encontram-se resguardadas da destruição avassaladora 
promovida pela expansão urbana. As poucas areas que contêm os resquícios da vegetação 
nativa, na forma de mata ciliar, situada fora dessa reserva, sofrem o constante desgaste dessa 
ação e correm o risco de desaparecerem, em definitivo, promovendo a extinção de vários 
micro-sistemas que coontribuem para o equilíbrio ecológico para as áreasde vales dos rios e 
lagoas, podendo promover o assoreamento desses corpos
Observando as perspectivas em questão, pode-se afirmar que o desenvolvimento urbano 
sem controle é a fonte de todos os impactos. Sendo assim, compreende-se que há a falta de 
uma gestão sustentável adequada para o rio Pitimbu e que com a ampliação da urbanização 
seja pela densificação das áreas já ocupadas, ou pela urbanização de áreas rurais, o processo 
de desenvolvimento sem controle sobre os efluentes terá resultados como a redução da 
qualidade da água e contaminação dos manaciais. Pode haver também, o aumento do 
escoamento urbano devido à impermeabilização do solo pelas novas construções e o aumento 
na frequência de inundações causando prejuízos para população, assim como, prejuízos 
imobiliários. Juntamente, ocorre a erosão do solo inviabilizando a ocupação de áreas 
próximas ao rio em foco e a sub-bacias. As ações antrópicas mostram-se, pois negativas a 
partir do momento em que passam a ser um meio de deterioração da qualidade da água do rio 
Pitimbu, eliminando, por fim, grande parte de sua fauna e flora.
5 ASSOREAMENTO DO RIO PITIMBU
Dentre os principais problemas citados nesse presente trabalho, o assoreamento 
merece uma atenção um pouco especial, visto que ele é oriundo dos outros problemas 
mencionados. Atividades como barramentos para contenção de água, extração da mata ciliar, 
e da vegetação em torno do rio, contribuem para acabar com a perenidade do rio, aumentando 
o processo erosivo, culminando com o assoreamento do rio Pitimbu.
O assoreamento do rio Pitimbu se torna mais visível nos municípios de Parnamirim e 
Natal, visto que em Macaíba consideram-se como ações mais impactantes os barramentos no 
leito do rio e a implantação do Centro Industrial Avançado do Rio Grande do Norte 
(BORGES, 1999). Em Natal e Parnamirim, diversas construções que, pela lei, deveriam ser 
embargadas por se situarem muito próximas ao rio, são licenciadas. Com isso, o espaço que 
antes era ocupado pelo rio, passa a ser ocupado por depósitos de areia e argila, diminuindo 
consideravelmente o tempo de vida do rio Pitimbu, que hoje se estima que só possua mais 10 
anos de vida.
Segundo IGARN(2005), no município de Parnamirim, há outro fator impactante 
contribuinte para o assoreamento do rio em questão. Trata-se do sistema de drenagens 
pluviais do Município de Parnamirim. O problema é que esse sistema possui ligações 
clandestinas de efluentes líquidos de inúmeras edificações, aumentando assim a 
impermeabilização do solo do rio e o assoreamento.
Assim, se o governo não se mobilizar para reverter esse quadro de degradação 
constante do rio, como reflorestar as regiões de nascentes, sanear a área em torno da BHRP e 
diminuir drasticamente o crescimento urbano nessa área, muito em breve o rio vai estar 
completamente assoreado e a Região Metropolitanade Natal vai sofrer com a falta de água.
6 O FUTURO DO RIO
O rio Pitimbu pode se extinguir nos próximos 10 anos, caso nada seja feito para 
mitigar seu quadro de degradação. Pensando nisso, movimentos sócio-ambientais, como o 
Pró-Pitimbu, pressionaram os órgãos executivos do Estado à realizar um debate público com 
órgãos ambientais, universidades e organizações não-governamentais para discutir os 
problemas e contribuir com alternativas para amenizar a situação de poluição do rio em 
estudo. Pensando nisso, o governo criou o primeiro Comitê da BHRP - fórum de discussão 
sobre gerenciamento de águas. (Diário de Natal – 12/02/2006)
Tal comitê é fruto do plano de ação elaborado pelo IGARN (2005) que também tem 
como medidas:
• Elaboração e implementação de projetos de sistemas de abastecimento público de água 
para comunidades rurais no município de Macaíba e melhorar os sistemas de águas já 
existentes, com ênfase no controle de perdas e desperdícios, nas áreas urbanas dos 
municípios de Natal e Parnamirim.
• Elaboração e implementação de projetos de sistemas públicos de esgotamento 
sanitário para áreas do município de Macaíba e Parnamirim, incluindo a região de 
Nova Parnamirim;
• Dotar as indústrias do município de Parnamirim e do Centro Industrial Avançado de 
Macaíba – CIA/RN de sistemas individuais de esgotamento de efluentes industriais 
• Elaborar e implementar projetos de irrigação que contemple o reuso de efluentes 
tratados
• Elaboração e implementação de um plano emergencial de controle de vetores 
transmissores de doenças provenientes do lançamento inadequado do esgotamento 
sanitário
• Desativação imediata do lixão Pé do Galo, o qual se constitui no destino final do lixo 
produzido na zona urbana de Macaíba e implementação de um plano emergencial de 
inclusão social dos catadores de lixo, objetivando substituir essa atividade por uma 
melhor condição de vida
• Elaboração e implementação de um Plano de Recuperação das Áreas Degradadas 
(PRAD) do lixão de Macaíba e das pequenas áreas de deposição de resíduos sólidos ao 
longo do vale do Pitimbu
• Implantação de um programa de apoio à coleta seletiva e reciclagem de resíduos 
sólidos (usina de triagem/reciclagem) nos municípios de Natal, Parnamirim e 
Macaíba, e de capacitação da população rural para a reciclagem/compostagem dos 
resíduos sólidos orgânicos
• Destinação adequada dos resíduos sólidos do Município de Macaíba
• Elaboração e implementação de um plano emergencial de controle de vetores 
transmissores de doenças provenientes da deposição indevida de resíduos sólidos
• Elaboração e Implantação de Projetos de Drenagem nos municípios de Natal para as 
Bacias “L” e “O” da zona sul de Natal e nas bacias de Parnamirim que contribuem 
para o rio Pitimbu (bairros de Passagem de Areia, Monte Castelo, Parque de 
Exposições, Emaús, região de Nova Parnamirim-Bairros de Parque dos Eucaliptos, 
Parque do Pitimbu e Parque do Jiqui e áreas adjacentes do município de Parnamirim) 
incluindo as áreas conurbadas com o município de Macaíba (Bela Vista I, II e III, 
Morada Nova e Pingo D’água)
Além das medidas propostas pelo IGARN, Kalazans Bezerra, coordenador do Movimento 
Pró-Pitimbu, acrescenta que se fazem necessários: mais fiscalização nos licenciamentos 
ambientais, restrição do uso e ocupação do solo, bem como ampliação da lei ambiental 
vigente e dos projetos de educação ambiental. A principal alternativa, no entanto, continua 
sendo investir em infra-estrutura na área de saneamento ambiental.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das características bio e geomorfológicas da BHRP, constata-se que esta possui um 
alto grau de fragilidade. O desenvolvimento urbano desordenado por meio da densificação 
das áreas já ocupadas ou pela urbanização de áreas rurais, o processo de desenvolvimento sem 
controle sobre os efluentes terá resultados como a redução da qualidade da água, 
contaminação dos manaciais bem como aceleramento do assoreamento do rio, devido 
principalmente à supressão da vegetação de áreas significativas que recobre, principalmente, 
as suas margens, tornando assim, iminente o risco de interrupção no abastecimento público de 
água na região. (BORGES, 2005)
Conclui-se, assim, que os fatos analisados indicam a necessidade premente de se 
promover a gestão integrada da bacia hidrográfica do rio Pitimbu, conforme prescreve a Lei n 
9.433/97 (BRASIL, 1997) que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o 
Sistema Nacional de Gerenciamento de Nacional de Recursos Hídricos. (BORGES, 2005).
Considera-se importante ressaltar, sobretudo que, as alternativas para conter o quadro de 
degradação requerem, inicialmente, uma clara compreensão da sociedade do que seja a atual 
situação da bacia. Para tanto, mobilizar e proporcionar a participação da população nos 
processos de preservação e recuperação da BHRP é imprescindível. 
Sendo assim, portanto, cabem aos demais seguimentos da sociedade junto ao poder 
público (secretarias municipais) fiscalizar e cobrar dos órgãos gestores do meio ambiente para 
que sejam efetivadas as alternativas para diminuir o impacto da atuação negativa dos agentes 
que poluem o rio Pitimbu.
8 REFERÊNCIAS
CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia fluvial. Volume I. São Paulo: Edgard Blücher, 
1981.
FUNPEC – Fundação Norteriograndense de Pesquisa e Cultura. Relatório de impacto 
ambiental – RIMA/CIA-RN. Natal: 1998.
ROSS, J. L. S. Geomorfologia aplicada aos Eias-Rimas. In: GUERRA, A. J. T.; 
CUNHA, S. B. da. (org.) Geomorfologia e meio ambiente. 2 ed. Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil, 1998. p.291-336.
BORGES, Aldan Nóbrega et al. Estudo de impacto ambiental do centro industrial 
avançado – CIA/RN. [trabalho acadêmico da Disciplina Avaliação de Impactos 
Ambientais do Curso de Mestrado em Recursos Hídricos e Engenharia Sanitária. 
Departamento de Engenharia Civil. UFRN. Natal/RN]. Novembro, 1999.
BRAUM, Ricardo, Desenvolvimento ao ponto sustentável. Vol. 1. Petrópolis, RJ: Vozes, 
2001 p.30
	IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS DECORRENTES DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM TORNO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PITIMBU – REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL (RN)

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