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MICROPROGRAMAÇÃO, MICROPROCESSADOR GENÉRICO E CIRCUITOS INTEGRADOS PERIFÉRICOS 3 UNIDADE SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 60 27/09/2019 17:33:28 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Definir microprogramação; Elucidar alguns conceitos básicos, como microprograma, microinstruções e micro-operações; Explorar uma unidade de controle microprogramada; Explicar as vantagens e as desvantagens da microprogramação; Conceituar sequenciamento e execução de microinstrução; Abordar microprocessador genérico; Explorar a arquitetura interna do microprocessador genérico; Expor as arquiteturas CISC e RISC; Discutir as vantagens e as desvantagens das arquiteturas CISC e RISC; Definir circuitos integrados; Listar os tipos de integração dos circuitos integrados; Exemplificar tipos de encapsulamentos dos circuitos integrados; Apresentar tecnologia CMOS; Abordar a família lógica TTL; Explicitar as vantagens e as desvantagens entre a tecnologia CMOS e a família lógica TTL. Microprogramação Unidade de controle de Wilkes Sequenciamento e execução de microinstruções Execução de microinstruções Microprocessador genérico Arquiteturas de microproces- sadores: CISC, RISC e híbrida Circuitos integrados periféricos Classificação quanto à sua aplicação Graus de integração Tipos de encapsulamento Processos de fabricação Tipos de tecnologia Tecnologia CMOS ou família TTL? ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 61 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 61 27/09/2019 17:33:29 Microprogramação A terminologia microprogramação foi criada na década de 1950 pelo cien- tista da computação inglês Sir Maurice Vincent Wilkes (1913-2010) e compreen- de uma técnica de implementação de controladores síncronos que utiliza uma memória de controle semicondutora ROM (memória somente de leitura), para armazenar os sinais e as operações de controle de forma sistemática e orde- nada. Tendo em vista que o conteúdo armazenado na ROM pode ser modifi cado, a microprogramação torna-se uma técnica fl exível. Podemos entender microprograma como uma sequência (isto é, um con- junto) de microinstruções, cuja execução corresponde a uma instrução de má- quina. Por sua vez, para cada instrução de máquina existe um microprograma específi co, que indica as micro-operações necessárias para sua execução. Microinstruções são, a partir daí, micro-operações executadas por meio de um conjunto de sinais de controle. Nessas condições, uma microinstrução pode habilitar um conjunto de microcomandos, que implementam as tais mi- cro-operações. Estas são caracterizadas como sinais digitais, que atuam no controle dos componentes lógicos da microarquitetura utilizada. Portanto, o microprograma ou fi rmware é uma sequência de instruções, isto é, um conjunto de instruções programadas de forma direta no hardware do dispositivo lógico. Normalmente, o fi rmware é o próprio software que foi introduzido na manufatura do referido dispositivo. Unidade de controle de Wilkes Para proporcionar um melhor entendimento sobre os conceitos apresenta- dos, abordaremos a unidade de controle de Wilkes, explicitada na Figura 1. Para entendê-la, recorreremos ao seu funcionamento conforme explicado por Wil- liam Stallings em seu livro Arquitetura e organização de computadores, de 2010. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 62 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 62 27/09/2019 17:33:36 DIAGRAMA 1. UNIDADE DE CONTROLE DE WILKES Clock A partir do registrador de instrução Sinais de controle Sinais de controle ... ... ... Sinal condicional Registrador II Registrador I Decodificador de endereço Fonte: STALLINGS, 2010, p. 484. (Adaptado). Analisando a Figura 1, observamos que, durante um ciclo de máquina, uma das linhas da matriz é ativada com um pulso de clock, gerando sinais nos pontos indicados, que indicam a presença de diodos. A primeira parte da linha gera sinais que controlam a operação do microprocessador e a se- gunda parte se encarrega de gerar o endereço da linha a ser estimulada com um novo pulso no próximo ciclo de máquina. Nessas condições, cada linha da matriz refere-se a uma microinstrução, enquanto o layout da matriz é, na verdade, a memória de controle. EXPLICANDO Ciclo de máquina, também conhecido como ciclo de instrução ou de busca e execução, é a sequência de ações (operações) que o processa- dor realiza para executar cada instrução em código de máquina de um determinado programa. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 63 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 63 27/09/2019 17:33:37 No início do ciclo de máquina, o endereço da linha a ser estimulada com um pulso de clock é contido no registrador I. Esse endereço está na mesma entra- da do decodificador que, quando acionado, ativa uma linha da matriz. Dependendo dos sinais de controle, o opcode no registrador de instrução ou a segunda parte da linha pulsada passa para registrador II, o qual é chaveado por meio de um pulso de clock. É importante ressaltar a necessidade dos dois registradores, uma vez que o decodificador é um circuito combinacional com apenas um registrador. EXPLICANDO Opcode (“código de operação”) é a referência para a instrução que um microprocessador possui para realizar determinadas tarefas. Com base no esquema lógico apresentado na Figura 1, Wilkes apresenta um exemplo, considerado o primeiro projeto de um processador micropro- gramado, da sua utilização, para implementar a unidade de controle de uma máquina simples. Com base na Tabela 1, constatamos que o processador dessa máquina sim- ples é constituído pelos seguintes registradores: • A – multiplicando; • B – acumulador (metade menos significativa); • C – acumulador (metade mais significativa); • D – registrador de deslocamento. Ainda, existem três registradores e dois flags (chaves de controle para ativar, desativar ou mesmo ligar e desligar um circuito lógico) de um bit, exclusivamente para a unidade de controle. Diante disso, os registradores são: • E – serve tanto como um registrador de endereço de memória quanto um registrador de armazenamento; • F – refere-se ao contador de programa; • G – refere-se a outro registrador temporário (utilizado exclusivamente para a contagem). ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 64 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 64 27/09/2019 17:33:37 TABELA 1. INSTRUÇÕES DE MÁQUINA DE WILKES Acc = acumulador Acc1 = metade mais signifi cativo do acumulador Acc2 = metade menos signifi cativo do acumulador n = localização de armazenamento n C(X) = conteúdo de X (X = registrador da localização de armazenamento) ORDENS EFEITOS DA ORDEM An C(Acc) + C(n) para Acc1 Sn C(Acc) - C(n) para Acc1 Hn C(n) para Acc2 Vn C(Acc2) · C(n) para Acc, onde C(n) ≥ 0 Tn C(Acc1) para n, 0 para Acc Un C(Acc1) para n Rn C(Acc) · 2 -(n+1) para Acc Ln C(Acc) · 2 n+1 para Acc Gn IF C(Acc) < 0, transferir controle para n; se C(Acc) ≥ 0, ignorar (isto é, proceder serialmente) In Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para n On Enviar C(n) para mecanismo de saída (Acc + C(C(C n) para Acc) para C( C( C n Acc Acc para n) para C Acc para ) para C(C(C Acc para Acc Acc ) Acc, onde para IF C , onde , 0 para (Acc(Acc( C Acc (n) , 0 para 1) para Acc < 0, transferir controle para n; se Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para ≥ 0 Acc para 2-( C(C(C Acc(Acc( < 0, transferir controle para n; se Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para para Acc) < 0, transferir controle para n; se (isto é, proceder serialmente) Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para para Acc n+1 para < 0, transferir controle para n; se (isto é, proceder serialmente) Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para para < 0, transferir controle para n; se (isto é, proceder serialmente) Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para Enviar Acc < 0, transferir controle para n; se (isto é, proceder serialmente) Ler próximocaractere do mecanismo de entrada para Enviar C < 0, transferir controle para n; se (isto é, proceder serialmente) Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para n) para mecanismo de saída < 0, transferir controle para n; se C (isto é, proceder serialmente) Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para para mecanismo de saída Acc (isto é, proceder serialmente) Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para para mecanismo de saída ≥ 0, ignorar Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para para mecanismo de saída ≥ 0, ignorar Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para para mecanismo de saída ≥ 0, ignorar Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para para mecanismo de saída Ler próximo caractere do mecanismo de entrada para para mecanismo de saída Fonte: STALLINGS, 2010, p. 484. (Adaptado). Analisando a Tabela 1, pode-se dizer que, além de utilizar os sinais de con- trole, cada micro-operação é descrita em notação simbólica, caracterizando uma linguagem de microprogramação. Recuperando os conceitos já apresen- tados, constatamos que cada linha apresenta a descrição de um conjunto de micro-operações, também conhecidas como uma microinstrução. Já uma sequência de instruções é chamada de microprograma (ou fi rmware), tendo em vista que um microprograma é a interface entre o hardware e o software do sistema computacional. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 65 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 65 27/09/2019 17:33:37 Sequenciamento e execução de microinstruções De acordo com as informações apresentadas por William Stallings em seu já mencionado livro de 2010, veremos nesta seção o sequenciamento e a exe- cução de microinstruções. Uma unidade de controle desempenha duas tarefas básicas: o sequencia- mento de microinstruções, para obter a próxima microinstrução da memória de controle; e a execução de microinstruções, isto é, gerar os sinais de con- trole necessários para executá-las. Em projetos de unidades de controles microprogramadas, ambas as tarefas devem ser consideradas ao mesmo tempo, uma vez que podem comprometer tanto o formato (tamanho) da microinstrução quanto a temporização da unida- de de controle (tempo necessário para executá-la). Existem três técnicas de sequenciamento de microinstruções, para que um endereço de memória de controle seja gerado para a próxima microins- trução. Essas técnicas se baseiam no formato da informação de endereço na microinstrução. A primeira técnica refere-se aos dois campos de endereço; a segunda está relacionada no que se diz respeito ao campo de endereço único; e, por fi m, a terceira trata do formato variá- vel da informação. Vamos conhecer um pouco sobre essas técnicas de sequenciamento de microinstruções? O Diagrama 2 apresenta a primeira técnica de sequenciamento de microinstruções, conhecida como dois campos de endereço. Observe! A vantagem da microprogramação é a simplifi cação do projeto da unidade de controle, uma vez que ela possui normalmente uma lógica computacional complexa devido às inúmeras micro-operações. Por outro lado, a desvantagem da microprogramação é o uso da arquite- tura CISC (Complex Instruction Set Computer – computador com um conjunto complexo de instruções) em razão da difi culdade de sequenciar as microins- truções e gerar os sinais de controle. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 66 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 66 27/09/2019 17:33:37 DIAGRAMA 2. TÉCNICA DE SEQUENCIAMENTO DE MICROINSTRUÇÕES: DOIS CAMPOS DE ENDEREÇO Registrador de buffer de controle Seleção de endereço Flags Controle Lógica de desvio Registrador de instrução Multiplexador Endereço 1 Endereço 2 Registrador de endereço de controle Decodificador de endereço Memória de controle Fonte: STALLINGS, 2010, p. 488. (Adaptado). ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 67 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 67 27/09/2019 17:33:37 A técnica de sequenciamento de microinstruções do tipo dois campos de endereço é considerada mais fácil, quando comparada às outras duas. Analisando o Diagrama 2, constatamos que existe um multiplexador, para estabelecer o destino para os campos de endereço e para o registrador de instrução. EXPLICANDO Multiplexador, também conhecido como MUX ou multiplex, é um disposi- tivo lógico que seleciona as informações de duas ou mais fontes de dados em um único canal de comunicação. É considerado uma chave seletora digital de dados, ou seja, um circuito digital seletor de dados. Com base em uma entrada de se- leção de endereço, o multiplexador transmite o opcode ou um dos dois endereços para o registrador de en- dereço de controle (Control Address Register). Em seguida, esse registra- dor é decodificado, para produzir o endereço da próxima microinstrução. Os sinais de seleção de endereço são fornecidos por um módulo de lógica de desvio, cuja entrada consiste de flags da unidade de controle mais os bits da parte de controle da microinstrução. Embora a técnica de sequenciamento de microinstruções com dois cam- pos de endereço seja considerada simples, ela requer mais bits no interior de cada microinstrução, quando comparada às outras técnicas. Tendo em vista que certas economias podem ser alcançadas com alguma lógica adicional, é possível adotar um campo de endereço único, conforme apresentado no Diagrama 3. Com essa nova configuração, as opções para o próximo endereço são: campo de endereço, código do registrador de instru- ção e próximo endereço sequencial. Quem determina a opção para o próximo endereço são os sinais de seleção de endereço. Portanto, essa configuração reduz o número de campos de endereço para apenas um. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 68 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 68 27/09/2019 17:33:41 DIAGRAMA 3. TÉCNICA DE SEQUENCIAMENTO DE MICROINSTRUÇÕES: CAMPO DE ENDEREÇO ÚNICO Decodificador de endereço Controle Lógica de desvio Registrador de endereço de controle +1 Multiplexador Registrador de instrução Endereço Memória de controle Registrador de buffer de controle ... Flags Seleção de endereço Fonte: STALLINGS, 2010, p. 489. (Adaptado). ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 69 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 69 27/09/2019 17:33:41 A terceira técnica de sequenciamento de microinstruções, para que um en- dereço de memória de controle seja gerado para a próxima microinstrução, é conhecida como formato variável da informação. Seu objetivo é fornecer dois formatos de instrução distintos, conforme mostra o Diagrama 4. Observe! DIAGRAMA 4. TÉCNICA DE SEQUENCIAMENTO DE MICROINSTRUÇÕES: FORMATO VARIÁVEL Fonte: STALLINGS, 2010, p. 490. (Adaptado). Decodificador de endereço Memória de controle Lógica funcional Lógica de desvio Multiplexador Registrador de instrução Registrador de endereço de controle+1 Registrador de buffer de controle Campo de controle de desvio Campo inteiro Flags Seleção de endereço Campo de endereço ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 70 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 70 27/09/2019 17:33:42 Na técnica apresentada, um bit defi ne qual será o formato utilizado. Isso signifi ca que, em um formato, os bits restantes são utilizados para ati- var os sinais de controle. Já no outro formato, alguns bits conduzem o mó- dulo de lógica de desvio e os restan- tes fornecem o endereço. Com o primeiro formato, o próximo endereço é o próximo endereço se- quencial ou derivado a partir do regis- trador de instrução. Por sua vez, com o segundo formato, é especifi cado um desvio condicional ou incondicional. Vale ressaltar que nessa confi gura- ção é necessário um ciclo inteiro para cada microinstrução de desvio. Nas outras duas confi gurações (ou seja, dois campos de endereço e campos de endereço único), por outro lado, a ge- ração de endereço ocorre como parte do mesmo ciclo da geração de sinais de controle, reduzindo nessas condições os acessos à memória de controle. Execução de microinstruçõesO ciclo de uma microinstrução é considerado o evento básico em um pro- cessador microprogramado. Cada ciclo é constituído por uma parte de busca e uma de execução. A parte de busca é determinada pela geração de um ende- reço de microinstrução. Por outro lado, a parte de execução está relacionada à geração de sinais de controle. Alguns desses sinais são direcionados para o interior do processador; outros são encaminhados para o barramento de con- trole externo ou para outras interfaces. O Diagrama 5 apresenta a organização de uma unidade de controle. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 71 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 71 27/09/2019 17:33:49 DIAGRAMA 5. ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE DE CONTROLE Registrador de instrução Sinais de controle internos Sinais de controle externos Flags de ALU Clock Lógica de sequenciamento Lógica de controle Memória de controle Registrador de endereço de controle Registrador de buffer de controle Fonte: STALLINGS, 2010, p. 490. (Adaptado). Com base no Diagrama 5, podemos verificar que a organização de uma uni- dade de controle possui um módulo lógico de sequenciamento, contendo a lógica para gerar o endereço da próxima microinstrução. Esse módulo, por sua vez, utiliza como entradas o registrador de instrução, os flags da ULA (unida- de lógica aritmética), o registrador de endereço de controle e o registrador de buffer de controle. É importante salientar que o controle do módulo é realizado por um clock que determina o tempo do ciclo de microinstrução. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 72 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 72 27/09/2019 17:33:49 Microprocessador genérico O microprocessador é um dispositivo lógico programável (circuito integrado – chip) capaz de acessar, controlar e executar instruções existentes na memória principal. Também conhecido como unidade central de processamento (CPU), ele tem a função de realizar e gerenciar as operações de leitura/escrita da me- mória e executar operações aritméticas ou lógicas, bem como acessar e inter- pretar as instruções recebidas de um programa que está sendo executado. O microprocessador possui diversos dispositivos lógicos em sua arquitetu- ra interna, além de alguns barramentos (interno e externo) utilizados para a comunicação de dados. Vamos conhecer um pouco sobre cada componente de sua arquitetura: • Registrador de instrução: a função do registrador de instrução é arma- zenar a instrução mais recente, a qual será executada pelo microprocessador. Quando um ciclo de instrução inicia, a unidade de controle emite sinais para rea- lizar o ciclo de leitura e procurar a instrução na memória. Ao fi nal do ciclo, ela é armazenada no registrador de instrução que, por sua vez, está conectado ao de- codifi cador, que a interpretará a instrução e a informará à unidade de controle; • Decodifi cador de instrução: a instrução pode ser entendida como uma autorização para que a CPU realize uma operação. Uma vez que existem inú- meras instruções diferentes, torna-se necessário identifi cá-las. Dessa forma, podemos dizer que o decodifi cador de instrução identifi ca a operação com base na instrução a ser executada; • Registros de uso geral: os registros de uso geral são utilizados para ar- mazenar dados e endereços de memória, possuindo comunicação direta com o barramento interno do microprocessador; • Unidade de controle: entre as inúmeras funções da unidade de controle, podemos destacar a busca e a interpretação das instruções, para identifi car quais operações serão executadas pela unidade lógica aritmética (como, por exemplo, subtração e divisão). Em tempo, a unidade de controle também gera sinais que são enviados aos diversos componentes do sistema computacional, incluindo não apenas a arquitetura interna do microprocessador, mas sobretu- do seus componentes externos (memória principal, periféricos, chipset e bar- ramentos de expansão); ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 73 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 73 27/09/2019 17:33:50 • Cache interna (L1): é a memória estática no interior do microprocessador. Sua função é otimizar as instruções e/ou as operações executadas. Quando o microprocessador necessita realizar a leitura de dados na memória RAM, o controlador de cache transfere blocos de dados na RAM para a memória cache. Assim, no próximo acesso do processador, este a consultará antes da própria RAM, o que facilita a agilidade no processamento dos dados. Isso significa que, se os dados estiverem na cache, o processador utiliza-os instantaneamente; caso contrário, irá acessar a memória RAM para buscá-los; • FPU (Float Point Unit): a unidade de ponto flutuante pode ser encontrada em microprocessadores mais avançados. Sua função é trabalhar com opera- ções que envolvem números reais; • Unidade lógica e aritmética (Arithmetic Logic Unit – ULA): sua função é executar instruções dos programas que se encontram armazenadas na memó- ria. Quando as instruções estão no microprocessador, elas devem ser interpre- tadas e traduzidas em operações matemáticas. Na verdade, a ULA é constituída por circuitos lógicos que realizam as operações aritméticas (somar, subtrair, dividir e multiplicar) e lógicas (AND, NAND, OR, NOT e XOR); • Barramento interno: tem como principal função enviar/transportar infor- mações entre os componentes internos do microprocessador; • Barramento de dados: permite a troca de dados enviados e recebidos entre os componentes presentes nas placas do computador, como entre o pro- cessador e a memória. Um barramento de dados pode transmitir 16, 32, 64 ou 128 bits. Uma vez que esse tipo de barramento é bidirecional (transmissão de dados entre a CPU e a memória principal e vice e versa), existe melhor desem- penho do processador e do próprio sistema computacional; • Barramento de endereço: tem como função informar a origem e/ou os destinos dos dados provenientes do barramento de dados, ou seja, informa os endereços de memória do computador, para que os dados sejam enviados e/ ou recebidos em seus destinos. É unidirecional, tendo em vista que somente a CPU tem a característica de acionar a memória RAM para realizar operações tanto de gravação quanto de leitura. Por exemplo, para um barramento de en- dereço constituído por 20 linhas, é possível utilizar no máximo 20 bits de en- dereço. Nessas condições, a capacidade de armazenamento da memória RAM poderá ser no máximo 1MB, uma vez que: 220 = 1.048.576 bytes = 1 MB. Por- ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 74 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 74 27/09/2019 17:33:50 tanto, é o tamanho do barramento de endereços que determina a quantidade máxima de armazenamento de dados da RAM; • Barramento de controle: o barramento de controle atua como um con- trolador de acesso e uso dos barramentos de dados e de endereço, já que são compartilhados por todos os componentes do computador. Sua função é inter- ligar a CPU com os demais componentes do computador, sobretudo com a uni- dade de controle. É bidirecional, uma vez que a CPU pode enviar dados (sinais de controle) entre a memória RAM e a própria unidade de controle. Nos tópicos seguintes, iremos nos aprofundar na arquitetura dos micropro- cessadores e seus tipos distintos. Arquitetura de microprocessadores: CISC, RISC e híbrida Vamos iniciar esta seção com uma pergunta: qual é o objetivo básico de qualquer microprocessador? Teoricamente, a resposta é simples: reduzir ao máximo o tempo de exe- cução das tarefas, a fi m de otimizar o processamento dos dados e das infor- mações binárias. Basicamente, a grande maioria dos microprocessadores se enquadra nas arquiteturas CISC (Complex Instructon Set Computer – conjunto de instru- ções complexas para o computador) ou RISC (Reduced Instructon Set Compu- ter – conjunto de instruções reduzidas para o computador). Porém, muitos fabricantes têm desenvolvido microprocessadores com arquitetura híbrida, que mescla ambas. Além disso, a arquiteturaCISC é muito utilizada em processadores da In- tel e da AMD, enquanto podemos encontrar a arquitetura RISC em PowerPC (Apple, Motorola e IBM) e SPARC (SUN). Arquitetura CISC Do ponto de vista prático, a vantagem da arquitetura CISC é que ela já possui diversas instruções armazenadas no próprio processador, o que fa- cilita o trabalho dos programadores, pois dispõe de praticamente todas as instruções que serão utilizadas para o desenvolvimento dos programas. Por esse motivo, os processadores CISC têm a vantagem de reduzir o tamanho do código executável. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 75 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 75 27/09/2019 17:33:50 Por outro lado, como ela é imple- mentada e armazenada em microcó- digo no processador, torna-se difícil modificar a lógica de tratamento de instruções. A arquitetura CISC possui enormes conjuntos de instruções com formatos complexos. Nesse sentido, os proces- sadores CISC são capazes de execu- tar centenas de instruções complexas diferentes. Em tempo, eles possuem uma microprogramação (conjunto de códigos e de instruções armazenados no processador) que permite receber as instruções dos programas e executá-las por meio das próprias instruções já gravadas na sua microprogramação. Uma vez que processadores CISC executam instruções complexas, facilitam a programação de alto nível. Como resultado, reduz-se o tamanho do código e consequentemente o espaço utilizado pelos programas na memória. No en- tanto, o desempenho fica comprometido, já que o processador deve executar instruções maiores e mais complexas. O projeto e a construção de processa- dores CISC têm custo elevado devido a tal complexidade, bem como em razão da quantidade de componentes internos presentes no chip. Como exemplos de processadores CISC, destacam-se: o System/360, através da z/Architecture, o PDP-11, o VAX, o Motorola 68k, e os x86. Arquitetura RISC A arquitetura RISC, ao contrário da arquitetura CISC, suporta uma peque- na quantidade de instruções simples. Como consequência, seu projeto é mais simples e integra menor quantidade de componentes internos em seu chip, reduzindo o custo de manufatura. Por esses dois motivos, o desempenho de processadores RISC é melhor, quando comparado com os processadores CISC. Entretanto, na arquitetura RISC, o programador tem mais trabalho. Além disso, os processadores RISC não têm microprogramação, já que as instruções são executadas diretamente pelo hardware. Portanto, essa arquitetura não tem microcódigo, integra um conjunto de instruções reduzido e possui baixo nível de complexidade. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 76 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 76 27/09/2019 17:33:56 Algumas famílias de processadores que utilizam a ar- quitetura RISC são: DEC Alpha, AMD 29k, ARC, ARM, At- mel AVR, Blackfn, MIPS, PA-RISC, Power (inclusive Po- werPC), SuperH, e SPARC. Arquitetura híbrida Em razão das arquiteturas CISC e RISC apresentarem características particulares, os fabricantes de processado- res decidiram integrá-las, dando origem à arquitetura híbri- da. Com isso, o processador trabalha mais rápido em instruções que requerem maior demanda, devido à maioria das instruções executadas serem de pouca complexidade (RISC), e, quando ne- cessário, executa instruções complexas (CISC). Por diversas razões técnicas, operacionais e de compatibilidade, a maioria dos processadores pos- sui arquitetura híbrida. CURIOSIDADE Originalmente, todos os processadores Intel e AMD para os computadores pessoais eram projetados com arquitetura CISC, enquanto os processado- res Macintosh eram desenvolvidos com arquitetura RISC. Atualmente, os processadores Intel e AMD continuam disponibilizando para os programadores um conjunto de instruções CISC, porém, interna- mente, são implementados como se fossem RISC, para serem executadas pelo hardware. Circuitos integrados periféricos O circuito integrado, também conhecido com CI, microchip ou chip, é um circuito eletrônico constituído por milhares ou milhões de dispositivos semi- condutores, como diodos semicondutores e transistores bipolares. Construído sobre um fi no substrato de material semicondutor, o CI é consi- derado uma evolução no mundo da eletrônica. Os CIs apresentam algumas vantagens em relação aos circuitos eletrôni- cos analógicos, constituídos por diodos, transistores bipolares, amplifi cadores operacionais, resistores e capacitores, por exemplo. Algumas das vantagens possíveis de serem mencionadas são, por exemplo: ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 77 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 77 27/09/2019 17:33:56 • Redução de custos na produção industrial; • Menor peso; • Dimensões reduzidas; • Baixo aquecimento; • Aumento da confi abilidade do sistema eletrônico; • Maior velocidade de processamento do sinal (áudio e vídeo, por exemplo); • Menor consumo de energia (potência), entre outras. Abordaremos agora as formas de classifi cação dos Cis, com base em crité- rios distintos. Classificação quanto à sua aplicação Normalmente, os circuitos integrados são classifi cados quanto à sua aplicação, grau de integração, tipo de encapsulamento, processo de fabricação e, fi nalmente, quanto ao tipo de transistores (tecnologia CMOS – Complementary Metal Oxide Semi- conductor – semicondutor óxido metal complementar) e família lógica (como, por exemplo, o TTL – Transistor-Transistor Logic – lógica transistor- transistor). A seguir, conheceremos um pouco sobre essas classifi cações. Os circuitos integrados analógicos produzem sinais contínuos, em função dos sinais aplicados em suas entradas, e são utilizados basicamente para a amplifi cação de sinais. Para isso, normalmente utilizam-se amplifi cadores ope- racionais em sua pastilha. Já os circuitos integrados digitais operam segundo a álgebra booleana, rea- lizando operações lógicas (código binário 0 e 1). Esse último é muito utilizado em circuitos digitais, como em placas de computadores (de vídeo, som, rede e placa-mãe, por exemplo), em sistemas microprocessados e microcontrolados, em sistemas de controle de processos industriais, em circuitos de memória (RAM, ROM, PROM e EPROM, por exemplo), entre outras aplicações. Classificação quanto à sua aplicação O grau (ou o tipo) de integração refere-se ao número de componentes con- tidos em uma pastilha de silício. Dessa forma, podemos classifi car o grau de integração de acordo com as seguintes tecnologias: ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 78 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 78 27/09/2019 17:33:56 • SSI (Small Scale Integration – integração em pequena escala): esta tec- nologia integra aos CIs em torno de 100 componentes por pastilha (chip). • MSI (Medium Scale Integration – integração em média escala): esta tec- nologia corresponde aos CIs que comportam entre 100 e 1.000 componentes por pastilha. Normalmente, é utilizada na manufatura de codifi cadores, deco- difi cadores, registradores e contadores. • LSI (Large Scale Integration – integração em grande escala): corresponde à integração entre 1.000 e 100.000 componente por pastilha. Os circuitos manufatu- rados por meio da tecnologia LSI são normalmente utilizados para efetuar funções lógicas complexas, como a parte aritmética de uma calculadora eletrônica. • VLSI (Very Large Scale Integration – integração elevada em larga escala): esta tecnologia corresponde ao grupo de CIs que integra entre 100.000 e 10 mi- lhões de componentes por pastilha. Esse grau de integração compreende à manu- fatura de microprocessadores utilizados sobretudo em sistemas de computação. • ULSI (Ultra Large Scale Integration – integração em escala ultra larga): corresponde ao grupo de CIs que integra mais de 10 milhões de componentes por pastilha. Esse grau de integração compreende a manufatura de micropro- cessadores utilizados em sistemas computacionais avançados. Tipos de encapsulamento O encapsulamento de um circuito integrado serve para envolver,proteger da umidade e auxiliar na devida dissipação de calor dos componentes internos do CI. Quanto maior a velocidade de processamento do chip, maior será a pos- sibilidade de aquecimento. O encapsulamento pode ser metálico, cerâmico ou polimérico (plástico). Basicamente, são utilizados quatro tipos de encapsulamentos, os quais são apresentados a seguir. • Encapsulamento com fi las de pinos (DIL, QIL ou SIL): nos CIs com en- capsulamento DIL (Dual Inline), a numeração (identifi cação) dos terminais é rea- lizada a partir do terminal 1, identifi cado por um pequeno orifício localizado na parte esquerda do chip. Assim, ele inicia por este lado do orifício (terminal 1) e volta pelo outro, percorrendo o sentido anti-horário do componente. Normal- mente, são utilizados para sistemas que exigem baixa potência de operação. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 79 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 79 27/09/2019 17:33:56 Já o QIL (Quad Inline) é o tipo de encapsulamento utilizado em CIs de média potência, como amplificadores de áudio. A principal razão da linha quádrupla de pinos é permitir maior distância entre as conexões dos com- ponentes integrados. Da mesma forma que o QIL, o SIL (Single Inline) é o tipo de encapsulamento utilizado em amplifi cadores de média potência (áudio, por exemplo). • Encapsulamento plano (fl atpack): apresentam maior redução do volume e da espessura do invólucro. Seus terminais são dispostos horizontalmente, fazendo com que sua instalação sobre a placa de circuito impresso (placa de computadores, por exemplo) ocupe o menor espaço possível. • Encapsulamento metálico: tem uma estrutura cilíndrica metálica com terminais dispostos em linha, conectados em sua base, além da propriedade de suportar condições severas de operação em baixas e altas temperaturas. A contagem dos terminais inicia-se pela pequena marca, em sentido horário, com o componente visto por baixo. • Encapsulamento especial: possui inúmeros terminais para conectar quantidades signifi cativas (da ordem de milhões) de componentes eletrônicos integrados, como transistores. Microprocessadores desta natureza são muito utilizados em placa-mãe de computadores. Processos de fabricação Não pretendemos aqui esgotar o assunto quanto aos processos de fabrica- ção de circuitos integrados, apenas apresentar uma breve descrição das prin- cipais etapas de manufatura. Basicamente, as principais etapas de fabricação de CIs são: preparação de substrato, oxidação, difusão, implantação iônica, metalização, fotolitografi a e encapsulamento. Trataremos agora de cada uma delas de forma breve, apenas a nível de conceituação e diferenciação. • Preparação do substrato: no substrato, também conhecido como pasti- lha de cristal de silício, são depositados cristais de silício para formar as bola- chas (wafers). Cada bolacha dá origem a centenas de circuitos integrados; • Oxidação: processo químico no qual o silício reage com o oxigênio e forma o dióxido de silício (SiO2); ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 80 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 80 27/09/2019 17:33:56 • Difusão: processo que corresponde ao movimento dos átomos de zonas de grande concentração para zonas de baixa concentração, caracterizando a dopagem do material; • Implantação Iônica: método de dopagem superfi cial, no qual os íons de materiais dopantes são acelerados por um campo elétrico e, ao se chocarem com a superfície do material, fi cam retidos na rede cristalina; • Metalização: normalmente, é efetuada por um processo de pulverização catódica (sputtering), ou seja, o material, o metal de revestimento, é aquecido por meios elétricos (plasma ou arco elétrico) ou químicos (chama de combustão); • Fotolitografi a: é a geração de máscaras fotográfi cas para as diferentes etapas de fabricação do circuito integrado. Essas máscaras permitem prote- ger da luz incidente zonas de um material fotorresistente depositado sobre a superfície do substrato. As zonas não protegidas alteram suas propriedades elétricas. O material fotorresistente não modifi cado é retirado da superfície do substrato com uma solução química adequada, obtendo-se o molde necessá- rio para o próximo processo de fabricação; • Encapsulamento: no fi nal do processo, os circuitos integrados são encap- sulados de acordo com os tipos de encapsulamento disponíveis para cada tipo de aplicação. Tipos de tecnologia Antes de passarmos por conceitos relacionados à tecnologia CMOS e à família lógica TTL, vamos conhecer um pouco sobre os principais parâmetros operacionais destas duas tecnologias. Os principais parâmetros opera- cionais desses circuitos lógicos são as tensões elétricas operacionais [defi - nidas pelos níveis lógicos 1 (alto) ou 0 (baixo)] e as correntes elétricas mínimas e máximas das entradas e saídas das portas lógicas, bem como os tempos de atraso de propagação dos sinais exis- tentes na comunicação de dados entre as portas lógicas do circuito integrado. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 81 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 81 27/09/2019 17:33:59 Além desses parâmetros, existe outro muito importante que deve ser con- siderado em projetos de circuitos lógicos: o fan-out. A capacidade de saída de um circuito lógico deve ser projetada para se conectar a uma quantidade limitada de entradas de outros circuitos lógicos (portas lógicas). Dessa forma, o fan-out, também chamado de fator de carga, pode ser definido como a quan- tidade de entradas que podem ser ligadas a uma única saída. A seguir, conheceremos um pouco sobre a tecnologia CMOS e sobre a família lógica TTL. Vamos lá? • Tecnologia CMOS A tecnologia CMOS (Complementary Metal-Oxide Semiconductor – metal-óxi- do semicondutor complementar) utiliza transistores de efeito de campo (FET) dos tipos MOSFET (Metal-Oxide Semiconductor Field Effect Transistor – transistor de efeito de campo de óxido de metal) e JFET ( Junction Field Effect Transistor – transistor de junção por efeito de campo) em seus processos de manufatura. A tecnologia CMOS utiliza tanto o MOSFET canal tipo N (NMOS) quanto o MOSFET canal tipo P (PMOS), devido à complementação que um atribui ao outro na operação do dispositivo lógico ou do circuito lógico. As principais vantagens apresentadas pelas tecnologias CMOS são: baixo consumo de energia (potência), imunidade a ruído, alto nível de integração e simplicidade de projeto. • Família lógica TTL Existem diversas famílias lógicas, como o RTL (Resistor Transistor Logic – lógi- ca de transistor e resistência), o DTL (Diode Transistor Logic – lógica de transistor e diodo), o TTL (Transistor-Transistor Logic – lógica transistor-transistor), o HTL (High Threshold Logic – lógica de transistor com alto limiar), ECL (Emitter Coupled Logic – lógica de emissores ligados) e o I2L (Integrated-Injection Logic – lógica de injeção integrada). Com exceção à família lógica TTL, as demais se encontram obsoletas. A família lógica TTL é constituída basicamente por transistores NPN e/ou PNP, diodos de junção PN e resistências difusas. O bloco lógico padrão cons- trutivo dessa família lógica é a porta NAND, existindo sobretudo subfamílias, como TTL padrão, TTL de baixa potência, TTL de alta potência, TTL Schottky, TTL Schottky de baixa potência, TTL saída de coletor abeto, TTL saída em alta impedância (three state), entre outras. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 82 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 82 27/09/2019 17:33:59 O TTL é uma designação para circuitos digitais que trabalham com 5,0 V, sendo derivada da família DTL (Diode Transistor Logic – lógica de transistor e diodo). Os transistores bipolares utilizados na TTL possuem vários emissores – desta forma, são conhecidos como multiemissores. Essa inovação tecnoló- gica reduz consideravelmente a quantidade de transistores necessários para construir portas lógicas (circuitos lógicos). Na prática, é possível encontrar os circuitos TTL em duas séries: aprimeira é de uso comercial, iniciando com o número 74xxx, no qual o x pode ser uma soma de letras e números. Essa série trabalha em uma faixa de temperatura da ordem de 0 °C até 70 °C. A segunda série é de uso militar, iniciando com o número 54xxx, e pode trabalhar em uma ampla faixa de temperatura, variando entre -55 °C a 125 °C. Podemos encontrar os TTLs nos circuitos lógicos computacionais, em controles de processos industriais, em equipamentos e instrumentos que utilizam a eletrô- nica digital como base de suas operações (como painéis de controle de aviões e veículos que possuem computadores de bordo), entre outras aplicações. É importante ressaltar que tanto a tecnologia CMOS quanto a família TTL são projetadas e desenvolvidas com as típicas portas lógicas existentes na área de sistemas digitais, ou seja, as portas AND, OR, NOT, NAND, NOR, XOR e XNOR. A Figura 1 mostra um circuito lógico TTL padrão, que utiliza as ligações no estágio de saída denominadas Active-Pull-Up e Toten-Pole. Figura 1. Circuito lógico TTL padrão com estágios de saída Active-Pull-Up e Toten-Pole. Fonte: CAPUANO; IDOETA, 2019, p. 447. (Adaptado). A T1 T2 T3 S T4 R1 R2 +VCC R4 D1 R3 B ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 83 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 83 27/09/2019 17:33:59 Analisando a Figura 1, podemos verifi car que a presença de T3 no coletor caracteriza o Active-Pull-Up e sua ligação através do diodo D1 sobre o coletor T4, formando um elevador de potencial, o Toten-Pole. Quando tivermos uma ou ambas as entradas, A e B, em nível lógico 0, a res- pectiva base-emissor do transistor T1 irá conduzir, levando T2 ao corte por au- sência de corrente elétrica de base. Consequentemente, pelo mesmo motivo, T4 também será levado ao corte. O transistor T3, por sua vez, estará conduzindo, pois por R2 fl uirá uma corrente elétrica por sua base, comportando-se para a saí- da como um seguidor de emissor, fazendo surgir em S um potencial +Vcc (nível 1). Quando ambas as entradas estiverem em aberto ou nível lógico 1, devido ao corte da junção base-emissor da T1, fl uirá por R1 uma corrente que irá satu- rar T2 e consequentemente T4. Devido à elevação de potencial de base por D1, o transistor T3 estará na região de corte e ocasionará, na saída, em um baixo potencial, equivalente ao nível lógico 0. Tecnologia CMOS ou família TTL? No momento de escolher entre a tecnologia CMOS e a família TTL de circuitos in- tegrados digitais para fi ns de projeto, torna-se necessário considerar alguns aspec- tos importantes, tendo em vista que ambas possuem vantagens e desvantagens. Vamos analisar as características da tecnologia CMOS e da família TTL? Muito bem! Então, vamos lá! O consumo de energia dos dispositivos CMOS é menor (baixa dissipação de energia) quando comparado com os dispositivos da família TTL. Nessas condi- ções, para projetos que necessitam de baixo consumo, devemos escolher a tec- nologia CMOS, lembrando que a dissipação de energia depende da frequência elétrica e da tensão de alimentação. Mais uma vantagem dos dispositivos CMOS é o tempo de chaveamento, o que caracteriza rapidez na troca de um nível lógico para outro (ou seja, de 0 para 1 e de 1 para 0). Essa rapidez é em razão dos transistores JFETs e MOSFETs. No entanto, os dispositivos CMOS podem queimar com certa facilidade, em ra- zão da eletricidade estática. Para evitar essa situação indesejada, devemos prote- ger esses dispositivos com embalagens antiestáticas. Outra desvantagem é o pre- ço: o custo dos dispositivos CMOS é maior do que os dispositivos da família TTL. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 84 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 84 27/09/2019 17:33:59 Quanto à família TTL, uma das principais desvantagens é o elevado con- sumo de energia em razão de serem construídos com transistores bipolares de junção (TBJ), que exigem uma intensidade de corrente elétrica considerá- vel para sua operação. Além disso, o processo de chaveamento (velocidade de operação) é limitado devido aos TBJ, diferentemente dos dispositivos que utilizam a tecnologia CMOS. Essa limitação é também conhecida como atraso de propagação. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 85 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 85 27/09/2019 17:33:59 Sintetizando Nesta unidade, tivemos a oportunidade de conhecer três assuntos importantes no que concerne à eletrônica e aos sistemas digitais. O primeiro assunto diz respeito à microprogramação. O segundo refere-se aos estudos sobre o microprocessador genérico. Por fim, foi discutido a respeito dos circuitos integrados periféricos. Microprogramação é uma técnica de implementação de controladores síncro- nos que utiliza a memória ROM semicondutora para armazenar os sinais e as opera- ções de controle de forma sistemática e ordenada. A vantagem da microprograma- ção é a simplificação do projeto da unidade de controle, uma vez que ela possui uma lógica computacional complexa, o que se deve às inúmeras micro-operações. Por outro lado, a desvantagem da microprogramação é o uso da arquitetura CISC, em razão da dificuldade de sequenciar as microinstruções e gerar os sinais de controle. Em projetos de unidades de controles microprogramadas, ambas as tarefas devem ser consideradas ao mesmo tempo, já que podem comprometer tanto o formato da microinstrução quanto o tempo necessário para executar as mi- croinstruções. Existem três técnicas de sequenciamento de microinstruções, para que um endereço de memória de controle seja gerado para a próxima microinstrução. A primeira refere-se aos dois campos de endereço; a segunda técnica está re- lacionada ao campo de endereço único; por fim, a terceira trata do formato variável da informação. Tratamos também do microprocessador, um dispositivo lógico programável que acessa, controla e executa instruções da memória principal. O microprocessador tem a função de realizar e gerenciar operações de leitura/escrita, executar opera- ções aritméticas ou lógicas e acessar e interpretar instruções. Possui diversos dis- positivos lógicos em sua arquitetura interna, além de alguns barramentos (interno e externo) utilizados para a comunicação de dados. Basicamente, os microprocessa- dores se enquadram nas arquiteturas CISC e RISC. Porém, muitos fabricantes têm desenvolvido microprocessadores com arquitetura híbrida. O circuito integrado é um circuito eletrônico constituído por milhares de dispositivos semicondutores, como diodos semicondutores e transistores bi- polares. Construído sobre um fino substrato de material semicondutor, o CI é considerado uma evolução no mundo da eletrônica. ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 86 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 86 27/09/2019 17:33:59 Por fim, tratamos das formas de classificação e das propriedades dos circui- tos integrados, abordando sua aplicação, grau de integração, tipos de encapsu- lamento, processo de fabricação e, finalmente, tipos de transistores (focando na tecnologia CMOS) e família lógica (como por exemplo, o TTL). ELETRÔNICA DIGITAL E SISTEMAS DIGITAIS 87 SER_CA_ELEIND_UNI3.indd 87 27/09/2019 17:33:59 Referências bibliográficas BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKY, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circui- tos. Tradução de Sônia Midori Yamamoto. Revisão técnica de Alceu Ferreira Alves. 11. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. CAPUANO, F. G.; IDOETA, I. Elementos de eletrônica digital. 42. ed. São Paulo: Érica, 2019. FLOYD, T. L. Sistemas digitais: fundamentos e aplicações. 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