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EM_V03_LITERAUTURA_LIVRO DE ATIVIDADES_PROFESSOR

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Livro do Professor
Volume 3
Livro de 
atividades
Literatura
Homero G. de Farias Jr.
©Editora Positivo Ltda., 2017 
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora.
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) 
(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)
F224 Faria Jr., Homero G. de.
 Literatura : livro de atividades / Homero G. de Faria Jr. – 
Curitiba : Positivo, 2017.
 v. 3 : il.
 ISBN 978-85-467-1937-2 (Livro do professor)
 ISBN 978-85-467-1938-9 (Livro do aluno)
 1. Ensino médio. 2. Literatura – Estudo e ensino. I. Título. 
CDD 373.33
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05Humanismo e 
Classicismo
Humanismo e Classicismo
Humanismo 
Movimento intelectual de mudança de visão e de postura. Di-
fundiu-se pela Europa durante a Renascença e se inspirou nas 
civilizações grega e romana. Valorizava o saber crítico, enxergava 
o homem como um ser livre capaz de criar e mudar seu destino. 
Preceitos gerais do Humanismo: 
 • ser humano como centro de todas as coisas; 
 • denúncia de falhas morais; 
 • reconhecimento dos valores humanos; 
 • questionamento do papel da Igreja. 
Dante Alighieri, com a obra A Divina Comédia, é um dos auto-
res mais representativos desse período. 
Destacam-se, ainda as crônicas historiográficas de Fernão 
Lopes e o teatro de Gil Vicente, com seus autos e farsas.
Classicismo 
Escola estética que se originou da nova maneira de pensar 
que predominou na época (o Humanismo). É a tendência ar-
tística voltada à tradição clássica, tendo como características 
os ideais da Antiguidade greco-latina, considerada modelo de 
perfeição.
Sá de Miranda foi um autor de destaque nesse movimento, 
porque introduziu em Portugal novas formas poéticas, como o 
soneto, as sextilhas, os decassílabos.
O maior expoente do Classicismo português é Luís Vaz de 
Camões, devido à sua obra poética lírica e ao poema épico 
Os Lusíadas.
o ser humano como 
medida de todas as coisas 
(antropocentrismo)
o ser humano como 
força criadora
resgate dos valores da 
Antiguidade Clássica
a razão como fonte 
de interpretação 
da realidade
equilíbrio e harmonia nas 
formas artísticas
ascensão da burguesia
a língua portuguesa 
se fixa como idioma
superioridade do 
conhecimento humano 
diante do mundo e da 
natureza
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2 Volume 3
Atividades
 Leia o poema a seguir, um exemplo da poesia lírica do Cancioneiro Geral, coletânea que reuniu a produção poética do 
período humanista e que servirá de base para responder às questões de 1 a 3.
Cancioneiro Geral
É a coletânea de textos poéticos produzidos no período. O conjunto deles é chamado de poesia palaciana, 
pois é a produção que surgiu dentro dos palácios, no meio da aristocracia, para ser declamada e não mais can-
tada. Por isso, esses textos não apresentavam estrutura musical, como as cantigas trovadorescas, tinham ritmo 
próprio e estrutura mais elaborada. Garcia de Resente, um poeta frequentador da corte de D. João II, de quem 
era secretário, foi o organizador da obra que reuniu cerca de mil composições de quase trezentos autores.
Coração, já repousavas,
já não tinhas sojeição,
já vivias, já folgavas;
pois por que te sojugavas
outra vez, meu coração?
Sofre, pois te não sofreste
na vida que já vivias;
sofre, pois te tu perdeste;
sofre, pois não conheceste
como t’outra vez perdias!
Sofre, pois já livre estavas
E quiseste sojeição;
sofre, pois te não lembravas
das dores de qu’escapavas;
sofre, sofre, coração!
AGUIAR, Jorge de. Coração. já repousavas. In: SPINA, S. Presença da Literatura Portuguesa. São Paulo: Difel, 1966. p. 127.
1. Em relação à estrutura do poema de Jorge de Aguiar, assinale a alternativa correta.
a) O poema está escrito em versos livres.
b) O poema é figurativo.
c) Não há presença de rimas nem de estrofes.
X d) Os versos do poema estão em redondilha maior.
2. Julgue os itens a seguir em relação à poesia lida anteriormente e suas aproximações e distanciamentos em relação 
à poética trovadoresca.
X I. Tal como nas cantigas de amor trovadorescas, o eu lírico sofre de amor, entretanto, nesse poema, há a presença do 
sofrimento por estar novamente amando (“por que te sojugavas / outra vez, meu coração?”). 
 II. O ritmo da poesia palaciana era dado pela música, pois era seu acompanhamento. Ela era composta para ser 
cantada pelos jograis ou menestréis. 
 III. Poética que surgiu dentro dos palácios e desvinculada da música, a poesia trovadoresca tinha o ritmo definido pela 
métrica dada aos versos, por isso era mais elaborada formalmente. métrica dada aos versos, por isso era mais elaborada formalmente.
sojeição: sujeição, submissão, dependência.
sojugavas: subjugavas, dominavas.
Literatura 3
 Assinale a alternativa que julga adequadamente os itens. 
X a) Apenas o item I é verdadeiro. 
b) Apenas o item III é verdadeiro.
c) Apenas o item II é falso.
d) Apenas o item I é falso.
3. Tome os itens inadequados da questão e corrija-os, apontando o que apresentavam de equivocado.
O item II é falso, pois o ritmo que era dado pela música se encontra na poesia trovadoresca, e não na palaciana. A música era seu
acompanhamento e era composta como letra desta pelos chamados trovadores, que não tinham a intenção de declamá-las, mas de cantá-las.
O item III é equivocado, pois a poética que surgiu dentro dos palácios e que estava desvinculada da música era a poesia palaciana, como
o próprio nome já indica. Ela tinha o ritmo definido pela métrica dada aos versos, por isso era mais elaborada formalmente.
4. (UNIT – SE) David, esculpido em mármore por Michelangelo, além da beleza única de suas proporções, é portador de um 
importante significado para a compreensão do Renascimento: o autor o idealizou tendo em mente o personagem bíblico 
que venceu o Gigante Golias em combate entre a inteligência e a força bruta, expressando, nessa obra, o humanismo 
renascentista como uma
a) exaltação à arte de reproduzir as formas humanas.
X b) vitória da razão sobre as forças cegas da natureza. 
c) forma de descrever e conhecer a anatomia humana.
d) maneira de fazer renascer a arte do povo oriental.
e) explicação científica para a teoria religiosa da criação.
5. (UNIOESTE – PR)
Crítica cultural, crítica filológica, crítica histórica: a atividade crítica, como se pode ver, foi uma das caracte-
rísticas mais notáveis do movimento humanista. Uma atividade crítica voltada para a percepção da mudança, 
para a transformação dos costumes das línguas e das civilizações. Uma visão, portanto, mais atenta aos aspectos 
de modificação e variação do que aos de permanência e continuidade.
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1994. p. 16.
 Sobre os acontecimentos do período denominado como Renascimento, assinale a alternativa correta.
a) O humanismo foi um movimento exclusivo das cidades italianas do século XVI.
b) Os humanistas eram ateus que, ao renegarem a doutrina cristã, desejavam retornar ao paganismo da Antiguidade 
clássica.
X c) Foi o movimento intelectual e artístico que buscou no passado da Antiguidade clássica a inspiração para formular 
os ideais burgueses no processo de transição feudal.
d) Os pensadores e filósofos renascentistas almejavam romper com os ideais do antropocentrismo.
e) O movimento humanista notabilizou-se pelo seu caráter de identificação universal e de unidade de pontos de vista 
dentre os seus representantes.
4 Volume 3
6. Leia a primeira cena da obra Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, e responda às questões.
DIABO − Quê? E também cá zombais?
FIDALGO − E passageiros achais
para tal habitação?
DIABO − Vejo-vos eu em feição
para ir ao nosso cais...
FIDALGO − Parece-te a ti assim.
DIABO − Em que esperas ter guarida?
FIDALGO − Que deixo na outra vida
quem reze sempre por mim.
DIABO − Quem reze sempre por ti?
Hi! hi! hi! hi! hi! hi! hi! hi!
E tu viveste ateu prazer
cuidando cá guarecer
porque rezam lá por ti?!
Embarcai, hou!, embarcai!,
que haveis de ir à derradeira.
Mandai meter a cadeira,
que assim passou vosso pai.
FIDALGO − Quê, quê, quê?! Assim lhe vai?
DIABO − Vai ou vem, embarcai prestes!
Segundo lá escolhestes,
Assim cá vos contentais.
Pois que já a morte passastes,
Haveis de passar o rio.
O Diabo e seu Companheiro preparam a barca, 
quando chega o primeiro passageiro, o Fidalgo, com 
um Pajem, que traz uma cadeira.
[...]
DIABO − Oh, que caravela esta!
Põe bandeiras, que é festa.
Verga alta, âncora a pique!
Dirige-se ao Fidalgo:
Ó precioso d. Anrique!
Cá vindes vós?
Que cousa é esta?
FIDALGO − Esta barca onde vai ora,
que assim está apercebida?
DIABO − Vai para a ilha perdida,
e há de partir logo essora.
FIDALGO − Para lá vai a senhora?
DIABO − Senhor, a vosso serviço.
FIDALGO − Parece-me isso cortiço...
DIABO − Porque a vedes lá de fora.
FIDALGO − Porém, a que terra passais?
DIABO − Para o Inferno, senhor.
FIDALGO − Terra é bem sem sabor.
ora: agora.
apercebida: preparada para zarpar.
essora: essa hora, agora.
vedes: presente do indicativo do verbo ver na 2ª. pessoa do plural (vós).
em feição: disposto, com jeito de.
guarida: proteção.
guarecer: salvar-se.
hou!: (exclamação de chamamento, de aviso).
à derradeira: por fim, afinal.
prestes: rápido.
VICENTE, Gil. Auto da barca do inferno. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005. p. 18-20. (Biblioteca Lazuli Clássicos).
a) Por que é possível considerar o fragmento lido como um auto?
Porque há referência às questões religiosas e a presença de personagens pertencentes à teologia cristã, como o diabo e o inferno.
b) Transcreva nas linhas abaixo um fragmento que mostre que o barqueiro critica a conduta imoral de determinado 
personagem.
Quem reze sempre por ti?
Hi! hi! hi! hi! hi! hi! hi! hi!
E tu viveste a teu prazer
cuidando cá guarecer
porque rezam lá por ti?!
Embarcai, hou!, embarcai!,
que haveis de ir à derradeira.
Mandai meter a cadeira,
que assim passou vosso pai.
Literatura 5
X I. A visão da transitoriedade dos tempos e dos desejos 
humanos e também de que tudo muda está presen-
te nos poetas gregos.
X II. Durante o Renascimento, ocorreu uma forte tendência 
ao racionalismo, tal como durante o Período Clássico. 
 III. Na primeira estrofe, o eu lírico demonstra o desejo 
de se desligar das tradições, pois buscar o novo é 
negar o passado.
X IV. O texto é um soneto, poema de forma fixa, que 
apresenta 14 versos distribuídos em dois quartetos 
e dois tercetos. 
 V. O escritor português responsável por trazer novida-
des formais e temáticas a Portugal foi Luís de Ca-
mões, por volta de 1527.
 Apenas três dos itens acima contêm informações adequa-
das. Assinale a alternativa que informa os itens corretos.
a) Os itens I, III e IV estão corretos.
b) Os itens II, III e IV estão corretos.
c) Os itens III, IV e V estão corretos.
X d) Os itens I, II e IV estão corretos. 
8. Considere os trechos abaixo para responder à questão. 
Um deles é do poeta brasileiro Olavo Bilac e outro de 
Camões, do poema Os Lusíadas.
Língua Portuguesa
[...]
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “Meu filho”,
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho.
BILAC, Olavo. Língua Portuguesa. In: ______. Poesia. Rio de 
Janeiro: Agir, 1959. p. 86. (Nossos Clássicos; 2).
 Esse final do poema de Bilac relaciona-se a outro des-
fecho, mais precisamente à estrofe 145 do último can-
to de Os Lusíadas.
No mais, Musa, não mais, que a lira tenho
Destemperada, e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida:
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a Pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça, e na rudeza
Duma austera, apagada, e vil tristeza.
CAMÕES, Luís. Os Lusíadas. São Paulo: W. M. Jackson Inc., 1952. 
p. 375. (Clássicos Jackson; VII).
mor: maior. soía: costumava.
c) Marque (V) para verdadeira e (F) para falsa nas alterna-
tivas que completam a frase a seguir.
 No fragmento da peça de Gil Vicente lido anteriormente, 
há intenção de mostrar que
( V ) os maus não seriam salvos.
( F ) não havia diferença social na época. 
( V ) os fidalgos exploravam os menos favorecidos. 
( V ) os filhos de fidalgos continuavam a opressão dos 
pais. 
( F ) a exploração não era comum.
d) Que ação do fidalgo produz efeito de humor logo no 
início do auto?
O fato de o Fidalgo confundir o Diabo com uma senhora.
e) Qual é a semelhança do auto com a poesia?
A linguagem poética, a estrutura em versos e a presença de rimas.
7. Leia o soneto a seguir de Luís de Camões, autor do 
Classicismo português. Depois, julgue os itens a res-
peito das características clássicas que podem ser per-
cebidas no texto, sua estrutura e seu tema. 
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
CAMÕES, Luís de. Mudam-se os tempos, mudam-se as 
vontades. In: ______. Lírica: redondilhas e sonetos. Rio de 
Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997. p. 94. (Biblioteca 
Folha).
6 Volume 3
 Considerando os dois fragmentos de poemas apresen-
tados, marque (V) para verdadeira e (F) para falsa nas 
afirmações a seguir.
( V ) Camões reclama da indiferença do povo português 
à história e aos valores lusitanos. Isso pode ser 
visto nos versos: “E não do canto, mas de ver que 
venho / Cantar a gente surda, e endurecida”. 
( F ) Bilac, ao compor os versos “E em que Camões 
chorou, no exílio amargo,/ O gênio sem ventura e o 
amor sem brilho”, está fazendo referência a outro 
poema, não a Os Lusíadas.
( V ) Os dois poemas mantêm uma relação intertextual: 
o poema de Bilac, ao valorizar a Língua Portugue-
sa, também valoriza aqueles que nesse idioma fi-
zeram obras valorosas, como Camões. 
( V ) Bilac escreveu esse soneto cerca de 300 anos de-
pois da epopeia camoniana, o que denota o quanto 
Camões se tornou referência para a literatura de 
língua portuguesa. 
( F ) Os Lusíadas é uma obra lírica, na qual o poeta 
exalta a figura da amada.
9. (PISM/UFJF – MG) Leia, com atenção, a estrofe do 
Canto I de Os Lusíadas, transcrita abaixo. 
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano
A quem Netuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
 Assinale a alternativa incorreta:
X a) Para o poeta épico renascentista, o grego e o troiano 
são modelos insuperáveis. 
b) Há um forte nacionalismo laudatório que se estende 
pelo poema como um todo.
c) Para o poeta épico português, os portugueses são 
heróis de mar e guerra.
d) O herói do poema de Camões é coletivo e não indi-
vidual.
e) Os portugueses, como os povos antigos, mereceram 
ser objeto de poesia épica.
10. (UNESP – SP)
Jacó encontra-se com Raquel
Depois disse Labão a Jacó: Acaso, por seres 
meu parente, irás servir-me de graça? Dize-me, 
qual será o teu salário? Ora Labão tinha duas 
filhas: Lia, a mais velha, e Raquel, a mais moça. 
Lia tinha olhos baços, porém Raquel era formo-
sa de porte e de semblante. Jacó amava a Ra-
quel, e disse: Sete anos te servirei por tua filha 
mais moça, Raquel. Respondeu Labão: Melhor 
é que eu te dê, em vez de dá-la a outro homem; 
fica, pois, comigo.
Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete 
anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, 
pelo muito que a amava. Disse Jacó a Labão: 
Dá-me minha mulher, pois já venceu o prazo, 
para que me case com ela.Reuniu, pois, Labão 
todos os homens do lugar, e deu um banquete. 
À noite, conduziu a Lia, sua filha, e a entregou a 
Jacó. E coabitaram. [...] Ao amanhecer, viu que 
era Lia, por isso disse Jacó a Labão: Que é isso 
que me fizeste? Não te servi por amor a Raquel? 
Por que, pois, me enganaste? Respondeu Labão: 
Não se faz assim em nossa terra, dar-se a mais 
nova antes da primogênita. Decorrida a semana 
desta, dar-te-emos também a outra, pelo traba-
lho de mais sete anos que ainda me servirás.
Concordou Jacó, e se passou a semana desta; 
então Labão lhe deu por mulher Raquel, sua 
filha. [...] E coabitaram. Mas Jacó amava mais 
a Raquel do que a Lia; e continuou servindo a 
Labão por outros sete anos.
BÍBLIA SAGRADA. Gênesis, 29: 15-30. Trad. João Ferreira de 
Almeida. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1962.
Soneto 88
Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assi[m] negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Literatura 7
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!
CAMÕES, Luís de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1963. 
p. 298.
 O racionalismo é uma das características mais fre-
quentes da literatura clássica portuguesa. A logicida-
de do quinhentista repercutiu no rigor formal de seus 
escritores e no culto à expressão das “verdades eter-
nas”, sem que isso implicasse tolhimento da liberdade 
imaginativa e poética. Com base nessas observações, 
releia os dois textos apresentados e:
a) aponte um procedimento literário de Camões que 
comprove o rigor formal do classicismo.
Uma comprovação do rigor formal empregado pelo poeta é o 
fato de este ter escrito em forma de soneto, um gênero 
que, embora fosse novidade na época (fora trazido da Itália 
por Sá de Miranda em 1527), representava um desafio diante
das demais escolhas dos poetas: é composto de 
quatorze versos decassílabos, distribuídos em dois quartetos 
e dois tercetos. Isso significa que o poeta deve ser capaz de 
colocar suas ideias e assuntos em 140 sílabas poéticas, em um 
esquema de rima ABBA, ABBA, CDE, CDE.
b) indique o dado da passagem bíblica que, por ter sido 
omitido por Camões, revela a prática da liberdade 
poética e confere maior carga sentimental ao seu 
modo de focalizar o mesmo episódio.
No trecho retirado da Bíblia, Jacó se casa com Lia, que era a 
mais velha, após sete anos de serviços prestados ao sogro, 
pensando ter alcançado seu objetivo. Labão lhe entregara Lia 
no lugar de Raquel (“Decorrida a semana desta, dar-te-emos 
também a outra”). Nos sete anos posteriores ao casamento,
Jacó serviu tendo também Raquel como esposa. Para que a 
carga dramática, no poema, fosse maior, Camões altera a 
organização dos acontecimentos, afirmando que Jacó estaria 
servindo Labão por sete anos antes mesmo de ter 
recebido Raquel.
11. (UFSCAR – SP) A questão baseia-se no poema épico 
Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, do qual se repro-
duzem, a seguir, três estrofes.
Mas um velho, de aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
“Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C’uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
Dura inquietação d’alma e da vida
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana.”
 Os versos de Camões foram retirados da passagem 
conhecida como O Velho do Restelo. Nela, o velho
a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atra-
vessar os mares à procura de uma vida melhor.
X b) critica as navegações portuguesas por considerar 
que elas se baseiam na cobiça e busca de fama.
c) emociona-se com a saída dos portugueses que vão 
atravessar os mares até chegar às Índias.
d) destrata os marinheiros por não o terem convidado 
a participar de tão importante empresa.
e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos que 
eles podem encontrar para buscar fama em outras 
terras.
8 Volume 3
 (UEL – PR) As questões de 12 a 14 referem-se ao 
“Canto V” de Os Lusíadas (1572), de Luís Vaz de 
Camões (1524/5?-1580).
XXXVII
Porém já cinco sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca de outrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando ua noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Ua nuvem, que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.
XXXVIII
Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo.
Bramindo, o negro mar de longe brada,
Como se desse em vão nalgum rochedo
— “Ó Potestade – disse – sublimada,
Que ameaço divino ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?”
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. 4 ed. Porto: Editorial 
Domingos Barreira, [s.d.] p. 332.)
12. Há, na passagem selecionada, o registro de mudança 
no cenário. Trata-se do prenúncio de agouros a serem 
efetivados:
a) Pelo Velho do Restelo, encolerizado frente à excessi-
va vaidade do povo português.
b) Pelos mouros, inconformados com as sucessivas 
conquistas dos portugueses.
c) Pelo Velho do Restelo, irritado diante de tantas gló-
rias relatadas por Vasco da Gama.
X d) Pelo gigante Adamastor, irritado com o atrevimento 
do povo português a navegar seus mares.
e) Pelo promontório Adamastor, maravilhado com a 
tecnologia náutica dos portugueses.
13. Nos quatro últimos versos da estrofe de número XXXVIII 
fazem-se presentes as palavras:
a) Da temerosa e carregada nuvem que surgira repen-
tinamente no céu.
b) Do negro mar que batia num rochedo, irritado com 
as conquistas portuguesas.
c) De Baco, deus protetor dos mouros, que se viam 
inconformados com as conquistas portuguesas.
d) De Paulo da Gama, presente entre os tripulantes da 
nau chefiada por seu irmão.
X e) De Vasco da Gama, herói português a liderar embar-
cações rumo às Índias.
14. (UEL – PR) Sobre a referência a “corações”, é correto 
afirmar:
a) Trata-se de uma ameaça às aventuras sentimentais 
dos marinheiros que, nessa ocasião, se envolveram 
com as ninfas.
X b) Trata-se do estado emocional dos marinheiros que 
se desestabilizaram ante um fenômeno difícil de 
compreender.
c) Trata-se de referência aos familiares que estavam 
com medo do destino dos marinheiros após as pra-
gas do Velho do Restelo.
d) Trata-se de desgaste dos marinheiros que já imagi-
navam ter superado a batalha contra Adamastor.
e) Trata-se de um reflexo, exposto de modo imediato 
pelos marinheiros, que perceberam a concretização 
da profecia do Velho do Restelo.
15. (MACKENZIE – SP) Sobre o poema Os Lusíadas, é in-
correto afirmar que:
a) quando a ação do poema começa, as naus portu-
guesas estão navegando em pleno Oceano Índico, 
portanto no meio da viagem;
b) na Invocação, o poeta se dirige às Tágides, ninfas do 
rio Tejo;
c) Na ilha dos Amores, após o banquete, Tétis conduz o 
capitão ao ponto mais alto da ilha, onde lhe descen-
da a “máquina do mundo”;
d) Tem como núcleo narrativo a viagem de Vasco da 
Gama, a fim de estabelecer contato marítimo com 
as Índias;
X e) É composto em sonetos decassílabos, mantendo em 
1.102 estrofes o mesmo esquemas de rimas.
Literatura 9
Literatura informativa e jesuítica
 PERES, Pedro. Elevaçãoda Cruz em Porto Seguro. 1879. 1 óleo sobre tela.
 • Quinhentismo – introdução da cultura europeia no território do Brasil.
 • Literatura brasileira – a expressão não se aplica aos chamados relatos de viagens, porque a visão de mundo registrada foi a dos coloni-
zadores, e não a dos nativos. 
 • Textos feitos no Brasil – a chamada literatura informativa era relacionada ao território do país hoje chamado Brasil, mas refletia a visão de 
um europeu diante dessas terras e da paisagem, bem como das riquezas que vislumbrava explorar nas terras brasileiras.
 • Conquista – havia duas preocupações principais: dominar economicamente as terras e os povos nativos e conquistar espiritualmente as 
populações autóctones para a Igreja Católica.
 • Duas formas de registro – literatura informativa (inventários das riquezas) e literatura jesuítica (ligada ao movimento da Contrarreforma, 
catequese).
 • Conteúdo dos textos – traços da exuberância da natureza e do aspecto exótico dos nativos; relato dos trabalhos dos viajantes; relato da 
realização da catequização dos nativos indígenas.
06
Literatura informa
tiva 
e jesuítica
Autores Obras
Literatura informativa
1500 a 1601
Pero Vaz de Caminha
Carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel sobre o 
achamento do Brasil 
(denominada também de Carta de achamento do Brasil ou Carta 
de Pero Vaz de Caminha ou simplesmente Carta) (1500)
Pero de Magalhães Gândavo 
Tratado da Terra do Brasil: História da Província de Santa Cruz, a 
que vulgarmente chamamos de Brasil (1576)
Gabriel Soares de Souza Tratado descritivo do Brasil (1587)
Ambrósio Fernandes Brandão (Bento Teixeira) Diálogo das grandezas do Brasil (1618)
Literatura jesuítica José de Anchieta
Poemas relacionados à religião, textos em prosa e textos teatrais 
(estes utilizados pelos jesuítas para a catequização dos indígenas)
Obras de destaque: 
Poema à Virgem Maria 
Auto na festa de São Lourenço 
A arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil
10 Volume 3
Atividades
1. Leia o fragmento a seguir, atentando para o contexto que gerou o formato e o conteúdo do texto.
Como os selvagens de Pernambuco se rebelaram e quiseram destruir um estabelecimento de 
portugueses
Por culpa dos portugueses, eclodiu um tumulto de selvagens numa região, a dos Caetés, que até então 
tinha sido tranquila, e o capitão do país nos implorou pela graça de Deus que acorrêssemos em ajuda à 
localidade de Igaraçu, a cinco milhas de Olinda e que os selvagens estavam prestes a tomar. Os habitantes 
de Olinda, frente à qual estávamos ancorados, não poderiam socorrer a outra localidade, pois temiam eles 
mesmos sofrer um ataque dos selvagens. [...]
O número de defensores devia estar em torno de noventa cristãos aptos para a luta. A eles vinham so-
mar-se trinta negros e escravos brasileiros, isto é, selvagens que pertenciam aos colonos. Os selvagens que 
nos sitiavam foram estimados em oito mil. Nossa única proteção na localidade sitiada consistia numa cerca 
de varapaus.
STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil: primeiros registros sobre o Brasil. Porto Alegre: L&PM, 2009. p. 37.
 Os textos desse período eram registros de viajantes, como o alemão Hans Staden, que aqui se aventuravam e passa-
vam a registrar suas experiências em forma de
a) romances, nos quais idealizavam as novas terras e seus habitantes nativos.
X b) relatos de viagem, nos quais descreviam, com veracidade, as novas terras e os habitantes nativos e seu modo de vida.
c) cartas, por meio das quais narravam suas aventuras nas novas terras.
d) contos, pequenos textos ficcionais, cujos personagens principais eram os habitantes nativos.
e) poemas épicos, cujos heróis eram tanto os habitantes nativos quanto os colonos que lutavam para conquistar as 
novas terras.
2. Analise a imagem a seguir.
A imagem retratada foi criada pelo alemão Hans Staden, que foi preso 
por índios tupinambás, no século XVI.
 No período em que essa imagem foi produzida, europeus chocaram-se com os hábitos dos nativos das Américas, 
como foi o caso do hábito da antropofagia ritualística. Na imagem de Hans Staden, é possível perceber que ele se 
Literatura 11
autorretrata na gravura, com barba, e com o indicador levantado em direção aos céus, ameaçando os nativos. Explique 
o que pode significar essa postura.
Hans Staden se retrata em postura ameaçadora, de quem se vê portador da verdade, diante da presença de Deus (como se dissesse 
“Deus está vendo” ou “Deus vai condenar vocês pelo que estão fazendo”). Nesse caso, vê-se que a gravura focaliza a figura “civilizada 
e evoluída” do europeu em detrimento do nativo, retratado como participante de uma cultura inferior, não cristã, diferente da do futuro
 colonizador.
3. Sobre o contexto no qual se inserem os textos produzidos durante o período da expansão marítima portuguesa, julgue 
as afirmativas a seguir.
I. Os textos da literatura de informação são identificados como crônicas e parte da crítica considera que seu valor 
literário é maior que seu valor histórico. 
 II. Apenas os portugueses que estiveram no Brasil produziram textos em que se podem ler observações sobre a 
paisagem, a natureza e os povos que aqui viviam. 
X III. As embarcações usadas pelos portugueses, as caravelas, trouxeram novidades tecnológicas para o período. 
X IV. A chamada literatura de informação foi produzida por cronistas contratados pela corte portuguesa e também por 
outros que participaram das viagens de exploração.
X V. A importância de se descobrirem outras rotas comerciais fez com que países como Portugal e Espanha se arris-
cassem em mares desconhecidos. 
 Assinale a alternativa correta.
a) São verdadeiras as afirmativas II, IV e V.
b) São verdadeiras as afirmativas I, IV e V.
X c) São verdadeiras as afirmativas III, IV e V. 
d) São verdadeiras as afirmativas I, II e III.
e) São verdadeiras as afirmativas II, III e IV.
4. Qual foi a principal consequência do pioneirismo português na expansão marítima comercial?
O desenvolvimento tecnológico e técnico da navegação oceânica, fazendo-os desenvolver embarcações que pudessem navegar em 
quaisquer condições, as caravelas.
5. Leia o trecho a seguir, retirado do romance Terra Papagalli, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, publi-
cado em 1997.
Tudo cá é novidade. É grande maravilha ver a força das ondas a bater no casco e a multidão de golfinhos 
e peixes. Os marinheiros riem-se de nós e não perdem ocasião de falar de monstros e tempestades. Outros 
contam de calmarias em que não sopra o vento, onde passa-se tão grande fome que os homens reviram os 
olhos e têm alucinações. Se queriam meter-nos medo, conseguiram.
TORERO, J. R; PIMENTA, M. A. Terra Papagalli: narração para preguiçosos leitores da luxuriosa, irada, soberba, invejável, cobiçada e gulosa 
história do primeiro rei do Brasil. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. p. 26.
 Os autores de Terra Papagalli usaram de humor para tratar de qual assunto? Em que medida esse assunto pode ter 
influenciado a expansão marítima comercial ou tem relação com o contexto dos descobrimentos? Explique sua res-
posta com informações do período, das mudanças que ocorreram durante o Quinhentismo.
O assunto tratado é o desconhecido, aquilo que não fazia parte da vida do europeu, que se autorreconhecia como “civilizado”. 
Os europeus estavam envolvidos com as descobertas das novas rotas e terras e, posteriormente, com os nativos das futuras 
colônias europeias. Tudo isso foi criando um imaginário quase mitológico do chamado “selvagem”. O tema do desconhecido, discutido 
12 Volume 3
humoristicamente no trecho, é reforçado pela menção a seres fantasiosos, monstros, perigos dos mares e necessidades pelas quais
 passavam marinheiros e degredados. Isso tudo criou um imaginário quase mitológico da expansão marítima europeia. Na Idade Média, a 
sociedade era estática, não havia mudança de classes e as pessoas estavam conformadas, pois entendiam que se tratava da vontade 
de Deus (visão teocêntrica). Já no Renascimento,com a recuperação dos valores da Antiguidade Clássica (busca do conhecimento), 
o ser humano passou a ser o centro, dono de seu destino (visão antropocêntrica). Essa percepção diferenciada do mundo influenciou no 
processo de expansão marítima e descobrimento desse novo mundo que era a América. 
6. Leia o trecho a seguir, retirado do texto de Lopes de Sousa, e responda ao que se pede.
Os principais homens da terra vieram fazer obediência ao capitão I [Martim Afonso de Sousa], e nos 
trouxeram muito mantimento, e fizeram grandes festas e bailes; mostrando muito prazer por sermos aqui 
vindos. O capitão I lhes deu muitas dádivas. A gente desta terra é toda alva; os homens mui bem dispostos, 
e as mulheres mui formosas, que não hão nenhuma inveja às da Rua Nova de Lisboa.
SOUSA, Pero Lopes de. Diário de navegação. In: OLIVIERI, A. C.; VILLA, M. A. (Org.). Cronistas do Descobrimento. São Paulo: Ática, 1999. p. 37-38.
 A respeito do trecho, julgue as afirmativas a seguir.
 I. Todos os nativos eram obedientes aos portugueses, pois, conforme o trecho lido, eles rendiam homenagem aos 
portugueses com festas e bailes. 
X II. Lopes de Souza compara as nativas com as lisbonenses, não as tratando como inferiores. 
X III. Conforme o trecho lido, os superiores dos nativos prestaram obediência ao trazer mantimentos. 
 Assinale a alternativa correta.
X a) Somente a afirmativa I é falsa.
b) Somente a afirmativa II é falsa.
c) Somente as afirmativas II e III são falsas.
d) Somente as afirmativas I e II são falsas.
 Leia o texto a seguir para responder às questões de 7 a 9.
Diálogo do Padre Nogueira Sobre a Conversão do Gentio
Interlocutores: Gonçalo Alves e Matheus Nogueira
Porque me dá o tempo lugar para me alargar, quero falar com meus irmãos o que meu espírito sente, e 
tomarei por interlocutores ao meu irmão Gonçalo Alves, a quem Deus deu graça e talento para ser trom-
beta de sua palavra, na capitania do Espírito Santo, e com meu irmão Matheus Nogueira, ferreiro de Jesus 
Cristo, o qual, posto que com palavras não prega, fá-lo com obras e com marteladas.
Entra logo o irmão Gonçalo Alves, tentado dos negros do Gato, e de todos os outros, e, meio desespe-
rado de sua conversão, diga, por demais é trabalhar com estes que são tão bestiais, que não lhes entra no 
coração cousa de Deus; estão tão encarniçados em tratar e comer, que nenhuma outra bem-aventurança 
sabem desejar; pregar a estes é pregar em deserto às pedras.
Matheus Nogueira:
Se tiverem um rei, poderão se converter, ou se adorarão alguma coisa; mas como não sabem que coisa é 
crer, nem adorar, não podem entender a pregação do evangelho, pois ela se funda em fazer crer, e adorar 
a um só Deus, e a este só servir; e como este gentio não adora a coisa alguma, nem crê em nada, tudo o 
que lhes dizeis se fica em nada.
Gonçalo Alves:
O que bem dizeis, quão fora estes são de se converter em um dia cinco, e no outro três mil, por uma só 
pregação dos Apóstolos, nem de se converterem reinos e cidades, como se fazia no tempo passado, por 
ser gente de juízo.
Literatura 13
Matheus Nogueira:
Uma coisa têm estes pior de todas, que quando vêm à minha tenda, com um anzol que lhes dê, os 
converterei a todos, e com outros tornarei a desconverter por serem inconstantes, e não lhes entrar a 
verdadeira fé nos corações; ouvi eu já um Evangelho a meus padres, onde Cristo dizia: “Não deis o santo 
aos cães, nem deiteis as pedras preciosas aos porcos”. Se alguma geração há no mundo, por quem Cristo 
Nosso Senhor isto diga deve ser esta: porque vemos que são cães, em se comerem, e matarem e são porcos, 
por vícios, e na maneira de se tratarem, e esta deve ser a razão, porque alguns padres, que do reino vieram, 
os vejo resfriados, porque vinham cuidando de converter a todo o Brasil em uma hora, e vêm-se que não 
podem converter em um ano, por sua rudeza e bestialidade.
Gonçalo Alves:
Ora isso deve ser, porque não sei a quem ouvi, que quando vinham na nau, imaginavam-se um São João 
Batista, junto a um rio Jordão a batizar quantos a eles viessem.
Matheus Nogueira:
Se fossem tainhas do Piraique poderia ser.
Gonçalo Alves:
Não há homem em toda esta terra, que conheça estes, que diga outra coisa; eu tive um negro, que criei 
de pequeno, cuidei que era bom cristão e fugiu-me para os seus; pois quando aquele não foi bom, não 
sei quem o seja; não é este o que só me faz desconfiar destes serem capazes do batismo, porque não fui 
eu só o que criei este corvo, nem sei se é bem chamar-lhe corvo; pois vemos que os corvos, tomados nos 
ninhos se criam, e amansam, e ensinam, e estes mais esquecidos da criação, que os brutos animais, e mais 
ingratos, que os filhos das víboras que comem suas mães, nenhum respeito têm ao amor e criação, que 
neles se faz. [...]
NÓBREGA, Manoel da. Cartas do Brasil: 1549-1560. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp. p. 229-230. (Cartas Jesuíticas 1; 147. Coleção 
Reconquistando o Brasil).
7. A opinião expressa neste fragmento: “não podem entender a pregação do evangelho, pois ela se funda em fazer crer” 
é explicada em outra passagem do texto de Manoel da Nóbrega. Selecione esse trecho, explicando-o.
O trecho é: “Como este gentio não adora a coisa alguma, nem crê em nada, tudo o que lhes dizeis se fica em nada”. Isso quer dizer 
que, se os gentios (ou seja, as pessoas que, segundo a visão da época, não eram civilizadas e eram chamadas de “selvagens”) não 
criam em nada, não teriam como aprender a crer. 
8. Como se percebe nos trechos, em uma de suas falas, Nogueira diz que “se alguma geração há no mundo, por quem 
Cristo Nosso Senhor isto diga deve ser esta”. O que disse Cristo, conforme afirma Nogueira no diálogo?
Conforme a fala de Nogueira afirma, Cristo disse: “Não deis o santo aos cães, nem deiteis as pedras preciosas aos porcos”. Isso o autor 
comenta muito pela dificuldade de se catequizarem as populações nativas, muito rudes e bestiais, conforme afirma o cronista.
9. Manuel da Nóbrega, para demonstrar sua revolta, usa nomes de animais como termos de comparação com as pes-
soas da terra (os chamados “gentios”). Qual é a relação estabelecida entre cães e porcos no diálogo?
Os gentios são considerados cães porque comem uns aos outros (o canibalismo que tanto havia surpreendido os primeiros cronistas) e 
são chamados de porcos pelos vícios e pela maneira de conviverem.
14 Volume 3
10. (UFRN) Define-se a literatura informativa no Brasil como:
a) as obras que visavam tornar mais acessíveis aos indígenas os dogmas do cristianismo.
b) a prova de que os autores brasileiros tinham em mente emancipar-se da influência europeia.
X c) o reflexo de traços do espírito expansionista da época colonial.
d) a prova do sentimento de religiosidade que caracterizou os primeiros habitantes da nova terra descoberta.
e) a descrição dos hábitos de nomadismo predominantes entre os índios.
11. Leia o poema de Murilo Mendes e identifique com que outro texto ele estabelece um diálogo. Responda às 
questões.
Carta de Pêro Vaz
A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muitos,
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais.
Diamantes tem à vontade,
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui.
MENDES, Murilo. Murilo Mendes: poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
a) O poema estabelece relação de intertextualidade com que outro texto da chamada literatura informativa?
Com a carta de Pêro Vaz de Caminha.
b) Quem é o eu lírico do poema e a quem ele está se dirigindo?
O eu lírico é Pêro Vaz e, tal como na carta original escrita por este, o destinatário é o rei de Portugal da época, D. Manuel.
c) Transcreva a seguir versos que explicitem os interesses econômicos que os europeus tinham pela nova terra.
“Reforçai,Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão”
Literatura 15
12. (UFPE)
“Se suas cartas não apresentam valor literário 
reconhecível, os demais aspectos da obra do 
missionário – um representado por criações li-
terárias com objetivo pedagógico em relação à 
catequese, outro por criações desinteressadas – 
devem ser literariamente valorizados, sobretudo 
o teatro em verso”.
 O trecho refere-se aos textos produzidos no século XVI 
por: 
X a) José de Anchieta. 
b) Pero Vaz de Caminha. 
c) Antônio Vieira. 
d) Bento Teixeira. 
e) Manuel da Nóbrega.
13. (UFV – MG) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:
Dos vícios já desligados
nos pajés não crendo mais,
nem suas danças rituais,
nem seus mágicos cuidados.
(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e 
adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)
 Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe 
acima, pronunciada pelos meninos índios em procissão:
X a) Os meninos índios representam o processo de 
aculturação em sua concretude mais visível, como 
produto final de todo um empreendimento do qual 
participaram com igual empenho a Coroa Portugue-
sa e a Companhia de Jesus.
b) A presença dos meninos índios representa uma sín-
tese perfeita e acabada daquilo que se convencio-
nou chamar de literatura informativa.
c) Os meninos índios estão afirmando os valores de 
sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais 
e as magias praticadas pelos pajés.
d) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja cons-
trução como personagens atende a todos os requin-
tes da dramaturgia renascentista.
e) Os meninos índios representam a revolta dos na-
tivos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de 
quem querem libertar-se tão logo seja possível. 
14. Leia o trecho a seguir de José de Anchieta.
DIABO: Ó que valentes soldados!
Agora me quero rir!...
Mal me podem resistir
Os que fracos, com pecados,
Não fazem senão cair!
ANJO: se caem, logo se levantam,
E outros ficam em pé.
Os quais, com armas da fé,
Te resistem e te espantam,
Porque Deus com eles é.
ANCHIETA, José de. José de Anchieta – poesia. 3. ed. Rio de 
Janeiro: Agir, 1977. p. 33.
 A presença de ironia e a identificação das personagens 
se remetem a que características, presentes também 
na literatura medieval?
À presença da moral religiosa católica, influência retomada da
literatura produzida no Período Medieval (principalmente em 
Gil Vicente) e que estava preocupada com a caracterização dos 
extremos: o bem e o mal, a santidade e o pecado, o anjo e o 
diabo.
Essa caracterização dá ao trecho dramaticidade pelo conflito 
exposto, que também está marcado pelo maniqueísmo dos 
autos pedagógicos.
16 Volume 3

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