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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DO TRABALHO 
DA 2ª VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA/GO 
 
 
 
 
 
 
Processo nº: 0010001-10.2017.518.0002 
 
MARIA JOSÉ PEREIRA, já qualificada nos autos, por seu advogado que 
esta subscreve, na Reclamação Trabalhista proposta por ALBANO MACHADO, 
também já qualificado nos autos, inconformada com a respeitável r. sentença, 
vem tempestivamente e respeitosamente à presença de Vossa Excelência, 
interpor: 
 
RECURSO ORDINÁRIO 
 
com fulcro no art. 895, alínea “a” da CLT, de acordo com a razões em anexo as 
quais requer que sejam recebidas e remetidas ao exame do Egrégio Tribunal 
Regional do Trabalho da 18ª Região. 
 
 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
 
Goiânia/GO, (dia) de (mês) de (ano). 
 
 
________________________ 
Assinatura do advogado 
Nome do advogado 
Número da OAB 
 
EGRÉRIO TRIBUNAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 
 
RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO 
 
RECORRENTE: MARIA JOSÉ PEREIRA 
 
RECORRIDO: ALBANO MACHADO 
 
ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA/GO 
 
AUTOS Nº: 0010001-10.2017.518.0002 
 
 
Egrégio Tribunal, 
 
Colenda Turma, 
 
Eméritos Julgadores! 
 
 
I.DA TEMPESTIVIDADE 
 
Cumpre ressaltar que a tempestividade do presente recurso, a fim de se 
evitar futuras discussões acerca do tópico. 
 
O prazo para a interposição de Recurso Ordinário é de 08 (oito) dias, 
conforme preconiza o art. 895, inciso I, da CLT. 
 
Portanto, pugna-se pela tempestividade do presente recurso, concluindo-
se pela sua admissibilidade, bem como, por sua procedência pelos fatos e 
fundamentos que passa a expor. 
 
 
II.DO PREPARO 
 
A Recorrente é beneficiária da Justiça Gratuita, portanto fica dispensada 
de recolher custas do processo e a realização do depósito recursal para fins de 
interposição de Recurso Ordinário. 
 
 
III. DOS FATOS 
 
Em 25/07/2017, foi ajuizada reclamatória trabalhista em face da ora 
Recorrente, pleiteando o recebimento de horas extras decorrentes da 
extrapolação da jornada máxima diária de oito horas; o pagamento em dobro dos 
domingos e feriados trabalhados; o pagamento de uma hora extra por dia em 
razão da suposta inobservância do intervalo intrajornada; a reversão da justa 
causa em dispensa imotivada com o pagamento das verbas rescisórias; multa 
do art. 477, §8º da CLT, indenização por danos morais e honorários advocatícios. 
 
O Recorrido aduz que nunca usufruiu de 01(uma) hora de intervalo para 
refeições e descanso, fazendo jus de 01(uma) hora extra, por dia de trabalho nos 
termos da Súmula 437 do TST, desde a publicação da Lei Complementar nº 
150/2015, até o término do contrato de trabalho e seus reflexos. 
 
Ademais, requereu a reversão da justa causa aplicada, ao fundamento de 
que não houve qualquer conduta grave por parte do Obreiro a ponto de ensejar 
a mesma. Em consequência, faz jus ao pagamento de indenização por danos 
morais, haja vista o que foi registrada em sua CTPS, a modalidade de dispensa. 
 
Logo, uma vez revertida à justa causa, requereu a aplicação da multa 
prevista no art. 477, §8º da CLT. 
 
Posteriormente, foi proferida sentença parcialmente procedente, 
condenando a Recorrente ao pagamento dos feriados laborados (em dobro), 1 
(uma) hora extra por dia devido a suposta supressão do intervalo intrajornada, 
indenização por danos morais no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais) e 
honorários advocatícios. 
 
 
IV.DO MÉRITO 
 
A) DO INDEVIDO PAGAMENTO EM DOBRO DOS FERIADOS 
LABORADOS E DA CONCEDIDA FOLGA COMPENSATÓRIA 
 
A r. sentença, condenou a Recorrente ao pagamento em dobro dos 
feriados laborados sob o seguinte fundamento: 
 
“O pleito do reclamante de pagamento de domingos e feriados em dobro 
merece ser acolhido parcialmente. A Súmula n o 444, do Colendo TST, 
dirime esta questão: Súmula no 444 do TST JORNADA DE TRABALHO. 
NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12 POR 36. VALIDADE. - Res. 
185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.9.2012 - republicada em 
decorrência do despacho proferido no processo TST-PA-504.280/2012.2 
- DEJT divulgado em 26.11.2012. É valida, em caráter excepcional, a 
jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista 
em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho 
ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro 
dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de 
adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima 
segunda horas. Como se infere, há previsão expressa de que o feriado 
deve ser pago em dobro. Isto porque o trabalhador, mesmo no regime 
12x36 tem direito à folga neste dia, além daquelas 36 horas de descanso 
que são inerentes ao sistema em questão. Uma vez ocorrido o labor em 
dia de feriado, sem qualquer compensação, é devido seu pagamento em 
dobro”. 
 
Contudo, é imperioso destacar que a r. sentença merece reforma! 
Não há embasamento para se permitir a compensação aos domingos e 
negá-la nos casos de labor aos feriados, como feito pela decisão colacionada. 
 
Quando o Recorrido laborava nos feriados, suas folgas eram 
automaticamente compensadas inerentes ao regime. 
 
Logo, é nítido que a sistemática própria do regime 12x36 já 
compensa, automaticamente, o trabalho exercido em dia de feriado, da 
mesma maneira que ocorre com o labor aos domingos. 
 
Assim é entendimento jurisprudencial: 
 
 
 
Desta forma, reque-se a reforma do julgado com a improcedência do pleito 
do pagamento em dobro dos feriados laborados durante o pacto laboral. 
 
 
B) DO CORRETO GOZO DO INTERVALO INTRAJORNADA 
 
A r. sentença, condenou a Recorrente ao pagamento de 1 (uma) hora 
extra por dia, devido a suposta supressão do intervalo intrajornada acrescida de 
50%, a partir de 02/06/2015 até o término do contrato de trabalho, com os 
reflexos legais. 
 
Todavia, o julgado carece de reforma. 
 
Primeiramente, é óbvio que o Recorrido não ficava trabalhando 
ininterruptamente durante 12 horas. Embora o enfermo, vítima de acidente 
vascular cerebral, demandasse cuidados especiais, resta evidente que o 
trabalhador tinha meios de usufruir da pausa intervalar de uma hora. Isto 
poderia ser feito, por exemplo, quando o enfermo estivesse assistindo 
televisão. 
 
Dessa forma, é nítido que o Obreiro cumpria diariamente o intervalo para 
refeição de descanso, o que acarreta a improcedência do pedido. 
 
Assim, requer-se a reforma da r. sentença para julgar improcedente o 
pagamento de 1 (uma) hora extra por dia, acrescidas de 50% e seus reflexos, 
devido a supressão do intervalo intrajornada. 
 
 
C) DO INCABÍVEL DANO MORAL E DO EXCESSO DO QUANTUM 
INDENIZATÓRIO 
 
A r. sentença, condenou a Recorrente ao pagamento de indenização por 
danos morais no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais), pela anotação na 
CTPS do Recorrido de que a rescisão contratual foi proveniente de justa causa. 
 
Contudo, merece reforme nesse aspecto. 
 
O art. 29, parágrafo 2º, alínea “c”, da CLT, assevera que a anotação da 
rescisão deve constar na CTPS, sem qualquer ressalva quanto à dispensa 
motivada. 
 
É importante ressaltar que, ainda que houvesse equívoco quanto à 
anotação, ela não gerou qualquer dano ou prejuízo ao trabalhador, razão 
pela qual a reparação civil não deve subsistir. Ou seja, ainda que se 
entenda pelo equivoco da anotação, não é devida a reparação civil. 
 
É sabido que, para que haja o dever de indenizar é necessária à presença 
concomitante de três elementos, quais sejam: dano, nexo de causalidade e 
culpa (artigos 186 e 927 do Código Civil). 
 
Corroborando com este entendimento, aduz Sergio Cavalieri Filho: 
 
"Não cabe indenização por dano moral quando os fatos narrados estão 
no contexto de meros dissabores, sem humilhação, perigo ou abalo à 
honra e à dignidade do autor." 
 
É oportuno mencionar que o Recorrido não demonstrou a existência de 
qualquer constrangimento que tenhasido causado pela aposição da informação 
da dispensa por justa causa em sua CTPS, como determinam os artigos 818, da 
CLT, e 373, inciso I, do CPC. 
 
Não aduziu que foi impedido de obter novo emprego por este fato, ou seja, 
não comprou a existência de dano, o que por si só é suficiente para jogar por 
terra sua pretensão. 
 
Assim é o entendimento jurisprudencial: 
 
 
 
Desta forma, é óbvio que o Recorrido pretende receber por um dano moral 
não caracterizado, pois nunca houve qualquer conduta imoral da Reclamada 
para com o Reclamante. 
 
Portanto, mesmo que houvesse equívoco na anotação não seria motivo à 
indenização pelo fato de não existência, neste ato, de qualquer constrangimento 
ao Recorrido. Sendo o pleito, totalmente improcedente. 
 
No tocante ao quantum indenizatório, oportuno ressaltar que, em se 
tratando de danos morais, a recomposição da condição anterior é inviável, 
devendo o valor da indenização, servir como objeto de satisfação e de 
compensação pelos danos sofridos. O quantum deve ser fixado levando em 
conta as circunstâncias do caso. 
 
Desta forma, a indenização deve ser moderada, proporcional e razoável, 
observadas a culpa, a extensão do dano e o porte econômico das partes. Por 
outro lado, o valor não pode ser excessivo, a ponto de ensejar o enriquecimento 
ilícito do ofendido. 
 
Nítida a ofensa ao artigo 5º, inciso V, da CF/88, haja vista que a respectiva 
decisão não obedeceu ao princípio da proporcionalidade. 
 
Assim é o entendimento jurisprudencial: 
 
 
 
Ressalta-se que no caso em tela, a condição econômica da Recorrente 
não permite o pagamento de indenização no valor fixado, principalmente, por se 
tratar de empregadora doméstica, cujo marido está em idade avançada e em 
precária condição de saúde. 
 
Assim, requer a improcedência do pleito de indenização por danos 
morais, e em atenção ao princípio da eventualidade, caso se entenda que a 
hipótese é de reparação civil, o valor arbitrado no importe de R$ 10.000,00 (dez 
mil reais) deve ser reduzido. 
 
 
D) DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
 
A Recorrente foi condenada ainda, ao pagamento de honorários 
advocatícios, nos termos do art. 791-A da CLT, cuja redação foi dada pela Lei n. 
13.467/17. 
 
Contudo, o julgado carece de reforma também nesse tocante. 
 
Com a devida vênia, a presente reclamação foi distribuída antes da 
vigência da Lei nº 13.467/17, ou seja, anteriormente à existência da nova 
regra dos honorários advocatícios prevista no art. 791- A da CLT. 
 
Esse entendimento é pacífico nos Tribunais: 
 
 
 
Não se pode perder de vista que a condenação carece de lógica jurídica, 
pois a própria sentença reconhece o estado de dificuldade econômica da 
Recorrente, deferindo-lhe os benefícios da assistência judiciária gratuita. 
 
Assim é o entendimento jurisprudencial: 
 
 
 
Segundo o artigo denominado “(in) aplicabilidade imediata dos honorários 
de sucumbência recíproca no processo trabalhista” de autoria de José Affonso 
Dallegrave Neto: “A lei é prospectiva, não é retrospectiva”. 
 
Além disso, os dispostos do art. 791-A, da CLT são os mesmos 
utilizados na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5766, em tramite no 
STF, sendo questionada sua constitucionalidade. 
 
Logo, requer-se a reforma do julgado julgando-se improcedente o 
pagamento de honorários advocatícios. 
 
 
V. DOS PEDIDOS 
 
Diante das argumentações acima expostas, requer: 
 
O CONHECIMENTO e o PROVIMENTO do presente Recurso Ordinário, 
com os respectivos acolhimentos de mérito, com a consequente reforma da 
decisão, julgando improcedentes os pedidos formulados na inicial. 
 
 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
 
Goiânia/GO, (dia) de (mês) de (ano). 
 
 
 
_________________________ 
Assinatura do advogado 
Nome do advogado 
Número da OAB

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