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Educação e Políticas Públicas: Estudo de caso do Bolsa Família em Teresina

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ATENAS COLLEGE UNIVERSITY
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO
NOME
Educação e Políticas Públicas Sociais: O Programa Bolsa Família como ferramenta no combate às desigualdades sociais – Um estudo de caso na cidade de Teresina - PI
TERESINA
2020
NOME
Educação e Políticas Públicas Sociais: O Programa Bolsa Família como ferramenta no combate às desigualdades sociais – Um estudo de caso na cidade de Teresina - PI
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Educação, da Atenas College University, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação.
 
Orientador: Prof. 
TERESINA
2020
FICHA CATALOGRÁFICA
NOME
Educação e Políticas Públicas Sociais: O Programa Bolsa Família como ferramenta no combate às desigualdades sociais – Um estudo de caso na cidade de Teresina - PI
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Educação, da Atenas College University, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação.
 
Orientador: Prof. 
Aprovada em __/__/__
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________
Prof. (Orientador)
Especialista em xxxxxx
_________________________________________________________
Prof. Msc. Xxxxxxxxxxx (Examinador I)
Especialista em xxxxxx
_________________________________________________________
Prof. Msc. Xxxxxxxxxxx (Examinador II)
Especialista em xxxxxx
AGRADECIMENTOS
A Deus.....
RESUMO
O estudo aqui realizado busca lançar um olhar sobre as perspectivas da educação juntamente com as políticas públicas voltadas para a sociedade menos favorecida. Dentro dessa perspectiva busca-se o resgate da história da educação em todos os seus processos, assim como por sua vez traçar um paralelo entre o trabalho e a educação. Por fim no presente estudo elenca-se a questão da desigualdade social, seus males e suas formas de propagação, assim como também apresenta-se algumas medidas para a contenção dessa desigualdade social, no presente caso o Programa Bolsa Família e sua perspectiva para com as pessoas assistidas por esse programa da cidade de Teresina PI.
Palavras-chave: Bolsa Família, Assistência Social, Educação
ABSTRACT
The study carried out here seeks to take a look at the perspectives of education with public policies aimed at a less favored society. Within this perspective, researching or recovering the history of education in all its processes, as well as drawing a parallel between work and education. Finally, in the present study, the issue of social inequality, its males and its forms of propagation, are also presented as some measures to contain this social inequality, without the presence of the Bolsa Família Program and its perspective for people assisted by this program from the city of Teresina PI. 
Keyword: Bolsa Família, Social Assistance, Education
Lista de Siglas
BPC - Benefício de Prestação Continuada
CadÚnico - Cadastro Único
CRAS- Centro de Referência de Assistência Social
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MDS - Ministério do Desenvolvimento Social
NIS - Número Único de Identificação Social
ODM - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
ONU – Organização das Nações Unidas 
PBF – Programa Bolsa Família
PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
PIB – Produto Interno Bruto
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostragem de Dados
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	10
1.1 Tema	12
1.2 Problemáticas da pesquisa	12
1.3 Questões norteadoras	12
1.4 Objetivos	12
1.4.1	Geral	12
1.4.2 Específicos	12
1.5 Linhas de Pesquisa: Educação e Políticas Públicas	13
1.6 Justificativa	13
2 UM BREVE CONTEXTO HISTORICO DA EDUCAÇÃO	15
3 EDUCAÇÃO, TRABALHO E A LUTA DE CLASSES	21
4 EDUCAÇÃO NO BRASIL	35
5 POBREZA, SEGURIDADE SOCIAL E O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA	39
5.1 Exeplicações gerais sobre a pobreza	40
5.2 O Percurso Histórico da Seguridade Social	45
5.3 A Seguridade Social no Brasil e o Programa Bolsa Família	51
5.4 Bolsa Família e a Educação brasileira	60
5.5 Impactos do Bolsa Família sobre a Pobreza: Entre os avanços e limites do Programa.	65
6 METODOLOGIA	76
7 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS	79
8 CONCLUSÃO	90
REFERÊNCIAS	92
CAPITULO I
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é um país com elevados níveis de pobreza decorrente da profunda desigualdade social. Um país onde grande parte da população vivencia situações de carência, não conseguindo manter um padrão mínimo de vida e de acesso a condições de dignidade e cidadania.
	Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2017), a pobreza monetária atinge 25,4% da população brasileira (renda familiar de até R$ 387,07), desse percentual 43,5% encontra-se na Região Nordeste e 12,3% na região Sul do país. Além disso, a pesquisa indicou ainda que, 42% das crianças na faixa etária de 0 a 14, vivenciam situações de privações e carências. 
	Essa realidade aponta a necessidade de reconhecer a pobreza como uma questão social que persiste em diversos espaços da nossa sociedade. De fato, há milhões de pessoas que vivenciam situação de pobreza, entre elas há milhões de crianças, adolescente e adultos que frequentam diariamente as escolas públicas do nosso país. A existência da pobreza no contexto educacional merece visibilidade por ter impacto na rotina da escola e no trabalho pedagógico. 
É importante entender que as crianças, os adolescentes e os adultos empobrecidos apresentam necessidades e questões diferentes que são consequências de suas vivências e que pode repercutir, direta ou indiretamente, no processo de apreensão do conhecimento por cada um desses sujeitos. Assim, é fundamental que as ações do governo sejam capazes de promover mudanças efetiva na realidade social desses indivíduos possibilitando melhorias no processo de aprendizagem. 
Nesse cenário, o Programa Bolsa Família que visa o combate a fome, a pobreza e as desigualdades sociais através da concessão de benefício, articulada às políticas de educação, saúde e segurança alimentar, com a finalidade de garantir a inclusão social dos beneficiários, representa uma proposta de governo importante para elevação da escolaridade e inclusão social das famílias beneficiadas. 
 Na nossa compreensão, o objetivo social do programa possui significado na erradicação da pobreza ao mesmo tempo que proporciona a permanência de crianças e adolescentes na escola. Assim, o Programa Bolsa Família também pode contribuir a elevação do desempenho escolar dos beneficiários. 
Para tanto, organização da escola e as práticas pedagógicas necessitam compreender a pobreza e os princípio do PBF tendo em vista a possibilidade de transformar a realidade social. A maneira de tratar a pobreza, bem como a visão dos gestores e docentes acerca do PBF e o desempenho escolar é de extrema relevância para a construção de posturas comprometida com a transformação social. 
Diante da temática aqui exposta esta pesquisa de título, Pobreza, Programa Bolsa Família e Desempenho Escolar tornou-se aqui pertinente, pois conforme a problemática, busca se apresentar qual as concepções das famílias acerca da pobreza e dos efeitos do Programa Bolsa Família no desempenho escolar e social?
Este estudo objetiva em geral compreender a visão das famílias no tocante aos impactos da pobreza e dos efeitos do Programa Bolsa Família no desempenho escolar dos alunos beneficiários no ano de 2018.
Sendo levantados os seguintes objetivos específicos:
· Compreender o que é pobreza.
· Descrever as características do Programa Bolsa Família. 
· Entender como os gestores e docentes compreendem a questão da pobreza na escola que trabalham.
O trabalho está organizado em seis capítulos, primeiramente a introdução que a é a apresentação do trabalho, onde foram listados os objetivos a serem alcançados e a importância desta pesquisa para a sociedade; segundo se abordou um breve histórico da educação , no terceiro relata-se sobre a educação o trabalho e a luta de classes no quarto capítulo versa-se sobre a educação no Brasil,no quinto capítulo relata-se sobre os aspectos dos programas sociais, pobreza e educação no Brasil. Sobre a metodologia aqui empregada, no sexto capítulo teremos o detalhamento da pesquisa, no sétimo apresentar-se-a a análise dos dados obtidos dutante a pesquisa e por último estão dispostas as considerações finais, onde estão dispostos os resultados obtidos na pesquisa de campo.
Os procedimentos técnicos utilizados serão: a pesquisa bibliográfica e entrevistas semiestruturada. A pesquisa bibliográfica terá a finalidade de entender o objeto, explorando-o através de fontes primárias e secundárias. As entrevistas serão desenvolvidas e abertas para as famílias que se predispuserem a participar, fornecendo com a resposta do questionário que lhes serão apresentados os dados que serão posteriormente analisados para obtenção de uma visão sobre a perspectivas dessas pessoas em relação aos programas sociais e seus impactos.
1.1 Tema
· Educação e políticas públicas sociais
1.2 Problemáticas da pesquisa
· Família em situação de vulnerabilidade social.
1.3 Questões norteadoras
O Brasil por ser um país em desenvolvimento, tem em seus últimos anos buscado formas de trabalhar cada vez mais a questão da educação. Essas ações buscam uma melhor qualidade nas oportunidades oferecidas as pessoas que de alguma forma necessitam de subsídios para evoluir em suas questões de qualificação.
Em uma abordagem contextualizada, percebe-se a necessidade de investigação quanto a realidade dessas pessoas que necessitam destes programas, assim como também busca-se a verificação do verdadeiro impacto dessas medidas adotadas pelos governos através das políticas públicas na vida desses indivíduos.
1.4 Objetivos
1.4.1 Geral
Analisar o real impacto dos programas sociais com base nas perspectivas das famílias beneficiadas por essas políticas públicas.
1.4.2 Específicos
· Dimensionar a importância que os programas sociais tem para as famílias assistidas.
· Averiguar o grau de eficiência desses programas com base nas opiniões obtidas pelas famílias entrevistadas.
· Analisar os impactos que a falta desses programas sociais nas vidas das famílias assistidas.
1.5 Linhas de Pesquisa: Educação e Políticas Públicas
Referir-se a educação em um período em que as questões sociais estão em voga é um dos pontos relevantes para discutir as melhorias futuras que a sociedade pode pleitear. Essa referência inside no fato de que sendo a educação um dos principais pilares de uma sociedade fraterna e justa, esse ponto característico merece uma observância ímpar, sendo que, no Brasil, a questão da educação ainda é precária.
Nesse aspecto as necessidades pungentes de políticas públicas que favoreçam a educação em seu contexto também converge para os debates sobre as questões que envolvem direta e indiretamente a educação, suas necessidades, suas perspectivas e seus respectivos atores que necessitam dessas melhorias.
Assim o objeto desse estudo aponta para a observância dessas políticas que por mais paulatinas sejam em suas formas de impacto para as famílias, apresentam por sua vez uma importância significativa na formação dessas crianças assistidas quando são devidamente implantadas.
1.6 Justificativa
A educação em sua totalidade é um dos principais agentes de mudança na vida dos indivíduos, assim, pensar em uma sociedade íntegra e esclarecida parte em suma da adequação e da conscientização de que através de ações concretas baseadas na educação é que se pode galgar novos níveis sociais, favorecendo e fortalecendo os laços de uma sociedade consciente e justa.
Neste ímpeto há necessidade de pensar a educação como uma questão presente, não deixando apenas guardada e idealizada em uma concepção utópia e imaginária, mas sim como um compromisso em que todos os que compõe a sociedade devem se voltar.
Dessa forma ao pleitear o estudo de tal questão, justifica-se essa necessidade, uma vez que, dentro de um contexto social há necessidade de averiguar a eficiência dessas políticas públicas. Assim, debruçar-se sobre essa questão também se faz de inteira relevância tendo em vista que o momento atual nos coloca diante de um alto grau de desigualdade nos campos educacionais e sociais.
Não obstante a essa questão de desigualdedes sociais, o trabalho aqui exposto é de total relevância para a observância da eficácia dessa política assistencialista e o grau de extensão da mesma, assim como também a consciência das famílias assistidas por essas políticas. Para tal, em relação as famílias, o ponto de vista das mesmas se faz enriquecedor para conhecimento do cotidiano e o grau de impacto no campo financeiro, social e educacional das mesmas.
Portanto o trabalho aqui realizado reitera sua necessidade e sua importância tendo em vista as múltiplas facetas que o mesmo abarca, assim, enumerando vários quesitos que devem ser levados em consideração ao nos referirmos as políticas públicas e suas formas de atuação.
CAPÍTULO II
2 UM BREVE CONTEXTO HISTORICO DA EDUCAÇÃO
Desde os primórdios o homem depara-se com a necessidade de dominar as mais variadas técnicas para sua sobrevivência, essa prerrogativa embasa-se no fato de que o homem edificou-se em um processo paulatino de aprendizagem, esta por sua vez tendo sido difundida ao longo das gerações, possibilitando assim a manutenção e preservação da espécie.
Bittar (2009) reitera que a educação está presente com o ser humano desde o momento em que o mesmo decide viver em sociedade, assim pratica a educação, entretanto a prática desta ocorre em seu ciclo primário de sociedade: a família, sendo que a educação não pode ser confundida com a escola, uma vez que a escola é uma invenção da sociedade em detrimento do seu processo histórico com o viés de difundir de maneira uniforme e sistematizada os processos educacionais.
Dessa forma, diversas sociedades outrora, valeram-se do poder que a educação possui, elevando-se de maneira sólida e transmitindo seu legado para as gerações futuras revelando o potencial que a educação e do ato de aprendizagem tem para impactar e modificar a realidade do homem.
Nesse contexto, a linha temporal da raça humana nos permite observar que tanto a educação quanto os processos de aprendizagem estão em constante evolução, evolução essa que se dá por meio das mais diversas técnicas de ensino, sendo que o processo de aprendizagem em sua essência não necessita de formalismos, podendo ocorrer de diversas formas.
Contudo, Bittar (2009) ao referir-se sobre a educação em seus primórdios relata que a mais de dois mil anos antes de Cristo no antigo Egito, essa por sua vez já apresentava o seu valor político e seu objetivo no âmbito do ensino, uma vez que a formação do homem político advinha da educação que o mesmo tinha. Dessa forma a educação não apresentava valor intelectual sobre a profissão a ser desempenhada no futuro, mas sim quanto ao domínio das palavras, essa era por sua vez a prerrogativa para a ascensão social, uma vez que o domínio da leitura e escrita abria prescedente para a conquista de uma profissão de prestígio.
Entretanto conforme o ser humano prossegue em sua evolução ao longo da linha histórica de sua existência, apresenta-se novos modelos de educação, neste ponto observa-se a interferência das sociedades que ditam suas formas de utilização da educação de acordo com suas prerrogativas e anseios.
Com isso enfatiza-se o processo social tem importância significativa quando refere-se à educação, essa por sua vez através da comunhão entre os indivíduos permite a troca de experiências, que tendem a direcionar o homem em busca da resolução dos conflitos pertinentes e da busca por satisfazer suas necessidades.
O mundo grego foi pródigo em tendências educacionais, mas os ensinamentos de Sócrates, Platão e Aristóteles prevaleceram, sem dúvida, sobre os demais pensadores daquela época. Duas cidades-estado rivalizavam-se: Esparta e Atenas. Elas representavam dois paradigmas de organização social, duas concepções de educação. (FILHO 2015 p 1)
Contudo é possível observar que mesmotendo a educação seu desenvolvimento dentro das grandes sociedades, entretanto convém notar que dentro desse contexto que em algumas sociedades a educação não era vista apenas como simples engrandecimento da espécie humana, mas também detinha o aspecto competitivo em seu âmago. 
Filho (2015) expõe que dentre essas sociedades uma de grande destaque era a sociedade grega que era voltada diretamente para educação, sendo que a mesma por contar com os ensinamentos de grandes filósofos, embasava sua educação nos ensinamentos destes, entretanto havia a rivalidade entre duas cidades que imprimiam modelos educacionais diferentes, estas por sua vez sendo Esparta que por ser uma sociedade fincada com as práticas de guerra, defendia uma educação totalitária com características militares e que baseava-se também na repressão cívica, esse tipo de educação atendia ao interesses do estado. Em contrapartida Atenas apresentava um modelo diferente de Esparta, esse por sua vez consistia em um tipo de educação democrática que buscava oferecer subsídios para que os indivíduos alcançassem o conhecimento do que era verdadeiro e favorecesse o bem.
Bittar (2009) relata que a educação dentro da sociedade grega apesar de bastante difundida não penetrava em todas as classes sociais, isto porque sendo a sociedade grega baseada no moldes escravistas havia uma desigualdade de classes no tocante ao tema da educação. A educação era dividida em fases, sendo que na fase primária da vida, ou seja durante a juventude os indivíduos eram preparados para exercerem seus papéis de guerreiros, sendo que ao atingir uma idade mais velha esses indivíduos eram instruídos para a guerra, assim também detínha-se a desigualdade no que se refere a educação uma vez que os indivíduos de classe dominante eram preparados para exercer essas funções de dirigentes, enquanto os de menor poder social eram instruídos em menor proporção e qualificação.
Esse aspecto demonstra que a educação era no período do apogeu da sociedade grega vista sob uma perspectiva do poder aliada também ao período de vida do indivíduo, sendo que durante sua juventude, tendo o vigor e a virilidade que a idade lhe permitia o jovem deveria estar voltado as conquistas, essas por sua vez advindas da guerra, em contrapartida com a chegada de uma idade mais avançada cabia ao homem a estratégia e a política. Assim já havia o consenso de que o conhecimento gerava o poder e que seu domínio era uma ferramenta bastante útil para a manutenção do mesmo.
Nessa perspectiva convém notar que a educação dentro de uma mesma sociedade pode conter aspectos distintos e metodologias distintas, no caso da educação grega a cultura do povo traduz e direciona o sentido da educação através de suas práticas, onde temos por um lado o modelo educacional de Esparta, baseado no espírito militar desse povo, com características fortes de autoritarismo e em contrapartida o modelo educacional de Atenas, onde percebe-se um apreço maior pela liberdade do pensamento e a busca pelo autoconhecimento.
Esse exemplo demonstra como a educação pode ser empregada e adaptada a diversas realidades, apresentando suas multifacetas, não carecendo por sua vez de uma norma rígida ou de uma metodologia padrão, essa flexibilidade apresentada pela educação possibilitou a sociedade grega essa difusão de metodologias para a educação, assim como também a possibilidade de influenciar outras culturas de acordo com a sua concepção de educação.
Contudo, dentro do contexto da educação, não somente a sociedade grega detinha seus métodos para a difusão da educação, outras sociedades antigas também possuíam seus métodos para a gestão da educação, um exemplo por sua vez eram os romanos. Filho (2015) relata que a educação embasada nos princípios romanos detinham algumas convergências e divergências do modelo grego, uma vez que alguns desses pontos impetrados na sociedade romana advinham da cultura grega, assim havia por sua vez uma miscegenação de culturas que também interferiam nos processos educacionais.
Nesse ponto Filho (2015) salienta que as ideias romanas sobre a educação abrangiam uma visão mais ampla e sistematizada sobre o indivíduo aprendente, sendo esse um dos pontos principais para a educação romana. Outro fator importante era de que a visão da família era tida como crucial para o desenvolvimento dos indivíduos como por exemplo a figura paterna detinha relevância dentro desse processo. Por sua vez a valorização da particularidade e das qualidades instrínsicas do ser eram medidas favoráveis para o bom desempenho dos aprendentes. Não obstante a essas características observa-se também que outras ações eram tomadas para o engrandecimento da educação e do indivíduo, assim buscando tornar-los atores sociais críticos voltados para a política. Ainda sobre as práticas romanas quanto à educação Bittar (2009, p.9) versa que:
Foi na Roma Antiga que surgiu a primeira iniciativa governamental em favor dos mestres. No ano 6 a.C., na ocasião de uma carestia, o imperador Augusto, ao expulsar da cidade, para poupar alimentos, todos os estrangeiros e parte dos escravos em serviço, excluiu dessa expulsão médicos e mestres. Ainda na Roma Antiga, foi fixado o primeiro salário estatal para uma cátedra de retórica. Para termos uma ideia do grau de prestígio das profissões, em 301 d.C. um pedagogo recebia, por cada criança, 50 denários mensais, o mesmo salário do mestre que ensinava o alfabeto; já o orador ou sofista, 250 denários mensais por cada discípulo; enquanto o advogado recebia, por causa, 1000 denários
Desse modo percebe-se o caráter de profissionalização e da gradatividade de compensação que a educação oferecia aos indivíduos da sociedade, uma vez que de acordo com o seu grau de instrução havia a possibilidade de uma ascensão tanto social quanto salarial, neste ponto o letramento era um dos fatores de indubitável importância para ascender na vida social da época.
Entretanto com o passar do tempo o Império Romano apresentava seus sinais de desgaste, assim apresentavam-se novas forças que se tornavam tendências e que auxiliaram no desgaste e declínio do Imperio Romano, isso devido ao fato de que a ideia de um único deus, onipresente e onipotente começava a ser difindida deixando a concepção politeísta de lado.
Dessa forma, houve uma mudança significativa, culminando para a transição de uma época para outra, sendo que vários costumes passam a ser reestruturados e a educação também passa por esse processo, uma vez que essas mudanças estavam arraigadas no âmago dos indivíduos e os impactava de maneira significativa.
A idade média trouxe consigo uma mudança significativa em diversos padrões da sociedade, assim como também novas revoluções políticas e territoriais, nessa perspectiva, convém ressaltar que a educação também passou a ser vista e difundida de maneira diferente. XAVIER; CHAGAS e REIS, (2017 p. 311), sobre a idade média apontam que:
A Idade Média, ou Idade da Fé, também conhecida pejorativamente como “Idade das Trevas”, “Noite de Mil Anos”, “Espessa Noite Gótica”, comporta um extenso período de quase mil anos (476 a 1543 d.C.) de muita turbulência devido a vários acontecimentos no velho continente, a Europa. Dentre tantos fatos ocorridos, podemos citar: inúmeras invasões territoriais, guerras constantes, formação de vários reinos independentes, consolidação do sistema feudal com a economia baseada na agricultura, mão de obra servil com a relação de vassalagem entre servos e senhores, ruralização geral do continente, pouco uso de moedas, escassos contatos comerciais externos, fusão da cultura romana com a germânica, teocentrismo e enfraquecimento da cultura laica, fortalecimento do cristianismo e crescimento do poder interventivo da igreja católica com exacerbação de poderes.
Um fato a ser observado dentro da referência do autor a cima é o adjetivo pejorativo dado ao período que corresponde a Idade Média, sendo que o termo “Idade das Trevas” pode retratar abertamente não somente os problemas sociais, e as constantes disputas territoriais mas tambémtoda a mudança de concepção de sociedade, sendo que tais mudanças afetaram diretamente a educação.
Contudo ressalta-se que esse período trouxe também avanços significativos em alguns campos como por exemplo a economia, uma vez que esta passou a ser realizada de forma monetária, abrindo consequentemente espaços para a expansão cada vez maior e a possibilidade do homem em alcançar destinos mais longos e desenvolver-se. Entretanto é possível notar que há dentro dessa época a expansão também do cristianismo, fato esse que interfere diretamente dentro da educação.
Assim o cristianismo adentra a cultura das sociedades trazendo consigo uma nova visão de mundo, revolucionando os conceitos das sociedades e atribuindo novos hábitos e valores a estas, sendo que seu início durante o Império Romano e durante este, realizando paulatinamente suas mudanças, no contexto da educação esta teve como principal missão não mais a formação do homem político como no império mas sim a formaçã do homem cristão.
A educação perde o caráter político herdado dos gregos e que visava a formação do cidadão, passando a ser ministrada pelos padres da Igreja Católica. Eram eles os poucos letrados em uma Europa quase toda analfabeta; dessa forma, todo o conhecimento ficou sob controle da Igreja, que determinava o que podia e o que não podia ser lido, por exemplo. BITTAR (2009 p.25)
Observa-se assim que há um ponto peculiar dentro desse novo modelo cristão de ensino, essa se fundamenta na característica da formação do indivíduo mas também das relações de poder que a educação possui dentro dessa nova sociedade, que já não era livre para educar o homem.
Essa relação de poder advém da capacidade de expansão que o cristianismo obtém dentro do período do império romano e de sua capacidade de restringir as opções de formação do homem em prol de seus interesses. Com isso a educação ficava plenamente a cargo da igreja e era realizada por padres que eram os únicos letrados dentro de uma comunidade predominantemente analfabeta.
Assim, com esse domínio adquirido da igreja sobre a educação, temos um novo período em que a população fica mergulhada na ignorância e a mercê da igreja, que por sua vez trata de estabelecer os paradigmas da educação, utilizando argumentos baseados na fé para obter o poder absoluto e delimitar a maneira como a educação seria tratada, adequando a realidade aos seus interesses.
Convém, por sua vez analisar os aspectos intrínsecos dessa estratégia da igreja em adquirir poder, sendo que atravéz da alienação do público essa instituição abria espaço para legislar a seu próprio favor, obtendo poderes significantes que sobrepunham muitas vezes os poderes de reis e rainhas. Sobre essa ótica destaca-se também a utilização da crença como forma de subjulgar os indivíduos em troca do poder.
Durante a Idade Média, todos os que tinham interesses culturais e que não eram filhos de servos só poderiam satisfazer a sua curiosidade intelectual entrando para um convento, isto é, isolando-se do resto do mundo, levantando uma muralha entre a sua cultura e a ignorância das massas. (PONCE, 2001, p. 90).
 
Dessa forma observamos que a igreja detinha um poder substancial quando à educação, ou seja, a característica de apreender os indivíduos destinados a ter uma educação diferenciada, criava em suma uma lacuna entre esses e os outros que compunham a sociedade, nesse ponto havia uma disparidade entre os poucos que detinham conhecimento e cultura e a grande massa que era apenas regida pelas ações da sociedade e da igreja.
Com o passar dos séculos e as revoluções ocorridas dentro da sociedade os interesses e os objetivos da educação passaram a ter um outro olhar. Neste caso a igreja deixou de ser a mandatária do sistema educacional, com isso, a educação passou a er tratada sob o ponto de vista da racionalidade em acordo com a ciência.
Outrossim, o papel das revoluções e das alterações nos modos de produção também obrigaram o homem a buscar novas formas de exercer seu trabalho e de se qualificar, isto é, devido a necessidade o homem foi colocado a prova de acordo com a evolução tecnológica tendo este que buscar maneiras de se sobressair para garantir sua subsistência.
3 EDUCAÇÃO, TRABALHO E A LUTA DE CLASSES 
O homem como ser pensante é um produto de suas práticas e de seu olhar sobre o mundo, isso por que a natureza do homem não é de início caracterizada como uma natureza social, perfeita e indubitável, mas sim como uma natureza selvagem que é capaz de ser reformulada através da cultura e do convívio social do homem com os outros homens.
Meneghetti (2012) considera o homem como apenas um ser unidade de ação, este por sua vez dotado de características próprias existentes no plano terrestre, atribuído de faculdades ou funções biológicas, intelectuais, racionais e emocionais.
Nesse contexto percebemos que o homem é um ser particularmente complexo, entretanto este por sua vez através de suas faculdades e funções biológicas tem autonomia para adquirir experiências valendo-se de suas habilidades intelectuais e racionais podendo assim modificar o seu destino como lhe convém.
O desenvolvimento do homem no tempo e no espaço, como resultado do trabalho, produziu as variadas formações históricas e culturais que não permitiriam identificar, nos dias de hoje, as necessidades básicas humanas sem fazer menção à determinada cultura. A constituição de variadas organizações sociais determina não apenas as mais diversas formas de definição das necessidades biológicas e culturais, mas também a forma como essas se concretizam (BORGES 2017, p.105)
Evidencia-se assim que o homem naturalmente homem, não é um ser social, este por sua vez e através do contato com outros homens torna-se social, adotando as convenções e culturas e tendo contato com outras culturas diversas esse por sua vez passa a entender e encontrar seu lugar dentro da sociedade e de acordo com a sua cultura encontrar seu papel dentro de sua sociedade.
Um outro fator de diferenciação do homem em relação aos animais irracionais é a habilidade do homem em inovar, essa inovação ocorre devido a sua capacidade intelectual, assim o homem não é programado em suas funções como ocorre nos outros animais que encontramos na natureza. Para evidenciar esse fato Borges (2017) relata que todos os animais interagem com a natureza em busca da sobrevivência, entretanto somente o homem é capaz de fazê-lo em nível consciente, sendo que devido a essa habilidade o homem pode realizar transformações cruciais que outrora poderiam ser compreendidas como ação natural, passando a ser compreendida como ação social.
Diante desse exposto, é notável que o homem é capaz de criar suas realidades, ou seja, diante de sua capacidade em raciocinar o homem já não é um ser puramente natural e sim um ser social devido a sua capacidade de pensamento. Com isso, o homem é capaz de estabelecer suas próprias diretrizes e ao contrário dos outros animais, esse pode criar formas para garantir sua subesistência através de seu trabalho.
Com isso temos que o trabalho é o principal elo que constitui a natureza artificial do homem, essa que por sua vez é criada de acordo com sua cultura e intelecto, sendo que o trabalho também possui dentre outros aspectos o pode de hierarquizar uma sociedade, onde por sua vez, atribuir a qualificação como um dos parâmetros para a valorização do homem e sua possibilidade de ascensão social.
Toda riqueza provém do trabalho, asseguram os economistas. E assim o é na realidade: a natureza proporciona os matérias que o trabalho transforma em riqueza. Mas o trabalho é muito mais que isso: é o fundamento da vida humana. Podemos até afirmar que, sob determinado aspecto, o trabalho criou o próprio homem (ENGELS, 1986, p. 19)
 Com isso enfatiza o autor sobre a necessidade e importancia do trabalho, esse como organizador da sociedade e propunsora da vida dos ser humano. Convém ressaltar que a dualidade entre sociedade e trabalho é capaz de subjulgar o homem de acordo com a função que este tem dentro do meio social assim sendoque o trabalho tem de fato a propriedade de conceber o homem, este por sua vez desprovido de sua natureza primitiva, adentrando a sua natureza social.
Marx (1989) enfatiza que o trabalho é um processo resultante da interação dual entre homem e natureza, sendo que o primeiro através de sua ação é capaz de conceber novas práticas e novos métodos, controlando por sua vez os recursos disponibilizados pela natureza. Dessa forma sua interação é completa devido o uso de sua força produtiva, como: mãos, braços e pernas, além de sua intelectualidade para a produção e modificação dos recursos disponibilizados pela natureza. Com isso o homem acaba por se diferenciar dos outros animais, uma vez que seu trabalho é resultante de um processo prévio de concepção que ocorre em sua mente graças a sua capacidade de raciocínio, assim ao compararmos os trabalhos dos animais, temos que eles não são projetados e nem tampouco pensados de forma lúcida, apenas se trata de uma programação natural que não se pode modificar como o trabalho do homem.
Não obstante ao trabalho, temos um outro fator que pode interferir nas relações de trabalho e nos impactos significativos das relações do homem dentro da sociedade, assim como sendo um fator para o empobrecimento ou enriquecimento do homem dentro da sociedade, podendo também mensurar o valor do homem social e intelectual.
Manacorda (2007) comenta que o processo de divisão do trabalho tem a capacidade de enfraquecer o homem além de empobrecer a atividade humana, assim o homem aliena-se em si mesmo durante seu processo produtivo assim como alienando a sua natureza, o autor assim considera que a divisão do trabalho em seu contexto histórico é alienado.
Tendo a educação ao longo dos tempos desempenhado um papel fundamental na transmissão dos conhecimentos e no avanço do ser humano como espécie dotada de atributos intelectuais e racionais, essa por sua vez sempre foi vista como uma forma de poder, de conquista de poder e de manutenção do poder. Esse fato advém da premissa de que a educação tende a dominar, essa por sua vez transformou o homem de um ser rude e desprovido de modos de sobrevivência a um ser social, organizado e voltado para a adequação e busca de atingir seus objetivos.
A educação é colocada, aqui, ao lado da divisão do trabalho, como causadora de unilateralidade, abrangendo, entre outras coisas, a problemática da interação entre escola e sociedade, a qual Marx retoma em outra ocasião com interessante referência, infelizmente não desenvolvida (MANACORDA 2007 p. 90)
É importante salientar que essa uniteralidade se refere de maneira contundente ao modo como o homem é disposto dentro da sociedade do capital através da divisão do trabalho. Essa prerrogativa se baseia no fato de que o homem atrelado a sociedade do capital e sob a regência do modelo capitalista e da divisão do trabalho, tende a não ter valorizada sua natureza humana, sendo condicionado as práticas que não valorizam sua rela natureza e suas capacidades intelectuais.
Assim a sociedade do capital não oferece ao homem os subsídios necessários para o seu crescimento intelectual, esse desprovimento de oportunidades acarreta em consequências alienadoras quando nos referimos à esses seres, que por sua vez tendem a serem capacitados para funções primárias que tão somente contribuem para a manutenção da desigualdade em detrimento da escravização do homem moderno em seu trabalho.
Na concepção de Marx o trabalho, por ser uma função desempenhada pelo homem em busca de sanar suas necessidades deve obedecer ao homem, deve valorá-lo como o homem sendo o senhor do trabalho e não o trabalho sendo o senhor do homem. Com essa visão Marx busca evidenciar que o processo do trabalho dentro da sociedade do capital expurga do homem direitos naturais do mesmo e tudo com a finalidade da produção de bens que o homem não poderá usufruir e que muitas vezes não é destinada ao mesmo.
Sobre essa prerrogativa Manacorda (2007) relata que dentro dessa visão o homem é acometido por um tipo de ocupação ociosa e estúpidas que não podem contribuir para a valorização do mesmo, em um sentido mais amplo torna o homem unilateral, uma vez que o mesmo tende a ter suas habilidades voltadas para trabalhos simplórios e sem perspectivas de engrandecer sua natureza intelectual. Nesse contexto aparece assim o conceito de omnilateralidade, onde dentro dessa visão o homem pode desenvolver-se tendo o trabalho como aliado, não o dominando mas auxiliando para o crescimento social do homem, não deixando de lado a valorização das faculdades intelectuais desses indivíduos, através da aliança entre a dualidade do trabalho e da educação “Trata-se do tipo de homem onilateral que Marx propõe, superior ao homem existente, tanto quanto a classe operária estará alçada acima das atuais classes superiores e médias, por meio da unidade de trabalho e ensino”. MANACORDA (2007 p. 91)
Com essa representatividade da educação é possível notar que ao longo dos séculos a mesma tem em muitas vezes uma perspectiva dual, ou seja, dentro dos conceitos de sociedade é notório que há os indivíduos voltados para as práticas mais rudimentares e outros voltados para as práticas intelectuais.
Dessa forma o surgimento da escola como uma instituição voltada para o ensino dos conteúdos plausíveis para a boa formação do homem foi mais um dos processos que aconteceram durante a história que carecem de um olhar cuidadoso. Isso por que a escola em si aparece como propagadora de ensinos que é dirigida e aliada pelo capital, em suma convém observar que a escola também, assim como a educação possui em determinados momentos da história uma dualidade explícita, essa por sua vez não é em certos aspectos voltada para os interesses da humanidade, não buscando assim engrandecer o homem de forma satisfatória, mas por outro lado, busca fortalecer os meios de produção, sendo assim de certo modo alienadora dos indivíduos que dela se dispõem.
Portanto apresentam-se duas facetas da escola, sendo que a mesma dependendo dos interesses a serem quistos pode ser desenvolvedora dos indivíduos como também alienadora dos mesmos. Nesse ponto, observa-se que tais características adotadas pela escola refletem a interferência da escola do capital, onde que por sua vez há a escolha das funções e dos ensinamentos da escola com base no tipo de trabalho futuro almejado para cada indivíduo, sendo que os que possuem posses são amplamente instruidos em diversas disciplinas e modalidades, enquanto os que não possuem esse mesmo grau de instrução são voltados às práticas simplórias da execução automática e alienada de funções nas fábricas.
Assim figura-se a educação como uma ferramenta que utilizada racionalmente pelo homem é capaz de contribuir para a formação de uma sociedade hierarquizada em seu primeiro aspecto, isso tendo em vista que esse fenômeno de hierarquização nada mais é que o simples fato da distribuição das atribuições com base no poder social de cada indivíduo.
Nesse âmbito, muitos pensadores e filósofos ao longo das eras tendem a denunciar esse tipo e prática que a sociedade tem adotado, uma vez que, esse tipo de posicionamento utilizando a educação é um fator que menospreza o homem e o deixa em situação vulnerável, contribuindo assim para um fenômeno massivo de desigualdade social onde o homem escraviza o homem e pelo sistema é escravizado.
Sobre essa perspectiva, figura-se dentro da sociedade a luta de classes, ou seja o desequilíbrio entre os meios de vida social acarretam em um problema de subsistência. Com isso vemos o esforço contínuo dentro da sociedade sendo que, por um lado há a luta pelo poder tendo como protagonista a burguesia e em contrapartida a busca pela sobrevivência e luta contra a opressão por parte do proletariado.
Marx (1989) ao compara-se com a história do homem, não remete a si a descoberta da desigualdade social, este por sua vez reitera que a mesma já havia dentro do contexto social e por sua vez antes mesmo da sua existência já era tida para os economistas capitalista. Assim ao referir-se a esseaspecto histórico Marx, pondera que o mesmo apenas traz considerações pertinentes no que tange o processo da luta de classes e suas consequências, mostrando que a luta de classes está ligada a alguns fatores descritos pelo mesmo como sendo: o desenvolvimento do processo produtivo; a luta de classes como fomentadora da ditaduta do proletariado e o fato de que a ditadura do proletariado consequentemente busca a extinção e transição da sociedade de classes para uma sociedade sem classes.
Convém observar que o disposto por Marx é um processo gradual que consequentemente resulta em uma sociedade abrangentemente popular, ou seja, sendo que o capital está em constante desvantagem numérica de pessoas que detém riquezas produzidas por esse sistema econômico a partir da ditadura do proletariado o modelo capitalista perde seu poder, sendo abolido todo um conceito de importância do homem tendo como princípio a posição do mesmo dentro da sociedade.
Outrossim ao referenciarmos a luta de classes devemos atentar para o seu significado dentro do contexto histórico do processo de formação do homem e também observar os impactos que os modelos econômicos possuem nessa classificação, assim como também no significado que esse termo possui em seu sentido, sejam eles literais ou práticos.
Dessa forma Lênin (2005) referencia que as classes sociais se dão dentro de um conjunto de fatores, sendo eles por sua vez o lugar em que os homens ocupam dentro de um sistema historicamente definido de produção social, a sua relação com os meios de produção e o seu papel na organização social do trabalho e pelos modos de obtenção de riquezas e consequentemente as riquezas sociais que estes indivíduos dispõem.
Com isso nota-se que o fenômeno das classes sociais não é uma acontecimento pre-estabelecido, mas sim, uma sucessão de eventos que tendem a subjulgar o homem e o seu valor. Assim, percebe-se que a sociedade em si reconhece a subdivisão das classes, entretanto a mesma apesar desse reconhecimento não possui autonomia e nem tampouco poder para combater esse tipo de prática e a abertura de uma possibilidade para o combate desse problema carece de um esforço grandioso por parte dos indivíduos que compõem a sociedade, entretanto a força do capital estabelecido se mostra mais poderosa quando analisamos o binômio capital e social. “A história de todas as sociedades até agora tem sido a história das lutas de classe” Marx e Engelsa (2008, p. 08).
Convém salientar que ao nos referirmos às lutas de classes, podemos observar que sua evolução ocorreu de modo paulatino em relação a sua expansão conceitual e profundidade no impacto social, sendo que as classes não detinham essa separação drástica a priori, mas sim havia um conceito ficado mais nas relações sociais de dívida e consumo. MARX, (1996 p. 255) aponta que:
[...] a luta de classe no mundo antigo apresenta-se principalmente sob a forma de uma luta entre credor e devedor e termina em Roma com a decadência do devedor plebeu, que é substituído pelo escravo. Na Idade Média essa luta termina com a decadência do devedor feudal, que perde seu poder político com sua base econômica. Contudo, a forma dinheiro — a relação entre credor e devedor possui a forma de uma relação monetária — somente reflete o antagonismo de condições de existências econômicas mais profundas.
Dessa forma, a luta de classes tende a obedecer um conceito que parte do menor para o maior, ou seja do devedor para o credor, assim consequentemente, observamos dentro das ponderações do autor que a classe burguesa (credores) não possui, na visão do autor uma mudança conceitual drástica em sua posição social, pelo contrário a mesma se mantém estável em todos os momentos como soberana dentro da sociedade, assim fortalecendo o poder do capital dentro desses conglomerados sociais.
Entretanto sob uma outra perspectiva, vemos que a classe plebéia (devedores) tendem a ser suprimidos em todas as sociedades, entretanto observamos que dentro dos conceitos e das posições sociais são modificadas ao longo das eras, apontando que essa classe carrega consigo o estigma da sujeitação da natureza de seus individuos membros em detrimento do capital.
Essa disputa enumera que para esses filósofos a sociedade nada mais é que um local onde o julgamento da importância de um indivíduo dentro do contexto social ocorre de maneira equivocada, isto por que ao momento em que deixa-se levar pelo valor do capital, o homem que é o principal motivo da sociedade existir deixa de ser protagonista para ser mero coadjuvante nesse processo.
Entretanto há um outro aspecto peculiar dentro desse pensamento do autor, este por sua vez se mostra explícito quando temos a modificação de uma condição social por parte das classes menos favorecidas, assim observamos que a fomentação do poder acontece ao ponto em que se há a perda do poder. Esse fato se dá ao momento em que o plebeu, que possui, mesmo que em uma proporção menor é capaz de gerar uma riqueza para si passa a ser escravo, neste último não há a geração de riqueza para esse indivíduo que passa a fornecer seu trabalho em detrimento de outrem, consolidando a desigualdade social e o aumento do capital.
Com isso temos uma característica peculiar dentro do sistema capitalista, pois dotado de força e poder o capital tende a necessariamente se apossar de tudo, sejam bens e serviços como por sua vez também apoderar-se das forças produtivas, ou seja o homem. Com isso necessariamente o capital passa a configurar dentro desse sistema de produção como um dos mais pertinentes meios de fomentar a desigualdade entre as classes.
[...] no mercado todos os fatores necessários a um processo de trabalho, os fatores objetivos ou meios de produção e o fator pessoal ou a força de trabalho. Com o olhar sagaz de conhecedor, ele escolheu os meios de produção e as forças de trabalho adequados para seu negócio particular, fiação, fabricação de botas etc. Nosso capitalista põe-se então a consumir a mercadoria que ele comprou, a força de trabalho, isto é, ele faz o portador da força de trabalho, o trabalhador, consumir os meios de produção mediante seu trabalho. (MARX, 1996, p. 303)
Assim, é visível que o capital torna-se soberano entre as classes, por um lado uma classe vivendo a necessidade do trabalho para sua subseistência é rivalizada com uma classe que não comunga desse mesmo objetivo primário, tendo somente por conseguinte manter seu poder a frente dessa classe menos favorecida.
Com isso, podemos observar que o esforço da classe burguesa se dá em detrimento não da sobrevivência e da busca por uma sociedade melhor e mais igualitária e sim em busca da manutenção do seu poder, valendo-se de meios para sobrepujar a condição humana não levando em consideração suas necessidades, desejos e anseios.
Baseado nessa prerrogativa, observa-se que a sociedade do capital é distinta e diversa no tocante aos modos culturais, ou seja, apesar de ocuparem a mesma sociedade é notório que as classes possam divergir em seus modos de vida, de situação econômica, costumes e cultura, todas essas possibilidades também estão ligadas ao distanciamento entre essas classes.
Portanto, nas sociedades historicamente constituídas sob a propriedade privada, os indivíduos têm apresentado modos de vida, condições econômicas, interesses e cultura distintos, o que as contrapõem como inimigas, com pertencimento a classes sociais radicalmente opostas, resultando na luta de classes. (BERTOLDO 2016 p. 79)
A afirmação da autora, demosntra que a disparidade entre os modos de vida, incluindo não somente o aspecto social mas também cultural, contrapõem essas classes, assim não há somente uma rivalidade dentro do contexto econômico, mas sim, essas classes se tornam rivais em outros aspectos, tornando a fronteira da divisão social das classes cada vez mais nítida.
Com isso temos que esse distanciamento dentro do sistema capitalista ocorre de maneira explícita, uma vez que, ao confrontamos as situações e as riquezas percebemos que esse distanciamento é cada vez mais crescente sendo que,por não haver um convívio dos indivíduos dessas classes de fato o abismo cultural e social tende naturalmente a crescer.
Assim, consequentemente as lutas entre os integrantes dessas classes se tornam cada vez mais frequente, mas por sua vez, observamos que ambas caminham em direções opostas, ou seja enquanto a burguesia tende a cada vez mais perpetuar seu poder, a subjulgar o homem e adquirir riquezas, a classe proletária acaba por definhar em condições precárias fomentando as mazelas e a pobreza.
Outrossim a sociedade do capital ao valer-se dessa pobreza cada vez mais crescente dentro das classes menos favorecidas, empurram esses indivíduos para uma realidade em que a necessidade do dinheiro é o principal fator guia para a sua sobrevivência, com isso temos a mercantilização da mão de obra, onde o homem, diante da necessidade torna-se produto e consequentemente ao lançar-se para o mercado tende a ser por ele subjulgado.
O que, portanto, caracteriza a época capitalista é que a força de trabalho assume, para o próprio trabalhador, a forma de uma mercadoria que pertence a ele, que, por conseguinte, seu trabalho assume a forma de trabalho assalariado. Por outro lado, só a partir desse instante se universaliza a forma mercadoria dos produtos do trabalho. (MARX, 1996, p. 288).
Notamos que nesse contexto a força de trabalho desse trabalhador torna-se um produto como outro qualquer, assim a característica marcante do capitalismo surge, essa consistindo na expropriação do trabalhador a sua natureza, iguala-o a um simples produto, uma simples invenção que pode ser descartada a qualquer momento. De fato o capitalismo sob a ótica humana é deveras conflitante e assustadora, sendo que dispensa o intelecto e as qualidades intrínsecas do ser, levando -o a uma condição de subvalorização.
Em um contexto mais abrangente, podemos observar que a sociedade do capital possui um poder significativo quando nos referimos a natureza humana, esse fato ocorre no momento em que o homem se ve dominado pela necessidade de capitalizar suas ações, ou seja, o mesmo necessita atribuir valor monetário ao mesmo ou buscar algumas formas de adquirir mais riqueza.
Contudo devido as possibilidades que o mercado do capital impõe aos indivíduos percebemos que a ascensão social pela ótica do trabalho é um acontecimento complexo e difícil de acontecer, tendo em vista que a lógica desse sistema é de que apenas uma pequena parte da população seja dominante da maior parte das riquezas. Portanto resta ao homem trasformar suas habilidades e seu potencial intelectual em produto, dispondo esses por sua vez ao capital, sendo que agora tendo suas habilidades como produto o capital fica livre para mensurar economica e monetariamente as habilidades desse homem, consequentemente tirando vantagem do mesmo, esse fato se baseia no momento em que a classe trabalhadora utiliza-se dessa ação e acaba por consequentemente aumentar a oferta de mão de obra sendo que a demanda pela mesma é baixa em relação a oferta, esse acontecimento favorece a desigualdade entre as classes.
O antigo possuidor de dinheiro marcha adiante como capitalista, segue-o o possuidor de força de trabalho como seu trabalhador; um, cheio de importância, sorriso satisfeito e ávido por negócios; o outro, tímido, contrafeito, como alguém que levou a sua própria pele para o mercado e agora não tem mais nada a esperar, exceto o — curtume. (MARX, 1996 p.304)
É possível notar que o capitalismo transforma a sociedade em um movimento cíclico tendo o dinheiro como principal protagonista, assim é indubitável que para o sistema capitalista não somente o dinheiro tem importância, mas consequentemente um outro fator permite a disseminação desse modelo econômico.
Cabe nos aqui avaliarmos a viabilidade do capitalismo sem a sociedade, ou seja além do dinheiro como atributo de valor o capitalismo também almeja para se tornar força dominante dos homens um coglomerado social direcionado para o valor, assim o capitalismo somente funciona em uma sociedade que o vê como uma força crucial para seu desenvolvimento.
Portanto, não obstante ao poder do dinheiro como fomentadora do capitalismo, observamos que o mesmo necessita de uma base para poder atual, assim a sua forma mais eficaz de atuação é buscando mudar a visão da saociedade em relação ao valor e aos objetivos da mesma. Assim a importância do dinheiro como promotora de valor torna-se notória.
O valor de uso nunca deve ser tratado, portanto, como meta imediata do capitalismo. Tampouco o lucro isolado, mas apenas o incessante movimento do ganho. Esse impulso absoluto de enriquecimento, essa caça apaixonada do valor é comum ao capitalista e ao entesourador, mas enquanto o entesourador é apenas o capitalista demente, o capitalista é o entesourador racional. A multiplicação incessante do valor, pretendida pelo entesourador ao procurar salvar o dinheiro da circulação, é alcançada pelo capitalista mais esperto ao entregá-lo sempre de novo à circulação. (MARX 1996 p. 273).
Essa colocação do autor ilustra a realidade do capitalismo, ou seja, em inércia o capitalismo nada mais é que apenas capital adquirido e acumulado, ou seja, não possui valor. Entretanto a partir do momento em que esse capital passa a circular dentro da sociedade, esse por sua vez agrega-se de valor e passa a multiplicar-se, ou seja os investimentos buscam não somente o valor imediato mas por sua vez consequentemente a sua multiplicação. Assim, durante a ocorrência desse processo, observamos que apenas a classe burguesa, que age para que o capital circule, garante os melhores resultados, contribuindo assim para o aumento da disparidade social.
Baseados nessa premissa da luta de classes e observando que esse ciclo da magnitude do capital somente favorece uma classe Marx e Engels (2010) afirmam que não bastaria apenas os trabalhadores juntarem-se e através de sua capacidade de produção mudarem essa realidade. Para esses autores mesmo através dessa prática a desigualdade e a exploração do homem ainda assim existiria, entretanto esses pensadores afirmam que para extinguir essa realidade há a necessidade de aniquilar a sociedade do capital e consequentemente substituí-la por uma sociedade de princípios e práticas diferentes.
Entretanto, na impossibilidade da aniquilação do sistema capitalista, busca-se outras medidas que possam contemplar a ascensão social por parte dos indivíduos, nesse contexto podemos nos remeter a hstória da educação como uma fomentadora de oportunidades que através dos conhecimentos adquiridos através dessa o homem possa melhorar sua qualidade de vida.
Referir-se a educação como uma ferramenta para alavancagem social é em suma um feito plausível tendo em vista que o homem ao longo da sua história tem buscado cada vez mais conhecer sobre os aspectos que regem sua vida, ou seja, através do conhecimento o homem busca cada vez mais dominar e entender sua realidade, assim como também, configura a busca por perpetuar seu poder frente a natureza. Ao referir-se sobre o papel da educação dentro da sociedade do capital e da luta de classes. BERTOLDO (2016, p.84) indaga:
De que forma a educação se insere no âmbito deste debate? Se o objetivo da burguesia, como foi dito anteriormente, consiste em produzir mercadorias com fins lucrativos, o que isto tem a ver com a educação? Em outras palavras, a burguesia tem interesse pela educação? Como se situa a educação no contexto da luta de classe?
O autor mostra-se um tanto quanto cético sobre as possibilidades dessa educação e sobre sua finalidade como um precussor de mudança da realidade social. Esse ceticismo se baseia no fato anteriormente citado que é o interesse da burguesia em manter seu poder, ou seja, nesse ponto uma educação como premissa de mudança de realidade social não seria vantajosa para o capitalista, assim o autor demonstra esse receio.
A educação sempre teve uma visão receosa por parte dos pensadores contrários ao sistema capitalista dentro da sociedade, isso porque sendo o capitalista o principal financiador da sociedade, essepor sua vez tem consigo o desejo de oferecer algo para essa sociedade mas em contrapartida manifesta um desejo ainda maior de obter algo em troca.
Essa critica também se baseava no fato de que a educação oferecida era uma educação baseada nos princípios do capital, ou seja sua finalidade não era libertar mas sim alienar o indivíduo perpetuando a burguesia como uma classe soberana.
Essa característica da educação em detrimento do capital advém de uma premissa peculiar dentro do modelo pedagógico adotado por essas escolas, assim além da dualidade da escola do burgues em comparação com a escola do proletário havia também o direcionamento dos conteúdos predeterminando o tipo de função que esse proletário teria dentro da sociedade do capital e dentro das fábricas. BERTOLDO (2016 p. 85) reitera que:
A recuperação histórica da educação nos modos de produção indica que em todos eles, se dá uma relação entre educação e trabalho, sem que a educação seja redutível ao trabalho e com conteúdos radicalmente distintos quando se trata daquelas sociedades sem classe e daquelas que criaram a divisão de classes.
A característica marcante dentro do sistema educacional capitalista pode ser notada de forma pungente quando comparamos esse modelo de ensino com os modelos empregados pelas sociedades baseadas nos modelos comunais, ou seja, a educação dentro do sistema capitalista além de não fornecer ao homem um sentido libertador agrava a a situação do mesmo, obrigando-o a aceitar um destino que não cabe a ele alterar, nesse ponto o homem é refém de uma prática desleal contra o mesmo, assim a valorização do capital está acima de tudo, perpetuando a posição social do indivíduo.
A partir desse ponto, a educação não está voltada para a valorização e majorização das experiências e costumes de determinada classe, sendo essa por sua vez dotada de uma total alienação, direciona o homem a uma única perspectiva, perspectiva essa bastante criticada por diversos pensadores que viam nessa realidade a impossibilidade do avanço da sociedade.
Bertoldo (2016) relata que dentro da sociedade comunal a educação colocada como unitária e desprovida dos objetivos do capital, contribui para a conscientização da coletividade, ou seja, a diferença entre os meios de produção e educação permitia ao homem ligar-se a sua natureza genuína. Assim diretamente ligada ao modo de vida dos indivíduos esse tipo de educação ao contrário da educação capitalista busca valorar os princípios de existência da comunidade.
Portanto a diferenciação do sistema de ensino do capital para o sistema de ensino comunal está em sua gênese que por sua vez diferem no objetivo final, divergindo em seu meio e convergindo para um antagonismo contundente no produto final que é o homem.
Assim, o homem inserido na sociedade a partir do seu nascimento já estaria disperso em um modelo de sociedade embasada em um princípio que era a manutenção não da posição social mas sim na manutenção da sociedade embasada na valorização do ser e na busca constante de seu desenvolvimento. Sob essa visão percebe-se que esse tipo de educação contribuiria para a natureza humana assim como por sua vez também permitiria o declínio do capital. Diferentemente, quando surge a sociedade de classe, cuja base é a propriedade privada, o ideal pedagógico torna-se compatível aos fins almejados pela estrutura de classe de modo que aquela função espontânea da educação já não mais era compatível com as sociedades de classe. BERTOLDO (2016 p. 85).
Diante dessa perspectiva muitos teóricos e filósofos ao longo da história human defendiam esse contexto da educação desprovida de interesses capitalistas, entretanto a hegemonia do capital ainda se torna cada vez mais forte devido o fato de que a mesma através do capitalista obtém a capacidade de raciocínio e essa capacidade tem apenas um objetivo aparente que é a alienação do trabalhador e das classes menos favorecidas. [...] “trazendo implicações para a educação pois a desigualdade econômica, o surgimento de interesses distintos, resultaram na desigualdade educacional”. BERTOLDO (2016 p. 85).
Assim a desigualdade econômica que é diretamente influenciada pela sociedade do capital interfere de maneira significativa no contexto da educação, esse fato pode ser notado quando temos a disposição do trabalho excessivo sobre a possibilidade da educação eficaz. Com isso temos que a crescente desvalorização do homem ocorre por conta do trabalho, mas em contrapartida esse fato não acontece por conta do trbalho essencial para o homem mas sim por conta do sobretrabalho que é a principal vertente que alimenta a sociedade capitalista.
Dessa forma referindo-se a educação é possível notar que por esta ter caráter libertador e a sociedade baseada no sistema capitalista tende por natureza e expropriar o homem de seu direito genuíno, ocorre com a educação o mesmo que ocorre com as riquezas produzidas. Assim enfatiza-se que o homem produz a riqueza mas não se apropria dela e em relação a educação o homem tende a ser expropriado do conhecimento que poderia libertá-lo de uma vida indigna.
Nesse contexto o capitalismo segmenta a educação subdividindo-a conforme seu interesse, ou seja, o homem torna-se escravo de um sistema através da sua classe social e de acordo com os interesses da sociedade, que por sua vez torna o processo de educação metódico e mecanizado, favorecendo a industria e os interesses do capital.
Esse paradoxo entre os dois tipos de sociedades, demonstra que o potencial de impacto que a educação tem em modificar as sociedades se mostra como um objetivo promissor a ser pleiteado pela humanidade, assim, os teóricos afirmam que a evolução da sociedade tende a se desvencilhar do capital.
Por outro lado além do caráter alienador que a educação possui dentro da sociedade do capital é pertinente salientar o valor efetivo e eficaz em sua metodologia para favorecer as ações da classe burguesa, pois enquanto para o proletário a educação era dotada de mecanicismos e capacitações que tinham um limite pre-estabelecido, a classe burguesa detinha uma educação vasta, com a primasia de perpetuar a posição social e estabelecer de forma explícita a divisão das classes, tendo como objetivos centrais: “1º destruir os vestígios de qualquer tradição inimiga; 2º consolidar e ampliar a sua própria situação de classe dominante, e 3º prevenir uma possível rebelião das classes dominadas”. (PONCE, 2001, p. 36). 
Percebe-se assim que a classe burguesa possuia um certo temor em relação a classe proletária e essa característica se faz quando observamos o caráter ofensivo em sua tática de dominação do poder e das classes. Assim convém enfatizar que a classe burguesa não era dispersa em seus objetivos, tendo através da educação as diretrizes e objetivos delimitados em prol de seus benefícios. Agora, temos uma sociedade em que os ideais se mostram distintos e a classe dominante busca fazer com que a classe dominada aceite sua condição social, a educação desigual, como algo natural e contra o qual não se pode rebelar. BERTOLDO (2016 p. 86).
É importante notarmos, dentro da consideração do autor o caráter submisso que a classe burguesa tende a esperar da classe proletária, assim salienta-se a naturalidade da proposta, onde por sua vez, a classe proletária tende a conformar-se apenas obecendo os interesses do capital sendo que a mesma não desfruta dos benefícios da mesma.
Portanto ao referirmos a educação podemos observar que essa tende a ter um papel significativo dentro das sociedades, mas que por sua vez por ser produto dessa mesma ainda depende das diretrizes e dos interesses que essas sociedades possuem. Em outras palavras a educação sendo um produto do contexto histórico e social do homem, depende do homem para traçar seus objetivos, entendemos assim o verdadeiro poder da educação: a intenção. Assim de acordo com as premissas definidas pelo contexto social a educação pode ser libertadora ou alienadora do ser.
4 EDUCAÇÃO NO BRASIL
A educação é um dos principais recursos para o desenvolvimento de qualquersociedade e sendo esta um dos alicerces para a construção da pluralidade de ideias e pensamentos, abre precedente para os mais diversos avanços do homem, podendo ser guia para a democratização do saber e a possibilidade de uma melhor perspectiva de vida.
Contudo, observa-se que durante a história da humanidade a educação é vista de diferentes pontos de vista, assim também, podendo ser usada para o crescimento quanto para a estagnação do homem. Esse fato reitera a importância da educação, sendo essa uma forma de poder, onde os que dela dispõem tem uma significativa vantagem contra aqueles que não a possuem.
A origem da educação no Brasil remete a educação jesuítica no início do período colonial que teve início em 1549, quinze anos após a criação da Companhia de Jesus em 1534, por Inácio de Loyola. Os jesuítas, liderados por Manuel da Nóbrega, chegaram as terras brasileiras na esquadra do primeiro governador-geral, Tomé de Souza. Logo ao se instalarem em Salvador. Os jesuítas tinham como objetivo catequizar os índios e lhe ensinar o português.
O sistema educacional brasileiro desde o momento de sua concepção até meados do século XX, sempre elitista e seletiva, deixando grande parte da população do país a margem do sistema educacional. Esse fator ilustra a realidade seguda pelo Brasil no tocante a educação, sendo que nessa perspectiva a educação voltada para as classes elitistas eram providas de conteúdos voltados para a formação intelectual do ser humano, agregando ao mesmo uma visão diferenciada dos processos sociais, assim por sua vez observamos que a educação oferecida a classe proletária tem somente interesse em combater o ócio e desvencilhar o Estado da responsabilidade com o povo.
No período de 1930 a 1964, rivalizaram-se dois projetos de nação para o Brasil. O nacionalpopulista, cuja gênese reportava-se a Getúlio Vargas e que agregou setores progressistas da sociedade brasileira, defendia a industrialização do País à base do esforço nacional, sem comprometer a sua soberania. Por ter nascido reconhecendo que a questão social não era caso de polícia, mas de política, o projeto getulista contou com apoio dos trabalhadores. Por sua vez, o projeto das oligarquias tradicionais, ligadas ao setor agrário exportador, previa o desenvolvimento econômico subordinado à liderança dos Estados Unidos da América e representava setores da elite política desalojada do poder em 1930, especialmente os ligados à economia cafeeira paulista. (BITTAR; BITTAR 2012 p. 158)
Percebe-se dessa forma que durante esse período em que o Brasil começa a se abrir para a modernização industrial ocorrem dentro da esfera social a disputa no que compete ao rumo e a forma como essa industrialização aconteceria. Esse fato também tem grande impacto dentro do sistema educacional, uma vez que a disponibilidade da educação baseia-se nos objetivos que essa política de industrialização e desenvolvimento venha dispor.
Com isso a educação brasileira poderia ser vista de duas formas, ou seja através da implantação de um sistema de industrialização nacional, a educação poderia ser moldada para os interesses da classe trabalhadora do país e, em contrapartida o sistema de educação voltado para os moldes dos capitais estrangeiros, logicamente buscava fvorecer as práticas das grandes corporações que de uma certa forma buscava saquear o país objetivando apenas o capital e o não desenvolvimento da população trabalhadora local.
É importante ressaltar que a questão monetária estava ligada diretamente ao processo educacional do país, ou seja, dentro do modelo de industrialização nacional a demanda por investimentos em qualificação profissional, dando assim o poder intelectual para a classe mais pobre seria um fator avesso aos interesses industriais da época. 
Por sua vez o sistema de industrialização do capital teve uma maior aceitabilidade por parte da classe burguesa da época, isso por que esse sistema buscava apenas o favorecimento das industrias, oferecendo a classe trabalhadora apenas a formação necessária para a concepção e produção dos produtos de interesse dos investidores estrangeiros.
Sob essa perspectiva é possível notar que a educação apresentava uma característica primordial dentro do contexto da evolução da sociedade, sendo assim um dos pontos de concentração e perpetuação do poder através da ideologia de algumas partes da sociedade. Bittar; Bittar (2012) reiteram que a educação nesse período foi um palco para as manifestações e disputas acirradas, uma vez que havia em jogo o interesse de controle da educação, sendo que de um lado a Igreja Católica buscava por sua vez manter sua hegemonia de sua política educacional nacional e em contrapartida havia os outros setores liberais e progressistas que detinham a ideologia da Escola Nova, que em suma propunham uma escola pública para todas as crianças e adolescentes dos sete aos quinze anos de idade.
Assim a educação dentro do cenário brasileiro não é visto como uma fonte libertadora e capaz de modificar a vida dos que dela podem se valer, mas sim, como uma forma de domínio e deposição de uma ideologia em detrimento da outra. Nessa perspectiva convém observar que esses pensamentos polarizavam a educação e ilustravam o desejo do poder perante a sociedade através desta.
Contudo convém ressaltar que a educação não detinha um método eficaz para sua implantação, ou seja as políticas públicas eram criadas mas em suma sua aplicação não obedecia e nem procurava observar o grau de instrução da população, sendo que, essa por sua vez, era feita de forma arbitrária e desorganizada. 
De fato, durante o período de 1930 a 1964, ocorreram várias reformas educacionais no Brasil sem que fosse resolvido o secular problema do analfabetismo e da garantia de pelo menos quatro anos de escolaridade para todas as crianças, fato que evidencia a forma como o Estado Nacional conduziu a política educacional da época. 
[...]Dessa forma, o ensino secundário compreendia a escolarização imediatamente posterior aos quatro anos do ensino primário e tinha caráter altamente seletivo. A seletividade do ensino secundário e a dicotomia entre ensino profissional e secundário ficaram mantidas, favorecendo os filhos da elite. (BITTAR; BITTAR 2012 p.158)
Com isso, a educação brasileira tinha como principal prerrogativa não atender aos anseios ou necessidades da classe menos favorecidas. Esse aspecto da seletividade do ensino secundário retrata bem as formas como a educação é disposta nesse período, e que por sua vez denotam o despreparo no fomento de políticas publicas, essa característica ainda evidencia que o Estado não é portador de um comprometimento com os interesses da classe proletária, favorecendo assim a classe burguesa, uma vez que a estrutura educacional da época juntamente com as dificuldades dos indivíduos da classe proletária convergiam para o crescimento da desigualdade educacional.
Essa característica do domínio da população com base na educação desfavorecida e depredada é uma das propriedades do sistema de capital, e, com a grande influência do capital estrangeiro dentro do cenário industrial brasileiro essa característica se torna mais forte. Assim entende-se que o sistema industrial brasileiro foi amplamente voltado para as diretrizes do capital estrangeiro e que o plano de industrialização nacional foi deixado a parte dessa prerrogativa uma vez que o mesmo era visto como oneroso em demasia, assim também havia a vertente de que os investidores estrangeiros representavam um investimento necessário para a expansão do país e consequentemente essa expansão era do interesse da classe burguesa nacional que apensar de ter uma fatia menor nos lucros via-se em vantagem por não ter ameaçada a sua hegemonia.
Assim é possível notar que em um período extenso da sociedade brasileira a educação é tida como exclusiva as grandes elites, estas por sinal, interessadas em manter-se no poder, sabotavam todos os meios de propagação e de criação de uma sociedade consciente e ativa, buscando tão somente fomentar uma sociedade operária e subservienteaos interesses do capital, este por sinal estrangeiro.
Com isso corrobora-se que a educação tem plena capacidade de influenciar no contexto social de um indivíduo, assim, a educação mostra-se em termos como uma ferramenta que pode ser propagadora ou erradicadora das desigualdades sociais, podendo contribuir para o fortalecimento de uma sociedade embasada nos conceitos de justiça social.
5 POBREZA, SEGURIDADE SOCIAL E O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
A fundamentação de um trabalho científico através da revisão da literatura é um dos elementos da pesquisa considerado de extrema importancia pois a situa no campo científico e server para análise e interpretação dos dados coletados, portanto, não é uma tarefa fácil.
 Deste modo, em uma pesquisa que objetiva analizar a visão dos gestores e docentes a cerca dos efeitos do Programa Bolsa Família tanto no desempenho escolar dos alunos beneficiários, quanto na sua condição de vida são necessários discutir e de dialogar com um conjunto de temas e autores. Os temas que se apresentaram como fundamentais para essa pesquisa foram: a pobreza, a seguridade social, o programa Bolsa Família e a política de educação. 
Com isso, referir-se ao tema pobreza não sigifica apenas mencionar um fato em particular, isso porque em um olhar macro, a pobreza nada mais é que a falta de assistência, não a assistência monetáia mas sim um conjunto assistencial e que promova a dignidade a vida de um indivíduo, ou seja, dentro de um olhar abrangente a pobreza pode ser traduzida por exemplo como a falta de políticas públicas condinzentes com a realidade dos indivíduos e por sua vez com a gestão pública dos recursos.
Assim ao falar de probreza temos que nos atentar para esse coglomerado de possibilidades de expansão e retroalimentação desse sistema, isso por que vimos que os sistemas economicos não primam pelo bem estar do homem e sim por sua submissão ao mesmo, com isso a pobreza e a mizéria ganham força avançando cada vez mais, promovendo as desigualdades sociais.
O estudo sobre pobreza trás um entendimento sobre esta como categoria teórica e social aproximando a discursão a conceituação dada por diversos teóricos. Sabe-se que o processo histórico de construção da pobreza bem como, sua conceituação é complexa e impossível de uma abordagem congruente em um trabalho como esse. A finalidade é mostrar os fundamentos que orientam o pensamento sobre os indivíduos pobres e a necessidade de garantir um conjunto de políticas públicas que possam assegurar as condições de sobrevivência dos grupos sociais em situação de pobreza.
Sobre a seguridade social, apresentar-se-á uma análise histórica de sua contrução no capitalismo e uma breve conceituação. A intenção é compartilhar aspectos sobre a dinâmica do capitalismo e a necessidade das políticas sociais. O estudo ainda faz referência sobre a realidade brasileira apresentando os aspectos históricos, sociais e políticos que trouxe a necessidade de implementação dos programos de transferência de renda e posteriormente, do programa Bolsa Família. 
Finalizando a fundamentação teórica, o estudo destaca elementos dos efeitos do programa Bolsa Família para a educação brasileira mostrando alguns avanços e como o programa pode contribuir para a transformação dessa realiade social. 
5.1 Exeplicações gerais sobre a pobreza
A pobreza é um fenômeno que permeia a história da humanidade, afetando os mais diferentes povos nas mais diferentes eras, entrentando, observa-se que o acometimento da pobreza não é dotado de um padrão estabelecido, sendo assim que, os fatores que contribuiem para sua ocorrência nas formações sociais pré-industriais e capitalistas, são diferentes. 
Nas sociedades pré-industriais a pobreza estava relacionada a escassez já que as forças produtivas não estavam desenvolvidas o suficiente para a produção dos bens necessários a formação de excedentes. A produção tinha por finalidade atender as necessidades básicas e garantir a sobrevivência coletiva. Além disso, a produção agricula estava exposta a pragas e havia a ocorrência de catástrofes naturais.
Partindo dessa premissa e característica de sociedade não industrializada, percebemos que a pobreza tem em si uma característica peculiar, sendo esta o fator que permitia sua disseminação, com isso, observa-se que dentro de um sistema de sociedade primitiva que o valor e sua computação de valor é obrtida pelo que o homem é capaz de produzir.
Assim observa-se que a pobreza tem uma característica formada na impotência do homem em constituir a sua produção, ou seja, sendo a cultura comercial primitiva, baseada na permuta e no escambo, muitos poderiam se ver diante de dificuldades em decorrência de interpéries, uma vez que a não formação de excedentes produtivos obrigava o homem a consumir aquilo que tinha, enquanto outros indivíduos poderiam comercializar aquilo que lhe era excessivo, nesse contexto a pobreza em si se traduz nessa característica da inexistência da possibilidade de negociar, e dentro dessa perspectiva temos a possibilidade da comercialização da força produtiva. 
Dito de outro modo: a pobreza existente antes do capitalismo era determinada socialmente pela divisão entre classes, mas se devia, princiapalmente, ao baixo desenvolvimento das forças produtivas que deixavam, por exemplo, a produção agrícula inteiramente vulnerável às pragas que acometiam as plantações ou outras catástrofes naturais, produtoras de longos períodos de fome e epidemias nos países do “velho mundo” (SANTOS, 2012, p.29)
Por sua vez é perceptível que a natureza também influia neste processo de surgimento da desigualdade social e da pobreza. Isso se dava em um processo em que o homem antes do capitalismo era vulnerável em sua forma de produzir, ou seja, dentro do conceito de produção o homem não estava preparado para os problemas que sua produção poderia enfrentar.
Nesta perspectiva, observa-se também que o homem nesta época é limitado a sua forma produtiva, ou seja, sua produção rudimentar não permitia que o mesmo objetivasse uma outra perspectiva de produção ou melhorias dentro desse processo produtivo, essa falta de conhecimento do processo produtivo também influía para o acometimento da desigualdade social.
Com o advento do capitalismo, as mudanças no meio produtivo são extremamente acentuadas, assim passa-se a observar novas formas de produção, o crescimento exponencial das industrias e a necessidade de mão de obra qualificada para o trabalho transmutam a realidade do que outrora era camponês, fazendo com que o mesmo migre para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida e de trabalho.
Com isso ocorre a pauperização acentuada da classe trabalhando ligada, ou seja, o crescimento das fábricas e das cidades exigiu um aumento de trabalhadores, esses por sua vez eram expostos a força produtiva do capital e as condições degradantes de trabalho, gerando assim um novo tipo de fator para a propagação da pobreza, este por sua vez baseado não pela ausência ou catástrofes, mas pela relação de exploração entre capital e trabalho. 
No capitalismo, a pobreza é resuldado a exploração da força de trabalho pelos donos do meios de produção na geração de excedentes, ou seja, mais-valia. Assim, está relacionada com a apropriação privada da produção social e portanto é produzida, não pela escassez dos bens necessários a satisfação das necessidades básicas dos indivíduos, mas pela desigual apropriação desses recursos.
É importante salientar que dentro do sistema capitalista, os individuos são caracterizados e igualados dentro das perspectivas de produção, ou seja, não há em suma uma diferenciação por parte do seu capital intelectual, mas sim com base em sua capacidade de trabalho e produção. Assim convém observar que dentro do período da industrialização, havia uma medida simples para destinguir os trabalhadores, ou seja, havia os que eram capazes de executar uma determinada função nas fábricas e os que não eram capazes de tal feito.
Também convém observar o caráter trabalhista da época que por sua vez apresentava uma característica

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