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FACULDADE MULTIVIX DE CARIACICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO MARIA CLARA RIBEIRO BOREL RAFAELA MARQUES CAROLINY MOREIRA DE JESUS LUIZ EDUARDO VERÍSSIMO FAVALESSA PRISCILA SOUZA DE OLIVIERA MARESSA LUANA P. MOUTINHO SAMYRA CRISTIAN LIMA C. BASTOS NATHERCIA CRISTINA BORGES RANGEL CAROLINE ARAÚJO SANTOS SEMINÁRIO DE ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL. Prática da advocacia e prerrogativas profissionais CARIACICA/ES 2020 Introdução: O advogado tem função importante na manutenção da justiça, conforme data o artigo 133 da CRFB em seu caput, garantindo assim o cumprimento do Direito que por ventura possa vir a ser lesionado/ameaçado, levando-o apreciação por parte do poder judiciário. Não obstante, sua função também é levar o conhecimento destes direitos àqueles que por ventura não possuam o devido conhecimento, diante da complexidade das informações que os dispositivos legais costumam trazer. Ademais, a devida profissão exige dedicação por exatamente 05 anos (período de graduação) seguido da aprovação no exame da ordem, o que garante ao bacharel o direito de adquirir a devida habilitação junto ao conselho de classe, para por fim, ter o direito ao exercício da profissão. Portanto, a própria constituição Federal, ao admitir que o profissional é indispensável à administração da justiça, frisa com isso o papel fundamental do advogado na formação da sociedade, pois garante o seu funcionamento de forma adequada, pluralidade bem como a democracia. Desenvolvimento: Atualmente, portanto, observa-se inúmeros aspectos, muitos deles negativos, que assolam a profissão, gerando uma sensação de desvalorização destes profissionais, no que se refere ao exercício de suas funções. O cenário atual, percebe-se que, na maioria das vezes, um estudante que ingressa no ensino superior, num primeiro momento, coloca a possibilidade de exercício da advocacia em segundo plano, estudantes que na maioria das vezes sequer conhecem a rotina de um advogado, exatamente pelo fato de que diferentemente de tempos passados, a advocacia não vem sendo mais aquela profissão de prestigio social, o qual muitos sonhavam em seguir. A respectiva desvalorização, não se resume propriamente à competitividade do mercado, visto que houve um aumento significativo de cursos de Direito no Brasil e consequentemente uma “saturação” na área da advocacia, o que desmotiva fortemente aqueles que ingressam de primeira mão na área. Está desvalorização vai muito além; trata-se o exercício em sim da profissão, e muitas das vezes, praticada por operadores do Direito que deveriam atuar como aliados dos advogados já que, o objetivo dentro da profissão é o mesmo: Promover o direito ao acesso à justiça dentro de uma sociedade que vem se mostrado cada vez mais complexa. Não precisa-se ir muito longe para constatar-se que tal fato é mais do verídico, e real aos nossos olhos; basta vermos os inúmeros casos de abuso de autoridade recorrentes dentro do próprio poder judiciário, que consequentemente configura uma violação às prerrogativas profissionais resguardadas pelo Estatuto da Ordem. O artigo 7º B do respectivo Estatuto dispões o seguinte: Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advogado previstos nos incisos II a V do caput do art. 7º. Ao se fazer um breve interpretação, verifica-se que aqui, já havia uma penalização para a respectiva prática do ato, contudo, nada impede que corriqueiramente surjam casos que violam completamente o que dispõe a legislação. Observa-se hoje um número considerável de advogados que já passaram em algum momento da profissão, por situações adversas, que muitos inclusive em virtude do respectivo fato obstaram-se a seguir a, e tais atos na maioria das vezes são praticados principalmente por quem se via como sendo revestido de poder, poder esse que na concepção de alguns lhes confere amplo direito de ferir a dignidade profissional de outrem. Com esta realidade infelizmente, hoje nega-se o quão importante é a figura do advogado para a sociedade, pois conforme já dito, é a garantia de defesa de todos. A comunidade como um todo, tem se posicionado acerca dos respectivos fatos de forma contrária aos mesmos, isto é, vem criando um cenário de reprovação em relação às questões que refletem o estado atual da advocacia. Sabe-se que estas pessoas na maioria das vezes têm a devida consciência da importância do profissional para a manutenção da justiça, muitas já viveram situações que somente com o auxílio de um advogado foi possível superá-las. Nos tribunais, são vastas as decisões referente à prática da violação às prerrogativas profissionais, e a maioria dos casos tem como praticante da conduta os próprios magistrados, que têm o dever de dizer o direito, mas ferem o direito dos próprios colegas de profissão. Existência de hierarquia entre advocacia e magistratura É correto afirmar que existe hierarquia entre magistrados e advogados? Em entrevista feita por meio de questionário com o Dr. João Bosco Camapum Júnior – OAB nº 30968/ES, o mesmo esclarece algumas questões o qual fora indagado ligadas à violação de prerrogativas profissionais na prática da advocacia, dentre elas, o problema que se tem hoje em dia em que o próprio poder judiciário age como se houvesse hierarquia entre magistrados, advogados e promotores de justiça, neste caso, o advogado ressalta que não há que se falar em hierarquia entre estas categorias já que de acordo com ele “ a lei federal 8906/94 em seu artigo 6º assegura o tratamento isonômico e sem hierarquia entre Advogados e Magistrados, tão claro o mandamento da lei federal, quanto é flagrante seu desrespeito no cotidiano forense. Robusto são os motivos para tanta soberba da Magistratura, de tal forma que a superação de tantos conflitos se dá através de uma verdadeira Reforma Judiciária desenvolvida a base de inteligência, de diálogo, da educação e da discussão no campo das ideias, e não no campo de batalha.” Outro problema retratado pelo Dr. João Bosco Camapum, é a questão de que muitos advogados não conhecem seus direitos, e que por conta disso, hoje configura-se uma aceitação tácita de que de fato existe uma hierarquia, conforme expõe ao afirmar que: “ Com estas exposições é possível afirmar e assegurar que, por lei, não há hierarquia entre Juiz, Advogado e promotor, contudo diante da realidade fática verifica-se subordinação ou subserviência, está se dá por culpa, tão-somente, do profissional que desconhece os seus próprios direitos e, sobretudo, desconhece a sua relevante função estabelecida na Constituição.” Sobretudo fica nítida a existência de uma série de questões ligadas diretamente à prática do abuso de prorrogativas profissionais na advocacia, a questão toda no entanto não se resume somente aos que diariamente o praticam, mas principalmente aos profissionais da advocacia que na maioria das vezes não se dão conta de que estão tendo seus direitos. No Superior Tribunal de Justiça (STJ), a jurisprudência sobre limites e excessos das prerrogativas dos advogados é farta, faz-se aqui portanto destaque para o seguinte caso: Em decisão recente, o STJ afirmou que apenas o advogado que deixou de devolver os autos no prazo é que pode ser responsabilizado pela falta No REsp 1.089.181, as instâncias ordinárias haviam imposto restrições a todos os advogados e estagiários da parte, mas o STJ afirmou que só poderia ser punida a advogada substabelecida que deixou de devolver os autos. Porém, no caso analisado, nem mesmo essa punição poderia ser mantida, já que os autos foram devolvidos antes do prazo legal de 24 horas que permitiria a aplicação de sanções. Merece reforma o acórdão recorrido, uma vez que a configuração da tipicidade infracional decorre não do tempo em que o causídico reteve os autos, mas do descumprimento da intimação para restituí-los no prazo legal, esclareceu o ministro Luis Felipe Salomão, portanto a proibição de retirada de processo é pessoal e não se estende a outros advogados da parte. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Realizada a entrevista com o respectivo advogado, acerca dos problemasque atualmente assolam a prática da advocacia, problemas enfrentados por estes profissionais no dia a dia, bem como as questões relativas à violação das prerrogativas funcionais. Entrevista esta realizada fia whatsapp conforme imagem anexada, e abaixo segue o questionários com as respectivas respostas. Nome do entrevistado: Dr. João Bosco Camapum Júnior – OAB nº 30968/ES Nome do entrevistador: Priscila Souza - Estudante de Direito 1) O que te fez escolher ser um (a) advogado (a)? Ser advogado é muito mais do que conhecer leis e procedimentos. É sinônimo de estudo, trabalho, dedicação, vocação, paciência, perseverança, criatividade, destemor, coragem, humildade e de saber ouvir. Tudo isso faz com que o advogado se torne um agente essencial para a segurança jurídica do mundo moderno. Tendo importância, inclusive, constitucionalmente assegurada para com a realização da Justiça. 2) A quanto tempo é advogado (a)? Deste outubro de 2018, mais passei na OAB em 2017. 3) Qual é sua área de atuação? Criminal (Pós Graduado FDV) ,Adv. Tributaria (Pós Graduando UCAM –RJ) Direito Acidentário e Previdenciário (Pós Graduando Faculdade Legale) 4) Você considera que o conhecimento obtido na graduação é suficiente para se ter um bom desempenho profissional como advogado (a)? O conhecimento da Graduação para mim correspondeu 10% apenas, muito insuficiente para o desempenho profissional 5) Você tem ou já teve receio de sofrer discriminação por defender alguma pessoa ou atuar em algum caso específico? Não tive e não tenho qualquer receio, em defender qualquer pessoa, ou qualquer caso especifico. 6) A previsão legal de isonomia entre membros da promotoria ou procuradoria, magistratura e advogados, sem qualquer hierarquia, é uma realidade no exercício da profissão? Em destarte, a lei federal 8906/94 em seu artigo 6º assegura o tratamento isonômico e sem hierarquia entre Advogados e Magistrados, tão claro o mandamento da lei federal, quanto é flagrante seu desrespeito no cotidiano forense. Robusto são os motivos para tanta soberba da Magistratura, de tal forma que a superação de tantos conflitos se da através de uma verdadeira Reforma Judiciária desenvolvida a base de inteligência, de diálogo, da educação e da discussão no campo das ideias, e não no campo de batalha. Com estas exposições é possível afirmar e assegurar que, por lei, não há hierarquia entre Juiz, Advogado e promotor, contudo diante da realidade fática verifica-se subordinação ou subserviência, esta se dá por culpa, tão-somente, do profissional que desconhece os seus próprios direitos e, sobretudo, desconhece a sua relevante função estabelecida na Constituição. 7) Sabe o que é e quais são as prerrogativas profissionais da advocacia prevista em lei? Prerrogativas do Advogado esta elencadas no artigo 7 da 8.906/94, Artigo 133 CF/88 8) Cite ao menos 3 que entenda violada rotineiramente. Não tive nenhum problema com violação de prerrogativas até esta data. 9) Já presenciou ou soube de alguma advogada que tenha sofrido discriminação de gênero por ser mulher? Não. 10) Já presenciou ou soube de algum (a) advogado (a) que tenha sofrido discriminação racial? Nao 11) Já presenciou ou soube de algum (a) advogado (a) que tenha sofrido discriminação por orientação sexual? Não. 12) Na sua opinião quais os fatores que dificultam o exercício da advocacia? Não, vivo da advocacia, mais acredito que as dificuldades que encontramos em qualquer profissão está relacionada a questões subjetivas individuais. 13) Considera que a falta de postura proativa dos advogados em defesa de sua livre atuação e de suas prerrogativas contribui para o recrudescimento de arbitrariedades? 14) Considera a classe da advocacia unida? Não, 15) Sobre a demora na prestação jurisdicional, quem você considera responsável pela demora? Inúmeras são as causas, em um extremo, na legislação ultrapassada, anacrônica e extremamente formal; passando pela penúria imposta a esse Poder, diante da quase inexistência de verba orçamentária para sua dinamização, modernização e crescimento; encontrando justificação no excessivo número de recursos previsto na legislação processual e nas inúmeras medidas protelatórias postas à disposição das partes e terminando no outro extremo, qual seja a conhecida inexistência de magistrados, membros do Ministério Público, Procuradores da República e do Estado para atender à enorme quantidade de feitos em andamento.