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apostila modulo 2 tipos de AVC

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1 
 
1. TIPOS DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 
 
O acidente vascular cerebral (AVC) é a principal causa de incapacidade física 
prolongada e uma das principais causas de morte em nosso país. Défice neurológico 
súbito e rapidamente evolutivo, habitualmente focal e de causa vascular. 
São classificados como: 
- Isquêmico (AVCi): cerca de 20% dos casos. 
- Hemorrágico (AVCh): cerca de 20% dos casos. 
- Ataque isquêmico transitório (AIT): é um défice neurológico isquêmico súbito, 
em topografia cerebral, medular ou retiniana, porém de curta duração 
(geralmente minutos) e sem evidência de infarto agudo nos exames de 
neuroimagem. 
2 
 
 
FISIOPATOLOGIA: 
AVCi 
 Mecanismos: aterotrombose de grandes vasos, embolia de origem cardíaca, 
oclusão de pequenas artérias e dissecção arterial. 
 Agravo isquêmico: região com danos funcionais e estruturais irreversíveis 
(infarto cerebral) e região com função comprometida, mais estrututas ainda 
preservada (penumbra isquêmica). 
 A preservação funcional e estrutural da região de penumbra isquêmica é o 
principal alvo das medidas terapêuticas na fase aguda do AVCi sendo de suma 
importância o atendimento definitivo dentro das primeiras 4hs do inicio dos 
sinais e sintomas. 
 
AVCh 
 Hemorragia intraparenquimatosa (HIP) ou subaracnóide (HSA). 
 Mecânismo: ruptura de pequenas arteríolas cronicamente comprometidas pela 
hipertensão arterial (principal mecanismo de HIP), mal-formações vasculares, 
coagulopaias, arterites, drogas e angiopatia amiloide (em idosos.) 
 Após a hemorragia, ocorre edema em torno de lesão, organização do coágulo e 
compressão dos tecidos adjacentes. Quando está próxima aos ventrículos 
cerebrais, pode causar inundação ventricular e hidrocefalia. Quando próxima 
do córtex, pode aflorar ao espaço subaracnoide. 
3 
 
 O principal mecanismo causado da HSA espontânea é a ruptura de aneurismas 
saculares cerebrais. Após o rompimento do aneurisma, a hemorragia pode 
trazer danos teciduais locais e diretos, mas também complicações posteriores, 
como o vasoespasmo, a hidrocefalia e as convulsões. 
QUADRO CLÍNICO 
Défice neurológico súbito ou de rápida progressão, minutos a horas: 
 Fraqueza muscular e/ou alterações de sensibilidade, geralmente unilateral, 
em face e membros. 
 Comprometimento da linguagem ou da articulação da fala; 
comprometimento da marcha. 
 Incoordenação dos membros superiores ou inferiores. 
 Alterações do campo visual e/ou da motricidade ocular, rebaixamento do 
nível de consciência. 
 Cefaleia súbita. 
 
ESCALA DE CINCINNATI 
 
 
Utilizada para auxiliar no diagnóstico rápido dos sintomas do AVC. 
OQUE FAZER: 
 Oferta de O2; 
 Se informar sobre o horário do início do sinais e sintomas; 
 Solicitar apoio do suporte avançado. 
4 
 
2. INFARTO AGUDO DO MÍOCÁRDIO 
 
 
FISIOPATOLOGIA DAS SÍNDROMES CORONARIANAS AGUDAS 
 
Síndromes coronarianas agudas (SCAs) são condições distintas causadas por uma 
sequência semelhante de eventos patológicos e que envolvem obstrução transitória ou 
permanente de uma artéria coronária. As SCAs são caracterizadas por uma demanda 
excessiva ou um suprimento inadequado de oxigênio e nutrientes para o músculo 
cardíaco associado à ruptura de uma placa, formação de trombo e vasoconstrição. Esta 
sequência de eventos resulta em condições que variam de isquemia ou lesão 
miocárdica até a morte (necrose) do músculo cardíaco. 
Arteriosclerose é uma doença crônica do sistema arterial caracterizada por 
espessamento ou enrijecimento anormal das paredes dos vasos. Aterosclerose é uma 
forma de arteriosclerose na qual o espessamento ou enrijecimento das paredes 
arteriais são causados por acúmulo de depósitos gordurosos no revestimento interno 
de artérias de grande e médio calibre. A causa mais comum de uma SCA é a ruptura de 
uma placa aterosclerótica. Ca 
O termo infarto do miocárdio deve ser usado quando há evidência de necrose do 
miocárdio em um contexto clínico compatível com isquemia miocárdica. Sob essas 
condições, qualquer um dos seguintes critérios se encaixa no diagnóstico de IM: 
5 
 
• Detecção de aumento e/ou queda nos níveis dos biomarcadores cardíacos (de 
preferência troponina) em conjunto com evidências de isquemia miocárdica e pelo 
menos um dos seguintes aspectos: 
• Sintomas de isquemia; 
• Mudanças no ECG indicativas de nova isquemia (novas mudanças no segmento ST ou 
na onda T ou novo bloqueio de ramo esquerdo [BRE]); 
• Desenvolvimento de ondas Q patológicas no ECG; 
• Evidência de imagem de perda nova de miocárdio viável ou uma nova anormalidade 
de movimento de parede regional; 
• Morte cardíaca súbita envolvendo parada cardíaca, em geral com sintomas 
sugestivos de isquemia miocárdica, acompanhada por elevação de ST presumidamente 
nova ou nova BRE, e/ou evidência de trombo por angiografi a coronariana e/ou na 
autópsia; porém, ocorrendo morte antes das amostras ter sido coletada, ou em um 
momento anterior ao aparecimento de biomarcadores cardíacos no sangue. 
• Achados patológicos de um IM agudo. 
 
 
 
 
6 
 
SINAIS E SINTOMAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OQUE FAZER: 
 Oferta de O2; 
 Solicitar apoio do suporte avançado; 
 Monitorizar o paciente e se possível rodar um eletrocardiograma; 
 Tentar ser o mais ágio possível, pois o tempo de referência para o tratamento 
definitivo, ou seja o tempo recomentado para este paciente estar em um 
centro de referência em atendimento hemodinâmico é de 90 min. 
 
 
 
 
 
 
DOR TÍPICA – ANGINA ESTÁVEL 
 
 LOCALIAÇÃO RETROESTERNAL; 
 IRRADIA PARA OMBRO, BRAÇO, MANDIBULA, EPIGASTRO; 
 DURANTE O ESFORÇO COM MELHORA AO REPOUSO; 
 TIPO APERTO, COMPRESSÃO, QUEIMAÇÃO. 
DOR ATÍPICA – INSTÁVEL 
 
 LOCALIZAÇÃO, ABDOMEN E DORSO; 
 DURAÇÃO, NÃO MELHORA COM REPOUSO; 
 TIPO PONTADA. 
OBS: MULHES, IDOSOS E DIABÉTICOS NÃO TEM SINTOMAS TÍPICOS. 
7 
 
3. CONVULSÃO 
 
É um distúrbio que se caracteriza pela contratura muscular involuntária de todo o 
corpo ou de parte dele, provocada por aumento excessivo da atividade elétrica em 
determinadas áreas cerebrais. 
 
 Crise epilética: episódio decorrente de atividade elétrica anormal e excessiva 
do córtex cerebral podendo esta atividade ser localizada (crises parciais), ou 
generalizada. Geralmente dura segundos a alguns minutos. 
 Epilepsia: condição clínica caracterizada por crises epiléticas recorrentes. 
 Estado de mal epilético: é emergência médica devido ao risco de danos 
cerebrais irreversíveis. 
 
PRINCIPAIS CAUSAS 
 Febre alta em crianças com menos de 5 anos 
 Doença das meninges 
 Encefalites 
 Tce 
 Distúrbios metabólicos 
 Álcool e drogas 
 Insuficiência renal 
 Falta de o2 no cérebro 
OQUE FAZER: 
 Oferte O2; 
 Lateralize o paciente em 90 graus; 
 Não insira nada na boca; 
8 
 
 Proteja a cabeça e não prenda o corpo do paciente; 
 Marque o tempo da crise, o normal é durar no máximo 5 min, caso ultrapasse 
esse tempo, chame apoio avançado; 
 Cubra o paciente para controlar a temperatura e evitar exposição do mesmo; 
 Após o término da crise, marque o tempo do pós iquital. 
4. SÍNCOPE 
 
 
 
 
 
 
 
 
Síncope é uma perda temporária da consciência provocada por uma diminuição do 
fluxo sanguíneo cerebral. Também conhecida como desmaio, à síncope normalmente 
tem início súbito, dura pouco tempo e a recuperação é total e espontânea. 
CAUSAS 
 
 
9 
 
OQUE FAZER: 
 Libere as vias aéreas do paciente para auxiliar na respiração devido a queda da 
base da língua; 
 Deite o paciente e eleve os membros inferiores para auxiliar no retorno 
venoso; 
 Oferte O2; 
 Marque o tempo da duração da síncope, 
 Cubra o paciente a fim de controlar a temperatura e cuidar da exposição do 
mesmo. 
5. URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS 
 
Emergência hipertensiva é a elevação súbita da pressão arterial associada à lesão 
aguda do órgão-alvo. 
Urgência Hipertensivaé a elevação pressórica associada a sintomas gerais, como 
cefaleia e tontura, sem significar lesão de órgão alvo. 
Lesões de órgão alvo: 
Neurológicas: 
 Encefalopatia hipertensiva; 
 AVCi; 
 AVCh. 
Cardiovasculares: 
 Infarto agudo do miocárdio/ angina instavel; 
 Edema pulmonar; 
 Dissecção de aorta; 
 Pós-operatório de cirurgia cardíaca ou de grandes artérias. 
Obstétricas: 
 Eclâmpsia / pré-eclampsia. 
Excesso de cotecolaminas: 
 Feocromocitoma e uso de drogas como cocaína e fenilefrina. 
Renais: 
 Hipertensão arterial maligna; 
 Insuficiência renal aguda / glomerulonefrite. 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
6. EMERGÊNCIAS OBSTÉTRICAS E PEDIÁTRICAS 
 
No decurso da gravidez, algumas intercorrências podem ameaçar a vida da mãe e/ou 
da criança, configurando situações de emergência que exijam a intervenção do 
socorrista. Além disso, socorristas podem ser acionados para assistir ao trabalho de 
parto normal, desencadeado na via pública. Isso justifica prepara-Ios para atuar nas 
emergências obstétricas: parto normal, parto prematuro e abortamento. 
Definições 
● Obstetrícia – É a especialidade médica que cuida da gestante desde a fecundação 
até o puerpério (pós-parto). Envolve três fases: 
● Gravidez: da concepção ao trabalho de parto 
● Parto: período durante o qual a criança e a placenta são expelidas do corpo da 
mãe para o mundo exterior. 
● Pós-parto (puerpério): período no qual os órgãos de reprodução restauram suas 
condições e tamanhos primitivos, durando aproximadamente seis semanas. 
 
ESTRUTURAS PRÓPRIAS DA GRAVIDEZ 
 
São formadas somente na gestação, juntamente com o feto. 
 
Âmnio (Bolsa D'água): Saco fino e transparente que mantém o feto suspenso no 
líquido amniótico. Este saco é limitado por uma membrana macia, escorregadia e 
brilhante. O espaço preenchido pelo líquido amniótico (bolsa amniótica) é chamado de 
12 
 
bolsa d'água. Nela é que a criança fica movendo-se e flutuando. Parto iminente é 
aquele que estpa prestes a acontecer, quando: 
 Não há tempo hábil para deslocar a parturiente até um local seguro e de sua 
escolha para o nascimento do bebê; 
 Já é possível visualizar parte do bebê na vulva; 
 Há distensão vulvar durante os “puxos” (desejo de fazer força, muitas vezes 
confundida com vontade de evacuar, em virtude da forte pressão sob o reto), 
independentemente do tempo de duração do trabalho de parto. 
O parto é caracterizado por contrações uterinas regulares e modificações plásticas do 
colo uterino que culminam com o nascimento do bebê e com a expulsão da placenta. 
O processo de parto e nascimento é categorizado em quatro períodos, definidos, 
conforme descrição no quadro a baixo: 
 
 
 
 
 
 
 
PRIMEIRO PERÍODO CLÍNICO DO PARTO 
O primeiro período do parto também é denominado de trabalho de parto, ou de 
dilatação. Caracteriza-se por modificações do colo uterino provocadas por contrações 
regulares, até sua completa dilatação. No trabalho de parto, mesmo com a mulher em 
repouso, as contrações não cessam; elas aumentam gradativamente em intensidade e 
frequência, podendo chegar a um número de 2 a 5 a cada 10 minutos até que o bebê 
nasça. 
13 
 
• DILATAÇÃO: 
• Identificada pelas contrações do útero que fazem o colo se dilatar de 0 a 10 
centímetros; 
• É reconhecida pelas cólicas fortes e endurecimento do útero; 
• O tempo de duração varia entre 1h para multíperas e até 20hs para primíparas. 
SEGUNDO PERÍODO CLÍNICO DO PARTO 
O segundo período do parto é também denominado de período expulsivo. Caracteriza-
se pela dilatação completa do colo uterino, descida da apresentação fetal no canal de 
parto e a consequente expulsão fetal. 
• EXPULSÃO: 
• No momento em que se inicia a segunda fase do parto a expulsão, ela 
apresentará os seguintes sinais: 
• Agitação crescente 
• Tremor em extremidades 
• Vomito 
• Verbalização do tipo “ eu não aguento mais” 
• Esforço de expulsão involuntário; 
• Reconhecimento de que o momento do parto esta próximo: 
• As contrações passam a ser de 2 em 2 mim; 
• Rompimento da bolsa; 
• Visualização da cabeça do feto;. 
 
14 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
16 
 
TERCEIRO PERÍODO CLÍNICO DO PARTO 
O terceiro período clínico do parto, também denominado de dequitação, ocorre entre 
o nascimento da criança e a expulsão da placenta e das membranas ovulares. 
A dequitação da placenta, normalmente acontece 30 min após o nascimento, coloque 
em um saco plástico e leve junto ao hospital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLAMPEANDO O CORDÃO UMBILICAL 
• Medir cerca de 4 dedos a partir da barriga do bebe, e 4 dedos após a primeira 
marca, corte entre as amarrações; 
• Antes de fazer o corte do cordão, verifique se o mesmo não apresenta mais 
pulso. 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
7. EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 
Na maior parte do mundo, o trauma ocupa a primeira causa de morte na infância; daí 
sua grande importância. Consideramos criança traumatizada aquela na faixa etária 
compreendida entre O e 13 anos completos. Várias características psicofisiológicas a 
diferenciam da população adulta. Ter em mente que "criança não é um adulto 
pequeno", não devendo ser tratada 
como tal. Psicologicamente, as crianças em geral temem pessoas estranhas e situações 
novas e desconhecidas. No atendimento à criança consciente que sofreu algum tipo de 
trauma, o profissional deve ser gentil, paciente e carinhoso, procurando transmitir-lhe 
confiança e tranquilidade. Dessa forma, o socorrista pode estabelecer vínculo com a 
criança, que se torna colaborativa, diminuindo a tensão e favorecendo o atendimento. 
Imobilizações, curativos e tratamentos a serem ministrados, quando possível, devem 
ser explicados previamente e feitos com o máximo cuidado, utilizando materiais de 
tamanho adequado. Pais ou conhecidos da criança devem permanecer juntos, exceto 
quando, por desconforto emocional, atrapalhem a condução do atendimento. 
 
 
19 
 
DIFERENÇAS ENTRE CRIANÇA E ADULTO 
 
Temperatura corporal: a criança tem proporcionalmente ao adulto, maior área de 
superfície corporal; logo, maior probabilidade de troca de calor. Em função disso, 
revela maior tendência à hipotermia, situação que lhe poderá agravar o estado geral. 
Maior risco de lesões sistêmicas: por causa da menor massa corporal, a energia 
aplicada pelo trauma é parcialmente absorvida mais intensamente pelo corpo, 
resultando em lesões de múltiplos órgãos com mais frequência. 
● Vias aéreas: no atendimento à criança traumatizada, as prioridades são as mesmas 
do atendimento à vítima adulta. Portanto, manter em mente a sequência ASC. Para a 
abertura e manutenção de vias aéreas, a posição idea é a extensão moderada do 
pescoço, mantendo a coluna cervical alinhada, com uso de coxim posterior na região 
interescapular (2 a 3 cm), deixando-a em "posição de cheirar". A hiperextensão 
ocasionará compressão das vias aéreas, que são mais flexíveis na criança. Quanto 
menor a criança, menor deve ser a extensão. Na utilização de cânula orofaringeana, 
introduzi-Ia já na posição correta, sem fazer a rotação. Pode utilizar uma espátula 
como auxílio. É importante que a cânula seja de tamanho adequado e usado apenas 
em crianças inconscientes. Para definir o tamanho, medir a distância da comissura 
labial ao lóbulo da orelha. 
● Ventilação: a região axilar é ótima área de ausculta para verificar a ventilação 
pulmonar na criança. Lembrar que a frequência respiratória nela é maior que no 
adulto. 
 
 Ofertar oxigênio suplementar sob máscara - 10 a 12 litros/minuto; 
 Usar ressuscitador infantil para prevenir barotrauma (os pulmões são pequenos, 
sensíveis e sujeitos a lesões se insuflados demais). A quantidade de ar a ser 
insuflada é a suficiente para demonstrar expansibilidade pulmonar bilateral. 
20 
 
 Circulação: como a criança tem maior reserva fisiológica, poderá manifestar sinais 
de choque maistardiamente. Esteja atento a eles: 
 Pulso fraco e enchimento capilar lento 
 Taquicardia 
 Palidez, cianose 
 Hipotermia 
 Hipoatividade 
 Gemidos 
 Dificuldade respiratória. 
A quantidade aproximada total de sangue na criança é 80 ml/kg; portanto, uma perda 
de 160 ml em criança de 10 kg representa perda de 20% da volemia. Medir PA com 
manguito adequado, para evitar resultados alterados. 
● Esqueleto: em fase de crescimento, seu esqueleto não está totalmente calcificado, 
tendo, portanto, maior elasticidade que o do adulto. São comuns as lesões de órgãos 
internos sem fraturas associadas. Fraturas de costelas raramente acontecem na 
criança traumatizada, porém a contusão pulmonar é frequente. 
 
TRAUMAS ESPECÍFICOS 
 
TRAUMATISMO CRÂNIOENCEFÁLICO (TCE) 
 
Traumatismo cranioencefálico é frequente em criança, dado que sua cabeça pesa mais 
que o restante do corpo, sendo projetada como a "ponta de uma lança" em situações 
diversas. Cuidar com hemorragia de vasos do couro cabeludo em crianças pequenas, 
que pode levar à perda sanguínea importante e ao choque. Crianças menores de três 
anos são mais sensíveis a TCE, apresentando, em função disso, pior prognósticos. Após 
TCE, manifestações de vômito na criança não indicam, necessariamente, hipertensão 
intracraniana. 
Convulsão pós-TCE também não sinaliza gravidade (exceto se for de repetição). Nas 
crianças abaixo de quatro anos de idade, a escala de Glasgow dos adultos deverá ser 
substituída. 
 
 
21 
 
 
Parâmetro Resposta Pontos 
Resposta Ocular 
Espontânea 4 
Ao comando verbal 3 
Ao estimulo doloroso 2 
Nenhuma 1 
Resposta verbal 
Sons apropriados, sorriso social, segue com os olhos 5 
Choro consolável 4 
Choro inconsolável, irritado 3 
Inquieto, agito 2 
Nenhuma 1 
Resposta Motora 
Movimentos intencionais espontâneos 6 
Retirada em flexão à dor localizada 5 
Retirada em flexão generalizada 4 
Postura de flexão (descorticação) 3 
Postura de extensão (descerebação) 2 
Nenhuma 1 
 
TRAUMA TORÁCICO 
Sendo a parede torácica bastante flexível, as fraturas de costelas são raras, mas 
quando presentes indicam trauma violento. Lesões internas (pulmões, coração, 
grandes vasos) são frequentes, mesmo na ausência de fraturas. 
Fazer a abordagem de forma semelhante à do adulto, munido de materiais em 
tamanho adequado. 
 
 
22 
 
TRAUMA ABDOMINAL 
As lesões contusas são mais comuns. Pai par delicadamente o abdômen, acalmando a 
criança para conseguir boa avaliação. Pode haver distensão abdominal (gástrica), com 
comprometimento da dinâmica respiratória. Nesse caso, o médico deverá realizar 
sondagem nasogástrica. 
 
CHOQUE 
Manifesta-se mais tardiamente na criança, pois sua reserva fisiológica é maior que a do 
adulto. Má perfusão periférica, enchimento capilar maior que 25 e taquicardia são 
sinais que devem ser detectados precocemente. Na evolução, desenvolve palidez, 
hipotermia e cianose. 
A hipotensão arterial só se manifesta após perda de pelo menos 30% do volume de 
sangue. 
Consideramos hipotensão quando: 
● PA do Recém-nato ou pré- escolar está abaixo de70 mmhg; 
● PA da criança em idade escolar ou adolescente está abaixo de 80 mmhg; 
No atendimento de criança em choque, os cuidados são os mesmos do adulto, com 
atenção especial para evitar hipotermia. 
 
Em resumo, o atendimento da criança traumatizada é feito pela seqüência ABC, com 
adaptação de técnica e equipamentos. 
Lembre-se: 
● Manifestações do choque são tardias e, se não tratadas precocemente, letais. 
● Lesões internas (órgãos ou vasos) ocorrem sem sinais externos evidentes. 
 
 
 
 
 
23 
 
8. EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS 
 
Quando falamos de emergências psiquiátricas, podemos citar dois tipos, a 
Agressividade e a Agitação psicomotora. 
Entende-se por agressividade um episódio isolado, frequentemente ligado a 
transtorno psiquiátrico prévio descompensado ou a um primeiro episódio psicótico. 
Pode estar associado ao uso intenso de drogas psicoativas dopaminérgicas. 
Agitação psicomotora é o estado clínico não relacionado a doenças psiquiátricas 
prévias, como transtornos psicóticos, transtornos de ansiedade ou de personalidade. 
Sua causa pode ser verifica por meio de exames laboratoriais, para se descartarem 
causas clínicas possíveis, como infecções, traumas físicos e episódios 
neuropsiquiátricos agudos, especialmente em idosos. 
DIAGNÓSTICO 
Agressividade: 
 Pensamento e atitudes hostis; 
 Declínio da percepção de inadequação; 
 Secundário a diagnóstico psiquiátrico prévio, especialmente interrupção de uso 
de medicamentos; 
 Agressividade verbal ou motora, com ou sem violência; 
 Fator desencadeante, por exemplo: consumo de drogas e álcool; 
 Vinda voluntária ou involuntária ao hospital; 
 Fala com conotação ameaçadora, intimidatória ou aterrorizadora. 
 Discurso autorreferido, delírio paranoide ou de grandeza do tipo: negação, 
onipotência e desprezo. 
 Presença ou não de alucinações auditivas ou visuais. 
Agitação psicomotora: 
 Ideias desconexas; 
 Conteúdo do pensamento ininteligível; 
 Variações do nível de consciência entre sonolência e hipervigilância. 
OQUE FAZER: 
 Chamar suporte avançado no caso de não conseguir conter e convencer o 
paciente para realizar a remoção, pois todo o tratamento a ser ofertado é 
clínico e medicamentoso. 
 
24 
 
9. INTOXICAÇÃO EXÓGENA 
Acontece quando a substância intoxicante contamina através da ingestão, contato com 
a pele ou inalação pelo ar, e as mais comuns são o uso de medicamentos em doses 
elevadas, como antidepressivos, 
analgésicos, anticonvulsivantes ou ansiolíticos ou também pelo uso de drogas 
ilícitas, picada de animais venenosos, como cobra ou escorpião, consumo de álcool em 
excesso ou inalação de produtos químicos. 
Agentes tóxicos são uma substância química, quase sempre de origem antropogênica 
(ou seja de origem humana, causado pelo homem), capaz de causar dano ao sistema 
biológico, alterando uma ou mais funções, podendo provocar a morte (sob certas 
condições de exposição). De modo geral, a intensidade da ação do agente tóxico será 
proporcional à concentração e ao tempo de exposição. 
Formas de contaminação: 
• Ingestão: Ex: Medicamentos, líquidos tóxicos; 
• Inalação: Ex: Gases tóxicos; 
• Absorção: Ex: Substâncias químicas em contato com a pele; 
• Injetáveis: Drogas ilícitas, picadas de animais peçonhentos. 
Podem ser: 
• Acidentais 
• Tentativas de suicídio 
• Tentativas de homicídio. 
25 
 
• Não existem muitos antídotos; Sendo muito importante identificar a 
substância responsável pelo envenenamento o mais breve possível. 
SINAIS E SINTOMAS MAIS COMUNS: 
• Queimaduras ou manchas ao redor da boca; 
• Odores característicos (respiração, roupa, ambiente); 
• Respiração anormal ( rápida, lenta ou com dificuldade); 
• Sudorese, salivação e lacrimejamento; 
• Alterações pupilares ( midríase ou miose); 
• Pulso (lento, rápido ou irregular); 
• Pele (pálida, "vermelha", ou cianótica); 
• Alterações da consciência; Convulsões; 
• Choque; 
• Distensão abdominal; 
• Vômitos; 
• Cefaléia (dor de cabeça); 
• Dor abdominal; 
• Queimação nos olhos e mucosas; 
• Dificuldade para engolir. 
• 
OQUE FAZER: 
• Segurança do local; 
• Cuidado com risco de contaminação secundária; 
• Realizar o A B C D; 
• Agilidade no transporte. 
• Administre oxigênio e transporte a vítima em decúbito lateral, para prevenir a 
aspiração no caso de vômitos. Leve para o hospital qualquer objeto que possa 
conter amostra do veneno (frasco, roupas, vômito). 
• Esteja certo de que a vítima que você está atendendo é a única intoxicada; no 
caso de crianças, verificar se estava só ou brincava com outras, que também 
devem ser avaliadas. 
 
 
 
26 
 
10. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR 
 
 
A PCR permanece como um problema mundial de saúde pública. Apesar de avanços 
nos últimos anos relacionados à prevenção e tratamento,muitas são as vidas perdidas 
anualmente no Brasil relacionado à PCR. O atraso no avanço da melhora desta 
estatística, também se estendem à legislação sobre acesso público à desfibrilação e 
obrigatoriedade de disponibilização de DEAs (desfibriladores externos automáticos), 
bem como no treinamento em RCP (ressuscitação cardiopulmonar)a toda população. 
Podemos estimar algo ao redor de 200.000 PCRs ao ano, no Brasil, sendo metade dos 
casos ocorrendo em ambiente hospitalar, e a outra metade em ambientes como 
residências, shopping centers, aeroportos, estádios, etc. 
 
HISTÓRIA DA RCP 
1530 – Paracelso: fole para introduzir ar nos pulmões das vitimas; 
• 1628 – W. Harvey: ressuscitação de uma pomba após compressão torácica com o 
dedo; 
• 1743 – Tossach: respiração boca a boca foi preconizada após sucesso na 
ressuscitação de um minerador; 
• 1901 – Igelsrud: ressuscitação com massagem cardíaca direta durante cirurgi;a 
27 
 
• 1947 – Beck: aplicação de corrente elétrica interna e direta no coração com sucesso; 
• 1960 – Kouwenhoven: descreve a técnica de massagem cardíaca externa com tórax 
fechado; 
• 1973 – AHA: Primeira conferencia para normatização dos Cuidados Cardíacos em 
Emergência; 
• 2010 – AHA: Guidelines 2010 for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency 
Cardiovascular Care (Última atualização em 2017). 
A PCR é uma cessação brusca e inesperada da atividade mecânica ventricular que 
levará a morte na ausência de uma intervenção imediata . 
PRINCIPAIS CAUSAS: 
• IAM – Infarto agudo do Miocárdio; 
• FV - Fibrilação Ventricular; 
• TV - Taquicardia Ventricular sem pulso; 
• AESP – Atividade Elétrica sem pulso; 
• Assistolia; 
• Hipóxia; 
• Choque hipovolêmico, séptico e anafilático; 
• Doenças cardíacas e neurológicas; 
• Trauma. 
OQUE É RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR? 
Reanimação Cardiopulmonar são as manobras realizadas na tentativa de reanimar 
uma pessoa vítima de parada cardíaca "e/ou" respiratória. 
Este "e/ou" deve-se ao fato que poderá encontrar uma vítima com parada respiratória 
por obstrução mecânica (objeto obstruindo a passagem do ar), que ainda mantêm 
28 
 
batimentos cardíacos. Neste caso será necessário apenas a respiração artificial e 
manobras de desobstrução de vias aéreas. 
CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA – AHA (AMERICAN HEART ASSOCIATION) 
 
1. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do Serviço de Emergência. (192) 
2. RCP precoce com ênfase nas compressões torácicas, mantendo o ritmo e 
profundidade correta. (Permita sempre o retorno total do tórax). As compressões 
deverão seguir um ciclo de 30x2, ou seja 30 compressões ou para 2 ventilações. 
3. Rápida desfibrilação. (Uso correto do DEA) 
4. Suporte avançado de Vida. 
5. Cuidados pós PCR. (Serviço Intra Hospitalar) 
SEQUENCIA DE ATENDIMENTO PCR CAB 
C = Compressão torácica 5 / 6 cm profundidade 
• Ritmo de 100 a 120 comp/min 
• Em dois socorristas e com dispositivos de ventilação ciclo de 30 x 2; 
• Em um socorrista e sem dispositivos de ventilação, manter compressões até a 
chegada do SAV; 
A = Liberação de vias aéreas; 
B = Ventilações. 
 
 
29 
 
ATENDIMENTO A VÍTIMA DE PCR ADULTO 
• Verificar Pulso carotídeo; 
• Posicionar em superfície rígida; 
• Ciclo em 1 socorrista 30x2 (30 compressões para 2 ventilações) 
• Ritmo das compressões: 100 a 120/min; 
• Profundidade: 5 a 6 cm; 
• Compressão cardíaca utilizando as 2 mãos; 
• Permitir retorno torácico a cada compressão; 
• Minimizar interrupções. 
 
 
 
30 
 
ATENDIMENTO A VÍTIMA DE PCR CRIANÇA 
INICIE SEMPRE PELA VENTILAÇÃO! 
 
• As causas são diferentes em relação ao adulto; 
• Hipóxia causa mais comum; 
• Predomina o ritmo de assistolia ou atividade elétrica sem pulso; 
• Trabalha-se muito mais a prevenção. 
CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA – AHA (AMERICAN HEART ASSOCIATION) 
 
1. Prevenção; 
2. RCP; 
3. Acionamento rápido do serviço de emergência; (192) 
4. Suporte Avançado de vida; 
5. Cuidados pós PCR. 
OBS: Define-se como crianças acima de 1 ano até a sinais da puberdade, em meninos 
pelos no tórax e axilas e meninas desenvolvimento dos seios. 
• Verificar Pulso carotídeo; 
31 
 
• Posicionar a criança em superfície rígida; 
• Ciclo em 1 socorrista 30x2 (30 compressões para 2 ventilações) 
• Ciclo em 2 socorristas 15x2 (15 compressões para 2 ventilações) 
• Ritmo das compressões: 100 a 120/min; 
• Profundidade: 5 cm; 
• Compressão cardíaca utilizando 1 ou 2 mãos em crianças maiores; 
• Permitir retorno torácico a cada compressão; 
• Respiração boca a boca, ocluindo as narinas. 
• Minimizar interrupções. 
• Atente se para o olhar do bebê/criança, respiração e cor de pele. 
 
ATENDIMENTO A VÍTIMA DE PCR LACTANTE 
• Verificar pulso Braquial ou femoral; 
• Posicionar a criança em superfície rígida e acrescentar um coxim no dorso da 
do bebê; 
• Ciclos de 3x1 (3 compressões para uma ventilação) 
• Ritmo das compressões: 100 a 120/min; 
• Compressão cardíaca utilizando 2 dedos; 
32 
 
• Profundidade 4cm; 
• Permitir retorno torácico a cada compressão; 
• Respiração boca-nariz; 
• Minimizar interrupções. 
• Atente se para o olhar do bebê/criança, respiração e cor de pele. 
 
 
33 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
RCP NA GESTANTE 
 
Situação rara 1 em 12 mil. 
CAUSAS: 
• - Hemorragias; 
• - Doenças cardiovasculares previamente existentes; 
• - Embolia por liquido amniótico; 
• - Sepse; 
• - Pneumonias aspirativas; 
• - Eclampsia e pré Eclampsia. 
• Decúbito dorsal 
• Oclusão de veia cava e aorta acima de 20 semanas 
 
36 
 
OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES (OVACE) 
• Bloqueio da traqueia por um objeto estranho ou fluído; 
• Causa de moderada a severa obstrução das vias aéreas; 
• Mais de 90% das mortes derivadas de OVACE na infância ocorrem em crianças 
menores de 5 anos; 
• Uma das principais causas de PCR em adultos e crianças; 
 
Principais Causas de OVACE 
Lactentes: Líquidos (vômito, sangue, etc) 
Crianças maiores: Bexigas, comida (bala, pirulito, cachorro quente, nozes), brinquedos 
e objetos macios no berço; 
Adulto: Alimentos. 
11. MANOBRA DE HEIMLICH 
A obstrução grave responsiva se dá quando o paciente apresenta início súbito de grave 
dificuldade respiratória e não consegue tossir nem emitir qualquer som (tosse 
silenciosa), podendo apresentar o sinal de angústia (sinal universal de asfixia). 
A baixo segue a conduta a ser tomada em caso de adultos e crianças com obstrução de 
vias aéreas: 
• Posicione-se atrás do paciente com os braços à altura da crista ilíaca; 
• Feche uma das mãos em punho e posicione no abdome do paciente, lá 
linha média, acima de um umbigo, com o polegar voltado para o abdome; 
37 
 
• Com a outra mão espalmada sobre a primeira, comprimir o abdome em 
movimentos rápidos, direcionados para dentro e para cima, como se 
desenhasse um J. 
• Repetir a manobra até a desobstrução ou até o paciente se tornar 
irresponsivo; 
• Após a expulsão do corpo estranho, realizar a avaliação primária e oferecer 
oxigênio por máscara, se necessário. 
OBS: deve-se dosar a força se aplicado no paciente pediátrico. 
 
Se o paciente se tornar irresponsivo, o profissional deve interromper a 
manobra de Heimlich e iniciar manobras de RCP. 
 
 
 
38 
 
OBSTRUÇÃO GRAVE EM LACTANTE RESPONSIVO: 
Na obstrução grave, o bebê responsivo apresnta incio subito de grace dificuldade 
respiratória e não consegue tossir nem emitir qualquer som (choro ou tosse 
silienciosos). Deve-se realizar a manobra de desobstrução conforme instruções a 
seguir: 
• Sentar-se ou ajoelhar-se para realizar a manobra; 
• Posicionar o bebê em decúbito ventral sobre o antebraço e apoiar a região 
mentoniana do bebê com os dedos em fúrcula; 
• Apoiar o antebraço que suporta o bebê sobre a coxa, mantendo a cabeça 
em nível discretaemente inferior ao tórax; 
• Aplicar ciclos repetidos de cinco golpes no centro das costas (entre as 
escapulas e como calcanhar da mão), seguidos de cinco compressões 
torácicas logo abaixo da linha intermamilar, até que o objeto seja expelido 
ou até o bebê se torne irresponsivo. 
Se o paciente se tornar irresponsivo, o profissional deve interromper a manobra de 
Heimlich e iniciar manobras de RCP. 
5x5 
Realizar as manobras até o objeto ser expelido ou o lactente se tornar irresponsívo. 
 
 
 
 
 
 
39 
 
12. EMERGÊNCIA COM QUEIMADOS 
As queimaduras são lesões frequentes e a quarta causa de morte por trauma. Mesmo 
quando não levam a óbito, as queimaduras severas produzem grande sofrimento físico 
e requerem tratamento que dura meses, até anos. Sequelas físicas e psicológicas são 
comuns. Pessoas de todas as faixas etárias estão sujeitas a queimaduras, mas as 
crianças são vítimas frequentes, muitas vezes por descuido dos pais ou responsáveis. O 
atendimento definitivo aos grandes queimados deve ser feito preferencialmente em 
centros especializados. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS 
 
As queimaduras se classificam de acordo com a causa, profundidade, extensão, 
localização e gravidade. 
 
CAUSAS: 
 
 Térmicas: causadas por gases, líquidos ou sólidos quentes, revelam-se as 
queimaduras mais comuns. 
 Químicas: causadas por ácidos ou álcalis, podem ser graves; necessitam de um 
correto atendimento pré-hospitalar, pois o manejo inadequado pode agravar as 
lesões. 
 Por eletricidade: geralmente as lesões internas, no trajeto da corrente elétrica 
através do organismo, são extensas, enquanto as lesões das áreas de entrada e 
saída da corrente elétrica na superfície cutânea, pequenas. Essa particularidade 
pode levar a erros na avaliação da queimadura, que costuma ser grave. 
 Por radiação: causadas por raios ultravioletas (UV), por raios-X ou por radiações 
ionizantes. As lesões por raios UV são as bem-conhecidas queimaduras solares, 
geralmente superficiais e de pouca gravidade. As queimaduras por radiações 
ionizantes, como os raios gama, são lesões raras. Nesta situação, é importante 
saber que a segurança da equipe pode estar em risco se houver exposição a 
substâncias radioativas presentes no ambiente ou na vítima. Atender às 
ocorrências que envolvam substâncias radioativas sempre sob orientação 
40 
 
adequada e com a devida proteção; não hesitar em pedir informações e apoio à 
Central. 
 
QUANTO À PROFUNDIDADE 
 
As queimaduras, principalmente as térmicas, classificam-se de acordo com a 
profundidade da lesão: de primeiro, segundo e terceiro graus. Essa classificação é 
importante porque direciona desde o atendimento pré-hospitalar até o definitivo no 
centro de queimados. Trata-se de conhecimento importante para a atividade do 
socorrista. A avaliação da profundidade da lesão se faz apenas por estimativa; muitas 
vezes, a real profundidade da lesão só se revela depois de alguns dias. 
1) Primeiro grau (espessura superficial): queimaduras que atingem apenas a 
Epiderme. 
2) Segundo grau (espessura parcial): queimaduras que atingem a epiderme e a derme, 
produzindo dor severa. A pele se apresenta avermelhada e com bolhas; as lesões que 
atingem a derme mais profunda revelam-se úmidas. São as queimaduras que mais se 
beneficiam do curativo efetuado corretamente. 
3) Terceiro grau (espessura total): atingem toda a espessura da pele e chegam ao 
tecido subcutâneo. As lesões são secas, de cor esbranquiçada, com aspecto de couro, 
ou então preta, de aspecto carbonizado. Geralmente não são dolorosas, porque 
destroem as terminações nervosas; as áreas nos bordos das lesões de terceiro grau 
podem apresentar queimaduras menos profundas, de segundo grau, portanto 
bastante dolorosas. 
 
QUANTO À EXTENSÃO 
 
A extensão da queimadura, ou a porcentagem da área da superfície corporal 
queimada, é um dado importante para determinar a gravidade da lesão e o 
41 
 
tratamento a ser instituído, tanto no local do acidente quanto no hospital. Utiliza-se 
para esse cálculo a "regra dos nove". O resultado obtido é aproximado, mas suficiente 
para uso prático. No adul - to, cada membro superior corresponde a 9% da superfície 
corporal; as partes ventral e dorsal do tronco correspondem a 18% cada; cada membro 
inferior a 18%, a cabeça a 9% e a área genital a 1 %. As crianças pequenas apresentam, 
proporcionalmente, cabeça maior que a dos adultos, assim correspondendo a 18% da 
superfície corporal; cada membro inferior a 13,5%. Para avaliar a extensão de 
queimaduras menores, utilizar como medida a mão da vítima, que corresponde a 
aproximadamente 1 % da área da superfície corporal. 
 
QUANTO À LOCALIZAÇÃO 
Queimaduras variam de gravidade de acordo com a localização. Certas áreas, como 
mãos, face, pés e genitais, são consideradas críticas. Queimaduras que envolvam as 
vias aéreas são também bastante graves. 
QUANTO À GRAVIDADE 
 
Sete fatores são usados para determinar a gravidade da queimadura: 
 Profundidade; 
 Extensão (pela regra dos nove); 
 Envolvimento de áreas críticas (mãos, pés, face e genitália); 
 Idade da vítima (crianças e idosos têm maior risco); 
 Presença de lesão pulmonar por inalação; 
42 
 
 Presença de lesões associadas (outros traumatismos); 
 Doenças preexistentes (Diabetes mellitus, insuficiência renal etc.). 
 
QUEIMADURAS CRÍTICAS 
 Primeiro grau maior que 75% da superfície corporal; 
 Segundo grau maior que 25% da superfície corporal; 
 Terceiro grau maior que 10% da superfície corporal; 
 Terceiro grau envolvendo face, mãos, pés ou genitais; 
 Queimaduras associadas a fraturas ou outras lesões de partes moles 
 Queimaduras das vias aéreas ou lesão respiratória por inalação; 
 Queimaduras elétricas; 
 Vítimas idosas ou com doenças graves preexistentes. 
QUEIMADURAS MODERADAS 
 Primeiro grau de 50 a 75% da superfície corporal; 
 Segundo grau de 15 a 25% da superfície corporal; 
 Terceiro grau de 2 a 10% da superfície corporal. 
 QUEIMADURAS LEVES 
 Primeiro grau menor que 50 da superfície corporal; 
 Segundo grau menor que 15% da superfície corporal; 
 Terceiro grau com menos que 2% da superfície corporal. 
ATENDIMENTO AO QUEIMADO 
 O atendimento inicial de queimados segue a mesma sequência do atendimento 
a vítima de outras formas de trauma. Considerar o grande queimado como um 
politraumatizado, inclusive porque, frequentemente, existem outras lesões 
associadas. 
PARTICULARIDADES NO ATENDIMENTO 
 A primeira preocupação da equipe é com a sua própria segurança, que se aplica 
a qualquer situação, mas devendo ser reforçada ao atender vítimas de 
queimaduras em ambientes hostis. Cuidar com as chamas, os gases tóxicos, a 
fumaça e o risco de explosões e desabamentos. 
43 
 
 O segundo passo no atendimento à vítima é a interrupção do processo de 
queimadura, na seguinte sequência: 
1) Extinguir as chamas sobre a vítima ou suas roupas; 
2) Remover a vítima do ambiente hostil; 
3) Remover roupas que não estejam aderidas a seu corpo; 
4) Promover o resfriamento da lesão e de fragmentos de roupas ou 
substâncias, como asfalto, aderidos ao corpo do queimado. 
Após interromper o processo de queimadura, proceder ao atendimento segundo o A-
B-C-D-E. 
 
PASSO “A” 
 
Queimaduras que envolvam vias aéreas são graves, podendo levar à obstrução das vias 
aéreas superiores. Queimaduras por vapores aquecidos podem atingir vias aéreas 
inferiores, enquanto as produzidas por calor seco normalmente atingem apenas as vias 
aéreas superiores, porque o ar não é bom condutor de calor. A extensão e gravidade 
da queimadura das vias aéreas podem ser subestimadas na avaliação inicial, porque a 
obstrução das vias éreas não se manifesta no momento, mas se desenvolve 
gradualmente à medida que aumenta o edema dos tecidos lesados. As vítimas podem 
necessitar de entubação endotraqueal antes que uma obstrução severa a impeça. Por 
isso, é importante identificar os sinais de queimadura das vias aéreas antes que se 
desenvolva a obstrução.PASSO “B” 
Além da queimadura das vias aéreas, outras lesões potencialmente graves são as 
causadas por inalação de fumaça e a intoxicação por monóxido de carbono. Suspeite 
sempre que isso possa ter ocorrido se há história de confinamento em ambientes 
incendiários, explosivos ou se a vítima apresenta alteração do nível de consciência. 
1) Inalação de fumaça e subprodutos da combustão: 
Partículas inaladas com a fumaça e certos subprodutos resultantes da combustão 
incompleta de combustíveis atingem as vias aéreas inferiores e os pulmões, podendo 
causar lesão química dos brônquios e alvéolos pulmonares. Os sintomas dessas lesões 
44 
 
muitas vezes só aparecem algumas horas após a inalação, ao se desenvolver a 
inflamação dos brônquios ou do pulmão. Lesões por inalação são responsáveis por 
significativa parcela das mortes por queimaduras. O tratamento no ambiente pré-
hospitalar consiste em afastar a vítima do local enfumaçado e administrar oxigênio. 
 
PASSO “C” 
O grande queimado perde fluido através das áreas queimadas, devido à formação de 
edema. lsso pode levar a choque hipovolêmico (não-hemorrágico), que se desenvolve 
gradualmente. O quadro de choque precoce, logo após a queimadura, normalmente se 
deve a outras lesões associadas com hemorragia, levando à hipovolemia. Não 
esquecer o princípio de que o queimado é um politraumatizado e, portanto, pode ter 
outras lesões além da queimadura, considerando sempre o mecanismo do trauma. 
Os queimados graves necessitam de reposição de fluidos intravenosos, feita de acordo 
com o cálculo da extensão da queimadura. Um detalhe importante é retirar anéis, 
pulseiras, relógios ou quaisquer outros objetos da região atingida, porque o 
desenvolvimento do edema traz risco de estrangulamento do membro e consequente 
isquemia. 
 
PASSO “D” 
Não se esquecer de que alterações da consciência podem ser devidas à hipóxia ou à 
intoxicação por monóxido de carbono, além, é claro, de lesões associadas. 
CUIDADOS COM A QUEIMADURA - CURATIVOS 
Somente realizar os curativos após completar a abordagem inicial da vítima pelo AB- 
C-D-E. 
Funções dos curativos nas queimaduras: 
● Diminuir a dor; 
● Diminuir a contaminação; 
● Evitar a perda de calor. 
Frequentemente a dor causada pelas queimaduras é severa e requer administração 
de analgésicos endovenosos para seu alívio. Uma medida simples para o combate à 
dor, entretanto, é um curativo corretamente realizado. Nas queimaduras de pequena 
extensão, podem ser utilizados curativos úmidos, frios, com soro fisiológico, para alívio 
45 
 
da dor. O uso do soro fisiológico é recomendado para evitar a contaminação da ferida; 
na sua ausência, usar água limpa. Nas queimaduras extensas, o uso de curativos 
úmidos, frios, pode levar a hipotermia, porque a pele queimada perde a capacidade de 
auxiliar na regulação da temperatura corporal, ficando a vítima suscetível à perda de 
calor; quando usados, não devem cobrir mais que 10% da superfície corporal. Quando 
a extensão da queimadura for muito grande, é preferível envolver ou cobrir a vítima 
com lençóis limpos, secos, em vez de tentar aplicar grandes curativos. Quando houver 
hemorragia associada, usar curativos compressivos habituais. Não remover roupas 
firmemente aderidas nem romper bolhas. Os curativos devem ser espessos e firmes, 
mas não apertados. 
 
QUEIMADURAS QUÍMICAS 
As queimaduras químicas ocorrem por contato da pele com substâncias cáusticas. 
Normalmente, as queimaduras por álcalis são mais graves que as causadas por ácidos, 
porque aqueles penetram mais profundamente nos tecidos. O princípio básico do 
tratamento consiste em irrigar a área queimada para retirada de toda substância 
cáustica, que continua a reagir enquanto permanecer em contato com os tecidos. 
Iniciar a irrigação copiosa imediatamente, somente com água corrente ou soro 
fisiológico; não usar substâncias neutralizantes. A simples utilização de compressas 
úmidas pode agravar a lesão, porque a água em pequena quantidade reage com certas 
substâncias e produz calor, o que aumenta a severidade da lesão. Retirar roupas e 
sapatos da vítima enquanto proceder à irrigação, porque pode haver acúmulo de 
líquido com uma concentração de substância cáustica suficiente para produzir 
queimaduras. Sempre que possível, evitar que o líquido da irrigação escorra por áreas 
não queimadas. Proteja-se também durante o procedimento. As substâncias cáusticas 
na forma de pó, como soda cáustica, por exemplo, devem ser retiradas por 
escovação. Só irrigar as queimaduras produzidas por pó se as lesões já 
estiverem úmidas. 
 
 
 
 
46 
 
EMERGÊNCIAS PRODUZIDAS PELO FRIO AMBIENTAL 
LESÕES LOCALIZADAS 
Temperaturas próximas ou abaixo do ponto de congelamento podem produzir 
isquemia tecidual, congelamento e, assim, lesões teciduais. Áreas mais comumente 
afetadas: dedos, mãos, pés, face e orelhas. A pele se apresenta acinzentada ou 
amarelada e fria; a vítima se queixa de dor ou amortecimento local; as lesões mais 
profundas deixam a pele com aspecto de cera; dor e amortecimento desaparecem, 
porque as terminações nervosas estarão lesadas. Lesões superficiais podem ser 
tratadas por reaquecimento, colocando a região atingida em contato com superfície 
corporal aquecida. Lesões profundas só devem ser reaquecidas em ambiente 
hospitalar. Estas são raras em nosso meio. 
 
HIPOTERMIA 
Hipotermia é o resfriamento generalizado do organismo, que ocorre pela exposição a 
temperaturas baixas, mas acima do ponto de congelamento. Ocorre rapidamente, 
sendo mais comum seu desenvolvimento gradual. A transferência de calor corporal é 
25 vezes mais rápida em meio líquido que no ar; daí a hipotermia se desenvolver mais 
rapidamente em vítimas imersas em ambiente líquido, como um rio de água fria, por 
exemplo. A severidade da hipotermia é proporcional ao tempo de exposição ao frio. 
Crianças, principalmente recém-nascidos, e idosos são mais propensos a apresentar 
hipotermia. Outras vítimas com facilidade de apresentar hipotermia são as 
alcoolizadas, as desagasalhadas, as desnutridas, as queimadas e as com alterações da 
consciência. 
 
AVALIAÇÃO 
Para fazer o diagnóstico de hipotermia, sempre ter em mente essa possibilidade, 
mesmo que as condições ambientais não sejam altamente propícias. Os sinais e 
sintomas se tornam mais severos com a progressão da hipotermia. Não esquecer que 
os termômetros comuns de mercúrio só marcam a temperatura até 35 graus 
centígrados e, portanto, abaixo dessa temperatura não funcionam. Se o termômetro 
estiver marcando 35 graus, significa que a temperatura pode estar abaixo desse valor. 
47 
 
● 35 a 32 graus centígrados: vítima apresenta tremores (calafrios), inicialmente 
discretos, depois violentos; isso ocorre porque os músculos tremem para produzir 
calor e tentar elevar a temperatura corporal. A vítima queixa-se de frio e tenta 
combatê-lo com movimentos corporais; pode apresentar respostas verbais e motoras 
lentas, falta de coordenação motora e confusão mental quando a temperatura se 
aproxima dos 32 graus; a pele fica pálida e fria. 
● 32 a 28 graus centígrados: cessam os tremores e diminui o nível de consciência; a 
vítima deixa de "lutar" contra o frio. Há queda da pressão arterial. O pulso é lento, e 
frequentemente, irregular, devendo ser palpados os pulsos centrais, por que os 
periféricos podem estar ausentes, devido à vasoconstrição periférica. Diminui a 
frequência respiratória; as pupilas se dilatam, podendo ficar midriáticas e fixas. 
● 28 a 25 graus centígrados: queda ainda maior dos dados vitais; pressão arterial 
bastante diminuída ou nem mensurável, frequência respiratória diminuída para até um 
ou dois movimentos por minuto. A vítima pode estar em coma. Nessa fase, 
movimentações bruscas da vítima pela equipe de socorristas podem desencadear 
fibrilação ventricular e morte. A vítima pode estar "aparentemente morta". 
● Abaixo de 25 graus: geralmentesobrevém a morte. 
 
TRATAMENTO 
Segue o A-B-C-D-E. O princípio do tratamento consiste em prevenir perdas adicionais 
de calor, manusear cuidadosamente a vítima e transportá-Ia sem demora ao hospital. 
1) Manusear a vítima delicadamente devido ao risco de desencadear fibrilação 
ventricular; 
2) Colocar a vítima em ambiente aquecido; 
3) Retirar roupas molhadas e agasalhá-Ia com roupas secas ou cobertores; 
4) Colocá-Ia em posição de choque se estiver hipotensa; 
5) Infundir endovenosamente soluções aquecidas a 39 graus centígrados e evitar 
soluções frias; • Não dar bebidas alcoólicas à vítima; 
6) Em caso de parada cardiopulmonar, manter a RCP por tempo prolongado. A vítima 
hipotérmica suporta tempos maiores em parada cardiorrespiratória, só devendo ser 
declarada morta após reaquecida, principalmente a criança. 
 
48 
 
13. ATENDIMENTO AO AFOGADO 
 
É grande a confusão da definição do termo afogamento na língua inglesa. O uso do 
termo “near-drowning” traduzido como “quase-afogamento” é ainda hoje 
erradamente utilizado e significam afogados que não falecem até 24 h após o incidente 
e o termo “drowning” as vítimas que falecem em até 24 h. Esta nomenclatura 
subestima o número total de óbitos por afogamento nos países da língua Inglesa 
resultando em um grande erro no perfil epidemiológico. Vários autores demonstraram 
sua preocupação quanto a esta definição imprecisa em uso, mostrando que ela esta 
em desacordo com os parâmetros prognósticos internacionais definidos em “Utstein-
style”. Em Agosto de 2000, com a edição dos novos “Guidelines” da “American Heart 
Association” aprovados pelo ILCOR , e com a realização do Congresso Mundial de 
Afogamento em 2002 realizado na Holanda, o termo quase-afogamento caiu 
definitivamente em desuso. Apresentamos abaixo a nova definição de afogamento. 
Esta informação ajuda no diagnóstico e na terapia corretos. 
● Afogamento (Drowning): aspiração de líquido não corporal por submersão ou 
imersão. 
● Resgate: Pessoa resgatada da água sem sinais de aspiração líquida. 
● Já Cadáver: morte por afogamento sem chances de iniciar ressuscitação, 
comprovada por tempo de submersão maior que 1 hora ou sinais evidentes de morte a 
mais de 1 hora: rigidez cadavérica, livores, ou decomposição corporal. 
 
MECANISMO DA LESÃO 
Nos acidentes por submersão, independentemente da causa, o fator principal que leva 
o indivíduo à morte é a hipóxia. Lembrar sempre que o indivíduo quase afogado pode 
ter outras lesões associadas, como fraturas e ferimentos. Inicialmente, a vítima em 
contato com a água prende voluntariamente a respiração e faz movimentos de todo o 
corpo, tentando desesperadamente nadar ou agarrar-se a alguma coisa. Nessa fase, 
pode haver aspiração de pequena quantidade de água que, em contato com a laringe, 
por reflexo parassimpático, promove constrição das vias aéreas superiores e, em 10 a 
49 
 
15% dos casos, produz laringoespasmo tão severo, que impede a entrada de ar e água 
na árvore respiratória, até que a vítima seja resgatada ou perca a consciência e morra. 
Se não ocorrer o salvamento até essa fase, a vítima que prender a respiração atingirá 
seu limite e fará movimentos respiratórios involuntários, aspirando grande quantidade 
de água. Essa entrada de grande quantidade de água nos pulmões piora a constrição 
das vias aéreas e haverá perda do surfactante (que mantém os alvéolos abertos) e 
alteração na permeabilidade dos capilares pulmonares, com extravasamento de 
líquidos para os alvéolos e espaço intersticial (edema pulmonar). Esses fatos levam à 
diminuição da capacidade de expansão pulmonar, além de impedir a troca gasosa 
normal. Após essas fases iniciais, enquanto a quantidade de água aspirada não seja 
muito grande, na fase de descompensação, os movimentos diafragmáticos 
involuntários aumentam a aspiração de líquidos e os movimentos de deglutição, com 
vômitos na sequência. Ocorre inundação total dos pulmões com perda de consciência, 
apnéia e consequente morte. As complicações tardias dos indivíduos que sobrevivem 
ao episódio de submersão são aquelas decorrentes da aspiração de água (edema 
pulmonar, infecções graves), que levam a vítima à morte. Nos acidentes em água doce 
ou salgada, as alterações pulmonares nos indivíduos que sobrevivem são praticamente 
iguais, ou seja, a presença da água doce ou salgada nos pulmões leva a alterações que 
causam a hipóxia. 
 
Algumas alterações decorrem na água em temperatura normal, naqueles indivíduos 
que ficam imersos com a cabeça para fora por longo período de tempo (acidentes com 
embarcações em que as pessoas aguardam resgate na água, por exemplo). Pode haver 
hipotermia, com vasoconstrição periférica, colapso circulatório e parada cardíaca. 
50 
 
CAUSAS DE AFOGAMENTO 
Afogamento Primário – É o tipo mais comum, não apresentando em seu mecanismo 
nenhum fator incidental ou patológico que possa ter desencadeado o acidente. 
Afogamento Secundário – É a denominação utilizada para o afogamento causado por 
patologia ou incidente associado que o precipita. Ocorre em 13% dos casos de 
afogamento, como exemplo; Uso de Drogas (36.2%) (quase sempre por álcool), crise 
convulsiva (18.1%), traumas (16.3%), doenças cardio-pulmonares (14.1%), mergulho 
livre ou autônomo (3.7%), e outros (homicídio, suicídio, lipotimias, cãibras, 
hidrocussão) (11.6%). O uso do álcool é considerado como o fator mais importante na 
causa de afogamento secundário 
 
TIPOS DE ACIDENTES NA ÁGUA E FASES DO AFOGAMENTO 
Os três diferentes tipos de acidentes na água e as fases do afogamento. A “Síndrome 
de imersão”(Immersion syndrome) ou vulgarmente chamado de “choque térmico” é 
uma síncope (provocada por uma arritmia do tipo bradi ou taquiarritmia) 
desencadeada pela súbita exposição a água com uma temperatura 5° C abaixo da 
corporal. Pode ocorrer, portanto em temperaturas da água tão “quentes” quanto 31° C 
frequentemente presente no litoral tropical ou em piscinas. Quanto maior a diferença 
de temperatura, maior a possibilidade de sua ocorrência. A síncope promove a perda 
da consciência e o afogamento secundário. Nenhuma explicação tal como estímulo 
vagal levando a súbita assistolia, fibrilação ventricular por grande descarga adrenérgica 
pelo frio ou exercício, ou outras razões menos prováveis foram comprovadas 
cientificamente como causa ou como síndrome comprovada. Estudos mostram que a 
ocorrência deste acidente pode ser reduzida se antes de entrarmos na água, 
molharmos a face e a cabeça. 
 
SALVAMENTO 
Lembrar sempre: 
● A segurança de quem faz o salvamento é o principal cuidado inicial. 
● Não tentar a ressuscitação dentro d'água, atrasando a retirada da vítima. 
● Quando possível, as vítimas vestindo coletes salva-vidas e com as vias aéreas livres 
devem ser retiradas da água em posição horizontal. 
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● Suspeitar de lesão da coluna cervical em vítimas inconscientes por afogamento em 
águas rasas; proceder a imobilização adequada para a sua retirada. 
Tomar quatro tipos de providências nos episódios de submersão: 
Jogar algum objeto para a vítima se apoiar: bóia, colete salva-vidas, tábuas, cadeiras, 
portas, mesas, trouxa de roupas, bola de futebol, prancha de surto Pneu ou estepe, 
mesmo com aro, podem suportar até 3 pessoas. 
Rebocar: providenciar um cabo para rebocá-Ia ao objeto flutuante. O cabo deve dispor 
de um laço para que a vítima se "vista", pois, às vezes, a correnteza a impede de 
segurar-se ao cabo. Se ela está sendo levada por corrente marítima, é necessário um 
barco. Em rios, cuja força da correnteza carregue a vítima, aguarde-a rio abaixo e tente 
resgatá-Ia com um cabo estendido sobre o rio, de preferência amarrado a um 
flutuante. 
Remar: use um barco a motor ou remo, certificando-se de sua segurança. 
Para abordar a vítima com o barco, você deve ultrapassá-Ia por alguns metros, girar o 
barco 180 graus, apontar-lhe a proa. Aproxime-se lentamente, tentando interceptá-Iasem provocar impacto que resulte em traumatismos. O içamento deve ser feito pela 
popa, por ser o local mais rebaixado da embarcação, tomando o cuidado de desligar o 
motor. 
Nadar somente quando não forem possíveis os passos anteriores. É preciso ser bom 
nadador e preparado para salvamento de vítimas em pânico. Lembre-se da segurança 
em primeiro lugar. Se não for apto, marque o lugar do afogamento e procure socorro. 
SUPORTE BÁSICO DE VIDA NO SECO - AREIA ou PISCINA 
1o - Ao chegar na areia, ou na borda da piscina coloque o afogado em posição 
paralela a água, de forma que o socorrista fique com suas costas voltada para o mar, e 
a vítima com a cabeça do seu lado esquerdo. 
 A cabeça e o tronco devem ficar na mesma linha horizontal. 
 A água que foi aspirada durante o afogamento não deve ser retirada, pois esta 
tentativa prejudica e retarda o início da ventilação e oxigenação do paciente, 
alem de facilitar a ocorrência de vômitos. 
 Cheque a resposta da vítima perguntando, “Você está me ouvindo?” 
52 
 
2o - Se houver resposta da vítima ela está viva, e indica ser um caso de resgate ou 
grau 1, 2, 3, ou 4. Coloque em posição lateral de segurança e aplique o tratamento 
apropriado para o grau de afogamento. Avalie então se há necessidade de chamar o 
socorro avançado (ambulância) e aguarde o socorro chegar. 
3o - Abra as vias aéreas, colocando dois dedos da mão direita no queixo e a mão 
esquerda na testa, e estenda o pescoço; 
4o - Cheque se existe respiração - ver, ouvir e sentir - ouça e sinta a respiração e veja 
se o tórax se movimenta (figura) - Se houver respiração é um caso de resgate, ou grau 
1, 2, 3, ou 4. Coloque em posição lateral de segurança e aplique o tratamento 
apropriado para grau (veja na tabela 2). 
5o - Se não houver respiração – inicie a ventilação boca-a-boca - Obstrua o nariz 
utilizando a mão (esquerda) da testa, e com os dois dedos da outra mão (direita) abra 
a boca e realize 5 ventilações boca-a-boca iniciais observando um intervalo entre cada 
uma que possibilite a elevação do tórax, e logo em seguida o seu esvaziamento. É 
recomendável a utilização de barreira de proteção (máscara), e: 
6o - Palpe o pulso arterial carotídeo ou cheque sinais de circulação (movimentos ou 
reação à ventilação) - Coloque os dedos (indicador e médio) da mão direita no “pomo 
de adão” e escorregue perpendicularmente até uma pequena cavidade para checar a 
existência ou não do pulso arterial carotídeo ou simplesmente observe movimentos na 
vítima ou reação a ventilação feita. 
7o – Se houver pulso, é uma parada respiratória isolada - grau 5, mantenha somente 
a ventilação com 12 vezes por minuto até o retorno espontâneo da respiração. 
Se não houver pulso ou sinais de circulação, retire os dois dedos do queixo e passe-os 
pelo abdômen localizando o encontro das duas últimas costelas, marque dois dedos 
(figura), retire a mão da testa e coloque-a no tórax e a outra por sobre a primeira e 
inicie 30 compressões cardíaca externa em caso de 1 socorrista ou 15 compressões em 
caso de dois socorristas para casos de afogamento. 
A velocidade destas compressões deve ser de 100 vezes em 60 segundos. Em crianças 
de 1 a 9 anos utilize apenas uma mão para as compressões. Mantenha alternando 2 
ventilações e 30 compressões ou 2x15 com dois socorristas (RCP em afogamento com 
dois socorristas), e não pare até que: 
53 
 
a - Haja resposta e retorne a respiração e os batimentos cardíacos. Coloque então a 
vítima de lado (figura) e aguarde o socorro médico solicitado; 
b – Você entregue o afogado a uma equipe médica; ou 
c – Você fique exausto. 
Assim, durante a RCP, fique atento e verifique periodicamente se o afogado está ou 
não respondendo, o que será importante na decisão de parar ou prosseguir nas 
manobras. Existem casos descritos de sucesso na reanimação de afogados após 2 
horas de manobras e casos de recuperação sem danos ao cérebro até 1 hora de 
submersão. 
Sempre inicie todo processo com apenas um socorrista, para então após 2 a 3 ciclos 
completos de RCP, iniciar a alternância com dois socorristas. 
Os socorristas devem se colocar lateralmente ao afogado e em lados opostos. 
Aquele responsável pela ventilação deve cuidar da verificação do pulso no período da 
compressão e durante a parada para reavaliação, e de manter as vias aéreas 
desobstruídas. 
Em caso de cansaço realize a troca rápida de função com o outro. 
Mesmo com dois socorristas, a relação da RCP será 2:15. 
Após os primeiros 4 ciclos completos de compressão e ventilação, reavalie a ventilação 
e os sinais de circulação. Se ausente, prossiga a RCP e interrompa-a para nova 
reavaliação a cada 2 minutos ou 4 ciclos. 
A RCP deve ser realizada no local do acidente, pois é aonde a vítima terá a maior 
chance de sucesso. Nos casos do retorno da função cardíaca e respiratória acompanhe 
a vítima com muita atenção, durante os primeiros 30 minutos, até a chegada da 
equipe médica, pois ainda não esta fora de risco de uma nova parada cárdio-
respiratória. 
 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 
Nos casos onde não houver efetividade da manobra de ventilação boca-a-boca, refaça 
a hiperextensão do pescoço e tente novamente. Caso não funcione, pense em 
obstrução por corpo estranho e execute a manobra de Heimlich. As próteses dentárias 
54 
 
só devem ser retiradas caso estejam dificultando a ventilação boca-a-boca. O ar 
atmosférico é uma mistura gasosa que apresenta cerca de 21% de O2 em sua 
composição. Em cada movimento respiratório gastamos cerca de 4% desse total, 
restando 17% de O2 no ar expirado pelo socorrista. Esta quantidade de O2 é suficiente 
para a ventilação boca-a-boca ser considerado o mais eficiente método em ventilação 
artificial de emergência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1. MANUAL DE EMERGÊNCIAS CLÍNICA 2018 – HOSPILTA SÍRIO LIBANÊS. 
2. PHTL 8º EDIÇÃO. 
3. MANUAIS DO CORBO DE BOMBEIRO DO PARANÁ. 
4. SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUEIMADOS. 
5. SOCIEDADE BRASILEIRA DE SALVAMENTO AQUÁTICO – SOBRASA. 
6. PROENF URGÊNCIA E EMERGÊNCIA VOLUMOS 1, 2, 3 E 4. 
7. ACLS AMERICAN HEART ASSOCIATION 2017.

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