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Livro-Texto Unidade I primeiros socorros

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Autora: Profa. Andrea Ferian
Colaboradoras: Profa. Roberta Pasqualucci Ronca
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Primeiros Socorros
Professora conteudista: Andrea Ferian
Graduada em Fisioterapia pela Universidade de São Paulo (1995). Possui mestrado (2016) em Ciências 
Morfofuncionais pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e aprimoramento 
(1997) em Neurologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo 
(HC-FMUSP). Atualmente é professora adjunta da Universidade Paulista (UNIP), ministrando aulas nos cursos 
de Fisioterapia e Educação Física. Ministra aulas nos cursos de pós-graduação da Universidade Estácio de Sá 
(Reabilitação de Lesões e Doenças Musculoesqueléticas) e da FMU (Lesões e Doenças Musculoesqueléticas: 
Prevenção e Condicionamento Físico).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
F356p Ferian, Andrea.
Primeiros Socorros / Andrea Ferian. – São Paulo: Editora Sol, 2020.
124 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Avaliação. 2. Urgência e Emergência 3. Traumas. I. Título.
CDU 616-083.98
U504.37 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Giovanna Oliveira
 Ricardo Duarte
Sumário
Primeiros Socorros
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 INTRODUÇÃO AOS PRIMEIROS SOCORROS.............................................................................................9
1.1 Sistema de emergências médicas e aspectos legais e éticos 
 no atendimento de emergências ............................................................................................................9
1.2 Conhecimento e avaliação dos sinais vitais .............................................................................. 12
1.2.1 Avaliação da temperatura corporal ................................................................................................. 12
1.2.2 Avaliação da frequência respiratória .............................................................................................. 15
1.2.3 Avaliação da pressão arterial ............................................................................................................. 16
1.2.4 Avaliação da frequência cardíaca .................................................................................................... 17
1.3 Protocolos para atendimento de emergências ........................................................................ 19
1.3.1 Avaliação inicial da cena ..................................................................................................................... 19
1.3.2 Avaliação da vítima ................................................................................................................................ 20
2 EMERGÊNCIAS CARDÍACAS E VASCULARES ........................................................................................ 23
2.1 Parada cardiorrespiratória (PCR) e ressuscitação cardiopulmonar (RCP) ...................... 23
2.1.1 SBV para adultos ..................................................................................................................................... 24
2.1.2 RCP ............................................................................................................................................................... 25
2.1.3 SBV para crianças ................................................................................................................................... 28
2.1.4 Parada respiratória ................................................................................................................................. 29
2.2 Infarto agudo do miocárdio (IAM) ................................................................................................ 29
2.3 Acidente vascular encefálico (AVE) ............................................................................................... 32
2.4 Hemorragias ........................................................................................................................................... 34
2.4.1 Hemorragias internas ............................................................................................................................ 34
2.4.2 Hemorragias externas ........................................................................................................................... 36
2.4.3 Epistaxe (sangramento nasal) ............................................................................................................ 37
2.5 Estados de choque ............................................................................................................................... 38
3 OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO (OVACE) ................................................ 41
3.1 Sequência de desobstrução de vias aéreas para adultos ..................................................... 41
3.2 Sequência de desobstrução de vias aéreas para crianças.................................................... 43
4 URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS ................................................................................................ 44
4.1 Emergências hipertensivas ............................................................................................................... 44
4.2 Emergências diabéticas ...................................................................................................................... 45
4.2.1 Hipoglicemia ou coma insulínico ..................................................................................................... 46
4.2.2 Cetoacidose e coma diabético ........................................................................................................... 48
4.3 Problemas relacionados à temperatura....................................................................................... 49
4.3.1 Intermação ................................................................................................................................................ 49
4.3.2 Hipotermia ................................................................................................................................................. 51
4.4 Convulsões .............................................................................................................................................. 52
Unidade II
5 INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTOS .................................................................................................... 59
5.1 Intoxicação alimentar .........................................................................................................................59
5.2 Intoxicação medicamentosa ............................................................................................................ 60
5.3 Intoxicação por substâncias químicas ......................................................................................... 61
5.4 Procedimentos em mordidas e picadas de animais peçonhentos.................................... 63
6 QUEIMADURAS, CHOQUES ELÉTRICOS E AFOGAMENTOS .............................................................. 71
6.1 Queimaduras .......................................................................................................................................... 71
6.2 Choques elétricos ................................................................................................................................. 77
6.3 Afogamentos .......................................................................................................................................... 79
7 TRAUMAS ........................................................................................................................................................... 84
7.1 Atendimento à vítima de trauma .................................................................................................. 84
7.2 Trauma de crânio .................................................................................................................................. 85
7.3 Trauma de tórax .................................................................................................................................... 86
7.4 Trauma abdominal ............................................................................................................................... 88
7.5 Lesões musculoesqueléticas ............................................................................................................. 89
7.5.1 Entorses....................................................................................................................................................... 90
7.5.2 Luxações ..................................................................................................................................................... 91
7.5.3 Fraturas ....................................................................................................................................................... 92
7.6 Imobilizações .......................................................................................................................................... 94
7.7 Transporte adequado da vítima ...................................................................................................... 95
7.7.1 Transporte com um socorrista ........................................................................................................... 97
7.7.2 Transporte com dois socorristas .....................................................................................................100
7.7.3 Transporte com três socorristas ......................................................................................................102
7.8 Tipos de ferimentos ...........................................................................................................................104
7.8.1 Feridas fechadas – contusão ............................................................................................................104
7.8.2 Feridas abertas .......................................................................................................................................104
8 EMERGÊNCIAS OBSTÉTRICAS ...................................................................................................................105
8.1 O bebê e a anatomia da gestação ...............................................................................................106
8.2 Etapas do trabalho de parto ..........................................................................................................106
8.2.1 Primeira fase: dilatação ......................................................................................................................106
8.2.2 Segunda fase: coroação e parto .....................................................................................................107
8.2.3 Terceira fase: dequitação ...................................................................................................................107
8.3 Como transportar uma mulher em trabalho de parto ........................................................107
8.4 Auxiliando o parto .............................................................................................................................108
8.5 Cuidando do cordão umbilical ......................................................................................................110
8.6 Cuidando do bebê ..............................................................................................................................110
7
APRESENTAÇÃO
Acidentes e emergências médicas podem acontecer a qualquer hora e em qualquer lugar: em 
casa, nas ruas, no trabalho e nas escolas. Quedas, queimaduras, ataques cardíacos, choques elétricos, 
convulsões e intoxicações são alguns exemplos de emergências. São sempre eventos inesperados, que 
podem gerar pânico e falta de ação nas pessoas ao redor. Saber identificar o problema e agir com 
presteza é fundamental para salvar a vida de uma pessoa.
Os primeiros socorros referem-se aos cuidados iniciais prestados à vítima no local do evento até que 
ocorra a chegada de um socorro profissional. Nesses minutos de espera, muita coisa pode acontecer, 
e uma pessoa treinada em primeiros socorros pode manter a vítima viva até o atendimento médico 
adequado, assim como pode evitar outras lesões ou o agravamento das já existentes.
Este livro-texto foi desenvolvido para que o estudante da área da saúde familiarize-se com 
as emergências e urgências mais frequentes, suas causas, sinais e sintomas, assim como com os 
protocolos específicos para os cuidados iniciais. O conteúdo procura ir além de um manual de 
primeiros socorros para leigos. O objetivo é aprofundar o estudo de determinadas condições, 
abordando aspectos como fisiologia, fisiopatologia e quadro clínico, o que possibilitará a construção 
de um saber mais consistente.
Por fim, o profissional da saúde, independente de sua área de atuação, tem a importante missão de 
ser um multiplicador de conhecimentos, devendo difundir, sempre que possível, os conhecimentos dos 
primeiros socorros na sua comunidade e meio onde está inserido. Essas informações podem salvar vidas!
INTRODUÇÃO
Nesta disciplina conheceremos como é estruturado o sistema de atendimento às urgências e 
emergências no Brasil e os princípios básicos dos primeiros socorros, que incluem a avaliação da 
cena e da vítima.
Após esse panorama geral, abordaremos de forma específica as principais emergências, começando 
pela parada cardiorrespiratória. Essa condição merece destaque, pois pode estar presente em uma 
considerável variedade de situações emergenciais, como o choque elétrico e a hipotermia, por exemplo. 
Assim, serão estudados os procedimentos da ressuscitação cardiorrespiratória, segundo as diretrizes da 
American Heart Association. Serão temas também as emergências cardiovasculares, o acidente vascular 
encefálico, o infarto agudo do miocárdio, as hemorragias e os estados de choque.
O ponto de estudo seguinte será a obstrução de vias aéreas, durante o qual aprenderemos os 
procedimentos para socorrer vítimas de engasgos segundo a faixa etária. Encerraremos a unidade 
tratando de algumas emergências clínicas frequentes, como as crises hipertensivas, as descompensações 
diabéticas, os distúrbios relacionados à temperatura (hipertermia e hipotermia) e as convulsões.
Na sequência, estudaremos os primeiros socorros para os quadros de intoxicação, tanto de 
natureza alimentar como medicamentosa, química ou causada por picadas de animais peçonhentos. 
8Serão apresentados também os principais procedimentos para as vítimas de queimaduras, choque 
elétrico e afogamentos.
Prosseguindo nosso percurso, falaremos do tema trauma, com relação ao qual serão abordados 
tópicos desde a avaliação da vítima de trauma até seu transporte, imobilização de segmentos corporais 
e cuidados específicos.
Finalmente, encerraremos a disciplina estudando como auxiliar uma gestante em trabalho de parto 
iminente quando não há tempo ou possibilidade de transportá-la para um centro especializado.
9
PRIMEIROS SOCORROS
Unidade I
1 INTRODUÇÃO AOS PRIMEIROS SOCORROS
1.1 Sistema de emergências médicas e aspectos legais e éticos no 
atendimento de emergências
Urgências e emergências são frequentemente confundidas. No entanto, fazem referência a situações 
distintas. Segundo a Resolução n. 1.451/95 (BRASIL, 1995), o Conselho Federal de Medicina (CFM) 
define urgência como “a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, 
cujo portador necessita de assistência médica imediata”, e emergência como “a constatação médica 
de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de morte ou sofrimento intenso, 
exigindo, portanto, o tratamento médico imediato”.
De maneira mais simplificada, emergências são agravos nos quais não há tempo para aguardar uma 
intervenção; o atendimento deve ser imediato devido ao risco de vida. São exemplos de emergências 
a parada cardiorrespiratória, o infarto agudo do miocárdio e o AVE. Já as urgências, apesar de 
constituírem-se em condições muitas vezes graves, não possuem um caráter tão imediatista, não há 
risco de morte iminente. São exemplos de urgências: cólica renal, luxações, fraturas e dor abdominal 
moderada.
Atendimento pré-hospitalar (APH) é todo atendimento prestado em situações de urgência e 
emergência no ambiente extra-hospitalar, ou seja, fora do hospital.
No Brasil, normalmente, os atendimentos pré-hospitalares são realizados pelo Serviço de 
Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que pode ser acionado pelo número 192. O Samu foi criado 
na França em 1986 e posteriormente copiado por outros países, devido ao sucesso do seu modelo.
No Brasil, foi implementado em 2003 através de um acordo bilateral assinado entre o país e a 
França por solicitação do Ministério da Saúde. No modelo francês, as viaturas de suporte avançado têm 
obrigatoriamente a presença de um médico, diferentemente do modelo americano, no qual as atividades 
de resgate são exercidas por profissionais paramédicos (profissão que não existe no Brasil). O Samu faz 
parte da Política Nacional de Apoio às Urgências, sendo previsto em todo o território nacional.
As equipes do Samu são compostas por médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e condutores 
que são também socorristas. A participação de cada um desses profissionais nos atendimentos está 
condicionada à gravidade do caso: após coletar os dados sobre a vítima e sua localização, os técnicos do 
atendimento telefônico da Central de Regulação de Urgência encaminham essas informações para o 
médico regulador, que avalia os sintomas relatados e define se é necessário enviar uma ambulância e 
que tipo de equipe será enviada. Os veículos levam equipamentos que vão desde UTIs até suporte básico 
10
Unidade I
para casos simples. Fazem parte da frota também helicópteros, motocicletas e lanchas. O atendimento 
ocorre no local onde a vítima se encontra, seja em sua residência, no trabalho ou em via pública.
Figura 1 – Viatura do Samu
O Samu é um serviço 24 horas e, segundo o Ministério da Saúde, deve ser acionado nas 
seguintes situações:
• problemas cardiorrespiratórios;
• intoxicação exógena e envenenamento;
• queimaduras graves;
• maus-tratos;
• trabalhos de parto nos quais haja risco de morte da mãe ou do feto;
• tentativas de suicídio;
• crises hipertensivas e dores no peito de aparecimento súbito;
• acidentes/traumas com vítimas;
• afogamentos;
• choque elétrico;
• acidentes com produtos perigosos;
• suspeita de infarto ou AVC, cujos sintomas mais comuns são alteração súbita na fala, perda de 
força em um lado do corpo e desvio da comissura labial;
• agressão por arma de fogo ou arma branca;
• soterramento, desabamento;
11
PRIMEIROS SOCORROS
• crises convulsivas;
• transferência inter-hospitalar de doentes graves;
• outras situações consideradas de urgência ou emergência, com risco de morte, sequela ou 
sofrimento intenso.
Após o atendimento pela equipe do Samu, o paciente será encaminhado para a Unidade de Pronto 
Atendimento (UPA) ou, em casos de maior complexidade, para o hospital (politraumas, infarto, acidente 
vascular cerebral, entre outros).
Outros grupos de profissionais podem também exercer o APH, como bombeiros e policiais (federais, 
civis, militares e guardas municipais). O telefone da central dos bombeiros é 193.
Os primeiros socorros não devem ser confundidos com o atendimento pré-hospitalar, que é realizado 
pela ambulância e pelos profissionais do resgate (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, 
bombeiros etc.). Os primeiros socorros são ações executadas por pessoas treinadas ou orientadas pelo 
médico regulador da Central de Regulação de Urgência (pelo telefone 192), e sua finalidade é manter 
a vítima viva e evitar agravos até a chegada da ambulância ou até o transporte da vítima para um 
hospital, quando isso é possível.
Para o Código Penal Brasileiro, todo indivíduo tem dever de ajudar um acidentado ou chamar o 
serviço especializado para atendê-lo. A omissão de socorro constitui crime previsto no artigo 135 
(BRASIL, 1940):
Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco 
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, 
ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o 
socorro da autoridade pública:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único- A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta 
lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Essa assistência, portanto, engloba desde chamar o serviço especializado (ambulância, Samu, 
bombeiro) até o ato de iniciar os primeiros socorros. Ao pedir ajuda, a pessoa deve tentar passar o 
máximo de informações, como localização da vítima (endereço, ponto de referência), idade aproximada, 
impressão inicial e, em caso de trauma, tipo de acidente e número de vítimas.
Aqui chegamos a um ponto muito importante: para a aplicação dos primeiros socorros, deve-se ter 
um conhecimento mínimo sobre o tema, bem como informações básicas de como proceder diante dos 
diversos tipos de emergência que podem ocorrer.
12
Unidade I
Alguns conhecimentos simples podem diminuir o sofrimento, evitar complicações e salvar uma vida. 
Se a pessoa não se sentir segura ou não tiver condições emocionais de prestar socorro direto à vítima, 
deve procurar alguém que a auxilie e acionar o resgate.
Conhecer os primeiros socorros é tão importante que em outubro de 2018 foi criada a Lei n. 13.722, que 
torna obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de 
estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de estabelecimentos de recreação 
infantil. Essa lei foi batizada como Lei Lucas, para homenagear o menino Lucas Begalli Zamora, de 
10 anos, que em 2017 veio a óbito devido a um engasgo ocorrido durante um passeio escolar.
O texto da lei define que os cursos de primeiros socorros sejam ofertados anualmente, tanto para 
capacitação quanto para reciclagem dos profissionais já capacitados. O objetivo do treinamento é 
possibilitar que os professores consigam agir em situações emergenciais enquanto a assistência médica 
especializada não for proporcionada (SENADO FEDERAL, 2018).
1.2 Conhecimento e avaliação dos sinais vitais
Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. Através deles podemos ter conhecimento 
sobre o estado geral de uma pessoa. São eles:
• temperatura;
• pulso (frequênciacardíaca – FC);
• respiração (frequência respiratória – FR);
• pressão arterial (PA).
Verificados em intervalos regulares, podem auxiliar a determinar se as condições do paciente estão 
melhorando, piorando, ou permanecem iguais (BERGERON et al., 2007).
1.2.1 Avaliação da temperatura corporal
Termorregulação
A temperatura central média do corpo humano, isto é, dos tecidos profundos, situa-se entre 
36,7 °C e 37 °C, e permanece quase constante, com mínimas variações de 0,6 °C (GUYTON; HALL, 
2002). Por isso, diz-se que o ser humano é homeotérmico, isto é, mantém a temperatura corporal 
relativamente constante apesar das variações do meio. Em contraste, a temperatura cutânea pode 
aumentar e diminuir de acordo com as variações da temperatura ambiental.
De forma geral, a temperatura corporal é controlada pelo equilíbrio entre produção e perda de 
calor. A produção de calor pelo corpo humano, denominada termogênese, ocorre através da atividade 
metabólica celular geral, com grande contribuição da atividade muscular. A pele, os tecidos subcutâneos 
13
PRIMEIROS SOCORROS
e principalmente a gordura atuam como um isolante térmico do organismo, constituindo um meio 
eficaz para manter a temperatura interna normal (GUYTON; HALL, 2002).
Esse calor produzido no organismo pelos órgãos e tecidos profundos (sobretudo fígado, cérebro e 
coração) é transferido para a pele através da circulação sanguínea, para então ser perdido para o ar e o 
meio ambiente.
A condução de calor pelo sangue até a pele é controlada pelo grau de vasoconstrição das arteríolas 
e das anastomoses arteriovenosas. Quando há excesso de calor necessitando ser dissipado, ocorre 
vasodilatação e, ao contrário, quando o calor precisa ser conservado, há vasoconstrição. Esse mecanismo 
é regulado pelo sistema nervoso simpático, em resposta a variações na temperatura corporal interna e 
alterações na temperatura ambiente.
A perda de calor da pele para o meio ambiente, por sua vez, ocorre através de irradiação, condução, 
convecção e evaporação.
A irradiação é a perda de calor sob a forma de raios térmicos infravermelhos (ondas eletromagnéticas) 
e não é necessário que haja contato entre os corpos para haver transferência de calor. O corpo humano 
irradia raios térmicos em todas as direções e também recebe irradiações de outros objetos, como, por 
exemplo, as paredes dos cômodos de ambientes onde estivermos.
O corpo absorve energia térmica radiante quando está mais frio em relação ao ambiente ou aos 
objetos que o rodeiam. Um exemplo é a transferência de calor por irradiação de uma lareira para o 
corpo. Se a temperatura do corpo for maior do que a do meio ambiente, haverá maior quantidade de 
calor irradiada do corpo do que em direção a ele.
A condução refere-se à troca de calor por transferência direta (através de contato) entre 
moléculas (líquido, sólido ou gás). Um exemplo de transferência de calor por condução é deitar 
sobre uma pedra fria.
A convecção é caracterizada pela troca de calor diante da permuta de ar (ou água) rente ao corpo. 
Nessa forma de transferência de calor, o ar em contato com a pele recebe calor e imediatamente é 
substituído por novo ar não aquecido, que continua o processo, como durante uma situação de vento. 
Quanto maior a velocidade do vento, maior a convecção e maior o efeito do resfriamento. Geralmente 
a convecção é um mecanismo de perda de calor e não de ganho.
A evaporação consiste na perda de calor através da transpiração e é o principal modo de dissipação 
térmica durante o exercício (80%). À medida que aumenta a temperatura corporal interna, aumenta a 
produção de suor. Quando o suor chega à pele, passa da forma líquida à gasosa: o calor é perdido nesse 
processo. Mesmo quando o corpo não está suando, a água ainda evapora, insensivelmente, a partir da 
pele e dos pulmões (as membranas das mucosas do sistema respiratório liberam cerca de 300 ml de 
líquido vaporizado por dia). Isso determina uma perda contínua de calor, de 12 a 16 calorias por hora 
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
14
Unidade I
Enquanto a temperatura da pele é maior do que a do meio ambiente, há perda de calor por 
irradiação e condução. Entretanto, quando a temperatura do meio ambiente fica maior do que a da 
pele, o corpo, ao invés de perder calor, recebe-o, por irradiação e condução. Nessas situações, a única 
forma de o corpo livrar-se do calor é por evaporação.
Assim, a evaporação é o principal meio de defesa fisiológico para o controle do superaquecimento 
corporal em situações de altas temperaturas ambientais e durante o exercício físico. Nessas condições, 
qualquer fator capaz de impedir a evaporação adequada (como roupas inadequadas) pode acarretar a 
elevação da temperatura corporal interna.
Os seres humanos só conseguem tolerar temperaturas internas abaixo de 35 ºC ou acima de 41 ºC 
por breves períodos. Para que a temperatura interna seja mantida dentro desses limites, o corpo humano 
desenvolveu respostas fisiológicas bastante eficazes ao calor e ao frio. A estrutura capaz de detectar 
alterações na temperatura corporal e desencadear essas respostas é o núcleo pré-óptico do hipotálamo 
anterior (NPOHA), que funciona como um sensor térmico. Essa estrutura contém grande número de 
neurônios sensíveis ao calor e ao frio. Além disso, termorreceptores de outras partes do corpo, como 
os da pele, das vísceras e de grandes vasos, também enviam informações (aferências) ao NPOHA e ao 
córtex, contribuindo para a termorregulação.
Quando o NPOHA é aquecido, a resposta compensatória consiste em vasodilatação periférica (para 
aumentar a transferência de calor para a pele e da pele para o meio) e aumento da sudorese através 
da ativação das glândulas sudoríparas exócrinas. Essa reação destina-se a fazer o corpo perder calor e 
voltar à sua temperatura normal.
Quando a temperatura interna cai, imediatamente são acionados reflexos para aumentar a produção 
e conservação de calor: vasoconstrição periférica, inibição do processo de sudorese, aumento do 
metabolismo basal e tremores. Os tremores, ou calafrios, são ciclos rápidos e involuntários de contração 
e relaxamento dos músculos esqueléticos, e podem aumentar de quatro a cinco vezes a taxa de produção 
de calor do corpo em repouso.
Algumas situações podem causar anormalidades no controle da temperatura corporal, como a febre, 
que é uma elevação da temperatura corporal central acima dos níveis habituais. Algumas substâncias 
tóxicas podem afetar os centros termorreguladores, como proteínas e toxinas liberadas pelas membranas 
celulares bacterianas. As substâncias que produzem esse efeito são denominadas pirogênios. Os fármacos 
que reduzem o nível de febre são chamados antipiréticos.
Outra condição que provoca a elevação prolongada da temperatura é a compressão do hipotálamo 
por tumor cerebral (GUYTON; HALL, 2002).
Como medir a temperatura
• Oral: temperatura média varia de 36,2 ºC a 37 ºC. O termômetro deve ficar por cerca de três minutos 
sob a língua, com o paciente sentado ou deitado. Não se verifica a temperatura oral em vítimas 
inconscientes, após extração dentária ou inflamação na cavidade oral (porque a temperatura 
15
PRIMEIROS SOCORROS
pode estar alterada localmente sem necessariamente representar febre) e em crianças depois de 
ingerirem líquidos (frios ou quentes).
• Axilar: temperatura média varia de 36 ºC a 36,8 ºC. A via axilar é a mais sujeita a fatores externos. 
O termômetro deve ser mantido sob a axila seca por cinco minutos, com o acidentado sentado 
ou deitado. Não se verifica temperatura em vítimas de queimaduras no tórax, com processos 
inflamatórios na axila ou fratura dos membros superiores.
• Retal: temperatura média varia de 36,4 ºC a 37 ºC. O termômetro deverá ser lavado, seco e 
lubrificado com vaselina e mantido dentro do reto por três minutos com o acidentado em decúbito 
lateral, com a flexão de um membro inferior sobre o outro. A verificação da temperatura retal é 
a mais precisa e a que menos sofre influência de fatoresexternos, porém a menos prática para 
aferição, pois expõe o paciente e necessita de vaselina.
1.2.2 Avaliação da frequência respiratória
A frequência respiratória (FR) de uma pessoa é a quantidade de respirações que ela faz em um 
minuto. Uma respiração consiste em um ciclo completo de inspiração e expiração.
A respiração é controlada pelo sistema nervoso central (SNC), mais especificamente pelo centro 
respiratório, que é um grupamento de neurônios localizados bilateralmente na ponte e bulbo. Por meio 
dos movimentos respiratórios, ocorre a entrada e saída do ar nos pulmões, o que permite as trocas gasosas 
essenciais para a manutenção da vida: o oxigênio inalado passa dos alvéolos pulmonares para dentro 
dos capilares sanguíneos (através dos quais chegará a todos os tecidos e células do corpo) e o dióxido de 
carbono, por sua vez, sai dos capilares em direção aos alvéolos, de onde será expelido para o meio ambiente 
através da expiração. Esse mecanismo de troca gasosa nos pulmões recebe o nome de hematose. Qualquer 
fator que interrompa esse processo pode colocar em risco a vida.
A obstrução das vias aéreas por vômitos, secreções, corpo estranho ou edema pode impedir a 
ventilação adequada e causar asfixia, com possível evolução para parada cardiorrespiratória.
Alguns fatores, como superdosagem de narcóticos, certos anestésicos e edema cerebral secundário 
a um traumatismo craniano, podem deprimir ou até mesmo inativar o centro respiratório no sistema 
nervoso central. Nesses casos também pode haver uma parada respiratória, mesmo que as vias aéreas 
estejam livres.
Como avaliar a respiração
Para verificar a FR de uma pessoa basta observar os movimentos do tórax e contar o número de 
respirações (ciclos completos) em um minuto ou contar o número de respirações por 30 segundos e 
multiplicar por dois. Quando não é possível contar os movimentos respiratórios pela observação do 
tórax, deve-se colocar delicadamente a mão sobre a região torácica (lembrando que essa técnica não 
deve ser realizada no caso de ferimentos nessa área)
16
Unidade I
No adulto, a FR normal varia de 12 a 20 respirações por minuto. Nos bebês, a FR é mais elevada, 
variando entre 30 e 50 respirações por minuto. Nas crianças, varia de 20 a 30.
Além da frequência, devem-se observar as características da respiração, como ritmo (regular ou 
irregular), profundidade (normal, superficial ou profunda), presença de ruídos (roncos, chiados) e 
facilidade para respirar (se os movimentos são forçados, difíceis ou dolorosos). Quando o paciente está 
consciente, deve-se perguntar se tem alguma dificuldade ou dor para respirar. Um paciente com a 
respiração forçada tem uma condição grave (BERGERON et al., 2007).
Existem alguns termos usados na área médica que designam o tipo de alteração na frequência e no 
padrão respiratório:
• Eupneia: FR normal, respiração sem dificuldades.
• Taquipneia: FR elevada.
• Bradipneia: FR diminuída, respiração lenta.
• Apneia: ausência de respiração.
• Dispneia: angústia e sofrimento associados à incapacidade de ventilar. “Falta de ar”.
1.2.3 Avaliação da pressão arterial
Pressão arterial (PA) é a pressão exercida pelo sangue dentro dos vasos sanguíneos. Quando o 
ventrículo esquerdo se contrai, o sangue que estava nessa cavidade é impulsionado através das artérias 
para todas as partes do corpo. Essa contração ventricular esquerda é chamada de sístole e a pressão 
gerada nos vasos é chamada de pressão sistólica.
A força contrátil do coração obviamente afeta a pressão sistólica, porém outros fatores interferem 
de forma importante, como a resistência e elasticidade das artérias, o volume sanguíneo (quanto menos 
sangue, menos pressão) e a viscosidade do sangue. Na velhice, por exemplo, ocorre um endurecimento 
gradual das paredes das artérias, o que pode ocasionar a elevação da pressão sistólica.
Após a contração, o ventrículo esquerdo relaxa e volta a se encher de sangue. Essa fase de relaxamento 
é chamada de diástole e a pressão nas artérias cai, sendo denominada pressão diastólica. Sendo assim, a 
medida da pressão arterial sempre compreende dois valores: a pressão sistólica (popularmente chamada 
de “máxima”) e a diastólica (popularmente chamada de “mínima”).
A pressão é medida em milímetros de mercúrio (mmHg) e muda muito de indivíduo para indivíduo. 
Em linhas gerais, pressões acima de 140/90 mmHg são consideradas altas, e inferiores a 90/60 mmHg 
são consideradas baixas, podendo, inclusive, indicar algum problema mais sério, como o choque 
hipovolêmico, que será explicado mais adiante neste livro.
17
PRIMEIROS SOCORROS
Muitos indivíduos apresentam uma elevação temporária na pressão arterial em situações de 
emergência devido a ansiedade, medo e estresse. Por isso, é necessária mais de uma leitura para 
confirmar a pressão arterial.
Como medir a pressão arterial
Para medir a pressão arterial é necessário um esfigmomanômetro. Normalmente a técnica usada é a 
da auscultação, e para isso também é necessário um estetoscópio.
Antes de começar, é importante lembrar de algumas informações importantes:
• O paciente pode estar sentado ou deitado, mas o braço deve estar no mesmo nível do coração.
• Deve-se envolver a parte superior do braço com o manguito, um pouco acima da prega do 
cotovelo, de forma firme, mas não apertada (o examinador deve ser capaz de deslizar o dedo sob 
a borda inferior do manguito).
• Para saber “quanto” inflar, é adequado antes fazer um pequeno teste: colocar os dedos no pulso 
radial do paciente (no punho do mesmo lado do manguito) e, conforme se infla, notar o momento 
em que não se percebe mais o pulso; o recomendado é continuar insuflando mais 30 mmHg além 
desse ponto, no momento de medir a PA.
Depois de ter dado atenção às questões mencionadas, pode-se passar ao procedimento:
• Uma vez determinado o valor até o qual se inflará o manguito, usando os dedos, localizar o pulso 
da artéria braquial que fica acima da prega do cotovelo, ligeiramente medializada; posicionar, 
então, o diafragma do estetoscópio sobre o pulso. O próximo passo é fechar a válvula e inflar o 
manguito até o valor predeterminado.
• Abrir a válvula lentamente para que a pressão do aparelho seja liberada.
• Escutar cuidadosamente: o primeiro estalido audível representa a pressão sistólica.
• Continuar esvaziando o manguito. Os sons vão se enfraquecendo. O último estalido audível 
representa a pressão diastólica.
É importante registrar, além da PA, o horário, a posição do paciente e o braço utilizado.
1.2.4 Avaliação da frequência cardíaca
O pulso é a onda de distensão de uma artéria causada pela passagem do sangue bombeado pelo 
coração. Essa onda é perceptível pela palpação de uma artéria e se repete com regularidade. Ao 
avaliar o pulso, conseguimos determinar a frequência cardíaca (FC), isto é, o número de batimentos 
cardíacos por minuto.
18
Unidade I
A frequência cardíaca de um adulto normal em repouso pode variar de 60 a 100 batimentos por minuto. 
Quanto mais condicionada a pessoa, menor sua frequência cardíaca de repouso. Atletas, por exemplo, podem 
apresentar FC de repouso ao redor de 50 batimentos por minuto.
Frequências acima de 100 bpm são consideradas rápidas (taquicardia) e frequências abaixo de 60 bpm 
são consideradas lentas (bradicardia). Recém-nascidos têm um pulso entre 120 e 160 bpm. Crianças até 
5 anos têm pulso entre 80 e 140 bpm e de 5 a 12 anos de 70 a 110 bpm (BERGERON et al., 2007).
A verificação do pulso não se resume a medir sua frequência: deve-se também analisar a força (forte 
ou fraco) e o ritmo (regular ou irregular).
Através do pulso, é possível avaliar se a circulação e o funcionamento do coração estão normais ou 
não. Um pulso rápido e forte pode indicar, por exemplo, medo, hipertensão, febre ou exercícios intensos; 
um pulso rápido e fraco pode indicar choque, hemorragia e falência do sistema circulatório. A ausência 
de pulso indica parada cardíaca (BERGERON et al., 2007).
Como avaliar o pulso
A mensuração do pulso éfeita preferencialmente no pulso carotídeo, localizado na parte anterior do 
pescoço. A medida do pulso radial, localizado no punho, deve ser complementar. A ausência do pulso 
radial pode indicar queda da pressão arterial ou lesão do membro com interrupção do fluxo sanguíneo 
para o braço. A presença do pulso carotídeo e a ausência do pulso radial podem indicar estado de 
choque, tema abordado mais adiante.
Para avaliar o pulso, é preciso utilizar os dedos indicador, médio e anular, fazendo uma leve pressão. 
A pressão forte pode interromper o fluxo e impossibilitar a medida. Não utilize o polegar, porque você 
corre o risco de sentir seu próprio pulso, e não o do paciente.
Uma vez localizado o pulso, avalie a frequência: o procedimento é contar os batimentos cardíacos 
por 60 segundos, ou por 30 segundos e depois multiplicar o valor obtido por dois (o resultado será a 
frequência cardíaca, ou seja, o número de batimentos do coração em um minuto).
Durante a contagem, avalie também força e ritmo.
Figura 2 – Avaliação do pulso radial e carotídeo
19
PRIMEIROS SOCORROS
1.3 Protocolos para atendimento de emergências
1.3.1 Avaliação inicial da cena
Essa é a primeira etapa na prestação dos primeiros socorros, seja em uma emergência clínica ou 
traumática. A avaliação da cena é fundamental para garantir a segurança do socorrista e da vítima. 
Muitas vezes a vítima precisará esperar até haver segurança suficiente para a prestação do socorro; caso 
contrário, o próprio socorrista, seja ele profissional ou leigo, poderá tornar-se uma vítima.
Algumas considerações de segurança devem incluir:
• exposição a fluidos corporais;
• exposição a produtos químicos;
• fogo;
• locais com risco de explosões e desmoronamentos;
• linhas de energia derrubadas;
• enchentes;
• tráfego;
• condições climáticas adversas;
• presença de assaltantes ou criminosos;
• multidões.
Zelar pela própria segurança é a primeira responsabilidade do socorrista. Se a situação oferecer 
perigo fora da capacitação de quem está prestando socorro, como no caso de incêndios, deve-se 
aguardar ajuda especializada, como a dos bombeiros. Só retire o acidentado do local do acidente se esse 
local apresentar risco de vida para ele ou para o socorrista.
Finalmente, após certificar-se de que o local está seguro, o socorrista pode aproximar-se e cuidar do 
paciente. Deve-se tentar obter o máximo de informações sobre o ocorrido e procurar a colaboração de 
outras pessoas, dando ordens breves e claras.
Além disso, muitas situações expõem a pessoa que está prestando socorro a doenças infecciosas, 
seja pelo contato com o sangue (como hepatite e HIV) ou por tosse, espirro ou saliva (como tuberculose 
e meningite). Para proteger-se desses microrganismos, devem-se usar sempre os equipamentos de 
proteção individual (EPIs), tais como luvas, máscara, protetor ocular e aventais.
20
Unidade I
As luvas de procedimento podem ser de látex ou nitrílicas. As nitrílicas apresentam a vantagem de 
serem mais resistentes, além de não serem alergênicas como as de látex. É recomendado colocar dois 
pares de luvas em locais onde possa haver cacos de vidro e pedaços de metal, como nos acidentes 
automobilísticos. As luvas internas podem proporcionar uma barreira de proteção mesmo quando as luvas 
externas forem danificadas. Ao finalizar qualquer prestação de socorro, devem-se lavar bem as mãos, que 
é um dos procedimentos mais importantes para o controle de infecções.
As máscaras do tipo cirúrgico evitam o contato com respingos de sangue e outros líquidos corporais. 
Os óculos protegem as membranas oculares, que podem absorver líquidos e ser uma porta de entrada 
para infecções.
Os aventais protegem a roupa e a pele em situações de sangramento, como trauma e parto. Como 
é impossível reconhecer o paciente portador de doença infecciosa apenas olhando-o, é fundamental a 
utilização dos EPIs, especialmente as luvas, durante o contato com qualquer paciente, principalmente 
aqueles que apresentam sangramento.
1.3.2 Avaliação da vítima
Depois de assegurar-se da segurança da cena, é possível aproximar-se da vítima para prestar 
assistência. A avaliação é a segunda etapa na prestação dos primeiros socorros. Uma boa avaliação do 
paciente permite estabelecer condutas adequadas.
Estabeleça comunicação e assuma o controle
As pessoas vítimas de trauma ou mal súbito geralmente se encontram amedrontadas, ansiosas, 
confusas ou em choque. Aproxime-se da vítima, pergunte seu nome e apresente-se: “Meu nome é 
_______, gostaria de ajudá-lo. Tudo bem?”. Com esse contato inicial, você obtém o consentimento dela.
Nesse momento, se houver necessidade, solicite ajuda das pessoas ao redor (ligue para o resgate, 
chame a família da vítima). Tente manter a voz calma e tranquila, chame a vítima pelo nome e 
passe confiança.
Avaliação primária
A principal meta da avaliação primária é procurar problemas que coloquem a vida em risco: 
verificar circulação, vias aéreas, respiração e hemorragias.
Pergunte “Você está bem?”. A resposta deixará explícito o estado das vias aéreas, o nível de consciência 
e o mecanismo da lesão. Se a vítima responder, mesmo que de forma confusa, significa que ela 
está consciente e, portanto, não está em parada cardiorrespiratória.
No caso de vítima consciente:
• Pergunte “Onde dói?” para identificar possíveis segmentos com lesão.
21
PRIMEIROS SOCORROS
• Enquanto conversa com ela, faça uma avaliação visual para verificar cianose (pele azulada por 
falta de oxigênio), palidez, hematomas, suor.
• Verifique o pulso radial: marque a frequência cardíaca e sinta a força do pulso.
• Se a vítima tiver pulso, continue a avaliação procurando por sangramentos. Lembre-se de sempre 
estar com luvas de proteção, se possível. Se houver hemorragia, tente controlá-la imediatamente.
• Verifique a possibilidade de dano ao sistema nervoso central, prossiga com o exame neurológico 
(se não houver indícios de lesão nervosa, dê atenção à queixa principal).
• Verifique a responsividade (lesões no sistema nervoso resultam em nível alterado de consciência 
e responsividade):
− Alerta: os olhos da vítima estão abertos e ela consegue responder de forma clara e precisa.
− Reação a estímulo verbal: a vítima parece sonolenta, mas fica alerta quando se fala com ela.
− Reação à dor: a vítima parece adormecida e não responde aos estímulos verbais, mas esboça reação 
corporal quando é beliscada.
− Não responsiva: a vítima parece estar adormecida e não responde quando é chamada.
• Avalie os sinais vitais: pulso, respiração e cor e temperatura relativa da pele.
No caso de vítima inconsciente:
• Pergunte à vítima “Você está bem?”. Se ela parecer inconsciente e não responder, considere sempre 
a pior hipótese: ela pode estar em parada cardiorrespiratória.
• Verifique então o pulso carotídeo por 10 segundos, enquanto observa a expansão do tórax. 
Se não houver pulso, chame o resgate ou peça para alguém chamar. Inicie imediatamente os 
procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Prossiga com a RCP até o paciente 
responder ou até o resgate chegar.
• Se houver pulso, prossiga com a avaliação das vias aéreas e respiração: faça a manobra de 
desobstrução das vias aéreas e, se suspeitar de lesão cervical, faça a manobra modificada da 
mandíbula; verifique a expansão do tórax e procure sentir a respiração.
• Se não houver respiração, a pessoa pode estar em parada respiratória: inicie as ventilações boca 
a boca. Prossiga com as ventilações até que a vítima volte a respirar espontaneamente ou que o 
resgate chegue.
22
Unidade I
• Se a vítima estiver respirando normalmente, procure por sangramentos e hemorragias. Se 
encontrar, controle-os através de técnicas de compressão direta (compressão manual da região 
que está sangrando com gaze ou pano limpo, até o sangramento cessar – lembrando que para 
fazê-lo é importante a utilização de luvas de proteção).
• Prossiga para a avaliação secundária.
 Observação
A American Heart Association (AHA) denominavao protocolo de 
avaliação primária de ABC da vida: A-airway (vias aéreas), B-breathing 
(respiração), C-circulation (circulação). Iniciava-se a avaliação primeiro pela 
respiração e, se o paciente estivesse em parada respiratória, ministravam-se 
duas ventilações de resgate e então prosseguia-se com a avaliação do 
pulso. Porém, a última diretriz da AHA para o protocolo de atendimento às 
paradas cardiorrespiratórias e ressuscitação cardiopulmonar determina que 
agora a ordem de prioridade é: CAB, ou seja, devemos iniciar a avaliação 
pelo pulso para verificar função cardíaca e, se o paciente estiver em parada 
cardiorrespiratória, devemos começar a ressuscitação pelas compressões 
torácicas, e não pelas ventilações.
Avaliação secundária
Só deve ser iniciada depois que as condições fatais forem controladas ou descartadas e os 
sinais vitais registrados. Nessa etapa, faz-se uma observação mais atenta e detalhada da vítima, 
verificando-se cada segmento corporal, procurando inchaços, depressões, deformidades, sangramentos 
e outras alterações:
• Crânio e pescoço: procure por depressões ósseas ou sangramentos, avalie pulso carotídeo, 
sensibilidade e dor na região do pescoço.
• Tórax: verifique cortes e ferimentos, anormalidades respiratórias, dor nas costelas.
• Abdômen: procure por ferimentos, faça a palpação e verifique a presença de rigidez ou dor.
• Região pélvica: com as mãos, verifique sensibilidade ou dor e pulso femoral.
• Costas: corra a mão por toda a coluna (sem mover a vítima), verificando sensibilidade, dor, 
deformidade. A presença de dor em algum ponto das costas pode indicar fratura de coluna.
• Membros inferiores e depois superiores: observe alinhamento, inchaço, protusões ou 
depressões; verifique força e sensibilidade em todos os membros.
23
PRIMEIROS SOCORROS
2 EMERGÊNCIAS CARDÍACAS E VASCULARES
2.1 Parada cardiorrespiratória (PCR) e ressuscitação cardiopulmonar (RCP)
As doenças cardiovasculares representam a principal causa de mortes no Brasil e no mundo. A falta 
de reconhecimento dos sinais e sintomas de um ataque cardíaco atrasa o atendimento das vítimas e leva 
a um grande número de óbitos no ambiente extra-hospitalar (PERGOLA; ARAUJO, 2009).
O coração bombeia o sangue através dos pulmões, nos quais ocorre um processo denominado 
hematose: as moléculas de oxigênio presentes no ar que está nos alvéolos migram para os capilares 
sanguíneos, enquanto o dióxido de carbono faz o caminho inverso. O sangue oxigenado retorna então 
ao coração, de onde será bombeado para todos os órgãos e tecidos corporais. Quando o coração para, 
a circulação sanguínea para, e a pessoa torna-se rapidamente inconsciente. Sem fluxo sanguíneo, o 
coração e o cérebro logo começam a sofrer danos devido à falta de oxigênio.
Para prevenir ou diminuir esse dano, diante de uma vítima de PCR, deve-se agir rapidamente e de 
forma confiante. Com o objetivo de auxiliar nessa tarefa, a AHA desenvolveu um sistema de socorro inicial 
denominado suporte básico de vida (SBV). Esse sistema consiste em uma sequência predeterminada de 
ações que visam minimizar os prejuízos da parada cardíaca até que a causa do problema possa ser 
corrigida. Não se deve tentar transportar uma pessoa em parada cardiorrespiratória ao hospital.
O SBV preconiza o acionamento do socorro, a avaliação rápida do paciente, as manobras de RCP e o 
uso do desfibrilador externo automático.
De tempos em tempos, a American Heart Association revê as diretrizes recomendadas e muitas 
vezes implementa algumas mudanças no protocolo, com base em pesquisas e evidências na área da 
ressuscitação. O objetivo é sempre aprimorar as técnicas de resgate e aumentar o índice de sobrevivência.
Não é necessário ser da área médica para aplicar o SBV; qualquer pessoa pode fazê-lo, desde 
que esteja devidamente capacitada e informada. Existem alguns centros e hospitais que oferecem 
treinamento em SBV, normalmente com duração de um dia. A aplicação precoce do SBV aumenta as 
chances de sobrevivência até que o atendimento médico seja possível.
Como a fibrilação ventricular (desorganização da atividade elétrica dos ventrículos) é uma causa 
comum de parada cardíaca, o sistema SBV prevê o uso de desfibrilador. Esse aparelho é capaz de detectar 
a fibrilação e outros tipos de disritmias e aplica um choque elétrico na parede do tórax. Com isso, essa 
atividade elétrica desordenada cessa e o coração consegue retomar seu ritmo normal.
No SBV, o desfibrilador utilizado é o desfibrilador externo automático (DEA), que é um aparelho 
de fácil utilização e autoexplicativo. O DEA é conectado ao paciente através de adesivos, que irão 
automaticamente detectar o problema, verificar a necessidade do choque e administrar a eletricidade 
adequada, sem precisar de qualquer intervenção ou conhecimento técnico e médico do operador.
24
Unidade I
De acordo com a determinação do Congresso Nacional através do Projeto de Lei 4.050/2004 (BRASIL, 
2004), o DEA é um equipamento obrigatório em locais com aglomeração e circulação de pessoas 
que seja igual ou superior a 2 mil por dia, como estações de metrô, aeroportos, estádios, shoppings, 
supermercados, clubes e hotéis. Em transportes com capacidade superior a 100 passageiros, como metrô, 
trens, aeronaves e embarcações, o DEA também é obrigatório.
 
Figura 3 – Desfibrilador externo automático (DEA)
Figura 4 – Posicionamento das pás do DEA
2.1.1 SBV para adultos
As etapas do SBV para adultos são as seguintes:
Primeiro se garante a segurança:
• Se a pessoa estiver em uma área de tráfego, mova-a para fora.
• Se a pessoa estiver em uma cena que envolva água (piscina, poça etc.), mova-a para fora da água 
e seque-a.
25
PRIMEIROS SOCORROS
• Esteja certo de que a situação não oferece risco a você.
Verifique, então, a resposta:
• Sacuda a pessoa pelo ombro e pergunte em voz alta “Você está bem?”.
• Cheque se a pessoa está respirando: olhe o tórax de cinco a 10 segundos a fim de garantir que ele 
está em movimento (respiração agonizante ou ofegante é inefetiva e não conta como respiração).
Chame o serviço médico de emergência:
• Grite por ajuda para alguém próximo e encarregue a pessoa de acionar o serviço médico e obter 
um DEA.
• Se estiver sozinho, telefone para o serviço de emergência enquanto checa o pulso e a respiração 
(a American Heart Association enfatiza que os telefones celulares estão disponíveis em qualquer 
lugar hoje em dia, e a maioria deles vem equipada com alto-falantes [viva-voz]; assim é possível 
pedir ajuda sem deixar a pessoa).
O próximo passo é checar o pulso: verifique o pulso de cinco a 10 segundos; se não senti-lo em 
10 segundos, inicie a RCP com as compressões torácicas.
Por fim, se não houver pulso, a última etapa é a da desfibrilação. Assim que o desfibrilador estiver 
disponível, fixe os adesivos ao tórax da vítima e siga as instruções do aparelho, aplicando o choque se 
necessário. Inicie a RCP imediatamente após cada choque, começando com as compressões.
2.1.2 RCP
O SBV baseia-se na premissa de que as compressões torácicas de alta qualidade são a chave para 
o sucesso da RCP.
Antes de 2015, começava-se a RCP pelas vias aéreas e respiração, e só depois iniciavam-se as 
compressões torácicas. No entanto, pesquisas mostraram que principiar a RCP pelas compressões 
melhora o desfecho da vítima de PCR, e por isso a American Heart Association alterou as diretrizes para 
as etapas da RCP. São elas:
• Passo 1: cheque o pulso carotídeo no pescoço. Não perca tempo tentando sentir o pulso, não use 
mais do que 10 segundos para isso; se não houver pulso ou se você não tiver certeza de sentir o 
pulso, inicie a RCP com 30 compressões torácicas e duas respirações.
• Passo 2: utilize o “calcanhar” da mão na extremidade inferior do esterno, bem no meio do tórax.
• Passo 3: posicione sua outra mão por cima da primeira, entrelaçando os dedos.
26
Unidade I
• Passo 4: mantenha os braços retos (cotovelos esticados) e pressione para baixo; manter os braços 
retos ajuda na força dascompressões, pois o socorrista usa o peso de seu corpo para imprimir a 
força. As compressões devem ter profundidade de 5 cm e frequência de 100 a 120 compressões 
por minuto (as quais devem ser contadas em voz alta).
Assegure-se de que o tórax retorne à sua posição normal entre uma compressão e outra (se a força 
exercida na compressão não cessa entre uma repetição e outra, o coração não consegue se encher de 
sangue e assim a ressuscitação é menos efetiva).
Movimento 
ascendenteMovimento 
descendente
5 cm
Figura 5 – Compressões torácicas
Após 30 compressões, pare de pressionar, abra as vias aéreas e faça duas ventilações da seguinte 
forma: coloque suas mãos na testa da pessoa e incline a cabeça dela para trás enquanto levanta o 
queixo usando os dedos médio e indicador sob a mandíbula.
Não faça essa manobra (inclinação da cabeça/elevação do queixo) se você suspeitar que possa ter 
havido um traumatismo no pescoço; nesse caso, use a manobra de puxar a mandíbula. Para fazê-la, 
segure a mandíbula com as duas mãos e tracione-a para cima. Se os lábios estiverem fechados, abra o 
lábio inferior usando o polegar.
Faça uma ventilação observando a elevação do tórax e repita uma segunda vez (cada ventilação deve 
levar um segundo). Retome as compressões torácicas, alternando 30 compressões com duas ventilações 
com a maior agilidade possível – para minimizar a interrupção das compressões.
 Observação
Eletricidade e água, quando combinadas, podem ser letais. Assegure-se 
de que a pessoa não está molhada (seque-a) nem próxima à água antes de 
usar o DEA. Se a pessoa tem marca-passo, você verá um volume no tórax; 
nesse caso, posicione os adesivos do DEA o mais próximo possível da posição 
recomendada sem colocá-los sobre o marca-passo.
27
PRIMEIROS SOCORROS
Se as compressões forem muito lentas (menos de 100 compressões por minuto), muito “rasas” ou se 
forem interrompidas com frequência, a chance de sobrevivência da vítima diminui. Por isso, é importante 
treinar a técnica e praticá-la, fazendo cursos de reciclagem de tempos em tempos.
No caso de haver dois socorristas, a primeira tarefa do segundo é ligar para a emergência e 
providenciar um DEA, enquanto o primeiro inicia as compressões torácicas. Quando o DEA chegar, o 
segundo socorrista prepara e aplica o DEA. Após isso a RCP deve ser reiniciada. Um socorrista fica 
responsável pelas compressões e o outro pelas ventilações. Os papéis devem ser trocados a cada cinco 
ciclos de compressões e ventilações, pois o procedimento é bastante cansativo (um ciclo consiste em 
30 compressões e duas ventilações). Essa troca deve ser feita de forma ágil e rápida, para que as 
compressões sejam interrompidas o mínimo possível.
As ventilações podem ser realizadas de três formas: máscaras faciais, ambus e, se estes não estiverem 
disponíveis, ventilação boca a boca. Para ventilar com eficiência, é fundamental realizar a manobra 
de abertura de vias aéreas (inclinação da cabeça/elevação do queixo), porque, quando a pessoa está 
inconsciente, há um relaxamento da língua que obstrui as vias aéreas.
É necessário também interromper as compressões durante as ventilações (não é possível insuflar com 
eficiência o pulmão com pressão torácica simultânea). Além disso, deve-se conferir se há uma boa vedação 
da máscara no rosto, no caso de máscara facial ou ambu. No caso de manobra boca a boca, deve-se fechar 
o nariz da vítima com uma das mãos e atentar para uma boa vedação, para que não haja escape de ar. Nos 
bebês, é necessário cobrir com a boca o nariz e a boca da criança e ventilar as duas aberturas.
A) B) 
Figura 6 - A) Vias aéreas abertas; B) Vias aéreas obstruídas
A B C D
Figura 7 – Desobstrução das vias aéreas
28
Unidade I
 Saiba mais
Assista ao vídeo instrucional de compressões torácicas (hands-only) no 
site da American Heart Association:
AMERICAN HEART ASSOCIATION. Hands-only CPR. 2019. Disponível em: 
https://international.heart.org/en/hands-only-cpr. Acesso em: 4 nov. 2019.
Caso o socorrista não tenha treinamento em ventilação, pode permanecer efetuando apenas as 
compressões torácicas, o que a American Heart Association denomina hands-only, ou seja, “apenas 
as mãos” (apenas as compressões).
 Lembrete
Executar as ações certas de forma rápida e confiante pode fazer a 
diferença entre viver e morrer para uma pessoa que está sofrendo um 
ataque cardíaco.
2.1.3 SBV para crianças
Os passos são muito parecidos aos dos adultos. Considere fazer as compressões mesmo se o pulso 
estiver presente, mas em uma frequência inferior a 60 batimentos por minuto (esse valor é considerado 
muito baixo para crianças).
Faça as compressões torácicas com um braço para crianças de 1 a 8 anos em uma frequência de 
100 compressões/minuto. Utilize dois dedos para massagens em bebês (0-1 ano). Caso existam dois 
socorristas, faça 15 compressões alternadas com duas respirações.
Figura 8 – Compressões torácicas em bebês
29
PRIMEIROS SOCORROS
2.1.4 Parada respiratória
Se o paciente está em parada respiratória apenas, deve ser continuamente ventilado, na 
seguinte frequência:
• Adultos: uma ventilação a cada período de cinco a seis segundos (10 a 12 ventilações por minuto).
• Crianças: uma ventilação a cada período de dois a cinco segundos (12 a 20 ventilações por minuto).
2.2 Infarto agudo do miocárdio (IAM)
As doenças cardiovasculares, incluindo o infarto agudo do miocárdio (IAM), representam um 
importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo, apresentando altas taxas de incidência e 
mortalidade. A taxa de mortalidade brasileira para esse grupo de doenças encontra-se entre as maiores 
do mundo.
Essa realidade pode ser explicada tanto pela mudança da estrutura etária da população, que está 
envelhecendo cada vez mais, quanto pelo aumento da exposição aos fatores de risco associados às 
doenças do aparelho circulatório, como o sedentarismo, o aumento do consumo de carnes e gorduras, 
a redução do consumo de frutas e verduras, o consumo de bebidas alcoólicas, o tabagismo e o aumento 
da prevalência de obesidade, além das desigualdades socioeconômicas e de acesso aos serviços de saúde 
(SANTOS et al., 2018).
O coração é um músculo cuja função é bombear o sangue através do corpo, garantindo a perfusão 
e oxigenação de todas as células de diferentes tecidos. No entanto, ele próprio, como um órgão vivo 
composto por células, também necessita de oxigenação. Quem garante a perfusão (irrigação) das células 
cardíacas (os cardiomiócitos) são as artérias coronárias e seus ramos.
Existem duas artérias coronárias, a direita e a esquerda, que são ramificações da aorta ascendente, 
logo depois que esta emerge do ventrículo esquerdo. A artéria coronária direita irriga o átrio e o 
ventrículo direito, os nós sinoatrial e atrioventricular, o septo interatrial, parte do átrio esquerdo, o terço 
póstero-inferior do septo IV e uma pequena porção do ventrículo esquerdo. A região irrigada pela artéria 
coronária esquerda e seus ramos corresponde à maior parte do átrio esquerdo e do ventrículo esquerdo, 
o septo IV, o feixe atrioventricular e seus ramos (SIERVULI et al., 2014).
Quando, por algum motivo, ocorre obstrução dessas artérias, o suprimento sanguíneo cardíaco fica 
comprometido, levando os cardiomiócitos a sofrerem uma isquemia. Essa redução do fluxo sanguíneo 
provoca sensação de dor no peito, mandíbula, ombro esquerdo e braço esquerdo e é chamada de angina 
peitoral. Frequentemente, os leigos confundem os sintomas mais discretos com indigestão.
Se a obstrução for severa, pode causar um IAM, também chamado de ataque cardíaco, e acarretar 
morte de parte das células musculares do coração. Outros sintomas incluem sensação de esmagamento 
do peito (os pacientes referem-se a isso como a sensação de “um elefante sentado no peito”), náusea, 
sudorese, falta de ar, palidez e sensação de desmaio (RIZZO, 2012). Se o quadro for revertido com 
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Unidade I
rapidez, é possível evitar danos permanentes. No entanto, se a falta de oxigênio persistirpor um período 
mais longo, pode levar o indivíduo à morte.
O estreitamento de uma artéria coronariana está associado na grande maioria dos casos à doença 
aterosclerótica (aterosclerose), na qual placas de gordura se acumulam nas paredes arteriais. Esse acúmulo 
causa diminuição do lúmen (calibre interno) das artérias, prejudicando o fluxo sanguíneo. As paredes 
das artérias afetadas podem perder a elasticidade e enrijecer. A região da placa de ateroma (gordura) é 
rugosa e áspera e pode sofrer uma ruptura ou erosão, desencadeando uma agregação plaquetária com 
formação de coágulo sanguíneo (trombo), que oclui completamente a artéria afetada.
Túnica 
externa
Túnica 
média
Túnica 
íntima
A. coronária 
direita
A. marginal 
direita
Ramo 
interventricular 
anterior 
Ramo 
interventricular 
posterior 
Ramo 
circunflexo
A. coronária 
esquerda
Lúmen
A. coronária normal
Vista anterior
A)
B)
Placa fibrosa
Figura 9 – A) Fases da aterosclerose; B) Locais de oclusão das artérias coronárias, em ordem de frequência
A aterosclerose pode ser evitada por mudanças comportamentais como: evitar dietas gordurosas, 
não fumar, controlar o peso e praticar exercícios. A pressão arterial elevada também é um risco para o 
desenvolvimento de aterosclerose.
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PRIMEIROS SOCORROS
Algumas das principais complicações do IAM são a fibrilação ventricular (FV), o edema pulmonar 
e o choque cardiogênico, que podem levar à morte. É fundamental que os profissionais de saúde 
reconheçam pacientes com possível IAM, para iniciar a avaliação, a triagem adequada e o tratamento 
com a maior presteza possível.
O que fazer?
Muitas condições diversas podem falsamente sugerir um ataque cardíaco, como indigestão, estresse, 
ansiedade ou dor musculoesquelética (neurite intercostal e inflamações no ombro esquerdo, por 
exemplo). Não devemos tentar realizar o diagnóstico, pois para isso é necessária abordagem médica 
mais aprofundada e realização de alguns exames, como o eletrocardiograma (ECG). Portanto, se um 
paciente apresenta dor precordial (dor no peito), devemos admitir que ele pode estar tendo um IAM.
Atenção aos sinais que podem indicar IAM:
• Dor e pressão no peito e dor na parte superior do abdômen (que pode ser confundida com 
indigestão).
• Com a progressão do quadro, a dor pode irradiar para o braço e o ombro, geralmente do lado 
esquerdo; em alguns casos, pode estender-se para pescoço, mandíbula e dentes.
• Pode acontecer de uma vítima de IAM não sentir dor no peito, apenas na mandíbula, no pescoço 
ou no braço.
• Outros sintomas incluem: desconforto respiratório, náusea, sudorese intensa e fraqueza.
Se o paciente apresentar os sinais listados e estiver consciente:
• Acione o resgate ou encaminhe a pessoa para um hospital com urgência.
• Mantenha o paciente calmo e em repouso, não permita que ele se mova.
• Ministre duas aspirinas infantis sublinguais (um fármaco trombolítico aumenta muito as chances 
de sobrevivência).
• No caso de aguardar o resgate ou ambulância, cheque se há um DEA disponível e facilmente 
acessível, para caso de piora do quadro.
• Prossiga com a avaliação dos sinais vitais.
Se o paciente estiver inconsciente, chame socorro médico e institua SBV: cheque o pulso e, em caso 
de PCR, inicie RCP.
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Unidade I
 Lembrete
O infarto agudo do miocárdio pode ser confundido com uma indigestão 
ou com dor musculoesquelética (dor cervical, na mandíbula, no ombro 
esquerdo ou no membro superior esquerdo). Atente para esses sinais 
e sempre considere a possibilidade de um infarto agudo do miocárdio. 
Transporte a vítima para um hospital, pois o atraso no atendimento médico 
pode ser fatal.
2.3 Acidente vascular encefálico (AVE)
O AVE é definido classicamente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um déficit 
neurológico geralmente focal, de instalação súbita ou com rápida evolução, de origem vascular, com 
duração maior do que 24 horas e que pode conduzir à morte. Popularmente é denominado “derrame” 
(apesar de esse ser um termo inadequado).
Em palavras mais simples, o AVE acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou 
se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea (BRASIL, 2013).
Os acidentes vasculares podem ser divididos em isquêmicos e hemorrágicos. Algumas estatísticas 
atribuem ao acidente vascular encefálico isquêmico (AVEI) de 80% a 85% dos casos, e ao acidente 
vascular encefálico hemorrágico (AVEH) de 15% a 20% dos casos (MARTINS et al., 2010).
No AVEI ocorre obstrução de um vaso. As principais causas estão relacionadas à trombose de grandes 
vasos, que pode ocorrer na doença aterosclerótica (deposição de placas de gordura dentro das artérias). 
Os pacientes mais susceptíveis a esse tipo de AVE são os hipertensos, diabéticos, tabagistas e aqueles 
com dislipidemia (elevação do colesterol e triglicerídeos sanguíneos).
No entanto, em poucos casos, pode haver obstrução de um vaso sem presença de aterosclerose, como 
nas ocorrências de embolia, ou seja, o trombo formou-se em outro local e caminhou pela circulação até 
uma artéria cerebral (como exemplo temos os êmbolos formados por arritmias cardíacas). O tecido cerebral 
que deixou de receber suprimento sanguíneo entra em isquemia e as células daquela região morrem.
Já no AVEH ocorre ruptura na parede da artéria, com extravasamento de sangue. Após a 
hemorragia, ocorre edema em torno da lesão, organização de coágulo e compressão dos tecidos 
adjacentes. A hipertensão arterial é a causa mais comum de AVEH. Outras causas de hemorragia 
incluem malformações vasculares, aneurismas, distúrbios de coagulação, sangramento de tumores 
cerebrais (MARTINS et al., 2010).
AVE é a segunda causa de morte em todo o mundo, excedida apenas por doença cardíaca 
(CHAVES, 2000).
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PRIMEIROS SOCORROS
A apresentação clínica depende da região cerebral acometida. Os sinais mais comuns de um AVE são:
• fraqueza ou repentina dormência de um lado da face (como se metade do rosto estivesse “caído”);
• fraqueza ou dormência repentina no braço e/ou perna, geralmente em um lado do corpo;
• dificuldade repentina para falar ou compreender (fala “enrolada”);
• dificuldade repentina em caminhar, tontura, perda do equilíbrio ou da coordenação;
• confusão mental repentina;
• dificuldade repentina de enxergar com um ou ambos os olhos;
• dor de cabeça intensa e repentina;
• diminuição ou perda de consciência.
Uma lesão muito grave pode causar morte súbita.
 Observação
O AVE ocorre com maior frequência na fase adulta.
Testa franzida
Sobrancelha levantada
Paralisia da parte 
inferior da face
Elevação das sobrancelhas
Figura 10 – Sinal de AVE
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Unidade I
O que fazer?
O tratamento médico imediato do AVE pode minimizar as sequelas e evitar a morte. Graças a avanços 
recentes, o tratamento dos acidentes vasculares evoluiu bastante e as taxas de mortalidade diminuíram 
muito na última década.
O plasminogênio tecidual recombinante (rtPA) é uma droga fibrinolítica que “dissolve” o coágulo nas 
primeiras horas do AVE, restabelecendo o fluxo sanguíneo (para casos de acidentes vasculares de origem 
isquêmica). Estudos mostram que o resultado é melhor se o rtPA for administrado até três horas após o 
início do AVE (ou até quatro horas e meia em alguns casos).
Por isso, a identificação do AVE com base nos sinais descritos anteriormente constitui um dos fatores 
fundamentais para o sucesso do tratamento. Ao desconfiar que uma pessoa está tendo um AVE, deve-se:
• levar o paciente imediatamente ao hospital ou acionar socorro médico;
• controlar sinais vitais;
• desconsiderar administrar qualquer coisa por via oral;
• oferecer apoio emocional.
Se ocorrer PCR, deve-se instituir RCP.
2.4 Hemorragias
Hemorragia é a perda de sangue em virtude do rompimento dos vasos sanguíneos. Pode ocorrer 
devido a fatores externos ao corpo (também chamados de fatores extrínsecos), como cortes e traumas, 
ou internos (também denominados fatores intrínsecos), como aneurismas e pressão alta.
Ovolume de sangue no corpo de um adulto é de aproximadamente seis litros. Quando ocorre 
hemorragia, o fluxo sanguíneo para os tecidos fica prejudicado, e as células deixam de receber nutrientes 
e oxigênio. Quando a hemorragia é grave, pode evoluir para um estado de choque.
As hemorragias podem ser divididas em externas e internas. Nas hemorragias externas, o sangramento 
ocorre na superfície do corpo e o sangue é visível. Já nas internas, o sangramento ocorre dentro do corpo, no 
interior de um órgão ou tecido, e não é possível visualizar o sangue, por isso podem passar despercebidas.
2.4.1 Hemorragias internas
Podem variar de simples hematomas a situações mais graves, com risco de morte (choque).
Algumas causas de hemorragia interna são ferimentos profundos (como uma facada, por 
exemplo). Muitas vezes, uma ferida aberta pode mostrar apenas um pequeno sangramento 
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PRIMEIROS SOCORROS
externo, no entanto, internamente, pode haver uma hemorragia profusa, devido a lesões de 
grandes vasos sanguíneos. Mesmo quando não há nenhum corte ou ferida externa, os órgãos 
internos e vasos sanguíneos podem estar rompidos ou esmagados (trauma fechado ou contuso) 
(BERGERON et al., 2007). Quedas, impactos no volante do automóvel, escombros com vítimas são 
alguns exemplos de situações nas quais isso pode ocorrer.
Contusões de pescoço, tórax e abdômen merecem atenção maior quanto à possibilidade de hemorragia 
interna. Os órgãos abdominais que mais produzem sangramentos são o fígado e o baço. Nesse caso, o 
abdômen pode apresentar-se duro, não compressível e dolorido, por espasmo dos músculos abdominais.
Algumas hemorragias internas podem se exteriorizar. Por exemplo, hemorragias no tórax podem 
produzir hemoptise, que é a eliminação de sangue proveniente do trato respiratório pela tosse. 
Sangramentos do esôfago, do estômago e do duodeno podem gerar hematêmese (vômito com sangue), 
ou melena (evacuação de sangue).
A presença de hematoma pode indicar hemorragia interna, e verificar sua presença é 
particularmente importante no caso de pacientes inconscientes, que não podem descrever o que 
estão sentindo.
O que fazer?
Quando houver suspeita de hemorragia interna, por uma queda ou acidente, mesmo que o paciente 
não reclame de nada e queira dispensar ajuda, deve-se estar atento aos seguintes sinais e sintomas: 
pulso fraco e rápido, pele fria e pálida, hipotensão arterial, hemoptise, hematêmese, sede acentuada, 
confusão mental, rigidez abdominal, fraqueza. Todos esses sinais podem indicar que a situação está 
evoluindo para um estado de choque. Nesse caso, as condutas do socorrista serão as mesmas das 
do estado de choque, e visarão somente ao suporte da vida, até que a vítima seja removida para um 
hospital. Nesse caso, deve-se:
• chamar o resgate;
• monitorar os sinais vitais;
• manter o paciente deitado em decúbito dorsal com os pés elevados para melhorar o retorno sanguíneo;
• não oferecer alimentos ou bebidas;
• manter o paciente calmo;
• assim que o socorro chegar, informar sobre a possibilidade de hemorragia interna.
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Unidade I
2.4.2 Hemorragias externas
A hemorragia externa pode ser de três tipos:
• Arterial: o sangramento provém de uma artéria. Apesar de ser a menos frequente (pois as artérias 
são mais profundas e menos susceptíveis a lesões), é a mais grave, pois uma grande quantidade de 
sangue pode ser perdida em pouco tempo. A velocidade do fluxo sanguíneo na artéria, devido à 
ação do coração, dificulta a formação de coágulo. Na hemorragia arterial, o sangue jorra pulsando, 
em sincronia com as batidas do coração. Geralmente a cor é vermelho-viva.
• Venosa: o sangramento provém de uma veia e tem o fluxo regular, de coloração vermelho-escura 
ou amarronzada (pois o sangue é venoso, isto é, contém pouco oxigênio). Se a lesão pertencer a 
uma veia de grande calibre, a hemorragia também pode ser intensa e levar o paciente à morte.
• Capilar: o sangramento é lento e a coagulação ocorre entre seis e oito minutos.
A hemorragia nem sempre é visível; pode estar mascarada por roupas grossas ou pela posição da 
vítima. Por isso, é importante fazer uma checagem minuciosa para verificar possíveis sangramentos. Se 
houver sangramento, deve-se fazer uma estimativa da quantidade de sangue perdida.
Um bom exercício para treinar essa habilidade é jogar meio litro de água no chão e observar as 
dimensões da poça formada. Em seguida, molhe uma peça de roupa com a peça e observe o quanto ela 
ficou ensopada (BERGERON et al., 2007).
O que fazer?
Antes de qualquer coisa, é importante colocar luvas de proteção para evitar riscos de contaminação, 
já que haverá contato com o sangue de outra pessoa.
A compressão direta da ferida é o primeiro procedimento a ser tentado. O ideal é fazer a compressão 
com gazes ou compressas esterilizadas, mas nem sempre isso é possível. Nesse caso, deve-se usar 
um pano, lenço ou toalha limpos. A compressão manual direta da ferida deve ser mantida até que o 
sangramento pare (pode levar vários minutos). É importante não trocar as gazes encharcadas de sangue, 
pois isso removerá o coágulo formado na ferida e o sangramento reiniciará. As gazes limpas devem 
ser colocadas sobre as sujas com maior pressão manual até a resolução completa da hemorragia ou 
chegada ao hospital.
Após o controle da hemorragia, o curativo compressivo deve ser fixado com uma bandagem (atadura 
ou tira de pano). Ferimentos nas extremidades podem receber enfaixamentos circulares. Sangramentos 
no pescoço podem receber enfaixamento circular sob a axila contralateral (BRASIL, 2014).
Feito isso, deve-se controlar o pulso distal para ter certeza de que a compressão não impediu o fluxo 
sanguíneo do membro.
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PRIMEIROS SOCORROS
Quando o curativo compressivo (bandagem) for aplicado, também não deve ser removido se o 
sangramento porventura continuar. O procedimento correto é colocar mais gazes e mais pressão e 
continuar o processo de bandagem por cima do curativo já aplicado.
Na persistência do sangramento externo de membros inferiores ou superiores, deve-se considerar o 
uso de torniquete.
O torniquete é o último recurso para controlar hemorragias graves. Ele é usado somente quando 
a hemorragia está incontrolável, como no caso de uma amputação parcial do braço ou da perna. 
O torniquete deve ser aplicado acima da ferida, sem encostar na sua borda.
Existem torniquetes fabricados para essa finalidade, mas se não se dispuser de um desses na situação 
de emergência, pode-se usar uma gravata, uma atadura ou um cinto largo (só não usar materiais 
que possam provocar cortes ou estrangulamentos, como cordas, fio de nylon etc.). Antes de aplicar o 
torniquete, deve-se preparar uma base de gaze dobrada ou pano dobrado. Então envolver o torniquete 
ao redor do membro do paciente e amarrar com um nó.
O nó deve ficar em cima da gaze ou do pano. Um pedaço de madeira ou uma haste de metal deve 
ser inserida no nó e usada como manivela, a qual deve ser girada de forma a apertar a atadura até o 
sangramento cessar.
O horário de aplicação do torniquete precisa ser registrado por escrito e o socorrista deve manter 
observação contínua sobre o membro. Idealmente, o torniquete não deve permanecer por mais de duas 
horas (BRASIL, 2014).
 Lembrete
Nunca retire o curativo de um ferimento que continua sangrando. 
Coloque outro curativo por cima do primeiro e prossiga com a compressão. 
A retirada pode remover o coágulo (que é a reação do organismo para 
estancar a hemorragia), piorando a situação.
2.4.3 Epistaxe (sangramento nasal)
As hemorragias nasais são comuns devido à grande quantidade de vasos sanguíneos no nariz, 
ocorrendo principalmente em idosos e crianças.
Em muitos casos, a epistaxe não tem causa aparente. Pode ser ocasionada por diminuição da pressão 
atmosférica (locais altos, viagem de avião), contusão ou altas temperaturas. Pode acompanhar também 
um traumatismo craniano ou uma crise hipertensiva.
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Unidade I
O que fazer?
Em caso de epistaxe, deve-se:
• colocar a vítima

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