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CONTABILIDADE PARA ENTIDADES DE INTERESSE SOCIAL AULA 2 Profª Edicreia Andrade dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Devido ao crescimento da importância das entidades do terceiro setor, houve o aumento da necessidade de utilização de instrumentos que tornem suas ações confiáveis diante da sociedade e do governo. A ferramenta utilizada para esse objetivo é a contabilidade, que fornece transparência e credibilidade às instituições de interesse social, permitindo, assim, que alcancem os objetivos estabelecidos (Diniz, 2014). Diante do exposto, o objetivo da presente aula refere-se a explanar o papel da contabilidade das organizações do terceiro setor, o seu plano de contas e o Balanço Patrimonial das organizações de interesse social, permitindo assim o conhecimento por meio de leis, normas, regulamentações e exemplos das demonstrações financeiras. Saiba mais Conheça um pouco mais sobre o assunto assistindo ao vídeo “Contabilidade para o Terceiro Setor”, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=moZu362LhnU>. CONTEXTUALIZANDO As instituições de interesse social, assim como as com finalidade lucrativa, produzem e comercializam bens, só que o seu intuito não é o lucro, mas sim o desenvolvimento e o bem-estar social. Essas entidades realizam atividades voltadas para a melhoria da qualidade de vida, no âmbito cultural e educacional, além de buscarem contribuir para a inclusão social e os avanços na saúde. Devido à importância dessas instituições, é necessária uma boa gestão, mostrando como elas realizam suas atividades e utilizam os seus recursos. A contabilidade é uma ferramenta para o alcance desses objetivos: ela possui os meios necessários para demonstrar as ações das instituições do terceiro setor, oferecendo credibilidade, transparência e confiabilidade a essas organizações perante a sociedade e o governo (Santos, 2016). O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio das Normas Brasileiras de Contabilidade, estabelece princípios para o funcionamento das instituições do terceiro setor. De acordo com a Lei n. 6.404, de 15 de dezembro 3 de 1976, as organizações de interesse social, devido às suas particularidades, farão algumas alterações na nomenclatura de algumas contas patrimoniais e de resultado: o Patrimônio Líquido será chamado de Patrimônio Social, e o Lucro ou Prejuízo do Exercício será chamado de Superávit ou Déficit do Exercício. Ainda segundo as normas estabelecidas, essas instituições são obrigadas a elaborar suas demonstrações financeiras contendo o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Superávit ou Déficit do Exercício, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Social e as Notas Explicativas. Assim sendo, a contabilidade, por meio de tais demonstrativos, permite a identificação da origem dos recursos e de como eles estão sendo aplicados (Santos, 2016). Nas próximas rotas, serão apresentadas a gestão contábil e as demonstrações financeiras das organizações do terceiro setor, os critérios e procedimentos para a apresentação e o reconhecimento das variações do patrimônio nessas instituições. TEMA 1 – GESTÃO CONTÁBIL APLICADA AO TERCEIRO SETOR: PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE As organizações de interesse social possuem particularidades que as distinguem das outras entidades. Diferente das instituições com finalidade lucrativa, elas possuem uma razão de ser, um motivo para a sua existência. Elas também buscam resultados satisfatórios na gestão de seus recursos financeiros e materiais e, para o alcance desse objetivo, utilizam a contabilidade (Oliveira; Durãs, 2014). Durante muitos anos, não existia uma legislação específica para as instituições do terceiro setor, o que obrigava os dirigentes destas empesas a utilizarem as normas das organizações privadas. Com a Lei n. 9.790, de 23 de março de 99, batizada de Lei do Terceiro Setor, tais instituições passaram a dispor de uma legislação especifica com parâmetros e referências para a contabilização de suas demonstrações (Paes, 2003; Bettiol Junior; Varela, 2011). A Lei n. 9.790/1999 prevê que as entidades sem finalidade lucrativa devem observar os Princípios Fundamentais de Contabilidade, as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) e as suas Interpretações Técnicas e Comunicados Técnicos, devendo elaborar Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados do Exercício (Olak; Nascimento, 2010; Bettiol Junior; Varela, 4 2011). A resolução do CFC n. 750, de 29 de dezembro de 1993, atualizada pela resolução CFC n. 1.282, de 28 de maio de 2010. trata dos Princípios Fundamentais de Contabilidade (PFC) aplicados ao terceiro setor. São eles: Entidade: O patrimônio da entidade não deve ser confundido com o patrimônio dos associados/membros; Continuidade: Essas entidades são criadas visando permanecerem ativas por tempo indeterminado; Oportunidade: Este princípio afirma que os recursos e o próprio patrimônio social devem ser integrados a ela, no momento da aquisição ou doação; Registro pelo valor original: Os componentes do patrimônio social devem ser registrados pelos valores originais; Atualização monetária: Esse princípio foi revogado pela Resolução CFC 1.282/2010; Competência: Os efeitos das operações das entidades do terceiro setor devem ser reconhecidos quando acontecerem independente do pagamento; e Prudência: Sempre deve ser adotado o maior valor para o passivo e o menor valor para o ativo. Em relação às normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Contabilidade associadas às entidades do terceiro setor, podemos destacar as seguintes resoluções: Tabela 1 – Normas relacionadas ao terceiro setor Norma Descrição NBC T 2.2 – Documentação Contábil Essa norma trata da documentação contábil que compreende todos os documentos, livros, papéis, registros e outras peças, que apoiam ou compõem a escrituração contábil. NBC T 2.5 – Das Contas de Compensação Essa norma estabelece critérios para o sistema das contas de compensação. NBC 3 – Conceito, Conteúdo, Estrutura e Nomenclatura Essa norma estabelece a conceituação, conteúdo, estrutura e nomenclatura do Balanço Patrimonial, da Demonstração do Resultado, da Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados, da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos. NBC T 4 – Da Avaliação Patrimonial Esta norma estabelece as regras de avaliação dos componentes do patrimônio de uma entidade com continuidade prevista nas suas atividades. NBC 6 – Da Divulgação das Demonstrações Contábeis Esta norma estabelece critérios para divulgação das demonstrações contábeis de todas as entidades. 5 NBC T 10.4 - Fundações Esta norma estabelece critérios e procedimentos específicos de avaliação, de registro contábil e de estruturação das demonstrações contábeis das fundações. NBC T 10.18 – Entidades Sindicais e Associações de Classe Essa Norma estabelece critérios e procedimentos específicos de avaliação de registros contábeis e de estruturação das demonstrações contábeis das entidades sindicais e associações de classe, aplicando-se às entidades sindicais de todos os níveis, sejam confederações, centrais, federações e sindicatos; a quaisquer associações de classe; a outras denominações que possam ter, abrangendo tanto as patronais como as de trabalhadores. NBC T 10.19 - Entidades sem Fins Lucrativos Regulamenta as entidades do terceiro setor, além de os componentes e estruturação das demonstrações contábeis. Essa norma reconhece que tais entidades são diferentes dos demais, e para que aja bom funcionamento é preciso que se use terminologias especificas para as contas de lucros e prejuízos (Superávit e Déficit), capital social (Patrimônio Social). NBC T 19.4 – Incentivos Fiscais, Subvenções, Contribuições, Auxílios e Doações GovernamentaisEsta Norma trata da aplicação, contabilização e divulgação de subvenção governamental e de outras formas de assistência governamental. Fonte: Olak e Nascimento (2010) Apesar das diferenças entre as instituições privadas e de interesse social, a legislação exige que todas as entidades sigam as mesmas normas gerais para elaboração de demonstrações contábeis no que tange a estrutura, terminologia e conteúdo (Olak; Nascimento, 2000). No entanto, devido às diferenças existentes, os gestores se veem obrigados a adaptar suas ferramentas de gestão e demonstrações contábeis (Bettiol Junior; Varela, 2011). Na próxima rota, será trabalhado o plano de contas específico dessas entidades. TEMA 2 – PLANO DE CONTAS, CONTAS ESPECÍFICAS DO TERCEIRO SETOR (ATIVO, PASSIVO, PATRIMÔNIO LÍQUIDO), CONTAS ESPECÍFICAS DO TERCEIRO SETOR – FONTES DE RECURSOS De acordo com Moura et al (2015), o Plano de Contas (ou Elenco de Contas) “é o agrupamento de todas as contas, que norteia os trabalhos contábeis de registro de fatos e atos inerentes à entidade, além de servir de parâmetro para a elaboração das demonstrações contábeis”. Sua elaboração deve levar em consideração as especificações de cada entidade, e a sua principal finalidade é estabelecer um procedimento-padrão para o registro das operações da instituição. Ademais, deve estar de acordo com os princípios de contabilidade e com a norma legal de elaboração do Balanço Patrimonial e das demais 6 demonstrações contábeis, atendendo assim às necessidades de informação da administração da empresa e dos agentes externos e às exigências dos órgãos reguladores (Moura et al., 2015). No que tange às instituições do terceiro setor, as normas de contabilidade emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) estabelecem que terminologias, formas de registro e evidenciação de fatos e transações devem tratadas de forma específica (Conselho Federal de Contabilidade, 2015). De acordo com Conselho Federal de Contabilidade (2015), o elenco de contas para as entidades do terceiro setor está dividido em cinco grandes grupos: Ativo: Com contas dispostas em ordem decrescente de liquidez, como: Ativo Circulante e Ativo Não Circulante; Passivo e Patrimônio Líquido: Com contas dispostas em ordem decrescente de exigibilidade, como Passivo Circulante e Passivo Não Circulante; Resultado; Variações Patrimoniais; e Encerramento do Resultado. A Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, estabelece que cada conta poderá ser composta por um código numérico de até 7 números e um título, e o último nível da conta é o que permitirá lançamento. O primeiro dígito à esquerda da conta define o sistema (grupo) a que ela pertence, como segue: “1 Ativo; 2 Passivo e Patrimônio Líquido; 3 Despesas; 4 Receitas; 5 Variações Patrimoniais; e 6 Encerramento do Exercício” (Conselho Federal de Contabilidade, 2015). Exemplo: 1. ATIVO (sistema) 1.1. CIRCULANTE (segundo nível) 1.1.1. Disponibilidades (terceiro nível) 1.1.1.1. Caixa (com é o último nível, será realizado o lançamento, os outros níveis serão apenas a soma de níveis inferiores) A funcionalidade das contas corresponde à descrição de sua função e de seu funcionamento, e tal conta e o elenco compõem o plano de contas. No funcionamento, estão descritos os fatos e o respectivo mecanismo de 7 reconhecimento por meio da indicação da transação de débito e de crédito (Conselho Federal de Contabilidade, 2015). As contas de ativo e receitas são de natureza credora, e as contas de passivo e despesas são de natureza devedora. No entanto, existem algumas exceções: perdas estimadas em crédito de liquidação duvidosa, títulos descontados sem coobrigação; ajuste a valor recuperável, depreciação e amortização acumulada são apresentados no ativo, porém possuem natureza devedora. Outra particularidade são as contas de Superávit/Déficit, que podem ser devedoras, se apresentarem resultado positivo, ou credoras, se apresentarem resultados negativos (Conselho Federal de Contabilidade, 2015). Abaixo, um modelo de plano de contas apresentado pelo Conselho Federal de Contabilidade (2015) para as entidades de terceiro setor (associações e fundações): Tabela 2 – Plano de contas terceiro setor Código Título da Conta 1. Ativo 1.1 Circulante 1.1.1 Caixa e Equivalente de Caixa 1.1.1.01 Caixa 1.1.1.02 Depósitos Bancários à Vista 1.1.1.02.01 Bancos Conta Movimento – Recursos Livres 1.1.1.02.02 Bancos Conta Movimento – Recursos de Terceiros 1.1.1.02.03 Bancos Conta Movimento – Recursos com Restrições 1.1.1.03 Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata 1.1.1.03.01 Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata – Recursos Livres 1.1.1.03.02 Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata – Recursos de Terceiros 1.1.1.03.03 Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata – Recursos com Restrições 1.1.2. Créditos 1.1.2.01 Aplicações Financeiras a Prazo 1.1.2.01.01 Aplicações Financeiras a Prazo – Recursos Livres 1.1.2.02 Cheques a Depositar 1.1.2.03 Cartão de Crédito a Receber 1.1.2.04 Contas a Receber 1.1.2.04.01 (-) Ajuste a Valor Justo 1.1.2.05 (-) Perdas Estimadas em Crédito de Liquidação Duvidosa 1.1.2.06 (-) Títulos Descontados sem Coobrigação 1.1.2.07 Adiantamentos a Empregados 1.1.2.08 Adiantamento a fornecedores 1.1.2.09 Desembolsos para Ressarcimento Futuro 1.1.2.10 Valores Pendentes de Prestação de Contas 1.1.2.10.01 Repasses de Recursos 1.1.2.10.02 Adiantamento de Recursos 1.1.2.11 Créditos Tributários a serem Compensados ou Ressarcidos 1.1.2.11.01 Imposto de Renda 1.1.2.11.02 PIS/Pasep 1.1.2.11.03 Cofins 1.1.2.12 Antecipação de Recursos em Projetos e Parcerias 1.1.2.13 Despesas Antecipadas 8 1.1.2.13.01 Assinaturas 1.1.2.13.02 Prêmio de Seguro 1.1.2.13.03 Outras Despesas Antecipadas 1.1.2.14 Outros Valores 1.1.2.14.01 Pagamentos a Identificar 1.1.2.14.02 Outros Direitos 1.1.2.20 Gratuidade Concedida 1.1.2.20.01 Fornecimentos e Serviços 1.1.3 Estoques 1.1.3.01 Revenda 1.1.3.02 Manutenção 1.1.3.03 Produção própria 1.1.3.04 Adiantamento a Fornecedores 1.2 Ativo não Circulante 1.2.1 Realizável a Longo Prazo 1.2.1.01 Créditos 1.2.1.01.01 Parcerias 1.2.1.02 Investimentos Temporários 1.2.1.03 Outros Créditos 1.2.2. Investimentos 1.2.2.01 Participações Societárias 1.2.2.02 Propriedades para Investimento 1.2.2.03 Outros Investimentos 1.2.3 Imobilizado 1.2.3.01 Imóveis de Uso 1.2.3.02 Utensílios 1.2.3.03 Instalações 1.2.3.04 Mobiliários 1.2.3.05 Veículos 1.2.3.06 Obras em Andamento 1.2.3.07 Adiantamento a Fornecedores 1.2.3.08 Bens de Uso com Restrição 1.2.4 (-) Depreciação Acumulada 1.2.4.01 Imóveis de Uso 1.2.4.02 Utensílios 1.2.4.03 Instalações 1.2.4.04 Mobiliários 1.2.4.05 Veículos 1.2.4.06 Bens de Uso com Restrição 1.2.5 Intangível 1.2.5.01 Software 1.2.5.02 Bens de uso com restrição 1.2.6 (-) Amortização Acumulada 1.3 Compensação Ativa 1.3.1 Título de acordo com a Entidade 2. Passivo + Patrimônio Líquido 2.1 Circulante 2.1.1 Contas a Pagar 2.1.1.01 Obrigações com Instituições Financeiras 2.1.1.01.01 Empréstimos para Financiamento de Capital Circulante 2.1.1.01.02 Parcela de Empréstimos transferida do Longo Prazo 2.1.1.01.03 Créditos Rotativos 2.1.1.01.04 Outras Operações de Crédito 2.1.1.01.05 Parcela de Outras Operações de Crédito transferidas do Longo Prazo 2.1.1.01.06 Títulos Descontados com Coobrigação 2.1.1.02 Obrigações Vinculadas ao Fornecimento de Material e Serviços 2.1.1.02.01 Fornecedores 2.1.1.02.01.01 Ajuste a Valor Justo 9 2.1.1.03 Consignações Vinculadas a Folha de Pagamento 2.1.1.03.01 Previdência Social – Empregados 2.1.1.03.02 Imposto de Renda na Fonte – Empregados 2.1.1.03.03 Pensão Alimentícia 2.1.1.03.04 Repasses a Terceiros 2.1.1.03.05Obrigações não Reclamadas 2.1.1.04 Obrigações Tributárias Próprias 2.1.1.04.01 PIS/Pasep – Receita Própria 2.1.1.04.02 Cofins – Receita Própria 2.1.1.04.03 ISSQN – Receita Própria 2.1.1.04.04 Previdência Social – Folha 2.1.1.04.05 ICMS – Receita Própria 2.1.1.05 Obrigações Tributárias – Terceiros 2.1.1.05.01 CSLL – Fonte 2.1.1.05.02 PIS/Pasep – Fonte 2.1.1.05.03 Cofins – Fonte 2.1.1.05.04 ISSQN – Fonte 2.1.1.05.05 Previdência Social – Fonte 2.1.1.05.06 Imposto de Renda - Fonte 2.1.1.06 Obrigações Tributárias – Renúncia Fiscal 2.1.1.06.01 2.1.1.06.02 PIS/Pasep – Renúncia Fiscal 2.1.1.06.02 2.1.1.06.03 Cofins – Renúncia Fiscal 2.1.1.06.03 2.1.1.06.04 ISSQN – Renúncia Fiscal 2.1.1.06.04 2.1.1.06.05 Previdência Social– Renúncia Fiscal 2.1.1.06.05 2.1.1.06.07 ICMS – Renúncia Fiscal 2.1.1.07 2.1.1.07 Obrigações com Empregados 2.1.1.07.01 2.1.1.07.01 Salários a Pagar 2.1.1.07.02 2.1.1.07.02 13º Salário a Pagar 2.1.1.07.03 2.1.1.07.03 Férias a Pagar 2.1.1.07.04 2.1.1.07.04 FGTS 2.1.1.08 2.1.1.08 Obrigações Tributárias – Projetos 2.1.1.08.01 2.1.1.08.01 CSLL – Fonte 2.1.1.08.02 2.1.1.08.02 PIS/Pasep – Fonte 2.1.1.08.03 2.1.1.08.03 Cofins – Fonte 2.1.1.08.04 2.1.1.08.04 ISSQN – Fonte 2.1.1.08.05 2.1.1.08.05 Previdência Social – Fonte 2.1.1.08.06 2.1.1.08.06 Imposto de Renda - Fonte 2.1.2 2.1.2 Provisões 2.1.2.01 2.1.2.01 Provisões Cíveis 2.1.2.01.01 Glosas de Prestação de Contas 2.1.2.01.02 Outros Danos 2.1.2.02 Provisões Trabalhistas 2.1.2.02.01 Reclamações trabalhistas 2.1.2.03 Provisões Tributárias 2.1.2.03.01 Tributos Federais 2.1.2.03.02 Tributos Estaduais 2.1.2.03.03 Tributos Municipais 2.1.3 Recursos de Projetos1 2.1.3.01 Recursos de Entidade Pública Nacional 2.1.3.01.01 Entrada de Recursos 2.1.3.01.02 Recursos Aplicados 2.1.3.03 Recursos de Entidade Privada Nacional 2.1.3.03.01 Entrada de Recursos 2.1.3.03.02 Recursos Aplicados 2.1.3.04 Recursos de Entidade Internacional 2.1.3.04.01 Entrada de Recursos 2.1.3.04.02 Recursos Aplicados 2.1.3.05 Recursos Pendentes de Projetos Encerrados 10 2.1.3.05.01 Recursos de Entidade Pública Nacional 2.1.3.05.02 Recursos de Entidade Privada Nacional 2.1.3.05.03 Recursos de Entidade Internacional 2.1.4 Subvenções e Doações 2.1.4.01 Subvenções 2.1.4.02 Doações 2.1.5 Outras Obrigações 2.1.5.01 Outras Obrigações 2.1.5.01.01 Obrigações Trabalhistas 2.1.5.01.02 Outras Obrigações 2.1.5.01.03 Recebimentos Antecipados 2.1.5.01.04 Recebimentos a Identificar 2.1.5.01.05 Trabalho Profissional Voluntário 2.2 Passivo não Circulante - Exigível a Longo Prazo 2.2.1 Obrigações com Instituições Financeiras 2.2.1.01 Empréstimos para Financiamento 2.2.1.02 Parcela de Empréstimos Exigível a Curto Prazo 2.2.1.03 Outras Operações de Crédito 2.2.1.04 Parcela de Outras Operações de Crédito Exigível a Curto Prazo 2.2.2 Outras Obrigações de Longo Prazo 2.3 Patrimônio Líquido 2.3.1 Patrimônio Social 2.3.2 Outras Reservas 2.3.3 Ajuste de Avaliação Patrimonial 2.3.4 Superávit ou Déficit 2.4 Compensação Passiva 2.4.1 Título de acordo com a entidade 3. Despesas 3.1 Recursos Humanos 3.1.1 Remuneração de Pessoal com Vínculo Empregatício 3.1.1.01 Salários 3.1.1.02 Décimo Terceiro Salário 3.1.1.03 Férias 3.1.1.04 Diárias 3.1.1.05 Ajuda de Custo 3.1.1.06 Serviços Extraordinários 3.1.2 Benefícios a Pessoal com Vínculo Empregatício 3.1.2.01 Condução Urbana 3.1.2.02 Alimentação 3.1.2.03 Aperfeiçoamento Profissional 3.1.3 Encargos Sociais 3.1.3.01 Previdência Social 3.1.3.02 Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 3.1.3.03 PIS/Pasep 3.1.4 Remuneração de Pessoal sem Vínculo Empregatício 3.1.4.01 Bolsa de Estagiário 3.1.4.02 Honorários Profissionais 3.1.4.03 Previdência Social 3.1.4.04 Indenização de Gastos de Trabalho Voluntário 3.1.4.05 Trabalho Voluntário 3.2 Despesas Ordinárias 3.2.1. Manutenção de Infraestrutura 3.2.1.01 Conservação de Imóveis 3.2.1.02 Conservação de Equipamentos 3.2.1.03 Conservação de Instalações 3.2.1.04 Conservação de Parque Público 3.2.2 Serviços de Comunicação 3.2.2.01 Locação de Equipamento de Comunicação 11 3.2.2.02 Uso da Internet 3.2.2.03 Tarifa de Telefonia 3.2.3 Apoio Administrativo 3.2.3.01 Aluguel de Imóveis 3.2.3.02 Taxas de Condomínio 3.2.3.03 Tarifa de Energia Elétrica 3.2.3.04 Material de Limpeza 3.2.3.05 Material de Escritório 3.2.3.06 Aluguel de Equipamentos 3.2.3.07 Tarifa de Água e Esgoto 3.2.3.08 Combustíveis e Lubrificantes 3.2.3.09 Viagens e Estadas 3.2.4 Despesas Financeiras 3.2.4.01 Juros Moratórios 3.2.4.02 Comissões e Encargos Financeiros 3.2.4.03 Multas 3.2.4.04 Juros sobre Empréstimos e Financiamentos 3.2.4.05 Ajuste a Valor Justo 3.2.5 Depreciação e Amortização 3.2.5.01 Depreciação de Bens Imóveis 3.2.5.02 Depreciação de Bens Móveis 3.2.5.03 Amortização 3.2.5.04 Ajuste por Recuperabilidade 3.3. Despesas de Projetos 3.3.1 Atividade Educacional 3.3.1.01 Atendimento a Criança 3.3.1.02 Atendimento a Adolescente 3.3.1.03 Atendimento a Bolsistas 3.3.1.04 Atendimento a Idoso 3.3.1.05 Atendimento a Deficiente 3.3.1.06 Atendimento a Comunidade Indígena 3.3.2 Atividade de Assistência Social 3.3.2.01 Atendimento a Criança 3.3.2.02 Atendimento a Adolescente 3.3.2.03 Atendimento a Bolsistas 3.3.2.04 Atendimento a Idoso 3.3.2.05 Atendimento a Deficiente 3.3.2.06 Atendimento a Comunidade Indígena 3.3.3 Atividade Esportiva 3.3.3.01 Atendimento a Criança 3.3.3.02 Atendimento a Adolescente 3.3.3.03 Atendimento a Bolsistas 3.3.3.04 Atendimento a Idoso 3.3.3.05 Atendimento a Deficiente 3.3.3.06 Atendimento a Comunidade Indígena 3.3.4 Atividade de Assistência de Saúde 3.3.4.01 Atendimento a Criança 3.3.4.02 A Atendimento a Adolescente 3.3.4.03 Atendimento a Bolsistas 3.3.4.04 Atendimento a Idoso 3.3.4.05 Atendimento a Deficiente 3.3.4.06 Atendimento a Comunidade Indígena 3.3.5 Atividade de Proteção Ambiental 3.3.5.01 Preservação de Florestas 3.3.5.02 Preservação de Recursos Hídricos 3.3.6 Atividade Cultural 3.6 Despesa Tributária 3.6.2 Impostos Taxas e Contribuições 12 3.6.2.01 Impostos Taxas e Contribuições Federais 3.6.2.02 Impostos Taxas e Contribuições Estaduais 3.6.2.03 Impostos Taxas e Contribuições Municipais 3.7 Contrapartida de Convênios e Parcerias 3.7.1 Atividade Educacional 3.7.1.01 Pessoal, Encargos e Benefícios 3.7.1.02 Material de Uso e Consumo 3.7.1.03 Equipamentos 3.7.1.04 Serviços 3.7.2 Atividade de Assistência Social 3.7.2.01 Pessoal, Encargos e Benefícios 3.7.2.02 Material de Uso e Consumo 3.7.2.03 Equipamentos 3.7.2.04 Serviços 3.7.3 Atividade Esportiva 3.7.3.01 Pessoal, Encargos e Benefícios 3.7.3.02 Material de Uso e Consumo 3.7.3.03 Equipamentos 3.7.3.04 Serviços 3.7.4 Atividade de Assistência de Saúde 3.7.4.01 Pessoal, Encargos e Benefícios 3.7.4.02 Material de Uso e Consumo 3.7.4.03 Equipamentos 3.7.4.04 Serviços 3.7.5 Proteção Ambiental 3.7.5.01 Pessoal, Encargos e Benefícios 3.7.5.02 Material de Uso e Consumo 3.7.5.03 Equipamentos 3.7.5.04 Serviços 3.7.6 Atividade Cultural 3.7.6.01 Pessoal, Encargos e Benefícios 3.7.6.02 Material de Uso e Consumo 3.7.6.03 Equipamentos 3.7.6.04 Serviços 3.8 Outras Despesas 3.8.1 Perda na Baixa de Bens do Ativo Imobilizado 3.8.2 Estimativa de Demanda Judicial 4. Receitas 4.1 Ordinárias 4.1.1 Custeio 4.1.1.01 Doações 4.1.1.02 Subvenções 4.1.1.03 Taxas de Administração 4.1.1.04 Repasses Financeiros 4.1.1.05 Venda de Bens e Serviços 4.1.1.06 Mensalidades 4.1.2 Dedução da Receita 4.1.2.01 ISSQN 4.1.2.02 ICMS 4.1.2.03 PIS 4.1.2.04 Cofins 4.2 Receitas Financeiras4.2.1 Fundos Próprios 4.2.1.01 Renda de Títulos 4.2.1.02 Renda Moratória 4.2.1.05 Imposto de Renda na Fonte sobre Renda de Títulos 4.2.1.06 Ajuste a Valor Justo 4.2.2 Fundos de Projetos 13 4.2.2.01 Renda de Títulos 4.2.2.02 (-) Imposto de Renda na Fonte sobre Renda de Títulos 4.3 Receita de Projetos 4.3.1 Atividade Educacional 4.3.1.01 Atendimento a Criança 4.3.1.02 Atendimento a Adolescente 4.3.1.03 Atendimento a Idoso 4.3.1.04 Atendimento a Deficiente 4.3.1.05 Atendimento a Comunidade Indígena 4.3.2 Atividade de Assistência Social 4.3.2.01 Atendimento a Criança 4.3.2.02 Atendimento a Adolescente 4.3.2.03 Atendimento a Idoso 4.3.2.04 Atendimento a Deficiente 4.3.2.05 Atendimento a Comunidade Indígena 4.3.3 Atividade Esportiva 4.3.3.01 Atendimento a Criança 4.3.3.02 Atendimento a Adolescente 4.3.3.03 Atendimento a Idoso 4.3.3.04 Atendimento a Deficiente 4.3.3.05 Atendimento a Comunidade Indígena 4.3.4 Atividade de Assistência de Saúde 4.3.4.01 Atendimento a Criança 4.3.4.02 Atendimento a Adolescente 4.3.4.03 Atendimento a Idoso 4.3.4.04 Atendimento a Deficiente 4.3.4.05 Atendimento a Comunidade Indígena 4.3.5 Atividade de Proteção Ambiental 4.3.5.01 Preservação de Florestas 4.3.5.02 Preservação de Recursos Hídricos 4.3.6 Atividade Cultural 4.4 Outras Receitas 4.4.1 Ganho na Baixa de Bens do Ativo Imobilizado 4.4.2 Reversão de Estimativa de Demanda Judicial 5 Variações Patrimoniais 5.1 Benefícios Obtidos 5.1.1 Obtenção de Renúncia Fiscal 5.1.1.01 Impostos Taxas e Contribuições Federais 5.1.1.02 Impostos Taxas e Contribuições Estaduais 5.1.1.03 Impostos Taxas e Contribuições Municipais 5.1.2 Obtenção de Serviços Voluntários 5.1.2.01 Atividade Educacional 5.1.2.02 Atividade de Assistência Social 5.1.2.03 Atividade Esportiva 5.1.2.04 Atividade de Assistência à Saúde 5.1.2.05 Atividade de Proteção Ambiental 5.1.2.06 Atividade Cultural 5.1.2.07 Atividade Administrativa 5.2 Benefícios Concedidos – Gratuidade 5.2.1 Benefício Integral 5.2.1.01 Atividade Educacional 5.2.1.02 Atividade de Assistência Social 5.2.1.03 Atividade Esportiva 5.2.1.04 Atividade de Assistência à Saúde 5.2.1.05 Atividade de Proteção Ambiental 5.2.1.06 Atividade Cultural 5.2.2 Benefício Proporcional 5.2.2.01 Atividade Educacional 14 5.2.2.02 Atividade de Assistência Social 5.2.2.03 Atividade Esportiva 5.2.2.04 Atividade de Assistência à Saúde 5.2.2.05 Atividade de Proteção Ambiental 5.2.2.06 5.2.2.06 Atividade Cultural 6 Encerramento do Exercício 6.1 Apuração do Resultado 6.1.1 Superávit do Exercício 6.1.2 Déficit do Exercício Fonte: Conselho Federal de Contabilidade (2015) Com base nas informações apresentadas na Tabela 2, é possível auferir que as organizações do terceiro setor possuem algumas particularidades em relação às organizações com finalidade lucrativa, como a separação dos recursos em: com restrição, terceiros e sem restrição. Há ainda contas específicas para o destaque de informações relacionadas a gratuidades, serviços voluntários, doações etc. Após a apresentação do plano de contas, na próxima rota serão abordados os usuários das demonstrações contábeis das entidades com finalidade social. TEMA 3 – USUÁRIOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DO TERCEIRO SETOR As entidades de interesse social recebem recursos de instituições públicas e privadas, e o recebimento dessas doações cria a necessidade de fornecimento de informações e relatórios contábeis que evidenciem as operações realizadas pela entidade aos seus usuários (Cruz; Carvalho; Moraes, 2013). Dessa forma, os usuários das demonstrações contábeis das organizações do terceiro setor são os órgãos responsáveis pela sua fiscalização, os membros da organização e terceiros de modo geral, já que a maioria dos recursos é obtida de forma externa (Cruz; Carvalho; Moraes, 2013). O Comitê de Pronunciamentos Contábeis 26 (2011) estabelece que o principal objetivo das demonstrações contábeis é o de possibilitar o conhecimento de informações no que tange a posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a uma grande parcela de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também apresentam os resultados do desempenho da administração frente aos seus deveres e responsabilidades na gestão e 15 aplicação dos recursos que lhe foram confiados. Para o alcance deste objetivo, as demonstrações contábeis propiciam informações da organização em relação à CPC 26, de 2 de dezembro de 2011: a. Ativos; b. Passivos; c. Patrimônio Líquido; d. Receitas e Despesas, incluindo Ganhos e Perdas; e. Alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles; e f. Fluxos de Caixa. A apresentação das informações das demonstrações financeiras do período deve ser feita no mínimo anualmente em conjunto com os dados do período anterior, a fim de permitir comparação. A Comissão de Padrões de Contabilidade Financeira – FASB (1993) estabelece: Os objetivos (dos relatórios financeiros emitidos por organizações sem fins lucrativos) derivam do interesse comum daqueles que provêm recursos às organizações (sem fins lucrativos) com intuito de mantê- las em funcionamento e garantir a continuidade da prestação desses serviços. Contrastando com isso, os objetivos das demonstrações financeiras (das empresas de negócios) derivam dos interesses dos provedores de recursos na perspectiva de receberem dinheiro como retorno de seus investimentos. Apesar de interesses diferentes, provedores de recursos de todas as organizações procuram por informações sobre recursos econômicos, obrigações, reservas líquidas, e mudanças ocorridas, além disso, informações que sejam úteis para avaliação de seus interesses. Tais provedores de recursos concentram-se em indicadores de performance e informações sobre gestão administrativa. (Bettiol Junior; Varela, 2011 citado por Fasb, 1993). As demonstrações contábeis elaboradas de forma clara e objetiva servirão como apoio aos gestores e a todos os usuários da contabilidade (internos e externos) para devidas tomadas de decisões, sejam elas gerenciais ou financeiras (Bezerra; Pereira; Alburqueque, 2014). Na próxima rota, será abordado o Balanço Patrimonial das entidades do terceiro setor. TEMA 4 – BALANÇO PATRIMONIAL As demonstrações financeiras podem ser consideradas uma das formas fundamentais de análise de desempenho. Elas buscam evidenciar a situação em que as organizações se encontram pela análise do seu histórico. Uma das 16 principais medidas contábeis utilizadas para demonstrar o estado patrimonial da instituição é o Balanço Patrimonial (Cruz et al, 2010). A Norma Brasileira de Contabilidade Técnica do Balanço Patrimonial (NBC T 3.2) o conceitua como uma “demonstração contábil destinada a evidenciar, qualitativa e quantitativamente, numa determinada data, a posição patrimonial e financeira da Entidade”. O Balanço Patrimonial deverá conter o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido (Lei 11.941, de 27 de maio de 2009). Esses itens abrangem as seguintes contas: a. Ativo: Onde as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, podendo ser divididas em (Lei 11.941/2009; Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) – 26, 2011): Ativo Circulante: Quando o ativo está sendo mantido essencialmente com o proposito de negociação e espera-se que permaneça na organização no periodo máximo de 12 meses; e, Ativo Não Circulante: Todos os demais ativos devem ser incluidos no Ativo Não Circulante. b. Passivo: As contas serão classificadas nos seguintes grupos: Passivo Circulante: Quando o passivo está sendo mantido essencialmente como proposito de negociação e espera-se que seja liquidado no periodo máximo de 12 meses; e, Passivo Não Circulante: Todos os demais passivos devem ser incluidos no Passivo Não Circulante. c. Patrimônio Líquido: Dividido em Capital Social, Reservas de Capital, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados. O Conselho Federal de Contabilidade no Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) - 26 (2011) estabelece as contas que devem ser incluídas no Balanço Patrimonial. Na Tabela 3 é apresentado um exemplo de um Balanço Patrimonial adaptado para as entidades sem finalidade lucrativa, lembrando que contas podem ser excluídas ou incluídas para atender as necessidades da instituição. 17 Tabela 3 – Contas de ativo Ativo Descrição Circulante Caixa e Equivalentes de Caixa Caixa Valor em dinheiro ou equivalentes, como cheque à vista para depósito, moeda estrangeira, etc., confirmados por processo de validação como inventário. Banco C/Movimento – Recursos sem Restrição Os recursos com restrição correspondem aos depósitos bancários de livre movimentação de recursos próprios, já os recursos com restrição correspondem aos depósitos bancários de parcerias por meio de convênios, termos de parcerias e outros contratos semelhantes que restrinjam a aplicação de recursos. Banco C/Movimento – Recursos com Restrição Aplicações Financeiras – Recursos sem Restrição Aplicações de recursos sem restrição consistem em deposito de recursos próprios em fundos ou títulos de fixa por meio de resgate em prazo igual ou inferior a um ano. Já os recursos com restrição consistem em depósitos de recursos de parcerias por meio de convênios, termos de parcerias e outros contratos semelhantes que restrinjam a aplicação de recursos em aplicações ou fundos de títulos de renda fixa por meio de resgate em prazo igual ou inferior a um ano. Aplicações Financeiras – Recursos com Restrição Créditos a Receber Mensalidades de Terceiros Corresponde a créditos provenientes da venda de serviços continuados. Adiantamentos a Empregados Antecipação referente a uma parcela do salário, 13°, férias, empréstimos ou outros aos colaboradores. Adiantamentos a Fornecedores Antecipação de uma parcela de pagamento a fornecedores. Recursos de Parcerias em Projetos Valores referentes a concessões financeiras feitas por conta e ordem das parcerias que serão compensados no futuro. Tributos a Recuperar Créditos tributários que podem ser recuperados, referentes a tributos retidos na fonte, os impostos pagos além de o valor. Despesas Antecipadas Pagamentos referentes a prêmio de seguros, assinaturas, etc. Estoques Produtos Próprios para Venda Bens produzidos pela entidade mensurados pelo preço de custo ou valor realizável liquido (dos dois o menor). Produtos Doados para Venda Bens doados à entidade mensurados pelo preço de custo ou valor realizável liquido (dos dois o menor). Almoxarifado/Material de Expediente Bens adquiridos para a manutenção dos serviços realizados pela entidade. Não Circulante Realizável a Longo Prazo Aplicações Financeiras – Recursos sem Restrição Aplicações de recursos sem restrição consistem em deposito de recursos próprios em fundos ou títulos de fixa por meio de resgate em prazo superior a um ano. Já os recursos com restrição consistem em depósitos de recursos de parcerias por meio de convênios, termos de parcerias e outros contratos semelhantes que restrinjam a aplicação de recursos em aplicações ou fundos de títulos de renda fixa por meio de resgate em prazo superior a um ano. Aplicações Financeiras – Recursos com Restrição Valores a Receber Valores a serem recebidos pela entidade em longo prazo. Investimentos Investimentos Permanentes Aplicações de recursos em participações em outras sociedades. Imobilizado Bens Próprios sem Restrição Bens próprios como moveis, automóveis, instalações etc. Bens Próprios em Construção Bens próprios como imóveis que ainda não tenham sido finalizados. Bens em Arrendamento Bens obtidos através de contrato por um tempo determinado. 18 Mercantil Bens com Restrição Bens de terceiros como moveis, automóveis, instalações etc. (-) Depreciação Acumulada Valor acumulado da parcela referente ao valor depreciável de um bem no decorrer de sua vida útil. Intangível Direitos de Uso de Softwares Direitos de sistemas adquiridos. Direitos de Autor e de Marcas Registro de marcas e/ou patentes de invenção própria ou aquisição de direito de uso de marcas. (-) Amortização Acumulada Valor acumulado da parcela retirada dos bens intangíveis. Fonte: Portal de Contabilidade; Tax Contabilidade; Conselho Federal de Contabilidade (2015). Tabela 4 – Contas de Passivo Passivo Descrição Circulante Fornecedores de bens e serviços Obrigações referentes a dívidas com materiais e serviços. Obrigações com Empregados Obrigações referentes a colaboradores. Obrigações Tributárias Obrigações referentes contribuições, taxas e impostos de responsabilidade própria e de terceiros. Parcerias com Entidades Privadas Valor referente a parcerias com entidades privadas contratadas em curto prazo, através de convênios e termos de parceria e outros, que exijam prestação de contas. Parcerias com Entidades Governamentais Valor referente a parcerias com entidades governamentais contratadas em curto prazo, através de convênios e termos de parceria e outros, que exijam prestação de contas. Outras Obrigações Todas as obrigações que não se incluírem nos itens anteriores Não Circulante Empréstimos e Financiamentos a Pagar Todas as operações de crédito de longo prazo. Parcerias com Entidades Privadas Valor referente a parcerias com entidades privadas contratadas em longo prazo, através de convênios e termos de parceria e outros, que exijam prestação de contas. Parcerias com Entidades Governamentais Valor referente a parcerias com entidades governamentais contratadas em longo prazo, através de convênios e termos de parceria e outros, que exijam prestação de contas. Outras Obrigações Todas as obrigações que não se incluírem nos itens anteriores Patrimônio Líquido Patrimônio Social Corresponde ao patrimônio e demais recursos da entidade. Outras Reservas Reservas referentes a avaliação de bens (quando assim a lei permitir) e de outras fontes quando ainda não tiverem sido incorporadas ao patrimônio. Ajustes de Avaliação Patrimonial Avaliações de ativos financeiros em relação ao seu valor justo. Superávit ou Déficit Acumulado Corresponde ao resultado do período que ainda não foi incorporado ao patrimônio social. Fonte: Normas Brasileiras de Contabilidade – ITG 2002; Conselho Federal de Contabilidade (2015) O modelo de elaboração do Balanço Patrimonial das organizações do terceiro setor e das instituições privadas é muito semelhante no que se refere às contas de Ativo e Passivo. A principal diferença está no patrimônio: as entidades de interesse social possuem Patrimônio Social em vez de Capital Social, e 19 Superávit ou Déficit do Período no lugar de Lucros ou Prejuízos Acumulados. Após a apresentação do Balanço Patrimonial das instituições do terceiro setor, na próxima rota, trabalharemos a demonstração de Superávit ou Déficit do Exercício. TEMA 5 – DEMONSTRAÇÃO DE SUPERÁVIT OU DÉFICIT DO EXERCÍCIO De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica 10.16, as entidades sem finalidade lucrativa não utilizarão a Demonstrações do Resultado (DR), a Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) ou a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA). Nessas entidades, o resultado positivo não será destinado aos detentores do capital social, já que possuem Patrimônio Social. Na apresentação dos Resultados do Período, Lucro ou Prejuízo serão denominados, respectivamente, deSuperávit ou Déficit. A apresentação das informações do Resultado do Período, assim como o Balanço Patrimonial, deve ser feita em conjunto com os dados do período anterior, a fim de permitir comparação. Abaixo é apresentado um exemplo de contas que compõem os resultados do período (receitas e despesas) das entidades sem finalidade lucrativa, lembrando que contas podem ser excluídas ou incluídas para atender as necessidades da instituição. Tabela 5 – Receitas Receitas Operacionais Descrição Com Restrição Programa (Atividades) de Educação Receitas oriundas de parcerias referentes a atividades de educação Programa (Atividades) de Saúde Receitas oriundas de parcerias referentes a atividades de saúde Programa (Atividades) de Assistência Social Receitas oriundas de parcerias referentes a atividades de assistência social Programa (Atividades) de Direitos Humanos Receitas oriundas de parcerias referentes a direitos humanos Programa (Atividades) de Meio Ambiente Receitas oriundas de parcerias referentes a atividades de meio ambiente Outros Programas (Atividades) Outras receitas oriundas de parcerias que não se incluem nos itens anteriores Gratuidades Receitas oriundas de parcerias referentes a gratuidades Trabalho Voluntário Receitas oriundas de parcerias referentes ao trabalho voluntário Rendimentos Financeiros Rendimentos financeiros referentes a investimentos de projetos e parcerias Sem Restrição Receitas de Serviços Prestados Receitas de operações próprias referente a serviços prestados sem os tributos indiretos incidentes sobre a receita Contribuições e Doações Receitas referentes a contribuições e doações voluntárias 20 Voluntárias Ganhos na Vendas Bens Ganhos referentes à venda de bens Rendimentos Financeiros Ganhos com rendimentos financeiros referente a investimentos próprios Outros Recursos Recebidos Outros recursos próprios recebidos não enquadrados em itens anteriores CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS Com Programas (Atividades) Educação Custos e despesas relacionadas a programas de educação Saúde Custos e despesas relacionadas a programas de saúde Assistência Social Custos e despesas relacionadas a programas de assistência social Direitos Humanos Custos e despesas relacionadas a programas de direitos humanos Meio Ambiente Custos e despesas relacionadas a programas de meio ambiente Gratuidades Concedidas Custos e despesas com gratuidades concedidas Trabalho Voluntário Custos e despesas com trabalhos voluntários RESULTADO BRUTO DESPESAS OPERACIONAIS Administrativas Despesas realizadas e incorridas ordinárias da entidade Salários Despesas realizadas e incorridas com pessoal com vínculo, inclusive provisões Encargos Sociais Despesas com tributos incidentes sobre a folha de pagamento Impostos e Taxas Agrupam-se as despesas tributárias não proporcionais à receita e não incidentes sobre o resultado Aluguéis Despesas referentes ao pagamento de aluguéis Serviços Gerais Despesas referentes a serviços gerais (exemplo serviços de limpeza) Manutenção Despesas referentes à manutenção Depreciação e Amortização Encargos mensais de depreciação e amortização Perdas Diversas Despesas com gastos imprevistos Outras despesas/receitas operacionais Neste título, agrupam-se as demais despesas e receitas não incluídas nos itens precedentes OPERAÇÕES DESCONTINUADAS (LÍQUIDO) Soma algébrica das receitas e despesas não vinculadas ao objeto da entidade SUPERÁVIT/DÉFICIT DO PERÍODO Resultado de todas as operações próprias e em parceria de projetos Fonte: Normas Brasileiras de Contabilidade - ITG 2002; Conselho Federal de Contabilidade (2015) A finalidade da Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício não é o resultado, como no caso de empresas com finalidade lucrativa, mas evidenciar o ganho ou a perda de uma entidade sem finalidade lucrativa em virtude de suas atividades (Olak; Nascimento, 2010). Também é importante destacar que as despesas administrativas são referentes aos gastos indiretos das atividades, e as receitas de gratuidade e trabalhos voluntários devem estar descritas nas notas explicativas (Conselho Federal de Contabilidade, 2015). 21 De forma geral, as demonstrações elaboradas pelas organizações do terceiro setor são adaptações das demonstrações das entidades privadas, porém a principal diferença é a finalidade de sua elaboração. Os relatórios das entidades de interesse social têm o papel de informar os doadores e/ou investidores de que os investimentos/doações feitos foram bem empregados (Yoshitake et al., 2014). TROCANDO IDEIAS Empresas do terceiro setor são diferentes das outras? Sim! Por isso foi criada uma legislação específica para esse setor, considerado o seu marco regulatório. Saiba mais! Acesse o Observatório do Terceiro Setor e entenda melhor o marco regulatório do terceiro setor. Disponível em: <http://observatorio3setor.com.br/noticias/entenda-o-marco-regulatorio-do- terceiro-setor>. NA PRÁTICA A Resolução do Conselho Federal de Contabilidade n. 750/1993 estabeleceu os princípios que regem a contabilidade, princípios esses que posteriormente sofreram modificações (atualizada pela Resolução CFC n. 1.282/2010). Eles influenciam os lançamentos das variações ocorridas no patrimônio de uma entidade de terceiro setor? Sim, até hoje existe o princípio da prudência, que faz a exigência da tempestividade e da totalidade dos lançamentos das variações ocorridas dentro de um determinado período no patrimônio de uma entidade. O fato de essa organização não possuir finalidade lucrativa é irrelevante, já que organizações de interesse social, apesar de não visarem ao lucro, possuem a obrigação de passar a informação mais fidedigna possível, ainda que pairem dúvidas acerca do valor correto envolvido. 22 Para responder à questão, considere os dados a seguir extraídos da Demonstração das Variações Patrimoniais (valores em reais): Receitas sem Restrição Educação 100 Gratuidades 80 Despesas Assistência Social 60 Impostos e Taxas 90 Aluguéis 120 Salários 50 Depreciação e Amortização 20 Receitas com Restrição Educação 300 Serviços Gerais 10 Qual é o superávit ou déficit do período? Receitas: Receita sem restrição Educação 100 Gratuidades 80 Receitas com restrição Educação 300 Total 480 Despesas: Despesas Assistência Social 60 Impostos e Taxas 90 Aluguéis 120 Salários 50 Depreciação e Amortização 20 Serviços Gerais 10 Total: 250 Superávit 230 FINALIZANDO As organizações do terceiro setor têm a contabilidade como uma aliada para a garantia da transparência e da credibilidade, com leis e resoluções que estabelecem como e quais informações financeiras devem ser divulgadas. De acordo como conteúdo apresentado nesta aula, foi possível compreender a relação entres os princípios contábeis das instituições de interesse social, o plano de contas dessas instituições, a forma de apresentação dessas informações no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Superávit e Déficit do Exercício, além dos usuários dessas informações. 23 REFERÊNCIAS ANDRADE, A. P. et al. Manual de procedimentos para o terceiro setor: aspectos de gestão e de contabilidade para entidades de interesse. 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