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Introdução ao ensino historia Unimontes

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Prévia do material em texto

Alysson Luiz Freitas de Jesus
Filomena Luciene Cordeiro
HISTÓRIA
Alysson Luiz Freitas de Jesus
período
º1
Introdução ao 
Ensino de História
Montes Claros/MG - 2013
Alysson Luiz Freitas de Jesus
Filomena Luciene Cordeiro Reis 
2ª edição atualizada por 
Filomena Luciene Cordeiro Reis 
introdução ao 
ensino de História
2ª EDIÇÃO
2013
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
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Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile.
Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes.
Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes.
Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes.
Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP.
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Carla Roselma Athayde Moraes
Maria Cristina Ruas de Abreu Maia
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REVISÃO TÉCNICA
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Karen Torres C. Lafetá de Almeida 
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Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Magda Lima de Oliveira
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Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - 
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Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
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Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Jânio Marques dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes dumont Macedo
Autores
Alysson Luiz Freitas de Jesus
Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo – USP – e mestre em História Social 
e Cultural pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Atualmente é professor do 
Departamento de História da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.
Filomena Luciene Cordeiro Reis
Doutora em História pela Universidade Federal de Uberlândia e mestre em História pela 
Universidade Severino Sombra – USS. Atualmente é professora do Departamento de História 
da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
A história e o historiador: da antiguidade aos dias atuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 Reflexões sobre a história, do mundo antigo ao mundo contemporâneo. . . . . . . . . .11
1.3 A história como ciência a partir do século XIX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
1.4 A história: do século XX ao século XXI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
1.5 A história hoje: ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18
1.6 A “história nova”: pesquisa e função social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
História: relações entre passado e presente e a produção do conhecimento histórico 25
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 A história do ensino de história no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3 Passado e presente: imagens construindo a história . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.4 Ensino de história: do positivismo ao marxismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
2.5 A produção do conhecimento histórico e o ensino de história . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
O historiador e as metodologias de ensino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
3.2 O que é história? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
3.3 Para que serve a história?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.4 Como produzir história? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
Análise crítica das competências do ensino de história. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
4.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
4.2 O ensino e a aprendizagem de história . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
4.3 A história e a historiografia no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.4 Concepção de história e historiografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
História e ensino: novos fatos e novas abordagens. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
5.2 Dimensões, abordagens e domínios historiográficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
5.3 Ensino de história: novos fatos e novas abordagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65
Referências básicas e complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67
Atividades de aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69
9
História - Introdução ao Ensino de História
Apresentação
A disciplina Introdução ao Ensino de História é um dos conteúdos de fundamental impor-
tância para o profissional que atuará como pesquisador e professor de história. A disciplina His-
tória tem as suas particularidades e, por isso mesmo, tem suas próprias ferramentas e instrumen-
tos de análise. Você, como historiador, tem a responsabilidade de compreender qual o papel que 
exerce na sociedade e, especialmente, como deve desempenhá-lo.
Com isso, essa disciplina objetiva permitir ao aluno refletir sobre questões teóricas e práticas 
do ofício do historiador. Portanto, se o “ser historiador” é um ofício, devemos, então, compreen-
der de que forma exercê-lo e, principalmente, qual a importância que o ensino da História tem 
para a sociedade em geral. Como o título da própria disciplina diz, trata-se de uma “introdução”, 
o que nos coloca diante de um desafio inicial, que deve ser percorrido durante todo o seu curso. 
Assim, quando estiver estudando “História Antiga”, “História do Brasil Império” ou “História Con-
temporânea”, você deverá ter em mente que o ensino de História é o eixo que norteia toda a teo-
ria e toda a prática da sua formação acadêmica.
Os objetivos dessa disciplina são muito claros:
•	 estabelecer uma relação entre a evolução da história e a função do historiador em distintos 
momentos históricos;
•	 compreender as relações entre passado e presente na produção do conhecimento histórico 
e no ofício do historiador;
•	 propiciar uma melhor compreensão sobre os métodos do historiador em sala de aula;
•	 analisar as novas fontes e abordagens da história nas últimas décadas e a função do historia-
dor nos dias atuais.
Tendo isso em mente, esse material foi produzido e dividido em cinco grandes unidades.
Na primeira unidade, intitulada “A História e o Historiador: da antigui-
dade aos dias atuais”, vamos percorrer o caminho que a disciplina História 
atravessou nos últimos séculos, refletindo sobre o papel que ela exercia 
em diferentes sociedades. Nem sempre nos damos conta de que a história 
foi de fundamental importância para a constituição de inúmeras socieda-
des, antigas, modernas e contemporâneas.
Na Unidade 2, intitulada “História: relações entre passado e presente e 
a produção do conhecimento histórico”, você perceberá o quanto a histó-
ria está presente no seu cotidiano e em que medida o estudo do passado 
é fundamental para compreender o mundo em que vivemos. Se o tempo 
é a principal preocupação do historiador, é no conhecimento do passado e 
no questionamento do presente que a história tem o seu sentido.
A Unidade 3, “O historiador e as metodologias de ensino”, aborda a 
importância da História na sociedade, bem como as formas de se estrutu-
rar a produção do pensamento historiográfico por meio das suas metodo-
logias de ensino.
Na Unidade 4, “Análise crítica das competências do ensino de Histó-
ria”, avaliamos mais detidamente a questão do ensino de História, a partir 
das suas possibilidades nas relações de ensino e aprendizagem.
Por fim, a última unidade, “História e Ensino: novos fatos e novas 
abordagens”, evidencia como se pode pensar os diversos domínios his-
toriográficos e os instrumentos que o historiador tem em suas mãos para exercer sua atividade 
docente.
Entender como é possível “ensinar História” é, também, compreender como explicar o nos-
so próprio mundo, o que confere ao historiador um papel dinâmico e central na sua sociedade. 
Afinal, se nem todos sabem para que serve a história, o historiador tem a obrigação de sabê-lo, 
para construir uma sociedade mais justa e igualitária. Você também tem esse papel. Então, mãos 
à obra.
Você perceberá, portanto, que essa disciplina será fundamental para todo o seu curso. Nas 
demais disciplinas temáticas, é imprescindível que você saiba a função e as metodologias para o 
ensino da História.
Figura 1: Clio, a musa 
dos historiadores, 
inspirou vários 
homens a pensar na 
importância da História 
para a sociedade.
Fonte: Café História: 
história feita com cliques. 
Disponível em: < http://
cafehistoria.ning.com/
group/clioamusadahis-
tria>. Acesso em 31 mai. 
2013.
▼
10
UAB/Unimontes - 1º Período
O texto está estruturado a partir do desenvolvimento das unidades e subunidades. Você de-
verá perceber que as questões para discussão e reflexão que acompanham o texto, bem como 
as sugestões para transitar do ambiente de aprendizagem aos sites, para acessar bibliotecas vir-
tuais na web, etc. são muito importantes. As sugestões e dicas estão localizadas junto ao texto, 
aparecendo com os respectivos ícones. A leitura dos textos complementares indicados também 
é importante, pois mostram os possíveis desenvolvimentos e ampliações para o estudo e a dis-
cussão. São recursos que podem ser explorados de maneira eficaz por você, pois buscam promo-
ver atividades de observação e de investigação que permitem desenvolver habilidades próprias 
da análise sociológica e exercitar a leitura e a interpretação de fenômenos sociais e culturais.
Ao planejar esta disciplina, consideramos que as questões e sugestões seriam fundamentais, 
de forma a familiarizar o acadêmico, gradativamente, com a visão e procedimentos próprios da 
disciplina.
Agora é com você! Explore tudo, abra espaços para a interação com os colegas, para o 
questionamento, para a leitura crítica do texto, bem como para as atividades e leituras comple-
mentares.
Bom estudo!
Os Autores
11
História - Introdução ao Ensino de História
UnidAde 1
A história e o historiador: da 
antiguidade aos dias atuais
1.1 Introdução
A própria expressão “legitimidade da história”, empregada por Marc Bloch, 
desde as primeiras linhas, mostra que para ele o problema epistemológico da 
história não é apenas um problema intelectual e científico, mas também um 
problema cívico e mesmo moral. O historiador tem responsabilidades e deve 
“prestar contas” (LE GOFF In: BLOCH, 1988, p. 17).
Você terá notado que a reflexão acima constituium importante desafio. A sociedade não 
forma historiadores apenas para atuar no nível intelectual, mas, sobretudo, em um nível moral e 
cívico. “Prestar contas” à sociedade é fazer com que aquilo que estudamos possa atingir às pesso-
as mais “comuns”, em especial se notarmos a dimensão da responsabilidade do historiador.
Essa é uma das questões mais urgentes da nossa prática e que norteará toda a nossa re-
flexão. Você tem consciência dessa responsabilidade? Pois é para isso que refletiremos sobre o 
ensino da história.
Esta unidade está dividida nos seguintes tópicos:
1.2 Reflexões sobre a História, do mundo antigo ao mundo contemporâneo;
1.3 A História como ciência a partir do século XIX;
1.4 A História: do século XX ao século XXI;
1.5 A História hoje: ensino; 
1.6 A “História nova”: pesquisa e função social.
Vamos pensar essas questões sempre tendo como referência o homem do presente que 
quer conhecer o seu passado e, assim, reconhecer-se nele.
1.2 Reflexões sobre a história, 
do mundo antigo ao mundo 
contemporâneo
Desde a Grécia antiga, a História passou a fazer parte do cotidiano das pessoas. É claro que 
não existiam historiadores oficiais. Entretanto, o passado era a ferramenta primordial na constru-
ção do modo de vida grego e, posteriormente, romano.
PARA SABeR MAiS
O mundo em que 
vivemos hoje tem total 
relação com o passa-
do. Passado, presente 
e futuro na história 
estão conectados. Por 
exemplo, a história dos 
gregos e dos romanos, 
está relacionada à nos-
sa história de hoje, no 
tempo presente. Para 
ampliar seus conheci-
mentos leia: REIS, José 
Carlos. A história entre a 
filosofia e a ciência. Belo 
Horizonte: Autêntica, 
2004. 
12
O legado da Grécia para o mundo ocidental é por todos nós conhecido. As suas cidades-
-estado, a função da mulher na sociedade, a estrutura tirânica e democrática de poder, enfim, são 
exemplos da relação entre o passado grego e o presente ocidental.
No tempo de Péricles, o comparecimento às assembleias era aberto a “todo” cidadão. As 
assembleias reuniam centenas de atenienses do sexo masculino, com idade superior a dezoito 
anos. Todos os que compareciam tinham o direito de fazer uso da palavra. As assembleias eram 
espaços para debates públicos que possibilitavam o exercício da democracia. 
Elas foram um importante elemento da construção da História das sociedades ocidentais, 
inspirando seus regimes democráticos no exemplo grego.
Você acredita que a democracia é o direito de todos participarem da vida pública e política? 
Os gregos nos ensinaram que não, pois mulheres, escravos e estrangeiros não eram considera-
dos cidadãos gregos. E hoje? Como se estrutura a democracia? Talvez inspirados nos gregos, a 
Figuras 2 e 3: Em 
sociedades antigas, 
como Grécia e Roma, a 
História foi adquirindo 
espaço e credibilidade 
nas relações sociais e 
políticas.
Fonte: Fonte 02 e 03: 
História e Atualidade 
2013. Disponível em 
http://historiaeatualidade.
blogspot.com.br/2008/05/
tal-revoluo-francesa.html. 
Acesso em 31 mai. 2013.
►
AtividAde
Pesquise o que é de-
mocracia para o povo 
grego e o que significa 
democracia para as 
sociedades atuais. Após 
a realização da pesqui-
sa, poste no fórum o 
que aprendeu sobre o 
assunto.
Figura 4: Modelo de 
Assembleia democrática
Fonte: Webquests. Dis-
ponível em: <http://www.
eb23-monte-caparica.rcts.
pt/webquests/republica/ 
images/constituint1911_s_
inaug1.jpg>. Acesso em 31 
mai. 2013.
►
AtividAde
Pesquise quem foi He-
ródoto de Halicarnasso 
e Tucídides e poste no 
fórum de discussão 
para compartilhar as in-
formações encontradas.
13
História - Introdução ao Ensino de História
maioria dos estados ocidentais vivem sob uma “democracia representativa” em que, por meio de 
eleições, o povo se faz representado. A história da Grécia, portanto, permite-nos pensar a nossa 
própria história.
Os gregos foram os primeiros a tratar a história como objeto de pesquisa sistemática, se-
parando as lendas dos fatos. Heródoto de Halicarnasso (484-425 a.C.), conhecido como o “pai 
da história”, relatou as guerras Greco-pérsicas. Ele também se preocupou em conhecer os povos 
cujas histórias contava, visitando o Egito, a Península Itálica e a Ásia Menor.
Outro historiador, Tucídides (460-400 a.C.), pode ser considerado o criador da história objeti-
va, escrevendo a famosa obra “História da Guerra do Peloponeso”.
Durante séculos, portanto, a história foi se constituindo como importante instrumento da 
compreensão e constituição das sociedades ocidentais. Perceba que são nessas sociedades que 
você se encontra, o que nos leva a crer, que essa história construiu parte do mundo em que você 
vive.
A escrita da história na Idade Antiga, como vimos, nasceu com os gregos, que a sistemati-
zou, apresentando uma concepção em que o homem está no centro das narrações. Os fatos des-
critos contam a história do homem da antiguidade com o intuito de mostrar, numa perspectiva 
moral, por meio dos heróis e pragmática, como é possível aprender com o passado.
No mundo medieval, a história esteve, por longos dez séculos, sob controle do monopólio 
da Igreja Católica. Por meio de uma cultura teocêntrica, quase todas as explicações sociais, po-
líticas, econômicas e culturais eram dadas pela igreja. Deus era a fonte de explicação de todo o 
cotidiano e a Ele eram atribuídos todos os fenômenos racionais, físicos e sociais. A história nesse 
período possui uma dimensão filosófica, pois a sua referência é o cristianismo. Sendo assim, a 
história se apresenta com caráter universal, cuja unidade se justifica a partir da ideia de unidade 
da Igreja e da expectativa de Jesus, o Salvador da Humanidade.
Dessa forma, a escrita da história na Idade Média terá outra configuração como os anais, as 
crônicas, as hagiografias e as narrações dos traslados de relíquias. A escrita da história se apre-
senta revelando a concepção de história e também do mundo em que vivem os homens dessa 
época.
Com o advento do mundo moderno, a razão e o homem se constituíram em princípios fun-
damentais para a explicação do mundo pós século XV. Se não era Deus o principal responsável 
por um fenômeno como a chuva, cabia ao homem procurar suas próprias razões, em reflexões 
mais ligadas ao cotidiano das pessoas do que ao mundo espiritual. O antropocentrismo passou a 
ser a chave de compreensão do mundo racional e moderno.
Para que essa nova concepção de mundo e, consequentemente, da história e da sua escrita 
se concretizasse, vimos vários movimentos acontecendo. Entre eles, podemos citar o Renascimen-
to, o Humanismo, a Reforma e a Contrarreforma, a Revolução Científica, o Iluminismo e a Ilustra-
ção, as Revoluções Burguesas, a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Industrial. 
Todos esses acontecimentos foram extremamente importantes e influenciaram todas as 
áreas de conhecimento, possibilitando-as se transformarem em ciência. A história é um exemplo 
desse processo. Com o Humanismo, veremos vários pensadores respaldarem a ênfase na razão 
e na ciência. Nesse sentido, citamos como exemplo, Lorenzo Valla (1407 a 1457), humanista que 
analisou o documento “Doação de Constantino” por meio de técnicas que lhe permitiu constatar 
◄ Figuras 5 e 6: Heródoto 
de Halicarnasso e a 
obra de Tucídides, 
“Historia de La guerra 
Del Peloponeso”.
Fonte: Disponível em: 
<http://fabiopestana-
ramos.blogspot.com.
br/2011/>; <https://www.
google.com.br/search? 
Falvaroherasgroh.blogs-
pot.com> . Acesso em: 18 
maio 2013.
AtividAde
Pesquise o que são 
anais, crônicas e ha-
giografias e registre no 
diário de bordo suas 
descobertas
PARA SABeR MAiS
Leia o livro: JANO, Jor-
dão. Crônicas medievais 
franciscanas: a expan-
são dos frades pela 
Europa. Porto Alegre: 
EDIPUCRS, 2008. Esse li-
vro aborda três crônicas 
mostrando oidealismo 
de Francisco de Assis, 
constituindo, de certo 
modo, o contra ponto 
às Crônicas de Viagem 
em que são apresenta-
das narrativas de frades 
enviados em missão ao 
Extremo Oriente.
GLOSSÁRiO
teocentrismo: a 
concepção segundo a 
qual Deus é o centro 
do universo, tudo foi 
criado por Ele, por Ele é 
dirigido, e não há outra 
razão além do desejo 
divino sobre a vontade 
humana. Contrapõe-se 
ao antropocentrismo, 
biocentrismo, huma-
nismo.
14
UAB/Unimontes - 1º Período
uma falsificação. A partir de Lorenzo Valla, há a necessidade de explicar uma história “verdadei-
ra”, que conta com documentos “verdadeiros”. O Iluminismo, no século XVIII, reforça a concepção 
científica e racional para analisar e explicar as coisas e os acontecimentos humanos. Dessa forma, 
no século XIX, o positivismo encontra um campo propício para pensar e escrever a história numa 
nova perspectiva.
No mundo em que você vive, você pauta as suas decisões impulsionado por questões de 
cunho espiritual ou racional? Por mais que a primeira opção ainda faça parte do seu dia a dia – 
em especial por vivermos em um país essencialmente católico – não podemos negar que a razão 
é elemento indispensável na compreensão do nosso mundo, o que confere ao historiador a ne-
cessidade da objetividade e do racionalismo no pensamento histórico.
1.3 A história como ciência a partir 
do século XIX
No século XIX, a história vai ganhar maturidade. É consenso entre os historiadores que, nes-
se período, a história adquire parte do seu referencial teórico-conceitual. O século XIX se estrutu-
rou a partir das ideias liberais pós-Revolução Francesa, e os princípios de liberalismo e nacionalis-
mo vão ser fundamentais para a formação e maturidade da história como ciência. Nesse século, 
o historiador, se respaldando em métodos científicos, será “juiz”, pois analisará os documentos 
verificando a sua veracidade, assim como Lorenzo Valla havia se pronunciado no século XV.A Crí-
tica Interna e a crítica Externa constituirão procedimentos para qualquer historiador, dessa época 
Figura 7: A Igreja 
Católica estabeleceu 
durante séculos 
o monopólio do 
conhecimento e da 
cultura, submetendo a 
História ao “olhar” do 
clero.
Fonte: Catolicismo Apos-
tólico Romano. Disponível 
em: < http://luisafray.
galeon.com/luisa/VATI-
CANO_PORTADA.jpg >. 
Acesso em 31 mai. 2013.
►
diCA
Para ampliar seus 
conhecimentos visite 
o site: http://francis-
cotrindade.blogspot.
com.br/2005/11/histria-
-cincia-nova-verdade-
-crtica.html que trata 
sobre Lorenzo Valla e a 
trajetória da História.
diCA
Retome o Caderno 
Didático de História 
Moderna e relembre os 
seguintes movimentos 
e sua repercussão na 
sociedade: Renasci-
mento, a Reforma e a 
Contrarreforma, a Re-
volução Científica, o Ilu-
minismo e a Ilustração, 
as Revoluções Burgue-
sas, a Independência 
dos Estados Unidos e a 
Revolução Industrial.
GLOSSÁRiO
Antropocentrismo: 
Diz-se de teoria que 
tem o homem como re-
ferencial único ou que 
interpreta o Universo 
em termos de valores, 
feitos e experiências 
humanas.
15
História - Introdução ao Ensino de História
até nossos dias. De acordo com Guy Bourdé e Hervé Martin (1983), a Crítica Externa consiste no 
historiador indagar em relação às seguintes questões: 
a. crítica da restauração:características originais e indícios de restauração e intervenção.
b. crítica da autoria:onde viveu o autor; momento e circunstância que se encontrava no mo-
mento da escrita do documento.
c. crítica da procedência:as informações que compõem o documento constituem-se de co-
nhecimento direto ou indireto e de como se deu.
A Crítica Interna parte do princípio do conteúdo do documento, assim como a 
Hermenêutica,a sua interpretação, que demanda atentar para:
a. O que está dito no documento.
b. Considerar o lugar e a época em que o documento foi escrito.
 
É nesse contexto, portanto, que a História recebe parte da sua cientificidade, estruturando a 
sua importância na sociedade e o papel do historiador como agente transformador.
O método histórico tornou-se guia e modelo das outras ciências humanas. Os 
historiadores adquirem prestígio intelectual e social, pois tinham finalmente 
estruturado seu conhecimento sobre bases empíricas positivas. Aqui se deu o 
nascimento de uma nova consciência histórica: a que enfatiza as “diferenças 
humanas no tempo”. [...] Como conhecimento das diferenças humanas, a his-
tória científica dará ênfase ao evento: irrepetível, singular, individual, com seu 
valor intrínseco, único (REIS, 2006, p. 8).
Nos últimos 150 anos, a história, portanto, transformou-se em uma disciplina, a partir de 
uma concepção racional e iluminista sobre o mundo. Esse mundo é consequência do ambiente 
que se formou pós-Revolução Francesa, e das ideias liberais típicas desse contexto.
No final do século XVIII, a França revolucionou o mundo derrubando definitivamente o an-
tigo regime. O Iluminismo permitiu novas concepções sobre o mundo e sobre o homem, a partir 
dos ideais de “liberdade, igualdade e fraternidade”.
◄ Figuras 8 e 9: 
Historiadores 
pesquisando 
documentos em 
arquivos
Fonte: Disponível em 
<http://jqmf.blog.uol.com.
br/; htmlhttp://cemiiserj.
blogspot.com>. Acesso em 
18 mai. 2013.
AtividAde
Pesquise sobre Her-
menêutica e poste no 
fórum de discussão 
com o intuito de par-
tilhar as informações 
encontradas.
AtividAde
Pesquise por que a 
França é considerada 
o centro irradiador do 
pensamento cultural e 
liberal do mundo con-
temporâneo. Poste no 
fórum sobre o assunto.
16
UAB/Unimontes - 1º Período
Você sabia que nem todos os homens ligados às ciências humanas e sociais consideram a 
história uma ciência? Existe um debate intenso sobre a cientificidade da história. Historiadores 
franceses, ingleses, alemães e mesmo brasileiros vêm, nas últimas décadas, debatendo sobre 
essa questão. Marc Bloch, um dos maiores historiadores das últimas décadas, diz: A história é 
uma ciência, mas uma ciência que tem como uma de suas características o fato de ser poética, 
pois não pode ser reduzida a abstrações, a leis e a estruturas.
O positivismo, nesse sentido, permitiu à história adquirir parte da sua conotação científica, 
estruturando as suas primeiras bases metodológicas. A transição entre o século XIX e o século XX 
foi ainda mais produtiva.
O homem é filho do seu tempo, o que determina o olhar do historiador sobre o mundo. A 
história é busca, portanto, escolha. Seu objeto não é o passado: “a própria noção, segundo a qual 
o passado como tal possa ser objeto de ciência é absurda”. Seu objeto é “o homem”, ou melhor, 
“os homens”, e mais precisamente “homens no tempo” (Bloch, 2001, p. 24).
As primeiras décadas do século XX foram marcadas por guerras, e o homem passou a enten-
der o seu mundo a partir de uma nova concepção de tempo, própria do século XX.
▲
Figuras 10 e 11: 
Momentos da 
Revolução Francesa
Fonte: Enciclopedia. 
Disponível em: http://
www.enciclopedia.com.
pt/readarticle.php?article_
id=740http://www.
historiadomundo.com.
br/francesa/revolucao-
-francesa/>. Acesso em 18 
mai. 2013.
PARA SABeR MAiS
Na transição entre o 
século XIX e XX, eclodiu 
a primeira guerra mun-
dial. Você sabia que a 
história também passa-
ria por intensas trans-
formações? para saber 
mais sobre o assunto 
busque informações 
em sítios eletrônico.
Figura 12: Campo de 
batalha da Primeira 
Guerra Mundial.
Fonte: Fórum Portabi-
lidade. Disponível em: 
< http://2.bp.blogspot.
com/-4gSqzZEvMWg/
UHrgX4wb7jI/
AAAAAAAAAaM/-
-zDf0Go7fVI/s320/1%C2
%AA+G.+Mundial+ING
Laterra.jpghttp://forum.
portaltibia.com.br/index.
php>. Acesso em 18 mai. 
2013.
►
17
História - Introdução ao Ensino de História
1.4 A história:do século XX ao 
século XXI
No século passado, a história foi escrita e reescrita a partir de várias concepções. Os histo-
riadores se viram diante de inúmeras abordagens históricas, o que permitiu um discurso cada 
vez mais aprimorado de sua ciência. A França teve um papel fundamental nesse processo, pois 
a partir da famosa Escola dos Annales possibilitou uma revolução na historiografia. Marc Bloch, 
autor já familiar no nosso curso, foi um dos principais nomes dessa corrente historiográfica. Marc 
Bloch, Lucien Febvre e Fernand Braudel são referências obrigatórias para o estudo da história no 
século XX.
Entre as principais ideias desses historiadores estão:
•	 a substituição da tradicional narrativa de acontecimentos por uma história-problema;
•	 a análise da história de todas as atividades humanas e não apenas história política; 
•	 a colaboração e aproximação com outras disciplinas, tais como a geografia, a sociologia, a 
psicologia, a economia, e tantas outras.
Esses historiadores fizeram uma releitura da história como ciência, inclusive com forte crítica 
à escola positivista do século XIX. O que esses historiadores estão propondo, na verdade, é uma 
história “nova”, que repense o papel do homem na sociedade, na primeira metade do século XX. 
Pouca a pouco, os annales converteram-se no centro de uma escola histórica. Foi entre 1930 e 
1940 que Febvre escreveu a maioria de seus ataques aos especialistas canhestros e empiricistas, 
além de seus manifestos e programas em defesa de “um novo tipo de história” associado aos an-
nales – postulando por pesquisa interdisciplinar, por uma história voltada para problemas, por 
uma história da sensibilidade, etc. (BURKE, 1997, p. 38).
Assim como a historiografia francesa, outros grandes centros intelectuais foram se desta-
cando, tendo como exemplo a Inglaterra. A Inglaterra, com historiadores como Edward Palmer 
Thompson, Eric Hobsbawm e Christopher Hill, por meio das leituras marxistas, irão propor pensar 
e escrever história tendo como pressupostos o materialismo histórico, assim como analisando e 
explicando o homem como ser total. O determinismo econômico, campo proeminente de de-
bates marxistas, são revistos, colocando a cultura como possibilidade para compreensão do ho-
mem na sociedade. Hoje, a Escola Britânica, assim como a Escola dos Annales, produz trabalhos 
historiográficos e agregam profissionais que trilham as perspectivas e concepções próprias de 
cada uma. 
Figura 13: Eric Hobsbawm
Fonte: Blogfolha. Disponível em: http://gera-
caox2.com.br/wp-content/uploads/2012/10/O-
-historiador-Eric-Hobsbawm-size-598.bmp. 
Acesso em: 30 maio 2013.
Figura 14: Edward Palmer Thompson
Fonte: Blogfolha. Disponível em: http://fatosocio-
logico.blogspot.com.br/2010/07/thompson. Acesso 
em: 30 maio 2013.
Figura 15: Christopher Hill.
Fonte: Blogfolha. Disponível em: http://
www.wantchinatimes.com/news-subclass-
-cnt.>. Acesso em: 30 maio 2013.
França e Inglaterra propunham novos formatos para se pensar a história, mas o mundo está 
se transformando após meados do século XX e, dessa forma, veremos emergindo grupos apre-
sentando novas metodologias e modos de aliança entre fonte, teoria e conceito para a historio-
grafia. Na Itália, teremos um grupo de historiadores, que também por meio da Revista Quademi 
Stori, publicam trabalhos inovadores da História Social, enfocando a Micro-história. Giovanni Levi 
e Carlo Ginzburg são os propulsores dessa nova perspectiva historiográfica.
diCA
Sugestões de leitu-
ras: Reis, José Carlos. 
História e Teoria, FGV 
2006. Fontana, Josep. 
História: análise do pas-
sado e projeto social, 
Edusque, 1998.
AtividAde
Pesquise na internet 
um pouco da biografia 
dos três grandes nomes 
da Escola dos Annales: 
Marc Bloch, Lucien Feb-
vre e Fernande Braudel 
e registre no seu diário 
de bordo.
diCA
Procure informações 
na internet sobre esses 
autores e leia os livros 
de Eric Hobsbawm 
(Sobre História; Era 
das Revoluções; Era 
dos Impérios; Era dos 
Extremos); de Edward 
Palmer Thompson 
(Costumes em Comum 
e Senhores e caçado-
res); e de Christopher 
Hill (Os Eleitos de Deus 
e O Mundo de Ponta-
-cabeça).
18
UAB/Unimontes - 1º Período
No Brasil, o avanço da historiografia também se fez sentir, permitindo um aprimoramento 
no ensino e na pesquisa da história. Contudo, foram nas últimas décadas que a história teve os 
seus avanços mais significativos.
Com a queda do Muro de Berlim e tantos outros eventos no final do século XX, a História 
como ciência, passou por inúmeras transformações, sendo necessário “revolucionar” o seu ensi-
no. Com a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética, o mundo se viu diante de novos 
desafios. Tais mudanças também atingiram o historiador. Será que ser historiador hoje requer as 
mesmas estratégias e metodologias que existiam no século XIX? O que você acha que significa 
“ser historiador” e “ensinar história” no mundo de hoje?
 
1.5 A história hoje: ensino
Nas últimas décadas, a história passou por intensas transformações. Novas fontes, novas 
metodologias e novas abordagens passaram a fazer parte do referencial teórico do historiador. A 
história passou por uma “revolução”.
É evidente, portanto, que o historiador das últimas décadas se veja diante de novos desafios 
e, por isso mesmo, o ensino de história também deve ser repensado. Mas, quais são essas novida-
des? Um exemplo são as novas fontes da história.
Você sabia que um filme, uma música, ou mesmo um jogo de videogame são, hoje, objetos 
de estudo da história? Você sabia que a mídia tem, hoje, uma importante função no trabalho do 
historiador? Tudo isso reflete que os tempos de hoje são outros e, evidentemente, as leituras pre-
cisam se adaptar a essa nova realidade. Essas novas fontes podem oferecer uma enorme contri-
buição no ensino da história.
▲
Figura 16: Giovanni Levi 
Fonte: Minaloto. Disponí-
vel em: <http://minaloto.
org/index.php?option; 
Acesso em: 30 mai. 2013.
▲
Figura 17: Carlo 
Ginzburg
Fonte: Minaloto. <http://
teoriasemetodologias-
dahistoria.blogspot.com.
br>. Acesso em: 30 mai. 
2013.
AtividAde
Pesquisa na internet 
sobre a Escola dos An-
nales, a Escola Britânica 
Marxista e a Escola Ita-
liana e poste no fórum 
com o objetivo de par-
tilhar as informações 
acerca das possibilida-
des da historiografia 
nos nossos dias.
Figura 18: Queda do 
Muro de Berlim
Fonte: Nacionalismo de 
Futuro. Disponível em: 
<http://nacionalismo-de-
-futuro.blogspot.com/ 
2004/04/o-declnio-da-
-europa-e-ideologia_16.
html>. Acesso em: 30 
mai. 2013.
►
19
História - Introdução ao Ensino de História
▲ ▲
Figura 19: Cartazes de obras cinematográficas
Fonte: Minefpp. Disponível em <http://minefpp.blogspot.
com/2007/03/cinema-corrompido.htmlhttp://filmes_
portugueses.blogs.sapo.pt/30159.html Acesso em 
30 mai. 2013.
Figura 20: Cartazes de obras 
cinematográficas 
Fonte: Minefpp. Disponível em <http://minefpp.
blogspot.com/2007/03/cinema-corrompido.htm-
lhttp://filmes_portugueses.blogs.sapo.pt/30159.
html Acesso em 30 mai. 2013.
Atualmente, recursos audiovisuais, como os filmes, por exemplo, são importantes ferramen-
tas no processo de ensino. A História é um recurso muito utilizado pelos diretores. Os filmes for-
necem importantes impressões sobre sociedades do passado e do presente.
As novas abordagens historiográficas possibilitam novos campos para debates. Os historia-
dores e os professores de história podem trabalhar com temáticas antes impensadas nas salas 
de aula ou fora dela. A música, motor propulsor do conhecimento e da sensibilidade humana, 
levada para as aulas de história dão dinamismo e propiciam interação com o mundo que rodeia 
o aluno e o professor. Abaixo: temos a música de Renato Russo, denominada “Duas Tribos”:
BOX 1
Vou passar / Quero verVolta aqui / Vem você 
Como foi / Nem sentiu
Se era falso / Ou fevereiro 
Temos paz / temos tempo 
Chegou a hora / E agora é aqui.
Cortaram meus braços / Cortaram minhas mãos 
Cortaram minhas pernas / Num dia de verão 
Num dia de verão / Num dia de verão
Podia ser meu pai / Podia ser meu irmão 
Não se esqueça / Temos sorte
E agora é aqui / Quando querem transformar 
Dignidade em doença / Quando querem transformar 
Inteligência em traição / Quando querem transformar
Estupidez em recompensa / Quando querem transformar
Esperança em maldição: / É o bem contra o mal 
E você de que lado está? / Estou do la...do do bem 
E você de que lado está? / Estou do la...do do bem. 
Com a luz e com os anjos / Mataram um menino
Tinha arma de verdade / Tinha arma nenhuma 
Tinha arma de brinquedo / Eu tenho autorama
Eu tenho Hanna-Barbera / Eu tenho pêra, uva e maçã 
Eu tenho Guanabara / E modelos revell
O Brasil é o país do futuro / O Brasil é o país do futuro 
O Brasil é o país do futuro / O Brasil é o país
Em toda e qualquer situação / Eu quero tudo pra cima/Pra cima
Fonte: <http://www.musica.com/letras.asp?letra=1080692>.
20
UAB/Unimontes - 1º Período
A responsabilidade do professor de história é estar atento a esses 
novos desafios, bem como às dificuldades de utilizá-los. Para tal, não 
devemos nos esquecer que isso requer metodologias. Essas metodolo-
gias são fundamentais para a construção do conhecimento histórico.
A música colocada acima é um exemplo que deve ser instrumen-
to do historiador. A música retrata o momento da Ditadura Militar, a 
violência do regime por meio da tortura e a ideologia dos militares 
que acreditavam estar transformando o Brasil no “país do futuro”.
A letra da música é altamente reveladora, mas não é suficiente 
para explicá-la. O historiador deve estar atento a outros indícios que 
não são claramente revelados, como o ritmo e sonoridade da música, 
bem como o momento e o contexto em que ela foi escrita, além de se 
pesquisar a história da banda ou dos compositores que a escreveram. 
Isso tudo revela que, sem metodologias e sem uma boa qualificação 
profissional, fica impossível trabalhar tais fontes.
Dessa forma, a partir das informações acima e com a intenção de 
provocar, vamos pensar: o que mais podemos refletir a partir dessa mú-
sica de Renato Russo? O que ele nos diz que se relaciona com a história, 
ou seja, com as vivências humanas? É possível o professor de História 
trabalhar com essa música ou outras em sala de aula? O historiador 
pode pensar músicas como fontes de sua pesquisa? Indagações para 
refletirmos nessa disciplina que nos introduz no campo da História.
Várias bandas de Rock e inúmeros compositores das décadas de 
1980-1990 escreveram músicas que até hoje são símbolos de resistên-
cia, ou mesmo canções que representam grandes eventos históricos.
Na sala de aula, essas mídias e essas novas fontes são hoje refe-
rências obrigatórias do historiador. Além disso, o uso dessas fontes no 
cotidiano da sala de aula permite aproximar os alunos de suas pró-
prias realidades, aproximando-os da própria história. Quantos profes-
sores já não ouviram a velha pergunta de um aluno: “Afinal, para que 
serve a história?”
Marc Bloch, um dos fundadores da Escola dos Annales, colocou esta questão em seu ma-
gistral “Apologia da História ou o Ofício de Historiador”. Em sua obra, o autor reafirma a impor-
tância da história para a sociedade. Para ele, tal questão nos coloca diante da necessidade de 
legitimar a história. Você conseguiria responder essa pergunta p? 
Para Marc Bloch:
A história não apenas é uma ciência em marcha. É também uma ciência na in-
fância: como todas aquelas que têm por objeto o espírito humano, esse tem-
porão no campo do conhecimento racional. Ou, para dizer melhor, velha sob 
a forma embrionária da narrativa, de há muito apinhada de ficções, há mais 
tempo ainda coloca aos acontecimentos mais imediatamente apreensíveis, ela 
permanece, como empreendimento racional de análise jovem. Tem dificulda-
des para penetrar, enfim, no subterrâneo dos fatos de superfície, para rejeitar, 
depois das seduções da lenda ou da retórica, os venenos, atualmente mais pe-
rigosos, da rotina erudita e do empirismo, disfarçados em senso comum. Ela 
ainda não ultrapassou, quanto a alguns dos problemas essências de seu méto-
do, os primeiros passos. (BLOCH, 2001, p. 47).
▲
Figuras 21 e 22: Capa 
de obras musicais 
brasileiras
Fonte: Jukeboxbr. 
Disponível em: <http://
jukeboxbr.blogspot.
com/2007_11_01_archive.
htmlhttp://www.geocities.
com/zelak_2000/enge-
nheiros/disco/capa_fil-
mes.jpg>. Acesso em 30 
mai. 2013.
AtividAde
 Pesquise instrumentos 
da mídia, como filmes 
e músicas, que podem 
ser importantes para o 
ensino da história e dis-
cuta com seus colegas 
no fórum.
21
História - Introdução ao Ensino de História
Para o profissional da história, especificamente o professor, as possibilidades de fontes para 
se levar para a sala de aula e possibilitar os alunos o contato com elas são infindáveis. Vejamos 
um exemplo de como um texto, facilmente encontrado nos meios de comunicação, pode ser im-
portante referência no trabalho do professor de história. No ano de 1954, um dos maiores presi-
dentes da república brasileira suicidou-se com um tiro no peito. Getúlio Vargas, depois de vários 
anos como presidente do Brasil, resolvia “dar a sua vida para entrar na história”. A sua carta-tes-
tamento é um exemplo de como um bom profissional da história pode tornar atraente o evento 
que se passara naquele agosto de 1954. Reproduzimos a carta na íntegra, para que você tenha 
uma noção da importância do texto:
BOX 2
Carta testamento
Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se 
desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me 
dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu 
não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo 
o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos eco-
nômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o traba-
lho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo 
nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos 
nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários 
foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os 
ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petro-
brás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstacu-
lada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja 
independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do 
trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações 
de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dó-
lares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender 
seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos 
obrigados a ceder. 
◄ Figura 23: Professor de 
história
Fonte: Darozhistoria-
militar. Disponível em: 
<http://darozhistoria-
militar.blogspot.com.
br/2010/10/homenagem-
-dia-dos-professores>. 
Acesso em: 30 maio 2013.
22
UAB/Unimontes - 1º Período
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, in-
cessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para 
defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não sermeu 
sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o 
povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre 
convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a 
fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. 
Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos 
manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será 
uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao 
ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha 
vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui 
escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e 
meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a 
espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram 
meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serena-
mente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História. 
(Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas).
Fonte: Ebooksbrasil. Disponível em<http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/cartatestamento.html>. Acesso 19 jun. 2013.
Como podemos observar, Vargas lança mão de inúmeras informações sobre o Brasil 
e o mundo em meados do século XX. Sua história pessoal é abordada no texto, associada 
às dificuldades que o país enfrentava, em especial devido à difícil relação com os Estados 
Unidos da América.
Além disso, uma forte dose emocional é notável no seu testamento, tratando-se, 
portanto, de um texto com clara intenção: comover e chamar a atenção para o momento 
político que o país atravessava na sua política interna e internacional.
Quais as questões que você, como historiador, pode fazer a essa fonte? Como um 
aluno pode compreender o Brasil da época e o Brasil de hoje a partir dessa carta-testa-
mento? Seria possível relacionar a postura de Getúlio à alguns políticos da atualidade?
Essas questões só encontram respostas a partir de reflexões no cotidiano da sala 
de aula, exigindo do professor habilidade para lidar com as diferentes posições sobre o 
tema. Mesmo assim, uma questão é indiscutível: um historiador consciente do seu papel 
em sala de aula, ao trabalhar essa fonte, se verá diante de inúmeras possibilidades.
Não apenas a carta-testamento de Getúlio Vargas, mas toda a sua trajetória política 
pode ser uma importante fonte para o professor de História no ensino da história republi-
cana brasileira.
Figura 24: Getúlio 
Vargas foi, talvez, o 
principal representante 
da história republicana 
brasileira, e legou 
importantes fontes 
para a História do Brasil.
Fonte: Geocities. Dis-
ponível em: <http://4.
bp.blogspot.com/-
-3crUUW8LEV4/
Ubla2UonyEI/
AAAAAAAACdg/55
VUjJ9YCCE/s1600/200px-
-Get%C3%BAlio_Vargas
_-_retrato_oficial_
de_1930.JPGwww.
br.geocities.com/.../
fotos/Getul-a.gif>. 
Acesso 19 jun. 2013.
▼
Figuras 25 e 26: 
Velório do Presidente 
Getúlio Vargas e 
jornal noticiando a 
sua morte.
Fonte: Disponível em: 
<http://www1.folha.
uol.com.br/folha/es-
pecial/2002/ eleicoes/
historia-1951.shtml>; 
<http://www.etno.com.
br/tags/morte/>. Acesso 
em: 30 maio 2013.
►
23
História - Introdução ao Ensino de História
1.6 A “história nova”: pesquisa e 
função social
Franceses e ingleses foram os principais responsáveis pelas inúmeras mudanças da ciência 
história, nas últimas décadas. Com essas mudanças, o ensino de história se modernizou, fruto de 
pesquisas cada vez mais qualificadas.
Se as pesquisas permitiram um avanço da produção histórica, por que o professor não deve 
levar a prática da pesquisa para o ensino? Hoje é imprescindível que a pesquisa faça parte do 
cotidiano da sala de aula. Ser espectador do processo de ensino-aprendizagem não é mais sufi-
ciente. A disciplina história exige que o aluno participe da construção das reflexões feitas na sala 
de aula para que, futuramente, participe também da construção de sua cidadania.
Como dissemos, as atuais formas de se fazer história permitem uma ampliação do papel do 
historiador e das fontes.
A história nova ampliou o campo do documento histórico; ela substituiu uma 
história fundada essencialmente nos textos, no documento escrito, por uma 
história baseada numa multiplicidade de documentos (...). Uma estatística, uma 
curva de preços, uma fotografia, um filme, são, para a história nova, documen-
tos de primeira ordem (LE GOFF, 1998, p. 28).
Levantar uma problematização em sala de aula requer do professor de história uma enorme 
habilidade em pesquisa, isto é, ser historiador. Mas, a pergunta que fizemos anteriormente per-
manece: “Afinal, para que serve a história?” Vamos, portanto, aumentar o nosso desafio com duas 
novas questões: “Afinal, para que serve o ensino de história?” e, “Afinal, como ensinar história?”. A 
resposta a essas perguntas parece ainda mais simples: história tem uma função social.
Encontramo-nos em um momento em que o capitalismo se acha numa crise estrutural. Suas 
promessas de progresso e felicidade para todos não apenas não se cumpriram como também 
descobrimos que são irrealizáveis. O que devemos fazer é começar a construir, ao mesmo tempo, 
uma nova história e um novo projeto social, para que questões como democracia e bem-estar 
social possam se tornar realidade.
O atraso social e político da América Central, a fome e as misérias da África, as tensões do 
Oriente Médio, enfim, o mundo só será compreendido e transformado quando descobrirmos a 
função social da história, bem como a função das demais ciências sociais.
A fome e a miséria do mundo nunca serão realmente encaradas com responsabilidade se 
não descobrirmos que a história – como tantas outras ciências – deve cumprir uma função social 
e resolver os problemas das sociedades que dela necessitam.
AtividAde
Existe diferença entre 
ser um bom professor 
de história e um bom 
pesquisador em histó-
ria? Vamos levar essa 
discussão para o fórum.
AtividAde
Procure se informar 
com os professores de 
história da sua cidade 
como eles estão traba-
lhando a disciplina na 
sala de aula e quais as 
novas metodologias 
adotadas para possi-
bilitar a apreensão do 
conteúdo. Poste no 
fóruns com a finalidade 
de dividir a suas infor-
mações com o colega, 
o tutor e o professor 
formador. 
◄ Figuras 27 e 28: A 
relação professor-
aluno deve permitir a 
interação na construção 
do conhecimento.
Fonte: Imagem Ufrj. Dis-
ponível em: http://www.
imagem.ufrj.br/index.
php?acao=detalhar_
imagem&id_img>; <http://
www.igeduca.com.br/CF//
misc/vicios/manual.htm>. 
Acesso em: 30 maio 2013.
diCA
Leia o livro de Le Goff, 
Jacques. A história 
nova. São Paulo: Mar-
tins Fontes, 1988. Para 
um maior enriqueci-
mento sobre o assunto.
24
UAB/Unimontes - 1º Período
Os homens do presente precisam encontrar um sentido para o fato de compreender o pas-
sado. Os grandes eventos da história não aconteceram de repente. Eles fizeram parte da vida da 
maioria dos cidadãos que viveram tais eventos. Nem sempre a história é reivindicada pela socie-
dade. Entretanto, é na sua própria história que cada sociedade legitima as suas ações. Em meio à 
tecnologia implacável do século XXI, o historiador e o professor de história não devem perder de 
vista sua função na sociedade: informar ao homem sobre o mundo em que ele vive, a fim de con-
tribuir na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Referências 
BOURDÉ, Guy e MARTIN, Hervé. As escolas históricas. Portugal: Publicações Europa – América, 
1983.
BLOCH, Marc. Apologia da Históriaou o Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Edi-
tor, 2001.
BURKE, Peter. A escola dos Annales (1929-1989). São Paulo: UNESP, 1997.
FONTANA, Josep. História: análise do passado e projeto social. Bauru, SP: EDUSC, 1998.
LE GOFF, Jacques. A História nova. São Paulo: Martins Fontes, 1988. 
REIS, José Carlos. A história entre a filosofia e a ciência. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
REIS, José Carlos. História e teoria: Historicismo, modernidade, temporalidade e verdade. Rio 
de Janeiro: FGV, 2006.
Figuras 29 e 30: Cenas 
do cotidiano em África 
e Ìndia.
Fonte: Planeta Educação. 
Disponível em: <http://
www.planetaeducacao.
com.br/novo/artigo.
asp?artigo=642>. Acesso 
em 10 jun. 2013.
►
25
História - Introdução ao Ensino de História
UnidAde 2
História: relações entre passado 
e presente e a produção do 
conhecimento histórico
2.1 Introdução
Você deve ter observado, na Unidade 1, que o principal objetivo foi analisar a evolução pela 
qual a história passou nos últimos séculos. Desde a antiguidade, em especial pelo pensamento 
grego, passando pela Idade Média, onde o mundo teocêntrico dominou o cotidiano do homem, 
a história passou por intensa transformação.
No século XIX, como vimos, a história absorveu princípios de ciência e, no século posterior, 
passou a ser analisada sob diversas formas. Nos dias atuais, a história se transformou em uma 
ciência complexa, contribuindo na formação da nossa sociedade. Novas abordagens e novas me-
todologias permitem ao historiador aproximar a história e o ensino de História da realidade do 
seu público. Nossa proposta, portanto, foi avaliar como se deu essa evolução.
Nessa segunda unidade, vamos analisar como a história permite estabelecer um diálogo 
entre o tempo do passado e o tempo do presente. Na verdade, é impossível conceber a análise 
histórica e o próprio ensino de História sem entender o diálogo fundamental entre passado e 
presente.
Propomos, ainda, exemplificar como se dá a produção do conhecimento histórico, identifi-
cando os principais elementos que o professor de História deve levar em conta na produção das 
suas aulas e das suas pesquisas. Você já deve ter notado que ser professor de história é, também, 
ser um bom pesquisador, não é mesmo?
Antes, porém, faremos uma breve análise sobre as transformações que o ensino de História 
sofreu no Brasil no último século.
Esta unidade está dividida nos seguintes tópicos:
2.1 A História do ensino de História no Brasil;
2.2 Passado e presente: imagens construindo a história;
2.3 Ensino de História: do Positivismo ao Marxismo;
2.4 A produção do conhecimento histórico e o ensino de História;
2.4.1 O tempo;
2.4.2 Os homens; 
2.4.3 A obsessão pelas origens.
2.2 A história do ensino 
de história no Brasil
Estudar a história do ensino é tarefa das mais importantes para 
compreender o papel da educação e a tarefa do educador na sociedade. 
A História como disciplina escolar é fundamental no funcionamento das 
escolas primárias e secundárias.
A partir da década de 1970, vários trabalhos foram produzidos ten-
do como tema “a história do ensino de História”.
Figura 31: Estudar 
história é viajar
Fonte: Educador Brasil 
Escola. Disponível em: 
<http://educador.brasi-
lescola.com/estrategias-
-ensino/>. Acesso em: 30 
maio 2013.
▼
26
UAB/Unimontes - 1º Período
Esses autores enfocaram aspectos de grande importância para a compreen-
são da consolidação da História como disciplina escolar e de seu ensino como 
questão política relevante. O “caso” francês tornou-se exemplar ao deixar cla-
ras as vinculações entre o fortalecimento do estado- nação, a construção e a 
consolidação de uma identidade nacional coletiva, a afirmação nacional peran-
te outras nações, a legitimação de poderes constituídos e a história enquanto 
conhecimento social e culturalmente produzido e seu ensino nas escolas. As 
funções do ensino de história, as possibilidades de acentuação de funções mo-
rais e políticas para ele, as disputas pela memória nacional, sempre associadas 
à história da nação, foram alguns dos aspectos analisados por estudos dessa 
natureza. (FONSECA, 2004, p. 26).
Em países de primeiro mundo – como a 
França e a Inglaterra – a história é tratada com 
enorme responsabilidade pelo Estado e pela 
sociedade. São países que vinculam a cons-
trução do seu estado nacional ao seu passado 
histórico.
Hoje existem estudos significativos que 
privilegiam as práticas escolares no ensino de 
História, apesar de verificarmos a dificuldade 
do professor de História em entender o seu 
papel como pesquisador. Tanto profissionais 
da área de História como de Educação pesqui-
sam acerca da História da Educação e, entre os 
objetos de estudo, encontram-se a disciplina 
de História. Esses trabalhos abordam o ensino 
de História no âmbito do ensino básico, funda-
mental, médio e superior. Pensar o ensino de 
História no Brasil é importante para nos perce-
bermos como cidadãos com direito à memó-
ria. A partir da produção desses trabalhos, o 
professor de História e, sobretudo as autorida-
des da educação pública e privada, deve aten-
tar para os resultados e, assim, verificar a atua-
ção dos profissionais da área e propor políticas 
públicas eficientes e eficazes.
O fato consiste em que a educação e, 
especificamente o ensino de História, por 
meio do seu papel social, apresenta a histó-
ria da humanidade e nos faz perceber como 
sujeitos sociais e não meros coadjuvantes. 
Para tanto, conforme tratamos anteriormen-
te, novas fontes, metodologias e abordagens 
tornam-se frequentes e imprescindíveis nas 
salas de aula.
Nesse sentido, a iconografia, isto é, o uso 
das imagens e ilustrações como fontes do en-
sino de História, ainda é pouco estudada e de-
batida pelos pesquisadores e professores de 
História, mas constitui um material importante 
para (re)leituras da nossa sociedade. Uma ima-
gem é, antes de tudo, uma representação so-
bre fatos e ideias do passado ou do presente. 
Por que os historiadores ainda não se preocu-
param da maneira devida com relação a essas 
fontes? Mais à frente, teremos a oportunidade 
de pensar um pouco sobre essas iconografias. 
Voltemos ao ensino de História.
Figuras 32 e 33: Cenas 
de educação em países 
da Europa
Fonte: Bonjour de France. 
Disponível em <http://
www.bonjourdefrance.
com/images/photo_ado.
jpg>; <http://www.
i3.photobucket.com/.../
educacao/Image5.jpg>. 
Acesso em 10 jun. 2013.
►
▲
Figuras 34 e 35: Políticas públicas educacionais: um 
direito de todos.
Fonte: Colégio Aristóteles. Disponível em: <http://cole-
gioaristoteles.com.br/lojavirtual/index>; <http://luzionli-
ne.com.br/noticia>. Acesso em: 30 maio 2013.
diCA
Leia esses artigos que 
nos ajudam a pensar 
o uso da fotografia em 
História:
CARDOSO, Heloísa 
Helena Pacheco. Me-
mórias e imagens: (re) 
pensando os significa-
dos do memorial JK. In: 
MACIEL, Laura Antunes 
et al. (Orgs.). Outras 
histórias: memórias e 
linguagens. São Paulo: 
Olho d’Água, 2006. p. 
177 - 193.
BRITES, Olga. Retratos 
de infância. Infância, 
história e fotografia: 
São Paulo nos anos de 
1930. In: Outras histó-
rias: memórias e lingua-
gens. MACIEL, Laura 
Antunes et al. (Orgs.) 
São Paulo: Olho d’Água, 
2006. p. 262 – 272.
27
História - Introdução ao Ensino de História
A fotografia, por exemplo, é uma ótima 
oportunidade que o professor de História 
possui para trabalhar na sala de aula. Contra-
por as vivências de tempos passados com os 
atuais mostra aos alunos como o homem se 
transforma no decorrer da sua trajetória. 
A história do ensino de História é um 
campo complexo, contendo caminhos que se 
cruzam e que vão além das formalidades dos 
programas curriculares, mesmo dos livros di-
dáticos escolares. Suas múltiplas relações com 
as váriasdimensões da sociedade, sua posição 
como instrumento científico, político, cultural, 
para diferentes grupos, indicam a riqueza de 
possibilidades para seu estudo e o quanto ain-
da há para investigar.
No Brasil, nos últimos dez anos, existem 
autores que se preocuparam em pesquisar 
sobre o ensino de História. Professores e pes-
quisadores se debruçam sobre temas ligados 
ao cotidiano da sala de aula e que merecem 
maior atenção dos professores e, principal-
mente, dos pesquisadores interessados. Para 
tanto, arquivos e bibliotecas são fundamentais 
na formação do professor de História.
Recorrer a órgãos de documentação para 
estudar história com os alunos é bastante salu-
tar, pois in loco, eles poderão perceber o clima 
dessas instituições na produção da historiogra-
fia e no estudo de história. Nesse sentido, levar 
os alunos a esses ambientes acrescentará na 
sua formação, assim como pode-se trabalhar 
também os comportamentos que se devem ter 
em lugares como estes. Na biblioteca, nos ar-
quivos e nos museus os professores de história 
terão a oportunidade de apresentar aos alunos 
os documentos na sua diversidade e possibili-
dades de estudo.
 
Em um espaço como esse (biblioteca, mu-
seu e arquivo) o profissional de história, no Bra-
sil, pode trabalhar temas como a Ditadura Mili-
tar, recorrente nas pesquisas de História, pois é 
muito ligado às experiências pessoais e ao coti-
diano da sociedade brasileira.
AtividAde 
Pesquise no acervo de 
sua família as fotogra-
fias, converse sobre elas 
e verifique os detalhes 
das antigas como 
vestuário, móveis, estilo 
de pose, lugares etc. 
Após a pesquisa, poste 
no fórum sobre o as-
sunto e partilhe o que 
aprendeu com o tutor e 
colegas de curso. 
◄ Figura 39: Museu 
Nacional do Rio de 
Janeiro 
Fonte: <http://vocede-
olhoemtudo.com.br/
sem-categoria/museu-na-
cional-do-rio-de-janeiro/> 
Acesso em: 30 maio 2013.
◄ Figura 40: Biblioteca 
Central da Unimontes
Fonte: <http://www.dzai.
com.br/>. Acesso em: 30 
maio 2013.
▲
Figuras 36 e 37 : Jovens na praia na década de 
[1950] e atualmente.
Fonte: Substantivo Plural. Disponível em: <http://www.
substantivoplural.com.br/fotos-antigas-de-pessoas-na-
-praia/>; <http://www.groupon.com.br/>. Acesso em: 30 
maio 2013.
◄ Figura 38: Arquivo 
Nacional
Fonte: Tudo Uberaba. Dis-
ponível em; <http://www.
tudouberaba.com.br/
servicos/arquivos> Acesso 
em: 30 maio 2013.
◄ Figura 41: Contestação 
à Ditadura Militar no 
Brasil
Fonte: Bonde News. Dis-
ponível em: <http://www.
bonde.com.br/imgsiste-
ma/bondenews/2008/06/
img.jpg>. Acesso em 10 
jun. 20133.
28
UAB/Unimontes - 1º Período
Ao tratar sobre ensino de história, é im-
possível não abordar o livro didático, que con-
tinua sendo o principal instrumento de ensino 
da maioria dos professores. Os livros didáticos 
permanecem como principal fonte para os 
professores de História em sala de aula,como 
principal referência de estudo para os alunos. 
Os próprios pesquisadores, quando decidem 
pesquisar sobre o ensino de História, ainda uti-
lizam o livro didático como principal referência. 
Você sabe da importância do livro didático? 
Você sabia que o livro didático é um material 
fortemente regulamentado pelo Estado? Como 
é possível, portanto, ao professor de História 
ensinar de maneira livre e independente, sem 
a influência direta da intencionalidade do livro 
didático? No entanto, sabemos que o professor 
de História é quem colabora na escolha do li-
vro didático da escola, mesmo que haja indica-
ções, tanto por parte das instituições públicas 
como privadas. Essa é uma responsabilidade 
que deve ser enfrentada pelo professor de his-
tória no âmbito escolar. Por isso, deve ser leva-
da a sério e, nesse momento, a seleção desse 
material constituirá numa concepção de histó-
ria realizada a partir do formato da historiogra-
fia que será estudada com os alunos.
Essas questões revelam mais um aspecto 
da complexidade de se pensar e de executar o 
papel de professor de História.
Na Unidade 1, recorremos à carta-testa-
mento de Getúlio Vargas para indicar a impor-
tância das fontes no ensino de História. Agora, 
recorreremos a fragmentos dela para refletir-
mos um pouco sobre a intencionalidade dos 
livros didáticos.
BOX 23
Carta testamento (fragmento)
Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se 
desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me 
dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu 
não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo 
o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econô-
micos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho 
de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos 
braços do [...] Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral 
inflacionária que destruía os valores do trabalho (...) Nada mais vos posso dar, a não ser meu 
sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo 
brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convos-
co. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado (...). Meu sacrifício 
vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será 
uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao 
ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha 
vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui 
escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e 
meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a 
espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram 
meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serena-
mente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História. 
(Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas).
Fonte: Ebooksbrasil. Disponível em: <http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/cartatestamento.html>. Acesso 19 jun. 
2013.
Figuras 42 e 43: Livro 
Didático
Fonte: Geográfia como 
Possibilidade. Disponível 
em: <http://cenfopgeo-
grafia.wordpress.com/
category/formacao/>; 
<http://itamarfo.blogs-
pot.com.br/2010/11/pes-
quisa-sobre-as-tematicas-
-indigenas.html>. Acesso 
em 30 maio 2013.
►
AtividAde
 Procure saber da 
existência de órgãos 
de documentação na 
sua cidade e escolha 
um deles para visita. 
Depois, poste no fórum 
sua experiência para 
que o tutor, professor 
formador e colegas 
possam interagir com 
você.
AtividAde
Pesquise na internet 
artigos e textos que 
reflitam sobre o ensino 
de História no Brasil. 
Ver sites sobre História 
e educação e história 
da educação. 
29
História - Introdução ao Ensino de História
Nem todos os professores sabem, mas os livros didáticos atendem não apenas a interesses 
escolares. Os livros são produzidos para serem comercializados e, nesse sentido, têm que atender 
a interesses de mercado. Além disso, o Estado tem um importante papel na reprodução e acei-
tação desses livros. Nada pode ser colocado em seus textos de forma a agredir os interesses da 
elite nacional. A carta de Getúlio é um exemplo. Da mesma forma, temos o golpe de 1964, mui-
tas vezes sendo apresentado de forma amena nos livros didáticos de história. Com sabemos, esse 
momento foi bastante conturbado na história do Brasil, que muitos querem e preferem esquecer, 
no entanto, a história são muitas e nãoúnica, possibilitando várias versões. A partir desses exem-
plos, os professores de história poderão listar vários outros assuntos que também são escritos de 
forma enviesada nos livros didáticos. O conhecimento e a sensibilidade do profissional da histó-
ria permitirão outras leituras desses acontecimentos.
Retomando a carta-testamento de Getúlio Vargas, quase todos os livros didáticos a repro-
duzem com clara intencionalidade. Revelar as habilidades do político brasileiro, a importância do 
homem na história e as relações sociais, políticas e econômicas com o mercado internacional são 
exemplos de algumas questões que são levantadas com o uso da carta. Trata-se de um texto in-
tencional e deve ser tratado como tal pelos historiadores.
A maioria dos trabalhos sobre ensino de História privilegia os programas curriculares e o li-
vro didático, procurando analisá-los na perspectiva da utilização do ensino de História pelo Es-
tado e pelas elites detentoras do poder. Assim, as principais fontes de pesquisa são os próprios 
programas curriculares e livros didáticos. Entretanto, ensinar História é um ofício bem mais inte-
ressante e complexo. 
Na Unidade 1, também apontamos a importância da função social da História. Para compre-
endê-la melhor, é importante que possamos refletir sobre a relação entre passado e presente na 
História. Então... Vamos lá!
◄ Figura 44: Brasil, país 
sem memória?
Fonte: Socialismo e Demo-
cracia. Disponível em: 
<http://zequinhabarreto.
org.br/wp-content/uplo-
ads/. Acesso em: 30 maio 
2013.
diCA
Quer saber mais sobre 
o assunto? Leia o 
livro de Itamar Freitas. 
Histórias do ensino de 
História no Brasil. São 
Cristóvão: Editora da 
UFS, 2010.
30
UAB/Unimontes - 1º Período
2.3 Passado e presente: imagens 
construindo a história
Você saberia estabelecer uma conexão entre as duas imagens ao lado? Aliás, você tem no-
ção da importância que as duas têm para a história?
Perceba que as duas imagens foram construídas em dois eventos de enorme grandiosidade 
nos últimos três séculos. A queda da Bastilha – evento símbolo da Revolução Francesa – é datada 
do final do século XVIII. O ataque ao World Trade Center, datado do ano de 2001, é uma das ima-
gens mais marcantes do nosso século. Mesmo distantes mais de duzentos anos, você duvidaria 
que essas imagens cumprem a mesma função para as sociedades de suas épocas? Ou melhor, 
será que elas não têm a mesma função para o professor de História e para o pesquisador? Pense-
mos um pouco.
A história da Revolução Francesa inaugurou a época contemporânea e ensinou para o mun-
do o significado das palavras “liberdade, igualdade e fraternidade”. A queda da Bastilha represen-
ta o fim de um antigo regime e o início de um mundo com ideais de cidadania e democracia. 
“Liberdade”. Uma palavra com um peso incalculável no nosso mundo.
No segundo caso, a queda das torres gêmeas também revelaria o início de um novo mundo. 
O ataque às torres representou um enorme desafio ao poder capitalista norte-americano. Após 
o 11 de setembro de 2001, o mundo passou a conviver com uma nova realidade: a presença do 
terrorismo e os questionamentos sobre o intocável poder dos Estados Unidos da América.
Figura 45: A Queda da 
Bastilha: símbolo do 
processo revolucionário 
francês (final do século 
XVIII)
Fonte: Jornalismo Educati-
vo. Disponível em: <http://
www.klickeducacao.com.
br/.../Ba/2766/1045.jpg>. 
Acesso em: 30 maio 2013.
►
AtividAde
Liberdade, igualdade e 
fraternidade: você acre-
dita nesses princípios 
para o seu cotidiano? 
Vamos refletir no fórum
31
História - Introdução ao Ensino de História
Essas duas imagens demonstram claramente o quanto passado e presente se confundem na 
percepção de análise do historiador. A impressão que se passa é que a história estaria se repetin-
do, 200 anos depois da Revolução Francesa. Mas, será que é tão simples assim?
Uma importante questão a levantar é o impacto que tais imagens provocaram em suas épo-
cas. No caso da queda da Bastilha, por mais que tal evento tenha sido de enorme importância, 
com certeza a imagem não teve uma exploração tão intensa quanto o caso das torres gêmeas. 
O evento de 11 de setembro de 2001 foi filmado sob diversos ângulos e analisado sob inúmeras 
perspectivas. Isso revela o quanto a mídia e os recursos audiovisuais são imprescindíveis para o 
historiador do século XXI.
▲
Figura 46: O Ataque ao 
World Trade Center: 
símbolo do terrorismo e 
da oposição ao Império 
dos EUA.
Fonte: Jornalismo Educati-
vo. Disponível em: <http://
www.klickeducacao.com.
br/.../Ba/2766/1045.jpg>. 
Acesso em: 30 maio 2013.
32
UAB/Unimontes - 1º Período
 
A exposição da mídia torna o presente uma importante arma para a reflexão do historiador. 
A história encontra sua razão de ser nos homens vivos, e não só no conhecimento do passado. 
Um dos aspectos mais importantes para se compreender “para que serve a História” é entender a 
importância que ela exerce no nosso dia a dia.
Estudamos História para conhecer e transformar a vida. Nossas angústias e interrogações 
são a força motriz que nos impulsiona a conhecer o passado e, daí, tentar identificar e analisar 
criticamente as condições do nosso presente.
O historiador Caio Boschi nos oferece uma importante reflexão sobre o passado e o presen-
te na História:
BOX 4
Passado e Presente na História
O passado e os mortos se constituem no objeto de nossos estudos, mas é das indagações e 
das perplexidades do presente que a História vai sendo (re)escrita e compreendida. É a partir do 
contexto em que nos situamos e do qual somos partícipes que construímos a nossa História.
Cuidando em não resvalarmos para a prática do anacronismo, é no questionamento do pas-
sado que buscamos detectar e delinear nossas identidades. Essas, por seu turno, obviamente, só 
se delineiam por contrastação, por antinomia. Vale dizer, o estudo da História objetiva captar e 
exprimir, predominantemente, nossas diferenças e não nossas afinidades.
Assim, o conhecimento do passado, não sendo em si mesmo a História, antes de iluminar o 
futuro, deve proporcionar aos homens viverem melhor o seu presente. Propiciar-nos referências 
para a constituição de uma almejada sociedade mais justa e solidária.
Refletindo dessa maneira, tenho como horizonte primeiro as pessoas e o mundo que me 
cercam. Não faço abstração do que está longe de mim. Bem sei e reconheço que necessito 
aprender o todo. No entanto, como incita o poeta, é mister que eu conheça e (com)viva com o rio 
de minha aldeia para que alcance e dimensione a extensão e a profundidade do oceano.
A evocação final, igualmente lição assimilada, busco-a em Josef Fontana, quando afirma: 
“Entender melhor o mundo em que vivemos e ajudar os outros a entendê-lo, a fim de contribuir 
para melhorá-lo, (é) o que nos faz falta. Porque, como disse Tom Payne há mais de duzentos anos, 
e essas são as palavras que cada um de nós deveria gravar na sua consciência: está em nossas 
mãos recomeçar o mundo outra vez.”
Fonte: Caio Boschi, História: Por que e para que?, Revista Nossa História, setembro de 2004, p. 98.
GLOSSÁRiO
terrorismo: modo de 
coagir, combater ou 
ameaçar pelo uso siste-
mático do terror.
Figura 47: Nos 
dias atuais, toda a 
sociedade interage 
com os recursos 
audiovisuais e o 
historiador não deve 
ignorar essas fontes.
Fonte: Portal Oficial do 
Vale do Amanhecer. 
Disponível em: <http://
www.valedoamanhecer.
com/.../imagens/Mae-
PaiTv.jpg>. Acesso em 19 
jun. 2013.
►
Figura 48: Relação 
passado e presente
Fonte: História e Cria-
tividade. Disponível 
em: < http://historiae-
criatividade.blogspot.
com.br>. Acesso em: 
30 mai. 2013.
►
33
História - Introdução ao Ensino de História
Como percebemos, o passado só tem sentido por causa do presente. É o homem do pre-

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