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Direito Civil II - Telepresencial - Aulas 13 e 14 - Perdas e Danos, Arras, Cláusula Penal

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Profa. Dra. Maria Maria Martins Silva Stancati 
 Direito Civil II 
ProfMariaMariaRegistrosPublicos 
@profmariamaria 
 
Direito Civil II Página 1 de 5 
Telepresencial - Aulas 13 e 14 - Perdas e Danos, Juros Legais, Arras, Cláusula Penal 
 
1) Perdas e Danos: 
 1.1) Conceito: abrange tanto os danos patrimoniais como os extrapatrimoniais (morais 
e estéticos). Decorrem do inadimplemento da obrigação e constituem uma indenização pelo 
ocorrido, porém, nem todo inadimplemento pode gerar perdas e danos. Ex.: autônomo que não 
recebeu a geladeira, não pode vender seu sorvete porque não tinha onde estocar; pessoa física 
que compra uma geladeira para sua casa. Ambos podem gerar danos morais e materiais, mas só 
do autônomo gera perdas e danos. O gênero perdas e danos, se divide em: 
 1.1.2) Danos Emergentes: aquilo que efetivamente perdeu; são os efetivos prejuízos 
advindos da inexecução da dívida e que implicam a diminuição do patrimônio. São também 
denominados danos positivos e caracterizam o efetivo prejuízo que causa decréscimo no 
patrimônio, por isso, devem ser certos e atuais para serem indenizáveis. Ex.: autônomo que 
vende sacolé perdeu as frutas, leite, gelo já comprados. 
 1.1.3) Lucros Cessantes: os que razoavelmente deixou de ganhar; se configuram pela 
perda potencial do patrimônio, por isso, são também denominados danos negativos. Para serem 
indenizáveis devem ser pelo menos previstos ou previsíveis quando se formou a relação 
obrigacional, uma vez que se trata de frustração da expectativa de lucro (art. 403, CC). Ex.: 
cada dia de sol, o autônomo vende 20 sacolés. Durante o atraso na entrega da geladeira, só 
tiveram dias de sol, e ele deixou de vender os sacolés. 
1.1.4) Teoria da perda de uma chance: teoria francesa que caracteriza a perda de uma 
chance como um tipo especial de dano. É uma expectativa aleatória. 
Pode-se dar como exemplo, o médico que não diagnostica a existência de um câncer 
uterino em uma paciente, que tardiamente o descobre pela intervenção de outro médico 
especialista. Assim a possibilidade de cura do câncer quando no seu estágio inicial se perdeu, 
pois não diagnosticado em sua origem. Neste caso, a imperícia ou a negligência médica 
eliminou a chance de cura e de sobrevivência da paciente. 
É teoria ainda de pouca expressão nos tribunais brasileiros, embora já se possam 
encontrar diversas decisões que optaram pela sua aplicabilidade, reconhecendo-se como 
indenizável algo que está entre o dano certo e o dano hipotético. É diferente do lucro cessante, 
que é o lucro certo dentro da probabilidade objetiva. 
2) Juros Legais: 
 É uma contraprestação ao capital (remuneração) sendo acessório a este, sendo 
considerado um fruto civil ou rendimento. Pode vir em forma de compensação ou punição. 
 
 
 
ProfMariaMariaRegistrosPublicos 
@profmariamaria 
 
 
Direito Civil II – Telepresencial Página 2 de 5 
 
2.1) Espécies de juros: 
a) Juros convencionais. Decorrem do acordo de vontades. 
b) Juros legais. Decorrem de estipulação legal, conforme determinam os arts. 406, 591, 
677 e 706, CC e podem ser entregues em sentença, mesmo que não haja pedido nesse sentido. 
c) Juros simples. São sempre calculados sobre o capital inicial. 
d) Juros compostos. São os capitalizados anualmente e passam a integrar o capital (art. 
405, CC). 
e) Juros moratórios. Decorrem do atraso no cumprimento da obrigação. Traduzem uma 
indenização pelo retardamento culposo no cumprimento da obrigação. Súmula 283, STJ. E, os 
juros de mora recaem não apenas sobre as prestações pecuniárias, mas sobre prestações de 
qualquer natureza quando convertidas em perdas e danos. Pode se utilizar o art. 161, § 1º, CTN 
– juros de 1% a.m. 
Enunciado 20, JDC: Art. 406: A taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 é a do 
art. 161, § 1º, do Código Tributário Nacional, ou seja, um por cento ao mês. A utilização da 
taxa Selic como índice de apuração dos juros legais não é juridicamente segura, porque impede 
o prévio conhecimento dos juros; não é operacional, porque seu uso será inviável sempre que 
se calcularem somente juros ou somente correção monetária; é incompatível com a regra do art. 
591 do novo Código Civil, que permite apenas a capitalização anual dos juros, e pode ser 
incompatível com o art. 192, § 3º, da Constituição Federal, se resultarem juros reais superiores 
a doze por cento ao ano. 
Enunciado 164, JDC: Arts. 406, 2.044 e 2.045: Tendo início a mora do devedor ainda na 
vigência do Código Civil de 1916, são devidos juros de mora de 6% ao ano, até 10 de janeiro 
de 2003; a partir de 11 de janeiro de 2003 (data de entrada em vigor do novo Código Civil), 
passa a incidir o art. 406 do Código Civil de 2002. 
f) Juros compensatórios (remuneratórios ou juros-frutos). São os devidos como 
compensação pelo fato credor estar privado da disponibilidade de certo capital. Surgem, 
portanto, independente de culpa ou descumprimento da obrigação, pois são frutos do capital 
empregado. São os frutos civis do bem. 
3) Cláusula Penal - arts. 408 a 416, CC: 
 3.1) Conceito e Natureza Jurídica: É uma espécie de multa contratual, também 
chamada de pena convencional sendo utilizada para compelir o devedor a pagar posto que já 
sabe qual será o valor acrescido. Ele não pode ser ínfimo senão gerará o descumprimento, nem 
grande a ponto de ultrapassar o capital. Constitui uma estimação para o prejuízo causado ao 
credor decorrente da autonomia privada e, por isso, possui dupla função: estímulo ao devedor 
 
 
 
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@profmariamaria 
 
 
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para o cumprimento e prévia fixação do quantum em face do inadimplemento (pré-avaliação 
do prejuízo). 
3.2) Características das cláusulas penais: 
a) Tem dupla função: compulsória (ou coercitiva - intimidação para o cumprimento 
pontual da obrigação); indenizatória (ou ressarcitória - prefixação das perdas e danos). 
b) Em regra, a cláusula penal é fixada em dinheiro, mas nada impede que possa ser 
fixada em coisa diversa, fato ou abstenção. Também pode consistir em reforço de garantia. 
c) Só pode ser exigida quando o inadimplemento for culposo, independente da 
demonstração de prejuízo (art. 408, CC). 
d) A interpretação das cláusulas penais deve ser sempre restritiva. 
e) São convenções acessórias eventuais cuja estrutura lógica é a de um imperativo 
hipotético (condicionada a evento futuro e incerto), podendo ser incluídas em negócios jurídicos 
uni ou bilaterais. 
f) Podem ser fixadas em momento anterior, ou, no momento da contratação ou em 
termo aditivo. Neste último caso, no entanto, deve ser fixada antes do termo fixado para o 
cumprimento, pois caso contrário, deixaria de ter seu caráter antecipatório da liquidação das 
perdas e danos (art. 409, CC). 
g) Não há forma prevista em lei, mas se superior ao décuplo do salário mínimo deverá 
ser escrita, pois não se admite que seja exclusivamente testemunhal. 
h) Não constituem um plus ou aditamento na obrigação, mas sim, uma alternativa ao 
credor que poderá optar, em caso de inadimplemento absoluto, entre a execução da cláusula 
penal (sem necessidade de comprovar o prejuízo) e a fixada em lei (na qual deverá demonstrar 
os prejuízos). 
i) Como o quantum é previsto na cláusula penal, desnecessária é a liquidação do dano. 
Trata-se de hipótese de liquidação convencional antecipada do dano. 
j) A estipulação do quantum da cláusula penal possui limites previstos nos arts. 412 e 
413, CC. 
 k) O valor da cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal (art. 412, CC). 
Vale destacar queessa limitação só se aplica em caso de cláusula penal moratória. Tratando-se 
de cláusula penal compensatória, se o prejuízo exceder o valor prefixado, será o montante 
considerado mínimo para a indenização suplementar, caso haja previsão. 
 l) A cláusula penal pode vir cumulada com juros moratórios (art. 404, CC). 
 m) É lícita a cumulação da cláusula penal compensatória com a cláusula penal 
moratória, uma vez que os fatos geradores são distintos. 
 n) Súmula 616, STF - é permitida a cumulação da multa contratual com os honorários 
de advogado, após o advento do CPC vigente. 
 o) A cláusula penal é renunciável e a renúncia pode ser, inclusive, tácita. 
 
 
 
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 p) Se o contrato foi cumprido em parte, o juiz pode reduzir a cláusula, de ofício. 
 
 3.3) Compensatória. É utilizada em casos de inadimplemento total da obrigação 
decorrente de culpa do devedor e, por isso, normalmente é estipulada em valores elevados. Ex.: 
multa rescisória de jogador de futebol, multa de cantor que falta o show. Se o prejuízo apurado 
for maior que o constante na cláusula, esta pode ser revista. 
 Art. 410, CC - O credor poderá optar entre a aplicação da cláusula penal ou 
cumprimento da obrigação se esta ainda lhe for útil, ou ainda, poderá optar entre pleitear a pena 
compensatória ou postular ressarcimento por perdas e danos. A escolha é considera irretratável. 
 3.4) Moratória. É usada para os casos de mora; descumprimento de cláusula especial e 
cumprimento parcial da obrigação. Destina-se a assegurar o cumprimento pontual da obrigação 
e, por isso, normalmente tem valor reduzido. Não precisa provar os juros e perdas e danos 
porque estes já se incluem na cláusula penal. Ex.: no boleto de pagamento vem as seguintes 
informações: após o vencimento, multa de 2% a.m., juros de 1% a.m. e 10% da dívida a título 
de cláusula penal. 
 Enunciado 355, JDC: Art. 413: Não podem as partes renunciar à possibilidade de 
redução da cláusula penal se ocorrer qualquer das hipóteses previstas no art. 413 do Código 
Civil, por se tratar de preceito de ordem pública. 
 Enunciado 356, JDC: Art. 413: Nas hipóteses previstas no art. 413 do Código Civil, o 
juiz deverá reduzir a cláusula penal de ofício. 
 Enunciado 359, JDC: Art. 413: A redação do art. 413 do Código Civil não impõe que 
a redução da penalidade seja proporcionalmente idêntica ao percentual adimplido. 
 
Tema 970 – Tese STJ: A cláusula penal moratória tem a finalidade de indenizar pelo 
adimplemento tardio da obrigação, e, em regra, estabelecida em valor equivalente ao locativo, 
afasta-se sua cumulação com lucros cessantes. REsp 1.498.484-DF, Rel. Min. Luis Felipe 
Salomão, Segunda Seção, por maioria, julgado em 22/05/2019, DJe 25/06/2019. 
 
4) ARRAS OU SINAL - arts. 417 a 420, CC: 
 4.1) Conceito: é o sinal ou entrada. Um valor que será destinado garantir o cumprimento 
da obrigação ou a ser prefixado como indenização para o caso de desistência. Pode ser a entrega 
de dinheiro ou de coisa fungível. Ex.: comprar um carro precisa de 50% do valor de entrada. 
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1498484
 
 
 
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Direito Civil II – Telepresencial Página 5 de 5 
 
Ou na compra de carro em feirão, o valor entregue vale para que o carro saia da venda por 2 
horas. Se neste tempo o promitente comprador não retornar, o valor será perdido. 
 Enunciado 165, JDC: Art. 413: Em caso de penalidade, aplica-se a regra do art. 413 ao 
sinal, sejam as arras confirmatórias ou penitenciais. 
4.2) Arras Confirmatórias: é o sinal que visa dar ensejo na execução de um acordo. 
Têm por finalidade demonstrar a existência da composição final das partes, confirmando o 
contrato (art. 417, CC). Devem ser entregues no momento da celebração do contrato e atuam 
como modo de garantia e reforço de execução de um futuro contrato. Este tipo de arras deve 
ser abatido no preço. 
 4.3) Arras Penitenciais (ou de arrependimento): Têm por fim assegurar às partes o 
direito de se arrependerem, mediante a perda do sinal, por quem o deu, ou a sua devolução em 
dobro, por quem as recebeu (art. 420, CC). As arras atuam como pena convencional (função 
indenizatória) imposta àquele que exerce o direito de arrependimento. Em qualquer hipótese, 
não haverá direito à indenização suplementar uma vez que o sinal penitencial já constitui 
predeterminação das perdas e danos. 
 4.4) Efeitos: arts. 418 a 420, CC.

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