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1 
 
 
 
 
 
 
 
SAAE Ibiraçu-ES 
 
 
 
Aspectos socioeconômicos, geográficos, históricos e político do mundo, do Brasil e de 
Ibiraçu/ES. Noções gerais sobre a vida econômica, social, política e cultural .......................... 1 
Informações atuais de ampla divulgação na imprensa sobre esses aspectos no Estado do 
Espírito Santo ....................................................................................................................... 116 
Cidadania, direitos humanos, meio-ambiente e saúde. Ética no trabalho ........................ 122 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olá Concurseiro, tudo bem? 
 
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua 
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do 
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando 
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você 
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. 
 
Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail 
professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou 
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam 
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior 
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 
 
01. Apostila (concurso e cargo); 
02. Disciplina (matéria); 
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 
04. Qual a dúvida. 
 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, 
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até 
cinco dias úteis para respondê-lo (a). 
 
Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
1645553 E-book gerado especialmente para MILENA ROBERTA DE OLIVEIRA
 
1 
 
 
 
ASPECTOS GERAIS 
 
NOVA ORDEM MUNDIAL, ESPAÇO GEOPOLÍTICO E GLOBALIZAÇÃO1 
 
 
 
Uma ordem mundial diz respeito às configurações gerais das hierarquias de poder existentes entre 
os países do mundo. Dessa forma, as ordens mundiais modificam-se a cada oscilação em seu contexto 
histórico. Portanto, ao falar de uma nova ordem mundial, estamos nos referindo ao atual contexto das 
relações políticas e econômicas internacionais de poder. 
Durante a Guerra Fria, existiam duas nações principais que dominavam e polarizavam as relações de 
poder no globo: Estados Unidos e União Soviética. 
Essa ordem mundial era notadamente marcada pelas corridas armamentista e espacial e pelas 
disputas geopolíticas no que se refere ao grau de influência de cada uma no plano internacional. Este era 
o mundo bipolar. 
A partir do final da década de 1980 e início dos anos 1990, mais especificamente após a queda do 
Muro de Berlim e do esfacelamento da União Soviética, o mundo passou a conhecer apenas uma grande 
potência econômica e, principalmente, militar: os EUA. Analistas e cientistas políticos passaram a nomear 
a então ordem mundial vigente como unipolar. 
Entretanto, tal nomeação não era consenso. Alguns analistas enxergavam que tal soberania pudesse 
não ser tão notável assim, até porque a ordem mundial deixava de ser medida pelo poderio bélico e 
espacial de uma nação e passava a ser medida pelo poderio político e econômico. 
Nesse contexto, nos últimos anos, o mundo assistiu às sucessivas crescentes econômicas da União 
Europeia e do Japão, apesar das crises que estas frentes de poder sofreram no final dos anos 2000. 
De outro lado, também vêm sendo notáveis os índices de crescimento econômico que colocaram a 
China como a segunda maior nação do mundo em tamanho do PIB (Produto Interno Bruto). Por esse 
motivo, muitos cientistas políticos passaram a denominar a Nova Ordem Mundial como mundo multipolar. 
Mas é preciso lembrar que não há no mundo nenhuma nação que possua o poderio bélico e nuclear 
dos EUA. 
Esse país possui bombas e ogivas nucleares que, juntas, seriam capazes de destruir todo o planeta 
várias vezes. 
A Rússia, grande herdeira do império soviético, mesmo possuindo tecnologia nuclear e um elevado 
número de armamentos, vem perdendo espaço no campo bélico em virtude da falta de investimentos na 
manutenção de seu arsenal, em razão das dificuldades econômicas enfrentadas pelo país após a Guerra 
Fria. 
É por esse motivo que a maior parte dos especialistas em Geopolítica e Relações Internacionais, 
atualmente, nomeia a Nova Ordem Mundial como mundo unimultipolar. “Uni” no sentido militar, pois os 
Estados Unidos é líder incontestável. “Multi” em razão das diversas crescentes econômicas de novos 
polos de poder, sobretudo a União Europeia, o Japão e a China. 
 
 
 
 
1 http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/nova-ordem-mundial.htm. 
Aspectos socioeconômicos, geográficos, históricos e político do mundo, do 
Brasil e de Ibiraçu/ES. Noções gerais sobre a vida econômica, social, política e 
cultural 
1645553 E-book gerado especialmente para MILENA ROBERTA DE OLIVEIRA
 
2 
 
A Divisão do Mundo entre Norte e Sul 
 
Durante a ordem geopolítica bipolar, o mundo era rotineiramente dividido entre leste e oeste. 
O Oeste era a representação do Capitalismo liderado pelos EUA, enquanto o Leste demarcava o 
mundo Socialista representado pela URSS. Essa divisão não era necessariamente fiel aos critérios 
cartográficos, pois no Oeste havia nações socialistas (a exemplo de Cuba) e no leste havia nações 
capitalistas. 
Contudo, esse modelo ruiu. Atualmente, o mundo é dividido entre Norte e Sul, de modo que no Norte 
encontram-se as nações desenvolvidas e, ao sul, encontram-se as nações subdesenvolvidas ou 
emergentes. Tal divisão também segue os ditames da Nova Ordem Mundial, em considerar 
preferencialmente os critérios econômicos em detrimento do poderio bélico. 
 
 
Em vermelho, os países do sul subdesenvolvido e, em azul, os países do norte desenvolvido 
 
Observa-se que também nessa nova divisão do mundo não há uma total fidelidade aos critérios 
cartográficos, uma vez que alguns poucos países localizados ao sul pertencem ao “Norte” (como a 
Austrália) e alguns países do norte pertencem ao “Sul” (como a China). 
 
A Economia Capitalista Hoje 
 
Vivemos na segunda década da Nova Ordem Internacional. Suas características tornam-se a cada dia 
mais claras. Suas raízes econômicas remontam às transformações iniciadas com as tecnologias dos anos 
de 1970, que influenciam as potências atuais de forma marcante. 
No campo geopolítico, essa nova era configurou-se com a crise do socialismo, o fim da Guerra Fria e 
a valorização dos problemas sociais e ambientais. 
Na atualidade, o grupo de países desenvolvidos, formado por 23 nações (Estados Unidos, Canadá, 
Japão, Austrália, Nova Zelândia, Islândia, Noruega, Suíça e os 15 membros da União Europeia), torna-
se cada vez mais rico. Em 2005, a população dessas nações somava 900 milhões de pessoas (13% do 
total mundial) e produzia cerca de 32 trilhões de dólares (80% do PIB mundial), o que dava uma renda 
per capita de mais de 35 mil dólares. Em 1960, os mesmos países tinham cerca de 20% da população 
mundial e controlavam cerca de 60% do PIB do mundo. 
Uma das características político-econômicas mais importantes da Nova Ordem Internacional foi o 
crescente uso dos princípios teóricos do neoliberalismo. 
Especialistas acreditam que os neoliberais criaram, com seu pragmatismo, um conjunto de regras 
econômicas muito claro, que se resume aos seguintes aspectos: 
* O Estado deve se restringir a algumas funções públicas; 
* O déficit público deve ser evitado e, se existir, reduzido; 
* As empresas estatais devem ser privatizadas; 
* O Banco Central de cada país deve ser independente; 
* A moeda deve ser estável, com um mínimo de inflação; 
* Os fluxos financeiros não devem sofrer restrições; 
* Os mercados devem ser abertos, liberalizadose desregulamentados; 
* A produção industrial deve ser internacionalizada, buscando-se mão-de-obra mais barata; 
* As empresas devem ser modernizadas, enxutas e competitivas. 
 
Frente às crises e ao aumento da miséria nos países subdesenvolvidos, alguns neoliberais modernos 
defendem que esse receituário não tem dado certo por culpa dos governos. Seria necessário apenas 
conter os monopólios privados, supervisionar os bancos com mais atenção, investir em educação e 
aumentar a poupança interna. 
Dentro da Nova Ordem Internacional, o controle que os países desenvolvidos exerciam sobre o 
comércio de exportação no mundo continuou, embora sua participação no total tenha sido um pouco 
1645553 E-book gerado especialmente para MILENA ROBERTA DE OLIVEIRA
 
3 
 
reduzida. Essa redução foi consequência do crescimento das exportações conquistado pelos países 
subdesenvolvidos industrializados. 
A participação dos países subdesenvolvidos no comércio mundial de exportação vinha decrescendo 
desde o início da Ordem da Guerra Fria (era de cerca de 31% do total mundial em 1950 e caiu para cerca 
de 20% em 1985). Essa situação começou a se reverter no início da Nova Ordem Internacional. Nos dez 
anos seguintes, os países pobres passaram a controlar maiores parcelas do comércio mundial de 
exportação. 
Esse aumento das exportações, por si só, não foi suficiente para elevar o padrão de riqueza dos países 
subdesenvolvidos como um todo. A maior parte desse aumento foi de responsabilidade de um restrito 
grupo de países subdesenvolvidos industrializados, enquanto a grande maioria dos mais de 150 países 
subdesenvolvidos continuou a assistir à queda dos preços de suas mercadorias de exportação 
(commodities) e a redução de sua participação no comércio mundial, exceto os exportadores de petróleo. 
Mesmo assim, o crescimento do comércio internacional é apontado como um dos indicadores da 
aceleração do processo de globalização, que criou uma maior dependência das economias nacionais em 
relação à economia internacional, pois uma grande parcela das atividades produtivas e dos trabalhadores 
fica dependente do desempenho de seus países no mercado mundial. 
Esse crescimento do comércio e essa maior dependência das economias nacionais são o resultado 
das políticas de liberalização alfandegária colocadas em prática desde o final da Segunda Guerra Mundial. 
Desde então, as taxas alfandegárias médias dos países mais desenvolvidos do mundo caíram de 40% 
para menos de 5%. Por outro lado, o crescimento do comércio internacional foi fruto da maior integração 
e complementação econômica dos conjuntos de países que formaram organizações ou zonas de livre 
comércio, como a União Europeia e o Nafta. 
 
Características da Nova Ordem Internacional2 
 
A Nova Ordem Internacional já pode ser caracterizada por um amplo conjunto de aspectos. Citaremos 
todos, porém, nos atentaremos mais detalhadamente, à Globalização. 
São eles: 
* Investimentos em P&D; 
* Os blocos econômicos; 
* Dívida externa; 
*Desemprego; 
* As economias em transição; 
* O problema da pobreza. 
 
Globalização 
A Globalização não é nenhuma novidade. Há séculos ela evolui na forma de ciclos, intensificando os 
fluxos de pessoas, bens, capital e hábitos culturais. Ela se originou com a primeira fase da expansão 
capitalista europeia, impulsionada pelas Grandes Navegações do final do século XV. Entre 1870 e 1890, 
a globalização foi novamente intensificada, graças à aceleração dos investimentos internacionais, a 
ampliação do comércio e o aperfeiçoamento dos meios de transportes e comunicações. Posteriormente, 
durante o período que se estende entre 1910 e 1920, houve nova aceleração desse processo, associada 
ao crescente militarismo, que culminaria com a Primeira Guerra Mundial. Um terceiro pico ocorreu durante 
a década de 1930, antecedendo a Segunda Guerra Mundial. 
Após a Segunda Guerra Mundial, o processo de globalização foi mais lento, amarrado pelas relações 
limitadas entre os países capitalistas e os socialistas e pelas políticas comerciais altamente protecionistas. 
Somente na década de 1990 os investimentos internacionais retornariam ao patamar de 1941. 
 
Corporações Transnacionais3 
As transnacionais correspondem às corporações industriais, comerciais e de prestação de serviços 
que atuam em distintos territórios dispersos no mundo. Nesse caso, ultrapassam os limites territoriais dos 
países de origem das empresas. 
Grande parte das empresas transnacionais é oriunda de países industrializados e desenvolvidos que 
detêm um grande capital acumulado; o excedente, nesse caso, é direcionado para países em todos os 
continentes. 
 
2 SCALZARETTO, Reinaldo. Geografia Geral – Geopolítica. 4ª edição. São Paulo: Anglo. 
TERRA, Lygia; et. al. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. 2ª edição. São Paulo: Moderna. 
3 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/transnacionais.htm. 
1645553 E-book gerado especialmente para MILENA ROBERTA DE OLIVEIRA
 
4 
 
Os investimentos dessas empresas são altíssimos, uma vez que a matriz emite os recursos para as 
filiais localizadas em muitos países pobres. Nesses países, as transnacionais exercem funções 
importantes como acelerar o desenvolvimento industrial, além de gerar postos de trabalho. 
No entanto, essas empresas não têm objetivo social no momento em que se instalam em um 
determinado país. Pelo contrário, para sua instalação acontecer, o governo oferece uma série de 
benefícios e incentivos, tais como isenção parcial ou total de tributos, até mesmo dos lucros. Esses países 
se submetem a essas exigências a fim de atrair novos investimentos estrangeiros e também garantir a 
permanência das empresas. 
As transnacionais estão ligadas à globalização da produção, na qual um único produto pode ter várias 
origens, isso por que os seus componentes têm origens distintas e são montados em uma determinada 
localidade do mundo. Esse fluxo produtivo visa unicamente verticalizar os lucros, diminuindo os custos, 
consolidando-se no mercado como empresas competitivas que buscam alcançar grandes parcelas do 
mercado internacional. 
Há pouco tempo essas empresas eram denominadas multinacionais, porém gradativamente esse 
termo não mais está sendo usado, uma vez que a expressão emite uma ideia de uma empresa que possui 
diversas nacionalidades. Dessa forma, empresas com essas características recebem o nome de 
transnacionais, possuem sede em um país e desempenham atividades em diversos outros. 
Atualmente, existem em funcionamento cerca de 40 mil empresas transnacionais, muitas originadas 
de países desenvolvidos, porém existem ainda corporações oriundas da Coreia, Índia, México e Brasil. 
As transnacionais exercem influência que transcende a economia, pois interfere em governos e nas 
relações entre países. 
Essas empresas surgiram efetivamente a partir da Segunda Guerra Mundial, quando empresas de 
países ricos migraram suas atividades para lugares espalhados pelo mundo. 
Com a expansão das transnacionais, a partir da década de 1950, a globalização foi acelerada. Hoje, a 
Terceira Revolução Industrial, que gerou um sistema de produção econômica com regras que se 
uniformizam e se universalizam rapidamente, está criando uma nova onda de globalização. Suas 
instituições passam a controlar e organizar essa economia em que as fronteiras perdem a importância e 
muitos Estados disputam o direito de abrigar as sedes ou as filiais das grandes corporações, que 
controlam a oferta de empregos e investimentos. 
Dessa forma, o espaço geográfico mundial tem caminhado em direção a uma crescente 
homogeneização, fruto da imposição de um sistema econômico e social globalizado sobre toda a 
superfície da Terra. Nas últimas décadas, esse processo sofreu uma forte aceleração, especialmente 
porque o polo de oposição ao capitalismo, que durante 45 anos compartia o mundo, criando a bipolaridade 
da Guerra Fria, entrou em crise. 
Os investimentos internacionais são realizados de forma direta, pelas empresas transnacionaisque 
implantam ou ampliam suas unidades produtivas, ou indireta, quando se relacionam aos fluxos de capital 
que entram por meio de empréstimos, moeda trazida por estrangeiros, pagamentos de exportações, 
vendas de títulos públicos no exterior e investimentos no mercado financeiro (especialmente em bolsas 
de valores). Observe sua evolução recente: 
Os investimentos internacionais foram acelerados na Nova Ordem. Eles saltaram de 924 bilhões de 
dólares em 1991 para mais de 5,4 trilhões em 2001. 
Na era da globalização, quando as informações são instantâneas, um observador pode acompanhar 
a abertura e o fechamento das mais importantes bolsas de valores do mundo durante 22 horas seguidas: 
se ele estiver em São Paulo, a Bolsa de Tóquio abre às 21 horas (hora de Brasília) e fecha às 5 horas do 
dia seguinte. Uma hora mais tarde, abre a Bolsa de Londres e, às 11 horas, a de Nova Iorque, que só 
fecha às 19 horas. 
Podemos notar facilmente que a maior parte dos investimentos tem sido sempre no mercado 
financeiro, ou seja, nas bolsas de valores. É o que se chama de capital volátil. Esses investimentos entram 
nos países e saem muito rapidamente, circulando diariamente no mundo, de uma bolsa para outra, mais 
de 3 trilhões de dólares. 
O mercado financeiro de ações comercializadas em bolsas de valores estocava um patrimônio coletivo 
de 47 trilhões de dólares em 2005. Com o desenvolvimento da informática, o mercado financeiro se 
acelerou como forma de investimento. 
Os investimentos financeiros diretos também cresceram bastante, aumentando mais de sete vezes 
nesse período, principalmente por meio da compra de empresas privatizadas, dentro da política 
neoliberal. As privatizações se expandiram muito desde o início da década de 1990. Entre 1988 e 2003, 
houve mais de 9 mil privatizações em cerca de 120 países, que somaram mais de 410 bilhões de dólares 
de transações. 
1645553 E-book gerado especialmente para MILENA ROBERTA DE OLIVEIRA
 
5 
 
Grande parte das pessoas acredita que as privatizações, na atualidade, só ocorrem em países 
subdesenvolvidos ou nos países socialistas que estão em transição para a economia de mercado. Na 
verdade, a década de 1990 foi marcada pelo aumento das privatizações em diversos países 
desenvolvidos. 
Embora a globalização seja comandada pelos agentes financeiros e econômicos, há uma profunda 
relação entre seus interesses e as ações políticas desenvolvidas pelos Estados. Na atualidade, vemos 
uma espécie de privatização do Estado, que é colocado a serviço dos interesses do grande capital. 
Hoje, mais do que em qualquer outra época da modernidade, a elite econômica colocou o Estado a 
serviço de seus interesses. São os governos dos países mais ricos do mundo que promovem, numa ação 
política bem orquestrada, a globalização, preparando encontros, ampliando o raio de ação das 
organizações internacionais, realizando acordos comerciais, que favorecem a quem controla a economia. 
Recentemente, por causa das transformações econômicas em direção à globalização, a redução das 
taxas alfandegárias e a liberação do movimento dos capitais, muitos estudiosos passaram a acreditar que 
o Estado nacional estava em fase de dissolução. Em verdade, ocorreu a sua transformação: as relações 
entre o Estado e a economia se internacionalizaram, e a privatização tornou-se norma. Dessa forma, o 
Estado abandonou o papel de agente econômico, desfazendo-se dos seus ativos, e passou a exercer o 
papel de organizador e gestor de uma economia globalizada, no qual o conceito de soberania nacional 
passou por uma revisão. 
As aquisições e fusões que têm caracterizado a globalização desde o início da década de 1990 não 
pretendem aumentar a produção, criar novas fábricas e ampliar os empregos. A função dessa onda de 
fusões é cortar as atividades redundantes, reduzir a concorrência e aumentar a concentração de capitais. 
O resultado final tem sido sempre a elevação das taxas de desemprego e o aumento da monopolização. 
O volume das transações financeiras provocadas pelas fusões de grandes empresas tem ampliado o 
mercado de ações e acelerado a movimentação de capitais. 
No contexto da globalização, os países subdesenvolvidos ou periféricos não têm peso na definição 
desse novo panorama geopolítico mundial, ficando, cada mais uma vez, atrelados aos países líderes. 
Assim, com a decadência do bloco socialista, resta para o capitalismo resolver, num futuro próximo, três 
graves problemas: 
 
Desigualdade – Há uma crescente desigualdade de padrão de vida entre os países desenvolvidos e 
os subdesenvolvidos, além das diferenças de renda dentro dos próprios países desenvolvidos. Segundo 
Hobsbawm, a ameaça que a expansão socialista representou após 1945 impulsionou a formação do 
Welfare State (Estado de bem-estar social), com reformas sociais nos países desenvolvidos, criando-se 
uma parceria entre capital e trabalho organizado (sindicatos), sob os auspícios do Estado. Isso gerou a 
consciência de que a democracia liberal precisava garantir a lealdade da classe trabalhadora, com caras 
concessões econômicas. O abandono dessas políticas sociais tem ampliado o quadro da desigualdade 
social, até mesmo em países desenvolvidos. 
 
Conflitos Étnicos – Ascensão do racismo e crescente xenofobia, especialmente na Europa e nos 
Estados Unidos, devido ao grande fluxo de imigrantes das regiões mais pobres para os países 
industrialmente mais desenvolvidos. 
 
Meio Ambiente – Crise ecológica mundial, que alerta para a necessidade de solucionar as agressões 
ao meio ambiente, que podem afetar todo o planeta. 
 
Globalização e Subdesenvolvimento 
 
Subdesenvolvimento não é fruto da globalização. Ele se caracteriza por graves problemas sociais e 
grande desigualdade no interior da sociedade e pela capacidade limitada de desenvolvimento tecnológico, 
entre outros fatores. Os países incluídos nesse grupo também são diferentes entre si. Alguns possuem 
elevada capacidade de produção instalada e atraem volumes expressivos de investimentos do exterior, 
como é o caso do Brasil. Outros estão excluídos da ordem econômica mundial e dependem de ajuda 
humanitária para a sobrevivência da população faminta, sem oportunidades de trabalho e sem condições 
de obter renda. 
 
Origens do Subdesenvolvimento 
A origem do processo de formação dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos remonta às grandes 
navegações empreendidas pelos Estados-nações recém-formados na Europa, a partir do século XV. 
Nessa época, esses Estados expandiram o comércio, explorando os produtos e recursos da América, da 
1645553 E-book gerado especialmente para MILENA ROBERTA DE OLIVEIRA
 
6 
 
África e da Ásia e passaram a exercer forte domínio sobre os povos desses continentes, controlando a 
extração e a produção neles realizadas. 
As terras conquistadas e dominadas (as colônias) não possuíam autonomia administrativa, e seus 
recursos e riquezas eram explorados intensamente, em benefício de alguns países, como Portugal, 
Espanha, Holanda, França e Inglaterra (as metrópoles). 
A exploração dos recursos das colônias, como metais preciosos, minérios e produtos agrícolas, 
proporcionou de fato um grande enriquecimento às metrópoles. 
Poucas foram as exceções a essa forma de colonialismo. São os casos da Austrália, Nova Zelândia, 
Canadá e dos EUA. 
Mas, ainda nas duas últimas décadas, o processo de globalização acentuou a distância entre o mundo 
rico e o mundo pobre, e a quantidade de pessoas vivendo em condições de pobreza elevou-se inclusive 
nos países ricos. Segundo o economistas, no início do século XXI, cerca de 2/3 da população do planeta 
encontra-se à margem dos benefícios propiciados pelo aumento na capacidade de produção de 
mercadorias e de geração de serviços, e pelo processo de globalização (por exemplo, ampliação dos 
fluxos de informações, capitais e mercadorias). 
 
Mundialização do Planeta 
Os processos de exclusão que estamos observando no mundo inteiro não afetam unicamente os 
países do sul, mas representama principal preocupação dos países industriais. Tal como se processa a 
globalização nas formas atuais, muita gente está ficando de fora. Segundo estimativas de autores 
americanos, inclui um terço e deixa fora dois terços da população mundial. Metaforicamente, está 
havendo uma terceiro-mundialização do planeta. 
Apesar de a globalização ter acentuado os problemas sociais nos países do norte, esses problemas 
são extremamente mais graves nos países do sul, onde a capacidade de solução dessas questões é 
bastante limitada. 
 
Divisão Norte-Sul 
A divisão Norte-Sul simboliza a separação entre os mundos desenvolvido e subdesenvolvido. Os 
países desenvolvidos estão situados quase todos no hemisfério Norte (com exceção da Austrália e Nova 
Zelândia, que também são classificados como países do norte) e os subdesenvolvidos estão situados ao 
sul do bloco dos países desenvolvidos. Por esta razão a expressão norte passou a ser sinônimo de 
desenvolvimento e sul, do inverso. 
Considerando a situação atual dos países do mundo, as diferenças são gritantes. Os países do G-8 
(grupo que inclui os sete países mais ricos: Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido 
e Canadá, além da Rússia) são responsáveis pela produção de cerca de 56% de toda a riqueza do mundo. 
Todos os demais países reunidos, onde vivem 85% da população mundial, produzem os 44% restantes. 
As distâncias socioeconômicas entre os países tendem a aumentar a cada ano com o desenvolvimento 
técnico-científico acelerado e concentrado nos países mais desenvolvidos. Segundo o Relatório 2002 do 
Fundo de População das Nações Unidas, em 1960 o rendimento dos 20% mais pobres no mundo era 30 
vezes menor que o dos 20% mais ricos. Essa diferença havia aumentado para 74 vezes em 2002. O 
mesmo relatório aponta que cerca de três milhões de pessoas vivem com menos de dois dólares por dia. 
Considerando que o desenvolvimento tecnológico é um elemento importante para o processo de 
globalização, o Brasil, no início do século XXI, ocupava a desconfortável 43ª posição no mundo em 
conquistas tecnológicas. 
 
O Conselho de Washington 
O Conselho de Washington refere-se a um conjunto de receitas econômicas criadas, em 1989, visando 
acelerar o desenvolvimento da América Latina. O economista John Williamson reuniu o pensamento das 
grandes instituições financeiras (FMI, Banco Mundial, BIRD) e também do governo norte-americano, que 
pretendiam resolver a crise dos países pobres e particularmente os da América Latina, e propor caminhos 
para o desenvolvimento. 
Entre essas instituições havia “consenso” sobre alguns pontos principais. De acordo com o Conselho 
de Washington, os países deveriam: 
* promover uma reforma fiscal, isto é, uma reforma no sistema de atribuição e de arrecadação de 
impostos, para que as empresas pudessem pagar menos e adquirir maior competitividade. 
* promover o corte de salários e demissão dos funcionários públicos em excesso, e realizar mudanças 
na previdência social, nas leis trabalhistas e no sistema de aposentadoria, para diminuir a dívida do 
governo (chamada dívida pública). 
1645553 E-book gerado especialmente para MILENA ROBERTA DE OLIVEIRA
 
7 
 
Além disso, o Conselho de Washington propunha a abertura comercial, o aumento de facilidades para 
a entrada e saída de capitais e a privatização de empresas estatais. 
 
Risco-País 
Numa economia internacional muito integrada, s maiores investidores têm grande “controle” ou “poder” 
sobre a situação econômico-financeira de um país, conforme a dependência desse país em relação aos 
investimentos externos. As agências internacionais de investimentos, por sua vez, divulgam relatórios 
constantemente sobre a capacidade dos países para pagar seus compromissos externos e avaliam o 
“nível de segurança” de cada país. Essa classificação recebe o nome de risco-país, e os investidores 
levam em conta esses relatórios ao aplicarem seu capital. 
Enfim, nesse mundo globalizado, o sistema financeiro internacional acaba tendo forte influência na 
vida das sociedades dos diversos países, com consequências muitas vezes negativas. 
O que é risco-país? 
É uma classificação baseada na diferença entre o juro pago por um papel (título) e a taxa oferecida 
por um título com prazo de vencimento semelhante pelo Tesouro dos Estados Unidos, título este 
considerado o papel mais seguro do planeta, de risco praticamente zero. Essa avaliação é realizada por 
agências de investimentos como Moody`s, Standard & Poor`s (S&P) e Fitch (todas norte-americanas). 
A classificação reflete, na visão dos investidores, qual é a possibilidade de o país pagar ou não suas 
dívidas interna e principalmente externa. 
Quanto maior a taxa de risco de um país, mais altos serão os juros que o governo terá de pagar para 
renovar ou obter novos empréstimos, e menos para receber novos investimentos. (Adaptado de Folha de São Paulo, 
13/06/2002, p. B-4 e 22/10/2002, p. B-1). 
Os países, para serem confiáveis, deveriam cumprir as normas e as sugestões do “Consenso”. Nada 
era obrigatório, mas seguir suas determinações básicas era condição para receber ajuda financeira 
externa e atrair capitais estrangeiros. 
 
A Escala Regional na Ordem Global 
 
Em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU reconheceu, por maioria, a Palestina como Estado 
observador não membro (Nova York, Estados Unidos). Para muitos analistas, esse reconhecimento 
poderia ter significado a retomada do processo de paz. 
 
Comércio Desigual e Regionalização na Economia Global 
De acordo com a inserção na economia mundial, é possível identificar grandes conjunto de países. A 
profunda desigualdade na participação no comércio mundial está relacionada com as mudanças nos 
padrões da divisão internacional do trabalho. 
 
Inserção Desigual dos Países na Economia Mundial 
Os países não se inserem na economia mundial da mesma maneira. O atraso econômico de muitos 
países é resultado de um processo histórico. O crescimento econômico das nações nos últimos séculos 
se confunde com a própria história do desenvolvimento do capitalismo, que desde o século XVI 
estabeleceu uma divisão internacional do trabalho. Os países dominantes ficavam com a maior parte da 
riqueza produzida, enquanto as colônias tinham a função de contribuir para a acumulação de capital nas 
metrópoles. 
A economia capitalista se desenvolveu concentrando riqueza e poder nas mãos das elites, 
principalmente das potências dominantes, criando em contrapartida regiões pouco desenvolvidas 
economicamente e pouco industrializadas, chamadas a partir da segunda metade do século XX de 
subdesenvolvidas. 
Esse termo tem sido questionado, pois a maior parte dos países chamados subdesenvolvidos esteve 
durante muito tempo na condição de colônia, e a exploração de seus recursos naturais e humanos 
impediu o seu crescimento econômico e seu desenvolvimento social. Ou seja, dentro de um mesmo 
processo, o crescimento econômico de uns foi conseguido em detrimento de outros. 
Podemos dizer que as desigualdades econômicas e sociais dividem o mundo em dois grandes grupos: 
o dos países ricos, mais industrializados, desenvolvidos, com menores problemas sociais, e o dos países 
pobres, menos industrializados, que contam com inúmeros problemas sociais, incluindo enorme 
quantidade de pessoas que vivem em precárias condições de vida. Esses grupos não são homogêneos, 
apresentando grandes diferenças. 
 
 
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8 
 
Grandes Conjuntos de Países 
Muitos países subdesenvolvidos, após a Segunda Guerra Mundial, passaram a investir na indústria, 
ficando conhecidos como países em subdesenvolvimento. Como a Primeira Revolução Industrial 
ocorreu no século XVIII e a Segunda Revolução Industrial no século XIX, esse processo é considerado 
industrialização tardia ou retardatária. E o caso do Brasil, México, Argentina e Tigres Asiáticos 
(Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, na China). 
Os países ricos e pobresjá receberam diversas denominações. Uma delas, a partir da década de 
1980, refere-se à localização geográfica. Os mais desenvolvidos passaram a ser chamados de países 
do Norte, pois na sua maior parte encontravam-se no Hemisfério Norte. Os subdesenvolvidos, 
localizados majoritariamente no Hemisfério Sul, ficaram conhecidos como países do Sul. 
Mais recentemente, com a expansão e a internacionalização dos mercados, os países foram divididos 
em países centrais, mercados emergentes (ou semiperiféricos) e países periféricos. 
Em parte dos países em desenvolvimento (Brasil, México e Argentina), o processo de industrialização 
apoiou-se no modelo de substituição de importações, que incluía a proteção do mercado interno, a 
proibição da entrada de manufaturados estrangeiros e o fortalecimento de indústrias locais (nacionais e 
transnacionais). 
Outros países, como os que compõem os Tigres Asiáticos, industrializaram-se a partir do modelo de 
plataformas de exportação, no qual empresas transnacionais se instalam em determinado país e 
passam a exportar sua produção para outros países, onde o produto final é montado. 
 
Mudanças nos Padrões de Divisão Internacional do Trabalho 
Desde o final do século XX têm ocorrido algumas mudanças nos padrões da divisão da produção e do 
comércio internacional, com o crescimento da participação dos países em desenvolvimento nas 
exportações de manufaturados. 
No início do século XX, diversos países subdesenvolvidos, incluindo o Brasil, eram predominantemente 
agroexportadores. Na tradicional divisão internacional do trabalho essas economias estavam 
assentadas principalmente na exportação de matérias primas ou produtos primários (agropecuários, 
extrativos, minerais) para os países ricos. Por outro lado, os países subdesenvolvidos recebiam dos 
países desenvolvidos produtos do setor secundário (industrializados) e do setor terciário (comércio, 
capital, tecnologia). Os produtos exportados pelos países subdesenvolvidos tinham menor valor que os 
exportados pelos países desenvolvidos. Na produção industrial e tecnológica estão os produtos de maior 
valor agregado, ou seja, com maior quantidade de riqueza incorporada. 
Desde as últimas décadas do século XX, os países em desenvolvimento têm encontrado algumas 
brechas para produzir e colocar produtos manufaturados no comércio mundial. No entanto, em grande 
parte, ainda exportam produtos que agregam apenas tecnologia tradicional. 
O êxito no mercado internacional, com entrada significativa de divisas, não ocorre apenas para 
produção e exportação de grande volume de mercadorias. O que importa mais é o valor agregado à 
mercadoria. No caso, os países desenvolvidos agregam alta tecnologia. 
A maior parte do aumento da participação dos países em desenvolvimento no mercado de bens 
manufaturados provém da Ásia Oriental e do Pacífico. 
Somente um pequeno grupo de países participa das exportações de alta e média tecnologia (China e 
Taiwan, Coreia do Sul, Malásia, Cingapura, Índia, além do México, na América Latina). 
O mesmo acontece com as exportações de manufaturados com utilização de baixa tecnologia, nas 
quais se destacam China, Taiwan, Coreia do Sul, México e índia. 
Outros fatores como o custo dos transportes a distância entre os mercados mundiais influem no 
comércio. 
 
Nova Divisão Internacional do Trabalho 
Atualmente, tem-se estabelecido entre os países uma nova divisão internacional do trabalho, 
destacando-se três grupos de países: os industrializados centrais, os industrializados semiperiféricos e 
as economias periféricas, predominantemente agroexportadoras. 
Os países industrializados centrais iniciaram sua industrialização ainda no século XIX, formando 
uma indústria nacional e consolidando um mercado interno. Atualmente fabricam e exportam produtos da 
indústria de ponta (informática, aeroespacial e outras), os quais agregam alta tecnologia. 
Podemos citar como exemplos os Estados Unidos, alguns países da Europa Ocidental (Alemanha, 
França, Reino Unido, Itália, Holanda, Bélgica, Suíça e Suécia), Japão e Canadá. 
O grupo das sete nações mais industrializadas (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, 
Reino Unido e Canadá) é conhecido como G-7. Em alguns casos a Rússia integra esse grupo, que passa 
a ser denominado G-8. 
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9 
 
Os países industrializados semiperiféricos formam um grupo muito diversificado e a maior parte 
tem pouca porcentagem de participação nas exportações de produtos manufaturados. 
Além das áreas centrais da Europa, outros países europeus (como Polônia, Espanha, Portugal e 
Grécia) ou ex-colônias europeias (Austrália, Nova Zelândia, África do Sul) funcionam como espaços de 
produção industrial anexos dos países centrais. 
Alguns países da Comunidade de Estados Independentes (CEI), como Rússia, Cazaquistão, Belarus 
e Ucrânia, tentam se reorganizar industrialmente após o abandono do regime socialista. 
Também fazem parte desse grupo países da América Latina, como México, Brasil e Argentina, que 
fabricam e exportam produtos industrializados utilizando principalmente baixa e média tecnologia, mas 
também exportam produtos agrícolas, matérias-primas minerais e vegetais. 
Os países semiperiféricos da Ásia têm aumentado sua participação nas exportações mundiais, 
representando 31,5% do total em 2010, ano em que a China ultrapassou os Estados Unidos tornando-se 
a primeira potência comercial do mundo. Os Tigres Asiáticos constituíram uma indústria nacional voltada 
para o mercado internacional, abastecendo-o com produtos de tecnologia avançada (computadores, 
automóveis e aparelhos eletrônicos). Investimentos em educação produziram uma mão de obra 
qualificada, embora barata. 
Os Novos Tigres Asiáticos, conjunto formado por Malásia, Indonésia, Filipinas e Tailândia, procuram 
aumentar sua produção e exportação de manufaturados. Esses países se industrializaram na década de 
1970, na mesma época da industrialização de Chile, Egito, Turquia, Ilhas Maurício, Venezuela, Colômbia, 
Peru, Argélia e Marrocos. 
Entre os países semiperiféricos, os exportadores mais dinâmicos, que respondem por até 80% das 
exportações dos países em desenvolvimento, de baixa, média e alta tecnologia, são apenas sete: China, 
Coreia do Sul, Malásia, Cingapura, Taiwan, México e Índia. 
A China e a Índia, economias que têm crescido muito, integram-se ao esquema de produção e 
comercialização fabricando, entre outros, partes de componentes para computadores ou carros. 
Contando com um terço da população mundial e com grandes taxas de crescimento econômico, apesar 
de apresentarem grandes problemas sociais, uma aliança entre essas duas potências emergentes 
poderia redefinir o poder mundial. 
Especialistas do mundo dos negócios dizem que no final da primeira metade do século XXI será 
impossível ignorar a sigla Brics – iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa). 
Inicialmente, os quatro primeiros países constituíram o Bric, um grupo de cooperação que realizava 
reuniões anuais com o objetivo de aumentar sua importância geopolítica no cenário mundial. Em 2011, a 
África do Sul foi formalmente incluída no grupo, por apresentar desenvolvimento similar. Esses países 
são considerados a elite dos mercados emergentes com crescente importância na economia global. 
Segundo prognósticos, esses cinco países deverão estar entre as maiores economias do planeta, 
desbancando potências como o Japão e a Alemanha. 
Os países de fraca industrialização (ou periféricos) constituem-se de parte dos países asiáticos, 
parte dos latino-americanos e a maioria dos africanos. Contando com pouca industrialização e tendo por 
base uma economia agroexportadora, participam marginalmente do mercado mundial, fornecendo 
principalmente produtos primários. 
Na África, destacam-se as exportações de cacau (Costa do Marfim), de tabaco (Zimbábue) e de 
minérios, como o diamante (Botsuana e Namíbia) e o cobre (Zâmbia e Namíbia).Na América Central e 
América do Sul, Jamaica e Suriname exportam bauxita; a Bolívia, gás natural; e o Chile, cobre. Na Ásia, 
o Sri Lanka depende das exportações de chá. 
As cotações das commodities (mercadorias em estado bruto ou produtos primários) são fixadas pelos 
países ricos, sendo constantemente depreciadas. Além disso, os países ricos mantêm um conjunto de 
barreiras protecionistas e de subsídios agrícolas, desfavorecendo ainda mais os países periféricos. 
 
Interesses Econômicos e Comércio Internacional 
Pouco antes do final da Segunda Guerra Mundial, a Conferência de Bretton Woods, realizada em 1944 
nos Estados Unidos, estabeleceu novas regras financeiras e comerciais mundiais. O sistema monetário 
internacional utilizava o padrão-ouro para definir o valor das moedas a partir do peso do ouro ou 
equivalente (1870-1914). A substituição do padrão-ouro pelo padrão dólar-ouro (1944-1971), definido 
na Conferência de Bretton Woods, fez do dólar dos Estados Unidos a principal moeda internacional, 
assegurando seu predomínio nos bancos centrais dos países e no comércio mundial. Os Estados Unidos 
se comprometiam a trocar, sempre que necessário, dólares por ouro. 
Cada país era obrigado a declarar o valor de sua moeda em dólar e em ouro para o Fundo Monetário 
Internacional (FMI), um dos organismos criados nessa conferência, que tinha a função de garantir a 
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estabilidade do sistema financeiro para favorecer a expansão e o desenvolvimento do comércio mundial. 
Posteriormente esse organismo passou a supervisionar as dívidas externas dos países. 
Como resultado da Conferência de Bretton Woods foi criado também o Banco Mundial, em 1945, que 
financiou a reconstrução da Europa no pós-guerra. Atualmente realiza empréstimos para países 
periféricos ou semiperiféricos. Uma das principais instituições que compõem o Banco Mundial é o Banco 
Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Bird). 
Na fase da globalização financeira, déficits na balança de pagamentos dos Estados Unidos levaram o 
país a declarar, em 1971, que não mais converteriam dólar em ouro. Em 1979, foi estabelecido o padrão 
financeiro de câmbio flutuante, adotando-se o sistema de taxas de câmbio flutuantes entre divisas. 
Dessa maneira, abriu-se o caminho para os programas de reajuste estrutural, impostos pelo FMI aos 
países periféricos, e para a liberalização do comércio externo. Os países subdesenvolvidos obtiveram 
permissão para contrair empréstimos junto ao FMI. Assim, ao final de 2003, os países em 
desenvolvimento tinham uma dívida de mais de 2,5 bilhões de dólares oprimindo-os e impedindo-lhes o 
desenvolvimento. 
Muitas dívidas, contraídas em períodos de ditaduras, foram consideradas “odiosas” por alguns 
economistas e organizações, pois não serviam aos interesses do povo. Mesmo o pagamento de enormes 
quantias tem sido insuficiente para quitar parte dessa dívida externa diante dos altos encargos de juros e 
dos serviços da dívida (reembolso anual de capital e interesses vencidos). Estima-se que a África 
Subsaariana pagou duas vezes o montante de sua dívida externa, entre 1980 e 1996, mas encontra-se 
três vezes mais endividada. Sendo assim, os países pobres passam a depender de mais empréstimos de 
instituições como o FMI e o Banco Mundial para manter esse círculo vicioso, submetendo-se às 
imposições de ajustes estruturais. 
Outro organismo que estabelece regras para o comércio internacional, visando diminuir barreiras 
comerciais, é a Organização Mundial do Comércio (OMC), criada em 1995 em substituição ao Acordo 
Geral de Tarifas e Comércio (Gatt), de 1947. Em diversas negociações, esse organismo tem favorecido 
os países mais industrializados, como entre 1986 e 1994, na Rodada do Uruguai; em 1999, na Rodada 
do Milênio; e, em 2001, na Rodada de Doha. 
De fato, a taxa de abertura econômica dos países mais ricos – 13,5% para os Estados Unidos e Japão, 
e 14,3% para os da União Europeia – é muito inferior à dos países mais pobres (cerca de 30%). Isso se 
deve ao fato de que a pressão da União Europeia e dos Estados Unidos foi maior para exportar seus 
produtos industriais e serviços a taxas aduaneiras mais baixas do que a diminuição de subvenções e 
créditos protecionistas aos seus produtos agrícolas. Esse fato acentuou ainda mais a desigualdade de 
condições dos países no comércio mundial. 
Por causa dessas dificuldades, outras organizações exercem um poder político importante no contexto 
internacional. Esse é o caso da Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o 
Desenvolvimento (Unctad), que desde 1964 presta auxílio técnico aos países em desenvolvimento para 
a integração no comércio mundial. Por considerar discriminatórias as políticas da OMC, esses países 
apoiam-se na Unctad para negociar com os países ricos. 
A organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) também é um bom exemplo de 
organização paralela de defesa de interesses. 
 
Fluxos do Comércio Internacional 
Desde as duas últimas décadas do século XX, o comércio internacional tem apresentando crescimento 
acelerado, ciclo que foi momentaneamente interrompido com a crise financeira dos Estados Unidos, no 
final de 2008. 
O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada desde 2001, estimulado 
pela queda gradativa de juros e incorporação de segmentos da sociedade de renda mais baixa e com 
dificuldade de comprovar sua capacidade de pagamento de débitos. Esses negócios estimularam o 
mercado de títulos de maior risco até gerar uma reação em cadeia de inadimplência que quebrou o 
mercado de créditos imobiliários. Essa crise imobiliária provocou uma crise mais ampla no mercado 
financeiro americano, afetando o desempenho da economia mundial. 
Por causa dessa crise, as economias do mundo rico encolheram 3,2% em 2009 e cresceram, em 
média, 2% em 2010. O desemprego também aumentou nesses países, atingindo patamares acima de 
8%. Em contrapartida, no Bric, a crise teve um impacto menor. 
Por sua vez, o comércio mundial encontra-se fortemente concentrado nos países mais ricos, e os 
principais prejudicados da crise financeira foram os mais pobres. Segundo projeções do Banco Mundial, 
o número de pessoas muito pobres será maior até 2020 do que poderia ser se o crescimento econômico 
não tivesse diminuído desde 2008 e os programas sociais não tivessem sido afetadas. 
 
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11 
 
Questões 
 
01. (PC/PI – Escrivão de Polícia Civil – UESPI) No início dos anos 1990, o mundo assistiu à 
derrocada do chamado Bloco Socialista, comandado pela ex-União Soviética, tendo como consequência 
o fim da Guerra Fria e o surgimento de uma Nova Ordem Mundial, que apresenta como características, 
EXCETO, 
(A) o controle do mercado mundial por grandes corporações transnacionais. 
(B) aprofundamento da Globalização da economia e consolidação da tendência à formação de blocos 
econômicos regionais. 
(C) processos pacíficos de Fragmentação territorial sem ocorrência de conflitos étnicos, a exemplo da 
ex-Iugoslávia. 
(D) ampliação das desigualdades internacionais. 
(E) a existência de uma realidade mais complexa, com múltiplas oposições ou tensões econômicas, 
étnicas, religiosas, ambientais etc. 
 
02. (Prefeitura de Martinópole/CE – Agente Administrativo – CONSULPAM) A nova economia 
internacional possui elementos característicos onde os que se destacam são os que se referem ao quadro 
geral determinado pela Globalização. Com isso podemos AFIRMAR que o atual cenário mundial é 
assinalado pela: 
(A) bipolaridade 
(B) unimultipolaridade 
(C) velha ordem mundial 
(D) Nova Guerra Fria 
 
03. (SEDU/ES – Professor de Geografia – CESPE) Com relação à geografia política mundial, julgue 
o item a seguir. 
A nova ordem mundial apresenta uma faceta geopolítica e outra econômica. Na geopolítica, houve 
uma mudança para um mundo multipolar, onde as potências impõem mais porseu poder econômico que 
pelo poder bélico. Na economia, o que aconteceu foi o processo de globalização e a formação de blocos 
econômicos supranacionais. 
(....) Certo (....) Errado 
 
04. (IF/SE – Analista – IF/SE) "Com a derrocada do socialismo real e da União Soviética, entre 1989 
e 1991, surgiu uma nova ordem mundial que, a princípio, parecia ser unipolar, com uma única 
superpotência, os Estados Unidos. Mas essa ideia parece ser aplicável somente a um breve período 
transitório, pois o poderio estadunidense vem se enfraquecendo, em termos relativos (isto é, em 
comparação com o crescimento da China, da Europa unificada, da Índia etc.)." Vesentini, Wiliam - 2009. Assinale 
a afirmativa correta sobre os fatos da nova ordem mundial: 
(A) O ponto fraco da União Europeia é o rápido envelhecimento e o baixo poder aquisitivo de sua 
população. 
(B) Apesar da crise na transição do socialismo real para a economia, a herdeira da Ex União Soviética, 
Rússia, voltou a ser uma superpotência, apesar da fragilidade do setor de tecnologia de ponta. 
(C) Uma das dificuldades para o Japão na formação de um Megabloco na Ásia é a desconfiança de 
algumas importantes nações, como China e Coréia do Sul, que o consideram um país imperialista, 
sobretudo pela brutalidade e pelo racismo demonstrado pelas tropas japonesas quando da ocupação de 
seus territórios. 
(D) A China atualmente é o Estado nacional que poderia ameaçar a hegemonia estadunidense, em 
função do crescimento econômico e do regime político democrático. 
(E) A Índia é outro país que vem se modernizando, e é favorecida pela abundância de recursos 
minerais e ausência de problemas étnicos, sociais e político territoriais. 
 
05. (IF/SP – Professor de Geografia – FUNDEP) O processo de mundialização da economia 
capitalista inaugurou uma nova divisão internacional do trabalho porque 
(A) a diversidade das plantas industriais, até então vigentes nas mais diferentes economias do planeta, 
sofreram homogeneização, excluindo a complementaridade. 
(B) a divisão do mundo em países produtores de bens industrializados e países unicamente produtores 
de matérias-primas, quer agrícolas, quer minerais, já não bastava. 
(C) a expansão industrial sobrepôs uma divisão horizontal à antiga divisão vertical do trabalho, 
mediante eliminação de níveis de qualificação dentro de cada ramo industrial 
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(D) a indústria multinacional restringiu sua atuação aos mercados de países centrais e criou bases 
produtivas adaptadas às necessidades de seus mercados nacionais. 
 
06. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) A mundialização não diz respeito apenas às 
atividades dos grupos empresariais e aos fluxos comerciais que elas provocam. Inclui também a 
globalização financeira, que não pode ser abstraída da lista das forças às quais deve ser imposta a 
adaptação dos mais fracos e desguarnecidos. François Chesnais. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996 (com adaptações). 
Tendo como referência inicial o fragmento de texto apresentado, julgue (C ou E) o item subsequente. 
Mundialização do capital ou globalização refletem a capacidade estratégica de grandes grupos 
oligopolistas, voltados para a produção industrial ou para as principais atividades de serviços, em adotar, 
por conta própria, enfoque e conduta globais. 
(....) Certo (....) Errado 
07. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) A mundialização não diz respeito apenas às 
atividades dos grupos empresariais e aos fluxos comerciais que elas provocam. Inclui também a 
globalização financeira, que não pode ser abstraída da lista das forças às quais deve ser imposta a 
adaptação dos mais fracos e desguarnecidos. François Chesnais. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996 (com adaptações). 
Tendo como referência inicial o fragmento de texto apresentado, julgue (C ou E) o item subsequente. 
O princípio geográfico da localização, no mundo globalizado economicamente competitivo, é superado 
pelos sistemas técnicos e de informação. 
(....) Certo (....) Errado 
 
08. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) A mundialização não diz respeito apenas às 
atividades dos grupos empresariais e aos fluxos comerciais que elas provocam. Inclui também a 
globalização financeira, que não pode ser abstraída da lista das forças às quais deve ser imposta a 
adaptação dos mais fracos e desguarnecidos. François Chesnais. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996 (com adaptações). 
Tendo como referência inicial o fragmento de texto apresentado, julgue (C ou E) o item subsequente. 
No mundo globalizado, observa-se uma tendência de compartimentação generalizada dos territórios, 
onde se associam e se chocam o movimento geral da sociedade do trabalho e o movimento particular de 
cada fração espacial: do nacional ao regional e ao local. 
(....) Certo (....) Errado 
 
Gabarito 
 
01.C/ 02.B / 03.Certo / 04.C / 05.B / 06.Certo / 07.Errado / 08. Certo 
 
Comentários 
 
01. Resposta: C 
Com a crise do bloco socialista, no final dos anos 1980, uma nova fase se abriu para a história da 
Iugoslávia. Em 1991, Croácia, Eslovênia e Macedônia declararam sua independência, sendo que apenas 
esta última de maneira pacífica. A separação da Croácia e da Eslovênia foi acompanhada por intensos 
conflitos militares liderados pelo então presidente sérvio Slobodan Milosevic. Em 1992, a Bósnia declarou 
sua independência, passando a enfrentar militarmente a Croácia, em disputa por territórios, e sobretudo 
a Sérvia, contrária ao movimento separatista de mais uma região iugoslava. 
 
02. Resposta: B 
Nova Ordem Mundial é a lógica internacional da ordem de poder entre os Estados nacionais no período 
que sucede a Guerra Fria. A Nova Ordem Mundial é caracterizada pela UNIMULTIPOLARIDADE, uma 
vez que temos a supremacia dos Estados Unidos no campo bélico e político, e a emergência de várias 
potências no campo econômico: China, União Europeia, Japão e o próprio EUA. 
 
03. Resposta: Certo 
Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, a comunidade internacional passa por uma reformulação 
das estruturas de poder e força entre os Estados Nacionais, gerando uma nova configuração geopolítica 
e econômica que foi chamada de Nova Ordem Mundial. Uma das mudanças principais desse novo plano 
geopolítico internacional foi o estabelecimento de uma multipolaridade, onde o poderio militar não era 
mais o critério determinante de poder global de um Estado Nacional, perdendo lugar para o poderio 
econômico. Já a área econômica passa por um processo de globalização, gerando fluxos crescentes de 
bens, serviços e capitais que perpassam as fronteiras nacionais. Além disso, a formação de blocos 
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econômicos supranacionais visam atender tanto os interesses de corporações transnacionais, que 
almejam a eliminação das barreiras alfandegárias, como os Estados Nacionais que tentam garantir 
algumas vantagens políticas. 
 
04. Resposta: C 
O Japão apesar de ser o mais rico da Ásia em outrora buscou seu domínio nos países do pacífico com 
ocupações territoriais, principalmente durante a 2ª guerra, desde então os asiáticos não fecham em um 
bloco econômico com receio de um novo domínio japonês, através da economia sobre eles. 
 
05. Resposta: B 
O processo de mundialização da economia capitalista monopolista teve como pressuposto básico a 
necessidade de uma nova divisão internacional do trabalho. Já não bastava um mundo dividido em países 
produtores de bens industrializados e países unicamente produtores de matérias-primas, quer agrícolas, 
quer minerais. A mundialização da economia pressupõe uma descentralização da atividade industrial e 
sua instalação e difusão por todo o mundo. Pressupõe também um outro nível de especialização dos 
produtos oriundos dos diferentes paísesdo mundo para o mercado internacional. Assim, 
simultaneamente, a indústria multinacional implanta-se nos mercados existentes em todos os países 
(através de filiais, fusões, associações, franquias etc.) e cria bases para a produção industrial adaptada 
às necessidades desses mercados nacionais. Ao mesmo tempo, atua de forma a aprimorar a exploração 
e a exportação das matérias-primas requeridas pelo mercado internacional. Esse processo de expansão 
industrial sobrepôs uma divisão vertical à antiga divisão horizontal do trabalho. Agora combina-se a antiga 
divisão por setores (primário: agrícola e mineiro, e secundário: industrial) em níveis de qualificação dentro 
de cada ramo industrial. 
 
06. Resposta: Certo 
A globalização pode ser interpretada sob 4 linhas básicas: 
1) Globalização como um período histórico; 
2) Globalização como compressão do tempo e do espaço; 
3) Globalização como hegemonia dos valores liberais; e 
4) Globalização como fenômeno socioeconômico. Nesta concepção, François Chesnay, economista 
da OCDE, entende que a globalização traduz a capacidade estratégica do grande grupo oligopolista em 
adotar abordagem e conduta globais, relativas simultaneamente a mercados compradores, fontes de 
aprovisionamento, localização da produção industrial e estratégias dos principais concorrentes. 
 
07. Resposta: Errado 
Apesar da maior integração e na diminuição do tempo e custo necessários para a circulação de 
informações e mercadorias, o princípio geográfico da localização não foi superado. A rede global não 
flutua no ar, ela se entrelaça em nós, em locais estratégicos dentre os quais é possível citar grandes 
áreas de produção industrial, portos de redistribuição mundial como Singapura e Rotterdam, centros de 
decisão como o Vale do Silício nos Estados Unidos, dentre outras. Também mostra como o princípio de 
localização não foi superado a elevação de fenômenos de valorização regional, que crescem como 
antinomia ao global. Um exemplo disso são os selos de origem regional europeus, que valorizam produtos 
oriundos de regiões específicas por suas características únicas e exclusivas, como o Champanhe francês. 
 
08. Resposta: Certo 
Os territórios tendem a uma compartimentação generalizada, onde se associam e se chocam o 
movimento geral da sociedade planetária e o movimento particular de cada fração, regional ou local, da 
sociedade nacional. Esses movimentos são paralelos a um processo de fragmentação que rouba às 
coletividades o comando do seu destino, enquanto os novos atores também não dispõem de instrumentos 
de regulação que interessem à sociedade em seu conjunto. 
 
MULTICULTURALISMO4 
 
Pensar em multiculturalismo é se referir ao manejo das diferenças em nossas sociedades, 
especialmente as diferenças culturais e étnicas. 
Tal problemática está hoje muito presente nas chamadas sociedades multiétnicas, ou ainda, em 
estados nacionais de forte imigração na atualidade, como os Estados Unidos e alguns países europeus 
 
4 MARTINI, Alice de. Geografia. /Alice de Martini; Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013. PNLD – 2015 a 2017 – FNDE – Ministério da 
Educação. 
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(Alemanha, Inglaterra, França, Bélgica e Holanda, por exemplo). Essa discussão faz-se também muito 
presente no Canadá, neste caso, em virtude, sobretudo, de duas grandes comunidades culturais 
presentes ali: a população de origem e língua francesa e a população de origem e língua inglesa. 
A diversidade cultural e étnica é muitas vezes percebida como uma possível ameaça à nação. 
O multiculturalismo procura enfatizar, então, a ideia de que as culturas minoritárias são discriminadas 
e, para se consolidarem, devem ser protegidas pelo Estado. 
Há de se considerar ainda que, além do Canadá (desde 1982), vários outros estados nacionais têm 
constituições multiculturais, por exemplo, a Austrália, a África do Sul, a Colômbia e o Paraguai. 
Discutir o multiculturalismo, na atualidade, significa nos colocarmos diante dos desafios do nosso 
tempo: 
→ Percebermos a diversidade humana; 
→ Defrontarmo-nos com a desconstrução de algumas "verdades"; 
→ Começarmos a pensar em processos de integração e interação de diversos saberes; 
→ Desierarquizarmos as diferenças e visões de mundo; 
→ Desenvolvermos um profundo amor pela vida. 
Desse modo, gênero, raça/etnia, orientação sexual, religião e classe social são algumas das variáveis 
contemporâneas que colocam em evidência novos sujeitos políticos, que passam a exigir do Estado e da 
sociedade reconhecimento e políticas inclusivas. 
 
Definindo Multiculturalismo 
 
O Multiculturalismo pode ser visto como um sintoma de transformações sociais básicas, ocorridas na 
segunda metade do século XX, no mundo pós-Segunda Guerra Mundial. Pode ser visto também como 
uma ideologia, a do politicamente correto, ou como aspiração, desejo coletivo de uma sociedade mais 
justa e igualitária no respeito às diferenças. 
Consequência das múltiplas misturas raciais e culturais, provocadas pelo incremento das migrações 
em escala planetária, pelo desenvolvimento dos estudos antropológicos, do próprio direito e da linguística, 
além de outras ciências sociais e humanas, o Multiculturalismo é, antes de mais nada, um questionamento 
das fronteiras de todo tipo, principalmente da monoculturalidade. 
Visto como militância, o Multiculturalismo implica reivindicações e conquistas por parte das chamadas 
minorias. Reivindicações e conquistas muito concretas: legais, políticas, sociais e econômicas. (CHIAPPINI, 
Lígia). 
 
Multiculturalismo no Brasil 
A diversidade é uma das principais características da cultura brasileira, causa imprescindível de nossa 
riqueza cultural. (Hermano Vianna, antropólogo) 
No Brasil, o discurso multicultural também é relativamente recente, tendo ganho projeção e tido 
conquistas a partir da segunda metade da década de 1980, em um contexto de construção de um Estado 
mais democrático. 
Em geral, as ações multiculturais no Brasil associam-se às ações afirmativas, que buscam a efetiva 
igualdade de acesso a bens fundamentais como educação e emprego. 
 
Ações Afirmativas 
Ações Afirmativas são políticas focais que alocam recursos em benefício de pessoas pertencentes a 
grupos discriminados e vitimados pela exclusão socioeconômica no passado ou no presente. Trata-se de 
medidas que têm como objetivo combater discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de 
casta, aumentando a participação de minorias no processo político, no acesso à educação, saúde, 
emprego, bens materiais, redes de proteção social e/ou no reconhecimento cultural. [ ... ] 
A ação afirmativa se diferencia das políticas puramente antidiscriminatórias por atuar preventivamente 
em favor de indivíduos que potencialmente são discriminados, o que pode ser entendido tanto como uma 
prevenção à discriminação quanto como uma reparação de seus efeitos. Políticas puramente 
antidiscriminatórias, por outro lado, atuam apenas por meio de repressão aos discriminadores ou de 
conscientização dos indivíduos que podem vir a praticar atos discriminatórios. Fonte: Grupo de Estudos Multidisciplinares 
da ação afirmativa. Disponível em: <http://gemaa.iesp.uerj.br/index.php?option=com_k2&view=item&layout=item&ld=1&lternid=217>. 
Depois de muitas lutas e amplas e acaloradas discussões, a sociedade brasileira assiste ao 
reconhecimento e à incorporação das chamadas "populações tradicionais" do Brasil, o que é mais uma 
vitória dos movimentos sociais em sua luta por reconhecimento e igualdade. 
A partir do Decreto Presidencial nº 6.040 de 2007, o governo brasileiro reconhece formalmente, pela 
primeira vez na história do País, a existência formal de todas as chamadas populações "tradicionais" do 
Brasil: 
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Decreto Presidencial Reconhece Existência Formal das Populações Tradicionais 
Está em vigor o decreto presidencial quereconhece a existência formal e legal das populações 
tradicionais do Brasil. 
Com o decreto do ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Decreto nº 6.040), publicado no Diário 
Oficial da União, o governo reconhece formalmente, pela primeira vez na história do país, a existência 
formal de todas as chamadas populações "tradicionais" do Brasil. 
Ao longo dos seis artigos do decreto, que institui a PNPCT - Política Nacional de Desenvolvimento 
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, o governo estende um reconhecimento feito 
parcialmente na Constituição de 1988 apenas aos indígenas e aos quilombolas. [ ... ] 
Daqui em diante, todas as políticas públicas decorrentes da PNPCT beneficiarão oficialmente o 
conjunto das populações tradicionais, incluindo ainda faxinais (que plantam mate e criam porcos),' 
comunidade de "fundo de pasto", geraizeiros (habitantes do sertão), caatingueiros, vazanteiros, 
pantaneiros, caiçaras (pescadores do mar), ribeirinhos, seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco 
de babaçu, ciganos, quilombolas, povos indígenas, pomeranos, marisqueiros, dentre outras. [. .. ] 
Segundo o artigo 32 do decreto, povos e comunidades tradicionais "são grupos culturalmente 
diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que 
ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, 
religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas geradas e transmitidas 
pela tradição." 
Tais populações - a maior parte sem documentos de identidade, totalmente à margem dos direitos civis 
- habitam sobre um quarto do território brasileiro, em todas as regiões do país, formando um contingente 
de cerca de 5 milhões de pessoas, equivalente à população de muitos países europeus. [ ... ] 
Com base na Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades 
Tradicionais, as várias instâncias do governo federal, de forma integrada entre si e com as lideranças das 
comunidades tradicionais, poderão, juntas, desenvolver planos, projetos e ações destinados a promover 
a inclusão daquelas populações. [. .. ] 
Segundo Jorge Zimmerman (diretor de Agroextrativismo do Ministério do Meio Ambiente), são três as 
diretrizes centrais da PNPCT. A primeira delas pretende assegurar todos os direitos civis, por meio do 
reconhecimento legal dos habitantes daqueles lugares, inclusive com fornecimento de documentos de 
identificação; a segunda diretriz diz respeito ao reconhecimento explícito do respeito à diversidade étnica, 
ao direito à educação diferenciada e à prática religiosa específica. A terceira perna do tripé pretende 
equacionar a regularização fundiária, já que muitas das comunidades tradicionais sofrem com o 
desrespeito a sua referência geográfica, como é o caso dos quilombolas, que, em muitos casos, foram 
incorporados pelas cidades, sofrendo achaques da especulação imobiliária. Segundo Zimmermann, 
"havia uma ausência de marcos legais que garantissem direitos às populações tradicionais. 
Agora, porém, com o decreto, temos uma situação em que, com amparo da PNPCT, podemos 
transformar a realidade daqueles povos positivamente." Até porque, insiste ele, o País vive um momento 
em que a especificação profissional e as novas tecnologias roubaram praticamente todos os espaços 
para a migração das populações tradicionais da zona rural para as cidades. Com o PNPCT, o governo 
pretende criar condições para que aquelas pessoas encontrem maneira de viver em seu próprio meio 
ambiente. Fonte: Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa. Disponível em: <http://www.capma.org.br/downloadlpub/cr200703.pdf>. 
No entanto, se de um lado o multiculturalismo apresenta essa vertente de convivência, igualdade e 
respeito às minorias e às diferenças, de outro, assistimos, na atualidade, ao acirramento de uma disputa 
entre dois lados culturais e religiosos aparentemente opostos: o mundo "cristão-europeu" e o mundo 
"islâmico", a partir do denominado "choque de civilizações". 
Assim, as diversas crises que ocorrem atualmente no Oriente Médio são apresentadas como 
consequência das diferenças profundas entre o islamismo - que seria "radical, retrógrado e arcaico", 
rejeitando, ademais, os valores democráticos do "Ocidente" - e o mundo judaico-cristão ocidental - este 
sim, "racional, progressista e democrático". 
Na Origem de um Conceito 
O choque de civilizações é visto como aspecto importante das relações internacionais modernas. 
A crise no Oriente Médio [ ... ] não teve origem num conflito entre Estados, mas num choque de 
civilizações." Ainda em 1964, um professor universitário britânico pouco conhecido lançou a fórmula que 
ficaria famosa. Incontestavelmente, Bernard Lewis foi um precursor. 
Passada despercebida durante a década de 1960, a fórmula foi relançada por ele vinte e cinco anos 
depois na forma de um artigo, "The Roots of Muslim Rage" (As raízes da cólera muçulmana). Ali, ele 
descreve o estado de espírito do mundo muçulmano e conclui: "Isto nada mais é do que um choque de 
civilizações, uma reação talvez irracional, mas seguramente histórica, de um antigo adversário contra 
nossa herança judaico-cristã, nosso presente secular e a expansão mundial de ambos." "Eu penso", dizia 
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ele em 1995, "que a maioria entre nós concordaria em dizer - e alguns já o fizeram - que o choque de 
civilizações é um aspecto importante das relações internacionais modernas, embora poucos, en- tre nós, 
chegassem ao ponto de dizer - como alguns já fizeram - que as civilizações têm políticas externas e 
formam alianças." 
A visão de um "choque de civilizações", contrapondo duas entidades claramente definidas, o "Islã" e o 
"Ocidente" (ou a "civilização judaico-cristã"), está no centro do pensamento de Bernard Lewis, um 
pensamento essencialista que restringe os muçulmanos a uma cultura petrificada e eterna. 
"Esse ódio", insiste ele, "vai além da hostilidade em relação a alguns interesses ou ações específicas, 
ou mesmo em relação a determinados países, tornando-se a rejeição da civilização ocidental enquanto 
tal, não pelo que ela possa fazer, mas pelo que ela é e pelos princípios e valores que pratica e professa." 
Os iranianos não se revoltaram contra a ditadura do Xá imposta por um golpe de estado fomentado 
pela C IA, em 1953; os palestinos não lutam contra uma invasão interminável; e se os árabes odeiam os 
Estados Unidos, não é porque o governo deste país apoia Ariel Sharon ou porque invadiu o Iraque. Na 
realidade, o que os muçulmanos rejeitam é a liberdade e a democracia. Como seria possível compreender 
os conflitos do Kosovo ou da Etiópia-Eritreia? Pela recusa, por parte dos muçulmanos, em serem 
governados por infiéis, explica Bernard Lewis. 
Foi em 1993 que Samuel Huntington retomou a fórmula do "choque de civilizações" num célebre artigo 
que escreveu para a revista Foreign Affairs. Embora verbalmente rejeitado na França, o conceito se 
instalaria, pouco a pouco, nas consciências. Quando, em dezembro de 2003, em Túnis, o presidente 
Jacques Chirac mencionou o termo "agressão" ao se referir ao uso do véu islâmico, a jornalista Elisabeth 
Schemla comemorou: "Pela primeira vez, Jacques Chirac reconhece que a França não é poupada do 
choque de civilizações." 
"Sem exagerar sua importância", escreveu Emmanuel Brenner num panfleto intitulado França, cuida 
para que não percas tua alma (France, prends garde de perdre ton âme), "é preciso levar em consideração 
ações culturais que explicitam conflitos entre concepções do mundo distintas, e até antagônicas. [ ... ] 
Essa dimensão cultural está ausente em inúmeros observadores que deixam de levar em conta os 
antecedentes históricos que influenciam nosso inconsciente. Antecedentes cuja natureza, por muito 
tempo conflituosa, vem à tona com as atuais questões de identidade. Basta lembrar as cruzadas e o 
confronto entre as duasmargens do Mediterrâneo, basta lembrar o avanço do Islã no sudeste da Europa, 
chegando às portas de Viena no século XVII, assim como basta lembrar o tempo do império turco, temido 
e execrado e, em seguida, o tempo da colonização, com sua procissão de violência, e por fim o da 
descolonização, que muitas vezes foi sangrenta. Esse enfrentamento, antigo e recorrente, está 
sedimentado na consciência dos povos." E é por isso, conclui Brenner, que uma parcela de jovens 
franceses originários do Magreb é "culturalmente" antisemita ... De Maomé ao cerco de Viena pelos 
otomanos, da descolonização ao islamismo, do islamismo à AI-Qaeda, do véu islâmico ao antisemitismo 
dos jovens magrebinos, fecha-se a roda do círculo, repete-se a história. E viva os sarracenos! ALAIN GRESH - 
Tradução: Jô Amado. Fonte: Biblioteca Diplô. Disponível em: cwwwdiplo.org.br/imprima976>. 
 
Fundamentalismos Religiosos: Rumo a Novas "Guerras Santas"? 
 
Antes de discutirmos especificamente sobre o fundamentalismo religioso, precisamos compreender 
que existem outras formas de fundamentalismo, tais como: o político, o religioso, o cultural e o econômico, 
ou ainda, o fundamentalismo "neoliberal" (política econômica seguida pelo FMI). 
Todavia, para o fundamentalista religioso, o fiel deve seguir à risca as páginas dos textos sagrados da 
sua religião, As Escrituras (sejam elas a Bíblia, o Talmude, o Corão, ou o Hadith dos hindus) foram 
traçadas por Deus, logo devem ser interpretadas como a Sua vontade. 
Desse modo, fundamentalismo é tomar as palavras sagradas em seus fundamentos, completamente, 
sem nenhuma alteração, sem nenhuma concessão. 
Os termos "fundamentalismo" e "fundamentalista" nasceram nos Estados Unidos, no início do século 
XX, no contexto do Protestantismo. 
Para os fundamentalistas estadunidenses, o texto bíblico devia ser assumido à risca e sua autoridade 
estendia-se tanto ao domínio religioso quanto ao científico, histórico, filosófico. Desse modo, eles 
rejeitavam as teorias evolucionistas de Charles Darwin. 
Para eles, se a Bíblia afirma que os seres humanos foram criados à semelhança de Adão e Eva, essa 
é uma verdade absoluta (daí o nome: "criacionismo"). 
Apesar das diversas comprovações científicas do evolucionismo, em muitas escolas dos Estados 
Unidos era proibido ensinar a teoria da evolução. 
Esse debate em torno do ensino da teoria evolucionista e da narração bíblica da criação continua ainda 
hoje em várias escolas nos Estados Unidos. 
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No entanto, na atualidade, quando pensamos em fundamentalismo religioso, nossa primeira referência 
são os povos islâmicos, erroneamente associados quase exclusivamente aos árabes. 
Na realidade, o fundamentalismo é um movimento social, religioso e político bastante diversificado, e 
muito além das fronteiras do Islã. Basta pensar que, ainda hoje, o estado nacional com maior contingente 
de fundamentalistas religiosos é os Estados Unidos. 
 
O Fundamentalismo Cristão 
Como você observou, não existe apenas o fundamentalismo islâmico, mas várias formas de 
fundamentalismo - seja católico ou protestante ou judaico. Observamos ainda que os fundamentalistas 
ensejam uma interpretação "ao pé da letra" dos textos sagrados. Por isso, em geral, no Ocidente, eles 
rejeitam importantes mudanças sociais, colocando-se contra o direito ao aborto, a emancipação feminina, 
os direitos dos homossexuais, as pesquisas com células-tronco, o controle da natalidade, entre outros. 
Nos Estados Unidos, os fundamentalistas ganharam muita projeção no governo de Ronald Reagan 
(1981-1989). No entanto, foi no governo de George W. Bush que pudemos observar os efeitos mais 
nefastos da chamada "guerra santa", traduzida como "guerra contra o terror". 
 
O Caos Fundamentalista 
Bush [. .. ] percebeu que a fraude era o caminho possível e mais fácil para chegar à presidência dos 
Estados Unidos no final da década de 1990. O grupo do líder fundamentalista dos EUA percebeu que 
nada melhor para os negócios que essa conversa de fundamentalismo. 
A vida perde sentido, fica fácil vender para as pessoas a ideia do paraíso; logo, a morte é algo que 
passa a ser desejado no fanatismo inconsequente dos milhões de puritanos made in USA. 
Não vão questionar lucros nem negociatas, desde que adotados os programas moralistas do 
fundamentalismo. Não ao aborto, condenação aos gays, nada de pesquisas com células-tronco e vai por 
aí afora. [ ... ] 
João Paulo II e sua obsessão anticomunista foi o principal responsável pelo retrocesso de setores da 
Igreja Católica, abrindo espaços para que as seitas evangélicas e puritanas invadissem todo o continente 
americano. O totalitarismo do Vaticano imposto à Teologia da Libertação foi um dos maiores desastres 
religiosos num momento que religião começava a ter alguma lucidez. [. .. ] 
A história do fundamentalismo coloca contra a parede com muito mais intensidade o fundamentalismo 
cristão ou o fundamentalismo judaico, pois um precisa mais do outro, embora se odeiem, que o 
fundamentalismo islâmico. 
Maomé foi o responsável por unir tribos árabes e dar-lhes alguma consistência. O próprio Corão não 
é necessariamente um livro religioso, mas um livro de poesias que, na crença muçulmana, foi ditado ao 
profeta por Alá. Um código de conduta. 
Os cristãos foram os cruzados nas carnificinas para libertar Jerusalém. Ou os verdugos da Inquisição. 
Numa crônica memorável, o escritor Luís Fernando Veríssimo fala da destruição que os cristãos 
impuseram a regiões europeias onde os mouros estiveram por séculos, ao contrário da tolerância moura. 
Veríssimo fala em predadores (os cristãos). Em lúcidos (os mouros). [ ... ] 
O fundamentalismo judaico ganhou força após a Segunda Grande Guerra. É em nome do que está 
escrito no Velho Testamento que matam palestinos e se apropriam de terras alheias. Tudo, lógico, a 
mando de Deus. [ ... ] 
É óbvio que Bin Laden é um terrorista. Tem a mesma convicção. O terrorista que jogou um dos aviões 
contra o World Trade Center tinha a certeza de que sairia dali para o paraíso. [. .. ] 
Bush é só um dos lados desse triângulo. Mas o lado mais perigoso. Cruel, perverso e assassino. 
Terrorista na essência. O mais poderoso dentre todos os loucos que se acham enviados divinos. 
O que aconteceu em Faluja ultrapassa os limites da sanidade. Uma barbárie sem tamanho, Genocídio. 
Corpos espalhados pelas ruas, Homens, mulheres, crianças. Pessoas presas sem culpa formada e 
deixadas sem alimento. Mesquitas destruídas. A imagem de um soldado do deus cristão executando um 
soldado do deus muçulmano (mas que lutava por sua terra invadida e ocupada e seu povo brutalizado) 
mostra o desprezo que o fundamentalismo tem pela vida. 
É outra característica dessa doença. Quem não pensa como pensam é subgente. Preconceito é uma 
realidade. [ ... ] 
São os negócios, principal instrumento do fundamentalismo cristão, o mercado, regulando e 
disciplinando seus interesses. 
A vida nesse contexto é só um detalhe. O que conta são os balanços. A vida dos outros, a deles não. 
[. .. ] 
A tarefa dessa mistura cristã pagã é a de defender os negócios, assegurar como imaculada a 
propriedade privada. Dane-se o resto. 
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O mundo de Bush é o mundo dos insanos. Só que nele não rasgam dinheiro, pelo contrário. Guardam, 
saqueiam, tomam, matam, tudo em nome da moral, e do grande império norte-americano. Laerte Braga - Fonte: 
Rebelión. Disponível em: <www.rebelion.org/noticia.php?id=7893>. 
 
O Fundamentalismo Islâmico 
Como afirmamos antes, o fundamentalismo está assentado sobre a crença na verdade dos textos 
sagrados (sejam eles a Torá, a Bíblia ou o Corão). No caso do fundamentalismo islâmico, este sempre 
existiu entre os povos muçulmanos. No entanto, somente ganhou visibilidade com a vitória dos aliados 
ao Aiatolá Khomeini, no Irã, em 1979. 
Para entendermos um pouco melhor esta questão,

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