Buscar

Bienais do Mercosul- Gabrielle Ribeiro Lorenzoni- 302

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO GALÓPOLIS
GABRIELLE RIBEIRO LORENZONI
BIENAIS DA MERCOSUL
CAXIAS DO SUL
2020
HISTÓRICO DA BIENAL DO MERCOSUL
	A Bienal do Mercosul nasceu de uma necessidade de articulação cultural e artística que há muito vinha tentando efetivar-se de forma duradoura.
	As primeiras ações em direção ao que hoje se constitui na Bienal do Mercosul foram iniciadas em maio de 1994, pela produtora cultural Maria Benites Moreno, que elaborou um anteprojeto para uma Bienal do Cone Sul. Sua intenção era dar visibilidade à produção latino-americana. Ao mesmo tempo, um grupo de artistas formado por Caé Braga, Gustavo Nakle, Maia Menna Barreto, Nelson Jungbluth, Maria Tomaselli, Paulo Olszewski, Paulo Chimendez, Manolo Doyle e Wilson Cavalcanti discutia novas possibilidades de intercâmbio entre a América Latina. Embora os dois movimentos não estivessem ligados, o projeto acabou ganhando uma dimensão pública. Em 1995 o grupo de artistas buscou o apoio do Governo do Estado através do Instituto Estadual de Artes Visuais da Secretaria de Estado da Cultura.
	Mas o início, de fato, do processo de constituição da Bienal do Mercosul realiza-se em março de 1995, na residência do empresário Jorge Gerdau Johannpeter. Lá se reuniram o Governador do Estado, o Secretário de Estado da Cultura e outras autoridades, como:
	'artistas, colecionadores, empresários e representantes dos setores culturais, que lançaram a proposta de fazer uma Bienal de Artes Visuais. A iniciativa foi vista como uma possibilidade efetiva de realizar um projeto de grandes dimensões. '
		O caráter público do projeto da mostra de arte e seu papel em uma sociedade democrática também teve grande aceitação por parte das lideranças artísticas e políticas do sul do país. Em maio do mesmo ano, o Governador empossa uma comissão técnica para a formulação de uma proposta inicial para a Bienal do Mercosul, formada por representantes do governo estadual, da prefeitura de Porto Alegre,
	Em maio do mesmo ano, o Governador empossa uma comissão técnica para a formulação de uma proposta inicial para a Bienal do Mercosul, formada por representantes do governo estadual, da prefeitura de Porto Alegre, empresários, artistas e entidades de classe (Fiergs, Federasul e Farsul). Em julho, o subgrupo da Comissão Técnica apresenta uma Proposta para a Configuração Geral da Bienal de Artes Visuais do Mercosul.
	Em agosto de 1995, o grupo propôs a criação de uma fundação de direito privado e apresentou ao Governador do Estado a Proposta de Criação da Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Em 1° de dezembro de 1995, o Governador do Estado nomeia a Comissão Organizadora da Bienal de Artes Visuais do Mercosul que, por sua vez, indicou a nomeação de um presidente para a realização da 1ª Bienal do Mercosul e a composição do Conselho Deliberativo. O empresário e colecionador Justo Werlang, foi eleito o primeiro presidente da Bienal do Mercosul.
	Em 1° de abril de 1996 a Comissão Organizadora da Bienal de Artes Visuais do Mercosul aprovou o projeto básico da primeira bienal, assim como o esboço dos estatutos sociais da Fundação, ambos apresentados ao colegiado da reunião por Justo Werlang. Ainda em abril de 1996 é formalizada a lista de sete empresários que instituirão a Fundação: Adelino Raimundo Colombo, Hélio da Conceição Fernandes Costa, Horst Ernst Volk, Jayme Sirotsky, Jorge Gerdau Johannpeter, Sérgio Silveira Saraiva e William Ling. Em 3 de junho de 1996 foi aprovado o projeto executivo para a 1ª Bienal do Mercosul e o convênio com o Governo do Estado, que criou condições para a realização da primeira edição. Em 11 de junho de 1996, o Conselho de Administração apresentou os termos da escritura pública de instituição da Fundação e seu Estatuto Social.
	Ainda em 1996, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul aprova a criação de uma lei de incentivo à cultura, que foi regulamentada em maio de 1997, permitindo a realização da primeira Bienal do Mercosul, em setembro deste mesmo ano.
​
​
1ª Bienal do Mercosul
A 1ª Bienal do Mercosul foi realizada em 1997 e é considerada pelo crítico uruguaio Alberto Torres como "a revisão mais sólida e rigorosa sobre a arte da região". Um dos principais êxitos da primeira edição foi a existência de um projeto curatorial claramente definido, que buscou apresentar a maior mostra de arte latino-americana realizada no Brasil. A mostra foi restrita aos países do Mercosul - Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, e teve como país convidado a Venezuela, mas proporcionou um exame do desenvolvimento histórico da arte do continente. Cerca de 800 obras de 200 artistas ocuparam doze espaços expositivos e estavam agrupadas em três vertentes - "Construtiva - A arte e suas estruturas", "Política - A arte e seu contexto" e "Cartográfica - Território e história", além de dois segmentos, que reuniam obras de jovens artistas e uma seleção de obras de coleções públicas e privadas do Brasil. Esta Bienal teve duas personalidades homenageadas: o pintor e lingüista argentino Xul Solar e o crítico de arte brasileiro Mário Pedrosa. Dois seminários internacionais que contaram com a participação de cerca de 60 críticos e historiadores de arte do Brasil e do exterior foram realizados durante o período da exposição. Nos seminários foram discutidas as utopias latino-americanas e o ponto de vista dos países do hemisfério norte sobre a arte latino-americana. Obras doadas por treze artistas foram instaladas na cidade e onze artistas foram convidados a fazer intervenções de caráter efêmero. Se a arte de caráter político da América Latina - submetida a 30 anos de ditadura militar - traz à tona obras que adquiriram um extraordinário significado depois da redemocratização do continente, a 1ª Bienal do Mercosul mostrou que, além do conteúdo político, a arte latino-americana é também conceitual e construtiva. 
2ª Bienal do Mercosul
	A 2ª Bienal do Mercosul aconteceu em 1999 e mostrou obras da Argentina, do Brasil, da Bolívia, do Chile, do Paraguai, do Uruguai e da Colômbia como país convidado. O evento foi aberto em 5 de novembro com o concerto da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre executando a "Sinfonia Mercosul", composta exclusivamente para o evento pelo maestro Nestor Wennholz. Esta Bienal deu destaque ao processo de integração do Mercosul e à necessidade de promover uma harmonia das diferenças. A intenção dessa Bienal não era reunir as obras em torno de um tema, mas sim ao redor da problematização de questões da atualidade. O ano de 1999 foi marcado por uma expressiva desvalorização do real em relação ao dólar norte-americano, o que afetou significativamente o orçamento da Bienal. Assim, essa edição caracterizou-se pelo desafio de viabilizar o evento em um contexto financeiramente desfavorável. Significativamente mais modesta que a edição anterior, a 2ª Bienal do Mercosul teve como maior mérito o esforço para a consolidação do projeto. Segundo a curadoria, o que norteou essa edição da Bienal foi a adoção dos conceitos de "identidade" e "diversidade cultural" sem que estes fossem transformados em um vetor temático, permitindo a associação livre e generalizada sobre a diversidade da produção contemporânea. A ênfase nas questões acerca da arte e da tecnologia definiu o perfil da 2ª Bienal, e os segmentos históricos foram limitadas à exposição de Picasso. Pela primeira vez, a Bienal incluiu artistas de fora do Mercosul que não fossem oriundos de países convidados da América Latina, buscando enfatizar as múltiplas influências artísticas que recebemos de outros centros culturais. Além das representações nacionais, a 2ª Bienal trouxe ainda as seguintes exposições: Arte e Tecnologia-Ciberarte: Zonas de Interação, que reuniu seis instalações no térreo da Usina do Gasômetro e teve ainda páginas de arte na web, seguida de um simpósio sobre o tema, uma exposição de Julio Le Parc, e a mostra Picasso, Cubistas e América Latina. Essa edição apresentou ainda um segmento de intervenções artísticas realizadas na orla do rio Guaíbacom o objetivo de colocar a produção artística fora do circuito convencional destinado a exposições. O artista homenageado da 2ª Bienal foi o pintor Iberê Camargo, cuja exposição ocupou o térreo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul. A mostra apresentou a obra do artista desde os anos 50 até o início dos anos 90. A exposição Picasso, Cubismo e América Latina procurou salientar as influências e as reciprocidades entre artistas europeus e latino-americanos ao confrontar a produção de vários artistas do Mercosul e da Colômbia influenciados pelo cubismo de Picasso e de outros artistas significativos do movimento. Dando continuidade ao que já havia sido feito na 1ª Bienal, diversos espaços foram reformados para abrigar as exposições. Entre eles, vários armazéns do cais do porto pertencentes ao DEPRC foram recuperados e o MARGS sofreu novas reformas. O acesso aos espaços de exposição foi pago, com exceção do Gasômetro. A 2ª Bienal recebeu um público total de 294.201 visitantes. A Bienal teve ainda um dia gratuito de visitação por semana. Um projeto de itinerância foi realizado, levando parte da Bienal para a Universidade de Caxias do Sul e Buenos Aires, com o objetivo de consolidar a integração em nível regional e local, além de promover o evento junto à comunidade artístico-cultural do estado. 
3ª Bienal do Mercosul
Sob o slogan “arte por toda parte,” a 3ª Bienal do Mercosul contou com a participação da Argentina, da Bolívia, do Brasil, do Chile, do Paraguai, do Uruguai e do Peru como país convidado. A 3ª Bienal representou fundamentalmente um momento de transição para aquele que seria um novo patamar de organização e profissionalização que a Bienal viria finalmente consolidar em sua quarta edição. Sem um projeto temático definido, a terceira edição ficou mais conhecida pela criação da “cidade dos contêineres”. Parte da exposição foi montada dentro de uma série de contêineres para transporte marítimo de cargas, em uma área de 60 mil metros quadrados no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, onde 51 contêineres abrigaram instalações de 51 artistas plásticos. Essa bienal também se caracterizou fortemente por buscar um mapeamento da produção emergente e promover uma visão para o futuro, na mesma medida em que dedicou um grande espaço à jovem produção. O projeto curatorial buscou acentuar o caráter nômade da arte contemporânea. Além da utilização de espaços inusitados e não tradicionalmente utilizados para eventos culturais, outros segmentos da exposição, como o evento de performance no desativado Hospital Psiquiátrico São Pedro, também cumpriram o objetivo de mostrar a condição de transitoriedade da arte contemporânea. Dezoito artistas mostraram seus trabalhos nos pátios e nas dependências do hospital, uma construção suntuosa da época do Governo Imperial da Província. Além de procurar oferecer uma visão ampla da arte contemporânea latino-americana, a 3ª Bienal instituiu um segmento paralelo de mostras especiais que foram realizadas no Museu de Arte do Rio Grande do Sul e na Usina do Gasômetro. Entre as mostras realizadas, a que foi destinada à obra de Edward Munch, recebeu uma sala no segundo andar do Museu de Arte do Rio Grande do Sul. A 3ª Bienal trouxe ainda para o núcleo histórico uma exposição de pintura e obras em papel do muralista mexicano Diego Rivera, que recebeu uma sala especial no Museu de Arte do Rio Grande do Sul. Expostas pela primeira vez na América do Sul, a exposição exibiu 44 obras que cobriram mais de 50 anos da produção do mestre do Muralismo Mexicano. Tentando preservar o espírito de experimentação e emergência que caracterizou a 2ª Bienal, os curadores propuseram um olhar para a pintura, evitando uma perspectiva historicista ou nostálgica e promovendo um diálogo com outras modalidades artísticas, bidimensionais e tridimensionais. Exibida no espaço do Santander Cultural, a exposição Poéticas Pictóricas buscou acentuar a expansão da pintura para além dos seus limites convencionais. O artista homenageado na 3ª Bienal do Mercosul foi Rafael França. A 3ª Bienal teve entrada franca e recebeu um público estimado de 600 mil visitantes, superando em muito a meta inicialmente prevista.
4ª Bienal do Mercosul
A 4ª Bienal do Mercosul teve a participação do Brasil, da Argentina, da Bolívia, do Chile, do Paraguai, do Uruguai e do México como país convidado. A edição contou também com uma exposição transnacional com artistas de vários países, como Alemanha, Cuba e Estados Unidos. Um total de 84 artistas de 16 países participou da 4ª Bienal, caracterizada como a edição que teve a maior participação de artistas não latino-americanos. Com o objetivo de promover o questionamento das especificidades da arte latino-americana como proposta alternativa aos centros hegemônicos, a 4ª edição estruturou relações de parentesco entre o arqueológico e o contemporâneo, destacando os vínculos entre as origens e as condições atuais das culturas latino-americanas. Essa edição promoveu também a inserção do projeto Bienal do Mercosul na agenda das discussões políticas do Mercosul, firmando-a como o maior evento de arte visual latino-americana e consolidando a cidade de Porto Alegre como centro internacional de difusão e de encontros culturais e cívicos. Por esta razão, e pela primeira vez, um Presidente da República esteve presente na abertura do evento, além de presidentes e representantes de outros países participantes, caracterizando-a como um grande acontecimento nacional e internacional. No total, a 4ª Bienal teve 17 mostras entre o segmento contemporâneo e a parte histórica. Sob o vetor temático Arqueologia Contemporânea, a curadoria organizou sete mostras icônicas constituídas por um artista consagrado de cada país que acompanharam as representações nacionais: Antonio Berni, da Argentina, Pierre Verger, da França, com fotos de povos bolivianos, Roberto Matta, do Chile, Livio Abramo, do Paraguai, María Freire, do Uruguai, e José Clemente Orozco, do México. Três exposições complementaram a curadoria da edição: O Delírio do Chimborazo, Arqueologia das Terras Altas e Baixas e Arqueologia Genética. O artista brasileiro Saint Clair Cemin foi homenageado. A mostra histórica Arqueologia das Terras Altas e Baixas, que exibiu a arte pré-colombiana, procurou trazer elementos para questionar a divisão artificial entre Terras Altas e Terras Baixas que tem caracterizado parte da arqueologia sul-americana desde o segundo pós-guerra.Foram cerca de 120 obras feitas por alguns dos povos mais antigos do continente americano, representantes de culturas desaparecidas, como chavin, moche e nazca, originários do que hoje seria o Peru ou a cultura tiahuanaco da Bolívia. A mostra transversal O Delíro do Chimborazo reuniu artistas da América Latina, dos Estados Unidos e da Europa que produziram obras especiais inspiradas pelo percurso realizado por Simón Bolívar, a partir de seu poema Mi Delírio sobre el Chimborazo. No Cais do Porto, ficaram as representações nacionais da Argentina, do Brasil, do Chile, do México e do Uruguai. Na Usina do Gasômetro, foram expostas as representações da Bolívia e do Paraguai. Esta foi a primeira Bienal do Mercosul em que a produção dos países foi exibida de acordo com fronteiras geográficas. A 4ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul esmerou-se no esforço de integração com a comunidade, com ênfase na preparação dos mediadores e supervisores para uma ampla difusão artística. Com visitação gratuita, a 4ª Bienal do Mercosul atingiu também um público recorde de mais de um milhão de visitas distribuídas em seus vários espaços expositivos. Assim como nas edições anteriores, parte das diferentes exposições da Bienal itineraram por outras capitais. 
5ª edição da Bienal do Mercosul
A 5ª edição da Bienal do Mercosul caracterizou-se fundamentalmente pela tarefa de repensar o modelo em curso, levando em consideração os parâmetros internacionais de projetos curatoriais. Nesse sentido, buscou promover uma reflexão profunda não só na esfera curatorial, mas em todos os estágios organizacionais e eixos norteadores darealização da Bienal. Para tanto, levou em conta o contexto de atuação da Bienal no panorama internacional, nacional e local, para avaliar seu impacto nessas diferentes instâncias, sem perder de vista os parâmetros básicos de sua criação. A 5ª Bienal mostrou um grande número de obras inéditas, dando à exposição um caráter de originalidade e ineditismo significativo. O tema central dessa edição da Bienal do Mercosul foi a multiplicidade das experiências contemporâneas de espaço: desde o espaço subjetivo – construído pelo corpo e no corpo, passando pelo espaço dominante - o urbano, até as novas noções de espaço impostas pela cultura digital. Sob o título Histórias da Arte e do Espaço, o projeto curatorial da 5ª Bienal optou pela divisão da exposição em quatro grandes vetores - Da Escultura à Instalação, Transformações do Espaço Público, Direções no Novo Espaço e A Persistência da Pintura. Os vetores foram complementados pela exposição do artista homenageado Amilcar de Castro e pela exposição Fronteiras da Linguagem, com artistas de fora dos países do Mercosul. As obras dos países participantes foram agrupadas conforme suas especificidades lingüísticas e modalidades artísticas. Dividido em segmentos, o projeto da exposição abrigou as obras sob as seguintes categorias: escultura e instalação, pintura, novas tecnologias ou novas mídias e obras no espaço público. As duas exposições históricas - A Persistência da Pintura e Da Escultura à Instalação - foram submetidas aos mesmos procedimentos e critérios. O objetivo das exposições históricas foi oferecer compreensão para a produção contemporânea presente nos vetores principais. A 5ª Bienal foi composta por uma lista de 169 artistas, sendo 163 de países Latino-americanos, e seis da Europa e Estados Unidos incluindo o artista Max Bill em uma das mostras históricas. Dos países da América-latina, com exceção do Brasil, participaram 83 artistas: 22 do Chile, 15 do México, 15 da Argentina, 14 do Uruguai, 9 do Paraguai e 8 da Bolívia. Na 5ª Bienal, não existe país convidado; o México, convidado na edição passada, é incorporado como um dos países permanentes. A 5ª Bienal ocupou uma extensa área de exposição de 24.588,91 m2, um recorde até então. Além da exposição Fronteiras da Linguagem, que trouxe para a Bienal do Mercosul cinco artistas de projeção internacional, um dos grandes destaques desta edição foi a mostra do artista homenageado, o mineiro Amilcar de Castro, um dos maiores nomes da escultura brasileira da segunda metade do século XX. A obra do artista esteve presente em todos os segmentos da exposição. Seis esculturas monumentais foram instaladas no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público Central, na mostra chamada “Esculturas Monumentais de Amilcar de Castro” no vetor Transformações do Espaço Público. Esculturas elaboradas de 1953 até 2001 foram expostas no Armazém A7 do Cais do Porto, na retrospectiva “A Aventura da Coerência,” que contou também com duas obras de grande formato instaladas entre o armazém e o rio, no vetor Da Escultura à Instalação. Uma exposição de 23 pinturas de médio e grandes formatos, no vetor Experiências Históricas do Plano, ocupou o 2º andar do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, que contou também com uma sala biográfica do artista. No vetor A (Re)invenção do Espaço, no Santander Cultural, ainda constou da mostra um conjunto de esculturas do artista. A obra de Amilcar de Castro teve também uma exposição inédita, reunindo trabalhos de programação visual e ilustração de publicações do artista, intitulada Amilcar de Castro Programador Visual, que ficou localizada no Museu Hipólito José da Costa, ligado ao vetor Direções do Novo Espaço.
6ª Bienal do Mercosul
A 6ª Bienal do Mercosul, que aconteceu de setembro a novembro de 2007, marca o início de uma nova etapa na história das Bienais do Mercosul. Nesta edição optou-se por um modelo curatorial que intensificou a internacionalização da mostra e aplicou um cuidadoso programa pedagógico ao longo de toda a sua realização. Um dos principais desafios da gestão foi ampliar as contribuições do evento à comunidade para além das exposições de arte. O projeto curatorial, tendo como curador-geral Gabriel Pérez-Barreiro, foi pensado a partir das proposições educativas elaboradas pelo curador pedagógico Luis Camnitzer, que acredita que o espectador deve ser visto como ser criativo e não como apenas um receptor passivo de informação. Estabeleceu-se, portanto, uma inovadora reconfiguração do programa educativo da Bienal do Mercosul, que tem sido visto como uma contribuição para a discussão sobre a arte educação no país e deve tornar-se referência mundial em eventos com o mesmo formato. A adoção de uma metáfora baseada no célebre conto de Guimarães Rosa, intitulado “A Terceira Margem do Rio”, permeou o trabalho de todas as áreas envolvidas na organização. A Terceira Margem simboliza uma mudança de perspectivas, a possibilidade de criação de uma terceira forma de perceber a realidade. Composta por seis mostras, o evento ocupou três espaços expositivos: MARGS – Museu de Artes do Rio Grande do Sul, Santander Cultural e Armazéns do Cais do Porto. O projeto curatorial da 6ª Bienal do Mercosul reuniu 350 obras de 67 artistas oriundos de 23 países, nas seguintes mostras: - Exposições monográficas de três grandes personalidades que representam diferentes momentos da história da arte latino-americana: Oyvind Fahlström, Francisco Matto e Jorge Macchi. - Conversas: artistas de países do Mercosul convidam outros artistas com base na afinidade artística. Uma exposição que explora a geografia cultural através de relações específicas entre obras de arte. - Zona Franca: uma série de projetos selecionados por uma equipe de curadores internacionais, baseando-se unicamente em critérios de qualidade, relevância e atualidade. - Três Fronteiras: artistas de diferentes países foram trazidos para a região da tríplice fronteira entre a Argentina, o Brasil e o Paraguai, para refletir sobre a complexidade das relações internacionais entre os países do Mercosul. A partir desta experiência, criaram uma obra especialmente para a Bienal. - Programa Pedagógico: As atividades do Projeto Pedagógico iniciaram-se ainda em abril de 2007, com a realização do primeiro Simpósio em Arte Educação e com o início da distribuição do Material Pedagógico para bibliotecas e professores das redes públicas e privadas do Rio Grande do Sul. A partir deste material foram realizadas uma série de ações, que consideraram o envolvimento de professores das redes pública e privada de ensino. Além disto, foram realizados: curso para a formação de mediadores, palestras abertas ao público com artistas e curadores antes do início das exposições, o Simpósio Internacional de Arte Educação, transporte gratuito para estudantes da rede pública e instituições carentes e o projeto Diálogos – que contemplou a comunidade artística local. A 6ª Bienal recebeu mais de 500 mil visitas durante os 79 dias em que esteve aberta ao público. No período do evento, mais de 160 mil estudantes vindos de 172 cidades foram atendidos através do agendamento para visitar guiadas. O Projeto Pedagógico realizou 55 encontros de formação de professores em 42 cidades do Rio Grande do Sul e 4 cidades de Santa Catarina no ano de 2007. Nestes encontros foram formados 7.570 professores e educadores oriundos de 348 municípios. 
7ª Bienal do Mercosul
A 7ª Bienal do Mercosul - Grito e Escuta afirmou o sentido e a importância dos artistas como atores sociais e constantes produtores de um sentido crítico necessário. Esta edição teve como diferencial um projeto escolhido através de um concurso público internacional e que colocou artistas para ocupar o papel de curadores. Os artistas-curadores desenvolveram o projeto das exibições e o projeto pedagógico, conceituaram e coordenaram o projeto editorial, as publicações, a imagem e a comunicação da Bienal como um todo. Curadoria, educação e publicações articularam diálogos entrelaçados e interdependentes, explorando a comunicação multidirecionalatravés de múltiplas linguagens. Segundo os curadores-gerais Victória Noorthoorn e Camilo Yáñez, mais que trabalhar com um tema, a 7ª Bienal do Mercosul propôs uma série de metodologias e ações que demonstram a diversidade de abordagens e funções que a arte contemporânea apresenta: "Grito e Escuta estabelece um elo de ligação entre dois pólos: enfatiza a importância da ação (o grito) do artista que produz uma ação imediata e ativa, com a intenção de causar impacto e transformações importantes; e apela para o poder da escuta, do ouvir, provocando uma atitude reflexiva, resgatando o poder do diálogo como modelo de construção para uma sociedade melhor", afirmaram os curadores em seu texto curatorial. Esta edição contou com sete exposições, um projeto pedagógico, um programa editorial e de comunicação, um sistema de rádio e diversos programas culturais ao longo de toda a Bienal, dentro e fora dos espaços expositivos. Participaram desta edição 338 artistas de 29 países como Alemanha, Argentina, Bélgica, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, EUA, França, México, Suíça, Reino Unido, Uruguai, Venezuela. Cerca de 60% das obras foram produzidas especialmente para a Bienal. Os espaços que abrigaram as exposições da 7ª edição foram os Arazéns do Cais do Porto, o Santander Cultural e o MARGS - Museu de Arte do Rio Grande do Sul, além de diversos locais públicos da capital gaúcha. O Projeto Pedagógico, concebido pela curadora Marina De Caro, foi construído com o intuito de descentralizar e multiplicar ações e contabilizou 90 mil estudantes de escolas públicas e privadas atendidos em visitas mediadas para grupos. Cerca de 67 mil alunos de escolas públicas da capital e arredores foram atendidos com transporte gratuito para visitar as exposições. Os "Mapas Práticos - espaços em disponibilidade", uma ação com 26 ateliês educativos de Porto Alegre e 40 artistas locais, que abriram suas portas durante o período da Bienal para receber grupos e realizar oficinas gratuitas, ofereceu 144 turmas em 38 diferentes oficinas, atendendo a um público de aproximadamente 1.400 pessoas. O Curso de Formação de Mediadores da 7ª Bienal do Mercosul, destinado a estudantes universitários e profissionais graduados em qualquer área de conhecimento, capacitou 200 pessoas para atendimento de visitantes durante as exposições, além de professores e convidados. Outra inovação do Projeto Pedagógico da 7ª Bienal do Mercosul foi o Programa de Residências Artistas em Disponibilidade, que promoveu uma verdadeira maratona artística em nove regiões do Rio Grande do Sul e em cidades fronteiriças do Uruguai. Porto Alegre, São Leopoldo, Montenegro, Lajeado, Pelotas, Caxias do Sul, Santa Maria, Santana do Livramento, Tavares e Riozinho, foram localidades escolhidas para realizar projetos de 14 artistas, com o objetivo de promover a troca de experiências entre a Bienal e as comunidades. Cerca de 6 mil pessoas participaram ativamente dos projetos.
8ª Bienal do Mercosul
A 8ª Bienal do Mercosul aconteceu de 10 de setembro a 15 de novembro de 2011, em Porto Alegre/RS. Sob o título Ensaios de Geopoética, a 8ª edição da Bienal tratou da territorialidade e sua redefinição crítica a partir de uma perspectiva artística. Reuniu 186 trabalhos de 105 artistas de 31 países que desenvolvem obras relevantes para discutir noções de país, nação, identidade, território, mapeamento e fronteira sob os aspectos geográficos, políticos e culturais. Todos os eventos oferecidos pela Bienal têm acesso totalmente franqueado. Mais de 600 mil pessoas visitaram as exposições e participaram das atividades propostas. Destas, quase 130 mil eram estudantes e professores, que foram atendidos pelo Projeto Pedagógico em atividades de formação de professores e mediadores, oficinas, conversas com o público, seminários, publicações e, especialmente, a programação da Casa M. Agendamento de visitas guiadas, transporte gratuito para escolas públicas e atividades variadas foram oferecidos ao público visitante durante o período da mostra. O projeto curatorial foi composto por sete grandes ações, abordadas por meio de estratégias expositivas e ativadoras: Casa M, Cadernos de Viagem, Continentes, Além Fronteiras, Cidade Não Vista, Geopoéticas e uma exposição do artista homenageado Eugenio Dittborn. Os espaços expositivos que abrigaram as mostras da Bienal em Porto Alegre foram os Armazéns do Cais do Porto, o Santander Cultural, o MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul e diversos espaços da capital e de outras cidades do RS. Artistas, obras, exposições e atividades pedagógicas da 8ª Bienal do Mercosul também passaram por mais de vinte cidades do Rio Grande do Sul, entre elas Bagé, Caxias do Sul, Ijuí, Montenegro, Pelotas, Santa Maria, Santana do Livramento, São Miguel das Missões e Teutônia. A equipe curatorial foi composta de sete profissionais latino-americanos: José Roca (Colômbia) – curador geral, Pablo Helguera (México) - curador pedagógico, Alexia Tala (Chile), Cauê Alves (Brasil) e Paola Santoscoy (México) - curadores adjuntos, Aracy Amaral - curadora convidada e Fernanda Albuquerque (Brasil) - curadora assistente. Exposições e atividades Artista homenageado: Eugenio Dittborn – mostra das Pinturas Aeropostais do artista chileno, referencial na América Latina. Em exposição em Porto Alegre no Santander Cultural, com itinerâncias em três cidades do Rio Grande do Sul: Caxias do Sul, Bagé e Pelotas. Cadernos de Viagem – expedições de artistas em nove regiões do RS entre os meses de abril, maio, junho, julho e agosto. Os resultados estão sendo exibidos em mostras individuais em institutições culturais de diversas cidades do RS e, no período da Bienal, em exposição coletiva no Armazém A7 do Cais do Porto, em Porto Alegre. Casa M – espaço dedicado à promoção, ao desenvolvimento e ao intercâmbio artístico, localizado no centro de Porto Alegre, e que traz uma intensa programação cultural. Em funcionamento desde de Maio. Cidade Não Vista – obras de arte em nove locais do centro de Porto Alegre, que destacam estes lugares e privilegiam a experiência e o sensorial. Continentes – sete espaços independentes internacionais realizam atividades em caráter de residências artísticas em três espaços independentes do Rio Grande do Sul, nas cidades de Porto Alegre, Caxias do Sul e Santa Maria. Este projeto tem como objetivo a troca de experiência e a formação de redes de intercâmbio. Geopoéticas – exposição nos Armazéns A4, A5 e A6 do Cais do Porto, em Porto Alegre, com obras e artistas que põem em cheque a noção de nacionalidade. Mostrará diversas formas de medir e representar o mundo. Algumas micronações - pequenas nações com ou sem território – também farão parte desta exposição como zonas de autonomia poética – ZAPs. Além Fronteiras – uma visão crítica da paisagem do Rio Grande do Sul mostrada através de obras inéditas de nove artistas e peças de acervos de museus do Estado. Estará em cartaz no MARGS.
9ª Bienal do Mercosul
A 9ª Bienal do Mercosul | Porto Alegre será realizada de 13 de setembro a 10 de novembro de 2013, em Porto Alegre, Brasil. Consiste em uma exposição de arte contemporânea, que inclui performances e eventos, apresentados em diversos locais da cidade. O projeto pedagógico da 9ª Bienal, Redes de Formação, inicia no dia 17 de maio de 2013, junto com uma série especial de programas públicos e projeções de filmes. A 9ª Bienal é organizada pela Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, uma instituição sem fins lucrativos em Porto Alegre com a missão de desenvolver projetos de artes visuais educacionais e culturais favorecendo o diálogo com a comunidade. O título da 9ª edição é, em português, Se o clima for favorável; em espanhol, Si el tiempo lo permite; em inglês, Weather Permitting. Esses títulos são um convite para refletir sobre quando e como, por quem e por que certos trabalhos de arte e ideias ganham ou perdem visibilidade em um dado momento no tempo. A promessa da 9ª Bienal do Mercosul | Porto Alegre é identificar, propor e direcionar mudanças nos sistemas de crenças e avaliações de experiênciase inovações. Pretende articular questões ontológicas e tecnológicas por meio da prática artística, da produção de objetos e dos pontos de intersecção da experiência com a arte. Esta edição da bienal pode ser considerada um ambiente para defrontar-se com recursos naturais sob uma nova luz, e especular sobre as bases que marcaram distinções entre descoberta e invenção, assim como os valores de sustentabilidade e entropia. Para que isso ocorra, a 9ª Bienal do Mercosul | Porto Alegre junta a arte de artistas visuais às vozes de outros que se dedicam aos pontos de encontro da cultura e da natureza. Ela reúne trabalhos considerando diferentes tipos de perturbações atmosféricas que impelem deslocamentos de viagem e deslocamentos sociais, avanços tecnológicos e o desenvolvimento mundial, expansões verticais no espaço e explorações transversais pelo tempo. Esta Bienal envolve olhar para os sentimentos que esses movimentos provocam, olhar para os afetos que se manifestam. Ela requer habitar, garimpar, investigar e explorar o que está abaixo e acima da esfera social – o que é palpável e tênue, o que está no fundo do mar e na atmosfera, o que está subterrâneo e no espaço sideral.
10ª Bienal do Mercosul
Com o título Mensagem de Uma Nova América a 10ª Bienal do
Mercosul retoma sua vocação histórica ao priorizar novamente a arte produzida nos países da América Latina. A exposição, que acontecerá de setembro a novembro de 2015, em Porto Alegre, terá o historiador e crítico de arte Gaudêncio Fidelis (Brasil) como curador-chefe. A equipe curatorial é formada pelo curador adjunto Márcio Tavares (Brasil) e pelos curadores assistentes Ana Zavadil (Brasil), Fernando Davis (Argentina), Raphael Fonseca (Brasil), Ramón Castillo Inostroza (Chile) e o Dialogante - Curador do Programa Educativo Cristián G. Gallegos (Chile). A plataforma curatorial da 10ª Bienal do Mercosul estará voltada para a exibição da produção artística dos países latino-americanos, retomando uma vocação inicial apontada em sua primeira edição, cuja estratégia curatorial era “reescrever” a história da arte da América Latina. Esta edição da exposição buscará promover a visibilidade, a legibilidade e a recepção da produção artística destes países através de uma exposição de grande envergadura que irá se construir em torno da produção mais relevante desta região. A exposição pretende dar conta de um considerável número de “pontos cegos” deixados pela crítica e pela historiografia, trazendo à superfície obras cuja contribuição artística ainda não recebeu a merecida consideração crítica. Quatro grandes campos conceituais compõem a 10ª Bienal do Mercosul: A Jornada da Adversidade, A Insurgência dos Sentidos, O Desapagamento dos Trópicos e A Jornada Continua. Cada um deles será composto por uma ou mais mostras, além de atividades voltadas para a formação profissional no campo curatorial e o desenvolvimento de um Programa Educativo relacionado. A 10ª Bienal será realizada considerando o substrato histórico da arte e sinalizando para uma dimensão de excelência e significado cultural e artístico da produção contemporânea. Para tanto, apresentará um vasto número de obras canônicas e não canônicas, perfazendo um amplo arco histórico até a produção atual. A exposição irá lançar mão de um arrojado projeto curatorial que partirá de balizadores conceituais cuja contribuição tem sido relevante para a região como a antropofagia de Oswald de Andrade, o neobarroco como estratégia de miscigenação, a investigação dos outros sentidos além do olhar e as novas investidas da forma artística a partir dos diversos “modernismos” dos países latino-americanos. A plataforma curatorial da 10ª Bienal do Mercosul pretende dar uma contribuição a uma história de exposições sobre a arte da América Latina, intervindo de maneira considerável para a apresentação de novos modelos curatoriais de promoção da produção artística e de sua legibilidade histórica.
11ª Bienal de Artes Visuais
Sob o título Triângulo do Atlãntico, a 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul tem curadoria de Alfons Hug e Paula Borghi e pretende lançar um olhar sobre o triângulo que, há mais de 500 anos, interliga os destinos da América, da África e da Europa. Reunindo cerca de 70 artistas e coletivos de artistas – além de ações pontuais realizadas em Quilombos localizados nas cidades de Porto Alegre e Pelotas –, a exposição acontece de 06 de abril a 03 de junho de 2018 nos espaços do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Memorial do Rio Grande do Sul, Santander Cultural, Praça da Alfândega e Igreja Nossa Senhora das Dores, no Centro Histórico de Porto Alegre. Tendo como base os referenciais históricos elencados durante a preparação da mostra, o projeto curatorial conta com obras e artistas oriundos dos três continentes que compõe o triângulo atlântico. Ao tornar estes artistas os protagonistas de uma exploração das relações de tensão cultural e da interdependência contextual dentro desta triangulação, a mostra procura, entre outras questões, analisar quais são as forças inovadoras que mobilizam a interação entre América, África e Europa. Dando destaque para a arte africana e afro-brasileira – ambas apresentadas com grande densidade na mostra – Triângulo do Atlântico se interessa pelos pontos de contato que propiciam o encontro entre as culturas indígena, europeia e africana e formam um novo amálgama americano. Oferecendo-se, pois, como uma experiência oportuna de visibilidade, sob a perspectiva artística e cultural, da diáspora (termo que define o deslocamento, normalmente forçado, de grandes massas populacionais originárias de uma zona determinada para várias áreas de acolhimento distintas), a 11ª Bienal do Mercosul almeja também dar ênfase à reflexão sobre o quanto o êxodo do Atlântico Negro alimentou um vigoroso processo de crioulização, que levou a um intenso trânsito de religiões, idiomas, tecnologias, artes e culturas. Além disso, ao apontar que a diversidade cultural dos africanos, composta por centenas de grupos étnicos e línguas, demonstrava-se tão plural quanto a indígena, a exposição busca ainda refletir sobre o fato de que mesmo após uma árdua tentativa de apagamento dessas culturas, fenômenos como o sincretismo e a mestiçagem – ainda que sejam reflexo direto da violência histórica – representam uma forma de resistência e enriquecimento cultural. Sem almejar dar respostas imediatas a questões plurais que se expandem para além dos âmbitos artísticos e culturais, a exposição alinha-se com reflexões dos campos filosóficos, políticos e antropossociais ao considerar que, longe de estar concluído – uma vez que, por meio da imigração, influências de outras culturas têm-se somado a esse processo – o transcurso da fusão do triângulo ainda está longe de ser concluído. Considerando que no campo artístico – como talvez em nenhum outro terreno de reflexão –, diferentes concepções de natureza, tempo e espaço seguem transmudando-se em um sistema altamente dinâmico, a 11ª Bienal do Mercosul aposta que a arte contemporânea, ao apontar conflitos e distúrbios que surgem no choque entre diversas civilizações e camadas sociais, pode se constituir, além de instância de apresentação de expressões e técnicas artísticas inovadoras, também como um poderoso instrumento de reflexão e crítica – capaz, quiçá, de colocar o dedo nas feridas abertas pelo triângulo atlântico.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Disponivel em: Pensamento Crítico, de Frederico Morais. 
Disponivel em: https://www.fundacaobienal.art.br/bienais
Acesso em 27/08/2020 as 17:00
Disponivel em: História Concisa da Bienal do Mercosul.�

Continue navegando