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ATELIER DE PRÁTICAS DE ESTÁGIO I PROFESSOR MS FABRICIO TAVARES 2014/02 ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO 1. Concepção de Direitos 2. Conceito de Estado 3.Tipos de Estado 4.Políticas Sociais- Conceitos 5. Estado e Política Neoliberal 6. Políticas Setoriais 7. Conselhos 8. Temas Importantes 1. CONCEPÇÃO DE DIREITOS 1º Geração: Direitos Civis e Políticos: conquistas ocorridas nos séculos XVIII e XIX. São direitos exigidos pelo homem individualmente e tem como principio opor-se à presença da intermediação do Estado para o seu exercício, pois é o homem fundido na ideia da liberdade, que deve ser o titular dos Direitos Civis, exercendo-os conta o poder do Estado, ou no caso dos Direitos Políticos, exercê-los na esfera de intervenção do Estado. 2º Geração: Direitos Sociais. São exercidos pelos homens por meio da intervenção do Estado, que é quem deve provê-lo. É no âmbito do Estado que os homens buscam o cumprimento dos Direitos Sociais, embora ainda o façam de forma individual. Esses direitos vêm se constituindo desde o século XIX, mas ganharam evidência no XX. Ancoram-se na ideia da igualdade, que se constitui numa meta a ser alcançada,buscando enfrentar as desigualdades sociais. Desde o século XX, evidenciam-se os movimentos por reconhecimento dos direitos da 3º geração. São evidenciados o direito ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, findados na ideia da solidariedade. Natureza coletiva e também difusa, pois não é apenas o individuo que assume a titularidade, mas a família, os povos, as nações que requerem. (COUTO, 2006) 2. CONCEITO DE ESTADO Alguns autores dizem que não há concepções divergentes ou rivais na sua definição. Conceito: um conjunto de instituições e prerrogativas, entre as quais, o poder coercitivo, que só o Estado possui por delegação da própria sociedade; o território, isto é, um espaço geograficamente delimitado onde o poder estatal é exercido. Muitos denominam esse território de sociedade, ressaltando a sua relação com o Estado, embora esse mantenha relações com outras sociedades, para além de seu território; um conjunto de regras e condutas reguladas dentro de um território, o que ajuda a criar e manter uma cultura política comum a todos os que fazem parte da sociedade nacional ou do que muitos chamam de nação. (PEREIRA, 2009) 2. CONCEITO DE ESTADO Outros, ao contrário, afirmam que definir Estado é tarefa quase impossível, porque ele é constituído de vários aspectos e, dependendo dos aspectos considerados, a definição varia. Conceito: Há diferentes entendimentos a respeito de certas noções de Estado. O Estado designa uma forma política e historicamente constituída. Seu aparecimento está ligado a certas épocas e circunstâncias, que podem ser datadas, e seu desaparecimento ou substituição ocorrerá quando essas condições desaparecerem. Isso quer dizer que é necessário distinguir o tipo de Estado a que os referimos: feudal, burguês, socialista. A definição de Estado está associada aos seus órgãos ou elementos constitutivos e, às vezes, confunde‐se com eles. Para uns, Estado e governo são a mesma coisa. Para outros, o Estado se identifica com a burocracia ou com a justiça. (PEREIRA, 2009) 2. CONCEITO DE ESTADO Na verdade, o Estado não existe em abstrato (sem vinculações com a realidade e com a história) e nem de forma absoluta (assumindo sempre uma única configuração). Quando se fala de Estado, é preciso especificá‐lo, isto é, qualificá‐lo, porque ele existe sob diferentes modalidades, formas e contextos. Um mesmo país pode viver sob o domínio de um Estado totalitário, em um determinado momento, e de um Estado democrático, em outro. É algo em movimento e em constante mutação. Trata‐se de um fenômeno que tem que ser pensado e tratado como um processo, a despeito de algumas ideologias pretenderem vê‐lo como um ente que se basta a si mesmo (visão metafísica). (PEREIRA, 2009) 2. CONCEITO DE ESTADO O Estado também tem índole relacional porque não é um fenômeno isolado, fechado, circunscrito a si mesmo e auto- suficiente, mas algo em relação. Contudo, a relação exercitada pelo Estado não se dá de forma mecânica, linear ou como justaposição de elementos que se agregam sem se interpenetrarem. É por meio da relação com a sociedade que o Estado abrange todas as dimensões da vida social, todos os indivíduos e classes, e assumem diferentes responsabilidades, inclusive as de atender demandas e reivindicações da sociedade em seu conjunto (não só de uma classe). Por isso, apesar de ele ser dotado de poder coercitivo, também pode realizar ações protetoras, desde que pressionado e controlado pela sociedade. (PEREIRA, 2009) 2. CONCEITO DE ESTADO É uma instituição constituída e dividida por interesses diversos, tendo como principal tarefa administrar esses interesses, mas sem neutralidade. O poder do Estado representa a força concentrada e organizada da sociedade (o bloco no poder) com vista a regular a sociedade em seu conjunto. O Estado pode ser considerado “o lugar de encontro e a expressão” de todas as classes porque, embora ele zele pelos interesses das classes dominantes e tenha, ele mesmo, um caráter de classe, esse zelo se dá de forma contraditória. Isso porque, para manter as classes dominadas afastadas do bloco no poder, ele tem de incorporar interesses dessa classe e acatar a interferência de todos os integrantes da sociedade nos assuntos estatais, para poder se legitimar e preservar o próprio bloco no poder. É relacionando‐se com todas as classes que o Estado assume caráter de poder público e exerce o controle político e ideológico sobre todas elas. (PEREIRA, 2009) 2. CONCEITO DE ESTADO Estudar o Estado é estudar uma arena tensa e contraditória, na qual interesses e objetivos diversos e opostos se confrontam. No contexto capitalista, coexistem, nessa arena, interesses tanto dos representantes do capital, em se reproduzir e se ampliar à custa do trabalho, quanto dos trabalhadores, em partilhar da riqueza acumulada e influir no bloco no poder. O Estado representa mais do que um conjunto de instituições com autoridade para tomar decisões, e com poder coercitivo, pois se configura também como uma relação de dominação, que deve ser controlada pela sociedade. (PEREIRA, 2009) 2. CONCEITO DE ESTADO A noção de governo difere da noção de Estado, pois, enquanto este é uma relação de dominação, aquele constitui um conjunto de pessoas jurídicas e órgãos que exerce, institucionalmente, o poder político, ou a dominação, numa determinada sociedade. São governantes, portanto, o conjunto de pessoas jurídicas que governa o Estado e, governados, aqueles que estão sujeitos ao poder do governo na esfera estatal. Por essa perspectiva, o governo constitui um aspecto do Estado. (PEREIRA, 2009) 3. TIPOS DE ESTADO Estado Liberal Surgiu das lutas contra o Absolutismo. Princípios de individualismo e dos Direitos Naturais. É preciso conservar a disposição para competição na sociedade. Toda a tutela pelo Estado é desmanteladora do espírito empreendedor, tão necessário ao desenvolvimento do capitalismo. (COUTO, 2006) 3. TIPOS DE ESTADO Estado de Bem Estar Social – Welfare State No contexto da crise econômica de 1929 e do crescimento das desigualdades e das tensões sociais, surgiu no âmbito mundial, a proposta do Estado Social, que alcança sua consolidação e desenvolvimento no pós-guerra. (décadas 50 e 60). Os pilares do Estado de Bem Estar Social foram construídos a partir da solidariedade social, nascida na guerra: - garantir uma Renda mínima para as famílias; - garantir status ou classe, a todos os cidadãos; (COUTO, 2006) 3. TIPOS DE ESTADO Estado Neoliberal 1979 – Inglaterra e 1980 – EUA, optam a derrocata do Estado de bem estar social. Quebra do poder dos sindicatos, desregularização do trabalho,a retirada parcial do Estado da intervenção na área social. O ajuste proposto a partir das orientações teóricas neoliberais recoloca a questão dos Direitos Sociais como um problema a se enfrentado pela sociedade. A orientação teórica de recorte neoliberal vem sendo questionada com a desregulamentação dos Direitos. Consequências bastante diversas para os países que construíram um sistema forte de proteção social. (COUTO, 2006) 4.POLÍTICA SOCIAL- CONCEITO Indefinição do termo política social. A tendência é empregá-lo de forma genérica e sem a devida mediação teórico-conceitual. (PEREIRA, 2009, p.163-164) Conceituar e definir política social implica reconhecer que existem paradigmas ou estatutos epistemológicos competitivos e rivais colocados à disposição desse processo. (PEREIRA, 2009, p.165) (...)como produto da relação dialeticamente contraditória entre estrutura e historia e, portanto, de relações – simultaneamente antagônicas e recíprocas – entre capital x trabalho, Estado x Sociedade, e princípios de liberdade e da igualdade que regem os direitos de cidadania. (PEREIRA, 2009, p.166) 4.POLÍTICA SOCIAL- CONCEITO Política social se apresenta como um conceito complexo que não condiz com a ideia pragmática de mera provisão ou alocação de decisões tomadas pelo Estado e aplicadas verticalmente na sociedade. (PEREIRA, 2009, p.166) (...) jamais deverá ser compreendida como um processo linear, de conotação exclusivamente positiva ou negativa, ou a serviço exclusivo desta ou daquela classe. Na realidade, ela tem se mostrado simultaneamente positiva e negativa e beneficiado interesses contratios de acordo com a correlação de formas prevalecente. É isso que torna a política social dialeticamente contraditória. É essa contradição que permite à classe trabalhadora e aos pobres em geral, também utilizá-la a seu favor. (PEREIRA, 2009, p.166) (...) ela é identificada como uma política de ação, que tem perfil, funções e objetivos próprios e produz impactos no contexto em que atua. (PEREIRA, 2009, p.166) 4.POLÍTICA SOCIAL- CONCEITO Trata-se, portanto, de uma categoria acadêmica e política, de constituição teórico e prática, que não apenas se dispõe a conhecer e explicar o mundo real, mas também a agir neste mundo, visando mudanças. (PEREIRA, 2009, p.166) A política social refere-se a princípios que governam atuações dirigidas a fins, com o concurso de meios, para promover mudanças, seja em situações, sistemas e práticas, seja em condutas e comportamentos. (PEREIRA, 2009, p.171) O conceito de política social só tem sentido se quem a utiliza acreditar que deve (política e eticamente) influir numa realidade concreta que precisa ser mudada. (PEREIRA, 2009, p.171) 4.POLÍTICA SOCIAL- CONCEITO Apesar do termo política social estar relacionado a todos os outros conteúdos políticos, ele possui identidade própria. Refere-se à política de ação que visa, mediante esforço organizado e pactuado, atender necessidades sociais cuja resolução ultrapassa a iniciativa privada, individual e espontânea, e requer deliberada decisão coletiva regida por princípios de justiça social que, por sua vez, devem ser amparados por leis impessoais e objeticas, garantidoras de direitos. (PEREIRA, 2009, p.171-172) A política social está inextrincavelmente relacionada ao Estado, governos, políticas e aos movimentos da sociedade (...) ela envolve o exercício do poder praticado, concomitantemente, por indivíduos, grupos, profissionais, empresários, trabalhadores, entre vários segmentos sociais que tentam influir na sua constituição e direção (PEREIRA, 2009, p.172) 4.POLÍTICA SOCIAL- CONCEITO A política social assume uma concepção que levanta pelo menos as seguintes questões: Embora o termo policy signifique basicamente princípios para ação, o termo social, que a complementa, qualifica a ação a ser desenvolvida e os requerimentos indispensáveis à satisfação de demandas e necessidades. Apesar de nem sempre a política social produzir bem estar, este é de fato o seu fim ultimo – do contrário o termo social perderá consistência. E mais, para ser social, uma política de ação tem que lidar com diferentes forças e agentes em disputa por recursos e oportunidades, sem perder a sua contraditória irredutibilidade a um único domínio. (PEREIRA, 2009, p.172) 4.POLÍTICA SOCIAL- CONCEITO (...) a política social é uma espécie do gênero política pública. Fazem parte desse gênero relativamente recente na pauta dos estudos políticos, todas as políticas (entre quais a econômica) que requerem a participação ativa do Estado, sob o controle da sociedade, no planejamento e execução de procedimentos e metas voltados para a satisfação de necessidades sociais. (PEREIRA, 2009, p.173) São vistas como mecanismos de manutenção da força de trabalho, em alguns momentos, em outros como conquistas dos trabalhadores, ou como doação das elites dominantes, e ainda como instrumento de garantia do aumento da riqueza ou dos direitos do cidadão. Historicamente, o estudo das políticas sociais deve ser marcado pela necessidade de pensar as políticas sociais como “concessões ou conquistas”, na perspectiva marxista de uma ótica da totalidade. (PIANA, 2013) 4.POLÍTICA SOCIAL- CONCEITO as políticas sociais são entendidas como fruto da dinâmica social, da inter-relação entre os diversos atores, em seus diferentes espaços e a partir dos diversos interesses e relações de força. Surgem como “[...] instrumentos de legitimação e consolidação hegemônica que, contraditoriamente, são permeadas por conquistas da classe trabalhadora” surge no capitalismo com as mobilizações operárias e a partir do século XIX com o surgimento desses movimentos populares, é que ela é compreendida como estratégia governamental. (PIANA, 2013) 4.POLÍTICA SOCIAL- CONCEITO Pode-se afirmar que não há política social desligada das lutas sociais. De modo geral, o Estado assume algumas das reivindicações populares, ao longo de sua existência histórica. Os direitos sociais dizem respeito inicialmente à consagração jurídica de reivindicações dos trabalhadores. Certamente, não se estende a todas as reivindicações, mas na aceitação do que é conveniente ao grupo dirigente do momento. (PIANA, 2013) 4.POLÍTICA SOCIAL- CONCEITO O surgimento das políticas sociais foi gradativo e diferenciado entre os países, com base nos movimentos e organizações reivindicatórias da classe trabalhadora e na correlação de forças no âmbito do Estado. A história relata que é no final do século XIX o período em que o Estado capitalista passa a assumir e a realizar ações sociais mais amplas, planejadas e sistematizadas sob caráter de obrigatoriedade. (PIANA, 2013) 4.POLÍTICA SOCIAL- CONCEITO 5. ESTADO E POLÍTICA NEOLIBERAL A ênfase na chamada “sociedade civil ativa” passou a integrar as propostas dos governos, mediante um apelo moral à participação em torno da cidadania e das ações voltadas à superação da pobreza e das desigualdades. Essa pedagogia participacionista articulou homens e mulheres em torno das demandas mais caras ao projeto societário do grande capital, e deu suporte ao fortalecimento ideológico e político da hegemonia burguesa. (SIMIONATTO & LUZA, 2011, p. 221) É sob esta lógica que as administrações municipais vêm construindo seus procedimentos de gestão e de execução de programas e serviços sociais, com ampla participação do setor público não estatal, cujas ações de indivíduos e grupos contribuem direta e indiretamente na materialização da perspectiva de descentralização, focalização e privatização das políticas sociais e, no mesmo curso, para a despolitização da sociedade civil. (SIMIONATTO & LUZA, 2011, p. 217) Tal contexto remete aos desdobramentos da contrarreforma do Estado brasileiro, que tem implicado uma profunda reconfiguraçãodo setor público, em curso desde os governos FHC (1995-2002) e Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010), mediante um conjunto de atos normativos federais, sancionados a partir da década de 1990, que passam a legitimar a participação da sociedade civil na execução de serviços de caráter público. (SIMIONATTO & LUZA, 2011, p. 217) 5. ESTADO E POLÍTICA NEOLIBERAL A relação Estado-sociedade civil, pautada nessa filosofia colaboracionista, ganhou impulso com o Programa Comunidade Solidária, fomentando a emergência das empresas cidadãs voltadas ao desenvolvimento social sustentável. Através do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) e do Instituto Ethos de Responsabilidade Social, criados respectivamente em 1995 e 1998, começaram a despontar empresas de responsabilidade social, que, sob a noção de capitalismo ético e de empresa cidadã, vêm atuando junto à ONU para tornar o mercado e o capitalismo mais humanos. (SIMIONATTO & LUZA, 2011, p. 217) 5. ESTADO E POLÍTICA NEOLIBERAL Também emergiram neste contexto, através do Programa de Publicização, as Organizações Sociais (OSs) e as Organizações Sociais da Sociedade Civil de interesse Público (OSCIPs), entidades que, na realidade brasileira, constituem-se em novas modalidades institucionais de direito privado, fomentadas a partir de estímulos fiscais (isenções) a fim de partilhar, por meio de parcerias, responsabilidades com a aparelhagem estatal nas áreas de Educação, Saúde e Assistência Social. Essa nova arquitetura da sociedade civil acomodou “um associativismo prestador de serviços sociais de ‘interesse público’, em oposição ao associativismo majoritariamente reivindicativo dos anos 1980”. (SIMIONATTO & LUZA, 2011, p. 217) 5. ESTADO E POLÍTICA NEOLIBERAL O pragmatismo ganha relevo no gerenciamento das demandas e na delimitação da população a ser atingida pelos programas sociais, ou ainda, em relação aos que podem ser incluídos, não por suas necessidades, mas pelo custo que podem significar aos cofres públicos. Esfuma-se aqui qualquer perspectiva vinculada aos direitos sociais duramente conquistados e assegurados na Carta de 1988, à medida em que prevalece a lógica do mercado na gestão e na execução das políticas sociais. As demandas e necessidades sociais são reduzidas a uma questão de natureza técnica, o que implica em consequências tanto no tocante à formulação de políticas públicas, quanto à ampliação e consolidação de processos democráticos. (SIMIONATTO & LUZA, 2011, p. 219) 5. ESTADO E POLÍTICA NEOLIBERAL Programas reforçam o desmantelamento da política de Assistência Social, revelando a desresponsabilização do Estado e a refilantropização da questão social, com ações que reatualizam as práticas da caridade e do clientelismo, da benemerência e da filantropia, normalmente perpassadas por um ideário valorativo da “sociedade solidária” e de grande permeabilidade no marketing político tanto público quanto privado. Nesse sentido, na medida em que amplos setores da população ficarão descobertos pela assistência estatal e também não terão condições de acesso aos serviços privados, transfere-se para a órbita da sociedade civil a responsabilidade em assisti-los, por meio de práticas caritativas, de ajuda mútua ou de autoajuda. (SIMIONATTO & LUZA, 2011, p. 219) 5. ESTADO E POLÍTICA NEOLIBERAL Os diferentes governos sob os fundamentos da ideologia neoliberal, através de um processo de contrarreformas têm aprofundado a hegemonia da “pequena política” e consolidado de forma hegemônica a desresponsabilização do Estado e o repasse de suas funções à sociedade civil. De arena de luta de classes e disputa de projetos societários, a sociedade civil foi convertida num espaço de coesão social e harmonização entre as classes sociais a serviço do capital. Com a intensificação e legitimação do repasse de serviços do Estado para a esfera pública não estatal e a iniciativa privada, a gestão das políticas sociais assume uma perspectiva fragmentada, haja vista que a execução não é originária do mesmo lugar em que estas são pensadas, existindo uma instância do planejamento das ações e outra de execução dos serviços, autônoma, quase que isenta da interferência do Estado, retratando a fragmentação existente neste processo. (SIMIONATTO & LUZA, 2011, p. 224) 5. ESTADO E POLÍTICA NEOLIBERAL Resulta, portanto, da contrarreforma do Estado brasileiro uma lógica perversa para as políticas sociais, especialmente na ponta do sistema (esfera municipal), movida pelo interesse privado de grupos e segmentos sociais que reforçam a focalização, a seletividade e uma “progressiva mercantilização do atendimento às necessidades sociais” Os serviços oferecidos pelo Estado “deixam de expressar direitos”, convertendo-se em mercadorias adquiridas no mercado por aqueles que podem pagar. A mesma lógica perversa atravessa a sociedade civil, que vem sendo gradativamente destituída de sua perspectiva crítica e fundante de novas hegemonias para tornar-se uma sociedade proativa, em favor do capital, que a isola e a mantém em seu campo de visão para utilizá-la na consolidação de seus interesses. Estado, sociedade civil e políticas sociais caminham, assim, na contracorrente de um projeto político de ampliação de cidadania, de um Estado forte para as classes subalternas e de uma sociedade civil portadora da grande política, fundadora de novas hegemonias e de novos Estados. (SIMIONATTO & LUZA, 2011, p. 217) 5. ESTADO E POLÍTICA NEOLIBERAL Resulta, portanto, da contrarreforma do Estado brasileiro uma lógica perversa para as políticas sociais, especialmente na ponta do sistema (esfera municipal), movida pelo interesse privado de grupos e segmentos sociais que reforçam a focalização, a seletividade e uma “progressiva mercantilização do atendimento às necessidades sociais” Os serviços oferecidos pelo Estado “deixam de expressar direitos”, convertendo-se em mercadorias adquiridas no mercado por aqueles que podem pagar. A mesma lógica perversa atravessa a sociedade civil, que vem sendo gradativamente destituída de sua perspectiva crítica e fundante de novas hegemonias para tornar-se uma sociedade proativa, em favor do capital, que a isola e a mantém em seu campo de visão para utilizá-la na consolidação de seus interesses. Estado, sociedade civil e políticas sociais caminham, assim, na contracorrente de um projeto político de ampliação de cidadania, de um Estado forte para as classes subalternas e de uma sociedade civil portadora da grande política, fundadora de novas hegemonias e de novos Estados. (SIMIONATTO & LUZA, 2011, p. 217) 5. ESTADO E POLÍTICA NEOLIBERAL Tem-se em quase todo o mundo, o desmonte das políticas nacionais de garantias sociais básicas, cujas principais implicações estão voltadas aos cortes de programas sociais à população de baixa renda, à diminuição dos benefícios da seguridade social e à criminalização da pobreza com o incentivo às práticas tradicionais de clientelismo, à filantropia social e empresarial, à solidariedade informal e ao assistencialismo, revestidos de práticas alternativas e inovadoras para uma realidade de pobreza e exclusão social. Políticas Sociais na contemporaneidade: caráter eventual e complementar por meio de práticas fragmentadas e compensatórias. (PIANA, 2013) 5. ESTADO E POLÍTICA NEOLIBERAL Política de Assistência Social Educação Habitação Direitos Humanos e Cidadania Trabalho e Renda Desenvolvimento Rural Justiça e Segurança Publica Política de Saúde Previdência Social Igualdade Racial Igualdade de Gênero Direitos da Criança, Adolescente e Juventude Segurança Alimentar 6. POLITICAS SOCIAIS SETORIAIS Fonte: IPEA, 2014 A Constituição Federal de 1988 definiu instrumentos de participação da sociedade civil no controle da gestão das políticas sociais, estabeleceu mecanismos de participação eimplementação destas políticas, apontou canais para o exercício da democracia participativa, por meio de decisões direta como o plebiscito, referendo e de projetos de iniciativa popular. Nesta perspectiva, a Carta Constitucional instituiu a criação de conselhos integrados por representantes dos diversos segmentos da sociedade civil para colaborar na implementação, execução e controle das políticas sociais. (PIANA, 2013) 7. CONSELHOS Hoje, esses conselhos, que expressam uma das principais inovações democráticas no campo das políticas sociais, organizam-se em diferentes setores destas políticas e assumem uma representatividade nas diferentes esferas governamentais. Possuem uma composição paritária entre representantes da sociedade civil e do governo e função deliberativa no que se refere à definição da política em cada setor e ao controle social sobre sua execução.. (PIANA, 2013) 7. CONSELHOS 8. Temas importantes Elementos para Discussão • Intersetorialidade • Legislações • Planos, Programas, Projetos • Conselhos • Conferências • Política Neoliberal REFERÊNCIAS COUTO, B. R. C. O direito social e a Assistência Social na sociedade brasileira: uma equação possível?. São Paulo: Cortez, 2006. PEREIRA, Potyara Amazoneida P. Estado, sociedade e esfera pública. In: Serviço Social: Direitos sociais e competências profissionais. Brasília, CFESS/ABEPSS, 2009. ________________________. Política Social: Temas & Questões. São Paulo: Cortez, 2009. SIMIONATO, Ivete; LUZA, Edinaura. Estado e sociedade civil em tempos de contrareforma: lógica perversa para as políticas sociais. Textos & Contextos (Porto Alegre), v. 10, n. 2, ago./dez. 2011.
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