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2º S DIREITO PENAL APLICADO II (AULA 1 A 5)

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AULA 1
DIREITO PENAL APLICADO II
PROFº ETIENE MARTINS
LEI DE DROGAS
As drogas ilícitas representam um dos comércios mais lucrativos no mundo e estão ligadas a uma série de outras atividades criminosas, como a lavagem de dinheiro, evasão de divisas, organizações criminosas, entre outras. De fato, o seu enfrentamento tem sido um grande obstáculo para a maioria dos países, já que a internacionalização do crime exige esforços maiores e coordenados. Alguns países, por conta disso, têm optado pela descriminalização da posse de pequena quantidade para consumo próprio, combatendo apenas o tráfico.
O Brasil, como veremos adiante, está caminhando nesse sentido. Atualmente, a posse de droga para consumo próprio em pequena quantidade não é mais punido com pena privativa de liberdade, embora continue sendo crime. Não obstante o Ministro da Justiça tenha apresentado uma política agressiva de combate às drogas recentemente no final de 2016 (usuário e traficante), fato é que a legislação tem dado uma abordagem mais amena, tratando o usuário sob o prisma da saúde pública e não da segurança pública.
E você, qual a sua opinião sobre a legalização das drogas?
Na presente aula, vamos abordar o assunto de forma imparcial, a fim de que você possa refletir e enriquecer seus argumentos.
O QUE É DROGA?
Droga é qualquer substância capaz de provocar alterações no organismo quando ingerida. 
O QUE TORNA UMA DROGA ILICITA?
De acordo com a LEI DE DROGAS (LEI 11.343/06), a droga ilícita deve obedecer a dois requisitos: 
I - Deve ser capaz de causar dependência; 
II - Constar em lei ou em listas atualizadas pelo poder executivo da união. 
 
Drogas: Legalizar?
O comércio de drogas é considerado um dos mais lucrativos do mundo e a tentativa de combatê-lo tem sido sempre frustrada. Nos últimos 50 anos, a política de combate às drogas tem sido focada na segurança pública, criminalizando desde o tráfico até o uso. Essa era uma tendência mundial apoiada, inclusive, pela própria ONU.
No entanto, esse modelo não tem se mostrado eficaz e o comércio de drogas continua aumentando. Atualmente, muitos argumentam que o problema das drogas deve receber outra abordagem, sendo tratado como problema de saúde pública e não de segurança pública.
Uma abordagem parecida como a conferida ao cigarro, em que não se estimula o consumo, tributa-se o produto com altos valores, veda-se qualquer tipo de propaganda, mas não o rotula como crime. 
Existe uma tendência no Brasil de seguir o mesmo caminho em relação às drogas. Como estudaremos adiante, a posse de drogas para uso próprio já não é punida com pena privativa de liberdade (prisão ou detenção), mas com uma advertência sobre os efeitos das drogas, a prestação de serviços à comunidade ou medida educativa de comparecimento a programa ou curso. 
ATENÇÃO!!!!
Em abril de 2016, houve uma Sessão Especial no Conselho da ONU (UNGASS) sobre políticas de drogas e uma das diretrizes do Brasil foi "Encorajar a UNGASS a discutir alternativas à criminalização do porte de drogas e seu cultivo para consumo próprio. A criminalização do porte e plantio para consumo pessoal de drogas ilícitas tem contribuído para estigmatizar usuários de drogas, dificultando o acesso ao tratamento quando necessário e a sua inclusão social” 
Isso não quer dizer que a droga está sendo tolerada e aceita. Ela apenas está recebendo outra abordagem, sendo tratada como problema de saúde pública e não como problema de segurança pública. Tal como acontece com outras drogas, como o cigarro e o álcool, o uso de drogas será tolerado, mas controlado e fiscalizado.
Caso a legalização se torne realidade, deverá ocorrer tratamento semelhante dado ao cigarro, com uma tributação pesada, destinação de parte dessa tributação ao sistema público de saúde (para fazer frente aos custos), advertências quanto aos efeitos, vedação de propagandas em geral etc.
Vamos refletir a respeito de alguns argumentos daqueles que defendem a legalização das drogas:
DOS CRIMES
ART 28
Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido ás seguintes penas: 
I – Advertência sobre os efeitos das drogas;
II – Prestação de serviços á comunidade;
III – Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 1º As mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas a preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. 
Esse dispositivo trata do porte de drogas para uso próprio. Como se nota, as penas são brandas, já que o Brasil optou por despenalizar o usuário, estando em franco processo de total descriminalização.
Na opção brasileira, o usuário deve ser tratado como um problema de saúde pública e não de segurança pública. Entretanto, somente se enquadrará neste artigo o agente que possuir pequena quantidade que se destine ao consumo próprio.
Desse modo, se o objetivo for vender, por exemplo, o agente se enquadrará no tráfico (art. 33). O mesmo art. 28, em seu §1º, diz que aquele que semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade para consumo próprio, também terá um tratamento brando e receberá as mesmas sanções acima descritas.
ART 33
Primeiro ponto a destacar neste artigo é que tanto a droga como a sua matéria-prima (insumo ou produto químico) são puníveis. Ainda que a droga não esteja pronta e processada, a pessoa flagrada neste contexto responderá nos termos do art. 33.
Um problema prático e um tanto quanto comum é que os produtos químicos utilizados para a fabricação de drogas (cocaína, por exemplo) são acessíveis e legalmente comercializáveis. Vejamos alguns exemplos:
Um indivíduo porta droga no interior de uma universidade para oferecer a amigos durante uma festa. (ESSE INDIVIDUO SERÁ ENQUADRADO NO ART 33 TRAFICO) 
Como se nota, as circunstâncias sociais e pessoais neste exemplo foram determinantes para concluir que a situação não era para consumo próprio, mas para consumo de um grupo. 
No parágrafo 2º, temos o crime de induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso de drogas.
Por que usar uma camisa com folha de maconha não é crime? 
Ou musica estimulando o uso de drogas? Ou ainda a chamada marcha da maconha?
Nesses casos, entende-se que o agente está utilizando a sua liberdade de expressão, opinião e pensamento. A liberdade de escrever e expressar opiniões/filosofias é um direito garantido na Constituição e é pelo exercício deste direito que a sociedade discute problemas e evolui.
No caso da droga, entende-se que defender o seu uso é uma manifestação de opinião e deve ser respeitada. Foi dessa forma que o STF decidiu sobre a questão da "marcha da maconha", já que se discutia se era exercício de expressão/opinião (pela sua legalização) ou crime (instigar alguém ao uso de drogas). Segue a decisão:
“STF (ADIn 4272): O tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do relator, julgou procedente a ação direta para dar ao § 2º Artigo 33 da lei 11.343/2006 interpretação conforme á constituição, para dele excluir qualquer significado que enseje a proibição de manifestações e debates públicos acerca da descriminalização ou legalização do uso de drogas ou de qualquer substância que leve o ser humano ao entorpecimento episódico, ou então viciado, das suas faculdades psico-físicas. Votou o presidente, ministro Cezar Peluso.”
Outro aspecto importante para um curso de investigação como esse é o disposto no art. 33, §4º. Este dispositivo prevê o chamado tráfico privilegiado. E é assim chamado porque ele prevê o privilégio da redução da pena de 1/6 a 2/3 ao traficante que seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.
Atendendo a esses critérios, o réu terá a sua pena diminuída significantemente (de 6 anos pode cair para 2, por exemplo). 
Com relação à figura do tráfico privilegiado (art. 33, §4º), o Supremo Tribunal Federal tem entendidoque não se trata de crime hediondo.
Para contextualizar, a Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90) qualifica determinados crimes como hediondos e dá um tratamento mais rígido aos seus agentes (enquanto um condenado progride de regime após cumprir 1/6 da pena, no caso do crime ser hediondo essa progressão somente ocorrerá após cumprir 2/5 da pena, se for réu primário, ou 3/5 da pena, se for reincidente).
Por essa razão, o STJ, em 2016, cancelou o seu Verbete nº 512 de sua Súmula que dizia:
“A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33 § 4º, da lei n. 11.343/06 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas.” 
Desse modo, alguém que se beneficie do art. 33, §4º, terá a sua progressão de regime mais branda com base no Código Penal e na Lei de Execuções Penais (após cumprido 1/6 da pena). 
Durante uma operação policial, um caminhão carregando meia tonelada de maconha foi apreendido numa rodovia estadual. Tendo em vista a quantidade da droga e o valor, os policiais suspeitaram que poderia haver mais alguém envolvido no transporte e, a partir de uma denúncia anônima, descobriram que havia mais quatro pessoas em duas motos responsáveis por avisar a presença de policiais ou fiscais rodoviários. Nenhuma droga havia com estes! O motorista do caminhão foi autuado em flagrante por tráfico de drogas (art. 33). 
QUESTÃO
As quatro pessoas nas motos que apenas escoltavam o caminhão deverão responder por tráfico?
Sim. Embora não trouxessem drogas nem praticassem qualquer dos verbos do art. 33 (Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas), eles colaboraram de maneira efetiva para a prática do crime. O Código Penal, no seu art. 29, descreve que quem, de qualquer modo, concorre para o crime, incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Portanto, tendo concorrido para o crime de tráfico de drogas, auxiliando no transporte, deverão também ser responsabilizados. 
O tráfico de drogas é equiparado a crime hediondo? E quando configurar o art. 33, §4º?
Sim. Entretanto, no caso do tráfico privilegiado (art 33, §4º), o último entendimento do STF é que não é hediondo. Por tal razão, o STJ cancelou o Verbete nº 512 de sua Súmula que dizia: A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, §4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas. 
ART 34
Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer titulo, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado á fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 a 10 (anos), e pagamento de R$ 1.200 a R$ 2.000 mil (dias – multa).
Neste artigo, a matéria-prima também é observada. O maquinário e aparelhos utilizados em um laboratório de drogas é o mesmo utilizado em uma série de outras atividades lícitas. Um sacolé para embalar cocaína é o mesmo comercializado para embalar outros produtos vendidos legalmente no comércio.
O que vai definir a destinação deste maquinário e aparelhos para fins de produção de drogas é o contexto no qual se encontram.
ART 35
Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, § 1º, e 34 desta lei:
Pena – reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de R$ 700,00 a R$ 1.200 (dia – multa).
Este artigo trata da associação para o tráfico. Inicialmente, temos que estabelecer uma diferença entre a associação para o tráfico e a associação criminosa prevista no art. 288 do Código Penal. Observe: 
	Associação para o tráfico
	Associação criminosa
	A associação da Lei de Drogas somente ocorre quando o objetivo é cometer crimes previstos no arts. 33, caput e § 1º, e 34, da própria Lei de Drogas.
	Já a associação Prevista no código Penal objetiva o cometimento de qualquer outro crime e exige a presença de, no mínimo 3 pessoas (na lei de drogas, exige-se, no mínimo 2). Portanto, a associação para o tráfico é um tipo penal específico e não deve ser confundido com a figura similar no art 288 do CP.
ART 37
Colaborar com informante, com grupo, organização ou associação destinados á prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e §1º, e 34 desta lei: 
Pena – reclusão, de 2 a 6 anos, e pagamento de R$ 300,00 a R$ 700,00 reais (dias – multa) 
Este artigo enquadra a figura do "fogueteiro", aquele indivíduo que avisa a chegada da polícia. Contudo, esse informante deve ter uma atuação pontual e não recorrente. Do contrário, caso seja permanente, ele será enquadrado na associação para o tráfico (art. 35). Isto ocorre porque a sua colaboração reiterada e permanente o faz membro da organização criminosa, deixando de ser mera participação eventual.
A seguir, vamos analisar alguns artigos que contêm aspectos interessantes da Lei de Drogas para a investigação. 
 Art 45
“É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
Paragrafo único. Quando absorver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, á época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.
Art 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circunstâncias prevista no art 45 desta lei, o agente não possui, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”
Esses artigos preveem uma causa de exclusão da culpabilidade do agente. Repetem, na verdade, o mesmo raciocínio aplicado pelo Código Penal aos demais crimes. 
Isso quer dizer que só se pune alguém que tivesse plena consciência de seus atos, no momento da conduta. Se não o tinha, seria injusto punir, afinal de contas, nem sabia o que estava fazendo! 
O art. 45 vem, portanto, dar um tratamento distinto e mais humano para a pessoa doente e viciada que, por não conseguir controlar o seu vício, usa drogas e comete algum crime.
Desse modo, o dispositivo somente será aplicado se forem obedecidos os seguinte requisitos:
1.Total incapacidade para entender o caráter ilícito da ação; 
2.Esta incapacidade deve decorrer da química ou do efeito da droga; 
3.A total incapacidade não deve ser premeditada. No caso da incapacidade não ser total (estava drogado, mas ainda possuía alguma consciência), a pena será reduzida, mas não haverá isenção total. 
 
QUESÕES
E no caso de uma pessoa que usa drogas para tomar coragem para cometer um crime, a mesma será enquadrada nos artigos 45 e 46? 
Esse caso NÃO se aplica a este dispositivo ao caso do indivíduo que cheira cocaína para tomar coragem para transportar drogas de um local para outro, por exemplo. Isto porque, nesse caso, houve o uso de drogas premeditado. Portanto, há que ser detalhado e devidamente comprovada a situação dos artigos 45 ou 46. 
Qual a diferença entre a associação criminosa (art. 288 do CP) e associação para o tráfico (art. 35)? 
A associação criminosa (art. 288 do CP) requer, no mínimo, três agentes. Na associação para o tráfico, exigem-se apenas dois agentes. No mais, associação criminosa corresponde à prática de qualquer crime, enquanto a associação para o tráfico diz respeito apenas à prática das condutas do arts. 33, caput e §1º, e art. 34 da Lei de Drogas. 
O agente que, após usar cocaína e completamente inconsciente, cometa o crime de distribuir drogas para pessoas do seu consumo responderá por tráfico de drogas? 
A princípio,sim. O agente apenas se beneficiará do disposto nos artigos 45 e 46 se não for premeditado. No exemplo acima, como nada foi dito, presume-se que a sua situação de inconsciência foi premeditada, excluindo, assim, a incidência daqueles artigos. 
ART 53
“Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nessa lei, são permitidos, além dos previstos em lei,mediante autorização judicial e ouvido o ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:
I – a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes;
II – a não atuação policial sobre portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior numero de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.”
Este dispositivo fala da ação controlada (ou “flagrante prorrogado, retardado ou diferido”). Ele autoriza que a polícia deixe de efetuar a prisão em flagrante ou deixe de atuar diante da notícia de um crime previsto na Lei de Drogas, com o objetivo de identificar e responsabilizar os demais envolvidos.
Uma organização criminosa pode possuir diversos ramos e pessoas espalhadas em diferentes regiões e investigações desse tipo demoram muito tempo e são extremamente complexas, pois a reunião de provas e identificação dos autores requerem uma série de ações.
Muitas vezes, para que se possa desmantelar toda a organização, é necessário que se deixe a organização atuar por algum tempo, de maneira que a polícia possa conseguir informações e pedir a prisão de todos os envolvidos.
Como, em tese, "deixar de efetuar a prisão", em uma situação em que se evidencia o crime, não é permito à polícia, o art. 53 vem legalizar essa prevaricação por parte dos policiais, desde que reste claro o objetivo de aprofundar as investigações. 
Em qualquer hipótese, a autorização judicial é necessária. Do contrário, os policiais devem efetuar a prisão e tomar as medidas cabíveis, sob pena de responsabilidade penal e administrativa. 
ART 65
“De conformidade com os princípios da não – intervenção em assuntos internos, da igualdade jurídica e do respeito á integridade territorial dos Estados e as leis e aos regulamentos nacionais em vigor, e observado o espírito das convenções das Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos internacionais relacionados á questão das drogas, de que o Brasil é parte, o governo Brasileiro prestará, quando solicitado, cooperação a outros países e organismos internacionais e, quando necessário, deles solicitará a colaboração, nas áreas de:
I – intercambio de informações sobre legislações, experiências, projetos e programas voltados para atividade de prevenção do uso indevido, de atenção e de reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
II – intercâmbio de inteligência policial sobre produção e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de precursores químicos;
III – intercâmbio de informações policiais e judiciais sobre produtores e traficantes de drogas e seus precursores químicos.”
Esse artigo concretiza compromissos internacionais que o Brasil vem assumindo no combate ao crime organizado internacional. Veja que a colaboração não precisa de solicitação judicial em alguns casos, basta haver a comunicação direta entre autoridades policiais e membros do Ministério Público, sem muita formalidade ou burocracia.
Se levarmos em consideração que o Brasil não é um grande produtor de drogas, concluímos que a maior parte da droga circulando no país atravessa nossas fronteiras e, consequentemente, a colaboração de outros países é fundamental para se ter uma ação efetiva, interrompendo a cadeia no seu início e não apenas na ponta (prendendo os grandes traficantes, por exemplo).
Atente-se agora para algumas observações importantes!
Atualmente, existe um processo no Supremo Tribunal Federal em que se está discutindo a constitucionalidade do art. 28. O argumento é que a criminalização da posse para uso próprio acaba estigmatizando o agente e compromete medidas de redução e controle dos danos causados pela droga.
Caso se confirme esta inconstitucionalidade (em fevereiro de 2017 ainda não havia decisão final no processo), a conduta de posse de drogas para uso pessoal deixaria de ser crime, mas continuaria ilícita (administrativa e civilmente), cabendo as mesmas sanções previstas no art. 28.
Apesar das sanções permanecerem, vale lembrar que o fato da conduta deixar de ser crime é importante para efeitos penais, pois, por exemplo, evita a ocorrência da reincidência.
Para melhor compreender o assunto, você pode ler aqui a notícia e o processo.
Na redação original da Lei de Drogas, era vedada a concessão de liberdade provisória e a conversão das penas em restritivas em direito, e o regime inicial de cumprimento das penas era necessariamente o fechado.
Apenas para contextualizar, liberdade provisória é a possibilidade de responder o processo em liberdade, mesmo em caso de flagrante delito. A conversão da pena privativa de liberdade (prisão ou detenção) em restritiva de direito (prestação de serviços à comunidade ou pagamento de valores, por exemplo) é um benefício que o Código Penal determina em determinados casos. Nessa hipótese, o condenado não irá preso!
A vedação a tais benefícios não está mais em vigor, seja porque houve alteração legislativa, seja porque o STF considerou alguns de seus dispositivos inconstitucionais.
Atualmente, portanto, é cabível a liberdade provisória, a conversão em pena restritiva de direito e o regime inicial de cumprimento de pena (quando não for possível a substituição por restritiva de direitos) pode ser fechado ou aberto.
QUESTÕES!!
O que é ação controlada? Qual a sua importância na investigação do tráfico de drogas? 
A Lei de Drogas prevê a possibilidade de retardo na efetuação da prisão em flagrante, a fim de possibilitar a prisão de outras pessoas envolvidas. Dessa maneira, mesmo havendo uma situação em que a polícia deve efetuar a prisão (transporte da droga em uma rodovia, por exemplo), os policiais podem se abster, deixando a organização atuar, e aproveitar a oportunidade para descobrir outras ramificações, produzir provas e identificar outros envolvidos. Para o tráfico de drogas, a ação controlada é um mecanismo importantíssimo, pois possibilita que a polícia prenda os "cabeças" do tráfico, desmantelando organizações criminosas em seu mais alto nível. 
(FUMARC Titular de Cartório/TJMG - 2012 - Adaptada): Sobre a Lei 11.343/2006 (Tóxicos) e em conformidade ao que nela está previsto, é correto afirmar que: 
O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços). 
Leia o Relatório Mundial sobre Tráfico de Drogas da ONU e descreva a importância e as consequências do problema das drogas em nossa sociedade. 
Não existe um gabarito pré-definido. No entanto, em sua resposta você deverá abordar os seguintes argumentos, concordando ou discordando deles:
• controle da produção e venda pelo Estado, tal como ocorre com o cigarro e bebidas alcoólicas, vai controlar o consumo e as suas consequências;
• a legalização provocará a redução da violência, pois, tornando-se uma atividade lícita, a droga deixará de financiar o tráfico de drogas, na medida em que as pessoas farão uso do comércio regular;
• a legalização provocará a geração de emprego e circulação de renda;
Além disso, você deverá mencionar quais drogas acha que devem ser legalizadas e por quê. Você poderá argumentar,ainda, que os efeitos daquela específica droga são muito nocivos (daí, não poder ser legalizada), o povo brasileiro não tem educação suficiente para lidar com tal situação e que poderá sobrecarregar o sistema de saúde (deixando de atender pessoas acidentadas em situação grave para atender pessoas dependentes de droga, por exemplo). 
 
 AULA 02 
DIREITO PENAL APLICADO II
PROFº 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
INTRODUÇÃO
Será que o cidadão deve ter o direito de portar armas para a sua defesa? No atual cenário nacional, essa questão tem sido novamente debatida nos mais diversos meios, acadêmicos ou não.
O Brasil, tradicionalmente, tem se oposto à liberação do porte de arma, sendo, no últimos anos, cada vez mais restritivo. Exemplo disso foi o Estatuto do Desarmamento. Será que menos armas significa menos violência?
Nesta aula, não responderemos a essa questão, mas faremos uma introdução apenas para estimular a reflexão sobre o assunto. Posteriormente, entraremos no estudo dos crimes e sua investigação.
É importante sempre analisar as leis no contexto social em que devem ser aplicadas, a fim de que ganhem sentido e promovam mudanças sociais positivas.
Contextualizando a delicada questão das armas 
O Brasil possui uma política restritiva com relação à comercialização e ao porte de armas de fogo. As pessoas autorizadas a portar armas são poucas e o processo de aquisição do porte é complexo e muito seletivo. 
Esse tratamento restritivo ocorreu em razão dos elevados índices de crimes cometidos com o emprego de armas de fogo. Apenas para se ter uma noção, o Brasil já atingiu índices de mortes por arma de fogo iguais ao de muitos países em guerra, tais como Afeganistão e Iraque. 
Até 1997, o porte ilegal de arma de fogo era uma contravenção penal, a tolerância ao seu comércio era maior e havia pouca discussão sobre a relação entre armas e violência .
A tabela a seguir mostra um levantamento comparando o número total de homicídios (causados por qualquer instrumento: faca, tesoura...) com o número de homicídios provocados por arma de fogo no período entre 1980 e 2014, sendo que o Estatuto do Desarmamento entrou em vigor em 2003.
Homicídio por Arma de Fogo (AF) x nº de homicídios 
Analisando a tabela, temos: 
A porcentagem de pessoas mortas por armas de fogo vinha crescendo até a edição do Estatuto do Desarmamento, em 2003 e, desde então, estagnou.
É difícil afirmar, seguramente, que o Estatuto foi o fator determinante para esta estagnação, mas, certamente, influenciou (e muito!). 
No entanto, ao mesmo tempo, verificamos na tabela que não houve decréscimo, demonstrando que uma política de segurança pública eficiente não se garante apenas com o controle de armas, mas sim com investimento em diversas outras áreas. 
Por fim, devemos levar em consideração o fato de que a arma por si só não produz violência. Veja que alguns países (como a Suíça) têm o comércio de armas liberado, mas índices de violência baixíssimos. 
Na verdade, as armas são um instrumento para violência. A pessoa que deseja assassinar alguém poderá fazê-lo de várias maneiras, com armas envolvidas ou não. Por isso, dizemos que menor número de armas não implica, necessariamente, em menos crimes. Contudo, devemos levar em conta que a maior disponibilidade de armas certamente favorece a violência e, por fim, dificulta o seu combate. 
A resposta está no art. 6º do Estatuto do Desarmamento, Lei 10826/03 
Dos Crimes previstos no Estatuto do Desarmamento
Para o estudo do Estatuto do Desarmamento, é fundamental ter em mãos o Dec 5123/04 (Regulamento do Estatuto do Desarmamento) e o Dec 3665/00 (Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados R-105). É o R-105  que nos traz a definição de arma de fogo e seus acessórios, conceitos essenciais para se examinar e entender os crimes previstos no Estatuto. Veja:
ART 3º Para os efeitos deste Regulamento e sua adequada aplicação, são dotadas as seguintes definições:
II – Acessório de arma: Artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma;
XIII – Arma de fogo: arma arremessa projéteis empregando a força expansivas dos gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade á combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil;
Sobre isso, precisamos esclarecer alguns fatos:
Na intenção de reduzir a circulação de armas de fogo no país, o Estatuto estabeleceu a possibilidade dos cidadãos entregarem suas armas à Polícia, com recibo e indenização, de acordo com os arts. 31 e 32.
Veja que se trata de um estímulo ao cidadão para que, mediante indenização (de 150 a 450 reais), ele se desfaça legalmente de sua arma. Esses dispositivos ainda se encontram em vigor, mas, para transitar com a arma até a delegacia, o agente deverá imprimir uma guia de trânsito no site da Polícia Federal, a fim de afastar eventual crime de porte ilegal de arma. 
Intenção semelhante ocorreu com a previsão do art. 30 do Estatuto. Nesse caso, o Estatuto estimulava a regularização de armas não registradas. Assim:
	2003 a 2005 : Nesse período, qualquer arma (de uso restrito ou não) poderia ser regularizada.
	2005 a 2008 : Nesse período, embora não houvesse nenhuma norma autorizando, entende-se esse dispositivo como uma abolitio criminis retroativa (), de maneira que englobaria também aquele período (mas somente em relação as armas de uso permitido). Ou seja, a alteração de 2008 também valeria retroativamente até 2005.
	2008 : Nesse ano, o prazo foi reaberto (até 2009) apenas para armas de uso permitido.
A redação atual do dispositivo, que esteve vigente até 2009 estabelece que:
- Não é mais possível regularizar situação de arma de fogo (art. 30 que encerrou sua vigência em 2009); 
- É possível entregar mediante indenização qualquer arma de fogo à polícia federal, regularizada ou não (art. 32).
- Depois dessa explicação, vamos estudar os crimes especificados pelos arts. 12, 14 e 16.
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
O Art. 12 tipifica como crime a posse de arma de fogo de uso permitido. Aqui, é crucial estabelecer a diferença entre posse e porte, uma vez que correspondem a crimes diferentes. Veja a seguir: 
Veja que o tipo inclui também os acessórios e a munição da arma, a qual tem que ser de uso permitido. Esse dispositivo trata apenas da arma de uso permitido. Se for de uso restrito, o agente será enquadrado no art. 16. 
O Dec 3665/00/R-105, no art.3º define quais são as armas de uso restrito e as de uso permitido.
Art 3º Para os efeitos deste Regulamento e sua adequada aplicação, são dotadas as seguintes definições:
XVII – Armas de uso permitido: armas cuja utilização é permitida a pessoa física em geral, bem como pessoa jurídica, de acordo com a legislação normativa do Exército;
XVIII – Arma de uso restrito: arma que só deve ser utilizada pelas forças armadas, por alguma instituição de segurança, e por pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Exército, de acordo com legislação específica…;
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
No art. 14, o Estatuto trata do porte de arma de fogo. Observe: 
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e o desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.
Atenção!!
Lembre-se que o porte se difere da posse e ambos são crimes com dispositivos e penas distintas. Vale ressaltar também que, embora o nome do crime seja "porte ilegal de arma de fogo de uso permitido", o artigo tipifica outras condutas também: deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar. Mais uma vez, esse crime apenas se aplicaàs armas, munições e acessórios de arma de fogo de uso permitido. Se for de uso restrito, o agente será enquadrado no art. 16. 
Com relação ao parágrafo único, este foi julgado inconstitucional pelo STF, de maneira que não está mais em vigor, cabendo, portanto, liberdade provisória com ou sem fiança. A decisão se deu na ADI 3112-1. 
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
O art. 16 criminaliza tanto a posse quanto o porte de arma de fogo de uso restrito. Ou seja, o tratamento é diferente daquele dado às armas de uso permitido, as quais possuem dois artigos (art. 12 e art. 14). 
Uma observação a ser feita refere-se ao parágrafo único, pois este se aplica também às armas de uso permitido. Dessa forma, analise a seguinte situação: 
SE ALGUÉM ALTERAR A NUMERAÇÃO DE UMA ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO, SERÁ ENQUADRADO EM QUAL ARTIGO?
a) Art. 16 b) Art. 12 c) Art. 14
RESPOSTA: Será enquadrado no art. 16 e não nos outros dois artigos acima.
No quadro a seguir, veja um pequeno resumo: 
Os crimes de posse e porte de arma de fogo de uso permitido ou não (arts. 12, 14 e 16) são plurinucleares. Ou seja, eles trazem vários núcleos/verbos que caracterizam condutas criminosas.
Assim, um indivíduo que praticar mais de uma das condutas de um dos artigos em um mesmo contexto será responsabilizado apenas uma vez?
RESPOSTA: Correto! No entanto, isso só se aplica no caso da prática dos verbos pertencentes a um mesmo artigo e dentro de um mesmo contexto.
Portanto, se estiver portando uma arma de uso permitido e outra de uso restrito, responderá duas vezes por porte (art. 12 e art. 16). Contudo, caso esteja com duas armas de uso permitido, responderá apenas uma vez no art. 12 (neste caso, o juiz aumentará a sua pena de acordo com o número de armas que possuía, mas considerará apenas um crime).
Vamos fazer um exercício!
Analise o caso, a seguir, e marque a resposta correta:
Durante uma operação policial de rotina, policiais rodoviários federais abordam o caminhão conduzido por Teotônio. Revistado o veículo, encontram um revólver calibre 38, contendo munições intactas em seu tambor, escondido no porta-luvas. Os policiais constatam, ainda, que a numeração de série do revólver não está visível, sendo certo que perícia posterior concluiria que o desaparecimento se deu por oxidação natural, decorrente da ação do tempo. Questionado, Teotônio revela não possuir porte de arma e sequer tem o instrumento registrado em seu nome. Afirma, também, que a arma fora adquirida para que pudesse se proteger, pois um desafeto o ameaçara, prometendo-lhe agressão física futura. Nesse contexto, é correto afirmar que Teotônio:
RESPOSTA: Cometeu crime de porte de arma de fogo de uso permitido. 
Disparo de arma de fogo
Este tipo penal somente ocorrerá quando o agente disparar arma de fogo em local habitado ou em suas adjacências. Se o local for inabitado, poderá responder por porte ilegal de armas, por exemplo, mas não pelo ART 15
Importante notar que o disparo da arma com a intenção de praticar um crime (homicídio, lesão corporal...) afasta também o art 15, de maneira que o agente apenas responderá pelo crime que intencionava praticar. 
Se alguém efetua o disparo em uma via movimentada com a intenção de matar uma pessoa, o agente responderá por disparo de arma de fogo?
RESPOSTA: O agente somente responderá por homicídio ou tentativa de homicídio.
Contudo, se a pena do crime for inferior à do art. 15, a regra anterior não se aplicará, de maneira que o agente responderá pelo art. 15. Essa seria a hipótese de alguém que efetua disparo na intenção de provocar uma lesão corporal leve (cuja pena é inferior a 2 a 4 anos). Nesta situação, não se aplicaria a parte final do art. 15. 
Omissão de cautela
O crime de omissão de cautela, previsto no art. 13 se aplica à hipótese do agente não tomar os cuidados necessários para impedir que menores ou deficientes mentais se apoderem da arma.
É o caso de alguém deixar a arma municiada sobre uma mesa, ao invés de guardá-la em local escondido e de difícil acesso. Nesse crime, não há a necessidade de haver parentesco entre o menor/deficiente e o autor. Da mesma forma, não se exige que ocorra algum dano (disparo, por exemplo). Só o fato de "se apoderar" da arma já é suficiente para a sua consumação.
No parágrafo único, exige-se que as 24 horas comecem a partir do conhecimento do fato por parte do proprietário ou diretor de empresa de segurança e transporte de valores e não do momento em que o fato ocorreu.
Comércio ilegal de arma de fogo
O art. 17 tipifica o crime de comércio ilegal de armas de fogo. Veja a seguir: 
“ART. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor á venda, ou de qualquer forma utilizar em proveito próprio ou alheio, no execício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.
Paragrafo único – Equipara-se á atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
Tráfico internacional de arma de fogo
Os artigos 18, 19 e 20 não trazem complexidade e nem requerem informações complementares, pois são autoexplicativos. Veja:
“ART. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: 
Pena – reclusão de 4 a 8 anos, e multa.
ART. 19. Nos crimes previstos nos arts 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
ART. 20. Nos crimes previstos nos arts 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta lei.
Para finalizar, cabe esclarecer alguns fatos: 
O tráfico internacional de armas é de competência da Justiça Federal, de maneira que a investigação e o processamento ocorrerão pela Polícia Federal e por um Juiz Federal, respectivamente. 
A Lei também trata com mais rigor os crimes de posse, porte, disparo de arma de fogo e tráfico de armas quando cometidos pelos agentes que, por lei, têm porte de arma, tais como policiais. Neste caso, os agentes terão a suas penas aumentadas pela metade. 
A vedação à liberdade provisória (aquela possibilita o réu ser processado em liberdade) foi julgada inconstitucional pelo STF (ADI 3112-1, cuja transcrição está no material complementar). Portanto, o art. 21 não é mais aplicável (Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória). 
Vamos fazer um exercício!
Analise o caso, a seguir, e marque a resposta correta:
(CESPE 2016 - Del Pol - Adaptada): Lucas, delegado de polícia de determinado estado da Federação, em dia de folga, colidiu seu veículo contra outro veículo que estava parado em um sinal de trânsito. Sem motivo justo, o delegado sacou sua arma de fogo e executou um disparo para o alto. Imediatamente, Lucas foi abordado por autoridade policial que estava próxima ao local onde ocorrera o fato.
Nessa situação hipotética, a conduta de Lucas poderá ser enquadrada como:
RESPOSTA: Crime suscetível de liberdade provisória 
A importação irregular de uma arma de airsoft configura algum crime do Estatuto do Desarmamento? Justifique.
RESPOSTA: Não, pois não é arma de fogo por definição, mas arma de pressão. Essa importação irregular poderá configurar o crime de contrabando. 
AULA 3
DIREITO PENAL APLICADO II
PROFº
LEI DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 
Nas últimas duas décadas, o crime tem evoluído e assumido uma série de novas características. Uma delas é a associação de pessoas em uma estrutura organizada com a finalidade de cometer crimes em escalas maiores, ocultar seus integrantes e, principalmente, otimizar recursos. 
Essa inovação tem oferecido grandes dificuldades às instituiçõesda segurança pública, uma vez que o enfrentamento do crime organizado apresenta novos desafios. A tecnologia que tanto tem transformado as vidas das pessoas também tem sido utilizada pelo crime em larga escala. Portanto, mais e mais, o crime tem lançado mão dos meios tecnológicos para operar suas atividades e o Estado nem sempre tem conseguido ficar à frente dessas mudanças e se adaptar com a rapidez necessária. 
Nesse contexto, a Lei de Organização Criminosa (Lei 12.850/13) veio com uma gama de instrumentos para que o Estado possa fazer frente a essa nova composição do crime. Como veremos adiante, a chamada colaboração premiada vem com uma regulamentação mais completa, possibilitando o seu uso com mais segurança e efetividade. 
Houve também previsão expressa da possibilidade de infiltração de agentes policiais e da chamada ação controlada. De fato, tais instrumentos já eram previstos em nosso ordenamento para alguns crimes, mas a presente lei veio a dar uma regulamentação mais precisa, embora ainda seja lacunosa em outros pontos. Nesta aula, então, veremos o que se entende por organização criminosa e uma introdução aos seus meios investigatórios. 
Lei das Organizações Criminosas 
A Lei 12.850/13 veio substituir a Lei 9.034/95, atualizando e propondo
novas medidas contra o crime organizado. O fenômeno da globalização e
da tecnologia trazem uma série de avanços à vida moderna, facilitando a comunicação e tornando mais rápida e prática várias atividades do nosso cotidiano.
Se por um lado isso tem ajudado a vida moderna, por outro, tem dificultado
o combate ao crime. Isto porque o crime tem se utilizado cada vez mais das tecnologias para se organizar e operacionalizar suas atividades. O dinheiro,
por exemplo, é transferido virtualmente e a facilidade de realizar sucessivas transferências dificulta o seu rastreio. A possibilidade de comunicação em longa distância faz com que os integrantes de uma organização possam trabalhar em diferentes locais de um mesmo país, ou, até mesmo, em diferentes continentes. 
Para os Estados, isso	é um grande complicador. Como sabemos, os Estados são soberanos dentro de seu território, mas toda comunicação entre eles ocorre em geral por meios burocráticos e via relações diplomáticas. A agilidade de cooperação e colaboração em matérias investigativas e jurídicas não é, no geral, a regra. Por outro lado, as organizações criminosas não possuem essas limitações e operam livremente em países diferentes, aproveitando-se dessas dificuldades governamentais para praticarem suas atividades ilícitas.
A fim de tornar mais efetivo o combate ao crime organizado, no plano internacional, a Convenção de Palermo Contra o Crime Organizado trouxe uma série de medidas que devem ser observadas pelos Estados signatários (e o Brasil é um deles). Em atenção a tal tratado internacional, as leis brasileiras têm levado em consideração essas circunstâncias e, cada vez mais, tentado operacionalizar uma cooperação mais ágil com órgãos internacionais. 
Diante desse contexto, a Lei 12.850/13 foi um passo significativo, conforme veremos. 
Qual é a definição de organização criminosa?
Pela própria definição da Lei 12.850/13, art. 1º cinco requisitos são necessários para haver a existência de uma organização criminosa:
- Mínimo de QUATRO integrantes;
- Estrutura ordenada e com divisão de tarefas de seus integrantes;
- A organização não precisa ser formalidade;
- O fim da organização deve ser o de obter, direta ou indiretamente, vantagens de qualquer natureza;
- Essa finalidade deve ser mediante a prática de infrações penais (crime ou contravenção penal) com penas máximas superiores a 4 anos ou transnacionais (independetemente da pena cominada).
Além desses requisitos, a doutrina também menciona as seguintes características, segundo Vicente Greco Filho (2014) e João Daniel Rassi: 
1- Estrutura organizacional, com células relativamente estanques, de modo que uma não tem a identificação dos componentes da outra; 
2- Especialização de tarefas, de modo que cada uma exerce uma atividade predominante. Tomando como exemplo uma organização criminosa para o tráfico ilícito de entorpecentes, dir-se-ia que tem atividade definida o importador, o transportador, o destilador, o financeiro, o traficante, de área e distribuidor e o traficante local, como uma rede, das artérias aos vasos capilares; 
3 -A existência de vários níveis de hierarquia, em que os subordinados nem sempre, ou quase nunca conhecem a identidade da chefia, de dois ou mais escalões superiores ou ainda que conheçam a chefia mais elevada não têm contato direto com ela e não podem fornecer provas a respeito;
4 - A possível existência de infiltração de membros da organização em atividades públicas, no poder executivo, legislativo, Ministério Público e judiciário e corrupção de agentes públicos; 
5 - A tendência de durabilidade; 
6 - A conexão com outras organizações, no mesmo ramo ou em ramo diferente, quando não a atividade em vários ramos; 
7 - A coação, mediante violência, chantagem ou aproveitamento da condição de pessoas não participantes, mas que passam a ser auxiliares ou conviventes e que vivem sob a imposição de grave dano em caso de delação. 
Devido à semelhança, devemos fazer uma distinção entre a organização criminosa e os crimes de associação para tráfico (art. 35 da Lei de Drogas, Nº 11.343, de 23 de agosto de 2006) e a associação criminosa (art. 288 do Código Penal). Veja a seguir um quadro ilustrativo: 
Saiba Mais!!!
ART. 33
Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
§1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
ART. 34
Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. 
Com base no que acabamos de aprender, veja atentamente as notícias abaixo e diga a qual tipo de crime organizado se referem. 
 NOTICIA 01
Três pessoas, de 25, 22 e 20 anos, foram presas por tráfico de drogas, neste sábado (18), na avenida Fernando Bonvino, no bairro Residencial Palestra, região norte de São José do Rio Preto (SP). Os suspeitos estavam com quase 130 quilos de maconha, quando foram abordados pela Polícia Militar, que havia recebido denúncia anônima sobre a entrega da droga.
Os suspeitos, dois homens e uma mulher, disseram à polícia que a droga vinha de Cuiabá (MS) e seria entregue em Rio Preto por R$ 10 mil. Os três foram levados para a Central de Flagrantes. Os dois homens devem ser levados para o Centro de Detenção Provisória (CDP) e a mulher para alguma cadeia feminina da região.RESPOSTA: Associação para o tráfico de drogas
NOTICIA 02
Polícia francesa prende três homens e uma adolescente e diz ter evitado atentado iminente 
RESPOSTA: Organização criminosa 
NOTICIA 03
Quadrilha suspeita de assalto a banco tinha 5 da mesma família 
Eles são suspeitos de explosão a caixas eletrônicos em Campestre. Pelo menos R$ 495 mil foram apreendidos; um está em estado grave.
RESPOSTA: Associação criminosa 
Dos crimes
A lei possui poucos crimes, vindo a tratar mais especificamente dos métodos de investigação para o desmantelamento das organizações criminosas. Contudo, os seus poucos crimes são importantes. Vamos ao primeiro: 
ART. 2º
O crime descrito no art. 2º admite quatro possibilidades:
1 – Promover
2 – Constituir ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
3 – Financiar
4 – Integrar 
Veja que o financiamento, mesmo sem exercer qualquer atividade específica, é considerado típico. Não é necessária também a habitualidade; ou seja, a contribuição eventual, por exemplo, já é típica. Lembre-se que o crime transnacional ou de pena maior de quatro anos se somará à pena do art. 2º, uma vez que será concurso material no caso. Ou seja, o crime do art. 2º não absorve ou influencia a ocorrência dos demais crimes. 
 
ATENÇÃO !!!
Toda organização criminosa é uma associação criminosa, conforme art. 288 do CP, assim como uma associação para o tráfico, se tiver este fim, nos termos do art. 35 da Lei de Drogas.
Para compreender melhor essa relação, vamos analisar o caso a seguir. 
Um grupo de cinco pessoas foi preso por importar
drogas da Colômbia para o Brasil.
Tendo como base o que acabamos de estudar, eles deverão responder pelo art. 2º?
RESPOSTA: Os agentes NÃO responderão pelo art. 2º pois tiverem a finalidade de importar drogas (que é um crime transnacional). Portanto, eles responderão pela associação ao tráfico. E isso ocorre porque a pena do art. 2º é menor que a pena da associação ao tráfico, já que o crime com pena menor não pode absorver o crime de pena maior. 
A seguir, vamos tratar dos crimes ocorridos na investigação e na obtenção da prova. 
A fim de proteger as informações concluídas com a investigação, a lei prevê sanções penais àqueles que violem as regras de sigilo. Temos, portanto, os seguintes artigos:
No art. 18, vemos a proteção ao colaborador, uma vez que a revelação de sua identidade coloca em risco a sua vida e o sucesso da investigação. E isso se aplica, inclusive, à imprensa, que também não pode fotografar, filmar ou revelar a identidade sem a autorização por escrito do colaborador.
No art. 19, visa-se punir aquele que se passa por colaborador, imputando a prática de infração penal (crime ou contravenção) a inocente ou revela informações falsas sobre a organização criminosa. (FALSA REPRESENTAÇÃO) 
No art. 20, pune-se a violação ao sigilo das investigações somente no caso de ação controlada ou infiltração de agentes, podendo ser praticado tanto por funcionários públicos (agentes policiais, por exemplo) quanto por particulares (defensor do investigado, por exemplo, que tiver acesso aos autos). 
Já o art. 21 prevê como crime a recusa em fornecer dados e informações requisitadas pela polícia, MP e juiz. Tal questão é importante, pois algumas instituições são relutantes em fornecer dados de seus clientes, como aconteceu com o aplicativo de troca de mensagens WhatsApp.
Meios Investigatórios
Como afirmado anteriormente, a dificuldade em reprimir a atuação do crime organizado fez com que a presente lei dedicasse boa parte de seu conteúdo aos procedimentos investigativos e procedimentos processuais. Os meios investigatórios, estão previstos no art. 3º.
Talvez a figura mais conhecida deste artigo seja a colaboração premiada.
O que você entende por colaboração premiada?
RESPOSTA: A colaboração premiada não é prova processual, mas meio, técnica, instrumento, para obtenção de prova. Essa é sua natureza jurídica. Não sendo prova, ela, por si só, não pode servir de fundamento para a condenação ou absolvição de alguém, devendo, assim, ser corroborada por outras provas no processo, tais como uma testemunha, uma interceptação telefônica etc. A colaboração premiada em si é uma negociação, de maneira que deve ser voluntária e sempre realizada entre o Ministério Público, o Delegado de Polícia e o delator acompanhado de um advogado. O juiz nunca fará parte do acordo, exceto para homologá-lo. 
Quanto mais informações forem passadas, maiores serão os benefícios. Esses benefícios podem ser desde um pedido de perdão judicial por parte do Ministério Público até o compromisso deste em não recorrer ou não oferecer denúncia. 
Após a “negociação”, é feito um termo que é levado ao juiz para homologação. Em hipótese alguma, contudo, o juiz fica vinculado aos termos compromissados na delação. O único vínculo é com relação a levar em consideração a colaboração em favor do acusado, reduzindo a pena de acordo com sua discricionariedade, por exemplo. 
Por isso não é correta a promessa por parte do MP de concessão do perdão judicial ou mesmo do arquivamento da denúncia, devendo constar apenas o compromisso em requerer tais benefícios ao juiz, o qual tem a última palavra. 
Colaboração premiada é a mesma coisa que delação premiada?
RESPOSTA: A delação premiada é uma espécie de colaboração premiada.
Vamos ver a característica de cada uma:
- Colaboração premiada: O agente pode colaborar indicando meios para a recuperação de valores desviados, confessando o crime, explicando com detalhes a maneira que a organização operava etc.
- Delação premiada: Uma pessoa colabora com as investigações apontando outras pessoas envolvidas.
! A colaboração premiada somente terá efeito e beneficiará o colaborador se as informações passadas preencherem os requisitos previstos no art. 4º.
Saiba Mais!
Art. 4º
O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
É importante chamar a atenção para o fato de que o colaborador não pode repetir informações já prestadas por outro colaborador ou mesmo já identificadas pela polícia. A colaboração deve ser inovadora. Se apenas repetir algo que já está documentado nos autos ou de conhecimento das autoridades, a colaboração não surtirá efeitos em benefício do acusado/réu. Daí a importância de celebrar acordos com antecedência, já que as chances de conseguir maiores benefícios é maior. 
Como já previsto na Lei de Drogas, a presente lei também traz a figura da ação controlada e inova com a possibilidade de infiltração de agentes policiais. Veja, a seguir, as características desses dois mecanismos: 
Ação controlada: 
É a possibilidade de se postergar a prisão dos envolvidos com o objetivo de identificar os demais criminosos participantes da empreitada. Como a organização criminosa realiza diversas atividades, a prisão de apenas um deles pode alertar os demais ou mesmo prejudicar o curso de uma investigação que poderia levar à prisão toda a organização.
A previsão da ação controlada permite que a polícia “prevarique” e postergue a prisão dos envolvidos.
Infiltração de agente:
Esse é outro mecanismo eficiente, em alguns casos, que a lei traz expressamente em seu texto. Esse mecanismo somente é possível quando não houver outros meios de produção de prova viáveis, necessitando pedido do Delegado ou requerimento do MinistérioPúblico, que será autorizado ou não pelo juiz. 
Antes de finalizar esta aula, vamos realizar alguns exercícios!
(Vunesp - 2016 - Procurador IPSMI) A respeito da Lei no 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa), assinale a alternativa correta.
RESPOSTA: Quem impede ou embaraça a investigação de infração que envolve organização criminosa está sujeito a punição idêntica à de quem integra organização criminosa. 
Qual a natureza jurídica da colaboração premiada prevista na Lei de Organizações Criminosas? 
RESPOSTA: Meio de produção de prova. De acordo com a própria lei, a colaboração premiada não é prova em si, devendo ser um caminho/instrumento/meio para a produção da prova que será utilizada para a condenação ou absolvição 
(CESPE/2016 - PCGO/Escrivão) No curso de IP, o delegado de polícia representou à autoridade judicial para que lhe fosse autorizada a infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação. 
Nessa situação, com base na Lei n.º 12.850/2013, que dispõe sobre crime organizado: 
RESPOSTA: Se a infiltração for autorizada, o MP poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório de infiltração.
Acerca da Lei nº 12.850, de 2013, que versa sobre organização criminosa, é correto afirmar que: 
RESPOSTA: O juiz poderá, a requerimentos das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. 
ATIVIDADE / PESQUISA
No início de 2017, houve uma série rebeliões em presídios pelo Brasil coordenados por organizações criminosas que agem dentro e fora dos estabelecimentos prisionais.
Pesquise sobre o assunto e veja as reportagens que cobriram o episódio nos presídios de Natal e Manaus e faça uma lista das características e de como essas organizações agiam dentro das penitenciárias.
SUGESTÃO: Você deverá abordar em sua resposta os seguintes aspectos:
• O episódio foi um conflito entre as organizações criminosas Família do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).
• O massacre foi uma resposta/vingança por parte da FDN, a qual matou quase 60 pessoas integrantes do PCC.
• Rebelião no RN foi uma represália do PCC contra o episódio de Manaus.
• Cooptação de agentes do sistema penitenciário para facilitar a entrada de celulares, facas e outros objetos.
• Hierarquia e autoridade dos “chefões” que, mesmo presos, impõe suas ordens.
• Inabilidade do Poder Público em prevenir a atuação das organizações criminosas.
• Envolvimento de ex-deputado e ex-policial no episódio.
• Utilização de tecnologia para operar suas atividades.
• Corrupção. 
 
AULA 04
DIREITO PENAL APLICADO II
CRIME CONTRA A FÉ PUBLICA (Código Penal) 
INTRODUÇÃO:
A Fé Pública é fundamental para a convivência em sociedade. Imagina se o policial fardado se apresentasse com a carteira de identidade funcional dando uma determinada ordem e as pessoas não a cumprissem por duvidar da veracidade do documento? Certamente, a convivência em sociedade seria impossível. Tendo em vista essa presunção de veracidade, decidiu o legislador criminal tipificar aquelas condutas que violassem essa Fé Pública existente e tão necessária para todos nós.
Nesta aula, analisaremos os crimes mais comuns sobre a matéria previstos no Código Penal. A maioria das pessoas apenas têm conhecimento da falsidade ideológica e material, mas existem outros crimes que violam a Fé Pública e que são bem comuns, como o de moeda falsa.
Crimes contra a Fé Pública
Os crimes contra a Fé Pública visam resguardar a confiança que deve reger determinadas atividades na sociedade. A moeda que todos nós usamos diariamente circula porque existe uma confiança generalizada de que aquela nota é verdadeira. Da mesma forma, documentos públicos são presumidamente verdadeiros e ninguém deixa de receber ou dar crédito ao documento normalmente. Portanto, para que esta "fé" prevaleça (afinal de contas, se não fosse assim ficaria difícil comercializar e viver em sociedade!), o legislador decidiu criminalizar condutas que violem a Fé Pública em determinados casos.
Vamos aos casos!
Do Crime de Moeda Falsa
Previsto no art. 289 do CP, o crime de falsificação de moeda pode ocorrer pela sua fabricação ou alteração (transformar uma nota de 5 em 50 reais). Repare que a nota deve estar em curso legal no país, pois, caso não esteja (falsificar notas de Cruzeiro, por exemplo), a conduta não se enquadrará no art. 289, mas no art. 171 (estelionato).
Importante notar que, caso a falsificação seja grosseira (facilmente identificável que não é verdadeira), o crime será também o do art. 171, não podendo se falar em crime de moeda falsa (verbete nº 73 da Súmula do STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual).
A consumação do crime ocorre com a falsificação de uma só nota. A falsificação de várias notas não implica em vários crimes, mas em crime único. Obviamente, o juiz levará em consideração a quantidade de notas para calcular a pena, de maneira que, quanto mais notas contrafeitas, maior será a pena. Situação semelhante ocorre com a pessoa que falsifica (caput) e depois pratica um dos verbos do §1º. Não haverá dois crimes, já que a conduta do §1º absorve a conduta do caput. 
Petrechos para falsificação de moeda
No art. 291, punem-se os atos preparatórios para a falsificação de moeda. Apenas para relembrar, a prática de um crime percorre um caminho (iter criminis) que pode ser dividido em quatro estágios:
	Cogitação;
	Atos preparatórios;
	Execução;
	Consumação.
	
	Em regra, a cogitação e os atos preparatórios não são puníveis. Exceção é o que ocorre com o presente crime, em que entendeu o legislador criminalizar a preparação para a falsificação de moeda. Se não houver moedas falsas no local em que for encontrado o maquinário, como saber se para este fim se destinava? (afinal, o maquinário é licitamente comercializado e pode servir para várias finalidades legais). Somente o contexto e uma investigação levando em conta os detalhes sobre as atividades poderão fornecer provas para que o juiz possa condenar.
Falsidade Ideológica x Falsidade Material 
Dois crimes muito comuns contra a Fé Pública são
a Falsidade ideológica e a falsidade material.
Mas, qual a diferença entre eles?
A falsidade pode ocorrer com relação ao conteúdo do documento (informação que nele consta) ou com relação à sua forma e características.
	Quando o conteúdo/informação for falsificado, estamos diante de uma falsidade ideológica;
	Quando se tratar de falsificação da forma/características, estamos diante de uma falsidade material.
E como se prova a falsidade? Mediante prova pericial. É essencial que seja feita uma perícia para atestar a informação falsa ou mesmo a materialidade falsificada. Sem perícia, não há como constatar a materialidade do crime e, consequentemente, eventual condenação. Para a falsidade ideológica e material, o Código Penal traz três artigos: o art. 297 e o art. 298 para a falsidade material, e o art. 299 para a falsidade ideológica. 
Falsificação de documento público
Você sabe o que é um documento público? 
É aquele documento emitido pela Administração Pública, com Fé Pública, em seu nome, por um funcionário público e obedecendo os requisitos previstos na legislação em vigor. 
ATIVIDADE:
Por essa definição, responda: um documento autenticado pelo Cartório de Notas é documento públicopara fins penais? 
RESPOSTA: NÃO
Isto porque a autenticação em cartório apenas reconhece a compatibilidade das informações com o original, mas não lhe dá a qualidade de documento público. 
Ainda dentro deste conceito de documento público, o art. 297, §2º, estabelece que é equiparado a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. Portanto, um cheque ou uma nota promissória (são títulos de crédito endossáveis), por exemplo, apesar de serem documentos particulares, são equiparados a documento público para efeito do art. 297. 
ATENÇÃO!!
Observe que o art. 297 estabelece duas condutas falsificar e alterar. Essa alteração e falsificação se refere apenas ao formato do documento, à sua parte extrínseca, e não ao seu conteúdo.
Se for com relação ao conteúdo, o crime será de falsidade ideológica, como visto antes, nos termos do art. 299. Contudo, há um detalhe interessante. Conforme falado acima, o documento público é, por definição, emitido por um funcionário público ou alguém nesta condição investido. E se o documento público for falsificado por um particular? Nesse caso, ainda que a falsificação seja com relação ao conteúdo, será crime de falsidade material (art. 297), uma vez que o particular não pode fazer documento público. Portanto, trata-se de uma falsificação de conteúdo que diz, na verdade, respeito ao próprio formato do documento. Cuidado para não confundir!
Nos §3º e §4º, podemos identificar um equívoco do legislador, pois inseriu uma série de condutas que, tecnicamente, seriam falsidade ideológica. Estas falsidades foram inseridas com o intuito de reprimir as constantes fraudes ao INSS.
É o caso, por exemplo, de alguém inserir um vínculo trabalhista falso na carteira de trabalho de outrem a fim de que consiga provar a sua qualidade de segurado da previdência social ou mesmo declarar um salário distinto daquele efetivamente pago.
Como se nota, trata-se de típica alteração do conteúdo/informação em documento, caracterizando falsidade ideológica e não material. Apesar dessa falta de técnica, isto em nada interfere na aplicação do tipo ao caso concreto.
Falsificação de documento particular
No art. 298, a redação é bem parecida, mudando apenas o tipo de documento. Por documento particular, podemos definir por exclusão, sendo todo aquele que não for produzido por funcionário público, de acordo com os requisitos legais.
É o contrato de compra e venda de um imóvel ou um contrato social de uma sociedade empresarial, por exemplo. O parágrafo único, inserido em 2012, se refere ao cartão de crédito ou débito e visa coibir penalmente a clonagem de cartões. 
Falsidade Ideológica
A primeira observação é que, conforme vimos, o documento público deve ser feito por funcionário público. Do contrário, não será documento público.
Desse modo, somente funcionário público pode figurar como sujeito ativo desse crime, já que é o único que tem atribuição legal para emiti-lo. Mas, e se um particular emitir o documento ou mesmo colocar nele uma informação? (inserir informações em um “espelho” de CRLV de um veículo). Como não tem atribuição para fazer, a conduta se enquadrará na falsidade material (art 297).
Então, esta é a primeira observação sobre o art. 299: somente o funcionário público pode ser sujeito ativo quando a falsidade ideológica ocorrer em documento público.
Se o documento for particular? Neste caso, qualquer pessoa pode ser o agente, não havendo restrição.
É relevante dizer que as condutas da falsidade ideológica devem ter uma finalidade específica. Ou seja, o agente, ao “omitir” ou “inserir”, deve fazê-lo com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Se a falsidade tiver outro propósito, a conduta será atípica.
IMPORTANTE!!!
Quando ocorrer a falsificação de documento público ou particular para fins eleitorais, o agente responderá pelos crimes dos arts. 348 e 349 do Código Eleitoral.
Se o objetivo for para fins de sonegação de tributos, responderá pelo art 1º da Lei 8.137/90.
No caso de informação inserida em documento comprobatório de investimento em títulos ou valores mobiliários, ou em demonstrativos contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição de títulos de valores mobiliários, a conduta será a do art. 9º ou 10 da Lei 7.492/86 (Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional).
A redação de tais artigos é bem semelhante, exceto pela destinação e objetivo da falsificação: fins eleitorais, sonegação de tributos ou documentos relativos ao mercado de capitais. Portanto, cuidado com esse detalhe!
Uso de documento falso
O uso de documento falso, previsto no art. 304 do CP  somente é aplicado quando o documento falso for um daqueles do art. 297 a 302 do CP. Devemos observar que o tipo penal utiliza o verbo fazer uso, indicando que o porte, por exemplo, não se enquadra nesta figura.
E o que significa fazer uso? É apresentar/usar o documento falso perante alguém ou autoridade.
Vejamos alguns exemplos:
	Apresentar identidade falsa ao policial;
	Apresentar documento (qualquer um) falso ao posto do INSS para requerer algum benefício previdenciário.
CASOS PARA PRESTAR ATENÇÃO!
1 - No caso do policial requisitar a apresentação do documento de identidade, haverá crime? Aqui, pode surgir uma dúvida porque o tipo diz fazer uso e, quando alguém é requisitado, ele não tem outra alternativa a não ser apresentar a identidade ao policial. Não haveria espontaneidade na situação e, consequentemente, não teria feito uso, mas forçado a fazer uso. Majoritariamente, e essa também é a posição da jurisprudência, entende-se que a situação deste exemplo configuraria o crime, de maneira que a espontaneidade não é requisito para a sua consumação. 
2 - Em geral, o uso de documento falso não ocorre apenas uma vez. O agente apresenta o documento em diversas ocasiões, cometendo, portanto, o crime várias vezes. Neste caso, ele responderá por cada uso? Em regra, sim, seja em concurso material, seja em crime continuado. No concurso material, apenas para relembrar, as penas serão somadas e, no crime continuado, será aplicada uma única pena somada de 1/6 a 2/3. 
3 - Pode ocorrer também do agente apresentar vários documentos na mesma situação. Por exemplo, o sujeito vai pleitear um benefício previdenciário e apresenta identidade e uma anotação de vínculo empregatício na CTPS falsas. Neste caso, cometerá duas vezes o art 304? Não. Neste caso, por estar no mesmo contexto e pelo fato do próprio tipo usar a expressão fazer uso de qualquer dos papéis (no plural, portanto), haverá apenas um crime. 
4 - No caso de alguém falsificar e usar o documento particular, ele responderá pelo art 298 e 304? Não. O agente responderá apenas um dos crimes: art 298. Isto porque o bem jurídico tutelado é a Fé Pública, a qual já foi violada pela falsificação, sendo o uso do documento um fato posterior imponível. Contudo, essa interpretação somente acontecerá se o agente for o mesmo. Se alguém falsifica para outro usar, haverá a incidência de ambos os dispositivos: art. 297 para quem falsificou e art. 304 para quem usou. 
5 - Quem é competente para julgar os crimes de uso de documento falso: Justiça Federal ou Justiça Estadual? Conforme últimas decisões do STJ, a competência não deve ser definida pelo tipo de documento falsificado, mas pela pessoa que recebe o documento. Assim, se o documento de identidade falso for apresentado à Polícia Rodoviária Federal, a competência será da Justiça Federal. Se for apresentado à Polícia Militar, será da Justiça Estadual! Portanto, o fato do documento ser federal ou estadual não implicará na definição da competência para julgamento do crime, mas sim a autoridade para a qual o documento é apresentado. 
 ATENÇÃO!
Súmula 546/STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público,não importando a qualificação do órgão expedidor. 
ATIVIDADE:
1ª Jorge é comerciante e recebeu em seu estabelecimento, sem ter conhecimento, uma cédula falsa de R$ 100,00. Ao tomar conhecimento de que a nota era falsa, Jorge decidiu passá-la adiante para não ter prejuízos em seu comércio.
Neste caso, ele poderá ser penalizado, de alguma maneira, por seu ato? Justifique.
RESPOSTA: Sim, será enquadrado no art. 289, §2º, pois colocou em circulação moeda falsa tendo conhecimento de que a mesma não era autêntica. 
2ª Questão 1 (2016 – FUNCAB – Del Pol PC-PA): Etevaldo, depois de ingressar na posse de uma carteira de habilitação pertencente a outrem, aproveitando-se de sua semelhança fisionômica para com o titular do documento, adultera o nome ali constante, substituindo-o pelo seu. Considerando que a adulteração não era perceptível ictu oculi e que o autor pretendia utilizar o documento para conduzir irregularmente veículo automotor, é correto afirmar que Etevaldo cometeu crime de: 
RESPOSTA: Falsificação de documento publico. 
3ª A conduta de “falsificar cartão de crédito ou débito”: 
RESPOSTA: É considerada falsidade de documento particular. 
4ªQual a diferença entre falsidade ideológica e falsidade material? 
RESPOSTA: A falsidade pode ocorrer com relação ao conteúdo do documento (informação que nele consta) ou com relação a sua forma e características. Quando o conteúdo/informação for falsificada, estamos diante de uma falsidade ideológica. Quando se tratar de falsificação da forma/características, estamos diante de uma falsidade material. 
AULA 05
DIREITO PENAL APLICADO II
CRIMES PATRIMONIAIS 1ª PARTE (Código Penal)
Introdução:
Um carro, uma joia e um objeto pessoal...
O patrimônio das pessoas representa o resultado de seu esforço em conquistar os objetivos na vida. Em uma sociedade capitalista, o patrimônio assume um papel muito importante, sendo, muitas vezes, símbolo de status. Enfim, trata-se de algo que merece profunda atenção do Direito!
Por esse motivo, o Código Penal dedica parte de seus dispositivos a diversas modalidades de dano ao patrimônio. Talvez esse seja um aspecto comum aos muitos códigos penais espalhados pelo mundo e já criados na história. Dada a importância do patrimônio, a sua proteção é quase obrigatória para que se possa conviver harmoniosamente em uma sociedade.
Nesta aula, iniciaremos o estudo desses crimes, abordando os mais comuns e importantes.
Dos Crimes Patrimoniais (Código Penal) O primeiro crime contra o patrimônio sobre o qual vamos falar é o furto que, segundo o código penal, consiste em: 
Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisas alheias móveis:
Pena- reclusão, de um(1) a quarto(4) anos, e multa.
§ 1º – A pena aumenta-se de terço, se o crime é praticado durante repouso noturno.
§ 2º – Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º – Equipara-se á coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
O furto pode ser:
Qualificado: § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
Simples: Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação. 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. 
No crime de furto, devemos observar que o objeto subtraído deve ser alheio e móvel. Bom, alheio significa ser de outra pessoa. Daí pode-se concluir que o proprietário não pode cometer furto de suas coisas. 
Mas, e se o objeto está emprestado, alugado, empenhado, por exemplo, de maneira
que outra pessoa possui, de maneira lícita, o objeto e o proprietário subtrai a coisa? 
Nesse caso, o autor não responderá por furto, mas pelo art. 346 do CP: “tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção”. 
No furto, a pessoa deve subtrair com a intenção de se tornar dono do objeto. Daí não ser furto a situação em que alguém subtrai para uso temporário, com a intenção de devolver logo em seguida (pegar o carro de alguém para ir até a minha casa e apanhar meu laptop que havia esquecido). 
Portanto, inexiste a figura do furto para uso! 
Da mesma maneira, essa subtração não pode ter a concordância do dono da coisa. Havendo a manifestação de que uma pessoa pode ficar com algum objeto meu, ainda que ela pegue sem que eu esteja presente, inexiste furto. 
Outro aspecto curioso é que a coisa subtraída deve ser móvel. Segundo o Código Civil, coisa móvel é aquela suscetível de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico social. Temos como exemplo:
* Carros
* Laptop
* Mesa
Dessa maneira, bens imóveis não podem ser objeto do crime de furto, tais como casas, apartamentos etc. 
ATIVIDADE:
Agora imagine que uma pessoa invade um apartamento e permanece lá. Essa pessoa estará furtando? 
RESPOSTA: Não! Apesar do fato de que a pessoa estará violando um direito do proprietário, a mesma NÃO cometerá o crime de furto.
Nesse caso, poderá responder por violação de domicílio ou esbulho (art. 161, §1º, II – “invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.”), mas não por furto ou roubo.
Veja, a seguir, outros casos que podem se configurar como furto ou não. 
Gato de Energia: É furto!
No parágrafo 3º do art. 155, o Código Penal equipara energia elétrica a coisa. Ou seja, a subtração de energia elétrica (gato) é furto. Outros tipos de energia, se tiverem conteúdo econômico, também serão equiparados a coisa. É o caso, por exemplo, da energia eólica. Da mesma maneira, é o sinal de TV a cabo. O chamado "gatonet" é considerado furto, tendo o sinal subtraído sido equiparado a coisa por força do §3º.
Subtração de uma pessoa: Não é furto!
Coisa não se confunde com pessoa. Coisa, também segundo o Código Civil, é tudo aquilo que existe objetivamente com exclusão do homem. Como se nota, coisa e pessoa são distintos e, consequentemente, somente as coisas podem ser objeto do crime de furto.
A "subtração" de uma pessoa se encaixa em outras figuras, como o sequestro ou subtração de incapazes, por exemplo. 
As coisas de ninguém, abandonadas e perdidas, podem ser objeto de furto?
Coisa de ninguém
(res nullius) : É a coisa que não tem dono, tal como o peixe do mar ou a pedra de um bosque. Por não pertencerem a alguém, inexiste crime de furto aqui. Agora, preste atenção, pois os recursos minerais, inclusive os do subsolo, pertencem à União e as águas superficiais e subterrâneas aos Estados, conforme art. 20, XV e art. 26, I, da CRFB/88, respectivamente. Por pertencerem a tais entes, não se tratam de coisa de ninguém (ex: petróleo, diamante, ouro...). No caso, também não se trata de furto do art. 155, mas de um tipo específico para tal situação: 2º da Lei nº 8.176 /91 e 55 da Lei nº 9.605 /98. 
Coisa abandonada
(res derelicta): É a coisa que tinha dono, mas foi abandonada por este. Neste caso, por não ser "alheia", a sua subtração não configura furto, sendo atípica. É o caso de um carro abandonado em uma rua.

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