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Livro IME Instituto Militar Engenharia Uma Ponte Para O Futuro

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n
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Instituto Militar
de Engenharia
Uma ponte para o futuro
Fundada pelo Decreto no 8.336, de 17 de dezembro de 1881,
por FRANKLIN AMÉRICO DE MENEZES DÓRIA, Barão de Loreto,
Ministro da Guerra, e reorganizada pelo
General de divisão VALENTIM BENÍCIO DA SILVA,
pelo Decreto no 1.748, de 26 de junho de 1937.
Comandante do Exército
General de exército Enzo Martins Peri
Departamento de Educação e Cultura do Exército
General de exército Ueliton José Montezano Vaz
Diretor do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército
General de brigada Marcio Roland Heise
Diretor da Biblioteca do Exército
Coronel Eduardo Scalzilli Pantoja
Conselho Editorial
Presidente
General de brigada Aricildes de Moraes Motta
Beneméritos
Coronel Nilson Vieira Ferreira de Mello
Professor Arno Wehling
Membros Efetivos
General de exército Gleuber Vieira
General de exército Pedro Luís de Araújo Braga
Embaixador Marcos Henrique Camillo Côrtes
General de divisão Ulisses Lisboa Perazzo Lannes
General de brigada Geraldo Luiz Nery da Silva
General de brigada Sergio Roberto Dentino Morgado
Coronel de artilharia Luiz Sérgio Melucci Salgueiro
Professor Guilherme de Andrea Frota
Professor Paulo André Leira Parente
Professor Wallace de Oliveira Guirelli
Biblioteca do Exército
Palácio Duque de Caxias, 25 – Ala Marcílio Dias – 3o andar
20221-260 – Rio de Janeiro, RJ – Brasil
Tel.: (55 21) 2519-5716 – Fax (55 21) 2519-5569
DDG: 0800 238 365
Homepage: http://www.bibliex.ensino.eb.br
José Carlos Albano do Amarante
1a edição
Rio de Janeiro
2013
BIBLIOTECA DO EXÉRCITO
Instituto Militar
de Engenharia
Uma ponte para o futuro
BIBLIOTECA DO EXÉRCITO
Coleção General Benício
Publicação 898
Copyright © by Biblioteca do Exército
Coordenação editorial: Paulino Machado Bandeira
Rogério Luiz Nery da Silva
Fotos: José Carlos Albano do Amarante
Revisão: Suzana de França e Ellis Pinheiro
Capa e diagramação: Byte Systems - Soluções Digitais
Impresso no Brasil Printed in Brazil
I59 Instituto Militar de Engenharia: uma ponte para o
 Futuro / José Carlos Albano do Amarante (Org.). –
 Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2013.
 252 p.: il.; 23 cm. – (Biblioteca do Exército; 898.
 Coleção General Benício; v. 500)
 ISBN 978-85-7011-533-1
 Vários autores.
 1. Instituto Militar de Engenharia (Brasil) – História.
 2. Engenharia militar – Educação. 3. Colégio Militar do
 Imperador (1840). I. Título. II. Série.
 CDD 355.00711
Volume 500
José Carlos Albano do Amarante
Apresentação
Professor Rex Nazaré Alves
Prefácio
General Rodrigo Balloussier Ratton
Coautoria de Capítulos Esparsos
General Paulo Cesar de Castro
Almirante Marcílio Boavista da Cunha
General Emilio Carlos Acocella
Coronel Luiz Castelliano de Lucena
Coronel Cícero Vianna de Abreu
Professor Eurico de Lima Figueiredo
Professor Manuel Domingos Neto
Autoria de Capítulo
Tenente-coronel Roberto Ades
Tenente-coronel Paulo César Pellanda
Professor Itamar Borges Jr
Instituto Militar
de Engenharia
Uma ponte para o futuro
Apresentação
ouvável é a proeza de colocar em um livro a história de nosso 
Instituto Militar de Engenharia. Sem dúvida, a obra incorpora 
mais de 200 anos de atividades nas áreas de ensino e pesquisa, incluindo 
o desenvolvimento nacional cujo berço é essa respeitável casa. Tenho o 
privilégio de conhecê-la por mais de meio século, como iniciativa de três 
engenheiros militares professores: o general Atila Magno da Silva, o general 
Carlos Campos de Oliveira e o coronel Wervroer. Naquela ocasião, o Instituto 
iniciava os estudos sobre energia nuclear. Percorrendo os seus corredores 
e estudando muito, atingi a posição de diretor executivo da Comissão 
Nacional de Energia Nuclear. Foi quando tive a honra de convidar o coronel 
Rui Fortes, cujos conhecimentos em engenharia química tornavam-se 
indispensáveis para enfrentar o recente desafio lançado à comissão: 
descobrir o caminho para o domínio do ciclo de combustível nuclear. A 
missão do Rui era de construir uma base de projetos de engenharia química 
na Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). 
De imediato, era fundamental a busca de nomes adicionais para 
compor a equipe. Entre os nomes propostos estava o do então major 
José Carlos Albano do Amarante, ao qual atribuí a missão de desenvolver 
tecnologia experimental para produção de dióxido de urânio, ou seja, uma 
planta piloto para obtenção de UO2. Foi uma feliz indicação que acolhi por 
conhecer o passado da engenharia química do IME, cujo berço estava 
na fábrica de Bonsucesso. Era a primeira metade da década de 1980. O 
cromossoma do Amarante tinha o mesmo DNA de seu irmão José Alberto 
com quem tive a satisfação e o orgulho de, em conjunto, trabalhar. 
A partir daquela época, os meus contatos com o Amarante tornaram-
se mais frequentes, incluindo naquela fase o período do IPT, e mais tarde 
no seu retorno ao IME. Naquele momento, já aposentado na Cnen eu 
L
viii Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
havia prestado concurso e sido admitido como professor no IME. Tudo 
isso gerou em mim enorme satisfação em poder contribuir com o então 
general Amarante, reitor da nossa casa. Havia grande lacuna criada pela 
ausência da história de tão importante marco da engenharia no Brasil. 
Sem dúvida, ele é a pessoa indicada para fazer a busca detalhada da 
história do IME. Ele está saldando, dessa maneira, uma dívida criada pela 
ausência de história tão importante quanto emocionante.
A sequência de capítulos traz à baila as raízes, a funcionalidade e 
a contribuição para o desenvolvimento brasileiro. Remonta ao Colégio 
Militar do Imperador. Busca a inclusão da visão humanística no processo 
de modernização do IME. Descreve de forma agradável e objetiva o longo 
e fértil caminho percorrido pelo IME. 
A leitura atenta do livro me remeteu a algumas passagens plenas de 
realizações, advindas de tão intenso convívio. Identifiquei personagens 
que participaram da minha convivência. Cheguei mesmo a preencher 
a memória relembrando nomes e fatos citados no texto. Veio-me à 
lembrança o inspirador acampamento tecnológico, no qual se misturava 
a necessidade das operações militares com a criatividade dos excelentes 
alunos, dando origem a protótipos de meios e procedimentos meramente 
militares. Não pude também esquecer a magnífica contribuição do IME 
ao desenvolvimento da água pesada, tão bem conduzido nessa casa e 
interrompido na década de 1970. Sem dúvida, são pequenas lembranças, 
mas tenho a certeza de que jamais foram esquecidas por Amarante. 
No capítulo denominado “O IME no século XXI”, participamos 
de novo cenário mundial, em que as tecnologias têm aplicações 
diversificadas, e os países centrais procuram, por meio de restrições, 
impedir o acesso dos países periféricos a tecnologias críticas e duais. 
Devemos sim compartilhar a responsabilidade com a geração atual na 
busca de um futuro mais independente do nosso País com uma inclusão 
ampla na era do conhecimento.
O conflito cria novo contexto e muda o seu pretexto, porém os 
interesses finais permanecem os mesmos. Somente o conhecimento e o 
desenvolvimento prático de seu benefício podem garantir o Brasil que 
sonhamos.
Professor Rex Nazaré Alves
o final dos anos 1990, tive a grata oportunidade de trabalhar 
diretamente com o autor, durante seu período de comando no 
Instituto Militar de Engenharia. Lembro-me de que, certa vez, perguntei-
lhe sobre a razão de possuir, em sua mesa de trabalho, estatuetas de 
Dom Quixote e de Napoleão. Recebi a seguinte resposta: “São minha 
inspiração, pois gostaria de sonhar como o primeiro e realizar como o 
segundo.” Essa passagem ficou marcada em minha memória e representa 
bem a personalidade do nobre chefe e amigo, general Amarante, um 
estudioso inquieto e vocacionadopara as atividades profissionais, às 
quais se dedicou integralmente ao longo de sua vida, especialmente a 
Ciência e Tecnologia e o ensino de Engenharia com ênfase para a área de 
emprego militar.
Com prazer, vivenciei, como executor, algumas passagens 
mencionadas nesta publicação; acompanhei outras com admiração 
e respeito, não só por sua criatividade, mas sobretudo pela ousadia 
com que o autor as implementou e divulgou em artigos e palestras. 
Foi um período marcante em minha vida, pois muito me inspirou no 
prosseguimento da carreira. Por isso, é com muita honra que expresso 
breves palavras para abrir este documento. Nele estão registrados dados 
e significativos fatos para a história e desenvolvimento da Engenharia 
Militar Brasileira.
Na Introdução, general Amarante observa que a obra é uma 
consolidação de artigos em sua maioria elaborados por ele próprio e 
com diversas parcerias. Deve o leitor ter o cuidado de se colocar no 
momento histórico em que os textos foram escritos. Assim, entenderá 
melhor o assunto, bem como verificará a inovação e ineditismo que por 
ventura possam ter ocorrido.
Prefácio
N
x Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
O autor navega no tempo ao buscar as origens históricas da 
Engenharia Militar, o que se pode chamar de “Pré-história”, ainda no 
Brasil Colônia, antes mesmo da criação da Real Academia de Artilharia, 
Fortificação e Desenho, marco inicial do ensino de Engenharia no nosso 
País.
Os relatos dos diversos artigos não se restringem à narrativa 
histórica; o autor aprofunda suas colocações ao observar condicionantes 
e importantes contextos, além de alterações e mudanças vivenciadas, 
como as implementadas no Projeto Visão Humanística, em sua maioria 
relevantes e atuais.
Como não poderia ser diferente, a explanação contida nos artigos 
gira em torno do Instituto Militar de Engenharia (IME), herdeiro 
histórico da primeira escola de Engenharia das Américas, considerado 
o “Berço da Engenharia Nacional”. É abordado o pioneirismo do IME na 
implantação de cursos, na inovação de atividades efetuadas pelo autor 
em seu comando e na contribuição de seus ex-alunos ao desenvolvimento 
nacional e atendimento a demandas da sociedade brasileira. São 
resgatados fatos e dados essenciais a serem perpetuados por todos que 
tiveram a honra de passar pela “Casa do Engenheiro Militar”, tanto em 
cursos de graduação quanto de pós-graduação, mormente os atuais e 
futuros engenheiros militares. Em complemento, é apresentada sucinta 
passagem pelo ensino dos Colégios Militares.
Uma forte instituição possui sólida base histórica. Assim, a 
Engenharia Militar não é diferente, por isso precisa ter a história 
registrada e acessível àqueles cuja missão é manter e dar continuidade 
a essa rica e especial trajetória. Esta publicação contribui de forma 
significativa para divulgar e disseminar esses primordiais aspectos, pois 
consolida as informações em um único documento e serve de notável 
fonte de dados para o destino do IME e da Engenharia Militar.
Com narrativa bastante objetiva, o autor facilita o entendimento 
dos fatos e princípios evidenciados e possibilita ao leitor a ciência dos 
conteúdos de forma agradável e direta. Na parte final, Amarante estimula 
a prospecção do futuro do ensino da Engenharia Militar e sua aplicação. 
Considera cenários e condicionantes existentes, que merecem do leitor 
aprofundamento das ideias, em função da dinâmica a que está sujeito 
o mundo moderno, não só pela presença das novas tecnologias, mas 
xiPrefácio
também por implicações doutrinárias e logísticas impostas por esses 
mesmos conhecimentos tecnológicos.
Por fim, a consolidação dos assuntos abordados nesta publicação 
preenche uma lacuna existente nos registros e informações a respeito 
da Engenharia Militar. A leitura se reveste de singular importância para 
aqueles que possuem interesses e responsabilidades por esse ramo de 
atividade e, notadamente, para aqueles cuja missão é dar continuidade ao 
considerável segmento da estrutura das Forças Armadas, em particular 
do Exército: a Engenharia Militar.
 
Nosso sincero agradecimento ao autor pela iniciativa e 
perseverança.
General Rodrigo Balloussier Ratton
Comandante do Instituto Militar de Engenharia
Apresentação ......................................................................................
Prefácio ..................................................................................................
Introdução ............................................................................................
Capítulo 1 – Histórico do IME: suas raízes e sua estrutura ...
Origens da Engenharia ............................................................................
O surgimento da Engenharia Militar e da Cartografia ...............
O ensino de Engenharia Militar em Portugal .................................
O ensino de Engenharia Militar no Brasil Colônia .......................
Primórdios ..............................................................................................
A Aula do Rio de Janeiro ....................................................................
A Aula da Bahia .....................................................................................
As Aulas de Pernambuco e Maranhão .........................................
A Casa do Trem (1762) ......................................................................
A Academia Real de Artilharia, Fortificação e Desenho 
(1792) ...................................................................................................
As publicações e o ensino .................................................................
Ensino superior militar de Engenharia e formação ....................
Evolução do ensino superior militar ...........................................
Evolução do ensino superior em Engenharia ..........................
Educação de nível secundário/primário .........................................
Educação de nível técnico ......................................................................
Capítulo 2 – A Engenharia Militar e o desenvolvimento 
nacional ..............................................................................................
Atividades e obras de defesa do território brasileiro .................
Sumário
vii
ix
1
7
7
7
12
14
14
16
16
17
17
19
20
22
22
27
34
35
37
37
xiv Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
Demarcação de fronteiras, levantamentos geográficos e 
topográficos ..............................................................................................
Atividades administrativas e obras civis .........................................
Atividades industriais e logísticas ......................................................
Considerações parciais ............................................................................
Ciência e tecnologia ..................................................................................
1ª Fase – Ciclo dos Arsenais ............................................................
2ª Fase – Ciclo das Fábricas .............................................................
3ª Fase – Ciclo da Pesquisa e Desenvolvimento .....................
Contribuições da Engenharia Militar ................................................
Construção civil e urbanismo .........................................................
Primeiras estradas de rodagem .....................................................
Abastecimento de água para o Rio de Janeiro .........................
Cartografia ..............................................................................................
Astronomia .............................................................................................
Telégrafo ..................................................................................................
Iluminação elétrica .............................................................................
Engenharia aeronáutica....................................................................
Outras contribuições ..........................................................................
O Exército, o IME e o futuro ...................................................................
Conclusão ......................................................................................................
Capítulo 3 – O ensino da Engenharia Militar no Brasil ..........
Abertura .........................................................................................................
Primórdios ....................................................................................................
A Casa do Trem e o Arsenal de Marinha ..........................................
Real Academia .............................................................................................
Ensino militar no século XIX .................................................................
Evolução no Exército a partir da Casa do Trem ............................
Evolução na Marinha ................................................................................
Evolução na Força Aérea .........................................................................
Conclusão ......................................................................................................
Bibliografia ...................................................................................................
Capítulo 4 – Do Colégio Militar do Imperador ao Sistema 
Colégio Militar do Brasil ou de 1840 a 1998 ...........................
43
50
54
56
56
57
59
63
67
68
69
69
70
70
71
71
71
71
73
74
77
77
78
78
79
83
84
87
90
92
93
95
xvSumário
Capítulo 5 – A modernização do ensino no IME .......................
Evolução global ...........................................................................................
Evolução no ambiente militar ..............................................................
O ambiente atual ........................................................................................
A Revolução Tecnológica ..................................................................
O papel da educação ...........................................................................
Aspectos psicossociais .......................................................................
Aspectos econômicos .........................................................................
Aspectos políticos ................................................................................
Aspectos militares ...............................................................................
A globalização ..............................................................................................
O papel do IME nesse cenário ..............................................................
Pioneiro no ensino das engenharias ............................................
Pioneiro na pesquisa das engenharias .......................................
A excelência no ensino e pesquisa ................................................
A construção do presente .......................................................................
Os luminares da Engenharia Militar ............................................
Participação em grandes projetos nacionais ou em 
atividades de relevo nacional ......................................................
Ações atuais da Engenharia Militar ..............................................
Caracterização do engenheiro militar (da ativa ou reserva) 
formado pelo IME ...................................................................................
Estratégias para a concretização da modernização ....................
Conclusão ......................................................................................................
Capítulo 6 – Um projeto de visão humanística em escola de 
engenharia .........................................................................................
Introdução ....................................................................................................
O ambiente facilitador: o IME ...............................................................
Premissas e condições de implantação ............................................
Atividades em andamento e primeiros resultados ......................
Conclusão ......................................................................................................
Agradecimentos ..........................................................................................
Capítulo 7– Metas do plano de modernização do IME para o 
ano letivo de 2000 ............................................................................
Fundamentação ..........................................................................................
101
101
102
103
103
103
105
105
105
106
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107
108
108
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118
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119
121
121
122
124
126
128
129
131
132
xvi Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
Metas estabelecidas para o ano 2000 ...............................................
Projeto Pedagógico .............................................................................
Modernização das instalações .......................................................
Reestruturação organizacional ......................................................
Recursos humanos ..............................................................................
Plano geral de ensino e pesquisa ..................................................
Plano geral de pesquisas ..................................................................
Programa de gestão pela excelência ............................................
Plano Diretor de Informática (PDI) ..............................................
Mensagem aos alunos do IME ..............................................................
Conclusão ......................................................................................................
Capítulo 8 – O IME no alvorecer do século XXI ..........................
Introdução ....................................................................................................
O cenário inicial ..........................................................................................
Influência do conhecimento na defesa .............................................
Influência do conhecimento na economia ......................................
O conhecimento científico-tecnológico ............................................
A universidade e o poder do conhecimento ...................................
O programa institucional de apoio à defesa e ao 
desenvolvimento sustentável da Amazônia ................................
Mensagem do comandante ....................................................................
Capítulo 9 – Engenharia de Defesa: o mais novo programa 
de pós-graduação do Instituto Militar de Engenharia ........
Comentário do autor do livro ...............................................................
Introdução ....................................................................................................
Pós-Graduação em Defesa Nacional ..................................................
O processo de criação do PGED ...........................................................
As características do PGED ....................................................................
Considerações finais .................................................................................
Agradecimentos ..........................................................................................
Capítulo 10 – A Engenharia de Defesa: Curso de 
Especialização ..................................................................................
Contextualização ........................................................................................
133
133
133
134
134
134
136
137
137
137
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141
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141
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157
157
158
161
165
169
173
174
175
175
xviiSumárioCurso de especialização em Engenharia de Defesa .....................
Ementa sintética do curso de especialização em Engenharia 
de Defesa ....................................................................................................
Capítulo 11 – Formação de engenheiros na época do 
conhecimento ...................................................................................
Capítulo 12 – O IME no século XXI .................................................
Introdução ....................................................................................................
Tecnologias militares para o combate contemporâneo e 
futuro .................................................................................................
Robótica ...................................................................................................
Automação ..............................................................................................
Guerras contemporâneas e do futuro .........................................
Guerra eletromagnética ....................................................................
Guerra sistêmica ..................................................................................
Guerra cibernética ...............................................................................
A futura ambiência científico-tecnológica e a inovação dual ...
Teratecnologia .............................................................................................
A tecnologia da computação ...........................................................
Os super-rápidos ..................................................................................
Nanotecnologia .....................................................................................
Complexidade ..............................................................................................
Aplicação aos fenômenos complexos naturais ........................
Aplicação aos fenômenos complexos militares ......................
Cognição ..................................................................................................
Holismo ....................................................................................................
A ciência do amanhã ...........................................................................
Neurociência ................................................................................................
O que é o cérebro? ...............................................................................
Funcionamento do cérebro ..............................................................
A inteligência e a personalidade humanas ...............................
Inteligência artificial e redes neurais ..........................................
A preparação de recursos humanos, desenvolvimento de 
pesquisas aplicadas e elaboração de projetos ...........................
Os recursos humanos na era do conhecimento ......................
176
178
181
187
187
188
188
189
190
190
190
192
194
195
195
195
196
197
197
198
199
199
200
202
202
203
204
205
206
206
xviii Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
Guerreiros técnicos são necessários? .........................................
Instituto Militar de Engenharia: o desafio de adaptação para 
exercer o poder do conhecimento ...................................................
Conclusão ......................................................................................................
Considerações finais ..........................................................................
Notas .......................................................................................................
Referências ...........................................................................................
208
211
214
215
217
229
ste livro reporta, em grande parte, a trajetória da escola de 
Engenharia Militar Brasileira desde o Brasil Colônia até 
o Brasil Futuro. Narra a epopeia das sequentes gerações de militares 
engenheiros desde Portugal, que resultou em uma escola exemplar 
estruturada por duas colunas basais: excelência e pioneirismo.
O livro é relacionado com o ensino e a pesquisa e situa o ponto focal 
no IME do passado, do presente e do futuro, escola considerada uma das 
melhores do Brasil. A nossa visão da escola de Engenharia pioneira e 
referencial de qualidade no País é composta ao longo de 12 capítulos. 
Destacamos na narrativa os períodos relacionados com a prestação 
de nossos serviços ao Instituto Militar de Engenharia (IME): como 
aluno, como professor de graduação, como professor de pós-graduação 
e também como comandante e reitor. Acrescentamos nossa atividade de 
coordenador das pesquisas do IME quando trabalhamos na Secretaria 
de Ciência e Tecnologia do Exército.
 Os assuntos que compõem o livro foram publicados como artigos 
ao longo dos últimos 20 anos e espelham o nosso modo de pensar sobre 
a ciência, a tecnologia e a inovação aplicadas ao ensino, à pesquisa, ao 
desenvolvimento, à produção e à logística. São 12 textos autocontidos, 
como se fossem integrantes de uma coletânea de 12 livretos. 
O primeiro capítulo1 faz a descrição do nascimento formal da 
Engenharia Militar no mundo, com base no confronto fortificação-
artilharia, e sua repercussão no Brasil Colônia. Esse capítulo salienta 
o papel da educação no País, particularmente no Rio de Janeiro, e 
enfatiza que “a educação técnica no Brasil deu os primeiros passos há 
cerca de 300 anos”. Buscando as origens, encontraremos a primeira 
intenção comprovada de se fazer uma escola de Engenharia, no intuito 
Introdução
E
2 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
de promover a defesa da Colônia de ataques de outras nações, no texto 
da Carta Régia do Rei de Portugal, de 15 de janeiro de 1699. Nessa carta, 
o rei manifestava o desejo de criar, no Brasil, um curso de graduação 
para soldados técnicos na arte de construção de fortificação. Assim, 
esse capítulo estabelece a evolução da escola de Engenharia Militar 
brasileira mediante transformações desde a Real Academia (1792) 
até chegar ao Instituto Militar de Engenharia, na sua forma atual. 
Assinala o início da pesquisa sobre o histórico do IME e constantes do 
opúsculo Um Breve Histórico do IME, de Luiz C. de Lucena, e de capítulo 
do livro comemorativo do cinquentenário da Escola Superior de 
Guerra, organizado por Eduardo M. Krieger, general C.P.Freitas Pereira 
e Fernando Peregrino, “Agenda Pública – As Forças Armadas e o Rio 
de Janeiro”. O trabalho varre a Colônia, o Império e a República. Fato 
marcante ocorreu em 1792, no Rio de Janeiro: a inauguração da Real 
Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho. O capítulo mostra como 
a Real Academia é considerada: a Raiz Histórica do Instituto Militar 
de Engenharia, com seu propósito de graduar engenheiros militares e 
formar oficiais das armas. Ela foi a terceira escola de Engenharia Militar 
no mundo e também a primeira das Américas. 
O segundo capítulo salienta a atribuição do Engenheiro Militar 
para a educação e o desenvolvimento nacional, mesclando atividades 
técnicas e de gestão. Reproduzimos a seguir o comentário do professor 
Manuel Domingos Neto,2 na Introdução do livro que contém parte desse 
capítulo: 
[...] o mergulho do general e professor doutor José Carlos 
Albano do Amarante no papel social da engenharia militar 
luso-brasileira durante o período colonial, que constitui 
o primeiro capítulo deste livro, mostra a impossibilidade 
de distinguir a atuação do profissional militar da atuação 
não apenas do difusor e produtor do conhecimento 
técnico, mas do construtor civil, do planejador urbano e do 
próprio administrador público. Sem o engenheiro militar, 
as fronteiras geográficas, o levantamento topográfico, o 
planejamento e a construção de estradas, pontes e até 
mesmo de muitas igrejas que se tornaram importantes 
referências para a sociedade não teria sido possível.
3IntroduçãoNa segunda parte desse capítulo, apresentamos a criação da 
Casa do Trem e como evoluem as atividades científico-tecnológicas 
relacionadas com a indústria. A evolução do setor pode ser visualizada 
em três ciclos: 1ª Fase (1762 a 1889) – Ciclo dos Arsenais; 2ª Fase (1889 
a 1940) – Ciclo das Fábricas; e 3ª Fase (1940 a ...) – Ciclo da Pesquisa e 
Desenvolvimento.
 O terceiro capítulo descreve a evolução da Engenharia Militar no 
seio do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O sucesso da empreitada 
deveu-se à estratégia adotada. A opção foi centralizar o acesso ao 
conhecimento, fundamentado na formação de recursos humanos. O texto 
consta de uma palestra ocorrida na solenidade oficial da Associação 
Brasileira de Engenharia Militar (ABEM)3 do ano de 1999, no IME, berço 
do ensino da Engenharia Militar em cerca de três séculos.
O quarto capítulo visa divulgar a descoberta do embrião dos 
Colégios Militares e aguçar a curiosidade histórica daqueles que 
se proponham a esclarecer a criação, em 1840, do Colégio Militar 
do Imperador. Dele pouco se sabe, e raros militares do Exército o 
conhecem. O general Francisco de Paula e Azevedo Pondé a ele se refere 
em dois capítulos, “Aprendizado Industrial” e “A Indústria Militar antes 
da Implantação da IMBEL”. O capítulo relata alguns pontos sobre esse 
Colégio, recordando sua história.
O quinto capítulo constitui a reprodução do texto apresentado na 
nossa participação no Simpósio Comemorativo dos 300 Anos da Criação 
da Aula de Fortificação no Rio de Janeiro, promovido pelo Instituto de 
Geografia e História Militar do Brasil, Instituto Militar de Engenharia e 
Biblioteca do Exército, realizado no período de 9 a 11 de agosto de 1999. 
Essa parte, ao explorar o tema da modernização do IME, apresenta as 
estratégias para concretizar a modernização do ensino no Instituto, no 
contexto da acelerada evolução científica e tecnológica e de um mundo 
globalizado. Nesse sentido, o tópico analisa a evolução tecnológica global 
e, em particular, a evolução relacionada à atividade militar, aprecia o 
ambiente atual e como o IME se insere nesse cenário. Contemplando 
o ambiente atual, o capítulo trata da Revolução Tecnológica (1940-...), 
do papel da educação, de aspectos psicossociais, econômicos, políticos 
e militares, e do fenômeno da globalização. Ressaltando que um dos 
pontos principais da identidade do Instituto é o seu pioneirismo, o texto 
mostra que isso delineia sua grande responsabilidade com o futuro. As 
4 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
estratégias que definimos vêm sendo discutidas pelos componentes dos 
corpos docente e administrativo da instituição. É proposto um modelo 
vinculado com o presente, desligando o ensino de seu acoplamento 
com os métodos e processos empregados desde a Revolução Industrial 
(1750-1940), e visa, portanto, à adaptação da escola ao momento da 
informação, sintetizado pelo crescimento exponencial da capacidade de 
realização do homem.
O sexto capítulo explora a convicção de que a modernização do 
ensino no IME requer a modernização do comportamento do seu aluno. 
No ambiente moderno, ressalta-se a importância da visão humanística 
como atributo do engenheiro da Idade do Conhecimento. Estabelece as 
características e as condições de implantação de um projeto que visa 
propiciar aos alunos o acesso permanente a assuntos relacionados aos 
anseios da sociedade, tendo contato, em complemento, às disciplinas 
curriculares de Engenharia, às ciências ligadas ao comportamento 
humano. Tal projeto se propõe a desenvolver condições para o 
autoaprendizado e a perfeita interação do profissional com o meio 
social. Prevê o desenvolvimento de atributos, a somar-se à competência 
científica e tecnológica, que facilitem a liderança de equipes de trabalho, 
no campo ou em escritórios, a seleção e obtenção de recursos e a 
adequada gerência de projetos. Enriquece-o a disponibilização, ao jovem 
universitário, de atividades culturais, tais como programas flexíveis de 
leitura, encontros de reflexão, teatrais, musicais e de esporte e lazer. 
Ponto de grande importância é fazer com que o estudante de Engenharia 
frequente aulas de disciplinas, não incluídas na grade curricular, em 
escolas conveniadas, voltadas para o ensino de ciências humanas, 
biológicas e sociais. Pretende-se, assim, aprofundar relacionamentos de 
grupos que possuam perspectivas diferentes diante do mundo.
No sétimo capítulo, apresentamos estratégias para a concretização 
da modernização do ensino no IME, voltando a sua atuação no contexto da 
acelerada evolução científica e tecnológica e de um mundo globalizado. 
Analisamos a evolução global e, em particular, a de caráter militar, o 
ambiente atual da instituição nesse cenário. Contemplando o ambiente 
atual, tratamos da revolução tecnológica, do papel da educação, de 
aspectos psicossociais, econômicos, políticos e militares, e a do fenômeno 
da globalização. Ressaltamos também a enorme responsabilidade do 
Instituto com o futuro ao destacar sua característica de pioneirismo. 
5Introdução
O oitavo capítulo apresenta estratégias para a preparação de uma 
escola de Engenharia Militar, no caso o Instituto Militar de Engenharia, e 
reforça os desafios do próximo século, no contexto da acelerada evolução 
científica e tecnológica e de um mundo globalizado. O capítulo destaca 
a grande interação hoje existente entre Ciência e Tecnologia (C&T) 
e as demais expressões do poder nacional, comenta a influência do 
conhecimento na defesa e na economia e, depois de apreciar a evolução 
do conhecimento científico e tecnológico, analisa o poder em relação 
à universidade. Finaliza discorrendo sobre o desafio de adaptação, 
pressentido pelo IME, para exercer o poder do conhecimento e sua 
posição em relação ao Programa Institucional de Apoio à Defesa e ao 
Desenvolvimento Sustentável da Amazônia.
O nono capítulo apresenta o processo de criação e de 
desenvolvimento do Programa de Pós-graduação em Engenharia de 
Defesa (PGED) do Instituto Militar de Engenharia (IME). As bases 
conceituais do mais novo programa de pós-graduação do IME também 
são discutidas. O principal objetivo do PGED é formar recursos humanos 
por meio de pesquisas em ciências e em Engenharia de alto nível, com 
caráter multi e interdisciplinar e o foco em questões de defesa.
O décimo capítulo planeja um curso de especialização em 
Engenharia de Defesa, fruto de uma iniciativa do Instituto de Estudos 
Estratégicos da Universidade Federal Fluminense e da Associação 
Brasileira de Indústrias de Material de Defesa e Segurança (Abimde). O 
sucesso de três cursos realizados em dois anos – dois no Rio de Janeiro, 
em instalações do próprio IME, e um em São José dos Campos, em 
instalações da EMBRAER – confirmou claramente a elevada demanda 
comprimida em relação a profissionais de Engenharia de Defesa. A 
Abimde congrega cerca de 90 empresas de defesa, produzindo um 
Produto Interno Bruto de R$ 5 bilhões anuais, com mão de obra de 20 
mil operários. 
O décimo primeiro capítulo apresenta uma reportagem do jornal 
Folha Dirigida, que procura descrever uma trajetória de sucesso ao 
longo dos anos. Além do pioneirismo, demonstra ser a excelência outra 
característica da instituição, que mais uma vez obteve conceito “A” no 
provão.
O décimo segundo capítulo trata de uma visão de futuro do IME. 
Descreve que a evolução da tecnologia possibilitou ao homem dispor de 
6 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
meios cada vez mais sofisticados para exercer o poder, explorando a força 
física, o capital e, atualmente, o conhecimento. O engenheiro é o fazedor de 
ferramentas modernas. Nesse contexto, a universidade durante a idade 
do conhecimento e, em particular, a escola de Engenharia desempenham 
função estratégica na formação do profissional responsável direto pela 
produção tecnológica. A universidade deve estar preparada para formar 
profissionais adequados a trabalhar nesse novo ambiente e, também, 
deve realizara pesquisa multidisciplinar característica da modernidade. 
São discutidas estratégias para adaptação de uma escola de Engenharia 
militar para enfrentar os desafios do binômio conhecimento-defesa.
Origens da Engenharia
defesa, caracterizada pelo escudo, existiu a partir da criação 
da primeira arma, o porrete; sua construção, de fácil cópia, 
constituiu provavelmente a primeira tecnologia de ataque gerada de 
maneira absolutamente intuitiva, empírica. Desde a Idade da Pedra, o 
conhecimento e a defesa sempre evoluíram paralelamente. 
O primeiro engenheiro de que se tem notícia foi o egípcio Imhotep, 
construtor da famosa pirâmide em Saqqärah, próximo a Menfis, em 
2550 a.C. Os sucessores de Imhotep – egípcios, persas, gregos e romanos 
– levaram a engenharia a grandes realizações na base de métodos 
empíricos, ajudados pela aritmética, geometria e conhecimentos 
superficiais da ciência física. Por sua vez, a engenharia militar é a mais 
velha das capacitações técnicas, e os engenheiros militares foram os 
primeiros soldados “científicos”.
O surgimento da Engenharia Militar e da Cartografia
No final da Idade Média, a construção de fortificações era a 
atividade técnica militar mais importante, uma vez que nelas se baseava 
a segurança dos núcleos sociais das cidades, vilas e sítios essenciais do 
país. Com a invenção da pólvora, surgiram as armas de fogo. A fabricação 
do mosquetão e do canhão passou a ser a nova atividade da engenharia 
militar. O renascimento consagrou o emprego militar das armas de fogo, 
Histórico do IME:
suas raízes e sua estrutura1
Capítulo 1
José Carlos Albano do Amarante2
Luiz Castelliano de Lucena3
A
8 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
ao testemunhar o rápido desenvolvimento de canhões e mosquetões, 
repercutindo fortemente no projeto de edificações de defesa e na técnica 
da guerra de sítio.
Além disso, o Renascimento produziu uma sucessão de 
excepcionais engenheiros militares. O mais famoso foi o italiano 
Leonardo da Vinci (1452-1519), que colocou seu privilegiado cérebro 
a serviço da engenharia militar e introduziu avanços substantivos na 
arte de fundir canhões, na técnica de escavação de fossos, no uso da 
pólvora como propelente ou como explosivo, no projeto de guindastes 
e de equipamentos de sítio, e outros.4 Da Vinci era tipicamente um 
engenheiro “humanista”, capaz de empregar seu pragmatismo e sua 
inteligência em defesa daqueles que com ele conviviam e utilizar a sua 
sensibilidade humanística para expressar o belo, quando criou Mona 
Lisa.
Ao longo dos séculos, os avanços tecnológicos provocaram 
desequilíbrios entre forças combatentes. Nos tempos antigos, porém, a 
vantagem resultante do uso de novo armamento podia ser desfeita com 
relativa facilidade, considerando a simplicidade de sua construção e 
operação. Desde que não houvesse grande diferença no estágio intelectual 
dos contendores, a cópia do novo engenho não apresentava sérias 
dificuldades. O equilíbrio tecnológico-militar era logo restabelecido, e a 
sorte dos combates voltava a depender da capacidade do comando, da 
combatividade da tropa e do apoio logístico.
Durante a Revolução Cultural, no século XIV, a descoberta da 
pólvora e as armas de fogo foram avanços tecnológicos de difícil 
absorção. Em consequência, provocaram desequilíbrio de forças e uma 
redução drástica de polos de poder político-militar.5 A cópia era uma 
tarefa praticamente impossível para muitos, dado que os conhecimentos 
de metalurgia, química, mecânica e balística não estavam disponíveis a 
todos. 
Na época, a fortificação era a atividade técnico-militar mais 
considerável, uma vez que nela se baseava a segurança dos núcleos 
sociais das cidades, vilas e sítios. Como a artilharia anterior à pólvora era 
centrada em catapultas, seus impactos eram pouco potentes. A melhor 
concepção arquitetônica das fortalezas recomendava muros elevados, 
sem preocupação com suas espessuras, para obstaculizar a trajetória 
9Histórico do IME: suas raízes e sua estrutura
dos projéteis, sobretudo quando as tropas sitiantes aproximavam-se do 
perímetro defendido. 
Com a pólvora e as armas de fogo, o impacto dos projéteis 
cresceu significativamente. Estes, além de atingir facilmente os muros 
de silhuetas elevadas, tinham energia suficiente para abrir crateras e 
facilitar a penetração dos atacantes. A concepção arquitetônica precisava 
mudar, baixando a silhueta dos muros e aumentando suas espessuras 
para agregar resistência aos impactos.
O Renascimento consagrou o emprego militar das armas de fogo 
com o rápido desenvolvimento de canhões e mosquetões, repercutindo 
nas operações militares, no projeto de edificações de defesa e na técnica 
da guerra de sítio. 
Depois da Revolução Cultural (1100-1450), o uso da pólvora 
emprestou relevância a duas atividades de engenharia, imprimindo 
mudanças na arte militar de combate: a artilharia e a fortificação. 
Os combates podiam ocorrer para dominar uma praça, a guerra 
de sítio ou vencer, em campo aberto, a guerra de campanha. Esses tipos 
de embates, durante a Revolução Científica (1450-1750), propiciaram 
à engenharia militar inestimável campo de provas para a evolução das 
engenharias de armamento e de fortificação e, consequentemente, da 
doutrina militar.
O cenário da Revolução Científica emprestou ambiência ao 
surgimento da Engenharia Militar com base na trajetória de projéteis e na 
construção de fortalezas, com o apoio da cartografia e da metalurgia. Os 
fundamentos iniciais da Balística foram estabelecidos pelo matemático 
italiano Niccolò Tartaglia, publicado em Nova Scientia (1537) e em 
Quesitos e Invenções Diversas (1554). Na França, entre os séculos XVII 
e XVIII, a fortificação experimentou enormes progressos. Sébastien le 
Prestre de Vauban (1633-1707) revolucionou o projeto de fortalezas 
refazendo, durante 40 anos (1667-1707), o sistema defensivo de 300 
cidades.6 
A Revolução Científica, em sentido amplo, e as contribuições 
específicas de Galileu, Newton e Descartes foram decisivas para o 
progresso dos conhecimentos aplicáveis na fortificação e artilharia. As 
atividades da fortificação e da artilharia revestiam-se cada vez mais de 
caráter científico. Esse aspecto, aliado à necessidade de realizar obras 
10 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
públicas e de defesa sólidas e econômicas, levou ao estabelecimento de 
corpos especializados de engenharia nos exércitos e à diplomação de 
engenheiros militares, formalizando a Engenharia Militar. 
A França deu o primeiro passo em 1716 e instituiu o Corpo de 
Engenheiros do Exército; em 1747, inaugurou a École Nationale des 
Ponts et Chaussées, primeira escola de engenharia do mundo; em 1749, 
a Escola de Engenharia Militar, de Mezières, também a primeira do 
mundo nesse gênero.7
Portugal instituiu o Real Corpo de Engenheiros em 1763, quando, 
por orientação do Marquês de Pombal, o Conde de Lippe promoveu 
a reorganização do exército português. Outra medida estrutural foi 
a fundação, em 1790, da Academia Real de Fortificação, Artilharia 
e Desenho, para graduar engenheiros militares e formar oficiais 
combatentes. 
No Rio de Janeiro, a Real Academia de Artilharia, Fortificação 
e Desenho foi criada em 1792. Era a época do despertar da guerra 
moderna, onde o binômio fortificação-artilharia passou a governar, no 
campo científico, a evolução da arte da guerra. Para isso, foi decisivo o 
rei prussiano Frederico, o Grande (1740-86), o qual, do ponto de vista 
operacional, introduziu inovações que revolucionaram as organizações 
militares e a doutrina de guerra no mundo ocidental.8 
A evolução do binômio fortificação-artilharia foi apoiada na 
cartografia. O homem começou a expressar seus conhecimentos 
geográficos, mediante mapas, muito antes do aparecimento da escrita. 
Segundo uma definição geral, a cartografia constitui-se na ciência, na 
técnica e na arte de representar, graficamente, o conhecimento humano 
sobre a superfície da Terra por meio de mapas,cartas geográficas e 
plantas. 
No final do século XIII, ou no início do século XIV, surgiram as 
“cartas-portulanos”, desenhadas em pele de carneiro, em apoio às 
navegações no Mediterrâneo e ao longo da costa ocidental da Europa. 
Reservadas aos navegantes e armadores, essas cartas não obedeciam a 
nenhum critério de projeção, mas já definiam rumos e delineavam as 
costas marítimas com extraordinária precisão.
Acompanhando o movimento intelectual do final da Revolução 
Cultural (1100-1450) e a Revolução Científica (1450-1750), a cartografia 
experimentou forte desenvolvimento, estimulada pela redescoberta da 
11Histórico do IME: suas raízes e sua estrutura
“Geografia” de Ptolomeu, pela reinvenção da imprensa, por Gutenberg, 
em 1455, e pelos descobrimentos marítimos. 
Os descobrimentos portugueses foram, de início, registrados em 
mapas estrangeiros, especialmente italianos e alemães. Pouco a pouco, 
os lusos passaram a produzir as próprias cartas. A extensa obra da 
Cartografia Renascentista Portuguesa foi registrada na extraordinária 
publicação Portugalie Monumenta Cartograpica, de Armando Cortesão 
e Avelino Teixeira da Mota. O livro de 1960 foi elaborado a pedido do 
governo português para comemorar os 500 anos do falecimento do 
Infante D. Henrique, reunindo cartas náuticas portuguesas existentes 
no Mundo.9
O cartógrafo náutico, matemático, astrônomo português Pedro 
Nunes (1492-1577) escreveu Tratado sobre a Esfera (1537) e deu início 
à moderna cartografia. O cartógrafo flamengo Gerardus Mercator (1512-
94) contribuiu para a cartografia ao criar um mapa que, posteriormente, 
ficou conhecido como “Projeção Mercator”, na qual os meridianos eram 
desenhados em linhas paralelas, diretas e espaçadas, para produzir, a 
qualquer ponto, uma relação precisa de latitude para longitude. 
No século XVII, foi expressiva a produção cartográfica portuguesa, 
na qual se destacaram dois geógrafos homônimos, João Teixeira 
Albernaz, avô e neto. Não há notícia sobre a vinda deles ao Brasil, mas 
eles conheceram mais e melhor a geografia brasileira do que qualquer 
outro engenheiro militar português. 
A base moderna da ciência cartográfica deu-se com Jean-Dominique 
Cassini, francês que, em 1682, elaborou novo mapa do mundo ao 
introduzir os conceitos de latitudes e longitudes. Cartógrafos, geógrafos, 
cosmógrafos, navegadores, engenheiros militares e agrimensores 
europeus produziram, entre os séculos XVI e XVIII, milhares de plantas, 
mapas e cartas hidrográficas referentes ao continente americano. Neles 
são salientados os tipos de organização administrativa das diversas 
colônias estrangeiras, a disseminação do povoamento e o surgimento 
de cidades, vilas, povoados e missões religiosas, a abertura de estradas 
e caminhos, o desenvolvimento das atividades econômicas, sociais e 
políticas e a construção e melhoramento do sistema defensivo.10 
A engenharia militar, calcada no binômio fortificação-artilharia, 
apoiada na cartografia e na técnica metalúrgica, despertou durante a 
12 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
Revolução Científica (1450-1750). Tanto a engenharia militar quanto o 
ensino superior regular em engenharia brotou no meio militar, como 
resposta às necessidades de defesa.
O ensino de Engenharia Militar em Portugal
Com as conquistas ultramarinas, a demanda de engenheiros 
cresceu. Urgia uma política para formação de mão de obra técnica no 
interior de Portugal.11 O primeiro passo foi dado em 1594, quando o 
rei Felipe II (1580-98) criou a Aula do Risco (risco é projeto de uma 
construção, especialmente o desenho de sua forma característica e 
visível) dos Paços da Ribeira, em Lisboa, dirigida pelo italiano Felippo 
Terzi, a primeira do gênero em Portugal, tomando a si o encargo 
de formar engenheiros militares. Nessa nova escola, ainda foram 
empregados lentes (como eram chamados os professores) estrangeiros 
e livros-texto traduzidos. 
Mesmo assim, no fim do século XVI, em 1598, Luiz Mendes de 
Vasconcelos publicou o primeiro tomo – tratando de Organização e 
Tática – de uma trilogia que varreria o conhecimento militar vigente, 
nas seguintes partes: Organização e Tática; Castrametação e Engenharia 
(Arquitetura Militar). A castrametação era a preparação do campo 
militar para exercícios de adestramento ou para acampamento de 
guerra. Note-se que, naquela época, a Arte Militar, título do livro, utilizava 
um terço de conhecimento sobre como fazer o combate e dois terços de 
conhecimentos técnicos, relacionados com a preparação para este. 
O segundo passo era empregar lentes portugueses – lecionando 
com livros portugueses – em escolas governamentais. No decorrer do 
século XVII, D. João IV (1640-56), com visão estratégica, criou duas 
escolas quase simultaneamente. Em 1641, logo depois da Restauração, 
também nos Paços da Ribeira, foi criada a Aula de Artilharia e Esquadria, 
em substituição à Aula do Risco, surgindo, pela primeira vez, o ensino 
militar superior em Portugal. Essa escola, seis anos mais tarde, em 
1647, deu vez à Aula de Fortificação e Arquitetura Militar, regida pelo 
engenheiro militar tenente-general Luís Serrão Pimentel, que também 
foi o lente fundador da anterior. Suas instalações foram transferidas 
para o Paço da Ribeira das Naus, e mais tarde designada por Academia 
Militar da Corte. 
13Histórico do IME: suas raízes e sua estrutura
Seguindo o pensamento de Vauban, Serrão Pimentel, em 1680, 
publicou o Método Lusitânico de Desenhar Fortificações de Praças 
Regulares ou Irregulares, que se tornou em livro-texto do ensino de 
engenharia em Portugal e no Brasil. 
A partir da segunda metade do século XVII, foi identificada a grande 
afinidade entre a arte de fortificar e a arte de artilhar (dotar de meios 
de artilharia). A consequência foi que as Aulas passaram a ser Aulas de 
Fortificação e Artilharia e formava engenheiros com conhecimentos nos 
dois campos.
O início do século XVIII presenciou forte evolução no ensino da 
engenharia em Portugal, ponteada por Manoel de Azevedo Fortes, 
autor de uma das primeiras obras para a formação de engenheiros 
portugueses, o clássico O Engenheiro Português, em 1729, que prestou 
grandes serviços a Portugal, sobretudo em projetos e construções de 
fortificações e colaborou também nos trabalhos de defesa do Brasil 
Colônia. Regeu a Cadeira de Filosofia na Universidade de Siena durante 
seis anos e retornou a Portugal, onde serviu de 1695 a 1701 como lente 
de matemática na Aula Militar de Fortificação. Em 1720, foi nomeado 
engenheiro-mor do Reino.
Azevedo Fortes, secundado pelos chamados “padres matemáticos”, 
deu prestígio e padrão elevado à engenharia quando a profissão absorvia 
os preceitos filosóficos da Revolução Científica (1662) e aproximava-se 
da Revolução Industrial (1750). Como engenheiro-mor do Reino, ele 
imprimiu caráter nitidamente científico à engenharia e à cartografia. 
Um decreto de 1732 criou academias militares nas praças de Elvas e 
Almeida, além das existentes em Lisboa e Viana, nas quais se ensinava 
fortificação, castrametação, topografia, cartografia, artilharia, estratégia 
e tática.
A guerra, no século XVIII, tornara-se mais técnica e complexa. Os 
oficiais de infantaria e cavalaria precisavam de melhor preparação: além 
da usual bravura, careceriam de conhecimento. Em 1761, foi criado o 
Real Colégio dos Nobres, com esse encargo. Por toda a Europa, emergiam 
nessa época academias militares. Em Portugal, D. Maria I criou, em 
1790, a Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho, que até 
1837 formaria oficiais destinados à artilharia, engenharia, infantaria e 
cavalaria. Na sua formação superior, o engenheiro era um politécnico, 
14 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
uma vez que auferia conhecimentos de ciências exatas, aliados a 
conhecimentos de fortificação, castrametação, topografia, cartografia, 
artilharia, arquitetura, estratégia e tática.
O ensino de Engenharia Militar no Brasil Colônia 
O imenso Brasil foium peso nas costas do pequeno Portugal. Havia 
uma demanda enorme para a construção de uma nação que o reino 
precisava suprir. Uma solução seria dar meios aos brasileiros nativos 
que desejassem aprender engenharia na Colônia. E nasceu a ideia de 
formar engenheiros no Brasil...
Primórdios
A história do Instituto Militar de Engenharia coincide, de certo 
modo, com a história do ensino militar e a história do ensino da 
engenharia no Brasil. 
As primeiras notícias sobre ensino de engenharia militar 
remontam ao holandês Miguel Timermans, “engenheiro do fogo”, que 
teria estado no Brasil “encarregado de formar discípulos aptos para os 
trabalhos de fortificações”. Na realidade, D. João IV (1640-56), inspirado 
pelo sucesso das Aulas recém-criadas em Portugal, atribuiu a missão 
a Miguel Timermans, que aqui permaneceu três anos (1648-50).12 Os 
resultados de seu trabalho não são conhecidos, e é provável que tenha 
ocorrido um insucesso nessa ambiciosa missão. 
Foi necessário meio século para a ocorrência de nova tentativa 
para o início do ensino de artilharia e de engenharia em solo brasileiro. 
A educação técnica no Brasil deu os primeiros passos comprovados há 
cerca de 300 anos. Buscando as mais antigas origens, encontraremos a 
primeira intenção de se fazer uma escola de Engenharia no texto da Carta 
Régia de 15 de janeiro de 1699, do rei de Portugal, na qual manifestava o 
seu desejo de criar, no Brasil Colônia, um Curso de Formação de soldados 
técnicos na arte de construção de fortificação. 
O intuito era promover a defesa da Colônia dos ataques de outras 
nações e prover recursos humanos para o desenvolvimento colonial. 
Foi instituída, então, em 1699, a Aula de Fortificação, a cargo do capitão 
engenheiro Gregório Gomes Henriques, enviado ao Brasil em janeiro de 
1694 para dar aulas aos condestáveis (comandante de força ou chefe de 
artilheiros) e aos artilheiros do Rio de Janeiro. 
15Histórico do IME: suas raízes e sua estrutura
Em seguida, outras iniciativas semelhantes geraram Aulas em 
Salvador, em Recife e no Maranhão, nas primeiras décadas do século 
XVIII. Pela Carta Régia de 1699,13 D. Pedro II decidiu descentralizar a 
formação de engenheiros que, até então, tinha lugar apenas na Aula de 
Fortificação da Corte e começou por seus domínios não europeus. Para 
o efeito ser atingido, dirigiu uma carta a cada um dos governadores dos 
estados ou capitanias, em que havia um engenheiro, e determinou o 
estabelecimento de uma aula em que ele pudesse ensinar a fortificar, 
formando novos engenheiros, o que evitaria demoras e despesas na 
substituição dos que morriam. 
A medida não teria sido aplicada ao Pará, porque o engenheiro ali 
existente, João Velho de Azevedo, tinha sido mandado seguir para o Rio 
de Janeiro, a fim de desempenhar as funções confiadas ao prisioneiro, 
e isso não teria cumprido por ter passado a substituir o governador na 
sua ausência.14
Artilheiros e engenheiros tinham em comum o interesse 
pela fortificação, pela defesa e ataque e, de forma especial, pelos 
conhecimentos matemáticos. A sua formação era muito semelhante, 
dado que existiam engenheiros lecionando conhecimentos de artilharia 
e lentes artilheiros ensinando engenharia. 
Em 1738, foi criada a Aula de Artilharia, mediante a ampliação 
daquela de 1699, no Rio de Janeiro, cuja responsabilidade foi atribuída 
ao sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoim. Esse oficial construiu, 
entre outras obras, os palácios dos governadores do Rio de Janeiro, na 
Praça XV, e de Minas Gerais, em Ouro Preto.
Como material didático de suporte às aulas foi utilizado o livro 
Método Lusitânico de Desenhar as Fortificações das Praças Regulares e 
Irregulares, de autoria de tenente-general Luís Serrão Pimentel, editado 
em 1680. Um exemplar dessa obra encontra-se na biblioteca do IME. 
Ele evidencia o excelente nível de conhecimento da engenharia militar 
portuguesa no final do século XVII e foi a base documental para o ensino 
formal de engenharia em Portugal e no Brasil. 
Em Carta de 18 de setembro de 1774, enviada de Portugal ao 
Marquês de Lavradio – vice-rei em exercício –, são dados informes 
sobre o acréscimo da cadeira de Arquitetura Militar à Aula de Artilharia, 
passando à denominação de Aula Militar do Regimento de Artilharia. 
Esta é considerada por Pirassununga (O Ensino Militar no Brasil Colônia) 
16 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
como “o marco inicial da formação de Engenheiros Militares no Brasil”. 
Essa Aula Militar tinha a finalidade dupla de “preparar artilheiros e de 
formar oficiais técnicos na Engenharia Militar, que constituirão o futuro 
Corpo de Engenheiros, de gloriosa tradição por relevantes serviços, 
como o provam as magníficas obras ainda hoje de pé existentes no 
interior do país”.
A Aula do Rio de Janeiro
O insucesso inicial na Aula do Rio de Janeiro inibiu por longo 
tempo novas iniciativas nessa capitania.15 
A chegada do engenheiro Gomes Freire de Andrade, o Conde 
de Bobadela, para governar a capitania, em 1733, trouxe ares de 
modernidade e cuidados com as obras defensivas da urbe carioca. 
Em 1738, o rei determinou a instituição, no recém-criado Terço de 
Artilharia, de uma aula em que “oficiais e soldados aprendessem a teoria 
da Artilharia e do uso de fogos artificiais”.16 A Carta Régia estipulava 
que todos os oficiais fossem obrigados a assistir às aulas, “ao menos 
por tempo de cinco anos, e faltando a elas serão castigados”. O curso 
constituiu-se em requisito obrigatório para a promoção dos oficiais. 
Para ressaltar a seriedade do curso, foi nomeado para a Aula do Rio de 
Janeiro o sargento-mor (como era chamado naquela época o major) José 
Fernandes Pinto Alpoim,17 cujas obras, no domínio da arquitetura civil, 
já eram bem conhecidas. 
Em 1774, o tenente-coronel engenheiro Antônio Joaquim de 
Oliveira foi nomeado lente da Aula de Artilharia do Rio de Janeiro, com 
a obrigação de ensinar igualmente arquitetura militar. A ampliação 
implicou nova mudança de denominação – Aula Militar de Regimento 
de Artilharia – e no atendimento de duas finalidades: formar artilheiros 
e preparar oficiais técnicos de engenharia. 
A Aula da Bahia
Por outro lado, na Bahia, sede do Governo Geral, o ensino de 
Engenharia logo se firmou. Tudo começou em 1696, antes mesmo da 
Carta Régia de 1699, quando o governador ordenou ao capitão José 
Pais Estevens “... venha todos os dias ... a ensinar aos oficiais e soldados 
e mais pessoas que quiserem aprender e dar lição de castrametação 
e de fortificação...”!18 Os resultados desse esforço apareceram com a 
17Histórico do IME: suas raízes e sua estrutura
nomeação dos primeiros engenheiros formados no Brasil, na Aula da 
Bahia: João Batista Barreto (1715), Gonçalo Cunha Lima (1715), Antônio 
Brito Gramacho (1720) e João Teixeira de Araújo (1725).19
Em 1761, José Antônio Caldas formou-se engenheiro e, promovido 
a capitão, foi incumbido de lecionar na Aula Militar da Bahia. Caldas 
formou, nos 10 primeiros anos de ensino, 48 discípulos, destes um 
capitão engenheiro, dois ajudantes engenheiros, 22 artilheiros, oito 
oficiais de infantaria, 11 auxiliares promovidos a vários postos, até 
sargento-mor, e quatro oficiais que trabalhavam em “tribunais”20 – no 
Erário, em Armazéns e na Alfândega. 
As Aulas de Pernambuco e Maranhão
João de Macedo Corte Real, promovido em 1707 a sargento-mor 
engenheiro, da Capitania de Pernambuco, foi designado como lente da Aula 
de Fortificação; executou numerosos trabalhos, ganhando notoriedade, 
e já contava com 12 anos de serviços, quando foi promovido a tenente-
general de Artilharia, recompensa conferida por suas realizações. Seu 
substituto na Aula de Pernambuco foi Diogo Silveira Veloso, que, de 
1730 a 1749, publicou várias obras sobre Matemática e um Tratado 
de Arquitetura Militar ou Fortificação, escritos como tenente mestre 
de campo general, com exercício de engenheiro. Projetou e construiu 
fortificações na Ilha de Fernando de Noronha, além de preparar plantaspara a vila de Recife.21
No Maranhão, Custódio Pereira foi nomeado capitão engenheiro, 
por possuir “grande conhecimento e prática no manejo dos esquadrões”. 
Projetou fortificações no Pará, mas parou de lecionar antes de 1719, 
contraindo doença que o vitimou.
A Casa do Trem (1762)
Por outro lado, os primeiros trabalhos sobre ciência e tecnologia 
no Exército ocorrem com a instalação da Casa do Trem de Artilharia, em 
1762.
A Casa do Trem pode ser vista como a coluna vertebral da 
estruturação administrativa do Exército Brasileiro. Dela nasceu o 
cérebro, representado pela estrutura do ensino militar. Dela cresceu, 
por um lado, forte e vigorosa, a perna da engenharia militar e, por outro 
lado, deu origem à competente e atuante intendência militar. As duas 
18 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
pernas estão dando suporte e movimento à atual logística militar. De 
outro modo, parcela do braço armado do Exército também teve por 
incubadora a Casa do Trem. Todos esses aspectos vão ser sinalizados ao 
longo deste capítulo. 
A Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho foi a primeira 
escola militar a ser criada nas Américas e terceira no mundo
A carência de quartéis prolongava-se até o século XVIII, no Rio de 
Janeiro. Os choques com os espanhóis ocorridos nas províncias do sul e 
as tentativas de invasão pelos franceses ressaltaram a necessidade de 
uma defesa mais forte na área do Rio de Janeiro. As pressões e contendas 
militares mais ao sul da Colônia sinalizavam que era preciso criar uma 
oficina para a fabricação, o reparo e a manutenção de meios militares. 
A situação requeria a instalação de uma instituição forte e em posição 
adequada. Ao fazer construir a Casa do Trem, no Rio de Janeiro, o vice-
rei Gomes Freire de Andrade, o Conde de Bobadela, demonstrou possuir 
larga visão estratégica.
Dois anos depois, em 1764, o Conde da Cunha transformou a Casa 
do Trem em Arsenal do Trem com a construção do prédio, na antiga 
Ponta do Calabouço, que abrigou no século passado o Arsenal de Guerra 
da Corte e que, desde 1922, é a sede do Museu Histórico Nacional.
19Histórico do IME: suas raízes e sua estrutura
A Academia Real de Artilharia, Fortificação e Desenho (1792)
Em 1792, foi criada a Real Academia de Artilharia, Fortificação e 
Desenho, conforme estatutos aprovados pelo vice-rei José Luiz de Castro. 
De acordo com o Conde de Rezende, “querendo melhorar a instrução 
ministrada à mocidade que tenha a honra de servir à Sua Majestade”.22 
Destinada aos oficiais e soldados das organizações militares do Rio, a Real 
Academia constituiu-se em uma ampliação da Aula Militar, recebendo 
maior quantidade de alunos, além de uma ampliação curricular. Por essa 
razão, provavelmente, a Real Academia passou a funcionar na Casa do 
Trem, próxima ao Regimento de Artilharia e mais adequada às práticas 
pedagógicas. Os filhos do Conde de Rezende frequentariam essa aula: 
não havia no Rio de Janeiro daquela época escola melhor.23
O modelo de aula transferido do século XVIII para o Brasil foi o da 
Aula de Fortificação e Arquitetura Militar, depois denominada Academia 
Militar da Corte, na qual um engenheiro ou um artilheiro qualificado 
ensinava todas as matérias.24 Em Lisboa, o lente era politécnico e tinha 
um substituto, o que nem sempre sucedia nas capitanias.25
A evolução da já citada Aula Militar do Regimento de Artilharia, 
aliada ao progresso do ensino de engenharia militar em Portugal, 
possibilitou a criação, em 17 de dezembro de 1792, da Real Academia 
de Artilharia, Fortificação e Desenho – considerada a Raiz Histórica do 
Instituto Militar de Engenharia (IME), com o propósito de formar oficiais 
de todas as Armas e engenheiros para o Brasil Colônia. 
A Academia Real só contava com seis professores, dois lentes e 
quatro substitutos. Nela, os oficiais destinados à Infantaria e à Cavalaria 
cursavam três anos; os artilheiros, cinco anos. E os destinados à 
Engenharia, seis anos, no último dos quais eram lecionadas cadeiras 
de Arquitetura Civil, Materiais de Construção, Caminhos e Calçadas, 
Hidráulica, Pontes, Canais, Diques e Comportas. 
Foi a primeira escola de Engenharia das Américas e a terceira do 
mundo. Observe-se que a Academia Real, fundada por D. Maria I, estava 
capacitada tanto a graduar engenheiros militares quanto a formar 
oficiais combatentes. 
Cabe aqui importante observação. Desde o século XVIII até o 
início do século XX, nos cursos de formação de oficial, o artilheiro era 
na realidade o engenheiro-artilheiro, formado para projetar, fabricar e 
20 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
operar o armamento. Ele era, pois, com os engenheiros, um misto de 
oficial técnico-operacional.
As publicações e o ensino
No final do século XVII, a obra Método Lusitânico de Desenhar 
Fortificações e as lições não editadas sobre ataque e defesa das 
praças do engenheiro-mor e lente da Academia Militar da Corte, Luís 
Serrão Pimentel, constituíam o essencial do programa de formação 
do engenheiro. Para além das regras práticas sobre o desenho das 
fortificações e dos seus diversos elementos, incluía noções de geometria, 
aritmética decimal e trigonometria. A partir de 1713, os engenheiros 
passaram a contar com a tradução portuguesa do livro de Pfeffinger 
Fortificação Moderna, resumindo o que havia sido escrito nos países 
europeus mais avançados no assunto.
Em 1728 e 1729, Manuel de Azevedo Fortes, também engenheiro-
mor e lente, publicou dois tomos do seu O Engenheiro Português, 
passados em apostila na Academia Militar da Corte. O primeiro 
compreendia a Geometria Prática sobre o papel e sobre o terreno, o uso 
dos instrumentos necessários aos engenheiros, o modo de desenhar e 
dar aguadas às plantas militares e à Trigonometria Retilínea. O segundo 
tratava da Fortificação Regular e Irregular, do Ataque e Defesa das 
Praças e do uso das armas de guerra, incluindo as noções essenciais da 
Artilharia. Azevedo Fortes tinha já publicado, anteriormente, um livro 
sobre elaboração de cartas geográficas.
O sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoim produziu as 
primeiras obras didáticas de ensino superior no Brasil. Como lente da 
Aula Militar do Rio de Janeiro, publicou O Exame de Artilheiros (1744) 
e O Exame de Bombeiros (1748), obras que incluíam os conhecimentos 
matemáticos necessários à Artilharia.26
O ensino na Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho 
evoluíra para o modelo moderno de um lente por matéria. Para um curso 
acadêmico com duração de seis anos, ela contava com o comandante do 
quartel do Regimento de Artilharia – que ao mesmo tempo era o lente 
– para os cinco primeiros anos do curso e com outro para o último ano, 
correspondente à engenharia civil. Além desses professores, a Real 
Academia oferecia diversas cadeiras com lentes específicos para cada 
uma.
21Histórico do IME: suas raízes e sua estrutura
Manuel Cardoso Saldanha, professor da Aula de Fortificação da 
Bahia de 1750 a 1761, referindo a seu sucessor atestaria: 
José Antônio Caldas assistiu, ouviu e escreveu os tratados de 
Geometria Especulativa, Trigonometria, Geometria Prática, 
Fortificação, Artilharia, Arte de Bombas, Fogos Artificiais e 
Festivos, Castralogia, Expurgação e Propugnação de Praças, 
Tática, Arquitetura Civil, Mecânica de Abóbadas, Hidráulica 
e Álgebra, tratados de que se compõe o meu Curso de 
Matemática, que ditei nesta praça da Bahia.27 
Alargava-se o leque de matérias necessárias, como a Arquitetura 
Civil, a Mecânica das Abóbadas e a Hidráulica e outras de natureza 
militar.
Funcionando na Casa do Trem, a Real Academia tinha o “caráter 
de um verdadeiro instituto de ensino superior, com organização 
comparável aos congêneres da sua época”.28 Na realidade, desenvolvendo 
prática de um instituto de ensino superior moderno, com um lente 
para cada matéria, oferecia um curso de ciências exatas em seis anos, 
com exercícios práticos de campo a partir do segundo ano destinado 
à formação de oficiais de todasas Armas.29 Oficiais de Infantaria e de 
Cavalaria realizavam apenas os três primeiros anos; os de Artilharia, 
os cinco primeiros, e os de Engenharia o curso completo. O sexto ano 
era dedicado à engenharia civil e incluído o estudo do corte de pedras e 
madeiras, do orçamento de edifícios, dos materiais de sua composição, 
dos melhores métodos para a construção de caminhos e calçadas 
e também de hidráulica e de matérias como a arquitetura de pontes, 
aquedutos, canais, diques e comportas. 
A criação de um curso superior, em moldes modernos e sem 
nenhuma experiência prévia, foi realizada por José de Oliveira Barbosa, 
de início capitão de bombeiros, mais tarde governador e capitão-general 
do Reino de Angola e notável personalidade do Brasil independente.
Em 1810, o Príncipe Regente assinou a Carta de Lei, que criou 
a Academia Real Militar, de invulgar nível científico para a época, 
destinado a formar oficiais de Engenharia e mesmo oficiais da classe de 
engenheiros geógrafos e topógrafos para emprego na administração de 
caminhos, portos, canais, pontes, fontes e calçadas.30
22 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
Com o ensino naval assegurado pela Academia Real de Guardas-
Marinhas (1808) e com a criação da Academia Real Militar, preparava-
se o Brasil para a Independência, dotando-se de um ensino, atualizado, 
sem paralelo nos restantes territórios americanos, que esteve na origem 
de uma elite de grande projeção nacional.
A Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, criada 
em 1792, foi pioneira no ensino superior no Brasil, constituindo-se 
simultaneamente na raiz longínqua do Instituto Militar de Engenharia. 
Antecedeu a Escola Politécnica, primogênita das escolas de engenharia 
dirigida por civis e para civis, e a Academia Militar das Agulhas Negras.31 
A Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, criada em 1792, 
foi a terceira escola do gênero no mundo e a primeira das Américas. A 
congênere norte-americana, a Academia Militar dos Estados Unidos, 
localizada em West Point, data de 1802.32
Ensino superior militar de Engenharia e formação
A Real Academia foi acolhida precariamente nas instalações da 
Casa do Trem. Mesmo assim, tudo começou bem na Casa do Trem, o 
berço da engenharia no Brasil. A partir dali, a evolução foi positiva e 
ocorreu tanto no campo do ensino quanto no campo executivo da ciência 
e tecnologia.
Evolução do ensino superior militar 
O modelo da Real Academia de 1792 inspirou, com sua estrutura 
de ensino e suas instalações físicas, a instauração da Academia Real 
Militar, em 23 de abril de 1811, criada por D. João VI, em Carta Régia de 
4 de dezembro de 1810. A Real Academia funcionou, inicialmente, na 
Casa do Trem até que ficassem prontas as novas instalações no Largo de 
São Francisco, para onde se transferiu durante o mês de março de 1812. 
Nesse período (1792 a 1812), a Real Academia proporcionou tanto o 
curso de formação de oficiais das armas, quanto o curso de graduação 
de engenheiros militares.
A Escola Central (1858)
Condicionada pela ambiência política, a Academia Real Militar 
mudou de nome quatro vezes: Imperial Academia Militar, em 1822; 
23Histórico do IME: suas raízes e sua estrutura
Academia Militar da Corte, em 1832; Escola Militar, em 1840; e Escola 
Central, a partir de 1858. Ali se formavam não apenas oficiais do Exército, 
mas, sobretudo, graduavam-se engenheiros – militares e civis –, pois 
a Escola Central era a única escola de engenharia no Brasil. E assim 
nasceu a engenharia no País. Foi no Rio de Janeiro. O civil e o militar 
estudando na mesma sala, no mesmo curso. Daí vem a grande coesão 
existente entre engenheiros civis e militares manifestada ao longo dos 
séculos XIX e XX.
O prédio central do Largo de São Francisco acolheu, durante o Império, 
inúmeras escolas de engenharia
Em 1855, a formação militar foi dividida em duas escolas 
(10-Jehovah Motta). “Numa as matemáticas, as ciências físicas, o 
estudo da Engenharia; na outra o regime militar rigoroso, a ordem 
unida, o acampamento, o manejo das armas, a prática do tiro. Os alunos 
frequentariam uma e outra escola, segundo modalidades que variavam 
com as suas Armas.” A primeira era a Escola Central, implementada a 
partir de 1858, e a segunda a Escola de Aplicação da Praia Vermelha. O 
regime escolar foi o seguinte:
24 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
1) os alunos de Infantaria e de Cavalaria cursariam o primeiro 
ano do Largo de São Francisco, para o estudo básico científico, e depois 
cursariam o primeiro ano da Praia Vermelha.
2) os alunos de Artilharia e de Engenharia frequentariam ambas 
as escolas na totalidade dos seus cursos.
No Regulamento de 1863, ocorreu outra reforma do ensino militar 
que apontou para:
1) a concentração, na Escola Militar da Praia Vermelha, dos cursos 
de Infantaria, Cavalaria e Artilharia.
2) a destinação da Escola Central para o estudo das matemáticas, 
ciências físicas e naturais e “a completar a instrução teórica e prática dos alunos 
que, após o curso da Escola Militar, obtiveram permissão para frequentar os 
estudos complementares dos cursos de Estado-Maior e de engenheiros”. 
A Escola Militar da Praia Vermelha se notabilizou pela famigerada Revolta 
da Vacina Obrigatória, ocorrida em 1904
Essa reforma marcou a criação de duas linhas de profissionalização 
no seio do Exército (estado-maior e engenharia militar) e foi um primeiro 
passo no processo que levaria a Escola Central a separar-se do Exército.
25Histórico do IME: suas raízes e sua estrutura
A Escola Politécnica (1874), a separação e as reformas do ensino
A reforma de 1874 (Decreto 5.529, de 17 de janeiro de 1874), que 
veio depois da Guerra do Paraguai, resultou de duas decisões básicas: 
1) liberar o Exército da formação de engenheiros para as atividades 
civis; 
2) centralizar em uma só escola os estudos militares, inclusive os 
de engenharia militar e de estado-maior. 
Assim, a Escola Central desligou-se das finalidades militares e 
foi para a jurisdição da antiga Secretaria do Império, além de passar a 
formar exclusivamente engenheiros civis. Naquele ano, a Escola Central 
assumiu o nome de Escola Politécnica e tornou-se um estabelecimento 
de ensino inteiramente civil, desvinculando-se assim, em definitivo, de 
sua antiga origem militar.
Em consequência, enquanto a Escola Central era entregue à 
Secretaria do Império, “a Escola Militar da Praia Vermelha passava a 
acolher, além dos cursos de Infantaria, de Cavalaria e de Artilharia, os de 
oficiais para os Corpos de Estado-Maior e de Engenheiros”.
Em março de 1889, pelo Decreto 10.203, de 9 de março de 1889, o 
Governo baixa novas disposições sobre o ensino militar: 
1) dispor de forma mais adequada o ‘ensino teórico’; 
2) assegurar melhor sorte ao ‘ensino prático’. 
Para serem alcançados esses objetivos, imaginou-se que 
se deveria desdobrar os estudos, distribuindo-os em duas 
escolas, ficando na Escola Militar da Praia Vermelha somente 
o Curso de Infantaria e Cavalaria, e transferindo-se para um 
novo estabelecimento, a Escola Superior de Guerra, os Cursos 
de Artilharia, de Estado-Maior e de Engenharia Militar. 
Essa escola, completamente diferente da homônima criada depois 
da Segunda Guerra Mundial, duraria até 1898. 
O artigo 251 do Decreto 330, de 12 de abril de 1890, declara 
que a aprovação no Curso de Engenheiro-Militar dará direito à carta 
de Engenheiro Civil e Militar, ratificada pelo Decreto 5.313, de 16 de 
fevereiro de 1940. Essa característica é importante, e, até os dias de hoje, 
os engenheiros militares podem exercer engenharia no meio militar e 
no meio civil. 
26 Instituto Militar de Engenharia - Uma ponte para o futuro
A Lei 463, de 25 de agosto de 1897, e o Decreto 2.881, de 18 de 
abril de 1898, são os documentos básicos de nova reforma do ensino 
militar calcada em: 
1) retorno à regulamentação de 1874; 
2) organização do ensino da Escola Militar da Praia Vermelha em 
dois cursos – um curso

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