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Embargos de Declaração O direito constitucional a uma decisão fundamentada (art. 93, IX) impõe que essa decisão esteja livre dos vícios combatidos pelo recurso em estudo, ou seja, livres dos vícios da omissão, obscuridade, contradição e erro material. O recurso está previsto nos artigos 1022 até 1026 do CPC. Recurso de Fundamentação Vinculada O direito processual ao afirmar a expressão “fundamentação vinculada” salienta para o fato que a peça não possui ampla fundamentação, ou seja, o recorrente em sede de embargos de declaração somente pode arguir os vícios embargáveis, quais sejam: erro material, omissão, obscuridade ou contradição. 1_Erro Material O vício da inexatidão corresponde a erro material. O juiz pode de ofício, consoante autoriza o 494, I do CPC, entretanto, diante da quantidade de ações que se submetem ao Judiciário, natural que esse controle seja conferido aos advogados interessados com fulcro no art.1.022 em comento e por intermédio do recurso em análise. 2_Contradição[footnoteRef:1] [1: A contradição, à semelhança do que ocorre com a obscuridade, também gera dúvida quanto ao raciocínio do magistrado. Marinoni [obra exclusiva deste professor]. ] O vício da contradição[footnoteRef:2] consiste na ausência de coerência. Se a fundamentação não decorrer numa conclusão lógica a decisão é contraditória e desafia o recurso de embargos de declaração.[footnoteRef:3] [2: Marinoni, Arenhart e Mitidiero: “A decisão é contraditória quando encerra duas ou mais proposições ou dois ou mais enunciados inconciliáveis. “] [3: Didier e Carneiro da Cunha chamam a atenção no sentido de que os ED não servem para corrigir contradição entre a PROVA e A DECISAO. Isso se deve ao fato de que essa incongruência implica em vicio de julgamento e não no vicio da contradição. Em outras palavras, ensinam, não cabem ED para eliminação de contradição externa e sim e apenas contradição interna. ] “A decisão é enfim, contraditória, quando traz proposições entre si inconciliáveis. O principal exemplo é a existência de contradição entre a fundamentação e o dispositivo”[footnoteRef:4]. [4: DIDIER, Fredie. CARNEIRO DA CUNHA, Leonardo. Curso de Direito Processual Civil, Volume 3. Salvador: Juspodivm, 2020. P. 318.] 3_Omissão[footnoteRef:5] [5: A omissão representa a falta de manifestação expressa sobre algum ponto ou questão sobre a qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento. ] O vício da omissão se constitui nas ocasiões em que a decisão judicial: (a) Deixar de se manifestar sobre pedido de tutela de urgência; (b) Ou quando deixa de se manifestar sobre fundamentos ou argumentos relevantes lançados pelas partes (art. 489§ 1º, IV); (c) Sobre questões apreciáveis de ofício pelo julgador ainda que não tenham sido levantadas pelas partes; O dever de autorreferência e o recurso de embargos de declaração. Dois enunciados do FPPC se reportam ao fato de que os tribunais devem respeitar os precedentes por ele criados. Eis os enunciados: · 453 “a estabilidade a que se refere o caput do art. 926 consiste no dever de os tribunais observarem os próprios precedentes”. · E o 454 diz que “uma das dimensões da coerência a que se refere o caput do art. 926 consiste em os tribunais não ignorarem seus próprios precedentes (dever de autorreferência)”. E por isso, quando julgar qualquer caso, os tribunais devem dialogar com os precedentes que foram proferidos por si. O dever de autorreferência obedece ao conteúdo normativo-programático do art. 926 e por isso considera=se omissa a ausência de manifestação sobre o julgamento de casos repetitivos ou de assunção de competência. O que o se chama de presunção de omissão. Há, ainda, um outro aspecto fundamental nesse dever de dialogar consigo mesmo (dever de autorreferência) tem o foco de impedir a superação implícita do precedente do tribunal. Em inglês, há um instituto (que impõe um pressuposto negativo para validade das decisões) que é o implied overruling[footnoteRef:6]. Os embargos de declaração constituem instrumento destinado a provocar o judiciário e seus órgãos a exercer seu dever de autorreferência. [6: x] Presunção de Omissão: Violação ao §1º do art. 489: O inciso II do art. 1022 faz referência ao §1º do 489(disciplinador da fundamentação), ao afirmar ser omissa a decisão que olvida a aplicação do art. 489, eis o §1º: 4_Obscuridade Obscuridade significa falta de clareza no desenvolvimento das ideias que norteiam a fundamentação da decisão. A decisão é obscura quando for ininteligível. Quer por que mal redigida, que porque escrita à mão com letra ilegível. Decisão obscura é, ainda, violação a dever de cooperação, a que está obrigado o órgão julgador, eis que por forca do artigo 6º do CPC a cooperação depende de tal produção clara. 5_Efeitos 5.1_Efeito de interromper os prazos para outros recursos por qualquer das partes: O art. 1026 regula os efeitos recursais. E o efeito de interromper os prazos de outros recursos é uma relevante repercussão prática dos embargos de declaração. “Com a oposição dos embargos de declaração, o prazo se interrompe para ambas as partes, para o Ministério Público e para terceiros. Qualquer recurso, a ser interposto por qualquer legitimado ou interessado, tem seu prazo interrompido com a oposição dos embargos de declaração.”[footnoteRef:7] [7: DIDIER, Fredie. CARNEIRO DA CUNHA, Leonardo. Curso de Direito Processual Civil, Volume 3. Salvador: Juspodivm, 2020. P. 337.] Será citado o art. 1.064 sobre a uniformidade de aplicação das hipóteses do art. 1.022 ao sistema dos juizados especiais, entretanto, o art. 1.065 estende também aos juizados a concepção do efeito interruptivo do prazo. O mesmo código (CPC de 2015) fez o mesmo com os efeitos dos embargos de declaração no Código Eleitoral, pois o art. 1.067 introduziu o §4º ao art. 275 do Código Eleitoral, conferindo-lhe também efeito interruptivo. 5.2_Efeito Suspensivo O art. 1.026 regula os efeitos recursais como já consignado o item acima, e o dispositivo deixa claro que os embargos não possuem efeito suspensivo. A regra geral dispõe que os recursos não possuem efeito suspensivo, de acordo com o art. 995, salvo quando houver disposição legal em sentido contrário. Ressalvado a apelação, que conta como excepcionalidade na redação do art. 1.012 do CPC, os demais recursos não gozam dessa eficácia automática e é por isso que os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo. 5.3_Efeito Modificativo É possível que o órgão jurisdicional, ao suprir a omissão, ao eliminar a contradição, ao esclarecer a obscuridade ou corrigir o erro material, termine por alterar a decisão. Nesse sentido o enunciado 278 da súmula do STJ: “A natureza da omissão suprida pelo julgamento de embargos declaratórios pode ocasionar efeito modificativo no julgado”. 6_Observações finais Casos pontuais sobre a embargabilidade: (a) Divergência entre prova e resultado, não é contradição e sim erro de julgamento [error in iudicanto]; (b) O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de considerar as decisões ultra e extra petita como embargáveis, EDREsp. No. 110901/SP; (c) Os embargos são cabíveis contra qualquer decisão judicial, independentemente do procedimento aplicado; (d) O Enunciado 475 do FPPC: “Cabem embargos de declaração contra decisão interlocutória no âmbito dos juizados especiais” importante ler o art. 1.064 do CPC que deu um emprego uniforme dos ED dentro da microssistemática dos juizados especiais; (e) Dispensa de preparo e prazo. Prazo de 5 dias. Há a dobra de prazos em caso de litisconsortes nos ditames do art. 229; (f) No processo eleitoral o prazo é de 3 dias de acordo com a regra do art. 275 do Código Eleitoral; (g) A natureza da decisão dos embargos é a mesma em regra da decisão embargada. Exceção apontada na obra DIDIER-CUNHA numa decisão interlocutória que afasta a prescrição e o sucumbente aponta erro material na contagem ou omissão na análise, os embargos quando acolhidos e providos impõe a transfiguração da natureza jurídica de interlocutória para sentença; (h) Da pauta: Por não haver sustentação oral, não há que se falar em inclusão em pauta dos embargos opostos contra acórdãos viciados. Agora, caso não sejam inclusos em mesa na sessão subsequente deve-se colocar em pauta. Esse o art. 1.024 §1º., CPC. (i) Duas são as possibilidades de se embargar sobre a decisão de embargos: (1º) quando o vício persistir e (2º) quando novos vícios surgirem. (j) O instrumento adequado para suprir omissão, esclarecer uma obscuridade, eliminar uma contradição ou corrigir um erro material em sede de processo administrativo é embargos de declaração. Pela aplicação das regras de devido processo legal e ampla defesa aos processos administrativos. (k) O art. 1.023 §2º prevê a possibilidade de contrarrazões quando os embargos puderem ter efeitos modificativos[footnoteRef:8]. [8: ] (l) Complementariedade[footnoteRef:9]: O RECORRENTE poderá complementar a fundamentação de seu recurso já interposto, se houver alteração ou integração da decisão, em virtude de acolhimento de embargos de declaração. Ratificação. Não é raro que a uma parte oponha embargos enquanto outra parte interponha um outro recurso, como a apelação da sentença. Se houver então, uma hipótese de modificação da decisão é possível à parte que já recorreu aditar as razoes de seu recurso, porém é claro, relativamente ao trecho da decisão embargada. [previsão do art. 1.024 §4[footnoteRef:10]º]. [9: “Pelo princípio da complementariedade, consagrado expressamente pelo art. 1.024 §3º, do CPC, a parte recorrente poderá complementar as razões de recurso já interposto sempre que no julgamento dos embargos de declaração interpostos pela parte contrária for cria uma nova sucumbência.” (Assumpção Neves, Daniel Amorim. CPC COMENTADO. Salvador: JusPodivm, 2020. P. 1858. ] [10: ] (m) Embargos inadmissíveis – apenas os embargos intempestivos e manifestamente inadmissíveis não produzem os efeitos interruptivos. (n) Do art. 1.026 e das imposições de multas; (o) Embargos de declaração e pré-questionamento. Previsão do art. 1.025. 1 pressupõe que o agfavo interno mostre-se manifestamente inadm · , ou que sua improcedência seja de tal forma evidente que a si 1 . . • d iss1vel ·d d mp es interpos1çao 0 recurso possa ser t1 a, e plano, como abusiva ou protelatória o que co tud • · P óte · d "(STJ T ' • n o, nao ocorreu na hi- .se a ,3.ª urma,AglnnoAREsp886.843/SP ] M" M · · Bel!i 22 09 2016 D" O 're · m. arco Aureho zze,J. . . , 'Je 4.10.2016).Note-sequenessecasoh'd d. . . lt d"d . a ever e 1mpos1çao da ªd_ na me 1 a que com isso o legislador busca resguardar a seriedade na int o recurso, eVItando a proliferação de recursos meramente rotelatórios ou t nos (trata-se, portanto, de técnica voltada não só a promoção d bp " 1 emera-CPC b, . a oa 1e processua art 5 o doddireito ao com duração razoável, :U.ts: s:o: ' ,e ·' · on ena o o agravante a inter · - d al curso ao depósito prévio do valor n: 1u4 re- benefic1ano de gratuidade judiciária e da Fazenda Pública q .e - . 'a exceçao do (art.1.021, § 5. º, CPC). , ue >arao o pagamento ao final Capítulo V DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: 1 esclarecer obscundade ou eliminar contradição; li s . . . d ofício ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de 111- corrigir erro material. único. Considera-se omissa a decisão que: l - deixe de se manifestar sobre tese firmada em "ui em incidente de assunção de competênc·a I" , 1 J gamento casos repetitivos_ ou • 1 ap •cave ao caso sob Julgamento; li- incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1.º. 1. Cabimento. Os embargos de declaração visam a a erfei d . - . . .. propiciando uma tutela jurisdicional clara e completa Os çoardasl P orfinalid d · ul d · argos ec aratonos nao têm . a erevisarouan aras ecisõesjudiciais(STJ,2.ªTurma EDclno SP,reLMm.CastroMeira,j.02.10.2007,D]l8.lü.2007 338) A, REsp 9 30.515/ em face de aclaramento de obscuridade desfazimento d' P· ili excepaonalmente, são, é que se prestam os embargos de cÍecl - :contra çaoousupressãodeomis- art. l.023, § 2.º CPC). Cabem emb a o julgado (como reconhece o d" - ' . argos ec aratonos quando a parte narra obs -d d contra iça o ou omissão em qualquer espécie de decisão . udici - . - . cun , ª. e, sentenças: acórdãos ou decisões monocráticas de relato; (STJall s_P,_reL Min: Teori Zavascki,j. 06.12.2005,D]19.12.2005, . l6l) sp 762.384/ tonos constituem poderoso instrumento d 1 b - p . argos declara- ] ai e co a oraçao no processo p · f d · , p ur , aberto e ponderado a partir de um diálo . . ' erm1 ln o um JUIZO tutela jurisdicional. go que visa a um efetivo aperfeiçoamento da 2. Obscuridade. Decisão obscura é a decisão a ue fal l . cerne à redação da dec· - A b 'd . q ta careza. A obscundade con-1sao. o scun ade compromete a ad d . . . exposta na decisão judicial. equa a compreensao da ideia 1101 Novo Código de Processo Civil Comentado art. 1.022 Título 1l - Dos Recursos 3. Contradição. A decisão é contraditória quando encerra duas ou mais proposições ou dois ou mais enunciados inconciliáveis. A contradição ocorre entre proposições e os enun- ciados que se encontram dentro da mesma decisão. Obviamente, não configura contradição o antagonismo entre as razões da decisão e as alegações das partes (STJ, 2.ª Turma,_REsp 928.075/PE, rei. Min. Castro Meira,j. 04.09.2007, DjlS.09.2007, p. 290). A contradição pode se estabelecer entre afirmações constantes do relatóric\, da fundamentação, do dispo- sitivo e da ementa (STJ, Corte Especial, EREsp 40.468/CÉ, rel. Min. Cesar Asfor Rocha, j.16.02.2000,Dj03.04.2000, p.102). A decisão deve ser analisada como um todo para efei- tos de aferição do dever de não contradição. 4. Omissão. A apreciação que o órgão jurisdicional deve fazer dos fundamentos le- vantados pelas partes em seus arrazoados tem de ser completa (art. 489, § 1.0 , IV, CPC). Vale dizer: a motivação da decisão deve ser completa - razão pela qual cabem embargos de- claratórios quando for omitido "ponto sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento" (art. 1.022, II, CPC).A omissão judicial a respeito de ponto sobre o qual devia pronunciar-se o órgão jurisdicional constitui flagrante denegação de justiça. Viola o direito fundamental à tutela jurisdicional (art. 5.0 , X:X:XV, CF), o direito ao contraditório como direito de influência (arts. 5.0 , LV, CF, e 9.0 e 1_0.0 , CPC) e o correlato dever de fun- damentação como dever de diálogo (art. 93, IX, CF, 11e489, § 1.0 , IV, CPC). O parâmetro a partir do qual se deve aferir a completude da motivação das decisões judiciais passa longe da simples constância na decisão do esquema lógico-jurídico mediante o qllal o juiz che- gou à sua conclusão. Partindo-se da compreensão do direito fundamental ao contraditório como direito à participação, como direito a convencer o órgão jurisdicional (arts. 5.0 , LV, CF, 9 .ºe 10.0 , CPC), a da motivação só pode ser aferida em função dos funda- mentos arguidos pelas partes (aí entendidos como todos os argumentos capazes de infir- mar, em tese, a conclusão adotada no julgado, art. 489, § 1. 0 , IV, CPC), na medida em que o direito fundamental ao contraditório impõe o dever de o órgão jurisdicional considerar se- riamente as razões apresentadas pelas partes em seus arrazoados (STF, Pleno, MS 25.787 / DF, rel. Min. Gilmar Mendes,j. 08.11.2006,Djl 4.09.2007, p. 32).A própria ideia de pro· cesso civil regido pela colaboração- em que o juiz tem dever de diálogo- aponta para essa solução (art. 6.0 , CPC). Daí a razão pela qual, opostos embargos declaratórios em fa:::e de omissão judicial, tem a parte direito a obter"comentário sobre todos os pontos leYantados'' no recurso (STJ, Corte Especial, EREsp 9 5. 441/SP, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. 08.04.1999,DJ17.05.1999). No CPC atual, também se considera hipótese de omissão a ausência de manifestação da decisão sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência que tenha tratado da questão de direito en- volvida no caso (STJ, 3. •Turma, EDcl nos EDcl no AgRgno AREsp 743.156/SP, rei. Min. Moura Ribeiro,j. 16.06.2016,D]e 22.06.2016). 5. Erro material. Cabem embargos de declaração para sanação de erro material, assim entendidos os erros de cálculo e as inexatidões materiais (art. 494,I, CPC). Erro de cálculo consiste no erro aritmético (não se confunde, porém, com o erro quanto a critério de cálculo ou elementos do cálculo, que constituem erros de julgamento a respeito do cálculo). Inexa- tidão material constitui erro na redação da decisão-- e não no julgamento nela exprimido. Rodrigo Torres Rodrigo Torres art. 488 Marinoni -Arenhart-Mitidiero 588 partes, não podendo recusar-se à homologação da transação. Ausentes os requisitos, pode recusar-se a homologá-la. Uma vez homologada, o juiz não poderá mais alterá-la (art. 494, CPC), extinguindo-se o processo ou determinada fase processual (art. 487, III, b, CPC). Daí a razão pela qual é vedado a qualquer das partes arguir, dentro do mesmo processo, le- são a seus interesses e pleitear a desconstituição da homologação, o que só poderá ser feito en:t outro processo (STJ, 4.ª Turma, Ag no REsp 218.375/RS, rel. Iv1in. Sálvio de Figueire- do Teixeira,j. 22.02.2000, Dfl0.04.2000, p. 95). A transação só se anula por dolo, coação, ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa (art. 849, CC), sendo que a transação não se anula por erro de direito a respeito das questões que foram objeto de controvérsia en- tre as partes (art. 849, parágrafo único, CC). A transação pode ser anulada mediante ação anulatóriade ato processual (art. 966, § 4.0 , CPC). 8. Renúncia à pretensão. A renúncia à pretensão concerne ao direito material e resol- ve o mérito da causa (art. 487, III, e, CPC). Há formação de coisa julgada. Não se confun- de com a desistência da ação (art. 485, VIII, CPC), que diz respeito tão somente ao plano do direito processual e não alcança de maneira nenhuma o direito material. A renúncia ao direito deve ser expressa e inequívoca, não sendo possível extrair da simples desistê'ncia da ação renúncia ao direito material (STJ, 1.ªTurma, REsp 850.737/l\1G, rel. Min. Francisco Falcão,j.26.09.2006,DJ23.10.2006, p. 277). A renúncia pode se dar a qualquer tempo no processo. Pode-se renunciar até a formação da coisa julgada (STJ, 4.ª Turma, REsp 19.758/ RS, rei. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira,j. 03.05.l 994,DJ30.05.l 994, p.12.485). O juiz está vinculado ao ato da parte, tendo simplesmente de homologá-lo por sentença. A homo- logação depende de ser o agente capaz e de ser renunciável o direito. 9. Dever de diálogo. A decisão sobre a decadência do direito ou sobre a prescrição da pretensão deve ser precedida da devida oportunidade para que as partes influenciem-na, tendo em conta a compreensão do direito ao contraditório como direito de influência e a fundamentação como dever de diálogo encampada pelo novo Código (arts. 9.0 , 10 e 489, § 1.0 ,IV, CPC). Trata-se de desdobramento do caráter cooperativo do novo processo civil brasileiro (art. 6. 0 , CPC). Excepciona-se tão somente o caso de improcedência liminar fun- dada na decadência ou na prescrição, porque aí há oportunidade de retratação pelo próprio juízo (art. 332, § 3.0 , CPC). Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485. 1. Sempre que possível. O processo civil visa à tutela dos direitos. Especificamente em sua dimensão particular, visa à pro lação de uma decisão justa ("decisão de mérito justa e efetiva", art. 6.0 , CPC). Daí que o juiz tem o dever de colaborar a fim de que o processo seja resolvido, sempre que possível, com decisões de mérito, deixando-se de lado soluções me- ramente formais ou processuais para o litígio. Isso quer dizer que o art. 488, CPC, autoriza a quebra da ordem tradicional de exame das questões no processo civil: sempre que possível, vislumbrando o juiz a possibilidade de resolver o mérito, ainda que na ausência de determi- nado requisito para concessão da tutela jurisdicional, deverá fazê-lo, desde que a sentença definitiva proteja igualmente aquela parte a que aproveitaria a sentença terminativa. 1 ! ! 589 Novo Código de Processo Civil Comentado art. 489 Título 1 Do Procedimento Comum Seção li Dos Elementos e dos Efeitos da Sentença Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 1 t , · e conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma 1 - o re a ono, qu A • h "d d menta do pedido e da contestação, e 0 registco das principais ocorrenc1as av1 as no an a do processo; '· . . 11 _os fundamentos, em que 0 juiz analisará as questões de fato e de d1re1to; Ili_ 0 dispositivo, em que 0 juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. ,. . "d f <lamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutona, §1.ºNãosecons1 era un sentença ou acórdão, que: . 1 _se limitar à indicação, à reprodução· ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; . . "t 1·urídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de ll-empregarconce1 os sua incidência no caso; . _ Ili - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra dee1sao; IV_ não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; , . . . V_ se limitar a invocar precedente ou enunciado de sum_ula, sem 1dent1fi.car s:us fun- damentos determinantes nem demonstrar que o caso sob JUigamento se a1usta aqueles fundamentos; . d · d VI d · r de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou prece ente invoca o pela demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a supe- ração do entendimento. . , . d 1. - ntre normas 0 1·uiz deve justificar o objeto e os cntenos § 2 º No caso e co 1sao e ' · f · na . · d - f t ada enunciando as razões que autorizam a inter erenc1a gerais da pon eraçao e e u ' 1 -f tada e as premissas fáticas que fundamentam a cone usao. norma a as d . - d t d s os seus § 3.º A decisão judicial deve ser a partir ,ª con1ugaçao e o o elementos e em conformidade com o pnnop10 da boa-fe. d · - 0 Para aplicar 0 direito é preciso interpretar fatos, provas e fontes 1 Sentençae ecisa · · ·fi dotadas de autoridade institucional - notadamente leis e precedentes. Interpretar s1gn1 1ca · d. ·d alizar possíveis significados dos fatos, das provas e dos textos com que se in lVll u 1 d . 'zes valorar argumentativamente esses possíveis significados e dec1dlf sam eg1sa oreseJUl , , , · d · -· ·ri d correntes Isso quer dizer que a sentença contem vanas ec1soes entre os signi ica os con · , . . P . · · d · - bre desacordos fáticos probatonos e normativos. ara que seja interpretativas: ec1soes so ' . d E d d d d · alid de_ e portanto para que seja aceitável do ponto de vista o sta o otaaerac1on a ' ' ·de- ul tdno e · · 1 deve ser estruturada não só a partir a iorm a apresen a a onstituc1ona - a sentença . alid d d . , . d , ' CPC t bémapartirdanecessidadederac1on a e ecisor1a: a1que art 489 caput, ,mas am d . 1 . "fi - , · . ' · d' 1 nheceranecessidade determos para cada ec1são corre ata JUStl caçao. eimprescrn 1ve reco . ) A1, d · · d.b. A justificação deve ser interna (lógica) e externa (argumentativa . a lmpres:rn i 1- lid d d · "d d · t etativa desenvolvida pelo intérprete ser racional, tarnbem ore-a e eaativi a ein erpr . d · - d sê-lo· daí que as decisões interpretativas devem ser coerentes sultado a 1nterpretaçao eve · . · a]" , · ( 926 CPC) Os elementos.essenciais da sentença servem 3ustamente e uruvers 1zave1s art. , · __- Journal of Comparative Economics 35 (2007) 309–328 www.elsevier.com/locate/jce Overruling and the instability of law Nicola Gennaioli a, Andrei Shleifer b,! a University of Stockholm, 10691 Stockholm, Sweden b Harvard University, M9 Littauer Center, Cambridge, MA 02138, USA Received 2 February 2007 Available online 16 April 2007 Gennaioli, Nicola, and Shleifer, Andrei—Overruling and the instability of law We investigate the evolution of common law under overruling, a system of precedent change in which appellate courts replace existing legal rules with new ones. We use a legal realist model, in which judges change the law to reflect their own preferences or attitudes, but changing the law is costly to them. The mod- el’s predictions are consistent with the empirical evidence on the overruling behavior of the US Supreme Court and appellate courts. We find that overruling leads to unstable legal rules that rarely converge to efficiency. The selection of disputes for litigation does not change this conclusion. Our findings provide a rationale for the value of precedent, as well as for the general preference of appellate courts for distin- guishing rather than overruling as a law-making strategy. Journal of Comparative Economics 35 (2) (2007) 309–328. University of Stockholm, 10691 Stockholm, Sweden; Harvard University, M9 Littauer Center, Cambridge, MA 02138, USA. ! 2007 Association for Comparative Economic Studies. Published by Elsevier Inc. All rights reserved. JEL classification: K13; K4 Keywords: Legal evolution; Judicial lawmaking; Precedents 1. Introduction In the common law tradition, the law evolves through the creation and revision of precedents by appellate courts (Stone, 1985). There are two principal forms of such revision in common law. The first, and more typical, is distinguishing, whereby an appellate court accepts the previous * Corresponding author. E-mail address: ashleifer@harvard.edu (A. Shleifer). 0147-5967/$ – see front matter ! 2007 Association for Comparative Economic Studies. Published by Elsevier Inc. All rights reserved. doi:10.1016/j.jce.2007.02.003 http://www.elsevier.com/locate/jce mailto:ashleifer@harvard.edu http://dx.doi.org/10.1016/j.jce.2007.02.003 JournalofComparativeEconomics35(2007)309–328www.elsevier.com/locate/jceOverrulingandtheinstabilityoflawNicolaGennaiolia,AndreiShleiferb,∗a UniversityofStockholm,10691Stockholm,Sweden b HarvardUniversity,M9LittauerCenter,Cambridge,MA02138,USA Received2February2007 Availableonline16April2007 Gennaioli,Nicola,andShleifer,Andrei—Overrulingandtheinstabilityoflaw Weinvestigatetheevolutionofcommonlawunderoverruling,asystemofprecedentchangeinwhich appellatecourtsreplaceexistinglegalruleswithnewones.Weusealegalrealistmodel,inwhichjudges changethelawtoreflecttheirownpreferencesorattitudes,butchangingthelawiscostlytothem.Themod- el’spredictionsareconsistentwiththeempiricalevidenceontheoverrulingbehavioroftheUSSupreme Courtandappellatecourts.Wefindthatoverrulingleadstounstablelegalrulesthatrarelyconvergeto efficiency.Theselectionofdisputesforlitigationdoesnotchangethisconclusion.Ourfindingsprovide arationaleforthevalueofprecedent,aswellasforthegeneralpreferenceofappellatecourtsfordistin- guishingratherthanoverrulingasalaw-makingstrategy.JournalofComparativeEconomics35(2)(2007) 309–328.UniversityofStockholm,10691Stockholm,Sweden;HarvardUniversity,M9LittauerCenter, Cambridge,MA02138,USA. Ó2007AssociationforComparativeEconomicStudies.PublishedbyElsevierInc.Allrightsreserved. JELclassification:K13;K4 Keywords:Legalevolution;Judiciallawmaking;Precedents 1.Introduction Inthecommonlawtradition,thelawevolvesthroughthecreationandrevisionofprecedents byappellatecourts(Stone,1985).Therearetwoprincipalformsofsuchrevisionincommonlaw. Thefirst,andmoretypical,isdistinguishing,wherebyanappellatecourtacceptstheprevious * Correspondingauthor. E-mailaddress:ashleifer@harvard.edu(A.Shleifer). 0147-5967/$–seefrontmatterÓ2007AssociationforComparativeEconomicStudies.PublishedbyElsevierInc.All rightsreserved. doi:10.1016/j.jce.2007.02.003 art. 1.023 Marinoni - Arenhart - Mitidiero 1102 6. En1bargos de declaração e agravo interno. Segundo o Superior Tribunal de Jus- tiça, 05 embargos de declaração são o recurso correto para sanar eventual omissão na decisão judicial, não se admitindo a interposição de agravo interno para esse fim (STJ, 2.ª Turma, Agln no AREsp 545. 991/SP, rel. Mín.AssuseteMagalhães,j. 09 .08.2016, D ]e 22.08.2016 ). Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. § 1.º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229. § 2.º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada. 1. Prazo. Os embargos declaratórios devem ser opostos no prazo de 5 (cinco) dias. A oposição dos embargos ocorre com o protocolo da petição no juízo ou tribunal. Todavia, se a petição dos embargos foi simplesmente anexada aos autos do processo, tendo a par- te entregue os autos que se encontravam em seu poder em cartório ou secretaria dentro do prazo legal, deve-se considerar tempestivo o recurso (STJ,.1.ª Turma, AgRg no AgRg no REsp 861.433/SE, rel. Min. Francisco Falcão, rel. para acórdão Min. Luiz Fux, j.26.06.2007,D]25.10.2007,p.128). 2. Petição escrita. Os embargos declaratórios devem constar de petição escrita, tendo 0 embargante de apontar expressamente o ponto da decisão que reputa obsc_uro contra- ditório. Sendo o caso de omissão, deve indicar qual o fundamento que deveria ter sido con- siderado pelo tribunal e não o foi. Sendo o caso de erro material, tem o ônus de identificá-lo precisamente. Falta regularidade formal aos embargos que não se revestem dessas caracte- ósticas, não podendo, pois, ser conhecidos. Antes de não conhecê-los, porém, deve o relator viabilizar a sanação do vício (art. 932, parágrafo único, CPC). 3. Juiz. Os embargos de declaração dirigem-se ao juiz prolator da decisão ou ao relator do acórdão no tribunal. O órgão jurisdicional prolator da decisão embafgada tem o dever de responder aos embargos de declaração. 4. Preparo. Os embargos de independem de preparo. 5. Embargos de declaração com efeitos infringentes. Nada obstante o recurso de embargos de declaração vise apenas ao aperfeiçoamento da decisão judicial, patrocinando aclaramento de obscuridade, desfazimento de contradiçãp, supressão de omissão e correção de erro material, não se prestando, como regra, à obtençã,o de modificação do julgado, pode ocorrer de o acolhimento dos embargos declaratórios provocar uma alteração na substân- cia da embargada (art. 1.023, § 2.0 , CPC). Nesse caso, em que as hipóteses típicas de cabimento dos embargos declaratórios provocam a alteração do julgado, diz-se que os embargcis declaratórios apresentam efeitos infringentes - modificativos - da decisão em- bargada. Observe-se que o embargante não pretende diretamente a rediscussão da causa e conseguinte modificação no entendimento exposto pelo órgão jurisdicional na decisão 1 1 l l 1 1103 art. 1.024 Novo Código de Processo Cívil Comentado Título l! - Dos Recursos com a interposição de embargos declaratórios com efeitos infringentes. O que pretende é o aclaramento da obscuridade, o desfazimento da contradição e a supressão da omissão, que, indiretamente, acabam por modificar o julgado. Admitem-se embargos declaratórios com efeitos infringentes, ainda, contra decisões teratológicas, absurdas, em que é evidente o descompasso da decisão com o contexto fático-jurídico da causa. A jurisprudência admite excepcionalmente embargos declaratórios com efeitos infringentes nessas hipóteses (STJ, l." Turma, EDcl nos EDcl no AgRg no Ag 314.971/ES, rei. Min. Luiz Fux,j. 24.11.2004, D]3l.05.2004, p. 219). 6. Co ntrarrazões. Como os embargos de declaração não possuem, em regra, o condão de modificar substancialmente o julgado, é desnecessária a intimação da parte contrária para contra-arrazoá-los (art. 1.024, CPC). Todavia, antevendo o órgão julgador a possibilidade de outorgarem-se efeitos infringentes aos embargos de declaração, acarretando alteração na decisão embargada, é imprescindível a intimação da parte contrária para que possa exercer o direito fundamental ao contraditório, oferecendo contrarrazões ao recurso (art.1.023, § 2.0 , CPC). Decisão prolatada em embargos de declaração que modifica o julgado embargado sem a oitiva da parte contrária é nula. Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. § 1.º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequen- te, proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente. § 2.0 Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á monocraticamente. § 3.0 O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) días, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1.0 • § 4.° Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração. § 5.º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação. 1. Julgamento. O órgão jurisdicional julgará os embargos em cinco dias. Nos tribu- nais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto. Não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente (art. 1.024, CPC). Os embargos de declaração devem ser analisados pelo próprio prolator da decisão, tendo em conta que ele foi o prolator da decisão embargada, sendo a pessoa mais autorizada a esclarecer-lhe o conteúdo e a ideia, que complementará, se for o caso, a deci- são anteriormente lançada. Nessa linha, quando os embargos de declaração forem opostos art. 1.023 Marinoni - Arenhart - Mitidiero 1102 6. En1bargos de declaração e agravo interno. Segundo o Superior Tribunal de Jus- tiça, 05 embargos de declaração são o recurso correto para sanar eventual omissão na decisão judicial, não se admitindo a interposição de agravo interno para esse fim (STJ, 2.ª Turma, Agln no AREsp 545. 991/SP, rel. Mín.AssuseteMagalhães,j. 09 .08.2016, D ]e 22.08.2016 ). Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. § 1.º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229. § 2.º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada. 1. Prazo. Os embargos declaratórios devem ser opostos no prazo de 5 (cinco) dias. A oposição dos embargos ocorre com o protocolo da petição no juízo ou tribunal. Todavia, se a petição dos embargos foi simplesmente anexada aos autos do processo, tendo a par- te entregue os autos que se encontravam em seu poder em cartório ou secretaria dentro do prazo legal, deve-se considerar tempestivo o recurso (STJ,.1.ª Turma, AgRg no AgRg no REsp 861.433/SE, rel. Min. Francisco Falcão, rel. para acórdão Min. Luiz Fux, j.26.06.2007,D]25.10.2007,p.128). 2. Petição escrita. Os embargos declaratórios devem constar de petição escrita, tendo 0 embargante de apontar expressamente o ponto da decisão que reputa obsc_uro contra- ditório. Sendo o caso de omissão, deve indicar qual o fundamento que deveria ter sido con- siderado pelo tribunal e não o foi. Sendo o caso de erro material, tem o ônus de identificá-lo precisamente. Falta regularidade formal aos embargos que não se revestem dessas caracte- ósticas, não podendo, pois, ser conhecidos. Antes de não conhecê-los, porém, deve o relator viabilizar a sanação do vício (art. 932, parágrafo único, CPC). 3. Juiz. Os embargos de declaração dirigem-se ao juiz prolator da decisão ou ao relator do acórdão no tribunal. O órgão jurisdicional prolator da decisão embafgada tem o dever de responder aos embargos de declaração. 4. Preparo. Os embargos de independem de preparo. 5. Embargos de declaração com efeitos infringentes. Nada obstante o recurso de embargos de declaração vise apenas ao aperfeiçoamento da decisão judicial, patrocinando aclaramento de obscuridade, desfazimento de contradiçãp, supressão de omissão e correção de erro material, não se prestando, como regra, à obtençã,o de modificação do julgado, pode ocorrer de o acolhimento dos embargos declaratórios provocar uma alteração na substân- cia da embargada (art. 1.023, § 2.0 , CPC). Nesse caso, em que as hipóteses típicas de cabimento dos embargos declaratórios provocam a alteração do julgado, diz-se que os embargcis declaratórios apresentam efeitos infringentes - modificativos - da decisão em- bargada. Observe-se que o embargante não pretende diretamente a rediscussão da causa e conseguinte modificação no entendimento exposto pelo órgão jurisdicional na decisão 1 1 l l 1 1103 art. 1.024 Novo Código de Processo Cívil Comentado Título l! - Dos Recursos com a interposição de embargos declaratórios com efeitos infringentes. O que pretende é o aclaramento da obscuridade, o desfazimento da contradição e a supressão da omissão, que, indiretamente, acabam por modificar o julgado. Admitem-se embargos declaratórios com efeitos infringentes, ainda, contra decisões teratológicas, absurdas, em que é evidente o descompasso da decisão com o contexto fático-jurídico da causa. A jurisprudência admite excepcionalmente embargos declaratórios com efeitos infringentes nessas hipóteses (STJ, l." Turma, EDcl nos EDcl no AgRg no Ag 314.971/ES, rei. Min. Luiz Fux,j. 24.11.2004, D]3l.05.2004, p. 219). 6. Co ntrarrazões. Como os embargos de declaração não possuem, em regra, o condão de modificar substancialmente o julgado, é desnecessária a intimação da parte contrária para contra-arrazoá-los (art. 1.024, CPC). Todavia, antevendo o órgão julgador a possibilidade de outorgarem-se efeitos infringentes aos embargos de declaração, acarretando alteração na decisão embargada, é imprescindível a intimação da parte contrária para que possa exercer o direito fundamental ao contraditório, oferecendo contrarrazões ao recurso (art.1.023, § 2.0 , CPC). Decisão prolatada em embargos de declaração que modifica o julgado embargado sem a oitiva da parte contrária é nula. Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. § 1.º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequen- te, proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente. § 2.0 Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á monocraticamente. § 3.0 O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) días, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1.0 • § 4.° Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração. § 5.º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação. 1. Julgamento. O órgão jurisdicional julgará os embargos em cinco dias. Nos tribu- nais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto. Não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente (art. 1.024, CPC). Os embargos de declaração devem ser analisados pelo próprio prolator da decisão, tendo em conta que ele foi o prolator da decisão embargada, sendo a pessoa mais autorizada a esclarecer-lhe o conteúdo e a ideia, que complementará, se for o caso, a deci- são anteriormente lançada. Nessa linha, quando os embargos de declaração forem opostos