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1 EFEITO DO SISTEMA DE MANEJO SOBRE A ATIVIDADE DOS ORGANISMOS EDÁFICOS JESUS, J.A.; JESUS, M.S.; SANTOS SILVA, G.M.S.; FARO, I.A.M.; SANTOS, R.V.¹ ¹ Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Bahia, Brasil. INTRODUÇÃO A fauna edáfica é constituinte chave do solo, em sua composição se encontram animais invertebrados que utilizam o solo como ambiente favorável para passarem todo ou parte do seu ciclo vital. Tais organismos desempenham uma infinidade de tarefas no solo e o aumento ou diminuição da sua densidade, diversidade e uniformidade é reflexo das condições ambientais (NUNES, 2011). Os organismos do solo são capazes de modificar suas características químicas, físicas e biológicas. E sua qualidade pode ser definida como a capacidade do mesmo em desempenhar funções dentro dos ecossistemas, como meio de suporte e desenvolvimento vegetal e de uma diversa biota faunística, atuando ainda como compartimento em ciclos biogeoquímicos importantes, tais como o ciclo da água e do carbono e como meio de descarte e retenção de elementos e resíduos (DORAN & PARKIN, 1994). A microbiota do solo atua em diferentes funções como ciclagem de nutrientes, melhoria das propriedades físicas, manutenção do equilíbrio biológico do solo, fragmentação de resíduos vegetais e regulação da taxa de decomposição da matéria orgânica, que interferm diretamente nos ciclos biogeoquímicos dos nutrientes e, consequentemente, na sua disponibilidade no solo. Sendo assim, a biomassa microbiana total do solo funciona como importante reservatório de vários nutrientes das plantas (Grisi & Gray, 1986), podendo ser considerada como indicadora das alterações resultantes do manejo do solo. Os principais fatores que afeiam a densidade e atividade dos microrganismos edáficos são as condições físico-químicas do solo e seu uso e manejo, associados com as variações climáticas. Desses fatores, o manejo do solo será determinante do comportamento físico e químico do solo, influenciará a ação do clima sobre o mesmo, controlando sua temperatura e umidade; sendo assim, o manejo do solo tem uma ação direta sobre a microbiota (CARVALHO, 1997). É sabido que os sistemas de preparo e cultivo do solo podem modificar a diversidade e densidade dos mais diversos grupos de organismos edáficos. Sendo o sistema de preparo convencional responsável pela redução da diversidade da fauna edáfica, pela intensa mobilização do solo. Enquanto que, o sistema de plantio direto pode resultar em maior 2 diversidade de organismos por apresentar mínima mobilização do solo e a permanência de restos culturais sobre a superfície. Diante deste contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos do sistema de manejo sobre os organismos edáficos. MATERIAIS E MÉTODOS 1 - Caracterização da área O estudo foi realizado no campo experimental da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, situada na cidade de Cruz das Almas, onde ocorre a predominância do clima tropical quente úmido e temperaturas que variam entre 21 e 30ºC. As coletas foram realizadas em duas áreas, sob dois o sistema de manejo do solo: sistema agroflorestal com cultivo de Angico (Píptadenia macrocarpa Bent) e sistema de plantio direto com cultivo de Pastagem (Brachiaria spp). A área sob plantação de angico possui uma área de .........., apresenta vegetação arbórea, (próprio angico), vegetação rasteira, presença de artrópodes, em especial formigas e coleópteros e uma camada média de serapilheira. 2 - Coleta do solo para análise microbiológica do solo Para análise microbiológica, a amostragem do solo foi realizada de modo que, foram coletadas 16 subamostras na camada de 0-20 cm, com trado Holandês, partindo de um ponto principal, as subamostras foram definidas em radiais de 3 e 6 do mesmo metros para compor no total uma amostra composta, que foi armazenada em saco plástico e encaminhada para o laboratório de microbiologia para realização das demais análises. A cada amostragem, o trado foi flambado com álcool 70°, para evitar contaminação. 3 - Coleta de solos para análise de Macro e Mesofauna Nos sistemas em estudo, foi definido aleatoriamente um ponto para amostragem onde a coleta da fauna foi realizada com auxílio de um monólito, com área de amostragem de 50 x 50 x 20 cm, sendo primeiramente coletado nessas dimensões todo resíduo vegetal da superfície e serapilheira. Após isso o monólito foi introduzido e todo o solo ali contido foi coletado com auxílio de pás e enxadas. O solo e a serapilheira foram separados, identificados e acondicionados em sacos plásticos devidamente identificados. Nesse procedimento a amostra coletada e a macrofauna foi visualizada a olho nu, para ser realizado a contagem, sendo separados em recipientes para organismo de corpo duro, e em recipientes contendo álcool 70% para os de corpo mole. 3 Posteriormente os materiais coletados (coleta de fauna e amostragem do solo) foram encaminhados para laboratório de Biologia do Solo, onde foram refrigerados, a uma temperatura de 4º C. Após 8 dias, ocorreu a triagem manual de todo material. RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela II - Peso do material coletado do em campo: Manejo Peso do solo Quantidade de organismos Quantidade de organismos - serapilheira Pastagem 140, 43 g 0 3 Angico preto 611,46 g 0 2 Não foram encontrados organismos em nenhum dos dois sistemas de manejo, isso deve- se ao fato da época do ano ser seca e sem chuvas. Na serapilheira da pastagem, foram encontrados três organismos, enquanto no anjico preto, dois. Densidade de macrofauna por hectare: Área do monólito: 2(a.b) + 2(b.c) + 2(a.c) a=0,5m b=0,5m c=0,2m Área do monólito = 2(0,5 x0,5) + 2(0,5 x 0,2) + 2(0,5 x 0,2) = 0,9m² Pastagem: 1 hectare----10000m² 10000/0,9= 11111,1 monólitos/ha 11111,1 x 3 = 33333,3 macrofauna (ha). Angico preto: 1 hectare----10000m² 10000/0,9= 11111,1 monólitos/ha 11111,1 x 2= 22222,2 macrofauna (ha). Tabela III - Estimativa de densidade de microrganismos em diferentes sistemas de manejo: Manejo 10 -1 10 -2 10 -3 10 -4 10 -5 10 -6 10 -7 10 -8 6 0 1 300 4 Pastagem >300 >300 >300 >300 300 1 1 60 Angico preto >300 >300 >300 0 0 10 0 0 >300 >300 300 0 De acordo com a estimativa realizada a olho nu sobre o número de colônias nas placas de Petri do experimento, observou-se o valor de 03 x 10-6 unidades formadoras de colônia/g de solo na amostra de angico preto, e 03 x 10-7 unidades formadoras de colônia/g de solo na amostra de pastagem. A estimativa demonstra que a área de pastagem (Brachiaria spp) apresentou maior densidade populacional de microrganismos do que a área que contém angico preto (Píptadenia macrocarpa Bent). Provavelmente, isso ocorre devido à alta diversidade e baixa densidade populacional na área de angico preto. Já na área de pastagem, devido à baixa diversidade, ocorre um aumento populacional dos microrganismos e que será benéfico para o processo de mineralização dos compostos orgânicos no solo. Nesse caso, o que influencia é a cobertura vegetal, onde em uma situação de seca, a gramínea tem grande capacidade de cobrir o solo e exudar compostos orgânicos na rizosfera. CONCLUSÃO A área de pastagem apresentou maior densidade populacional de organismos edáficos do que a área de anjico preto. REFERÊNCIAS BARETTA, Dilmar et al. Efeito do cultivo do solo sobre a diversidade da fauna edáfica no planalto sul catarinense. Revista de Ciências Agroveterinárias, v. 5, n. 2, p. 108-117, 2006. DORAN, J.W.; PARKIN, T.B. Defining and assessing soil quality. In: DORAN, J.W. et al. (Eds). Defining soil quality for a sustenaible environment. Madison: Soil Science Society of America, 1994. p.3-21. (Special publication, 35). NUNES, Luís Alfredo Pinheiro Leal et al. Caracterização da fauna edáfica em sistemas de manejopara produção de forragens no Estado do Piauí. Revista Ciência Agronômica, v. 43, n. 1, p. 30-37, 2011. 5 SIQUEIRA, Glecio Machado et al. Diversity of soil macrofauna under sugarcane monoculture and two different natural vegetation types. African Journal of Agricultural Research, v. 11, n. 30, p. 2669-2677, 2016. CARVALHO, Yane de. DENSIDADE E ATIVIDADE DOS MICRORGANISMOS DO SOLO EM PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL, NA REGIÃO DE CARAMBEÍ – PR. 1997. 117 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, 1997. Disponível em:<http://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/28701?show=full>. Acesso em: 14 mar. 2017.
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