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PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO Gabriel Godoi Diferenças de gênero e educação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Listar diferentes teorias sobre o desenvolvimento dos gêneros, culti- vando postura contrária ao preconceito. Reconhecer os mecanismos de classificação presentes na sociedade, por meio dos “papéis de gênero”. Participar no esforço de propagação de novos paradigmas, na so- ciedade, de respeito à diversidade e de igualdade de tratamento em relação ao gênero. Introdução Neste capítulo, vamos estudar sobre o conceito de gênero, suas mudanças e diferentes teorias, que tentam explicar a sexualidade humana em seus mais diferentes níveis de complexidade, passando pela pura biologia dos corpos até as estruturas sociais que mantêm determinados compor- tamentos conectados com certo padrão de gênero. Você terá contato com a discussão de gênero para que possa problematizar os estereótipos incutidos nas crianças de sua sala de aula, evitando, assim, que alguns estudantes sejam excluídos pela forma como se vestem ou se vêem. Vamos entender o que é binaridade de gênero e como ela repercute na criação dos papéis de gênero (responsabilidades atribuídas a homens e mulheres) e estereótipos de gênero (ideias de como um homem e uma mulher devem ser, agir e pensar). Além disso, vamos entender como essas marcações de gênero podem afetar a vida das pessoas ao longo de seu desenvolvimento, podendo incentivar ou atrasar seus potenciais (SANTROCK, 2009). Você vai compreender como a formação dos papéis de gênero ajudou a criar uma disparidade histórica entre homens e mu- lheres (SCOTT, 1995) e a invisibilizar outras possibilidades de sexualidade e o entendimento do corpo, como a população LGBT e os indivíduos intersexo (BUTLER, 2000). Por fim, vamos nos dar conta de algumas atitudes, muito comuns nas escolas, mas que podem produzir sujeitos com baixa autoestima e atravancar o desenvolvimento do potencial completo dos alunos. Para suplantar essas atitudes, também vamos aprender maneiras de desenvol- ver os conteúdos de aula de forma a promover a diversidade de gênero, propiciando um bom ambiente escolar para o desenvolvimento de todos os estudantes. O que é o gênero? Os estudos de gênero têm diferentes linhas teóricas que buscam defi nir um conceito adequado para gênero. Desde as epistemologias históricas e antropo- lógicas até as dimensões médico-positivistas, diversos são os autores buscam um conhecimento mais profundo da forma como se devem entender os corpos humanos, seus modos de viver e se relacionar. Scott (1995) diz que a palavra “gênero” foi inicialmente produzida dentro dos movimentos feministas estadunidenses, que queriam enfatizar o caráter fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo biológico. San- trock (2009) coloca que gênero pode ser pontuado em diferentes dimensões da vida e do desejo humano, englobando os relacionamentos interpessoais com membros de seu grupo, as interações histórico-sociais e, até mesmo, o entendimento subjetivo dos próprios corpos e desejo de ser ou se relacionar com o feminino ou masculino. Dessa forma, podemos compreender que gênero é diferente de sexo, pois este pode referir-se tanto às dimensões biológicas de ser mulher ou homem, como também querer remeter a uma parte do gênero humano, àquela que nos faz sentir atração por determinado gênero. No entanto, o gênero é um campo social construído por diversas lutas do movimento feminista e suas pensadoras. Portanto, ainda há muito para ser discutido dentro dos estudos de gênero acerca da complexidade dos corpos humanos e da forma como se relacionam. Também há muito trabalho a ser feito para desmistificar a ideia ultrapassada de que existe alguma imanência inerente nos corpos humanos: o chamado binarismo sexual — ou seja, a ideia de que todos os seres humanos são homens ou mulheres. A organização binária de gênero propicia a ideia de papéis dos gêneros, que seriam expec- tativas sociais que determinam como homens e mulheres devem pensar, agir Diferenças de gênero e educação2 e sentir, incutidas nos corpos como se fossem ideias inerentes e biológicas. Na seção a seguir, você conhecerá algumas das teorias sobre o gênero e seu desenvolvimento. Gênero: biologia versus cultura A categoria “gênero” tem duas correntes mais fortes de onde derivam teorias específi cas, dependendo da epistemologia de cada autor. Certos analistas colocam um peso maior no desenvolvimento de gênero para o fator biológico presente na questão, enquanto outros autores se focam nos fatores cognitivos e sociais, entendendo que a biologia deriva dos entendimentos de cada sociedade (LIPPA, 2005; SCOTT, 1995). As visões biológicas buscam entender a complexidade dos corpos humanos por meio das diferenças genéticas, fenotípicas e hormonais de um. Mais do que compreender que determinados seres nascem com pênis e outros com vaginas, os analistas de viés biológico nos mostram que existem diversas diferenças inerentes aos corpos e que independem da sociedade, como, nos seres humanos, o 23º par de cromossomos (cromossomos sexuais), que determinam se o feto será́ do sexo feminino (XX) ou masculino (XY). Outros analistas vão mais a fundo, comparando as diferenças estruturais entre os cérebros de homens e mulheres (LIPPA, 2005). Um exemplo da dife- rença real entre um sexo e outro é o hormônio andrógeno, que se encontra muito mais ativo nos cérebros dos homens. Diversas pesquisas mostram que, se um alto nível de andrógeno influencia diretamente o funcionamento do cérebro que, por sua vez, exacerba alguns comportamentos como agressão ou nível de atividade, então, o efeito biológico é direto. Se o alto nível de andrógeno de uma criança produz um forte desenvolvimento muscular, portanto os meninos teriam um potencial de desenvolvimento de força e velocidade maiores que o das meninas (SANTROCK, 2009). No entanto, Lippa (2005) nos mostra que existem muito mais semelhanças do que diferenças entre o cérebro das mulheres e o dos homens. Além disso, já é comprovado que o cérebro tem uma plasticidade muito grande , podendo ser modificado de maneiras muito abrangestes, dependendo da cultura, edu- cação e de experiências de cada indivíduo durante seu crescimento. Dessa forma, existem muitas críticas ao entendimento biológico de gênero. Lugones (2008) coloca a questão dos indivíduos intersexuais como balizador do debate. Segundo a autora, a sociedade assume que o sexo é binário, não apresentando nenhuma ambiguidade, sendo facilmente determinado por meio da análise 3Diferenças de gênero e educação de fatores biológicos. Porém, muitos estudos médicos e antropológicos sus- tentarem o contrário. Greenberg (2002) argumenta que, ao longo da história dos Estados Unidos, a lei não reconheceu os sujeitos intersexuais, apesar de que cerca de 4% da população mundial ser composta por estes indivíduos. Para o autor, essa é uma prova de que não há espaço dentro da sociedade atual para pessoas que não se encaixem na binaridade de gênero. Lugones (2008) continua, ao dizer que as crianças XY (genética masculina) que possuem pênis “disfuncionais” majoritariamente são convertidas em meninas por meio de cirurgias. Esse procedimento se dá porque a sociedade acredita que a essência do gênero masculino é o poder de “penetrar uma vagina ou urinar de pé”. Da mesma forma, crianças XX (genética feminina) com pênis “funcionais” serão ade- quadas cirurgicamente para serem meninas, porque o imaginário social, e muitos membros da comunidade médica, entendem que é mais importante para a mulher a capacidade de ter filhos do que ter relacionamentos sexuais satisfatórios. Greenberg (2002) complementa ao dizer que frequentemente os indivíduos intersexuais são convertidos em meninos ou meninas, cirúrgica e hormonal- mente. Esses casos impactam a vida dos sujeitos e são importantes em diversas situações legais, como: o direito de mudarde nome em documentos oficiais; a capacidade de ser representado judicialmente em casos de discriminação sexual no trabalho; e o direito ao casamento. Como pudemos observar, diversos analistas criticam a visão biológica, pois entendem que ela não pode ser compreendida como único fator influenciador do desenvolvimento de gênero e suas diferenças. Louro (2000) concorda, afirmando que, quando atitudes e comportamentos de gênero estão em ques- tão, as experiências de socialização com pares e cuidadores das crianças, a influência da sociedade e da mídia contam muito para esse desenvolvimento. Lippa (2005) explica que meninas e meninos são tratados de maneira diferente por causa de suas diferenças físicas e de seus papéis na reprodução. Se ques- tionando se as influências biológicas e ambientais são diretas ou indiretas, que, por sua vez, fazem com que os outros criem a expectativa de que essa criança será um bom atleta e, por isso, passem a induzir a criança a praticar esportes competitivamente, então, o efeito biológico sobre o comportamento é mais indireto. Muitos analistas que criticam a visão biológica partem das visões de socialização e têm um arcabouço teórico muito mais rico e atual que o entendimento puramente biológico. Tanto a teoria psicanalítica quanto a sociocognitiva descrevem experiências sociais que influenciam o desenvolvimento de gênero da criança, além das Diferenças de gênero e educação4 teorias histórico-social de Joan Scott, a queer, alavancada por Judith Butler, e o decolonialismo feminista, com diversas autoras, dentre elas Maria Lugones. A teoria psicanalítica de gênero se origina da visão freudiana acerca do desenvolvimento psicossexual das crianças. Freud (2016) entende que a criança em idade pré-escolar desenvolve uma atração sexual pelo progenitor do sexo oposto. Esses sentimentos são marcações de diversas fases do desenvolvimento infantil, desde os primeiros seis meses de vida até a adolescência. Assim, aos cinco ou seis anos de idade, a criança renuncia a essa atração por causa dos sentimentos de ansiedade social e do desenvolvimento de uma dimensão moral (superego), que regularia os desejos, relegando aqueles que são inadequados para o subconsciente. Subsequentemente, a criança se identifica com o proge- nitor do mesmo sexo, adotando inconscientemente suas características, numa tentativa remodulada de conquistar o “cuidador” idealizado. A teoria psicanalítica nos fornece um entendimento profundo e abrangente sobre como o gênero se desenvolve. No entanto, os analistas mais atuais do campo nos mostram que as ideias de Freud não servem como entendimento final, pois não propõem a pensar o desenvolvimento de pessoas intersexo (andrógenos), LGBT ou queer, que flutuam entre diferentes gêneros (BU- TLER, 2000). Enquanto isso, a teoria sociocognitiva de gênero enfatiza que o desenvol- vimento de gênero e das preferências sexuais durante a infância e adolescência ocorre por meio da observação e imitação do comportamento de pares e figuras de respeito (condicionamento vicário), e, também, mediante recompensas e punições que as crianças experienciam por meio de comportamentos apropria- dos e inapropriados nesse aspecto (SKINNER, 1965; LOTUFO NETO, 1993). Na contramão das ideias psicanalíticas, os pensadores sociocognitivos Skinner (1965) e Pereira (2006) não acreditam que o apaixonamento infantil pelos pais seja o balizador das identificações de gênero que a criança fará ao longo de seu desenvolvimento. A teoria sociocognitiva compreende que tanto os cuidadores quanto a sociedade usam diariamente recompensas e punições para ensinar suas crianças a serem femininas ou masculinas — sendo que o balizador mais comum para se assumir uma postura que propicie maiores recompensas a um tipo de comportamento ou outro seria o sexo dos bebês. Os amigos, os pares e a própria sociedade como um todo também recom- pensam e punem comportamentos de gênero (RUBIN; BUKOWSKI; PARKER, 2006). Ao observar seus pares em casa, na escola, na vizinhança e na televisão, as crianças são amplamente expostas a uma gama de modelos que apresentam comportamentos adequados para seres femininos e masculinos. A teoria do esquema de gênero é, dentro do viés da sociocognição, a teoria cognitiva de 5Diferenças de gênero e educação maior aceitação pelo campo, pois define que a tipificação do gênero surge gradualmente conforme a criança desenvolve esquemas do que é apropriado e inapropriado ao gênero em sua cultura. Entretanto, os analistas que criticam a visão sociocognitiva entendem que ela relega os seres humanos a uma passividade irreal, sendo que as crianças também constroem, em seu ambiente, formas de serem recompensadas ou punidas. Dessa forma, devem ser levados em conta a cultura, a etnicidade e o status socioeconômico para se ter uma noção verdadeiramente concreta de como o gênero se desenvolveria nos seres humanos. Além disso, a teoria sociocognitiva também não leva em conta os movimentos macroestruturais da sociedade, como as mudanças sociais, as diferenças geradas por políticas socioeconômicas, entre outras. Portanto, questões importantes que impactam na mudança dos comportamentos de gênero não são totalmente compreendidas por essas teorias. Por exemplo, durante a segunda revolução feminista, houve um aumento radical no número de mulheres que saíam para as ruas para pedir por melhores empregos, direito de voto (SCOTT, 1995). Ou, então, nos anos 70 e 80, época dos movimentos de direitos civis dos negros e LGBTs nos Estados Unidos, houve um acréscimo no número de indivíduos que se assumiam gays ou lésbicas, assim como houve uma diminuição no número de mortes da população feminina negra e LGBT (BUTLER, 2000). Todas essas mudanças derivam de outras mudanças sociais ocorridas nos territórios e que não são levadas em conta pelos pensadores sociocognitivos. Os andrógenos, que foram descobertos em 1936, também são chamados de hormônios androgênicos ou testoides. Eles também são os esteroides anabólicos originais e precursores de todos os estrógenos, os hormônios sexuais femininos. O primeiro e mais bem conhecido andrógeno é a testosterona. Como o gênero se classifica socialmente? Como vimos na seção anterior, ainda há muita discussão acerca dos limites dos estudos de gênero. No entanto, o que é comum a todos os analistas é que a sociedade é um dos componentes fundamentais, em maior ou menor grau de importância, para a afi rmação e manutenção de determinados conjuntos de Diferenças de gênero e educação6 comportamentos adequados a determinados gêneros, sendo majoritariamente ideias de feminino para corpos com vagina e de masculino para corpos com pênis. Rodrigues (2005) concorda, citando que o conceito de gênero, como cul- turalmente construído, distinto de sexo, que seria naturalmente adquirido, formou o par sobre o qual as teorias feministas inicialmente se basearam para defender perspectivas “desnaturalizadas”, sob as quais se dava, no senso comum, a associação do feminino com fragilidade ou submissão, e que até hoje serve para justificar preconceitos. Santrock (2009) complementa ao afirmar que muitos pais segregam e selecionam determinados tipos de brinquedos e brincadeiras para meninos e meninas. Dessa forma, as meninas costumam ganhar bonecas e instrumentos de limpeza, cozinha e cuidado (como panelas, fogões, vassouras e berços). Quando essas meninas estão grandes o suficiente, são requisitadas para tarefas de babá e estimuladas a se envolverem muito mais com tarefas da casa, como limpar e lavar. Além disso, as meninas são muito mais incentivadas a serem carinhosas e demonstrarem emoções do que os meninos. As crianças, cujos corpos têm pênis, são muito mais estimuladas a terem atitudes agressivas, a brincar de lutas ou de matar, e poucas vezes são ensinadas a demonstrar emoções, pois ainda há o entendimento de que chorar ou ser sensível não faz parte de características masculinas. Ao passar dos anos,quando chegam à adolescência, meninos e meninas também sofrem regras distintas de conduta, sendo que os pais dão mais liberdade a seus filhos do que às suas filhas, além de que estas assumem muito mais cedo as tarefas domésticas. Os amigos e grupos sociais também agem de forma a regular (recompen- sando ou punindo) os comportamentos ligados ao gênero. Rubin, Bukowski e Parker (2006) observaram as classes do ensino fundamental no pátio de um colégio nos Estados Unidos, sendo que os pesquisadores caracterizaram o playground como “escolas de gênero”. No primário, meninos usualmente ficaram com meninos, e meninas com meninas, e foi mais fácil uma menina “travessa” se juntar aos grupos de meninos, do que meninos com jeito “fe- minino” se juntar aos grupos de meninas — isso por causa da grande pressão de nossa sociedade sobre os meninos em termos de tipificação dos sexos. A mídia também tem um papel na assunção de gênero, retratando mulheres em papéis específicos e normalmente como subalternas aos homens (SCOTT, 1995). Tanto em propagandas, quanto em filmes e desenhos, o papel da mulher vem divergindo da extrema sexualização de seus corpos até a docilização total, onde elas não têm nenhuma representatividade para as tramas, sendo majoritariamente as “princesas indefesas”. Por outro lado, os meninos ganham 7Diferenças de gênero e educação muito maior protagonismo e representatividade dentro das mídias. No entanto, não podemos esquecer que o gênero não existe sozinho, mas está inserido em uma cultura com diversos outros eixos de análise, como a etnia e a classe social. Dessa forma, temos que ressaltar que meninos não brancos também sofrem da falta de representação em mídias de entretenimento, porém não sofrem com a objetificação e hipersexualização dos seus corpos, o que ocorre com basicamente todas as meninas que convivem com o meio do entretenimento (LUGONES, 2008). Todos esses comportamentos que são relegados automaticamente a de- terminado gênero ajudam a construir, no imaginário social, os estereótipos de gênero, que refletem impressões e crenças sobre qual comportamento é apropriado para mulheres e para homens. Todos os estereótipos se referem a imagens caricaturais, excludentes e reducionistas de determinado ser humano a partir de uma determinada característica — nesse caso, o seu gênero. Esses estereótipos não são constantes, assim como o próprio gênero não é. Portanto sofrem mudanças com o passar dos anos e do avanço sociocultural (BUTLER, 2000). Assim, o desenvolvimento muscular pode ser considerado masculino por determinadas culturas, enquanto, em outro período, um físico mais esguio pode ser considerado masculino. Ou, então, o cabelo longo, que na Grécia clássica era uma característica voltada ao masculino e, hoje em dia, é voltada ao feminino. Scott (1995) completa ao afirmar que a classificação do papel do gênero envolve avaliar meninos e meninas em termos de grupos de traços de persona- lidade. No passado, considerava-se que um homem deveria ser independente, ter comportamentos agressivos de dominação e não demonstrar qualquer tipo de emoção (pois era considerada fraqueza). Uma mulher competente deveria ser dependente, carinhosa e não ter interesse pelo poder. Ao mesmo tempo, de modo geral, características masculinas eram vistas pela sociedade como saudáveis e boas, enquanto características femininas eram consideradas indesejáveis. Raffaelli e Ontai (2004) comentam também que as origens étnicas e cul- turais influenciam a maneira como meninos e meninas serão socializados e quais comportamentos seriam considerados masculinos e femininos. Diversos estudos indicaram que os meninos e as meninas adolescentes latinos são socia- lizados de maneira diferente à medida que crescem. Mesmo assim, basicamente todas as mulheres das Américas do Sul e do Norte experimentaram menos liberdade de horários, maior risco de sofrer crimes sexuais e mais restrições para estabelecer relacionamento de qualquer tipo com pessoas do sexo oposto. Santrock (2009) diz que, quando as crianças ingressam no sistema de ensino, elas já têm um conhecimento considerável sobre quais atividades estão Diferenças de gênero e educação8 associadas a ser homem ou mulher. Louro (2000) complementa, afirmando que esses estereótipos são ainda mais reforçados dentro das escolas. Corrigan (1988) reforça ao relatar algumas de suas experiências de infância para comentar sua análise da construção do gênero dentro das instituições educacionais. Por meio de algumas lembranças particulares, ele descreve e analisa seu próprio processo de escolarização do corpo e a produção de uma masculinidade padrão, demonstrando como a escola influencia em determinado ponto a assunção de um gênero específico ainda calcado na noção de binaridade. Essas influências são sutis, validadas socialmente e, quase sempre, eficientes e duradouras. Destaca, principalmente, as memórias de sua entrada em uma grande escola particular inglesa: “— o primeiro dia ficou impresso com horror para o resto de minha vida”, diz ele. “As regras de Aske (o nome da escola) permi- tiam — para melhor manufaturar os comportamentos do menino — formas legitimadas de violência exercidas por alguns garotos maiores sobre os novos”. Conforme ele conta, a “produção do menino” era um projeto amplo, integral, que se desdobrava em inúmeras situações e tinha como alvo uma determinada forma de masculinidade. Era uma masculinidade dura, forjada no esporte, na competição e numa violência consentida. Na percepção de Corrigan (1988), todos os investimentos eram feitos no corpo e sobre o corpo. Nas escolas, segundo ele, os corpos “são ensinados, disciplinados, medidos, avaliados, examinados, aprovados (ou não), categorizados, magoados, coagidos, consen- tidos...”. A passagem pela adolescência, numa rígida escola inglesa, deixaria para sempre marcas no seu corpo. Louro (2000) também comenta sobre suas memórias escolares: cita que a escola também deixou marcas expressivas em seu corpo e ensinou a usá-lo de uma determinada forma: Numa escola pública brasileira predominantemente feminina, os métodos foram outros, os resultados pretendidos eram diversos. Ali nos ensinavam a sermos dóceis, discretas, gentis, a obedecer, a pedir licença e desculpas. Cer- tamente, também nos ensinaram as ciências, as letras, as artes que deveríamos manejar para sobreviver socialmente. Mas essas informações e habilidades foram transmitidas e atravessadas por sutis e profundas imposições físicas (LOURO, 2000, p. 11). Finalmente, por mais que as escolas também tenham influência na assun- ção de determinados comportamentos estereotipados, relacionados com o gênero que o ambiente social julga ser o mais adequado para os sujeitos, não podemos atribuir a elas a responsabilidade de explicar as identidades sociais, muito menos a de determiná-las de forma definitiva. No entanto, é essencial reconhecer a forma como as instituições de ensino atuam no cotidiano, se 9Diferenças de gênero e educação propiciam para que haja separação de gênero e fortificação em comportamento de ideais. O que Santrock (2009) considera de responsabilidade da escola é tentar promover um ensino desprovido de sexismo, ou seja, sem o preconceito e a discriminação contra um indivíduo por causa do seu sexo. Dizer que uma menina não pode jogar futebol apenas pelo fato de ser menina está errado, assim como dizer que o menino não pode chorar ou nem brincar de bonecas se assim desejar — essas expressões são sexistas. É necessário que se faça uma transcendência do papel de gênero ou do modo de ver que os comportamentos das pessoas não têm um ideal de masculino ou feminino mais apropriado, mas que, sim, devem ser levadas em conta as experiências individuais de cada um. Além disso, a cultura é importante para considerar o gênero, entendendo que ele não é inerente, mas que muda dependendo do local e do momento sócio-histórico (BEST, 2001). Como pudemos perceber duranteesta seção, o gênero é a forma pela qual os seres humanos decidem seus corpos, como se moverão, como se vestirão, como se entenderão e com quais outros corpos se relacionarão. O gênero não é uma construção de pensamento que esteja atrelada ao sexo, tanto no sentido de se relacionar, quanto no sentido do sexo biológico (ter pênis ou ter vagina). A ideia de gênero transcende a de sexo, ao compreender todas as instâncias reacionais e performativas dos corpos humanos (BUTLER, 2000). Também não se limita a binaridade Homem-Mulher, o gênero inclui as pessoas LGBT e as pessoas que possuem uma identidade de gênero fluída, ou queer, que mudam seu gênero de tempos em tempos. Por fim, ao entender de que forma o gênero suplantou a ideia limitante de sexo biológico, o intuito deste material é que você possa propor atividades acadêmicas que também transcendam os papéis de gênero em suas salas de aula, para que todos os estudantes possam se desenvolver da forma como melhor se entenderem na sociedade. Androginia ou pessoas intersexo se referem a indivíduos que nasceram com a presença de características fenotípicas e genéticas, tanto femininas quanto masculinas, sendo que essas podem ser inteiramente funcionais ou não. Diferenças de gênero e educação10 Como promover a diversidade de gênero — identificando atitudes sexistas Durante esta seção, você vai entrar em contato com algumas atitudes e propos- tas que podem ser adaptadas nas instituições de ensino nas quais você trabalha. Essas propostas visam à extinção da disparidade entre homens e mulheres e entre indivíduos heterossexuais e indivíduos que apresentem outra sexualidade no âmbito educacional. A principal questão para se diminuir essa disparidade de gênero seria problematizar os estereótipos de gênero dentro das escolas. Os estereótipos de gênero fazem parte da nossa cultura e estão no imaginário social dos alunos e professores de todas as escolas. Assim, os educadores têm de estar sempre atentos para não promoverem atitudes que estejam embasadas em ideias sexistas de gênero. Entretanto, não é tarefa fácil conseguir manter- -se afastado de todo o tipo de sexismo, principalmente porque muitas dessas atitudes são tomadas subconscientemente pelos indivíduos. A seguir, listamos algumas evidências de que há sexismo nas interações entre professor e aluno em relação aos meninos. Ser obediente, cumpridor de regras, asseado e pacífico — são exemplos de comportamentos valorizados e enfatizados na criação de meninas, mas também são necessários em todas as salas de aula. Portanto, ana- lise se está cobrando o comportamento da mesma forma de meninos e meninas. Identificam-se mais meninos com problemas de aprendizado do que meninas, pois eles são incentivados a terem muito mais comportamentos agressivos para atingirem seus objetivos e quando têm dificuldades. Verifique se está dando atenção aos problemas de meninos e meninas na mesma medida. Os educadores costumam ignorar que muitos meninos estão claramente enfrentando problemas emocionais e não têm, na maioria dos casos, um ambiente propício para demonstrar emoções. Verifique se está utilizando frases como: “meninos não choram” ou “você tem que ser forte”, para os meninos da sua turma. O sexismo, embora atinja meninos e meninas, têm repercussões muito mais graves e limites muito rígidos na criação e no desenvolvimento das mulheres (SCOTT, 1995). Dessa forma, verifique se as seguintes situações, descritas por Santorck (2009), acontecem em sua sala de aula. 11Diferenças de gênero e educação Durante a aula, as meninas são menos bagunceiras do que os meninos. Dessa forma, os educadores costumam dar mais atenção aos garotos, enquanto as meninas esperam passivamente a sua vez. Verifique se essas atitudes não propiciam para que as meninas da sala de aula se tornem menos assertivas, diminuindo seu desenvolvimento de liderança e proatividade. Devido ao desenvolvimento esperado pelos meninos, é comum que os educadores passem muito tempo interagindo com eles, enquanto que as meninas trabalham e brincam tranquilamente sozinhas. Verifique se essas situações acontecem em sua sala de aula, pois conviver menos com o professor diminui o potencial de aprendizagem das meninas, fazendo com que tenham uma queda cada vez maior em relação aos meninos em matérias como matemática e ciências. O imaginário social nos diz que os meninos são mais preparados para trabalhar fora de casa, enquanto as meninas devem cuidar das tarefas da casa. Isso faz com que os meninos recebam maiores instruções acerca dos conteúdos de aula e, também, tenham mais tempo e chances para responder uma pergunta corretamente. Verifique se você não está inconscientemente diminuindo as chances das meninas para aprender os conteúdos, pois isso também propicia para que elas tenham mais dificuldades escolares com o passar dos anos. Meninos e meninas entram no primeiro ano do ensino fundamental com basicamente o mesmo nível de autoestima, porém esses números mudam muito ao chegar ao ensino médio —as meninas acabam perdendo muito da autoestima com os anos de escolarização. Portanto, verifique se as meninas são menosprezadas, chamadas de “feias”, “gordas” ou recebem avaliações acerca de seus corpos, se os pares não estão incentivando a mudar atributos físicos que ainda serão desenvolvidos, como os seios. Essas atitudes diminuem a autoestima e autoeficácia das mulheres, o que as torna menos propensas a tomarem atitudes de liderança e dificulta o desenvolvimento pleno de seus potenciais. Na população geral e nos programas iniciais para alunos superdotados, é possível encontrar números semelhantes de meninos e meninas. Po- rém, o número de meninas dentro desses programas cai absurdamente ao adentrarem o ensino médio nos Estados Unidos (U.S. OFFICE OF EDUCATION, 1999). Esse número diminui ainda mais quando veri- ficamos o grupo de meninas afro-americanas (BANKS et al., 2005). Verifique se você não está inconscientemente diminuindo as qualidades das meninas, enquanto promove as dos meninos. Diferenças de gênero e educação12 Além dessas atitudes, algumas políticas das próprias escolas podem pro- mover uma diferenciação de gênero que prejudica meninos e meninas em seu desenvolvimento sociocognitivo, como o conteúdo das aulas de educação física. No Brasil, o vôlei se tornou um esporte muito mais popular entre as meninas, e o futebol entre os meninos, mas não é comum a todas as escolas terem quadras de vôlei. Dessa forma, verifique se o conteúdo esportivo do colégio no qual você atua permite que as meninas pratiquem esporte, seja qual for ele, ou se elas são deixadas de canto enquanto os meninos desenvolvem a prática esportiva. Outra questão muito importante dentro das instituições de ensino é o aumento exponencial de ocorrências de assédio sexual. Nos Estados Unidos, as universidades têm sido palco de diversos crimes sexuais contra mulheres estudantes, e, no Brasil, a situação não é diferente. Tanto nas faculdades, quanto nos colégios de ensino médio e fundamental, a prática dos assédios e abusos é mais comum do que deveria ser (FITZGERALD; COLLINSWORTH; HARNED, 2001). No entanto, o assédio sexual não é tão bem entendido pela população. Santrock (2009) lista algumas situações consideradas assédios sexuais — verifique se elas ocorrem em sua sala de aula ou no colégio em que você atua: comentários, piadas, gestos ou olhares obscenos; espalhar boatos sobre as estudantes por qualquer meio (mensagem, bilhete, boca a boca, etc.); espionar um estudante trocando de roupa ou tomando banho no colégio; tirar as roupas ou mostrar as genitálias e outras partes íntimas em público; debochar de um estudante por sua opção sexual, sendo isso verdade ou não; tocar, agarrar, apalpar, beliscar um estudante de maneira obscena ou em suas partes íntimas; encostar, esfregar-se ou esbarrar em alguém de maneira sexualmente provocadora; tirarou baixar a roupa de um estudante. Todas essas atitudes caracterizam situações de abuso sexual, elas podem ocorrer entre alunos do mesmo sexo, como alunos de sexos opostos e também podem acontecer na relação professor-aluno. Cabe à escola desenvolver políticas de conscientização contra esses tipos de situações, para que o desenvolvimento 13Diferenças de gênero e educação escolar possa ocorrer da melhor forma possível, independente da sua orientação sexual ou seu gênero. Todas essas propostas irão lhe ajudar a formular um conteúdo pedagógico que seja acessível a todos alunos. Mas esteja atentos, essas atitudes e progra- mas não são fechados, sendo que você deve adaptá-los à turma com a qual está trabalhando. Cada turma será uma interação diferente e única, alguma s precisarão de uma abordagem mais atenta às questões de intolerância contra estudantes LGBTs outras precisarão se focar nos modos de diminuir o sexismo e, em casos mais graves, ter atitudes para suprimir abusos sexuais. Por mais que essas atitudes tenham que ser mais focadas em algum aspecto determinado, voe ainda deve estar atento e promover a tolerância e a inclusão em todos os âmbitos da discussão de gênero, assim você estará preparado para qualquer situação na qual os estudantes precisem de auxilio. Estratégias para um ensino que promova a diversidade de gênero Anteriormente, nós percebemos, entre colegas e na interação professor-aluno, quais atitudes são sexistas e comumente encontradas pelas escolas do Brasil e do mundo. Enxergamos, também, que políticas institucionais ajudam na manutenção dos estereótipos de gênero e das atitudes que propiciam um desen- volvimento inferior daqueles sujeitos que quebram o padrão da binaridade de gênero ou simplesmente são encaixados nos ideias de masculino e feminino. A seguir, destacamos algumas atitudes e propostas, feitas por Santrock (2009) e Rodrigues (2005), que podem ajudar os educadores a realizarem seus trabalhos de forma não sexista, propiciando que os estudantes possam desenvolver suas habilidades independentemente de seu gênero. 1. Verifique se os livros didáticos que você usa em sua sala de aula pro- movem algum tipo de sexismo. Caso perceba que sim, discuta sobre isso com os estudantes para descobrir o que eles pensam dessas ideias. Quando se incentiva os estudantes a conversarem acerca dos estereótipos de gênero que permeiam o conteúdo, você está incentivando que pensem de maneira crítica sobre a situação e o conteúdo em si. Se chegarem à conclusão de que esses livros não são imparciais o suficiente para que o conteúdo seja passado de forma adequada, procure novos sobre os mesmos assuntos e converse com colegas sobre diferentes autores e produções. Diferenças de gênero e educação14 2. Analise se as atividades propostas em aula não têm algum tipo de se- xismo, como aqueles que ilustramos acima. Proponha que os estudantes identifiquem os estereótipos de gênero e procurem por pessoas que não sejam englobadas dentro desses padrões, como um homem que cuida da casa ou uma mulher que joga futebol. Você também pode procurar, na comunidade onde se situa o colégio, por indivíduos que destoam dos papéis de gênero e pedir que eles façam uma palestra na escola. 3. Procure acabar com as suas próprias atitudes e pensamentos sexistas — dessa forma, você será um modelo de como agir para os estudantes. 4. Verifique se não existem alunos que estão excluídos da turma devido ao seu gênero. Nos trabalhos em grupo, procure equilibrar a quantidade de meninos e meninas, mesclando alunos de diferentes identidades de gênero. 5. Peça para algum colega, amigo ou familiar da sua confiança que analise suas atitudes com os meninos e as meninas. Diga para ele procurar perceber se existe diferenças na forma como você leciona para meninos ou meninas, se no tempo ou no reforço que dá a cada um. O melhor jeito de conseguirmos modificar algum comportamento que estejamos fazendo de forma inadequada é buscando apoio em uma visão externa. 6. Use uma linguagem que não denote o gênero das coisas. Procure não colocar pronomes generificados, como “o” e “a”, para objetos inani- mados e pessoas inespecíficas, substituindo por palavras imparciais, como “sujeito” e “indivíduo”, quando estiver falando, e, quando esti- ver escrevendo, se atente para não ser sexista e promova uma escrita imparcial, utilizando os dois gêneros para as palavras, como: “o(a) aluno(a)”. Incentive os alunos a encontrarem palavras imparciais e não generificadas. 7. Procure estar sempre atento aos conhecimentos acadêmicos, principal- mente dentro dos estudos de gênero. Além disso, procure conhecer as políticas voltadas especificamente a mulheres e homens e conscientize os estudantes sobre seus direitos civis. 8. Entenda o assédio sexual como um crime grave e que deve ser eliminado das escolas. Conscientize seus estudantes sobre a gravidade desses atos e mostre quais atitudes podem ser tomadas se forem vítimas ou testemunharem alguém sofrendo assédio. Essas estratégias lhe auxiliarão no cotidiano com as turmas. Podem causar impactos estranhos no começo, pois muitas escolas e muitos territórios ainda não trabalham de forma contundente no combate à violência de gênero, mas 15Diferenças de gênero e educação entenda que estar engajado na inclusão de todos os estudantes de sua sala de aula tem um impacto em longo prazo extremamente positivo na vida dos estudantes e da escola em si, pois se torna um local no qual os alunos se sentem seguros e aceitos para estudar (SANTROCK, 2009). BEST, D. Cross-cultural gender roles. In: WORELL, J. (Ed.). 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