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CONTROLE E AUTOMAÇÃO DA PRODUÇÃO Rodrigo Rodrigues Conceitos básicos de controle Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os conceitos básicos de controle. Diferenciar os tipos de controle. Identificar os conceitos importantes para o estudo de sistemas de controle. Introdução Neste texto, você aprenderá sobre a definição básica de controle; a diferença entre controle direto e controle indireto, entre controle con- tínuo e controle discreto; além de outras definições importantes para a continuidade dos estudos. Contexto histórico e definição de controle Contexto histórico Desde que a humanidade passou a produzir os bens dos quais necessitava, surgiu também a necessidade de controlar esse processo. E, com isso, foram se definindo os conceitos de manufatura e sistema produtivo. Os procedimentos que envolvem a manufatura foram sendo ordenados, divididos em etapas ou fases. No processo de manufatura, o ser humano era o responsável pelo controle e pela execução de todos os procedimentos envolvidos. Com isso, além da baixa produtividade, a qualidade dependia totalmente da habilidade humana. A partir do surgimento da máquina a vapor, nasce a ideia de se utilizar máquinas também no sistema produtivo. Mesmo não tendo, ainda, elementos de controle automático, e dependendo do ser humano para o controle de suas ações, as máquinas representavam um avanço comparadas à força e à veloci- dade humanas. Quando James Watt inventou um regulador mecânico para a pressão do vapor, as máquinas passaram a ter um papel significativo na indústria, pois Automacao_U1C02.indd 10Automacao_U1C02.indd 10 16/09/2016 11:00:3816/09/2016 11:00:38 com um dispositivo regulando a pressão do vapor automaticamente, a má- quina podia efetuar uma etapa de um processo. Começa a surgir, então, o processo industrial, no lugar do processo de manufatura, no qual as máquinas faziam parte do processo produtivo. Mesmo com a atuação das máquinas, o controle do processo ainda não era feito de modo automático, pois toda ação da máquina dependia da super- visão e do comando humanos. Agora, o objetivo era que a máquina tivesse cada vez mais autonomia no processo de fabricação, isto é, o controle auto- mático de processo. Contudo, era difícil conseguir apenas com elementos mecânicos, o que impediu os avanços. No século XX, com a eletricidade, vieram os controles elétricos e eletrônicos, mais versáteis e dinâmicos que os controles mecânicos, estabelecendo de vez a automação de processos nos dias de hoje. Definição de controle Conforme visto na Figura 1, o controle estuda como agir sobre determinado sistema, de modo a comandar ou regular para obter um resultado específico. A teoria de controle moderna tem aplicação não só no ramo da engenharia, mas tem mostrado resultados significativos em outras áreas (como medicina, economia e biologia). De modo sucinto, você pode dizer que o objetivo do controle é atingir um determinado valor de saída, denominado ponto de ajuste ou SP (set-point); a estratégia de controle é o modo como esses objetivos serão atingidos. Tipos de controle Controle manual e automático Os controles estão divididos em dois grandes grupos, o controle manual e o controle automático. O controle, seja ele manual, seja automático, não está presente apenas na indústria ou em grandes processos tecnológicos. No nosso cotidiano, o con- trole está presente em nosso banho, mantendo a temperatura da água agra- dável (Figura 1); ao acendermos uma lâmpada, entre outros. 11Conceitos básicos de controle Automacao_U1C02.indd 11Automacao_U1C02.indd 11 16/09/2016 11:00:3816/09/2016 11:00:38 Figura 1. Exemplo de controle manual. Sensor Atuador Chave seletora (set-point) Controlador No controle manual, o processo é controlado por meio de dispositivos manuais, de modo que o operador passa a ser responsável diretamente pelo trabalho, processando, de modo manual, o sinal que atua diretamente no dis- positivo de controle. O objetivo do controle automático é manter uma variável estável ou con- dicioná-la a um determinado valor. Para atingir o valor desejado, o sistema de controle deve conhecer a variável a ser controlada, o desvio aceitável e o sinal de correção para, assim, aplicar uma ação de controle que possa reduzir ou anular o desvio. Esse tipo de controle é muito utilizado atualmente na in- dústria (Figura 2). Controle e automação da produção12 Automacao_U1C02.indd 12Automacao_U1C02.indd 12 16/09/2016 11:00:3816/09/2016 11:00:38 Figura 2. Exemplo de controle automático. Fonte: MSSA/Shutterstock.com. Na indústria, há um grande número de variáveis que podem ser controladas, desde pressão, vazão e temperatura, até tempo e distância. Com os avanços tecnológicos, muitos instrumentos hoje utilizados podem tornar-se obsoletos em pouco tempo, pois novas técnicas, mais eficientes, são constantemente desenvolvidas. 13Conceitos básicos de controle Automacao_U1C02.indd 13Automacao_U1C02.indd 13 16/09/2016 11:00:3816/09/2016 11:00:38 Controle contínuo e controle discreto Nas indústrias de processos, os sistemas de controle tendem a priorizar o controle de variáveis e parâmetros contínuos. As indústrias de produção, no entanto, fabricam produtos e peças discretas, e a tendência é que seus contro- ladores enfatizem as variáveis e parâmetros discretos. As operações de pro- dução possuem dois tipos básicos de variáveis e parâmetros e, também, dois tipos básicos de controle: Controle contínuo: as variáveis e parâmetros são contínuos e analó- gicos. Controle discreto: as variáveis e parâmetros são discretos e, na maioria das vezes, discretos binários. A maioria das operações industriais de processo e de produção discreta, na prática, inclui tanto variáveis e parâmetros contínuos como discretos. Assim, muitos controladores industriais são projetados com capacidade de receber, operar e transmitir os dois tipos de sinais e dados. Na década de 1960, os controladores analógicos começaram a ser substi- tuídos por computadores digitais em aplicações de controle contínuo de pro- cessos; desse modo, as variáveis contínuas de processo não foram mais me- didas de forma contínua. Ao contrário disso, são recolhidas periodicamente, formando um sistema discreto de amostragem de dados que se aproximam dos sinais de controle transmitidos anteriormente por controladores analó- gicos. Sendo assim, no controle de processos com computadores digitais, variáveis e parâmetros contínuos também possuem características de dados discretos. No projeto da interface, entre o processo e o computador, e nos algoritmos de controle usados pelo controlador, essas características devem ser consideradas. No Quadro 1, Groover (2011) compara os controles contínuo e discreto. Controle e automação da produção14 Automacao_U1C02.indd 14Automacao_U1C02.indd 14 16/09/2016 11:00:3816/09/2016 11:00:38 Fator de comparação Controle contínuo nas indústrias de processo Controle discreto nas indústrias de produção discreta Medidas típicas de saída de produto Medidas de peso, medidas de volume de líquidos, medidas de volume de sólidos Número de peças, nú- mero de produtos Medidas típicas de qualidade Consistência, concentração da solução, ausência de contaminantes, conformi- dade com as especificações Dimensões, acabamento superficial, aparência, ausência de defeitos, con- fiabilidade do produto Variáveis e parâ- metros típicos Temperatura, vazão, pressão Posição, velocidade, aceleração, força Sensores típicos Medidores de fluxo, termo- pares, sensores de pressão Interruptores de fim de curso, sensores fotoelé- tricos, extensômetros, sensores piezoelétricos Atuadores típicos Válvulas, aquece- dores, bombas Interruptores, mo- tores, pistões Constantes tí- picas de tempo de processo Segundos, minutos, horas Menos de um segundo Quadro 1. Comparação entre controle contínuoe controle discreto Fonte: Groover (2011). Controle direto e controle indireto Normalmente, para obter um melhor resultado, opta-se por medir e controlar diretamente as variáveis que mostram o estado do sistema ou a qualidade do produto. Medir e controlar diretamente a qualidade do produto, nos sistemas de controle de processos não é uma tarefa fácil, por que essa qualidade pode ser difícil de medir. Muitas vezes é necessário controlar uma variável secundária. Variáveis como temperatura e pressão, por exemplo, estão diretamente rela- 15Conceitos básicos de controle Automacao_U1C02.indd 15Automacao_U1C02.indd 15 16/09/2016 11:00:3816/09/2016 11:00:38 cionadas com a qualidade, portanto, podem ser controladas. Contudo, outras variáveis podem afetar a relação entre a qualidade e a variável medida; por isso, talvez o controle indireto de um sistema não seja tão eficiente quanto o controle direto. Mesmo sendo difícil, é sempre preferível controlar a variável primária diretamente. Outras definições Nesta seção, você aprenderá outras definições importantes para o estudo dos sistemas de controle. Controladores: atuando como núcleo ou ligados em rede, os controla- dores fornecem a computação, os cálculos e o gerenciamento da parte de I/O de um sistema de automação. Dois tipos de controladores são os computadores e os CLPS. Computadores: ferramenta responsável por programar os sistemas de controle, os computadores funcionam também como o controlador real em algumas máquinas; isso é vantajoso, pois tem custo relativamente baixo, devido à sua ampla disponibilidade. Controladores lógicos programáveis (CLPs): controlam processos ele- tromecânicos e, embora sejam basicamente computadores digitais, têm várias entradas e saídas, resistência a vibrações e impactos, tempera- turas extremas e ruídos elétricos que os diferem dos computadores de uso geral. Planta: parte ou um conjunto de itens de uma máquina/equipamento, que podem funcionar conjuntamente, afim de desempenhar determi- nada operação. Nos nossos estudos, denominaremos como uma planta, qualquer objeto físico a ser controlado. Processos: Ibarz e Barbosa-Cánovas (2002) define um processo como o conjunto de atividades ou operações industriais que modificam as propriedades das matérias-primas com o propósito de obter produtos que atendam às necessidades da sociedade. Em nossos estudos, vamos denominar de “processo” qualquer operação a ser controlada. Sistemas: é uma combinação de componentes que atuam em conjunto para atingir determinado objetivo. Distúrbio: é um sinal que pode afetar adversamente o valor da saída de um sistema. Controle e automação da produção16 Automacao_U1C02.indd 16Automacao_U1C02.indd 16 16/09/2016 11:00:3916/09/2016 11:00:39 Controle realimentado: é uma operação que, na presença de distúr- bios, busca reduzir a diferença entre a saída de um sistema e a entrada de referência, operando com base nessa diferença. Variável do processo (PV): quantidade, propriedade ou condição fí- sica medida para que se possa efetuar a indicação e/ou controle do pro- cesso (nesse caso, também chamada de variável controlada). Variável manipulada (MV): grandeza operada com a finalidade de manter a variável controlada no valor desejado. Set-point (SP): valor desejado estabelecido previamente como refe- rência. Set Valor (SV): ponto de controle no qual o valor controlado deve per- manecer. Desvio: valor resultante da diferença entre o valor desejado e o valor real da variável controlada. Ganho: o valor resultante do quociente entre o sinal de saída e o sinal de entrada. Tanto a entrada como a saída devem ser expressas na mesma unidade. Servomecanismos: também são chamados de sistemas de controle de posição, ou seja, sistemas de controle realimentado em que a saída é alguma posição mecânica, de velocidade ou aceleração. 1. Quando, efetivamente, surgiu a auto- mação de processos? a) Com o surgimento da máquina a vapor b) Quando o homem passou a produzir seus próprios bens c) Nos processos de manufatura d) Com o surgimento da eletricidade e) Com o controle manual 2. Um dos fatores que diferem controle contínuo de controle discreto nas indústrias está relacionado com temperatura, vazão e pressão. Que fator é esse? a) Medidas típicas de saída de produto b) Sensores típicos c) Atuadores típicos d) Constantes típicas de tempo de processo e) Variáveis e parâmetros de pro- cesso 3. No ___________________ , o pro- cesso é controlado por meio de dispositivos manuais, de modo que o operador passa a ser responsável diretamente pelo trabalho. Assinale a alternativa que preenche correta- mente as lacunas: a) Controle discreto b) Controle automático c) Controle contínuo 17Conceitos básicos de controle Automacao_U1C02.indd 17Automacao_U1C02.indd 17 16/09/2016 11:00:3916/09/2016 11:00:39 d) Controle manual e) Controle direto 4. Dos seguintes exemplos, qual dispositivo é empregado no controle automático? a) Dispositivo de máquina a vapor inventado por James Watt b) Chuveiro tradicional doméstico c) Interruptor de luz d) Controladores lógicos progra- máveis e) Válvula mecânica 5. Entre as definições importantes des- tacadas para o estudo dos sistemas de controle, uma delas é: “parte ou um conjunto de itens de uma máquina/equipamento, que podem funcionar conjuntamente, a fim de desempenhar determinada ope- ração”. A qual das alternativas abaixo pertence essa definição? a) Computadores b) Planta c) Sistemas d) Servomecanismos e) Processos GROOVER, M. P. Automação industrial e sistemas de manufatura. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. IBARZ, A.; BARBOSA-CÁNOVAS, G. V. Unit operations in food engineering. [S.l.]: CRC, 2002. Leitura recomendada DUNN, W. C. Fundamentos de instrumentação industrial e controle de processos. Porto Ale- gre: Bookman, 2013. Controle e automação da produção18 Automacao_U1C02.indd 18Automacao_U1C02.indd 18 16/09/2016 11:00:3916/09/2016 11:00:39 Conteúdo:
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