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NAZARENE THEOLOGICAL SEMINARY PLANEJAMENTO MINISTERIAL PARTICIPATIVO Proposta de um modelo eclesiástico integrador como metodologia conexional na práxis da igreja Por Carlos Martín Abejer ENSAIO Atividade acadêmica parcial dos requisitos do curso Ministério Eclesial com Ênfase Wesleyano para o Ministério do Programa de Doutorado em Ministério do Nazarene Theological Seminary de Kansas City Brasil Fevereiro de 2014 1 – Palavras introdutórias: Realidades da atual conjuntura social Fazendo uma espécie de ‘radiografia’ do momento histórico no qual estamos situados, vale a pena a constatação de D. Tracy1 quando afirma que vivemos numa época à qual não temos condição de dar um nome. Para alguns, estamos ainda na modernidade, com o seu triunfo do sujeito burguês. Para outros, vivemos num tempo de nivelamento de todas as tradições, esperando uma espécie de retorno do sujeito tradicional e comunitário reprimido. Há ainda outros que afirmam que vivemos uma condição pós- moderna, onde a morte do sujeito se apresenta como a última onda de ressaca da morte de Deus2. Daqui se evidenciam os diversos conflitos interpretativos quando se trata de compreender o tempo presente: moderno, anti-moderno ou pós-moderno3. A questão que se coloca é justamente esta: dada a sua constelação lexical sintática polimórfica, como definir esta época? Mesmo absorvidos por este conflito – a falta de uma definição mais assertiva – é possível afirmar que estamos sendo afetados por uma ‘mudança radical de paradigma’ no modo de conceber a realidade. Mudança que demanda uma consciência que considera cada vez mais que as coisas não funcionam mais como antes, pois a ideia de fundamento – tradição – que foi essencial ao longo da história, tende a desaparecer cada vez mais. Já não é mais único, último ou normativo4. No amago desta transformação, o fundamento é substituído pelo evento, e a ideia de uma história como processo unitário se dissolve, debilitando assim, todas as estruturas preestabelecidas. 1 Tracy, D. Qual nome darei ao presente: Concilum 26: 2000, pp. 76-99. 2 Teixeira, E. Aventura pós-moderna e sua sombra. São Paulo: Paulus, 2005, p. 9. 3 Para aprofundar o assunto pode-se consultar os seguintes autores: Giddens (1991); Garcia Canclini (1998); Castiñeira (1997); Connor (2000); Jameson (1996); Rivera (2001). 4 Rigobello, A. Realidade e existência: lições de metafisica. Introdução e ontologia. São Paulo: Paulus, 2002, p. 47. Tendo em conta isto, na dimensão sociocultural é possível destacar a crise de ‘sentido’ como o principal problema. Fato que gera uma profunda ofuscação nos dias atuais. À décadas atrás, por exemplo, o relógio nos ajudava a medir e controlar o tempo. Afirmava-se a ideia de que as pessoas eram sujeitos de sua história5. O tempo de hoje, no entanto, foge do nosso controle. Escapa de nossas mãos e de nossas mentes. É até difícil defini-lo. Ele não tem adjetivo. Apenas é. Nesse sentido, o tempo é on-line – tempo real. A internet e o celular são os exemplos mais concretos da concepção do tempo real. Possibilitam a comunicação instantânea entre pessoas localizadas em extremos opostos do globo. Recebemos informação e nos conectamos com o mundo todo sem sair de casa. Essa transformação da noção de tempo mudou também a noção do espaço. O tempo real exige um espaço virtual, não um espaço histórico. O espaço não se reduz mais a sua dimensão física mensurável. Há uma ‘desmaterialização’ do espaço. O que antes era definido pela sua geografia dimensional, agora assume a qualidade virtual. Nesse movimento, o espaço se torna ‘pluriespacial’6. Funcionários de um mesmo departamento de uma empresa, as vezes muito próximos geograficamente, comunicam-se pela internet. O tempo de sua comunicação é real, mas o espaço é virtual. Nesta nova concepção, os sujeitos podem manter-se totalmente ocultos. As tradições familiar, cultural e religiosa deixaram de ser o alicerce da educação das novas gerações. Antes, a história dos nossos antepassados era uma realidade sempre revisitada e revivida. Avós e pais se deleitavam em contar as suas histórias para os netos e filhos. Estes ouviam com reverencia e veneração. A tradição era o grande alicerce sobre o qual se erguiam as novas gerações, que mesmo tendo que migrar para longe da sua terra natal, tratavam de preservar os valores mestres que receberam de seus pais e avós. O 5 Pinto, B. Paradigmas para o século XXI. Como evoluir a partir do seu próprio jeito. São Paulo: Nobel, 2001, p. 72. 6 Libanio, B. As lógicas da cidade: o impacto sobre a fé e sob o impacto da fé. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p. 32. futuro era construído sobre um passado sólido. Hoje está quase em extinção aquele momento familiar, onde eram nutridas por horas, conversas carregadas de afetividade. A casa deixou de ser o lugar das relações interpessoais de seus membros e passou a tornar- se mero lugar de pernoite e espaço aberto a todas incursões externas da telemática radiofônica, televisiva e cada vez mais da internet7. Ao mesmo tempo, a mediação das relações humanas não é pautada de forma exclusiva pelas instituições sociais tradicionais, nem pelas autoridades instituídas. Os que nascem neste novo momento histórico não visualizam centros definidos, instituições bem organizadas, papeis sociais determinados, autoridades preestabelecidas, doutrinas inquestionáveis, ou verdades absolutas. As autoridades estão perdendo gradativamente a força de influência sobre as pessoas perdendo a sua centralidade e diluindo a sua credibilidade. É muito difícil dizer quem educa quem, e quem exerce influência sobre quem. As novas gerações que estão surgindo nascem e crescem vivendo as vicissitudes e as possibilidades desta nova conjuntura social sem demonstrar muito interesse por aquilo que sempre foi um referencial. Levam a vida segundo as suas necessidades individuais e se dedicam para que sejam supridas. Liberar o desejo, rejeitar a ordem antiga e sua moral, dar adeus as proibições, permitir-se um gozo sem entraves e sem lei é o ideal apetecido por muitos desta sociedade contemporânea. Sobre a situação econômica, é possível dizer que há uma relação estreita com a dimensão econômica da globalização, pois esta dimensão se sobrepõe as várias esferas da vida resultando num sistema econômico que regula todas as relações humanas. Neste sentido, percebe-se que a globalização fragmenta os espaços criando ambientes especializados como o lugar de morar, de lazer e de trabalho; e o que dá a convergência cultural para esse mundo fragmentado – unidade necessária, mesmo que precária, para a própria noção de globalização – é a cultura do consumo. A globalização econômica, com 7 Libanio, B. As lógicas da cidade: o impacto sobre a fé e sob o impacto da fé. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p.41. o seu sistema de produção em escala macro não seria possível e nem eficiente sem uma convergência de desejos de consumo em nível igualmente global que possibilitasse o surgimento do mercado consumidor mundial. Essa convergência é viabilizada, apesar de tanta diversidade cultural, pela disseminação da ideologia de consumo por todos os países e mercados que integram tal economia global8. O consumo tornou-se o centro de gravidade em torno do qual as pessoas se localizam e vivem. É uma era em que se precisa de uma massa de consumidores, e não de pessoas livres e conscientes9. O produto não é mais central para o capitalismo. Central é a cultura que se cria em torno dele10 e o meio mais eficiente para formar bons consumidores é a mídia. Ao observar as propagandas, é notório ver que o que menos interessaé o produto – ele está sempre associado à plena satisfação e felicidade dos seus consumidores. É esta satisfação que se vende. Passou-se de um tipo humano que coloca toda a sua vida a disposição do processo produtivo para um outro que tenta gozar da produção e, para isso, não vê problemas em mercantilizar a si próprio. As pessoas se sentem realizadas quando podem consumir, mesmo que o consumo seja apenas virtual. Consumir os produtos dos sonhos é apogeu da satisfação e da felicidade. Basta notar o semblante dos que entram e saem dos mercados, lojas e shoppings. Alguns com seus objetos de consumo nas sacolas. Outros com seus desejos acalmados pelo espetáculo virtual das imagens. Atrelada a esta questão está também a desigualdade e exclusão em massa onde todos aqueles que não estão devidamente moldadas a este sistema, culminam na pobreza juntamente com milhões de pessoas. Nesse sentido, as pessoas passam a ser não somente pobres, mas também excluídas, ou seja, além de exploradas, são também descartadas. O 8 Sung, J. Pastoral urbana: a presença pública da igreja no espaço urbano. São Bernardo do Campo: Editeo, 2006, pp. 21-32. 9 Benincá, E. Metodologia pastoral. Mística do discípulo missionário. São Paulo: Paulinas, 2012, pp. 10-11. 10 Pinto, B. Paradigmas para o século XXI: como evoluir a partir do seu próprio jeito. São Paulo: Nobel, 2001, p. 35. desemprego também se insere neste cenário, pois se apresenta de forma estrutural, caracterizado pela diminuição da mão-de-obra, fragmentação do processo produtivo e pela flexibilidade das relações de trabalho11. Este ambiente favorece o crescimento da disputa e da rivalidade na procura pelo emprego, comprometendo a união e organização dos trabalhadores que buscam seus direitos, ferindo profundamente e destruindo a dignidade, a visão de futuro, a lealdade e a solidariedade de milhões de pessoas12. Por outro lado, o ambiente social como espaço de convivência e construção de limites dá lugar a uma nova sociedade em que as fronteiras se perdem no horizonte. As cidades tendem a criar espaços universais em que as culturas locais desaparecem. Os shoppings, os aeroportos, os hotéis e certos restaurantes – por exemplo McDonald – já não têm cidadania. Quando se entra neles, está-se paradoxalmente num espaço universal13. O espaço universal impacta as pessoas e as influencia profundamente! Já na situação política é perceptível como a imposição de diversos grupos e suas decisões põem em risco a democracia e o fato dos cidadãos perderam sua confiança na dimensão político-partidária e nos poderes que governam o pais. Hoje é crescente o número de pessoas envolvidas em organizações não governamentais que questionam o sistema vigente em prol de um mundo melhor. Estes grupos junto com a sociedade passam a exigir melhores condições de vida. O intenso frenesi dos centros urbanos é outro fenômeno social presente em nossa época. Quem trafega pelas cidades – especialmente as metrópoles – convive com ruas e avenidas congestionadas de veículos de todas as espécies; viadutos, desvios de obras impactando a estética, pedestres apressados disputando lugar com os automóveis. Ônibus lotados, motos e bicicletas fazendo ziguezague por entre os veículos e pedestres; enfim, 11 CNBB. Documentos da CNBB-87, 2008, op. cit, pp. 23-29. 12 Ibid, p.31 13 Libanio, B. As lógicas da cidade: o impacto sobre a fé e sob o impacto da fé. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p. 50. lentidão, congestionamentos, buzinas, estresse. As cidades estão cada vez maiores e a infraestrutura urbana beira o caos. Terra e ar estão congestionados. A terra inclusive está mostrando, gradativamente, sinais de exaustão, e a questão ecológica ganha proporção global14. Outro fenômeno acoplado a esta nova conjuntura social é o trânsito religioso.15 A religião, como é de conhecimento de todos, é a realização sócio individual – em doutrina, costumes e ritos – de uma relação humana com algo que o transcende, que se desdobra dentro de uma tradição ou comunidade. É a concretização de uma relação do ser humano com uma realidade verdadeira e suprema, seja compreendida da maneira que for. A religião vem responder a uma dimensão profunda do ser humano16. Serve para dar sentido à vida das pessoas, curar o corpo e a alma, purificar ou salvar. Em seu sentido etimológico, é possível afirmar que a religião está relacionada a tudo aquilo que nos faz inteiros, sãos, livres e completos.17 Significa que as pessoas procuram uma religião como apoio, auxilio, para dar sentido à vida. O trânsito religioso, nesta concepção, pode ser compreendido como um ‘meio’ de busca por aquilo que é místico. É por isso que se, em determinada religião, a pessoa não encontra o pretendido, recorre à outra ‘agencia’ de bens divinos onde acredita ser-lhe possível tal encontro18. Inclusive trânsito, por definição, prevê deslocamento. É algo dinâmico, algo que não para, pois está sempre em movimento19. Pode-se transitar, andar, visitar, conhecer e experimentar diferentes expressões religiosas. 14 Comblin, J. Viver na cidade: pistas para a pastoral urbana. São Paulo: Paulus, 2006, p. 18. 15 Becker, J. Transito religioso: uma leitura crítica a partir da teologia prática – desafios e perspectivas. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2002, p. 92. O transito religioso pode ser verificado na perspectiva do sujeito (aquele que transita) ou das instituições (pelas quais transita). Esta é uma distinção apenas didática, pois o transito envolve, simultaneamente, sujeito e instituições. 16 Libanio, J. As lógicas da cidade: o impacto sobre a fé e sob o impacto da fé. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p. 55. 17 Panikar, R. As religiões têm o monopólio da religião? Rio do Janeiro: ISER. 1993, p. 6. 18 Bobsin, O. Transformação no universo religioso. São Leopoldo: CEBI, 1994, p. 62. 19 Jacinto, G. (org.). Itinerário para uma pastoral urbana: ação do povo de Deus na cidade. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008, p. 6 Pode ligar-se – ou não – a alguma religião. Assumir – ou não – um compromisso ético- religioso, sentindo-se livre para ir e vir, buscar e conhecer, recortar e adaptar. Este trânsito, primado pela livre escolha, oferece um variado cardápio na opção religiosa, temperado com uma boa dose de sincretismo.20 Assim, surgem constantemente novos elementos místicos, cultos reencantados, magia, mistério, emocionalismo e o apelo as experiências desencarnadas do cotidiano. As pessoas se afastam cada vez mais das doutrinas e dogmas para viverem uma espiritualidade baseada no individualismo e na insegurança existencial. A amplitude e a diversidade do campo religioso brasileiro auxilia neste processo. O ‘caldeirão’ religioso é composto por crenças indígenas e africanas, catolicismo, judaísmo, protestantismo, espiritas, esotéricos, pentecostais, neopentecostais, neocatólicos, religiões orientais e um sem-número de outros movimentos religiosos, além dos ‘sem-religião’, todos ‘cozidos’ pelo ‘mercado religioso’.21 Diversidade extremada e semelhança nas práticas e nos ritos convergem paradoxalmente. Religião não mais herdada, senão escolhida, e, busca unicamente da satisfação pessoal são o ‘fermento’ para este ambiente. Por outro lado, o trânsito religioso também é uma ‘experiência subjetiva’ que depende fundamentalmente daquele que transita. Locomovendo-se, o indivíduo vai construindo o seu universo religioso personalizado. Para que isto se realize, pressupõe-se a experiência do trânsito religioso entre os diferentes sistemas religiosos, oficiais e alternativos, eclesiásticos ou para- eclesiásticos, comunitários ou solitários, confessionais oulivres. Segundo Sandra Duarte de Souza, ‘é possível descrever este fenômeno em três categorias: 1) Trânsito de pertença: acontece quando o indivíduo muda sua pertença religiosa (ou seja, sua confissão religiosa), adotando as práticas e doutrinas de uma nova religião. 2) Trânsito 20 Berger, P. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da religião. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 119. 21 Silva, G. (org.). Itinerário para uma pastoral urbana: ação do povo de Deus na cidade. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008, p. 63 pertencente: diz respeito àquele que possui uma pertença religiosa especifica, no entanto, admite visitar outras expressões religiosas. Neste caso, o transeunte é um turista dentro de diferentes religiões, mesmo que pertença a alguma religião em específico. Esta prática acontece com mais intensidade do que a anterior. 3) Trânsito sem pertença: a pessoa não pertence a nenhuma religião, mas busca-as incansavelmente a fim de aproximar-se de ser divino’22. Com um ser humano em constante mudança e crise, as instituições religiosas também são obrigadas ao caminho da transformação, pois aquela que não se adequar aos tempos atuais parece estar condenada a extinção. É neste cenário que se configura o trânsito religioso. Constata-se também, uma ênfase sobre a vitalidade do viver espontâneo. Por sua própria natureza, as emoções e sensações são tão frágeis e efêmeras, tão voláteis quanto as situações que as desencadearam. A extrema relevância do ‘já’ suplanta a tematização do eterno. Ocorre uma verdadeira ‘erosão da essência’. E isto afeta visceralmente a questão da identidade, sobretudo no que concerne ao situar-se neste mundo de relações rarefeitas. A flutuação dos relacionamentos humanos gera uma inquietação, ao mesmo tempo em que reclama responsabilidade com elementos que possam ser considerados identitários23. Com tudo isso acontecendo de modo acelerado a dimensão eclesiástica também é afetada. A igreja contemporânea está perdendo progressivamente sua relevância. Há evidencias claras de que a sua identidade está afetada de várias formas. Sua fé, adulterada. Sua mensagem, diluída. Suas ações, desvirtuadas. Sua influência, questionada. Suas propostas, mercantilizadas. Sua liderança, fragilizada. E sua missão, comprometida. No contexto do fenômeno urbano, a igreja se vê em xeque frente aos questionamentos que 22 Silva, G. (org.). Itinerário para uma pastoral urbana: ação do povo de Deus na cidade. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008, p. 64. 23 Bauman, Z. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005, p. 59. dizem respeito à sua relevância em atender ao ser humano desta época. A religiosidade desponta como mais determinante que a teologia. A crença se eleva sobre a doutrina e a emoção sobre a razão. O fato é que a maneira como se vive a fé mudou24. Tudo isto evidencia que hoje não há apenas dados no ambiente contemporâneo, há também interpretações e interpelações e o desafio para nós hoje é mover-nos – na condição de igreja – no emaranhado destas mensagens em seu indissolúvel vínculo com todos os outros, também em sua continuidade com eles, do qual depende o sentido da experiência de fé. 2 – Considerações preliminares: Discernimento necessário para este momento histórico O texto desenvolvido até o presente momento preparou o contexto desta seção. Ou seja, tudo foi dito para se chegar à realidade na qual estamos inseridos: estamos numa fase transitória. Elli Benincá relaciona analogicamente esta mudança social como se estivéssemos nos deslocando por uma estrada com boa visibilidade e, de repente, descesse uma neblina cerrada. O horizonte antes aberto, se fecha. A velocidade deve ser diminuída. Os faróis, acesos. Os retrovisores, usados com mais frequência. A atenção redobrada. Os sinais de transito, respeitados à risca. O que antes podia ser visto de longe, esconde-se no meio da névoa. Vislumbram-se poucas alternativas25. O que Benincá está dizendo é que a mudança de época também exige mudança de atitude e de comportamento. Quando baixa a neblina não podemos continuar dirigindo como antes, sob pena de causar acidentes e expor vidas ao perigo. Num ambiente cultural como este, a reflexão sobre a dimensão eclesiástica pressupõe mais do que uma simples superação da redução da religião à esfera do privado e do 24 Benincá, E. Metodologia pastoral: mística do discípulo missionário. São Paulo: Paulinas, 2012, p. 13. 25 Ibid, p. 13. individualismo em direção à discussão sobre o bem comum ou dos interesses e os direitos da coletividade. É preciso que a igreja assuma sua tarefa primordial de discernir os ‘sinais dos tempos’; e ao fazê-lo, é necessário buscar novos rumos metodológicos para o cumprimento da sua missão no ambiente urbano26. 3 – Palavras intermediárias: O planejamento como metodologia indispensável na ação eclesiástica Esta demanda tem levado a igreja contemporânea a procurar métodos mais eficientes e itinerários melhor definidos para responder aos desafios do mundo pós-moderno27. No mesmo caminho, as lideranças eclesiásticas introduziram uma aproximação mais pertinente, onde a releitura de certas ações e a elaboração de uma práxis mais contextual tem sido um esforço permanente para que a organização eclesiástica funcione metodologicamente a contento, e à luz do grande desafio da igreja de Cristo: proclamar e ensinar as verdades de Jesus num mundo em constante mutação. Esta aproximação nasce, não apenas de uma compreensão meramente sociológica, mas também, e principalmente, de uma leitura bíblica mais apurada, pois há fortes evidencias de que o planejamento é um recurso que permeia toda a Escritura. A Bíblia revela e relata eventos consecutivos da realização do plano e do propósito de Deus com pessoas que Ele usou para executar tarefas em tempos e épocas determinadas. Deus fez planos, antes da fundação do mundo (Efésios 1.3-5). Planejou também os atos para a salvação da humanidade (Efésios 3.9-11, Genesis 3.15, Isaias 9.1-7). Além disso, é possível ver como o Criador estabeleceu critérios sistemáticos – ou de planejamento – na hora de criar tudo aquilo que conhecemos (Genesis 1 e 2). 26 Douglas, S. O ministério de administração. São Paulo: Candeia, 1999, p. 11. 27 Kessler, N. Administração eclesiástica. Rio de Janeiro: CPAD, 1989, p. 98. Noé, por exemplo, foi escolhido por Deus para ser uma testemunha na execução de um grande projeto – a construção da arca (Genesis 6. 14-21). Abraão – foi chamado para formar um povo, cujo plano era ser abençoado e ser uma bênção ao seu povo e aos outros povos. José foi usado grandemente como um exímio estrategista – ele fez um planejamento sábio. Moisés passou 40 anos na casa de Farão, outros 40 anos na casa de Jetro e finalmente 40 anos no deserto com o povo de Israel. Estes tempos caracterizam etapas que preparavam a caminhada. O episódio do conselho de Jetro é muito lembrado como exemplo de/para planejamento e organização do trabalho no reino de Deus. Josué foi um estrategista, que liderou o povo no cumprimento do propósito e da promessa de Deus para a ocupação das terras da promessa. Salomão escreveu no livro de Provérbios que os planos bem elaborados levam a fartura; mas o apressado sempre acaba na miséria (21.5). Davi caracteriza a etapa onde o povo de Israel se estabeleceu e teve paz. Neemias é um personagem que marca a época da reconstrução do muro e da volta dos judeus a sua pátria. Ele foi um planejador e desenvolveu um plano com etapas para alcançar as metas propostas. O profeta Jeremias fala dos planos de Deus para a Nova Aliança (31.31-34). O silêncio de 400 anos – período inter-bíblico – caracteriza o propósito de Deus para que a mensagem de João Batista tivesse repercussão e fosse impactante. O próprio Jesus, realizou a sua missão durante quase três anos trazendo valores e princípios que jamais mudariam que servem para refletir um planejamento para a atualidade – O que queremos e o que devemos fazer? Ele mesmo considera esta dimensão como algo fundamental para o cotidiano da vida: ‘Pois, qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para concluí-la? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar’ (Lucas 14. 28-30). Também planejou e organizou o ministério de evangelização que os discípulos iriam fazer (Mateus 10. 5-14; Lucas 9. 1- 6). Exortou os seus discípulos a se prepararem e aguardarem a vinda do Espírito Santo (Atos 1. 4-8; Lucas 24. 49). Os preparou para Sua morte e ressurreição (Mateus 16. 21; Marcos 8. 31; Lucas 9. 22). Ele já preparou um lugar para os redimidos (João14. 2-3). Ordenou a preparação da páscoa (Lucas 22. 7-12). O princípio da ação produtiva – os talentos – na parábola, indicam a necessidade de planos para o crescimento do que foi recebido (Mateus 25. 14-19). Aquele que não executou nenhum plano produtivo foi considerado infiel! Cristo advertiu sobre a necessidade de preparação e planejamento da obra (Lucas 14. 28-32). As Escrituras do Novo Testamento também sinalizam o plano da vinda do Espírito (João 16. 7-15) e manifesta o planejamento do Espírito Santo, em relação aos dons (Efésios 4. 11-12). Na Igreja Primitiva, especificamente no livro de Atos, percebe-se uma visão muito clara do propósito de Deus e as metas a serem alcançadas – tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia, Samaria e até aos confins da terra (1.8). O primeiro item do planejamento estratégico da igreja primitiva era a compaixão e o amor pelas pessoas. Sua estratégia era se aprofundar na doutrina, ter comunhão, orar, ajudar os necessitados e louvar a Deus (2. 42-47). O apóstolo Paulo teve um ministério com a visão estratégica de alcançar os confins da terra. Também planejou suas viagens (Romanos 15. 22-29; 1 Coríntios 16. 5- 9), e as coletas (2 Coríntios 9. 1-5). O evento de Atos 6 mostra a necessidade de um claro planejamento e nova organização. Finalmente, as Sagradas Escrituras revelam os planos divinos para o futuro (2 Pedro 3. 9-13; Apocalipse 20. 1; 22.5). 4 – O planejamento participativo como ação metodológica conexional na práxis da igreja nos dias de hoje Tendo em conta a extensão do ideário que foi apresentado nas páginas iniciais relacionadas ao contexto sociocultural, é necessário reconhecer que urge a construção de um modelo ministerial mais efetivo. Não se trata de estimular aqui uma simples adaptação da igreja à época na qual estamos vivendo. Esta tarefa, no entanto, deve estar centrada em apresentar uma alternativa metodológica, não de forma meramente científica, mas levando em consideração o campo ministerial tentando perceber quais os benefícios de um método diferenciado. No caso, nos referimos ao planejamento participativo como uma das tantas alternativas que são plausíveis na tentativa de operacionalizar a comissão a nós confiada enquanto igreja. O planejamento participativo é um processo de tomada de decisões sobre os objetivos28 que se devem atingir no futuro visando transformar uma certa realidade de uma maneira mais assertiva. Planejar, segundo especialistas, é deixar de improvisar, é ajustar as ideias e projetar o futuro. Planejar é definir o necessário. É realizá-lo sem que os imprevistos o sufoquem. Ao ato de se planejar damos o nome de planejamento. Quando se planeja algo, adota-se uma linha de direção a ser seguida, se preveem alguns passos e cria-se meios de avaliar se foram ou não atingidos os objetivos esperados. O planejamento também dá início ao processo de construção do ambiente ao nosso redor com as características que foram previamente estabelecidas definindo sempre qual o próximo objetivo a ser alcançado. O planejamento é, portanto, algo que permeia o antes, o durante e o depois de qualquer ação ou projeto29. Esta ação metodológica torna as atividades mais claras, eficientes e eficazes, além de dar possibilidade de ela ser realmente transformadora; e de tornar a estrutura eclesiástica mais leve, versátil e produtiva a serviço do reino de Deus; por isso movidos por esta 28 Um ‘objetivo’ é uma descrição explícita de uma futura situação considerada como desejável. Os objetivos servem como orientação para guiar as organizações, para tomar decisões e para implementar as ações correspondentes. Os objetivos facilitam a maneira de identificar as diferentes formas de atingi- los. Também facilitam atingir um acordo sobre eles. 29 Barbier, J. Elaboração de projetos de ação e planificação. Porto: Porto Editora, 1996, p. 27. percepção, lideres eclesiásticos estão ponderando seriamente a necessidade de introduzir de maneira mais concreta esta metodologia na dinâmica ministerial30. Existem inúmeras formas de se planejar, assumidas de modos diversificados para os múltiplos setores da sociedade, mas para a aplicação no ambiente eclesiástico e um formato que parece ser mais adequado é o do planejamento participativo. Esta metodologia é um modelo de gestão em que as pessoas estão engajadas de modo fundamental, tanto na tomada de decisões como no processo de administração, até que se alcance o objetivo almejado31. O planejamento participativo é a busca de uma visão múltipla, integrada e sustentável de desenvolvimento. É o conjunto harmônico de sistemas, condições organizacionais e comportamentos gerenciais que provocam e incentivam a participação de todos no processo de administrar. Seus principais fundamentos são: uma estrutura adequada onde as pessoas podem interagir de maneira sinergética, uma cultura que valoriza a responsabilidade individual e coletiva e dá a todos um senso não apenas de participação, mas também de compromisso, e um clima favorável aos relacionamentos que prestigia o respeito mútuo e a valorização de todos. Este tipo de gestão pode ser compreendida como um ‘modelo onde pessoas estão no centro do processo do começo ao fim’. Significa que em seu desenvolvimento não há sujeitos e objetos da ação, todos são envolvidos no planejamento. Isto permite quebrar níveis hierárquicos e verticalizados, o que dá lugar a estruturas horizontais com a definição clara de políticas que possibilitem a fluidez das informações, o trabalho em equipe com uma melhor distribuição de responsabilidades e a democratização da tomada de decisões, enfatizando-se a coordenação de ações entre os diferentes setores da 30 Hernandez, I. Planejamento: compromisso com a ação. Porto Alegre, Sagra, 1988, p. 5. 31 Brighenti, A. Metodologia para um processo de planejamento participativo. São Paulo: Paulinas, 1998, p. 98. organização. Nesse sentido, trabalhar a partir de um processo participativo de planejamento permite maior consciência sobre a missão da organização, um melhor entendimento da estrutura da organização e da relação do ambiente interno com o contexto social, económico e político. A criação de novos instrumentos de análise e previsão; estabelecimento de critérios para a definição de prioridades e alocação de recursos; formas de aprendizado reciproco; uma melhor compreensão das dificuldades enfrentadas nas diferentes instâncias da organização e maior cooperação entre elas; uma maior cooperação entre as diferentes instâncias no sentido de obter maior eficiência e eficácia abrindo caminhos para novas formas de gestão,aumentando a capacidade de resposta às demandas tanto internas como externas; uma otimização dos recursos disponíveis possibilitando uma relação mais positiva entre custos e benefícios, diminuindo o peso dos gastos administrativos; a definição clara de funções e a articulação funcional e operativa entre as diferentes instâncias; uma consciência da globalidade e interdependência entre as diversas atividades; uma consciência da responsabilidade de cada um na obtenção dos resultados. Esta metodologia também nutre o empoderamento32. Este conceito está relacionado com o de potenciação. Ao exercer o poder de forma cooperativa todos se potencializam. Essa inter-relação se estabelece a partir da identificação de objetivos comuns e/ou complementares cuja realização se assegurará com a participação de todos os envolvidos no processo possibilitando uma maior coerência entre o discurso e a prática. 32 Este termo significa ‘poder com os outros, poder em conexão, poder em relação. Esse conceito nasce de uma proposta de desenvolvimento sinérgico e não hierárquico, que se estabelece através de relações mútuas de poder entre o pensar e o agir, o decidir e o executar, assumindo como princípio que a efetividade de um processo está na capacidade de entender que o poder emana da responsabilidade de cada um e não da posição hierárquica que ocupa na organização. Todos têm um nível de responsabilidade, que se transforma em co-responsabilidade na tomada e execução das decisões’. Numa perspectiva de metodologia participativa a prática do empoderamento no interior da organização potencializa as diferentes habilidades e capacidades, criando condições para uma maior otimização e racionalização dos recursos. Em um nível mais amplo, a articulação com as diferentes instâncias da sociedade permite uma ampliação da capacidade de ação, uma complementariedade de experiências e especialidades, diminuindo custos e permitindo um trabalho com mais qualidade. O planejamento participativo também contempla o processo de comunicação como algo prioritário. Por meio da comunicação as pessoas se sentirão comprometidas com as decisões que se tomam. Todas as pessoas envolvidas têm ideias diferentes sobre a situação desejada e como atingi-la. Para chegar a um acordo todos devem ter a oportunidade de expressar suas ideias.33 Também é necessário informar às pessoas sobre os antecedentes do tema com o qual se lida e sobre os mecanismos que fazem que os problemas continuem. Dessa maneira, é possível procurar distintas alternativas para resolver os conflitos e apresentar opções novas. Quando ocorre a participação de várias pessoas no planejamento abre-se um leque bem maior de opções, mais experiências a serem passadas, diferentes olhares sobre os temas tratados. Além de permitir a ampliação da capacidade de ação, complementação de especialidades, até mesmo diminuindo custos e permitindo um trabalho com mais qualidade. Finalmente, o planejamento participativo não dispensa uma coordenação que vai exercer um papel de liderança que é o de articular e catalisar os diferentes interesses e potenciais, no sentido de que cada parte envolvida tenha uma forma de participação nas deliberações e se responsabilize pelos resultados. A liderança é incentivadora, dinamizadora, facilitadora do processo, tendo como principal instrumento a informação e a formação nos mais diferentes níveis. O líder neste caso, tem um papel protagonico na implantação deste modelo. Sem ele é dificílimo que qualquer proposta funcione. Em especial na gestão participativa, o líder é a chave para o sucesso, pois caberá a ele implantar uma nova mentalidade de gestão, diferente do modelo tradicional. Seu papel então será, em primeiro lugar, levar toda a equipe à aceitação e compreensão da gestão participativa. Deverá treinar a equipe, mostrando a importância de cada um nesse modelo. Deverá apresentar à organização as principais características do modelo e, se for o caso, 33 Silveira, J. Planejamento estratégico como instrumento de mudança organizacional. Brasília: Editora da UNB, 1996, p. 154. dependendo da resistência do grupo, convencê-los de que vale a pena investir em uma nova metodologia de gestão. Neste processo de implantação do novo modelo, o líder precisará também incentivar a todos os envolvidos no processo para que persistam diante das dificuldades iniciais, mostrando alternativas para que todos se mantenham unidos no novo modelo.34 5 – Ciclo normativo do planejamento participativo: Existem diferentes maneiras de organizar a participação das partes interessadas no processo de planejamento. Para que os projetos sejam efetivos eles devem ser manejados nas etapas do ‘ciclo de projetos’. Esse ciclo caracteriza-se por ser um processo ininterrupto de planejar, acompanhar, avaliar e re-planejar.35 O processo normativo do planejamento participativo, parte de cinco questões essenciais:36 a. Identificação (O que queremos alcançar?): Neste momento se inclui a identificação dos problemas, seus indicadores (apresentação dos dados quantitativos ou qualitativos que demonstram a existência do problema) e suas causas (descrição, de forma clara e objetiva, das principais causas do problema selecionado). b. Formulação (A que distância estamos daquilo que queremos alcançar?): Neste momento se realiza uma análise dos antecedentes da situação problemática. É fundamental fazer que os problemas a serem tratados pelo plano partam do seio da comunidade. Para tal será útil elaboração de uma 34 Brighenti, A. Reconstruir a esperança: como planejar a ação da Igreja em tempo de mudança. São Paulo: Paulus, 2000, p. 65. 35 Chiavenato, I. e Sapiro, A. Planejamento estratégico: fundamentos e aplicações. Rio de Janeiro: Campus, 2004, p. 83. 36 Barbier, J. Elaboração de projetos de ação e planificação. Porto: Porto Editora, 1996, pp. 98-115. árvore de problemas, enquanto método que mostra a relação entre a causa e o efeito dos problemas identificados. c. Exame e compromisso (O que faremos concretamente – em um prazo predeterminado – para diminuir esta distância?): Envolve as operações (seleção de uma ou mais estratégias visando resolver o problema e atingir os objetivos), tomando em conta as próprias possibilidades, os recursos necessários e a definição do prazo de execução. d. Implementação e acompanhamento da execução das operações pensadas: Refere-se ao processo de execução daquilo que foi planejado com o devido monitoramento em relação a eventuais intercorrências que possam surgir. e. Avaliação/revisão: Contempla os resultados esperados com cada operação, a avaliação da operação e, finalmente, a revisão geral de todas as operações. Análise dos resultados e do impacto do projeto. A avaliação deve começar durante a implementação, para poder tomar medidas para resolver eventuais problemas. Depois da implementação do projeto, a avaliação é utilizada para emitir recomendações para projetos similares ou projetos de continuação. 6 – Planejamento ministerial participativo como modelo eclesiástico integrador: Como foi exposto ao longo deste ensaio, a metodologia participativa abre caminho de convergência entre o pensar e o agir e, com isso, a comunidade/igreja manifesta a fé presente na vida cotidiana. Permite coordenar ideias, ações, perspectivas e compartilhar preocupações e sonhos, em vez de priorizar a conformação de instâncias formais e estáticas.37 No ambiente ministerial esta metodologia é caminho de conjunto, de entrelaçamento de sujeitos e de planos articulados, capaz de provocar mudanças de comportamentos e de processos. Pensar a ação ministerial à luz de um processo metodológico participativo faz caminhar o planejamentoe a pedagogia pastoral, superando as lacunas entre fé e vida, pessoa e comunidade, igreja e sociedade. 7 – Palavras finais: 37 Cabello, M.; Espinoza, E. & Gómez, J. Manual de planejamento pastoral. São Paulo: Paulinas, 1987, pp. 44-52 identificação Formulação Exame Implementação Avaliação CICLO DE PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO As questões apresentadas relacionados a gestão dentro da dimensão ministerial merecem sempre um pouco mais de atenção e de estudo na hora de serem consideradas. O planejamento nesta atmosfera deve tomar sempre o cuidado de não ser tecnicista. Toda teoria em metodologia a ser usada deve antes passar pelo amor do líder que conduz seus liderados. É necessário lembrar sempre que estamos trabalhando com pessoas que carregam consigo medos, esperanças e expectativas quanto à ação ministerial. Por isso, esta deve ser gestada com o ágape do cristão e crescer à luz da fé.38 É indispensável pontuar também que qualquer método, até mesmo o de planejamento participativo, é frio e não contagia as pessoas num primeiro momento, mas se acreditarmos na força do Espírito Santo que nos move e move a igreja e colocarmos o amor ao trabalho pastoral inseridos na metodologia de planejamento participativo, conseguiremos envolver as pessoas e propor ações que sejam transformadoras. Essa ação transformadora será a verdadeira expressão dessa nova metodologia que o mundo tanto nos clama. Nosso mundo precisa urgente de ações efetivas rumo a uma sociedade mais justa e fraterna, e essas ações não podem mais ser pensadas da noite para o dia. 38 Orfano, G. Técnica de planejamento pastoral. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 21.
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