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BIANCA MARINELLI – TEORIA GERAL DO ESTADO 2º TERMO Controle de Convencionalidade O controle de convencionalidade é semelhante ao controle de constitucionalidade, e é a checagem das normas infraconstitucionais, espécies normativas primarias, constituições estaduais, lei orgânica do município e etc. a partir da compatibilidade com os tratados internacionais e convenções. O decreto legislativo que traz os tratados para o ordenamento. Temos em nosso ordenamento três tipos de tratados, os comuns aprovados por duas votações de maioria simples, os de Direitos Humanos aprovados por duas votações de maioria simples, e os internacionais também a respeito dos Direitos Humanos mas aprovados por quatro votações de 3/5 (surgiu a partir da emenda constitucional nº 45). EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2004, art. 5º, § 3º: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. O controle de convencionalidade encontra a sua validade no Pacto São José da Costa Rica, que em seu art. 2º evidencia: Dever de adotar disposições de direito interno: Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados-partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades. As medidas legislativas de outra natureza são destinadas a tornar efetivos os direitos reconhecidos no presente Pacto, como medidas administrativas e organizacionais, por exemplo a criação da delegacia da mulher para prestigiar a Lei Maria da Penha. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados é também uma das bases do controle de convencionalidade, e ela estabelece direito dos tratados e relações diplomáticas. Art. 27: Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/emc%2045-2004?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#art5%C2%A73 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#art5%C2%A73 BIANCA MARINELLI – TEORIA GERAL DO ESTADO 2º TERMO Ou seja, quando um Estado assina um determinado tratado internacional ele se compromete na ordem internacional. Relaciona com dois princípios do direito internacional público, o da boa-fé e pacta sunt servanda (o que está escrito deve ser cumprido). Art. 46-1: Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar- se por um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental. O Estado só pode alegar a nulidade se for cometido um erro (dolo, coação, corrupção e etc.) havendo motivo que fira um direito interno importante. O controle de convencionalidade é a compatibilização vertical da lei não só com CF, mas tratados direitos humanos. Com a emenda nº 45 houve um novo fundamento de validade, a perspectiva de tratado equivalente a emenda, temos a Convenção da Pessoas Com Deficiência como pioneira e o Protocolo de Marraquexe. Os tratados são supralegais, portanto, toda legislação infraconstitucional deve encontrar fundamento nos tratados, e não o oposto. Em 3 de dezembro de 2008, o Ministro Celso de Mello, no RE 466.343-SP, onde se questionava a impossibilidade da prisão civil pela aplicação do Pacto de San José, modificou radicalmente sua opinião para aceitar a tese segundo a qual os tratados de direitos humanos têm índole e nível de normas constitucionais no Brasil. Mas a maioria dos Ministros não acompanhou tal posição (que adotamos como correta), para acompanhar o Voto-vista do Ministro Gilmar Mendes, que alocou tais tratados de direitos humanos no nível supralegal - abaixo da Constituição, mas acima de toda a legislação infraconstitucional. Assim, no julgamento prevaleceu no STF o voto do Ministro Gilmar Mendes, por cinco votos a quatro, ficando afastado - pelo menos por enquanto - o posicionamento do Ministro Celso de Mello, que reconhecia valor constitucional a tais tratados. Como se percebe, o STF não mais adota a equiparação dos tratados de direitos humanos às leis ordinárias. a) Supra constitucionalidade: tratados acima da Constituição. b) Constitucionalidade: bloco de constitucionalidade, normas expressamente constantes da Constituição Federal, além daquelas previstas nos tratados internacionais sobre direitos humanos, com base no artigo 5º, §2º, da CF. c) Supra legalidade: abaixo da Constituição, mas acima de toda a legislação infraconstitucional. Constituição em matéria tributária, fundada no artigo 98 do Código Tributário Nacional, “Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.”. BIANCA MARINELLI – TEORIA GERAL DO ESTADO 2º TERMO Tratados internacionais que não tratem de direitos humanos tem status de lei ordinária, com exceção os de matéria tributária, como o CTN estabelecido no art. 98. Tratados internacionais que versem sobre direitos humanos, mas não tenham sido aprovados do §3º do art. 5º da CF tem status supralegais, abaixo da Constituição, mas acima dos outros códigos (emenda nº 45), controle difuso. Os aprovados dentro dessa normativa serão equivalentes às emendas constitucionais, controle concentrado. Tratados internacionais sobre matéria processual civil (art. 13 do CPC de 2015) tem status supralegais. Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte. Os Países Americanos, em exercício de sua soberania adotaram uma série de instrumentos internacionais que se transformaram na base do atual Sistema Interamericano de Direitos Humanos, oriundo das disposições da Convenção Americana de Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica. Para fiscalizar os compromissos assumidos foram instituídas a Corte e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, conforme art. 33 do Pacto. A Comissão faz um juízo de admissibilidade e recebe, analisa e investiga petições que alegam violações dos direitos humanos e faz instrução e tutela para a solução do conflito, enquanto a Corte posteriormente condena caso não aja algum acordo e faz controle de convencionalidade.
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