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Apostila - Ética, cidadania e sustentabilidade - SENAC

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Ética, Cidadania
e Sustentabilidade
Créditos
Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância
Diretor Regional 
Luiz Francisco de Assis Salgado
Superintendente Universitário 
e de Desenvolvimento 
Luiz Carlos Dourado
Reitor 
Sidney Zaganin Latorre
Diretor de Graduação 
Eduardo Mazzaferro Ehlers
Diretor de Pós-Graduação e Extensão 
Daniel Garcia Correa
Gerentes de Desenvolvimento 
Claudio Luiz de Souza Silva 
Luciana Bon Duarte 
Roland Anton Zottele 
Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas
Coordenadora de Desenvolvimento 
Tecnologias Aplicadas à Educação 
Regina Helena Ribeiro
Coordenador de Operação 
Educação a Distância 
Alcir Vilela Junior
Professores Autores 
Flávia Cristina Martins Mendes 
José Antônio Fracalossi Meister 
Revisor Técnico 
Marcelo Gasque Furtado 
Valdelis Fernandes de Andrade 
Karin Pfannemüller Gomes
Técnico de Desenvolvimento 
Carolina Tiemi Sato Komatsu
Coordenadoras Pedagógicas 
Ariádiny Carolina Brasileiro Silva 
Izabella Saadi Cerutti Leal Reis 
Nivia Pereira Maseri de Moraes 
Otacília da Paz Pereira
Equipe de Design Educacional 
Alexsandra Cristiane Santos da Silva 
Ana Claudia Neif Sanches Yasuraoka 
Angélica Lúcia Kanô 
Anny Frida Silva Paula 
Cristina Yurie Takahashi 
Diogo Maxwell Santos Felizardo 
Flaviana Neri 
Francisco Shoiti Tanaka 
Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida 
Hágara Rosa da Cunha Araújo 
Janandrea Nelci do Espirito Santo 
Jackeline Duarte Kodaira 
João Francisco Correia de Souza 
Juliana Quitério Lopez Salvaia 
Jussara Cristina Cubbo 
Kamila Harumi Sakurai Simões 
Katya Martinez Almeida 
Lilian Brito Santos 
Luciana Marcheze Miguel 
Mariana Valeria Gulin Melcon 
Mônica Maria Penalber de Menezes 
Mônica Rodrigues dos Santos 
Nathália Barros de Souza Santos 
Rivia Lima Garcia 
Sueli Brianezi Carvalho 
Thiago Martins Navarro 
Wallace Roberto Bernardo
Equipe de Qualidade 
Ana Paula Pigossi Papalia 
Josivaldo Petronilo da Silva 
Katia Aparecida Nascimento Passos
Coordenador Multimídia e Audiovisual 
Ricardo Regis Untem
Equipe de Design Audiovisual 
Adriana Mitsue Matsuda 
Caio Souza Santos 
Camila Lazaresko Madrid 
Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo 
Christian Ratajczyk Puig 
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Hugo Naoto Takizawa Ferreira 
Inácio de Assis Bento Nehme 
Karina de Morais Vaz Bonna 
Marcela Burgarelli Corrente 
Marcio Rodrigo dos Reis 
Renan Ferreira Alves 
Renata Mendes Ribeiro 
Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti 
Thamires Lopes de Castro 
Vandré Luiz dos Santos 
Victor Giriotas Marçon 
William Mordoch
Equipe de Design Multimídia 
Alexandre Lemes da Silva 
Cristiane Marinho de Souza 
Emília Correa Abreu 
Fernando Eduardo Castro da Silva 
Mayra Aoki Aniya 
Michel Iuiti Navarro Moreno 
Renan Carlos Nunes De Souza 
Rodrigo Benites Gonçalves da Silva 
Wagner Ferri
Ética, Cidadania e Sustentabilidade
Aula 01
Conceito de ética e seu legado para o Ocidente
Objetivos Específicos
• Conhecer o percurso histórico da ética.
Temas
Introdução
1 Palavras que se formam e se eternizam
2 A aplicabilidade da ética
3 Panorama histórico da ética 
4 Ética aplicada
Considerações finais
Referências 
José Antônio Fracalossi Meister 
Professor Autor
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Ética, Cidadania e Sustentabilidade
2
Introdução
Nesta aula, faremos uma viagem histórica por um dos conceitos mais ricos e desafiadores 
para a filosofia e para a história da humanidade: a ética. 
Se analisarmos os precursores da filosofia, identificaremos em seus escritos pontos 
relacionados à ética – nem sempre assim descritos, mas presentes. Por exemplo: os pré-
socráticos, ao se perguntarem pelos princípios das coisas, já buscavam responder “quem 
somos?” e “qual o princípio ordenador de todas as coisas?”. 
Pensar sobre ética é admitir que o ser humano não nasce pronto, acabado e determinado, 
ao contrário, ele nasce com possibilidades de “vir a ser”, conforme o que fizer de sua vida. 
Isso significa que as pessoas têm a possibilidade de agir de forma certa e errada. O humano 
é um ser em constante formação, assim, não existe uma resposta única sobre a ética, mas 
várias alternativas de ação. 
Na prática, as sociedades, das mais antigas às mais atuais, sempre privilegiam um 
determinado tipo de ação, o qual é considerado aceito ou não. E, dentro das sociedades, 
existem também específicas formas de ética ou práticas que se dirigem a grupos determinados. 
Por exemplo, a ética profissional, empresarial, bioética etc. 
Nosso desafio é fazer essa viagem e descobrir a riqueza do pensamento e da experiência 
humana no decorrer da história. A proposta é entender a ética em seu contexto histórico 
desde os pré-socráticos até a contemporaneidade. Entenderemos também os conceitos de 
ética e de moral, aspectos históricos, a herança ética ocidental, as situações que envolvem 
a ética e os problemas relacionados a ela. Assim, você terá uma compreensão da ética, um 
pouco da sua história, seus conceitos e suas aplicações aos comportamentos humanos.
1 Palavras que se formam e se eternizam
Os termos ética e moral geralmente são admitidos como sinônimos, mas, para entender 
o porquê da confusão em equipará-las, é preciso visualizar as duas palavras em sua origem. 
Antes de detalharmos os conceitos fundamentais para esta disciplina, vamos a um 
exemplo, considerando que buscar o sentido de uma palavra pode nos ajudar muito em sua 
compreensão, mas pode não dizer tudo o que necessitamos saber sobre ela. O substantivo 
pedofilia, por exemplo, tem origem grega: ped(o) (criança) + filia (amigo). Assim, em seu sentido 
etimológico1, o pedófilo seria o “amigo da criança”. Mas, como sabemos, atualmente, o termo 
tem outra conotação: pedófilo é aquele que sente atração sexual por crianças ou pratica 
pedofilia (psicopatologia: distúrbio ou perversão que faz com que uma pessoa em idade adulta 
1 Etimologia é o estudo da origem, formação e evolução das palavras e da construção de seus significados a partir dos elementos que a 
compõem.
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se sinta atraída por crianças). Logo, a origem da palavra nos dá uma ideia de seu sentido e o 
contexto no qual surgiu, mas não é sempre suficiente para tudo o que necessitamos.
1.1 A palavra “ética” e seu conceito inicial
A palavra ética tem origem na palavra grega ethos e significa costume, a forma como 
o ser humano se molda conforme seu jeito de ser, fazendo assim seu abrigo protetor e o 
constituindo à medida que vive e estabelece suas relações.
Pessoas só conseguirão ser éticas se tiverem alguma informação, se forem capazes 
de articular essa informação com as diferentes circunstâncias sociais e pessoais, se 
souberem refletir e, acima de tudo, apropriarem-se conscientemente dos exemplos e 
ensinamento (LACERDA; PESSOA, 2018, p. 8).
A ética também evoluiu, pois é fruto das experiências humanas, ou seja, é resultante 
do que é vivido. Por isso, se é uma teoria, também é resultante das experiências vividas pela 
humanidade. 
Por exemplo, o dinheiro não regia as relações nas sociedades primitivas. Nelas, 
vivia-se a partir de uma concepção coletiva de bens. O que era de um, era de todos, e o 
que era de todos, era ao mesmo tempo de cada um, “meu” e “teu” eram sinônimos de 
“nosso”. Não há fragmentação entre posse e uso. 
Atualmente, pela forma como a sociedade está estruturada, não se consegue 
entender a posse dos bens do mesmo modo. Quem não tem dinheiro tem dificuldade 
de garantir ao menos os bens básicos e necessários para viver. Esse é um modo da 
sociedade atual se constituir. O que se deseja é construir uma ética dando a possibilidade 
de uma identidade a cada ume ao mesmo tempo constituir um princípio universal.
Mas a mudança da ética não nos dá o direito de pensá-la como relativista. Ela é relativa 
ao tempo e ao espaço onde se encontram as pessoas que dela fazem uso, ou seja, ela é 
relativa ao local onde se faz presente. Todo pensamento ético busca a universalidade, busca 
ser para todos, embora nunca o seja, pois quem constrói as relações e o modo de constituir 
seu ser social são as pessoas dentro de um determinado tempo e espaço. 
Ao nos voltarmos para o resgate histórico da palavra ética, sempre nos levamos ao que 
os gregos já nos chamavam a atenção: a ética é o que nos faz pensar sobre os hábitos e 
costumes, a fim de que se consiga uma boa convivência na casa onde se habita. Isto é, que 
se consiga construir um pensamento que permita que as pessoas tenham a possibilidade de 
viver bem, em harmonia.
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1.2 Valor: base da ética
A palavra moral tem correspondência com a palavra em latim mos ou moris, e significa 
costumes e tradições, ou seja, um modo de organizar o lugar onde estamos, fazendo-o de 
nosso jeito. Assim, a moral está intimamente vinculada aos costumes, às tradições e aos 
valores de cada povo, de cada lugar. 
Os valores e costumes são transmitidos de geração em geração. Por exemplo: a 
moral do índio é diferente da moral do bandeirante, e esta é diferente da moral do 
português e assim sucessivamente. O que deve ficar claro é que cada povo constitui seu 
modo de ser e viver.
Agora, o que entender por valores e sua relação com a ética?
De maneira simples, pode-se afirmar que valor é aquilo que vale para nós e tudo aquilo 
que não nos é indiferente. Os valores são estudados pela axiologia (do grego axiós, que 
justamente quer dizer valor) e para entender esse conceito, pense que quando algo nos 
chama a atenção – seja por ser bom ou por ser mau – é um valor. Entre os bons valores, 
há o amor, felicidade, solidariedade. Entre os maus ou falsos valores estão a violência e a 
desigualdade. 
O certo é que toda ética parte de valores que são socialmente aceitos, visto que como tal 
passam a ser importantes para determinada sociedade e, por isso, busca-se a sua implantação, 
por meio de ações morais. Os valores nos arrastam e nos atraem, por isso são muito 
importantes e nos tiram da indiferença. Se forem positivos, nos atraem para que façamos 
o que ensejam e, portanto, são éticos; se não negativos, nos atraem para que venhamos a 
repeli-los e, consequentemente, são antiéticos ou imorais.
Temos diante de nós sempre a possibilidade de agir de um ou outro modo. Segundo 
Boff (2003, p. 34, grifo do autor), “todos possuem o daimon, esse anjo protetor que nos 
acompanha sempre, um dado tão objetivo como a libido, a inteligência, o amor e o poder”. 
Vivemos então com a realidade protetora, e a realidade que nos fragmenta, o diabólico, que 
lança “[…] coisas para longe, de desagregada e sem direção; jogar para fora de qualquer jeito” 
(BOFF, 2003, p. 12). 
Relacionar-se com as coisas e com as pessoas desperta em nós o mundo dos valores. 
Estes passam a existir à medida que nos relacionamos. Logo, passamos a entender que a base 
da ética é o valor, pois, nas relações que as pessoas passam a estabelecer com os demais 
seres da natureza, os valores são revelados. Portanto:
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A não indiferença é a principal característica do valor. [...] Os valores existem na 
ordem da afetividade, uma vez que não ficamos indiferentes diante de alguma coisa 
ou pessoa, mas sempre somos afetados por elas de alguma forma [...] Valorar é uma 
experiência fundamentalmente humana que se encontra no centro de toda escolha 
de vida (ARANHA; MARTINS, 1998, p. 117).
Entende-se assim porque na base de qualquer reflexão ética estão os valores, pois são 
eles que nos chamam a atenção para os fatos, são eles que nos levam ao julgamento para 
aceitar uma coisa como sendo boa ou má. 
A reflexão sobre os valores é o primeiro passo para que o ser humano possa fazer ética, 
pois, conforme as relações que são estabelecidas e pela forma como elas nos tocam e nos 
tiram da indiferença, passamos a considerar determinada atitude, prática ou discurso como 
ético ou não. 
1.3 Relativismo
Outra questão que surge quando refletimos sobre ética é se existem valores que valem 
para todas as pessoas, em qualquer lugar e em qualquer tempo. Se acreditarmos que os 
valores são absolutos, então não teremos mais dúvidas sobre o que é certo e o que é errado, 
tudo já está resolvido de antemão. Entretanto, se o certo e o errado já estão postos, os 
seres humanos estarão reduzidos à condição de meros reprodutores de regras definidas 
anteriormente e por um ente superior. 
Mas, e se os valores não forem absolutos? Deparamo-nos com o desafio do relativismo. 
De acordo com o relativismo moral, o “certo” e o “errado” são relativos, pertencem 
apenas a quem está tomando a decisão, e temos apenas respostas individuais para qualquer 
questão ética. Cada um sabe o que faz e decide o que é certo ou errado.
A forma mais conhecida de relativismo é o relativismo ingênuo, a ideia de que cada um 
de nós é a própria medida de julgamento de nossas ações. Nossas decisões éticas seriam 
personalistas e não existiriam meios para nossos semelhantes julgarem se nossas escolhas 
são/foram eticamente melhores do que outras, das quais abrimos mão.
Se etimologicamente ética e moral são tomadas como sinônimos, vamos estabelecer e 
admitir para nosso estudo a diferença entre elas. A ética está relacionada aos estudos (portanto, 
é uma teoria) das condutas humanas e é uma parte de outra ciência, a filosofia. O estudo 
do comportamento humano vai além da observação dos costumes de uma comunidade ou 
povo, ele investiga as boas e más ações na política, nas empresas, no campo profissional, nos 
experimentos de engenharia genética etc. Essa parte da ética ou da filosofia é denominada 
prática, pois tem como intuito a aplicabilidade direta para uma realidade específica
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6
.
Conhecer a origem da palavra é importante, mas devemos lembrar que as palavras, 
assim como as pessoas, são dinâmicas. Por isso, mais do que sabermos de onde vem a 
palavra e qual é seu significado original, é necessário entendermos seu conceito e sua 
importância dentro de determinada realidade. Cabe destacar que a ética se funda sobre 
valores, liberdade e experiências vividas pela humanidade, assim sendo, é fundamental 
entendermos que a ética serve para determinados lugar e tempo. Quando há mudanças 
no modo de ser das pessoas, da mesma forma a ética e a moral daquele determinado 
espaço também se modificam.
Assim, pode-se afirmar que a ética indica uma parte prática da filosofia e tem como intuito 
orientar as decisões concretas das pessoas e da sociedade (a isso denominamos moral), uma 
vez que todas as nossas ações impactam o ambiente e os demais seres ao nosso redor.
Quadro 1 – Ética e moral
É a parte da filosofia que se 
ocupa dos fundamentos da 
vida moral.
Ética
Conjunto de regras que 
determina o comportamento 
dos indivíduos na sociedade.
Moral
Fonte: Adaptado de Aranha e Martins (1986).
O importante na questão conceitual sobre ética e moral é que a primeira é teoria, e a 
segunda é a prática dessa teoria. Assim, toda vez que praticamos atos que são classificados 
como morais ou não, o são com base em uma teoria – a ética. E quando uma ação é realizada 
de modo consciente e deliberadamente contrária à ética, tem-se o que denominamos 
“ato imoral”.
2 A aplicabilidade da ética
A educação é uma formade se aplicar e ensinar os princípios éticos. Os pais exercem 
um papel essencial na formação ética dos filhos, que, posteriormente, será assumida pela 
sociedade por meio das instituições escolares e religiosas, entre outros. Quando o indivíduo 
se insere e passa a ter contato com outros meios além dos familiares (empresas, meios de 
comunicação social, como rádio, televisão etc.), essa forma de educação é exercida por eles.
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O chefe ou patriarca nos grupos parentais ao lado dos pais determinava as normas de 
comportamento para o grupo todo. Historicamente, a humanidade passou por quatro etapas 
sucessivamente (família, tribo, cidade e nação) e, a mais recente, globalização.
Figura 1 – Etapas da humanidade
Família Tribo Cidade Nação Globalização
Fonte: Adaptado de Alonso (2002).
Primeiro, as famílias formam tribos, “[…] unidas por vínculos de parentesco e de 
serviços” (ALONSO, 2002, p. 95). A união de várias famílias dá surgimento às tribos e estas, 
com seu crescimento, reúnem-se na forma de cidades. É importante observar que, ao longo 
da história, algumas regras éticas do grupo familiar, da tribo, da organização da cidade e das 
religiões se sobrepuseram e perduraram porque foram reconhecidas tanto individual como 
coletivamente. “Na medida em que crescem os agrupamentos humanos, passando da tribo 
para as cidades, parece que a educação das pessoas e, consequentemente a ética (em seu 
aspectos públicos ou cívicos) sofrem ou se deterioram” (ALONSO, 2002, p. 97).
Diante disso, cabe-nos refletir sobre questões que fazem parte do universo da ética, tais 
como: O que devo fazer? Como devo me comportar? Qual a melhor conduta para a situação? 
Que decisão tomar?
3 Panorama histórico da ética 
A ética tem seu berço nas cidades-estado gregas. Mais precisamente no século V a.C. 
quando a pólis (cidade) grega constituiu seus primeiros estudos sobre ética. Valls (1987, p. 
24-25) chama a atenção para o fato de que:
A reflexão grega neste campo surgiu como uma pesquisa sobre a natureza do bem 
moral, na busca de um princípio absoluto da conduta. Ela procedeu do contexto 
religioso, onde podemos encontrar o cordão umbilical de muitas ideias éticas, tais 
como as duas formulações mais conhecidas: ‘nada em excesso’ e ‘conhece-te a ti 
mesmo’. O contexto em que tais ideias nasceram está ligado ao santuário de Delfo do 
deus Apolo.
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Os conceitos de ética não podem ser entendidos e vistos fora de seu contexto 
histórico. É dentro de uma realidade e de uma época que surgem determinadas 
necessidades humanas. Toda a reflexão ética, portanto, faz parte de um período 
histórico. Por isso, ela é dinâmica e muda conforme a realidade em questão.
Vamos passar por grandes períodos históricos, que também são divididos nos estudos 
da civilização humana: Idade Antiga, Idade Média (segundo maior período da história), Idade 
Moderna e Idade Contemporânea. Nosso foco será no mundo ocidental, no qual estamos 
inseridos, mas trataremos também do mundo oriental. 
No quadro que representa brevemente a cronologia da ética, é possível verificar a riqueza 
do pensamento ético no transcorrer do tempo.
Quadro 2 – Cronologia da ética
Pré-socráticos Antiguidade Idade Média Modernidade
Idade 
contemporânea
Séc. XII a. C. 
Os Dórios criam 
colônias.
Homero:
Escreve a Odisseia e a 
Ilíada.
Séc. VI a. C. 
Primeiras formulações 
filosóficas.
Pré-socráticos:
A origem das coisas 
(água, terra, fogo e ar).
Empédocles:
Amor e ódio.
Demócrito:
A ignorância é a 
causa do erro. 
A harmonia concede 
a calma, saúde e a 
felicidade.
Séc. V a. C.
Sócrates: 
O que importa é viver 
sem cometer 
injustiças, nem mesmo 
a retribuição a uma 
injustiça recebida. 
Ter consciência de sua 
ignorância.
Séc. V – IV a. C.
Platão: 
Reminiscência - o 
conhecimento nos 
coloca em contato 
com a alma que faz 
surgir o conhecimento.
Séc. IV a. C.
Aristóteles: 
O bem é a finalidade 
da ética, fruto do 
conhecimento, a sua 
ausência leva ao mal. 
Séc. IV – V
Santo Agostinho: 
A razão da filosofia é 
chegar à felicidade 
que se encontra em 
Deus.
São Tomás de 
Aquino: 
Busca unir a fé e a 
razão. As criaturas 
não existem por elas 
mesmas, por isso 
estão separadas de 
sua essência. Só 
Deus tem a essência 
e existência. 
Séc. XIII
Séc. XVI - XIX
Caracteriza -se pelo fim 
da ligação entre Igreja 
e Estado. Agora cabe 
ao homem descobrir a 
razão de ser das coisas.
Espinosa: A razão é 
capaz de estabelecer o 
bom e o mal, e de frear 
as paixões. 
Hume: moral 
utilitarista.
Locke: cada homem 
deve aprovar e 
recomendar as regras 
para a vida em 
sociedade.
Hobbes: o desejo da 
conservação torna os 
homens solitários por 
natureza, egocêntricos, 
agressivos, o que os leva 
a viver em sociedade e 
se comportar. 
Cooperando, podem ser 
felizes.
Kant (grande 
expoente): A razão é 
universal e não 
individual. Age de tal 
modo sua ação seja 
universal.
Caracteriza -se pela 
pluralidade da ética = 
éticas.
Revolução industrial e 
capitalismo marcam a 
reflexão. 
Fundamentação 
transcendental. O 
homem é a origem 
dos valores e das 
normas morais. 
Iniciado por Hegel.
Destacam-se Nietzsche 
e Shopenhauer.
Guerras desvalorização 
da vida, exploração, 
gera busca da verdade.
Expoentes atuais: Apel
, Jonas, Hosle, Gadamer
, 
Levinas, Dussel, 
Ricouer , entre outros.
3.1 Período grego 
O conceito e o estudo da ética ocidental se iniciam no período pré-socrático e, em 
seguida, têm continuidade com Sócrates, Platão e Aristóteles. As três obras fundamentais da 
ética ocidental são: Ética a Nicômaco, A grande moral e Ética a Eudemo, todas aristotélicas. 
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9
É preciso destacar que, no contexto de formação da filosofia, as preocupações dos 
primeiros filósofos (pré-socráticos) eram de ordem cosmológica, ou seja, esses pensadores se 
interessavam em responder às questões sobre como o mundo é constituído, sobre a origem 
do universo etc. 
Podemos afirmar que a ética ocidental nasce com Sócrates, que promove uma 
virada nas preocupações da filosofia, focando o interesse não mais em aspectos externos 
ao ser humano, como os filósofos anteriores (formação do universo, constituição das 
coisas etc.), mas justamente nas virtudes que importam para a formação do homem. 
Sócrates passa a investigar o interior do ser humano e as condições que podem torná-lo 
excelente do ponto de vista moral.
Nas cidades gregas, a nova ciência, a ética, era a matéria-prima das leis da pólis. É possível 
afirmar que, ao mesmo tempo em que os agrupamentos humanos aumentaram de tamanho, 
os problemas relacionados com as ações das pessoas também cresceram.
A primeira obra a tratar da ética foi Ética a Nicômaco, de Aristóteles. Nela, ele pretendia 
melhorar a vida pública nas cidades gregas. 
Nessa obra, os temas da felicidade, das virtudes e da amizade são examinados. A felicidade 
para Aristóteles é um estado na vida terrena, não é um conceito sobrenatural ou presente 
divino. No entanto, a felicidade aristotélica não pode ser confundida com a simples procura 
por prazer. Em verdade, Aristóteles afirma que ela mora na contemplação, na observação das 
atividades da mente, na reflexão.
[...] é ela procurada sempre por si mesma e nunca em vistas em outra coisa [...]. A 
felicidade é algo absoluto e autossuficiente, sendo também a finalidade da ação [...] o 
homem feliz vive bem e age bem; pois definimos praticamente a felicidade como uma 
espécie de boa vida e boa ação (ARISTÓTELES, 1987, p.15-17).
Para o filósofo grego, fazer o bem torna-se uma base pela qual podem se estabelecer as 
ações éticas, isto porque quem busca a felicidade busca algo absoluto e tem, portanto, uma 
base sólida para seu agir. Assim, como toda ética procura o bem, a busca da felicidade seria a 
função da busca ética, e o resultado do agir seria a felicidade em si. 
O conceito de felicidade em Aristóteles não é um momento isolado, mas resultante 
de uma busca constante e sólida. Não é algo passageiro, é um projeto de vida, uma busca 
constante e incansável e que quem consegue atingir o bem, atinge também a felicidade. Ser 
feliz é fazer o bem. 
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3.2 Período medieval
O período medieval apresenta um pensamento imbuído de visão religiosa cristã. Os 
grandes pensadores da filosofia e, consequentemente, da ética montam suas reflexões a 
partir do entendimento do papel de Deus como aquele que dá a vida, visto que cabe ao ser 
humano fazer a Sua vontade. Assim, a ideia do amor cristão passa a ser tema da ética e da 
reflexão durante esse período.
Dentre todos os pensadores desse período, cabe destacar dois que são fundamentais 
para nossa reflexão ética: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. 
Santo Agostinho (354-430 d.C.) parte da ideia religiosa do pecado e sua origem 
na concepção do paraíso. Lá, houve a ruptura da harmonia da convivência de Deus 
e o homem, a qual se chamou de pecado. A partir desse momento, sabemos o que é o 
bem e o que é o mal. Logo, de acordo com esse ponto de vista, ser uma pessoa boa é ser 
alguém que vive conforme a vontade de Deus. A grande virtude humana está em buscar 
constantemente a Deus. 
O problema da felicidade constitui, para Agostinho, toda a motivação do pensar 
filosófico. Uma das últimas obras que redigiu, a Cidade de Deus, afirma que ‘o homem 
não tem razão para filosofar, exceto para atingir a felicidade [...] A filosofia é assim 
entendida [...] como uma indignação sobre a condição humana à procura da felicidade 
(PESSANHA, 1987, p. 12).
No ano de 1252, Tomás de Aquino começou a lecionar e a escrever para a Universidade 
de Notre Dame, criada em 1215 após a união das escolas vinculadas à Catedral de Paris. Em 
seus discursos e argumentos, Aquino “cristianizou” Aristóteles. Sua obra fundamental é a 
Suma Teológica, que harmoniza razão e fé, liberdade e autonomia nas questões éticas.
Uma ética racional, livre e autônoma deve ser considerada um ponto de coexistência, de 
convergência entre as culturas ocidental, judaica e árabe, pois, com as traduções dos estudos 
éticos de Aristóteles, aprendemos a pensar sobre a ética de maneira universal. 
O ponto de partida para construção do tomismo – e a consequente cristianização 
de Aristóteles – parece residir na hábil transformação que Santo Tomás operou na 
distinção aristotélica entre essência e existência. [...] O conteúdo da filosofia aristotélica 
é mantido em seu arcabouço racional. Mas é o bastante para torná-la capaz de servir 
de fundamentação racional para os dogmas da revelação cristã, defender a ortodoxia 
da igreja e dar combate às correntes consideradas heréticas (MATTOS, 1998, p. 9).
Dentro do pensamento de Tomás de Aquino não se pode deixar de considerar as cinco 
vias que levam a Deus, tidas como a prova de Sua existência: 
• Deus é a razão de o universo estar em movimento;
• Deus é a causa e efeito de todas as coisas;
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• Todos os seres são gerados ou estão se corrompendo, logo, não tem a razão de ser 
em si, além de Deus;
• As coisas têm graus hierárquicos de perfeição e a comparação é o absoluto, que é 
Deus;
• Deus é responsável pela ordem de todas as coisas.
Início de caixa Importante
O pensamento tomista é importante, nesse diálogo que se faz entre fé e razão 
presente até hoje nos debates filosóficos e teológicos, assim como nas questões sobre 
as origens dos seres. O cuidado que se deve ter é não cair em fundamentalismo e 
nem mesmo em um ateísmo exacerbado. Nenhum deles nos leva ao fim de toda busca 
humana que é a verdade.
3.3 Período moderno
A queda da cidade de Constantinopla em 1453 é considerada o marco do início da Idade 
Moderna, para uma parcela de historiadores. Para outros, esse marco seria o descobrimento da 
América em 1492. No continente europeu, o Renascimento e o Protestantismo revolucionam 
o contexto da época. As primeiras nações2 europeias foram formadas na Idade Moderna. 
Muitas cidades e pequenos reinos integrados formaram as monarquias nacionais.
Durante a modernidade, sente-se a necessidade de encontrar um fundamento da ética 
despregado da religião e ancorado na própria racionalidade humana. É preciso destacar que 
é na obra de Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, que o imperativo categórico 
é formulado.
A Revolução Francesa (1789) traz uma mudança radical na ética praticada até então, 
porque traz o conceito de liberdade de pensamento. Liberdade que rompe a visão tradicional, 
que atinge o exercício do poder do Estado e representa um grande número de pessoas em 
torno da ideia de nação. Nesse período, Kant desponta como o pensador ético por excelência, 
porque busca os fundamentos últimos, necessários e universais de todas as coisas. Suas obras 
mais importantes são: Crítica da razão pura, Critica da razão prática e Fundamentação da 
metafísica dos costumes.
2 Nações são formadas por povos reunidos porque possuem história, língua e culturas comuns e que ocupam o mesmo território.
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Na Fundamentação da Metafísica dos Costumes [...] a vida moral aparece como forma 
através da qual se pode conhecer a liberdade, enquanto na Crítica da Razão Prática a 
liberdade é investigada como a razão de ser da vida moral. [...] a lei moral provém da 
ideia de liberdade e que, portanto, a razão pura é por si mesma prática, no sentido 
de que ideia racional de liberdade determina por si mesma a vida moral e com isso 
demonstra sua própria realidade (CHAUÍ, 1987, p. 15).
Observe o quanto é complexo o pensamento kantiano; apesar de sua complexidade, 
após Kant, não há a possibilidade de se fazer ética sem estudá-lo. Podemos aceitá-lo ou não, 
mas não podemos deixar de conhecê-lo. Até hoje muitos filósofos estudam seu pensamento, 
buscando encontrar novidades e justificativas para a ética.
É importante pensar a ética kantiana a partir do que ela denomina imperativos 
categóricos, que se referem à correspondência entre a liberdade e a lei prática. Essa lei, por 
ser fruto da liberdade, nos impõe deveres, por isso, sem pensamento ético, é denominada 
ética dos deveres
Pensemos bem concretamente: encontro uma amiga na rua e, depois de 
conversarmos, digo: “Irei te visitar”. Nada me obrigou a dizer que iria visitá-la, foi puro 
fruto de minha liberdade de ação, logo, criei um dever moral para mim, porque sou 
livre para fazê-lo. Disso surge o grande imperativo categórico de Kant que é: “age de tal 
maneira que o motivo que te levou ao agora possa ser convertido em lei universal”, isto 
é, se todos fizerem o que faço, nos sentiremos bem e confortáveis.
3.4 Período contemporâneo
Ética no mundo contemporâneo poderia ser mais bem colocada sob a óptica da pós-
modernidade, do relativismo de valores e do impacto da tecnologia e da globalização. Esse 
processo de grandes mudanças levou a humanidade a clamar cada vez mais por ética, como 
uma forma de recobrar uma linha de ação, que deixa de lado as grandes ganâncias impostas 
pelo capitalismo.
O mundo do século XX provoca um abalo na reflexão ética, especialmente com o 
surgimento do nacionalismototalitário. Temos a ascensão do nazismo, do imperialismo, do 
socialismo comunista e uma série de práticas que devastaram a Europa. 
Com o processo de globalização, a ética foi definida de um modo mais abrangente e 
associada ao estudo da maneira pela qual nossa tomada de decisão impacta na vida e em 
todas as atividades desenvolvidas. Os problemas não podem mais ser resolvidos localmente 
e pensados globalmente. E o que se depreende de todo esse cenário é que:
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O novo século inicia-se com avanços tecnológicos excepcionais. Em áreas como 
as comunicações, a informática, a robótica, a biotecnologia e outras, o ritmo das 
inovações é elevado. Isso tem multiplicado a capacidade de produção de bens e 
serviços, e tem aberto novas áreas para investimentos. Contudo, ao mesmo tempo 
em que a humanidade, dado o enorme poder de produção provocado pela revolução 
tecnológico em andamento, tem hoje a possiblidade crescente de derrotar todas as 
teses malthusianas, boa parte do gênero humano convive com o agravamento de seus 
problemas de sobrevivência no dia-a-dia. (KLIKSBERG, 2003, p. 27)
Para Morin (2005, p. 26), “a ética tornou-se, portanto, laica e individualizada; com o 
enfraquecimento da responsabilidade e da solidariedade, impõe-se uma distância entre a ética 
individual e a ética da cidade”. Há uma série de situações nas quais o mundo contemporâneo 
nos apresenta e que devemos descortinar uma jornada de pensamento a ser vivida. Muitos 
valores e princípios foram relativizados e agora passam a ser reconhecidos.
Por um lado, essa situação abre perspectivas importantes para comportamentos antes 
jamais imaginados, por outro, é preciso refundar um pensamento ético a partir desse modo 
de compreender a relação e a vida, por exemplo: a homossexualidade, o adultério, o aborto, 
a moral familiar etc., e que, segundo Morin (2005), leva ao enfraquecimento da tutela 
comunitária, ao universalismo ético e ao desenvolvimento do egocentrismo. É sobre essas 
bases que se deve refundar ou fundamentar a ética contemporânea.
4 Ética aplicada
A ética aplicada ou também denominada ética prática é um campo bem atual, pois é 
suscitada por uma série de questões que até então não se apresentavam na forma como 
atualmente nos desafiam. Tudo isso se deve ao que foi referido anteriormente, a novas 
perspectivas que se abrem em nossas relações.
Existem alguns temas atuais que devem ser pensados sob a óptica da ética, como os 
experimentos e pesquisas com seres humanos e animais, a riqueza e a pobreza, o meio 
ambiente, o aborto (de embrião e feto), homicídio, as guerras (existiria uma guerra justa?), 
as relações entre as empresas e seus funcionários, o meio ambiente, as drogas, a violência, a 
dor e o sofrimento. E assim temos uma lista quase que infinita para desafiar a reflexão ética 
na atualidade. 
De longe, não se pode tratar todos os temas e situações que o mundo nos apresenta 
hoje, por isso, existem campos específicos da ética para tratar também de temas específicos, 
por exemplo: ética profissional, ética empresarial, código de ética para a empresa, bioética, 
ética ambiental (ou eco ética) etc.
Tanto em nossa vida pessoal como no ambiente profissional, estamos diante de questões 
éticas. No mundo corporativo, grande parte das questões éticas são classificadas em quatro 
níveis. Segundo Stoner (2009), esses níveis são:
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1. Sociedade;
2. Stakeholders (empregados, fornecedores, consumidores, acionistas etc.);
3. Políticas internas de cada empresa;
4. Pessoal (ou individual).
A ética teria que constituir todas as decisões dentro de uma organização. Muitas empresas 
possuem o seu próprio código de ética para orientar e guiar formalmente os comportamentos 
de seus diretores, especialistas e parceiros de negócios. Órgãos públicos, sindicatos, 
associações de profissionais liberais têm códigos de ética específicos ou profissionais, nos 
quais demonstram boa vontade e reconhecem a necessidade e a importância da ética. 
As ações de uma empresa podem ser antiéticas, um órgão público pode ser palco de 
corrupção e desvio de recursos financeiros para beneficiar um grupo ou indivíduo. 
O código de ética de uma instituição, seja ela o governo, empresa, ou ONG (organização 
não governamental) teoricamente só pode ser vantajoso para os seus stakeholders. 
Enquanto muitos executivos apenas veem um modismo capaz de capitalizar benefícios 
ou dividendos, outros têm se desdobrado para criar um instrumento genuíno, com 
adesão voluntária de todos os stakeholders, incorporando de maneira natural e 
profissional os princípios éticos da instituição (ARRUDA, 2002, p. 1).
Os códigos de ética surgem nas empresas como uma forma de ajudar a constituir as 
relações entre os diferentes públicos que se relacionam e que gravitam em torno de qualquer 
organização. Hoje, mais do que isso, pensa-se também na relação com a natureza e com 
a responsabilidade social. As organizações devem ajudar a construir uma sociedade que 
possibilite qualidade de vida presente e futura.
É importante considerar que o comportamento ético é uma escolha pessoal 
e séria, contudo, precisamos sim da ajuda de outras pessoas e das instituições para 
aperfeiçoarmos os nossos conceitos e ações. Se não tivermos padrões sobre os 
nossos comportamentos e sua correção, qualquer questionamento ou revisão sobre 
temas universais (aborto, pena de morte, escravidão, exploração do trabalho, direitos 
humanos etc.) será inviabilizado.
Uma conduta ética exige a reflexão e a responsabilidade nos âmbitos individual e 
coletivo para a construção de uma sociedade com mais democracia e justiça social. Não 
somos apenas os destinatários das decisões políticas, somos nós que delimitamos por nossas 
decisões os valores e as metas da nossa sociedade, na medida em que atuamos e temos a 
possibilidade de participar das diversas instâncias sociais. Possuímos direitos e deveres. 
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A ética está aí para nos auxiliar na tomada de decisões. O estudo da ética auxilia em 
nosso desenvolvimento pessoal e toda a humanidade, tanto no presente como no futuro.
Devemos perceber a ética não como uma imposição, mas como uma necessidade humana 
para agir com correção, para construção de uma sociedade mais humana e justa. Se alguém 
quiser humanizar-se, tem de ser ético; se deseja ser ético, tem que ser humano. Parece um 
jogo de palavras, mas é uma verdade. Só pode dizer-se que é ético, sendo profundamente 
humano, e só pode dizer-se ético, quando for imensamente humano.
Considerações finais
Nesta aula, compreendemos a ética e seu histórico. Abordamos o legado ocidental e 
os aspectos gerais dessa parte importante da filosofia. Ao final desta aula, você teve uma 
compreensão histórica da ética no Ocidente e de como refletir sobre os conceitos e problemas 
éticos, incluindo aqueles relacionados à nossa vida nas empresas e no campo da política.
O importante é percebermos que o ser humano necessita de uma ética, para viver e 
viver bem em sociedade. Diferentemente de seres da natureza que se unem pelos fins que a 
própria natureza lhes oferece, o ser humano reúne-se em sociedade, como uma necessidade 
de constituir-se humanamente. Nascemos com essa necessidade e precisamos desenvolvê-la 
da melhor forma, e, para nos auxiliar nessa tarefa, a ética é um grande guia.
Vivemos em um mundo globalizado que nos apresenta sempre cada vez mais desafios 
aos quais precisamos estar preparados ou, ao menos, alertas para saber como enfrentá-los. 
Nesse sentido, a ética é a possibilidadee o auxílio que dispomos para poder agir e viver bem 
em sociedade.
Referências 
ALONSO, Felix Ruiz. Revisitando os fundamentos da ética. IN: COIMBRA, José de Ávila Aguiar. 
Fronteiras da ética. São Paulo: Senac, 2002.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. 2.ed. São 
Paulo: Moderna, 1998.
ARRUDA, Maria Cecília Coutinho. Código de ética. São Paulo: Negócio Editora, 2002.
BOFF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Petrópolis: Vozes, 2003.
CHAUÍ, Marilena de Souza. Kant – Vida e obra. IN: KANT, I. Crítica da razão pura. 3.ed. São 
Paulo: Nova Cultura, 1987.
KLIKSBERG, Bernardo. Por uma economia com face mais humana. Brasília: UNESCO, 2003.
LACERDA, Gabriela; PESSOA, M. Agir bem é bom: ética ontem, hoje e amanhã. São Paulo: 
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Editora Senac . São Paulo, 2018.
MORIN, Edgar. O método 6: ética. Porto Alegre: Sulina, 2005.
PESSANHA, José Américo Motta. In: AGOSTINHO, S. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
STONER, James A. F. Administração. 5.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
VALLS, Álvaro L. M. O que é ética. 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
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Aula 02
Ética e direitos humanos 
Objetivos Específicos
• Compreender os direitos humanos.
Temas
Introdução
1 Os conceitos de ética e direitos humanos
2 A fundamentação ética
3 A questão histórica
4 A diferenciação social
Considerações finais
Referências 
José Antônio Fracalossi Meister 
Professor Autor
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2
Introdução
Nesta aula, buscaremos um entendimento da ética e seus elementos constituintes, 
analisando a sua relação com os direitos humanos e o que eles podem oferecer de fonte 
inspiradora para a ética. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um tratado sobre os direitos fundamentais, 
que orienta pessoas e nações e, nesse sentido, inspira a ética, oferecendo um caminho melhor 
a seguir.
Quando nos questionamos sobre alguma atitude ou reconhecemos que não foi uma 
ação correta, de uma forma ou de outra, sentimo-nos insatisfeitos com nós mesmo. 
Ao contrário, cada vez que fomos capazes de deitar a cabeça o travesseiro e dizer, 
cada um a si mesmo, com absoluta convicção de estar sendo sincero, agi bem, fiz o 
certo, experimentamos alegria (Introdução – para começo de conversa: o que é ética? 
(LACERDA; PESSOA, 2018, p. 10).
Podemos compreender os direitos humanos de dois modos. Como um conjunto de 
princípios elaborados e estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), que visa à 
garantia de direitos considerados fundamentais e essenciais para um bom convívio social, e, 
segundo Mondaini (2009, p. 12), como um:
[…] conjunto articulado e interdependente dos direitos civis, políticos, sociais 
econômicos e culturais, fundados, para além da ideia de universalidade, no princípio 
da indivisibilidade e no horizonte da internacionalização, condição indispensável para 
a luta pela construção de uma cidadania global.
Um modo representa o conjunto fixado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos 
e que nos é acessível. Já o segundo, pelo fato de ter um caráter mais jurídico, está expresso 
em muitas leis e, em especial, no caso brasileiro, na Constituição da República Federativa 
do Brasil. As duas concepções não se contradizem, mas têm um caráter diferencial. A 
declaração da ONU é uma recomendação aos países membros para que preservem os direitos 
fundamentais, já a Constituição, pelo seu caráter jurídico é impositiva. 
A título de exemplificação, o artigo 5º da Constituição Federal afirma:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros, e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade, nos termos seguintes: [...]
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá sua função social; […] (BRASIL, 1988).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo XVII, recomenda:
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
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3
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade (ONU, 1948, p. 10).
Comparando as duas redações, podemos observar que tratam do mesmo assunto 
– propriedade privada –, de forma diferente, mas não divergente. Para a Declaração, a 
propriedade é um direito; já para a Constituição, ela é uma garantia. E assim se poderia fazer 
em relação a outros aspectos. O Brasil, como um país signatário da ONU, acolhe o que diz a 
Declaração e a transforma em lei, a fim de cumprir essa recomendação importante para o 
desenvolvimento do ser humano.
1 Os conceitos de ética e direitos humanos
A ética surge na história como uma forma de auxílio na resolução dos problemas diários. 
Isso nos mostra que a humanidade, desde os primeiros agrupamentos, precisou de elementos 
para agir com correção e justiça. 
Não devemos esquecer que o ser humano precisa dos outros para se desenvolver, ou 
seja, a convivência é fundamental. Por outro lado, apesar de fundamental, a convivência pode 
ser também problemática, pois nas relações estabelecidas surgem os conflitos. A sociedade 
ideal é, e sempre foi, o sonho da humanidade. Como exemplo, podemos pensar na história do 
paraíso descrita na bíblia. Lá, temos a realidade perfeita, em que tudo ocorre em harmonia 
e paz, até o momento em que a harmonia é desafiada pelo ser humano. Este, ao usar sua 
liberdade, destrói a harmonia. 
O desafio presente é encontrar formas para fazer com que os seres humanos 
venham a agir bem e possam conviver harmoniosamente, já que a convivência é uma 
necessidade humana.
A ética é protetiva e auxilia no convívio social. Ela não surgiu como um ato impositivo, 
mas como uma necessidade humana. Muitas vezes, encaramos a ética como imposição de 
um grupo sobre outro, porém, é preciso ir além desta concepção e pensá-la como uma 
necessidade humana para viver bem e se desenvolver plenamente.
Tanto os direitos humanos como a ética são constituídos historicamente a partir das 
situações vivenciadas pela humanidade. Delas, surgem as questões a serem pensadas 
e respondidas. Direitos humanos e ética buscam oferecer respostas às diversas situações 
vividas pelas pessoas em sua individualidade e pela humanidade, como um todo, por isso 
é importante que as relações humanas sejam aceitas e executadas por todos, sem exceção. 
O pensamento ético e os direitos humanos surgem para proteger o que nos é mais 
significativo, como a vida, os bens que se dispõem e os direitos fundamentais para que se 
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4
possa viver dignamente.
As normas éticas podem ou não constar de leis ou códigos. Mas o juízo ético é, 
essencialmente, um juízo moral. Uma ação pode ser legal e não ser ética. E, em certos 
casos, pode ser ilegal e considerada moralmente ética. Em resumo, a palavra ética 
se aplica à conduta humana. A ética aprova u desaprova os atos de um ser humano, 
qualificando-os como certos ou errados, do ponto de vista moral (LACERDA; PESSOA, 
2018, p. 10-11).
Os direitos humanos são ditos como fundamentais, pois não se pode abrir mão deles. 
O mesmo se dá com a ética. Algumas pessoas podem não agir eticamente, mas não se pode 
afirmar que a ética é desnecessária. Temos que manter presente que ética e direitos humanos 
existem para justificar o nosso convívio social.
Direitos devem ser realizados e, por isso, cabe a cada um fazer com que seus direitos se 
cumpram. Saúde, educaçãoe previdência, entre outros, são direitos fundamentais para que 
as pessoas possam viver bem. 
As pessoas, ao se organizarem em sociedade, entendem que juntas tendem a realizar 
o que está na vontade de cada um e, ao mesmo tempo, faz parte da vontade de todos. Em 
resumo, todos desejam viver bem, conforme aquilo que reconhecem ser fundamental para si 
e também para os outros.
2 A fundamentação ética
A pergunta sobre como justificar eticamente as ações expressas na Declaração Universal 
dos Direitos Humanos leva os teóricos a muitas discussões. Surgem questões, como: onde 
justificar a afirmação que somos todos iguais em dignidade e direitos? É preciso considerar que 
nascemos diferentes, somos diferentes e precisamos dessas diferenças para que possamos 
nos desenvolver como humanidade.
A discussão aprofunda-se quando nos referimos aos direitos humanos, que envolve duas 
situações: o direito à vida, ou seja, ao existir, e os direitos aos quais não se pode abrir mão 
(como liberdade, igualdade etc.). 
Uma pessoa tem uma dívida para com outra e não tem como pagá-la. Então, resolve 
trabalhar para o credor de graça até que a dívida seja paga. Você concordaria com isso? Se 
disser que sim, como essa pessoa se sustentaria? Qual é a diferença entre este trabalho e a 
escravidão? Como se estabeleceria o tempo que o devedor precisaria trabalhar para pagar essa 
conta? Quem determinaria esse tempo? Como nós podemos negociar uma dívida? Geralmente, 
aquele que detém o poder impõe sua vontade sobre o mais frágil; dessa forma, é mais difícil 
estabelecer uma relação de igualdade
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A justificação para os direitos humanos é necessária, pois vivemos em uma sociedade em 
que tudo deve ser justificado e fundamentado. Dentro dessa lógica, o que não for assimilado 
não se torna defensável. A tarefa de justificação é difícil, mas, ao mesmo tempo, necessária. 
O que mais se aproxima de uma justificativa para este caso é o fato de dizer que os direitos 
humanos são elementares, ou seja, são essenciais para todas as pessoas viverem bem.
Não basta para o ser humano apenas viver. É preciso que ele viva bem! Tal característica 
é uma qualidade humana, ao contrário de outros animais para os quais sua condição natural 
é estar bem. O ser humano, pelo fato de se formar, se tornar humano, precisa de diversos 
fatores que garantam seu modo de melhor viver.
Conforme Mondaini (2009), historicamente, o que se viu foi que os direitos foram 
aos pouco sendo reconhecidos: as liberdades individuais (direitos civis), a igualdade 
política (os direitos políticos) e a igualdade social (os direitos sociais). No Brasil, 
primeiro foram reconhecidos os direitos sociais, já os direitos civis e políticos não 
 eram garantidos.
A busca pela efetivação dos direitos humanos é eterna, assim como foi necessário 
estabelecer seus princípios. Deve-se sempre zelar para que jamais sejam desrespeitados e 
que os direitos não sejam reconhecidos como tal apenas para alguns. Por isso, vale afirmar os 
direitos humanos e sua defesa é uma necessidade. Mas as pessoas precisam estar convictas 
de que lutar por seus direitos é fundamental e, se alguns se apropriarem de direitos que são 
de todos e excluírem grupos ou alguns dessa obrigação, será ruim para todos.
2.1 Construção social 
É importante percebermos que os direitos, assim como a ética, são resultantes de uma 
construção social. As pessoas devem se esforçar para garantir uma ética capaz de concretizar 
os direitos.
Admitir que nos direitos humanos há uma inspiração ética é admitir que em seus 
fundamentos existe uma concepção de pessoa, de bem e de mal e que os direitos valem para 
todos, independentemente da orientação religiosa, política ou filosófica individual. 
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos se afirma que todos os cidadãos devem 
ter direitos garantidos, dentre os quais destacam-se os direitos à: liberdade, propriedade, 
segurança e resistência à opressão. Cada pessoa tem como limite os mesmos direitos que 
os outros, um direito não deve se sobrepor ao outro. É preciso pensar “o que não desejo 
para mim, não desejo para os outros também”, ou seja, é assegurado aos demais membros 
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da sociedade o desfrutar de direitos que proclamo para mim. Portanto, a Declaração vê a lei 
como uma expressão da vontade geral. Com isso, busca-se promover a igualdade de direitos 
e a proibição do que é prejudicial para a sociedade.
2.2 Justificativas para a Declaração
Observando o preâmbulo da Declaração, compreendemos o motivo pelo qual esse 
tratado composto por 30 artigos deve ser seguido por todos: 
[...] O reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana 
e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça 
e da paz no mundo (ONU, 2009, p. 2).
Todas as constituições do mundo democrático são muito maiores do que esses 30 artigos, 
mas são imprescindíveis para a coexistência, especialmente em um mundo globalizado, 
quando os problemas já não são mais pensados localmente. 
No site da ONU, encontramos justificativas que fundamentam um agir conforme a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos e estes nos demostram ou se justificam por 
serem éticos. 
• Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de 
cada pessoa;
• Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de forma 
igual e sem discriminação a todas as pessoas;
• Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus direitos 
humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por exemplo, o 
direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é considerada culpada de 
um crime diante de um tribunal e com o devido processo legal;
• Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já 
que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a 
violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros;
• Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual 
importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de cada 
pessoa (ONU, 2015).
Para mais informações sobre as características da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, acesse a Midiateca.
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7
Embora dessa forma tenhamos a justificativa, muitos conceitos precisam ser trabalhados 
para que se entenda bem o que significam. Um erro comum é acreditar que um termo tem o 
mesmo significado/valor para todas as pessoas, por exemplo: 
O que se entende por dignidade humana? 
Entende-se uma dignidade que inere ao homem, que lhe é concedida 
independentemente de outro qualificativo, seja biológico, social ou moral. [...] Ela se 
difere das diversas formas de dignidade contingente. Fala-se [...] de dignidade social 
em relação aos portadores de cargos políticos ou clericais, de dignidade expressiva, 
quando a aura de um homem sábio infunde reverência (KAUFMANN, 2013, p. 55, 
grifo nosso).
Mesmo assim, deve-se questionar: será que o que eu entendo é o mesmo que meu amigo, 
vizinho ou colega entende? Por isso, mesmo tendo uma fundamentação, uma justificativa 
para a Declaração e para os direitos humanos, deve-se ter claro que a compreensão humana 
é múltipla e envolve a história, as experiências e os entendimentos individuais e que, por 
isso, é preciso esclarecer e buscar sempre maiores consensos para que todos possam viver e 
entender a mesma coisa.
A dignidade humana [...] consiste num conceito normativo, que deve proteger todo 
homem de ser tratado poroutro homem como meio, isto é, como um simples objetivo 
para consecução de seus fins. Isso implica que todos sejam tratados como possuidores 
de certo grau de dignidade contingente, que é uma tentativa de proteger os homens 
de humilhações (KAUFMANN, 2013, p. 55).
O quão importante é sabermos o que se entende por dignidade? Embora não se possa 
dizer tudo o que o conceito abrange, é fundamental entendermos que é a dignidade é 
inerente ao ser humano, isto é, não pode lhe ser tirada por nada e nem por ninguém. Além 
disso, não deve ser confundida com outras formas de dignidade, como a social e a expressiva, 
conforme citação anterior. Além disso, deve-se entendê-la como um conceito normativo, ou 
seja, uma forma de determinar a conduta humana, assim como a ética e a lógica que levam as 
pessoas a agirem porque entendem ser o melhor meio para se atingir o bom convívio social.
3 A questão histórica
A história da humanidade nos mostra que tivemos que passar por um longo período 
para percebermos que o direito realmente é parte integrante do nosso ser, assim como o é 
nossa pele, nossos olhos e cada parte de nosso corpo. A ética e os direitos humanos também 
são nossos constituintes. Só podemos dizer que somos verdadeiramente humanos se somos 
reconhecidos e nos reconhecemos como tal.
Poderíamos buscar a justificativa para os direitos humanos na história, desde os primeiros 
códigos constituídos, mas vamos partir de nossa realidade mais recente, fundamentalmente, 
o período em que a questão dos direitos do homem foi mais pensada e buscada. Não que 
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em outras épocas isso também não tenha sido estudado e aparecesse em códigos jurídicos 
ou mesmo nas tradições religiosas, mas é a partir do período moderno (final do século XVIII) 
que encontramos os passos decisivos para que os direitos humanos, tal qual conhecemos 
hoje, tomassem forma. 
As primeiras afirmações sobre os direitos humanos surgem na Declaração da 
Independência dos Estados Unidos, de 4 de julho de 1776. Nela, podemos encontrar vários 
motivos para que a independência americana se efetive, pois estava pautada no interesse de 
vários grupos, desde escravocratas, religiosos, até mesmo libertários.
A Declaração da Independência afirma solenemente, ao denunciar os motivos da 
separação promovida pelo segundo congresso Continental da Filadélfia, que o rei da 
Grã-Bretanha estaria violando os direitos mais básicos da liberdade. [...] Os documentos 
fundadores na nova nação são amplos e generosos. A Declaração de Independência 
afirma que todos os homens foram criados iguais e dotados pelo Criador de direitos 
inalienáveis, como vida, liberdade, busca da felicidade (KARNAL, 2015, p. 139).
Filosoficamente, a Declaração acentuou dois temas: os direitos individuais e o direito 
de revolução. Duas condições fundamentais para justificar os atos que deveriam tomar, pois, 
se não afirmassem os direitos individuais, como poderiam dizer que fariam o desligamento 
do Reino Unido, deixando de ser uma colônia? E se também não declarassem o direito de 
revolução, também não poderiam desmembrar-se. Assim, a primeira declaração do mundo 
moderno afirma algo fundamental para a ética: as garantias individuais e a possibilidade de 
revoltar-se contra o que não se concorda. No caso dos Estados Unidos, já não se concordava 
em ser colônia.
Um segundo momento histórico importante é a Revolução Francesa. Ela nasce sobre 
o lema: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. O marco fundamental dessa revolução é a 
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, em que estão expressos 
os anseios e a busca do seu grande ideal de liberdade e igualdade. 
As declarações americanas e francesas foram a fonte de inspiração para a libertação de 
muitas nações e inspiraram as pessoas a encontrar sua razão de ser e pensar como cidadãos de 
um mundo onde as amarras e as prisões devem ser pensadas não como uma forma de interesse 
de alguns, mas que, em primeiro lugar, as pessoas tenham a possibilidade de se expressarem, 
de se enxergaram como iguais e de construírem um mundo mais fraterno e melhor para 
se viver.
A partir da Revolução Francesa se intensificam grandes movimentos de mudanças no 
mundo, pois seus três princípios (liberdade, igualdade e fraternidade) são fundamentais 
para que o ser humano desenvolva-se plenamente. Lembremos que, durante o período ou 
século XVII, especialmente na Europa, existiam dinastias que impunham formas de trabalho 
e de controle rígidos, próximos da escravidão. O Estado intervinha nas relações comerciais 
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– de servidão e cobrança de altos impostos –, e um pequeno grupo, a elite, podia desfrutar. 
Mesmo assim, não foram os mais pobres que promoveram a revolução, mas sim um grupo 
burguês, isto é, um determinado grupo que também pensava em acumular para manter sua 
posição social.
O século XVII foi um período profícuo, no sentido de se estabelecer situações favoráveis 
para o pensamento sobre a condição humana. O contexto da reflexão sobre as liberdades 
buscadas leva à construção da libertação das terras americanas e à própria revolução francesa, 
e também ao período em que surge a primeira Revolução Industrial. Tem-se, portanto, um 
mundo “em ebulição”, que levara os governos, as pessoas e os pensadores desse período a 
sérios questionamentos sobre o ser humano e seus direitos. 
Assim, a partir dos momentos históricos que deram origem a essa reflexão, a humanidade 
não mais deixara de lado os questionamentos sobre sua importância. Esses momentos 
fundantes levaram a filosofia política, a ética e tudo o que se refere à condição humana 
e, nesse sentido, também a religião a se questionar sobre o humano e a humanidade. A 
culminância de tudo isso se dará mais de um século depois com a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos de 1948.
Nesse período, as regalias, as benesses sociais eram direcionadas apenas para um grupo. 
Apenas os mais próximos do poder ou que tinham dinheiro podiam desfrutar do que se 
oferecia na época. Embora muitos possam dizer que hoje também é assim, podemos, por 
outro lado, afirmar que esses direitos são garantidos a todos. Para nós brasileiros, um marco 
importante na garantia desses direitos é a Constituição Brasileira de 1988, que ainda não fez 
frutificar tudo o que ali está expresso. Caberia à sociedade fazer valer esse direito, cobrando 
das autoridades o que lhes é devido, assim como também fazendo a sua parte de forma a 
minorar as diferenças.
4 A diferenciação social
A sociedade é uma forma essencial para que todos nós possamos existir e sobreviver. Hoje 
já não é possível desejar retroceder a um estágio natural. Temos necessidades emocionais, 
afetivas, psicológicas etc. Nada pode substituir a necessidade da convivência, assim como as 
demais, as quais podem ser consideradas da natureza humana. 
Para que as relações aconteçam, é necessário que a sociedade se organize, conheça 
os direitos de cada um e de todos, e inclua todos em uma perspectiva humanitária, ética e 
de direito. 
Seria possível pensar em uma sociedade “perfeita”? Esta seria formada apenas pelos 
mais capazes e melhores? Esse tipo de pensamento seria excludente e anti-humano; não 
cabe em nossa reflexão acerca da sociedade de direitos a qual tratamos até o momento. 
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Posições como essas já foram defendidas em Esparta, cidade guerreira em que, 
quem não fosse capaz de entrar em guerra deveria ser morto ao nascer. Porém, não 
precisamos ir muito longe. Vejamos o exemplo nazista. Por que judeus, doentes e 
outros grupos foram assassinados inicialmente na Alemanha e,posteriormente, foram 
perseguidos por toda a Europa? Porque se defendia uma ideia de supremacia de um 
grupo de uma determinada parte da sociedade sobre outros. Hoje, felizmente, a defesa 
de direitos e a possibilidade de inclusão das pessoas permitem o entendimento de que 
ações desse tipo são inadequadas.
Pode-se dizer que, ao nascermos, todos somos iguais, o que nos diferencia é o lugar 
onde nos inserimos após o nascimento. Por outro lado, as discriminações criadas socialmente 
fazem com que sejam vividos e expressados preconceitos de raça, cor, sexo etc. Procurar 
então uma forma de igualdade é buscar a garantia do direito de oportunidades sociais e para 
que ninguém seja tratado como superior ou inferior. São direitos fundamentais de qualquer 
pessoa: ter uma família, educação, alimentação, serviços de saúde, trabalho digno, acesso 
a bens e serviços, participar da vida pública e ter o respeito dos semelhantes, entre outros. 
É nesse sentido que se inserem os direitos humanos como uma forma complementar e 
fundamental, ou seja:
[...] os direitos humanos devem ser observados como conjunto articulado e 
interdependente dos direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais, fundados, 
para além da ideia de universalidade, no princípio da indivisibilidade e no horizonte 
da internacionalização, condição indispensável para a luta pela construção de uma 
cidadania global (MONDAINI, 2009, p. 12).
A participação na sociedade não é como muitos pensam, ou seja, apenas de se ter o 
direito de ir e vir, de votar e ser votado, é muito mais do que isso. Participar é entender que 
se possui direitos e lutar para que eles se efetivem socialmente. 
Um exemplo de boa forma de participação social é o orçamento participativo. Essa 
prática se tornou conhecida quando a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, passou 
a adotá-la e, hoje, já é uma realidade de muitas cidades e estados brasileiros. O orçamento 
participativo é uma forma efetiva de a população ter voz para que seus direitos sejam ouvidos, 
discutidos e principalmente respeitados.
Considerações finais
Nesta aula, compreendemos a formação histórica dos direitos humanos e da ética. 
Aprendemos que tal surgimento se deu a partir das relações que a humanidade estabeleceu no 
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decorrer da história, e que os direitos humanos foram sendo elaborados durante séculos, em 
especial, no período moderno a partir da Independência dos Estados Unidos e da Declaração 
Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789.
Passamos a entender que não basta termos direitos, é preciso mais do que isso, é 
necessário buscar a sua concretização, por meio da participação social sempre que possível. 
O ser humano tem muitos direitos, e o fato de muitos serem descumpridos levou à 
necessidade de se construir uma declaração. Muitas vezes, vivemos e não nos damos conta 
que temos direitos – à liberdade, propriedade, segurança, à vida etc. –, mas, quando eles 
são suprimidos, logo percebemos a sua importância e, por isso, devem ser garantidos. 
Busquemos viver bem em sociedade e talvez assim não seja preciso exigir tanto os direitos, 
muito embora, como afirmam Pinsky e Pinsky (2015, p. 9): 
A ideia de que o poder público deve garantir um mínimo de renda a todos os cidadãos 
e o acesso a bens coletivos como saúde, educação e previdência deixa ainda muita 
gente arrepiada, pois se confunde facilmente o simples assistencialismo com dever 
do Estado.
A ética e a Declaração dos Direitos Humanos nos propõem desafios. E cada pessoa, ao 
entender esses desafios, tem diante de si a possibilidade de assumir-se cada vez mais como 
cidadão e membro de uma grande sociedade. Entender-se como um ser que não pertence 
somente a um país, mas a uma grande nação que nos possibilita viver esse momento histórico, 
nos torna comprometidos com o “destino” de cada um e ao mesmo tempo de todos.
Referências 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 23 nov. 2016.
KAUFMANN, Matthias. Em defesa dos direitos humanos: considerações históricas e de 
princípios. São Leopoldo: UNISINOS, 2013.
KARNAL, Leandro. Estados Unidos, liberdade e cidadania. In: PINSKY, Jaime, PINSKY, Carla 
Bassanezi (Orgs.). História da Cidadania. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2015, p.134-157.
LACERDA, Gabriela; PESSOA, M. Agir bem é bom: ética ontem, hoje e amanhã. São Paulo: 
Editora Senac: São Paulo, 2018.
MONDAINI, Marco. Direitos humanos no Brasil. São Paulo: Contexto, 2009.
ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: <http://www.dudh.org.br/
wp-content/uploads/2014/12/dudh.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2016.
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (Orgs.). História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2015.
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Aula 03
Princípios dos direitos humanos
Objetivos Específicos
• Contextualizar as lutas pelos direitos humanos.
Temas
Introdução
1 Características dos direitos humanos
2 Dimensões dos direitos humanos
3 As lutas por reconhecimento como reivindicação de direitos
4 Direitos humanos no Brasil
Referências 
José Antônio Fracalossi Meister 
Professor Autor
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Introdução
Para estudarmos os direitos humanos, é fundamental conhecermos o texto completo 
deste documento, publicado pela ONU e disponível para leitura livre e gratuita na internet. 
Além de o texto não ser longo, ele é bastante acessível, com linguagem direta e de fácil 
compreensão. 
O rol dos direitos humanos aumentou muito desde a sua Declaração de 1948 e uma de 
suas características é a “abertura” para novos direitos, pois nunca param de surgir formas de 
aviltamento da dignidade humana. 
A escolha de estudar a Declaração Universal de 1948 não se dá pelo fato de nela estarem 
todos os direitos humanos estabelecidos até o momento, mas sim por este ser um documento 
que adquiriu consenso e legitimidade entre as nações do mundo no decorrer da segunda 
metade do século XX. 
A Declaração se inicia com uma série de justificativas para a sua criação. Esses aspectos 
iniciais são chamados considerandos, isto é, os motivos que levaram as autoridades no 
assunto a fazer a descrição dos 30 itens constantes no documento. 
Lembremos também que a Declaração foi proclamada em dezembro de 1948, três anos 
após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a qual trouxe problemas e repercussões 
imensas nas relações entre pessoas e países. 
Com a Declaração, muitos movimentos sociais surgiram, acompanhando os outros já 
existentes antes desses documentos, ganhando força e o elemento fundamental para que 
diferentes grupos sociais tivessem a possibilidade de organizar-se de forma oficial, visto que 
outros tantos deixaram de ter reconhecimento.
1 Características dos direitos humanos
A busca pelos direitos humanos impulsionará o que chamamos de cidadania, o resultado 
do que as pessoas passam a fazer a partir da constatação que são agentes sociais, isto 
é, formadores da sociedade e que devem agir buscando seu espaço e sua valorização. O 
resultado disso é o surgimento ou o desenvolvimento de muitos grupos sociais que passaram 
a agir em vista da defesa das pessoas e de suas realidades fundamentais.
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O surgimento de grupos sociais, tanto no Brasil como em muitos outros lugares 
do mundo, ajuda-nos a perceber que as relações humanas são imprescindíveis para 
a forma como cada país se organiza. O surgimento da sociedadecivil organizada vem 
concretizar o que realmente a Declaração Universal dos Direitos Humanos traz como 
fundamental para todos. Existem muitas dificuldades para se colocar em prática o que 
está expresso na Declaração e que é vontade de todos (ou ao menos deveria ser), pois 
a sociedade é um jogo de interesses e cada um defende seu modo de viver e ponto 
de vista.
Quando lutamos por direitos humanos, precisamos entender como se chegar a eles. 
Devemos ter claro que, ou eles existem para todos, ou algo está errado na sociedade. Para 
isso não há exceção. Não se pode admitir que em determinadas situações os direitos sejam 
admitidos e em outras possam ser deixados de lado. Isto está visto e posto no preâmbulo 
da própria Declaração Universal dos Direitos Humanos: “O reconhecimento da dignidade 
inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis 
constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo” (ONU, 1948, p. 2).
Diante disso, devemos compreender alguns conceitos fundamentais apresentados na 
Declaração.
Os direitos são inerentes, isto é, não podem ser separados de nossa condição humana, 
assim como nossa pele, nossa vida, nosso ser. Eles existem como uma forma de fazer o ser 
humano como tal: 
• Somos da família humana, que é composta por pessoas que se reconhecem como 
membros de um grupo com seus objetivos e interesses comuns ligados por laços 
afetivos e de cuidado mútuo. 
• Vivemos juntos, temos nossas divergências, mas estamos unidos por laços de 
reconhecimento e todos os membros dessa família têm importância. Isso se afirma 
quando essa declaração diz que os direitos são regidos pela igualdade, ou seja, não 
deve haver diferença em relação a raça, cor, credo, nacionalidade. 
• Os direitos humanos são inalienáveis, isto é, não podem ser retirados por ninguém. 
Eles fazem parte de nós e não há exceção à regra. Por isso, a luta contra as ditaduras 
é tão importante. Não se pode admitir a ditadura em quaisquer níveis (familiares, 
sociais, políticos, econômicos etc.). 
Disso, desprende-se o fato de que buscar igualdade não é algo tácito e garantido sem 
ressalvas. A garantia se dará na medida em que as pessoas não aceitarem mais condições de 
submissão e falta de direitos. 
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2 Dimensões dos direitos humanos
Como sabemos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 possui 30 artigos. 
Ela será fonte posterior para outras reflexões e documentos, como a Declaração e Programa 
de Ação de Viena, fruto de uma conferência mundial sobre os direitos humanos de 1993. 
Nesses artigos, são refletidos os problemas mais importantes e urgentes para a vida em 
sociedade. 
Figura 1 – Dimensões dos direitos humanos
Cultura e
ambiental
Civil e
política
Economia e
social
Os direitos civis e políticos correspondem ao lema liberdade da bandeira francesa, en-
quanto os direitos sociais correspondem ao lema igualdade, e os direitos de natureza difusa 
ao lema fraternidade.
2.1 Dimensão civil e política (direitos civis e políticos)
A dimensão civil e política abarca os direitos de liberdade (de ir e vir, expressão, religião 
etc.), vida, propriedade e participação nos negócios públicos. Reconhece-se, por exemplo, 
a liberdade de pensamento, consciência e religião, opinião, reunião e associação pacífica, 
igualdade entre as pessoas e perante a lei, e nisso consta o direito de recorrer judicialmente, 
assim como o direito à vida, à segurança, à nacionalidade, ao casamento e, enquanto este 
durar, direitos iguais para o casal, por isso, também deve ser um ato livre.
Excluem-se torturas e penas cruéis, toda forma de escravidão, prisão e exílio arbitrário, 
a culpa até que seja provado o contrário, não podendo aplicar uma pena maior do que a do 
momento do ato, intromissão na vida familiar, domicílio, correspondência, ataques à honra 
e à reputação.
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A observância de todos esses princípios é fundamental. É preciso reconhecer, porém, 
que muitas coisas ocorrem no mundo e no Brasil e ferem de algum modo esses direitos. 
Por exemplo: a violação de privacidade e do direito à vida, em guerras internas, como na 
República Árabe da Síria, República Islâmica do Afeganistão e na Palestina; há ainda povos 
que não têm seus países constituídos (os ciganos, os curdos no Iraque). 
O direito de opinião, quando não bem entendido, pode causar problemas. Ter direito de 
opinião envolve uma vontade – a de se dizer algo –, mas essa só pode ser expressa se não 
ferir a moral de uma pessoa ou instituição. Pode-se dizer o que se pensa, em público ou para 
alguém, quando isso for feito com o intuito de corrigir distorções ou de melhorar algo que 
não está bem. Mas, não é permitido atingir a pessoa ou levá-la a uma situação degradante 
quando se emite uma opinião. 
Esse direito é reafirmado quando se expressa que a vontade do povo é o fundamento da 
autoridade, desde que seja em eleições honestas. 
2.2 Dimensão econômica e social (direitos econômicos e sociais)
Faz parte da dimensão econômica e social o direito à educação, que deve ser gratuita no 
ensino básico e generalizada no ensino técnico e profissional. Educação é um direito social 
pela necessidade da manutenção de um sistema de educação pública para atendimento da 
etapa de educação básica. 
Outro aspecto que devemos refletir são os objetivos da educação, que deve levar o que 
menciona o item 2 do artigo 26 da Declaração:
A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade 
humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades 
fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre 
todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações 
Unidas em prol da manutenção da paz (ONU, 1948, p. 14).
Temos aqui até uma justificativa para o conteúdo que estudamos no momento: ética, 
cidadania e sustentabilidade. Não porque é uma imposição, mas por ser uma necessidade 
para que as pessoas possam realmente aprender a expandir sua personalidade. Esse é, no 
fundo, o objetivo da educação. 
Diante disso, cabe aos pais a responsabilidade de escolher o tipo de educação a ser dada 
aos filhos, que não pode ser resultante de uma imposição do Estado, de um grupo, ou de uma 
religião. A responsabilidade é dos pais. O art. 6º da Constituição Federal nos dá o repertório 
dos direitos sociais: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e 
à infância, a assistência aos desamparados [...]” (BRASIL, 1988).
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Têm-se ainda os direitos à propriedade de assumir negócios em seu país diretamente ou 
por representantes, direito ao trabalho e à proteção contra o desemprego, a fundar sindicatos 
e se filiar a eles, ao repouso e lazer, assim como a férias remuneradas. O direito de assumir 
os negócios de seu país defende a democracia como a forma por excelência de organização 
social.
Também devemos refletir sobre o direito ao trabalho, pois por meio dele a pessoa 
consegue seu sustento. Quando faltar trabalho, a declaração conclama por uma 
proteção. Por exemplo, no Brasil, o seguro desemprego é uma forma de cumprir um 
direito. Podemos levantar críticas contra um ou outro modo de fazer esse pagamento, 
mas ele tem sua fundamentação na própria Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O direito ao repouso e lazer pregado na Declaração nos chama a atenção para um fato 
importante, especialmente quando se viu e se

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