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materia 3 periodo 2020

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DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Fatos Jurídicos
São todos os acontecimentos que, de forma direta ou indireta, ocasionam efeito jurídico. Jurídico é a qualidade atribuída ao fato que traz no seu bojo a produção de efeitos jurídicos. Fatos jurídicos são, pois, todos os acontecimentos naturais ou decorrentes de condutas humanas que produzem efeitos consistentes na criação, modificação ou extinção de situações jurídicas. São: 
Fatos Naturais – quando não dependem da intervenção humana, mas produzem efeitos. São os fatos jurídico em sentido estrito, tais como o nascimento de uma pessoa ( a partir dela, a pessoa constituirá a capacidade de direito), a morte ( a partir dela, os sucessores do falecido vão adquirir a herança), o decurso do tempo ( serve para a usucapião modifica a capacidade de fato, a prescrição e a decadência - limite ou exercício da exigibilidade de um direito no tempo). 
Fatos Humanos – quando decorrem de condutas pessoais positivas ou omissivas deflagradoras de efeitos, os quais podem ser lícitos (atos jurídicos) ou ilícitos.
Fatos Jurídicos se dividem em:
 Fatos Naturais: Sem interferência do homem
&
Fatos humanos: que por sua vez se subdividem em:
· Lícitos: atos jurídicos (podem ser não negociais ou negócio jurídico)
· Ilícitos
 Os Atos Ilícitos:
Se o agente dos atos jurídicos, por ação ou emissão, pratica ato contra o direito, com ou sem intenção manifesta de prejudicar, mas ocasiona prejuízo, dano a outrem, estamos no campo do ato ilícito.
Comete um ato ilícito aquele que viola um dever jurídico ou aquele que, ao exercer um direito, age de forma abusiva. Eles são tratados no Livro III, da Parte Geral do Código Civil, sendo que o artigo 186 trata da responsabilidade extracontratual ou aquiliana:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntaria, negligencia ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I – Os praticados em legitima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 
II – A deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.”
Os atos jurídicos podem ser:
· Indenizantes – em virtude de causarem danos a outrem, geram a obrigação de indenizar – Art. 927, CC.
· Caducificantes – não geram responsabilidade civil, mas fazem, com que o agente perca direitos caducados. Exemplo: a auto-lesão gera a perda do direito à percepção do seguro; os maus tratos do pai em relação ao filho podem fazer com que ele perca o direito ao poder familiar.
· Invalidantes – têm o condão de invalidar o ato jurídico. Exemplo: a coação (a violência psicológica pode ser forte o suficiente para anular a vontade consequentemente o negócio).
· Autorizantes – autorizam a pessoa a adotar uma conduta para neutralizar um resultado antijurídico. Como exemplo, podemos citar a ingratidão do donatário, a qual pode autorizar o doador a revogar a doação, ou ainda a turbação ou esbulho causado a um possuidor, os quais autorizam a utilização das modalidades de autodefesa da propriedade (legítima defesa da posse ou desforço imediato). 
Existe ato ilícito sem dano (autorizantes), assim como pode haver dano decorrente de uma conduta que não é ilícita, como, por exemplo, o estado de necessidade. O dano não é integrante do ato ilícito, pois pode haver ato ilícito sem dano.
O artigo 927 do Código Civil integra o dano aos pressupostos da responsabilidade civil. Portanto, o dano é pressuposto da responsabilidade civil, mas não é requisito do ato ilícito.
O artigo 187 do Código Civil trata do ilícito funcional, ou do abuso do direito, pelo qual as pessoas podem cometer ato ilícito simplesmente por exercerem um direito de forma abusiva.
Atos Lícitos ou Atos Jurídicos:
Os atos lícitos ou jurídicos podem ser: 
· Não Negociais ou Atos Jurídicos em Sentido Estrito – produzem efeitos previamente estabelecidos por lei (ex lege), como por exemplo, o reconhecimento de um filho a fixação do domicílio, o registro do estatuto de uma associação, o casamento, dentre outros. Neles a vontade é desprestigiada. Artigo 185 do Código Civil:
Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior. 
· Negócios Jurídicos – produzem efeitos por lei que resultarão da vontade (ex voluntae), como por exemplo, o testamento, contrato de compra e venda, o pacto antenupcial, dentre outros. Neles a vontade é qualificada. Todo negócio jurídico é ato jurídico, pois ele pode ser dotado de conteúdo não negocial.
Marcos Bernardes de Melo (alagoano), seguindo Pontes Miranda chama de ato fato jurídico o fato jurídico intermediário. Ex. criança que compra balas, porque a vontade da criança é irrelevante, será inteiramente desprezada. Aplicam-se as mesmas regras aplicadas aos atos negociais. Outro exemplo é a posse porque tem direito a usucapião o possuidor, quer ele queira ou não possuir, o que interessa é se ele de fato possua.
Negócios Jurídicos: 
São, pois, os fatos jurídicos que decorrem do comportamento humano, que têm por fim, imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos.
É a declaração de vontade, emitida com o propósito direto de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico.
Elementos essenciais para a existência:
Vontade: é elemento essencial do negócio jurídico. A vontade, quando não manifestada, não tem qualquer interferência no mundo jurídico. Só após a manifestação, passa a ter influência na ordem jurídica, quando então começa a dar vida ao negócio. 
Vontade – não é o desejo interno da pessoa, a vontade precisa ser declarada.
Se houver divergência entre o que a pessoa quer e o que ela realmente manifestou querer, prevalece o que foi manifestado. A manifestação de vontade subsiste ainda que o agente faça a reserva mental de não querer o que manifestou para que não haja frustração da legítima expectativa:
“Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.”
Agente: sujeito emissor da vontade.
Agente – necessário existir de vontade, porque o negócio jurídico resulta de conduta pessoal.
Forma: meio de se externar à vontade.
Forma – maneira pela qual o agente vai manifestar sua vontade. Pode ser explícita ou tácita, podendo, inclusive, resultar do próprio silêncio, quando as circunstâncias ou a lei assim determinarem: 
“Art. 111. O silêncio importa anuência quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.”
Objeto: fim ideal visado. Efeito que se pretende produzir.
Objeto – atingir o efeito, o fim desejado pelo agente quando manifesta sua vontade. É a consequência que o agente quer gerar.
Quando ausentes os elementos essenciais à existência do negócio jurídico pode ser proposta Ação Declaratória de Inexistência de Negócio Jurídico, para que se obtenha a sentença declaratória de que o negócio é inexistente por lhe faltar a vontade, o agente, a forma ou o objeto. Como exemplo, temos alguém que ingressa em juízo alegando que não existiu a compra e venda de um imóvel porque a assinatura do proprietário era falsa, dessa maneira, não houve manifestação de vontade e consequentemente o negócio jurídico não existiu.
Requisitos de Validade:
Para que os negócios jurídicos produzam efeitos, é indispensável que reúnam certo número de requisitos que costumamos apresentar como sendo os de sua validade.
Se oato possui tais requisitos, é válido e dele decorre a aquisição modificação e extinção de direitos prevista pelo agente. Se, porém, falta-lhe um desses requisitos, o ato é inválido.
O NCC enumera, em seu artigo 104, os pressupostos legais de validade do negócio jurídico, não, porém de forma exaustiva, já que é insuficiente e incompleto: 
“Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I – agente capaz;
II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III – forma prescrita ou não defesa em lei.”
· Manifestação de vontade livre e de boa-fé: A manifestação ou declaração de vontade há que ser livre, esclarecida, ponderada e não estar impregnada de malícia. (má fé). Os vícios do negócio jurídico, previsto pela legislação em vigor, atacam a liberdade de manifestação de vontade ou da boa fé, levando o ordenamento jurídico a reagir, cominando pena de nulidade ou anulabilidade.
· Agente Capaz: a capacidade refere-se à idoneidade da pessoa para exercer direitos ou contrair obrigações, pessoalmente, no universo negocial. A regra é a existência da capacidade de exercício para as pessoas naturais, já que a lei determinará quais as pessoas não possuíram aquela. Já as pessoas jurídicas terão capacidade de gozo de acordo com a destinação para a qual foram criadas, pois não podem agir em desacordo com as suas finalidades estatutárias.
Os detentores da incapacidade de exercício só podem praticar os atos da vida civil mediante o instituto da representação ou assistência.
· Legitimidade: não basta a capacidade de fato do agente. É preciso ainda que não esteja circunstancialmente IMPEDIDO de celebrar o ato, não obstante goze de capacidade especial para o negócio de que se trata.
· Forma adequada: é requisito de validade dos negócios jurídicos obedecerem à forma prescrita, ou não adotarem a forma proibida por lei. A princípio a forma é livre, a não ser que a lei tenha estabelecido forma especial:
“Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato.”
Como dito, a vontade deve ser externada para dar vida ao negócio jurídico. Tal externação pode ocorrer pela palavra escrita, ou simplesmente verbal, ou mesmo só por meio de gestos. O próprio silêncio, sob determinadas condições, pode ser apto a criar negócio jurídico.
· Objeto, lícito, possível, determinado ou determinável: Ao lado da capacidade e da forma, constitui também elemento integrante do negócio jurídico o objeto.
O objeto deve ser idôneo, isto é, apto a regular os interesses sobre os quais recaiu o negócio, jurídico. Ademais, deve ser lícito, possível (realizável, tanto no aspecto material, quanto no aspecto jurídico), determinado ou determinável (é preciso que as duas partes saibam exatamente o que estão negociando). Ou seja, não pode ser dentro das forças humanas ou das forças naturais.
O NCC traz, em sua parte geral, disposição acerca da representação, distinguindo o artigo 115 suas formas, conferidas por lei ou pelo interessado:
 Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
 Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
 Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
 Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que:  
I - For confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio;  
II - Corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio;  
III - corresponder à boa-fé
IV - For mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e 
V - Corresponder à qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei.  
 Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
 Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.
Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado.
Art. 117. Salvo se permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido substabelecidos.
Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo responder pelos atos que a estes excederem.
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.
Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial deste Código.”
ELEMENTOS ACIDENTAIS:
A princípio, quando o negócio jurídico existe e é valido, está pronto para produzir seus efeitos. Ocorre que há elementos que podem comprometer o plano da eficácia dos negócios jurídicos. O negócio jurídico pode ser puro ou simples, contendo apenas elementos essenciais e naturais e, portanto, eficaz, mas pode ser celebrado contendo elementos acidentais.
São elementos acidentais: 
Condição – evento futuro e incerto:
· Suspensiva – o negócio jurídico existe e é válido, contudo, não produz efeitos. Se a condição se frustrar o negócio será extinto sem nunca ter sido eficaz. Ex. pacto pré-nupcial (o casamento é condição suspensiva do pacto). Evento futuro e incerto!
“Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.”
· Resolutiva – suspende os efeitos do negócio jurídico. 
“Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podemos exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé.
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.” 
Termo – evento futuro e certo
· Inicial – para início dos efeitos do negócio jurídico
“Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas nãoa aquisição do direito.”
· Final – para a cessação dos efeitos do negócio jurídico.
Existe uma simetria entre condição suspensiva e termo inicial, contudo eles não podem ser confundidos, haja vista que nesse os efeitos podem não ter sido produzidos, mas com certeza serão, pois o termo é evento futuro e certo (direito adquirido) e naquele não há certeza da implementação da condição, pois ela é evento futuro e incerto (mera expectativa, suspendendo apenas o exercício). 
É importante essa diferenciação no direito intertemporal, pois se vier uma lei e alterar a licitude de um negócio praticado com condição suspensiva, não pode mais ser eficaz, mesmo que ela se implemente, entretanto, se praticado na pendência de termo inicial há direito adquirido e nem mesmo a lei nova pode violar direito adquirido.
Encargo – não impede a aquisição do direito, nem suspende se exercício. É um ônus estabelecido no negócio jurídico como forma de restrição das vantagens do beneficiário. Se o encargo não for cumprido, extinguir-se-ão os efeitos do negócio jurídico. Quando o encargo é ilícito ou impossível é considerado como não escrito:
“Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberdade, caso em que se invalida o negócio jurídico.”
Defeitos dos negócios jurídicos
A vontade é a mola propulsora dos atos e negócios jurídicos.
Quando a vontade nem ao menos se manifesta, quando é totalmente tolhida, não se pode falar nem mesmo em existência de negócio jurídico.
Quando, Porém, a vontade é manifestada, mas com vício ou defeito que a torna mal dirigida, mal externada, estamos, na maioria das vezes, no campo do ato ou negócio jurídico anulável.
Há dois grandes grupos de vícios do negócio jurídico: vícios da vontade ou vícios de consentimento e vícios sociais. São vícios da vontade o erro, o dolo, a coação. São assim chamados porque a vontade da pessoa não coincide com a manifestação emitida posteriormente. São considerados erros leves, admitindo correção. 
Vícios sociais são, tradicionalmente, a fraude contra credores e a simulação. Caracterizam-se, não por haver falha na vontade, mas por haver a intenção de alguém em iludir terceiros ou a lei.
O NCC prestigiou dois novos defeitos que não estavam no anterior, quais sejam a lesão e o estado de perigo.
Vícios de Consentimento (ou vontade)
Afetam a manifestação de vontade tornando o negócio jurídico anulável (erro, dolo e coação).
Erro
O primeiro vício de consentimento é o ERRO. Trata-se de manifestação de vontade em desacordo com a realidade, quer porque o declarante a desconhece (ignorância), quer porque tem representação errônea dessa realidade (erro).
O erro, entretanto, só é considerado como causa de anulabilidade do negócio jurídico se for:
Essencial (substancial), e será assim considerando todas as vezes que tiver sido motivo determinante, fundamental da celebração do negócio jurídico. Se conhecesse a situação verdadeira, a pessoa não teria celebrado o negócio jurídico da forma como celebrou. Além de ser substancial, deve ser perceptível pela outra parte, se fosse ela de diligência normal, em virtude do princípio da confiança. 
No Código Civil de 1916, ele deveria ser escusável, no Novo Código, se o erro é perdoável ou não, independe, o que interessa é se ele poderia ser percebido pela pessoa de diligência normal.
Espécies de erro:
· Erro in negotio: incide sobre a natureza do negócio que se leva a efeito. (artigo 139, I, CC). Ex.: quando alguém entrega determinado objeto a título de empréstimo e o recebimento se dá a título de doação.
· Error in corpore: aquele que versa sobre a identidade do objeto. (artigo 139, I, CC). Ex.: quando alguém adquire um quadro de um pintor vulgar, pensando estar adquirindo o de um famoso pintor
· Error in substancia: é o erro sobre a qualidade do objeto. (artigo 139, I, CC). Ex.: alguém compra uma estatueta de osso pensando estar adquirindo uma de marfim
· Error in personae: é o que versa sobre a identidade ou as qualidades de determinada pessoa. (artigo 139, II, CC). Ex.: se uma jovem de boa formação moral se casa com indivíduo que depois vem a saber ser um desclassificado. (arts.218,219)
· Error júris: é o erro de direito, desde que não traduza oposição ou recusa à aplicação da Lei. (artigo 139, III, CC). Esse inciso quebra todos os paradigmas, pois permite que a pessoa alegue o desconhecimento de uma lei ou uma falsa percepção da realidade. O que não se pode é dizer que não vai cumprir uma lei porque não a conhece, haja vista que ninguém pode se furtar ao cumprimento obrigatório da lei. 
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - Interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
II - Concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
Princípio da Conservação – está contido nos artigos 142, 143, 144 do Código Civil e traduz a preocupação do legislador em seja feito o máximo possível para que o negócio jurídico seja conservado.
“Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identifica a coisa ou pessoa cogitada.
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza retificação da declaração de vontade.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.”
Dolo
Artigos 145 a 150 do Código Civil. 
Quando esse desacordo com a realidade é provocado maliciosamente por outrem, estamos diante do DOLO. Dolo é, pois, todo artifício malicioso empregado por uma das partes ou por terceiro com o propósito de prejudicar outrem. É o erro provocado, prática ardilosa, maliciosa, indução da outra pessoa ao cometimento do erro. É preciso que exista a intenção de prejudicar por parte do agente, o uso de artifícios fraudulentos e ainda que ele seja o motivo determinante da celebração do negócio para que se configure o dolo.
Quanto à extensão dos seus efeitos no negócio jurídico, o dolo pode ser:
· Principal (essencial, determinante ou causa) – causa determinante para a celebração do negócio jurídico. O negócio jurídico somente será anulável se for essencial.
· Acidental – não é causa determinante do negócio, de qualquer maneira a pessoa teria celebrado o negócio, ainda que de outro modo, por isso não gera invalidade, contudo, não há prejuízo das perdas e danos.
O dolo, para invalidar o negócio, deve ser principal – atacando a causa do negócio jurídico em si – uma vez que ACIDENTAL, aquele que não impediria a realização do negócio jurídico, só geraria a obrigação de indenizar.
Admite-se, ainda, que o negócio jurídico seja anulado por DOLO DE TERCEIRO, pois o dolo pode ter sido praticado por um terceiro estranho à relação negocial. Nesse caso, para anulação do negócio dependerá se a pessoa com quem eu celebrei o negócio jurídico sabia ou deveria saber. Se a pessoa não sabia e nem tinha motivo para desconfiar, o negócio subsiste, sem prejuízo das perdas e danos. O NCC prevê que o dolo de terceiro invalida o ato, não apenas quando a parte a quem aproveite efetivamente soubesse do expediente astucioso, mas também se dele devesse ter conhecimento. Cria-se uma hipótese de dolo eventual da parte a que aproveita o ardil.
“Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.”No caso de dolo do representante legal, o representante responderá até o montante que tirou proveito, pois o direito não admite enriquecimento sem causa. Quando o dolo for do representante convencional, o representante responde solidariamente com ele, pois se escolheu mal deve arcar com as consequências da escolha.
“Art. 149. O dolo de representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. 
“Art.150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.”
Coação
Artigo 151 a 155 do Código Civil. 
Quando o agente é forçado a praticar um ato por ameaça contra si, ou contra alguém que lhe é caro, o ato é anulável por COAÇÃO. 
Entende-se como coação capaz de viciar o consentimento toda violência que faz com que sua vontade interna não desejaria efetuar.
São dois tipos de coação:
A-Física (vis absoluta) – violência que atua sobre o corpo. Afeta o plano da existência, não há manifestação de vontade.
B-Moral (vis compulsiva) atua sobre o psicológico da pessoa, influenciando-a a realizar um negócio jurídico contra sua vontade interna. É um fundado temor de dano iminente para si ou para seus familiares. A coação moral deve ser irresistível e apenas a coação moral enseja a anulabilidade. 
A coação física é aquela que age diretamente sobre o corpo da vítima. A doutrina entende que este tipo de coação neutraliza completamente a manifestação de vontade, tornando o negócio jurídico inexistente e não simplesmente anulável. 
A coação moral, por sua vez, é aquela que incute na vítima um temor constante e capaz de perturbar seu espírito, fazendo com que ela manifeste seu consentimento de maneira viciada. Nesta hipótese, a vontade do coagido não está completamente neutralizada, mas sim, embaraçada, turbada, viciada pela ameaça que lhe é dirigida pelo coator, razão pela qual o negócio jurídico assim praticado poderá ser anulado.
Segundo dispõe a artigo 151 do NCC, a coação vicia o ato.
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Nessa esteira de raciocínio, podem se apontar os seguintes requisitos para a caracterização da coação. 
· Violência psicológica;
· Declaração de vontade viciada;
· Fundado receio de grave dano à pessoa, à família (ou pessoa próxima, a critério do juiz) ou aos bens do paciente. 
Afastando-se um pouco da regra geral que toma como referência a figura do homem médio na análise dos defeitos do negócio jurídico, ao apreciar a coação deve o juiz atentar para as circunstâncias do fato e condições pessoas da vítima. Há que se levar em conta os critérios subjetivos da vítima (idade, estado de saúde, do lugar onde vive, sexo) e não tomar como parâmetro o homem médio.
“Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.” 
Não se considera coação, outrossim, a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
O NCC ampliando o campo de atuação normativa tratou de dispor no artigo 154 acerca da possibilidade da coação ser exercida por terceiros. Adotou-se fórmula semelhante àquela prevista para o dolo exercido por terceiro, somente se admitindo a anulação do negócio jurídico se o beneficiário soube ou devesse saber da coação, respondendo solidariamente com o terceiro com as perdas e danos.
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
Estado de Perigo
Configura-se quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. É o estado de necessidade do direito penal que foi trazido para as relações negociais. 
“Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salva-se, ou a pessoa de sal família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.”
O estado de perigo também contém dois elementos.
- O primeiro é que uma pessoa deve ter um temor de dano contra si ou contra um familiar.
- O segundo elemento é que, em virtude deste temor de dano, pessoa assume uma obrigação excessivamente onerosa.
Além de o estado de perigo dizer respeito a uma situação de saúde e a lesão dizer respeito a uma situação econômica, observa-se que o estado de perigo não é objetivo como a lesão, e sim subjetivo. Isso porque a pessoa favorecida pelo estado de perigo deve conhecer aquela situação. Tratando-se de pessoa não pertencente à família de declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. É preciso que haja dolo de aproveitamento ou seja a outra parte tem de saber, caso contrário, fica descaracterizado o estado de perigo. Serve para proteger uma parte e punir outra. 
Exemplo: João foi sequestrado. Ao ver José passando pela rua, oferece-lhe R$1.000.000,00 para que tire daquela situação. Ao aceitar, José, sabendo da situação em que João se encontra, faz com ele uma obrigação excessivamente onerosa. Mais tarde, João poderá anular aquele negócio jurídico e reaver para si o valor pago. Exige-se, portanto, o conhecimento da situação pela outra pessoa. O estado de perigo será utilizado, então, em situações graves de forma a não permitir que uma pessoa explore a outra. 
O parágrafo único traz uma cláusula geral. Exemplo: A namorada de João está se afogando e ele não sabe nadar. José, que sabe nadar muito bem, passa por ali. Então João oferece-lhe R$1.000.000,00 para que salve a sua namorada. Pelo caput do artigo não cabe a anulação do negócio jurídico porque a namorada não é pessoa da família de João. Mas o parágrafo único, com a sua cláusula geral, abre ao juiz a possibilidade de analisar o caso concreto, conforme as circunstâncias específicas. 	
Observação: Tipos de famílias
FAMÍLIA MATRIMONIAL – CASAMENTO 
Conforme Vitor Frederico Kümpe expõe, a família matrimonial decorre do casamento como ato formal, litúrgico. Surgiu no Concílio de Trento em 1563, através da Contrarreforma da Igreja. Até 1988, era o único vínculo familiar reconhecido no país. 
Duas teorias se formam: a primeira, aponta ser o casamento o principal vínculo de família. Os adeptos desta corrente apontam que os artigos 226, §§1º e 2ª da CF topograficamente privilegiam o casamento. Em verdade, o artigo 226, §3º12, da Constituição Federal, ao estabelecer que a lei deverá facilitar a conversão da união estável em casamento, de certa forma, dá o tom da preferência do Constituinte pelo casamento. Por outro turno, a segunda corrente, defendendo o princípio da isonomia entre os vínculos familiares, estabelece ser o casamento apenas uma das formas de família. Fulcra sua tese nos artigos 5º e 226 da CF, bem como no Estatuto das Famílias.
- CONCUBINATO 
O Código Civildenomina de concubinato as relações não-eventuais existentes entre homem e mulher impedidos de casar, forte no artigo 1727 do CC, in verbis: Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. 
Estão impedidos de casar, forte no artigo 1521 do Código Civil: 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - Os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; 
IV - Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - O adotado com o filho do adotante; 
VI - As pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
Para fins didáticos, consideramos concubinato apenas as hipóteses previstas no artigo 1521, incisos I a V e VII. 
O concubinato impuro ou simplesmente concubinato dar-se-á quando se apresentarem relações não eventuais entre homem e mulher, em que um deles ou ambos estão impedidos legalmente de casar. 
Apresenta-se como: a) adulterino (...) se se fundar no estado de cônjuge de um ou de ambos os concubinos, p. ex., se homem casado, não separado de fato, mantiver ao lado da família matrimonial uma outra; ou
b) incestuoso, se houver parentesco próximo entre os amantes.
O Código Civil repudia o concubinato, tendo o artigo 1642, inciso V, apontado: 
Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente: (...) 
V - Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos; (...) 
O concubinato não vem protegido pelo Estatuto das Famílias. 
- UNIÃO ESTÁVEL 
União Estável é a relação entre homem e mulher que não tenham impedimento para o casamento. A grande característica é a informalidade e, em regra, ser não-registrada, embora possa obter registro. No artigo 1723, o Código Civil a reconhece e a define: 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. 
§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável. 
O Código Civil, em seu artigo 1723, §1º, considera união estável a relação existente entre aqueles que possuem casamento anterior não dissolvido formalmente. É o que se chama de separados de fato.
Venosa anota a importância da convivência entre homem e mulher, de forma não passageira nem fugaz, em convívio como se marido e esposa fossem Tais características a diferem da união de fato.
FAMÍLIA PARALELA 
A família paralela é aquela que afronta a monogamia, realizada por aquele que possui vínculo matrimonial ou de união estável. 
O Código Civil denomina de concubinato as relações não-eventuais existentes entre homem e mulher impedidos de casar. O artigo 1521 refere que não podem casar as pessoas casadas. Prefere-se denominar este concubinato de família paralela, para diferenciá-lo do concubinato em que existe apenas uma família. 
Portanto, na família paralela, um dos integrantes participa como cônjuge de mais de uma família.
Caso o impedimento seja o casamento anterior, temos duas situações: 
· Será União Estável se o casamento foi faticamente desfeito;
· b) será concubinato (na modalidade união paralela) se o casamento anterior coexista com o novo relacionamento.
- FAMÍLIA MONOPARENTAL 
Família Monoparental é a relação protegida pelo vínculo de parentesco de ascendência e descendência. É a família constituída por um dos pais e seus descendentes. Possui albergue constitucional, artigo 226, §4º: 
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. 
Em suma, é a relação existente entre um dos pais e sua descendência. 
7- FAMÍLIA ANAPARENTAL 
Família Anaparental é a relação que possui vínculo de parentesco, mas não possui vínculo de ascendência e descendência. É a hipótese de dois irmãos que vivam juntos. 
Como exemplo de família anaparental, podemos destacar:
 a) dois irmãos que residam juntos; 
b) João e Maria, irmãos, residindo com seu primo Francisco; 
c) tio Donald e seus sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luizinho, como é o clássico exemplo da Disney. 
FAMÍLIA PLURIPARENTAL 
Família Pluriparental é a entidade familiar que surge com o desfazimento de anteriores vínculos familiares e criação de novos vínculos. 
A especificidade decorre da peculiar organização do núcleo, reconstruído por casais onde um ou ambos são egressos de casamentos ou uniões anteriores. Eles trazem para a nova família seus filhos e, muitas vezes, têm filhos em comum. É a clássica expressão: os meus, os teus, os nossos... 
Como exemplo, destacamos a família formada por João, Gabriel e Rafael (filhos oriundos de anterior relacionamento de João), por sua esposa Penélope, Ana Carolina (filha de relacionamento anterior de Penélope), e Victor, filho de João e Penélope). 
EUDEMONISTA 
Família eudemonista é aquela decorrente do afeto. 
Eudemonismo: Sistema de moral que tem pôr fim a felicidade do homem: o epicurismo e o estoicismo são eudemonismos. O eudemonismo é um sistema ou teoria filosófico moral segundo a qual o fim e o bem supremo da vida humana é a felicidade.
FAMÍLIA OU UNIÃO HOMOAFETIVA 
Família Homoafetiva é aquela decorrente da união de pessoas do mesmo sexo, as quais se unem para a constituição de um vínculo familiar. É reconhecida como entidade familiar a união entre duas pessoas de mesmo sexo, que mantenham convivência pública, contínua, duradoura, com objetivo de constituição de família 
A União Homoafetiva restou expressamente reconhecida na Lei Maria da Penha (Lei Federal nº 11.340/2006 – Lei da Violência Doméstica), em seu artigo 5º: 
Artigo 5º: Para efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
I – No âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
 FAMÍLIA UNIPESSOAL 
Família unipessoal é a composta por apenas uma pessoa. Recentemente, o STJ lhe conferiu à proteção do bem de família, como se infere da Súmula 364: 
O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. (03/11/2008) 
Lesão 
Conceitua-se a lesão como sendo o prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações de um determinado negócio jurídico, em face do abuso da inexperiência econômica da vítima. Quando o agente paga preço desproporcional ao real da coisa, sob certas circunstâncias, estaremos perante a LESÃO.
“Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.” 
A lesão já era estudada pela doutrina e já existia em algumas leis esparsas, inclusive no CDC. Ela não serve para punir, serve apenas para proteger a parte lesada. Não exige dolo de aproveitamento. Para a lesão no CDC, só exige a desproporção entre a prestação e a contraprestação, pois o consumidor já é considerado hipossuficiente;
 no CC é preciso que a lesão seja causada pela inexperiência ou necessidade econômica. 
A lesão veio com dois elementos, um subjetivo e outro objetivo:
· Objetivo – desequilíbrio exagerado entre a prestação e a contraprestação, quebra da comutatividade, do sinalagma (relaçãode equivalência entre as partes) do contrato.
· Subjetivo – a pessoa que foi lesada o tenha sido por estar necessitada ou ser inexperiente 
Ex.: A, ameaçado de falência, tenta vender uma joia de sua mãe. Oferece a B por R$10.000,00, que sabe que o real valor é de R$100.000,00, mas paga o preço inferior. Há uma quebra da comutatividade e A está em estado de necessidade. Posteriormente, A pode alegar a lesão por que estão presentes os dois elementos. 
Para que se consiga provar lesão, não é necessário que o lesado demonstre em juízo que o lesante tinha conhecimento do seu estado de necessidade ou inexperiência. Por isso, diz-se que o NCC criou uma lesão objetiva: não se discute se a pessoa que lesou o outro sabia ou não do seu estado de necessidade ou inexperiência. Basta ficar provado que objetivamente o lesado estava em estado de necessidade ou inexperiência. O intuito do NCC, como anteriormente mencionado, não é punir a malícia de quem lesou e sim proteger a situação de quem foi lesado. Observe-se que além de não exigir o dolo de aproveitamento para a sua configuração, a norma estabeleceu o momento para análise da desproporção das prestações e bem assim admitiu a conversação do negócio jurídico em caso de revisão contratual.
Diferenças entre a lesão e o estado de perigo
· O estado de perigo diz respeito a uma situação de saúde e a lesão dizer respeito a uma situação econômica,
· O estado de perigo é subjetivo (a pessoa favorecida deve conhecer a situação) e a lesão objetiva.
VÍCIOS SOCIAIS
Não há falha na vontade, mas a intenção de alguém em iludir terceiros ou a lei. São vícios sociais a simulação e a fraude contra credores.
Fraude Contra Credores 
Os vícios mencionados acima afetam a vontade intrínseca do agente e a manifestação de vontade é viciada.
Nos vícios sociais, a situação é diversa. O intuito é ludibriar terceiros. A vontade por parte do declarante é real e verdadeira, mas dirigida para prejuízo de outrem.
Na FRAUDE CONTRA CREDORES, a intenção do declarante é afastar seu patrimônio de seus credores, por meio de atos que possuam aparência de legitimidade. 
A fraude contra credores consiste no ato de alienação ou oneração de bens, assim como de remissão da dívida, praticado pelo devedor insolvente, ou à beira da insolvência, com o fito de prejudicar seus credores preexistentes, em virtude da diminuição experimentada pelo seu patrimônio.
A anulação do ato praticado em fraude contra credores dá-se por meio de uma ação anulatória denominada PAULIANA.
Os fundamentos da referida ação, à luz do NCC, são os descritos no art.158:
 Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Obs.:
· Credor quirografário =>. É o credor que não possui direito real de garantia, seus créditos estão representados por títulos advindos das relações obrigacionais. Ex: os cheques, as duplicatas, as promissórias.
· Credor hipotecário => É o credor que possui direito real de garantia exercitável sobre bem imóvel ou bens móveis, que por exceção, estão sujeitos a hipoteca (navio, aeronave).
3. Credor pignoratício => É o credor que possui direito real de garantia exercitável sobre bem móvel.
4. Credor anticrético => É o credor que possui direito real de garantia exercitável sobre rendas.
5. A remissão  é a liberação graciosa de uma dívida, ou a renúncia efetuada pelo credor, que, espontaneamente, abre mão de seus direitos creditórios, colocando-se na impossibilidade de exigir-lhes o respectivo cumprimento”. (MONTEIRO, 2003).
Remissão é, portanto, o perdão de ônus ou dívida, ou seja, é a liberalidade efetuada pelo credor, com o intuito de exonerar o devedor do cumprimento da obrigação. 
Logo temos:
· Negócios de transmissão gratuita de bens (artigo 158);
· Remissão de dívidas (artigo 158);
· Contratos onerosos do devedor insolvente
Quando a insolvência for notória;
Quando houver motivo para ser conhecida do outro contratante. 
O credor deve ser quirografário, porque se a garantia do credor for real ele pode buscar o bem onde quer que ele esteja. 
Credor de garantia real não precisa se utilizar da ação Paulina para anular o ato praticado em fraude contra si, a não ser que a garantia possuída se torne insuficiente. Se quem comprou estava de boa-fé, não há fraude contra credores, pois essa pessoa não sabia da prévia insolvência notória ou que devesse ser conhecida. É necessário o conluio entre as partes para eu a fraude fique caracterizada.
A fraude contra credores e diferente da fraude à execução. Esta prejudicial à própria administração da justiça e se caracteriza pelo simples fato da pessoa, já tendo conhecimento da ação contra si proposta, transferir seus bens a terceiros, restando em estado de insolvência. 
Na fraude à execução o negócio jurídico é válido, porém não produz efeitos com relação ao credor e pode ser reconhecido de ofício pelo juiz, ao contrário da fraude contra credores que deve ser requerida em ação própria. 
Simulação (nulidade absoluta – negócio jurídico nulo)
Na SIMULAÇÃO, há processo de mancomunação do declarante e do declaratório com o objetivo de fraudar a lei ou prejudicar terceiros. Pode ser definida como sendo uma declaração de vontade enganosa, com o propósito de atingir efeito diverso daquele ostensivamente indicado.
A SIMULAÇÃO pode ser:
· Absoluta: o negócio forma-se a partir de uma declaração de vontade ou de uma confissão de dívida emitida para não gerar efeito jurídico algum. Cria-se uma situação jurídica irreal, lesiva de interesse de terceiro, por meio da prática de ato jurídico aparentemente perfeito, embora substancialmente ineficaz;
· Relativa: emite-se uma declaração de vontade ou confissão falsa com o propósito de encobrir ato de natureza diversa, cujos efeitos, queridos pelo agente, são proibidos por lei; ou aparentando conferir direitos a uma pessoa, mas transferindo-os em verdade, para terceiros, não integrante da relação jurídica. Aqui, as partes pretendem atingir efeitos jurídicos concretos, embora vedados por lei. 
 O NCC também inovou na simulação.
“Art. 167. É nulo o negócio jurídico, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I – Aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II – Contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III – Os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.”
Simulação é uma intencional divergência entre a declaração que a pessoa faz e o efeito pretendido. Ou seja, aparentemente a pessoa declara uma coisa, mas não é aquilo que ela deseja. Essa atitude visa iludir terceiros, uma norma ou o Poder Público.
O CC/16 trazia como pena para a simulação a anulabilidade. O NCC fez a opção política de tornar mais grave o negócio simulado, penalizando-o com a nulidade. O STJ já vinha decidido que toda vez que o ato simulado ofendesse a ordem pública, a pena deveria ser nulidade e não anulabilidade. Portanto, mandou muito bem o legislador. 
Este artigo, porém, vai além. O CC/16, artigo 103, falava que a simulação não seria defeito quando não houvesse intenção de prejudicar terceiros ou violar a lei – é a simulação inocente. Havia uma diferença entre a simulação inocente e a simulação culposa. A simulação inocente ocorre quando a pessoa pratica um ato de simulação, mas não prejudicava ninguém. 
Exemplo: João,solteiro e sem filho, faz uma doação para sua namorada sobre a forma de compra e venda. Não há prejuízo para ninguém. O CC/16 determinava que nestes casos de simulação inocente o negócio jurídico não era defeituoso. 
O NCC não faz mais esta distinção, ou seja, mesmo que a simulação seja inocente, ela é nula. É uma determinação radical do legislador em acabar com qualquer tipo de simulação. 
A Simulação é o ato de fingir, enganar e até mesmo dissimular.
Encontrada no negócio jurídico, a simulação deriva de duas espécies.
TEORIA DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
Invalidade é o reconhecimento da nulidade absoluta ou relativa, como forma de proteção do ordenamento jurídico.
O NCC adota a expressão “invalidade” como categoria genérica das subespécies de nulidade: absoluta e relativa, destinando um capítulo próprio para suas disposições gerais. Todo ato, pois, absoluta ou relativamente nulo é considerado inválido.
A função da nulidade é tornar sem efeito o ato ou negócio jurídico. A idéia é fazê-lo desaparecer como se nunca houvesse existido. Os efeitos que lhe seriam próprios não podem ocorrer. Trate-se, portanto, de vício que impede o ato de ter existência legal e produzir efeito, em razão de não ter sido obedecido qualquer requisito essencial.
Nulidade Absoluta
Hipóteses: artigo 166, CC 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - Celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - For ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - O motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - Não revestir a forma prescrita em lei;
A maioria das hipóteses está diretamente relacionada com um dos pressupostos estabelecidos de validade (art. 104). Podem ser alegadas a qualquer tempo (art. 168, CC) e não convalescem jamais (art. 169, CC), pois a ação declaratória é imprescritível.
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.
Declarado nulo o ato, as partes restituir-se-ão ao estado em que antes se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas no equivalente. (artigo 182, CC)
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
Nulidade Relativa
Hipóteses: artigo 171
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - Por incapacidade relativa do agente;
II - Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
A anulabilidade é sanção mais branda ao negócio jurídico, que tem em vista a prática do negócio ou do ato em desrespeito a normas que protegem certas pessoas. As causas de anulabilidade residem no interesse privado, razão pela qual não podem ser pronunciadas de ofício, exigindo, pois, para o seu reconhecimento, alegação dos legítimos interessados (art. 177).
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
Quadro comparativo
	Nulidade Absoluta
	Nulidade Relativa
	O negócio jurídico é nulo.
	O negócio jurídico é anulável.
	O defeito é mais grave.
	O defeito é leve.
	Viola normas de interesse público.
	Viola normas de interesses particulares legalmente tutelados.
	Art. 166, CC. Absolutamente incapaz, objeto ilícito, impossível ou indeterminado, motivo ilícito comum às partes (não interfere na existência, mas pode gerar invalidade), se for preterida solenidade que a lei considere essencial à validade, fraude à lei imperativa ou a lei taxativamente declarada nulo ou proíbe sua prática, sem cominar sanção.
Art. 167, CC. Simulação.
	Art. 171, CC, Erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores.
	Qualquer interessado pode arguir a nulidade, o Ministério Público e o Juiz (de ofício).
	Somente os interessados podem arguir.
	Não admite confirmação.
	Admite confirmação, medida sanatória voluntária (expressa ou tácita), salvaguardados os direitos de terceiros.
	Não convalesce com o decurso do tempo.
	Convalesce com o decurso do tempo, medida sanatória legal. Prazo decadencial – 4 anos ou 2 anos quando a lei não estabelecer prazo – Art. 178 e 179, CC.
	O pronunciamento judicial é através de sentença declaratória, portanto, com efeitos “ex tunc”.
	O pronunciamento judicial é por meio de sentença constitutiva negativa, portanto, com efeitos “ex nunc”. Art. 182, CC.
	Princípio da Conversão: aproveita-se os elementos materiais do negócio jurídico nulo, o qual não pode ser convalidado, para convertê-lo em negócio jurídico válido. Art. 170, CC.
	Princípio da Conservação. Pode ser convalidado
Observação: ex tunc, que significa em latim "desde então", significa que determinada decisão, sobre fato no passado, possui efeitos "desde a data do fato no passado". Já ex nunc, que significa em latim "a partir de agora", significa que os efeitos da decisão não valem desde a data de ocorrência do fato discutido, mas apenas a partir da data da decisão.
Ou seja, se o juiz decidir hoje que a venda de uma casa, que foi feita em 2000, deve ser considerada anulada, com efeitos ex tunc, significa que a venda deve ser considerada desfeita desde 2000. Mas se a sentença indicar efeitos ex nunc, a venda deve ser considerada feita em 2000, mas deve ser desfeita a partir da data da decisão. Isso afeta diretamente os juros que incidirem sobre uma indenização, por exemplo.
Macete: associe "tunc" com testa e "nunc" com nuca (começam com a mesma letra). Se você levar um tapa na nuca, sua cabeça vai para frente => ex nunc tem efeitos daqui para frente. Mas se você levar um tapa na testa, sua cabeça vai para trás=> ex tunc tem efeitos para trás, atingindo desde a época do fato discutido.
Princípio da Redução: consiste na eliminação das partes inválidas de um negócio para conservá-lo na parte válida. 
Exemplo: redução testamentária. Art.184, CC.
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
Não há prazo para alegar a nulidade, ela pode ser declarada a qualquer tempo, mas não quer dizer que o negócio jurídico não seja eficaz, que produza efeitos. As declarações de nulidade absoluta podem ser dadas a qualquer tempo, pois as ações são declaratórias e como tais imprescritíveis. Já os negócios anuláveis só o poderão ser no prazo decadencial.
ATENÇÃO ALTERAÇÃO NO CÓDIGO CIVIL
CONFORME LEI 13.146 SÃO AS SEGUINTES ALTERAÇÕES DO CC:
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.  (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigência)
Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigência)
I - Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigência)
III - Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - Os pródigos.
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigência)
CONVERSÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
O NCC admitiu, no artigo 170 a conversão do negócio jurídico, que constitui no Direito Civil, à luz do princípio da conservação, uma medidasanatória dos atos nulos e anuláveis.
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
A maior relevância é para os atos nulos, eis que os anuláveis admitem confirmação. Essa medida conservatória consiste no expediente técnico de aproveitar-se como outro ato jurídico válido aquele inválido, nulo ou anulável, para o fim o a que foi realizado.
Pressupostos para conversão:
· Material: aproveitam-se os elementos fáticos do negócio jurídico inválido, convertendo-o para a categoria jurídica do ato válido.
· Imaterial: a intenção dos declarantes direcionada à obtenção da conversão negocial e consequente recategorização jurídica do negócio inválido.
ABUSO DE DIREITO
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”
Há três cláusulas gerais em um só artigo. Este artigo é um marco, pois ressuscita no nosso ordenamento a figura do abuso do direito. 
Quando alguém pratica um ato ilícito no novo sistema, estará praticando um ato ilícito porque agiu com culpa ou porque praticou um abuso do direito. 
A diferença é que no ato ilícito por culpa, sempre se avalia a motivação do agente seu comportamento no sentido psicológico (motivação subjacente do agente). Mas há inúmeras situações em que a pessoa não viola um dever jurídico propriamente dito, mas pratica um abuso de direito. O abuso do direito se dá quando uma pessoa não viola uma norma jurídica especificamente, mas viola o ordenamento jurídico. Apesar de estar agindo de acordo com a norma, a pessoa estará violando as finalidades do ordenamento jurídico. 
Exemplo: A invade o terreno de B, agindo com culpa. É um ato ilícito. Se, entretanto, A não invade o terreno, mas constrói em seu lote um prédio, no intuito de fazer sombra B, apenas para prejudicá-lo, estará havendo um abuso de direito, porque é um exercício desproporcional do direito subjetivo de A. 
O art. 187 diz, portanto, que o indivíduo pode exercitar o seu direito subjetivo. Mas, se esse exercício, apesar de não culposo, violar a função social concedida a ele, ou as finidades a ele concedidas pelo ordenamento jurídico, haverá abuso de direito, e será reprimido como ato ilícito.
Cada dia mais se torna difícil manter o homem no âmbito de seus próprios direitos. Tendo em vista a pressão social, o exercício de um direito, ainda que dentro de seu próprio limite, pode causar dano a outrem.
 Exemplos: Nos direitos reais, exercício da propriedade com intuito de prejudicar;
Família: negativa injustificada de autorização para o casamento;
Contratos: recusa injustificada de vender;
Direito do trabalho: realização de greve;
No processo: lide temerária
O NCC inclui, ainda, uma previsão genérica, no artigo 186. 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
 
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Em matéria de efetividade, tem-se aqui o maior avanço do NCC. O CC/16, no artigo 161, e no NCC, no artigo 189, tratam da prescrição e da decadência, sendo que o CC/16 trazia no titulo apenas expressão prescrição. A doutrina é que teve que construir a diferenciação entre prescrição e decadência, construção esta, aliás, extremamente controvertida.
O NCC, inovando trouxe expressamente o conceito a regra geral e as regras especiais sobre a decadência. 
Não há decadência nos artigos 205 e 206 da Parte Geral do Código Civil; somente prescrição.
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Art. 206. Prescreve:
§ 1o Em um ano:
I - A pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - A pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) Para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
III - A pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;
IV - A pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo;
V - A pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
§ 3o Em três anos:
I - A pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - A pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
III - A pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - A pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - A pretensão de reparação civil;
VI - A pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;
VII - A pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:
a) Para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) Para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) Para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação;
VIII - A pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - A pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
§ 4º Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
§ 5º Em cinco anos:
I - A pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
II - A pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - A pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
 Os casos de decadência estão todos localizados fora daqueles artigos e na Parte Especial, logo abaixo de cada instituto.
Ex: vícios do negócio jurídico. Para se saber o prazo para anulação do negócio jurídico, basta olhar o prazo determinado nos artigos da parte especial que tratam deste assunto. Tudo isso, para trazer maior efetividade ao instituto. 
É grande a analogia entre decadência e prescrição já que ambos se fundam na inércia do titular do direito, durante certo lapso de tempo. Ambas são resultado de transcurso do tempo, o que justifica, a princípio, a confusão entre eles. São formas de limitarmos no tempo o exercício ou a exigibilidade de um direito como formas de atingir a estabilidade das relações jurídicas.
Contudo, são institutos completamente diferentes.
Um dos requisitos imprescindíveis da petição inicial é a causa de pedir. O pedido precisa ser necessariamente uma conclusão lógica da causa de pedir,sob pena da petição inicial ser inepta.
Uma das coisas que a pessoa pode alegar quando propõe uma ação é dizer ser titular do direito a uma prestação. 
Quando a pessoa propõe uma ação reivindicatória, descreve que é proprietário do bem e que tem direito de reavê-lo de quem quer que injustamente o possua, para concluir pedindo que o juiz condene a parte contrária a devolvê-lo. Todas as vezes que a parte ingressar em juízo dizendo ser titular do direito a uma prestação ela quer que o juiz condene a pessoa que deve a cumpri-la, dando, fazendo ou não fazendo uma coisa. Para cada pretensão teremos uma ação correspondente de natureza condenatória. 
O direito somente será realizado quando o devedor cumprir a prestação. 
Nas ações condenatórias o prazo é prescricional. As ações condenatórias prescrevem.
Outras pessoas, quando propõem uma ação dizem ser titulares de um direito potestativo (direito que não depende de outra pessoa para ser realizado). O que se busca, com base no direito potestativo é que o juiz constitua ou desconstitua uma relação jurídica, por meio de uma ação de natureza constitutiva, não se espera uma condenação. Exemplo: contrato celebrado em virtude de coação. Nesse caso os prazos são decadenciais.
A pessoa pode ainda ingressar em juízo na busca de que o juiz declare a existência ou inexistência de uma relação jurídica. Nesse caso a ação será puramente declaratória. Exemplo: A Ação de Investigação de Paternidade busca que o juiz declare a existência de uma relação filiação. 
As ações declaratórias são imprescritíveis, não se sujeitam a prazo decadencial ou prescricional. A Ação de Investigação de Paternidade é imprescritível, mas não o é a Ação de Petição de Herança ou a Ação de Alimentos decorrente dessa declaração.
A prescrição está ligada a ação condenatória porque esta se liga ao direito a uma pretensão.
A decadência, por sua vez, está ligada a ação constitutiva porque esta se liga ao direito potestativo.
A decadência extingue diretamente o direito, e com ele a ação que o protege, enquanto a prescrição extingue a ação, e com ela o direito que protege.
No NCC a principal novidade foi a tratativa expressa acerca a decadência nos artigos 207 a 211.
O artigo 207, NCC, diz: 
salvo disposição em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem, ou interrompem a prescrição. 
No regime do CC/16, muitas pessoas diferenciavam a prescrição da decadência dizendo que aquela se suspende e se interrompe, enquanto que esta não. A suspensão e a interrupção não são causas, e sim efeitos. Em regra, a prescrição é passível de suspensão e interrupção; a decadência, não. 
O NCC acertou ao dizer que, em alguns casos, a decadência pode ser suspensa ou interrompida. 
Ex: pelo CDC, o consumidor possui noventa dias para devolver uma geladeira defeituosa (desconstituir o negócio). E o artigo 26 deste diploma determina que este prazo, que é decadencial, é passível de suspensão.
O artigo 190 determina que a exceção prescreva no mesmo prazo em que a pretensão. 
Exemplo: Quando uma pessoa é credora de outra por dívida vencida e líquida, o prazo para cobrança, segundo o NCC, é de cinco anos. Suponha que A é credor de B, mas deixa prescrever a dívida. A é ainda devedor de B em outra dívida. Se B for cobrar a dívida de A, este poderá alegar compensação na sua defesa? Os doutrinadores, à luz do CC/16, falavam que sim, por entender que prescrição era a perda da ação, mas ainda havia o direito de defesa. Mas, quando se entende que a prescrição é a perda do direito da pretensão, ou seja, perda do direito de alegar aquele fato, percebe-se que não cabe a alegação nem em ação, nem em defesa. Daí este artigo 190 preceitua que a exceção (defesa) prescrever no mesmo prazo em que a pretensão.
No código antigo, o juiz, em momento nenhum podia suprir de ofício a prescrição.
Agora, em razão da expressa revogação do artigo 194, pela Lei nº 11280, de fevereiro de 2006, o juiz pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição.
O artigo 200, NCC, determina que quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. 
A responsabilidade civil é relativamente independente da criminal. Existem casos em que ocorre um sobrestamento do cível no aguardo de decisão no crime, pois há fatos que, ao serem decidido no crime, são fundamentais para o andamento do processo no cível. Antes do NCC, achava-se que a responsabilidade no cível era completamente independente do crime. Então, o prazo para prescrição no cível não parava devido ao processo criminal. Quando finalmente saía a condenação da pessoa no crime, já estava prescrita a ação do cível. A sentença condenatória da pessoa no crime, já estava prescrita ação cível. A sentença condenatória com trânsito em julgado era título executivo no cível, mas não era passível de execução, por já estar prescrita. Configurava-se uma tremenda injustiça. 
O NCC suspende a prescrição no cível, ao aguardo de decisão no crime. O STJ já vinha aplicando este entendimento antes. Em sendo condenatória a sentença no crime, haverá eficácia no cível. 
O artigo 202 do NCC traz um princípio de operabilidade, de efetividade, de concretude. Diz o referido artigo: a interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á (...). A prescrição, agora, só pode ser interrompida uma única vez. Visa a proteger a estabilidade das relações jurídicas, a paz social. Ainda que haja uma segunda causa diferente de interrupção, a prescrição não poderá ser interrompida novamente. O NCC não diz, entretanto, sobre a prescrição dos atos nulos.
Alteração de prazos de prescrição:
Art. 206, § 3º, V – a pretensão de reparação civil prescreve em três anos.
Qualquer ação de indenização com danos materiais e reparação por danos morais prescreve em três anos, e não mais em vinte. O Decreto 20.910/32 fala da prescrição de cinco anos quando o ato ilícito ou dano é praticado pelo Poder Público. Como fica este prazo em face do NCC? Cremos que cai para três danos, pois o NCC é genérico (qualquer ação de reparação). Há posição em sentido contrário. 
Artigo 206, § 5º, I – a pretensão de cobrança de dívidas liquidas constantes de instrumento público ou particular prescreve em cinco aos, e não mais em vinte.
Regra intertemporal – Art. 2.028, CC. Se já tiver fluido mais da metade do prazo antigo, o prazo será o antigo. Se ao contrário, tiver corrido menos da metade, o prazo será o atual, contado da entrega em vigor do NCC.
A prescrição e decadência no direito penal não sofrem nenhuma alteração com o NCC.
Ação condenatória Ação constitutiva
	Prescrição
	Decadência
	Limita no tempo a exigibilidade do direito.
	Limita o exercício do direito potestativo.
	Extinção da pretensão.
	Extinção do direito potestativo.
	 Os prazos prescricionais nascem com a violação do direito.
	 O prazo nasce com o próprio direito.
	O prazo prescricional é sempre legal. Art. 205 e 206, CC.
	Tanto podem estar na lei, como podem resultar da manifestação de vontade (convenção).
	Os prazos prescricionais admitem renúncia (expressa ou tácita).
	Não admite renúncia no prazo legal
Contudo se admite no prazo convencional (bastante discutido)
	O juiz deve pronunciar-se sobre a prescrição independente de provocação.
	O juiz pode conhecer de ofício, se a decadência for legal.
	Os prazos prescricionais podem ser impedidos (não começa a contar) ou suspensos. (Conta tempo anterior) Art. 197 a 199, CC. Tudo o que serve para impedir, também servirá para suspender.
	Os prazos decadências não podem ser impedidos ou suspensos, salvo disposição legal, como, por exemplo, contra absolutamente incapazes.
	Os prazos prescricionais podem ser interrompidos uma única vez. Art. 202, CC.(começa a contar de novo)
	Salvo disposição legal, os prazos decadenciais não são interrompidos. Art. 207, CC.
Para saber se o prazo será interrompido ou suspenso/impedido: 
· Se for conduta do credor que gerou, será interrupção;
· Se for em decorrência de um comando legal,será suspensão ou impedimento.
Tudo o que servir para impedir, suspender e interromper prazos prescricionais serve para impedir, suspender ou interromper o tempo para fins de usucapião.
DAS PROVAS:
 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O Código Civil vigente dedicou-se a tratar da prova judiciária nos artigos 212 a 232 (Título V – Das provas, do Livro III – Dos fatos jurídicos, do Livro I - Parte geral), repetindo o que fizera o Código revogado (arts. 136 a 144).
Cumpre-nos, então, fazer uma breve análise quanto às possíveis novidades introduzidas no direito probatório 
CONCEITO DE PROVA JUDICIÁRIA
Quase todos os juristas que conceituam a prova judiciária o fazem adotando isoladamente as noções de atividade, meio ou resultado.
Couture assevera que em "sua acepção comum, a prova é a ação e o efeito de provar; e provar é demonstrar de algum modo a certeza de um direito ou a verdade de uma afirmação". 
Arruda Alvim, de sua parte, conceitua prova judiciária, dizendo consistir esta "naqueles meios definidos pelo direito ou contidos por compreensão num sistema jurídico (v. arts. 332 e 366), como idôneos a convencer (prova como ‘resultado’) o juiz da ocorrência de determinados fatos, isto é, da verdade de determinados fatos, os quais vieram ao processo em decorrência de atividade principalmente, dos litigantes (prova como ‘atividade’). 
Para Moacyr Amaral Santos, prova judiciária "é a verdade resultante das manifestações dos elementos probatórios, decorrente do exame, da estimação e ponderação desses elementos; é a verdade que nasce da avaliação, pelo juiz, dos elementos probatórios". 
Humberto Theodoro Júnior diz que provar "é conduzir o destinatário do ato (o juiz, no caso dos litígios sobre negócios jurídicos) a se convencer da verdade acerca de um fato. Provar é conduzir a inteligência a descobrir a verdade". [5]
Segundo Manoel Antônio Teixeira Filho, prova é resultado e não meio. Em não sendo assim, "ter-se-ia de admitir, inevitavelmente, por exemplo, que qualquer documento juntado aos autos constituiria, por si só, prova do fato a que se refere, ignorando-se, com isto, a apreciação judicial acerca desse meio de prova, apreciação que resultaria na revelação do resultado que tal meio produziu, conforme tenha eficácia para tanto. Ademais, se o meio é a prova, como sustentar-se essa afirmação diante de declarações conflitantes de duas testemunhas sobre o mesmo fato?". 
A amplitude da prova judiciária, porém, impõe análise de seu conceito sob duas vertentes: uma subjetiva e outra objetiva, que reúnam conjuntamente, e não isoladamente, forma, meio, atividade e resultado.
Sob o aspecto subjetivo, prova judiciária é:
a) atividade – ação que as partes realizam para demonstrar a veracidade das afirmações (a prova é a ação realizada pelas partes). Nesse caso, diz-se que a parte produziu a prova quando, através da demonstração de algo que pretendia provar, fez aparecer circunstâncias capazes de convencerem o juiz quanto à veracidade das afirmações (ação de provar).
b) resultado – soma dos fatos produtores da convicção do juiz apurados no processo. É a verdade extraída pelo juiz (resultado) dos elementos probatórios produzidos pelas partes (atividade), através do desenvolvimento do seu trabalho intelectual de avaliação, pelo qual pesa e estima tais elementos (a prova é o resultado da atividade das partes para o convencimento do juiz).
Sob o aspecto objetivo, prova judiciária é:
a) forma – instrumento posto à disposição dos litigantes para demonstrem a existência dos fatos alegados. Não se trata, então, da ação de provar, mas do instrumento próprio (forma definida pelo ordenamento jurídico para o conhecimento dos fatos pelo juiz). Nesse caso, diz-se que a prova é documental, testemunhal, pericial, etc.
b) meios – emanações das pessoas ou coisas, que oferecem ao julgador percepções sensíveis atinentes ao thema probandum. Assim, o conteúdo ideal dos documentos, o conteúdo ideal do depoimento das partes ou das testemunhas são meios de prova.
FUNÇÃO DA PROVA
Segundo Wilhelm Kisch, as conseqüências jurídicas estão associadas às afirmações sobre fatos. 
Assim, a parte que deseja obter no processo um efeito jurídico deve primeiro afirmar algo sobre certo fato e, a seguir, comprovar a veracidade dessa afirmação.
As dúvidas que emergem quanto à veracidade das afirmações feitas pelas partes (questões de fato), dada a sua contradição, devem ser dirimidas pela atividade probatória.
Tal atividade é de fundamental importância.
Para que as afirmações feitas pelas partes sejam levadas em considerações pelo juiz no momento de julgar, imperiosa é a demonstração de sua veracidade.
A prova, nesse caso, é a verdade extraída pelo juiz (resultado) dos elementos probatórios produzidos pelas partes (atividade), através do desenvolvimento do seu trabalho intelectual de avaliação.
Pode-se afirmar, portanto, que a função da prova é a de formar a convicção do julgador, a fim de que este faça incidir a norma jurídica ao fato. 
NATUREZA JURÍDICA DA PROVA
Segundo João Mendes Júnior, "foi Bentham, dominado pela mania de atacar a técnica do Direito Romano e criar uma técnica para o Direito Inglês, que dividiu as leis em substantivas e adjetivas". 
Surgia, assim, a distinção do direito em material e processual.
Dentro dessa classificação, até hoje adotada pela universalidade do direito, cumpre definir a natureza jurídica das leis relativamente à prova.
Não obstante o respeito às outras correntes existentes, as normas que dispõem sobre a prova pertencem exclusivamente ao direito processual, posto que seu escopo reside na ideia de convencimento do magistrado (judici fit probatio). Vale dizer: "as provas somente assumem real importância dentro do processo".
Além disso, a ciência do processo é "a única que se dedica ao estudo sistematizado e completo do instituto da prova, perquirindo sob todos os ângulos seus fins, suas causas e efeitos".
Cabe ao direito processual, portanto, regular a matéria em toda sua amplitude e em todos os seus aspectos, valendo lembrar a advertência de Liebman, para quem a identificação da natureza jurídica das leis não é uma questão topográfica.
Assim, são de direito processual as normas sobre prova inseridas no Código Civil. 
PROVA EMPRESTADA
O art. 212 do CC-2002 deu a impressão de haver suprimido a possibilidade de utilização da prova emprestada em juízo, uma vez que não arrolou entre as formas de prova, como fazia o Código revogado (art. 136, inc. II), os atos processuais processados em juízo.
Trata-se, porém, de mera ilusão.
O texto vigente apenas corrigiu imprecisão até então existente.
Os atos processuais praticados em juízo, ainda que orais (como v.g., o interrogatório de uma das partes), quando transportados para outro processo o são sob a forma documental (CC-2002, art. 216). 
A prova emprestada, portanto, é espécie de prova documental (cuja força probatória será valorada pelo juiz, que não está obrigado a dar-lhe idêntico valor ao que teve nos autos em que foi produzida).
Ainda que assim não se entenda, cumpre asseverar que o novo Código Civil ao tratar da prova não esgota todas as formas possíveis de comprovação das afirmações sobre fatos feitas em juízo.
Além disso, não restou revogado o art. 372 do CPC, segundo o qual todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos são hábeis para provar a verdade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa. 
PRESUNÇÕES
Repetindo o art. 136, inc. V, do Código revogado, o art. 212, inc. IV, do CC-2002 reabre a discussão acerca da presunção ser, ou não, forma de prova.
Presunção é o raciocínio desenvolvido pelo magistrado. A partir do conhecimento de um fato deduz ele a existência de outro fato que lhe é desconhecido e que, normalmente, está associado ao primeiro. 
Partindo, então, da convicção de ocorrência de um certo fato, o juiz, por dedução lógica, infere "a existência de outro fato, já que, comumente, um decorre do outro ou devem, ambos acontecer simultaneamente". 
Esse mero raciocínio lógico, por si só, não constitui forma de prova, ao menos no sentido

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