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MERCOSUL - FINAL

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Universidade de Brasília 
Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM) 
Núcleo de Estudos do Mercosul (NeSul) 
Disciplina: Integração no Mercosul – 1º/2019 
Nome: Isabella Brito Resende Matrícula: 17/0012824 
 
 
 
 
Práticas Contábeis: Diferenças entre Brasil e Argentina 
 
 
 
 
Resumo: O surgimento da Contabilidade no mundo se dá a partir do momento em que o ser 
humano passa a realizar trocas. As escolas europeias e norte-americanas foram capazes de 
estruturar a contabilidade no mundo. Na América do Sul não seria diferente, seus avanços 
contábeis serviram inevitavelmente como inspiração para a consolidação da contabilidade dos 
países sul-americanos. No entanto cada país tem sua autonomia para regular sua própria 
Contabilidade. Brasil e Argentina podem divergir em algumas práticas que podem acarretar em 
dificuldades na compreensão da analise contábil se a mesma for feita por um contador 
estrangeiro. 
Palavras-Chave: Contabilidade. Brasil. Argentina. 
Abstract: The emergence of Accounting in the world takes place from the moment in which 
the human being begins to make exchanges. European and American schools were able to 
structure accounting in the world. In South America it would not be different, its accounting 
advances inevitably served as inspiration for the consolidation of the accounting of the South 
American countries. However each country has its autonomy to regulate its own Accounting. 
Brazil and Argentina may differ in some practices that may lead to difficulties in understanding 
the accounting analysis if it is done by a foreign accountant. 
Key Words: Accounting. Brazil Argentina. 
 
1 Introdução 
A Contabilidade é uma ciência social que busca estudar, analisar, interpretar e registrar 
os fenômenos que afetam o patrimônio de uma empresa. Os contadores são capazes de produzir 
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as Demonstrações Contábeis, reflexo da situação da empresa. No entanto a maneira como elas 
são produzidas pode ser diferente de um país para o outro, o que afeta a análise de investidores 
estrangeiros. O presente artigo trará noções históricas da Contabilidade no Brasil e na 
Argentina, passando pelo surgimento da Contabilidade em um âmbito global. 
A situação a ser analisada no artigo serão as incompatibilidades entre Brasil e Argentina 
na forma em que a Contabilidade ocorre em cada um dos países. A partir de pesquisas em 
artigos e estudos existentes, normas e leis aplicadas em cada país, logo no início nota-se que as 
diferenças começam ainda na graduação. No país vizinho a formação superior deve durar no 
mínimo 5 anos, enquanto no Brasil costuma-se concluir o curso de Ciências Contábeis em 4 
anos. O Brasil também é o único país do Mercosul que permite a atuação de profissionais da 
contabilidade de nível médio, atuando como Técnicos em Contabilidade. A regulação em cada 
país é feita por um órgão que emite notas com poder de lei. Na Argentina o responsável é o 
Conselho Profissional de Ciências Econômicas, responsável por áreas além da contabilidade. 
No Brasil, o Conselho Federal de Contabilidade - CFC tem como única responsabilidade a 
regulação das normas dessa profissão e ciência. O surgimento e a forma como a Contabilidade 
se dá nesses dois países será aprofundada ao longo do artigo. 
 
2 História da Contabilidade 
2.1 Surgimento nas Antigas Civilizações 
Os primeiros indícios da Ciência Contábil surgiram praticamente junto com o 
desenvolvimento das civilizações. Registros dos povos egípcios mostram que em 6000 a.C. já 
contabilizavam os negócios feitos pelo governo da época. Ao que tudo indica, foram eles os 
primeiros povos a utilizarem valor monetário para registrar suas posses. Além dos egípcios, 
gregos, babilônios e outros povos antigos possuíam sua própria forma de contabilizar suas 
riquezas, sendo elas em forma de moeda, animais ou até mesmo alimentos. A partir do momento 
que o ser humano passou a realizar trocas ele passou a sentir a necessidade de registrar o que 
tinha posse e todas as transações que realizava, afim de que tivesse controle dos aumentos e 
diminuições em seu patrimônio e pudesse prever quanto poderia e deveria ganhar no futuro. 
Conforme as operações foram ficando mais complexas o controle delas se tornava cada vez 
mais detalhado. Na Roma Antiga, por volta de 200 a.C., já se falava em receita de caixa, rendas, 
lucros e despesas, sendo esse último separado em salários, perdas e diversões. Na Idade Média 
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o controle das receitas e despesas também eram feitos por pessoas ligadas aos reinados e a 
Igreja. No entanto, a Contabilidade conhecida hoje no mundo ainda não existia. 
2.2 Advento da Contabilidade e a Escola Europeia 
O berço da Contabilidade é a Itália, lá surgiu o temo Contabilitá e os primeiros estudos 
e publicações sobre a ciência. O Livro Caixa foi criado em meados do século XII com o intuito 
de efetuar registros de recebimentos em dinheiro. Já nessa época o débito e o crédito eram 
usados mesmo que de forma rudimentar, oriundos das obrigações e direitos que se referiam as 
pessoas. 
O avanço da Contabilidade se deu por conta do advento do capitalismo. Com o 
surgimento de novas invenções, o avanço das navegações, as riquezas trazidas do Novo Mundo 
e o acumulo de capital vindo do processo de produção fez-se necessário um método capaz de 
registrar o que foi gasto e o quanto de riqueza foi gerado em virtude disso. A primeira conta 
ensinada até os dias de hoje nas graduações de Ciências Contábeis, a conta Capital, surgiu no 
final do século XIII demonstrando o valor monetário colocado nas companhias pelos 
proprietários. 
Foi em 1494, que Frei Luca Paciolo publicou o que chamou de Computis et Scripturis 
(Contabilidade por Partidas Dobradas), um estudo que evidenciava a teoria contábil do débito 
e crédito e como a mesma era correspondente a teoria matemática dos números positivos e 
negativos. Com isso deu início a Contabilidade Moderna. A partir dessa publicação do chamado 
“Pai da Contabilidade”, abriram-se as fronteias para os estudos e publicações da nova ciência 
humana. Esse foi chamado de Período Moderno da Contabilidade. 
O Período Científico da Contabilidade iniciou-se a partir o advento de dois grandes 
autores italianos da área, Francisco Villa e Fábio Bésta. Apesar de ainda ser estudada como 
uma ciência da Administração e o patrimônio, que é atualmente o objeto da Contabilidade, 
pertencer unicamente as áreas associadas ao direito, a Ciência Contábil era cada vez mais 
estudada de forma única e objetiva. A obra de Francesco Villa, “La Contabilità Applicatta alle 
administrazioni Private e Plubbliche" apresenta duas formas de ver a Contabilidade, a 
Contabilidade Pública e a Contabilidade Privada, que até os dias atuais são estudadas de forma 
separada pois se apresentam de maneiras completamente diferentes mesmo dentro da mesma 
ciência. Somente em 1809 a Contabilidade chegou oficialmente as universidades italianas. 
Fábio Bésta, seguidor de Francisco Villa, foi o primeiro a chegar perto de definir o objetivo real 
da contabilidade e, portanto, mudar o norte que guiava as definições da contabilidade 
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A partir dos estudos de Vicenzo Mazi, que deram continuidade aos de Fábio Bésta, em 
1923 o patrimônio passou finamente a ser definido como objetivo da Contabilidade, assim como 
é visto atualmente. Vicenzo mudou o olhar do mundo que via a Contabilidade como uma 
maneira de registrar e passou a mostrar que a Ciência Contábil ia muito além disso, a mesmo 
seria capaz de ser um instrumento de gestão. 
Até então a escola europeia dominava os estudos na área, entretanto tais estudos tiveram 
excesso de teoria e falta de prática. Nem tudo que era estudado dentro das universidades era 
aplicável na real sociedade e com isso a Contabilidade se mostrava engessada principalmente 
no que se referia a Contabilidade Gerencial, área que demandaum olhar exclusivo em cada 
situação. Existia uma obsessão em mostrar que a Contabilidade era uma ciência o que deixava 
um desfalque nas pesquisas em áreas de atuação que a mesma deveria ser aplicada. 
2.3 A Escola Estadunidense e as Normas Internacionais de Contabilidade 
A partir da deficiência nos estudos e aplicações das Ciências Contábeis na Europa, 
iniciou-se a fase de predominância estadunidense na Contabilidade e o surgimento das regras e 
definições mais próximas do que é aplicado atualmente. 
O grande desenvolvimento econômico ocorrido nos Estados Unidos durante o século 
XX, a partir do avanço das instituições econômicas e sociais aprimorou a forma como a teoria 
contábil seria aplicada no restante do mundo. O crescimento das Sociedades Anônimas, as 
famosas S.A., e a fusão das várias empresas que derem origem a diversas grandes corporações, 
demandavam uma nova elaboração das práticas contábeis. A visão a partir daquele momento 
deveria ser minuciosa na elaboração das demonstrações contábeis, o olhar deveria ser voltado 
para a variação das riquezas das instituições e como isso seria capaz de afetar os investidores, 
grupo que também deseja estar permanentemente informado e por isso pressionavam os 
elaboradores das demonstrações para que pudessem compreender a vida econômica de todas as 
empresas de forma clara desde que tivessem o conhecimento contábil. 
Em 1930 a Bolsa de Valores de Nova York e o Instituto Americano de Contadores 
Públicos já discutiam sobre as formas de promulgar as regras da contabilidade e assim facilitar 
a compreensão de um contador sobre o desenvolvimento das companhias. As informações 
deveriam ser claras para que fosse possível traçar uma aposta de crescimento ou não daquela 
entidade e para que fosse simples comparar o desenvolvimento de duas empresas do mesmo 
porte ou mesmo ramo. 
5 
 
É a partir dai que surge o US-GAAP, sigla dada para United States - Generally Accepted 
Accounting Principles, que em tradução literal significa Princípios Contábeis Geralmente 
Aceitos dos Estados Unidos. O GAAP é um conjunto de normas e leis que devem ser seguidas 
pela contabilidade, para que seja possível manter um padrão das operações, demonstrações 
contábeis e normas explicativas emitidas por cada empresa. Apesar de ter surgido nos Estados 
Unidos, cada país criou seu próprio GAAP, o que ainda dificultava compreensão do 
desenvolvimento contábil no caso de empresas que atuavam em mais de um país e deveria 
seguir regras distintas a depender dos países em que se localizava. Era muito comum situações 
em que alguma prática era proibida em um país e em outro era completamente aceita. 
Investidores que desejavam expandir seus investimentos para companhias estrangerias também 
eram prejudicados, por muitas vezes viam as informações de forma confusa por não seguirem 
as regras que estavam habituados em seu país, o que tendia a afetar muito as bolsas de valores. 
Apesar de todas essas incompatibilidades dificultarem as relações econômicas, o 
International Accounting Standards Commitee (IASC), só foi criando em 1973. Com o objetivo 
de promover a harmonização internacional das normas contábeis, para diminuir as diferenças 
nas práticas entre os países e com membros voluntários de vários países distintos. O IASC 
passou a publicar normas contábeis, no entanto nem todos os países seguiam o que era 
recomendo pelo comitê por considerem suas próprias normas melhores. O caminho até que os 
países aceitassem seguir o que o IASC publicava foi longo. Com o intuito de reestruturar o 
comitê e influenciar mais países a seguirem as normas internacionais, em 2001 o mesmo foi 
transformado em International Accounting Standards Board – IASB. O novo comitê é 
referência no mundo até os dias de hoje e suas publicações, as International Financial 
Reporting Standards – IFRS, em português Normas Internacionais de Relatório Financeiro, 
servem como referência para as normas contábeis de cada país. Entretanto, as IFRS não têm 
poder de lei dentro dos países, por isso cada país deve averiguar se aquela publicação se tornará 
lei. Em favor disso, mesmo que atualmente o IASB tenha ganhado força no mundo ainda 
existem divergências sobre a compreensão contábil entre os países. 
 
3 Contabilidade no Brasil 
3.1 História e Regulamentação da Contabilidade Brasileira 
A Contabilidade brasileira, assim como no resto do mundo, começou de forma rústica 
ainda sem regulamentação e normas, a partir do surgimento das primeiras interferências do 
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capitalismo. No entanto, foi só em 1770 que foi criada a primeira regulamentação brasileira 
para os profissionais da área contábil. Dom José, rei de Portugal, assinou um decreto que 
determinava a obrigatoriedade do registro de matricula dos profissionais da área. A vinda da 
família real portuguesa para o Brasil trouxe mais importância para a contabilidade no país. Foi 
a partir disso que aqueles que trabalhavam com a contabilidade receberam o nome de Guarda-
livros, nome esse que foi utilizado por duzentos anos até meados da década de 1970. 
No início do século XX, mais precisamente em 1915, o Instituto de Contadores Fiscais 
foi fundado, sendo o primeiro órgão brasileiro que buscava regulamentar a profissão contábil. 
Posteriormente a Associação dos Contadores de São Paulo e o Instituto Brasileiro de 
Contabilidade no Rio de Janeiro foram propulsores no desenvolvimento da profissão e do 
estudo da teoria contábil no país. Durante a década de 1920 o 1º Congresso Brasileiro de 
Contabilidade e a criação do Conselho Perpétuo, que daria lugar ao Conselho Federal de 
Contabilidade e aos Conselhos Regionais de Contabilidade, foram de extrema importância para 
difundir as regulamentações da profissão e do estudo na área, aumentando cada vez mais o 
desenvolvimento da Contabilidade no Brasil. No ano de 1927 a profissão contábil foi 
completamente regularizada no país e no início da década de 1930 o curso de Contabilidade 
surgiu, onde podia-se formar duas profissões ligadas as práticas contábeis. Com um curso de 
dois anos o aluno que estudava Contabilidade no Brasil poderia se tornar um guarda-livros. Se 
o aluno desejasse se tornar perito-contador deveria fazer o curso por três anos. No entanto, foi 
só em 22 de setembro de 1945 que o Curso de Ciências Contábeis, como é chamado até hoje, 
foi criado, através do Decreto Nº 7,988 do mesmo ano. No ano seguinte o Conselho Federal de 
Contabilidade - CFC, e consequentemente os Conselhos Regionais de Contabilidade, foi 
criando a partir do o Decreto-Lei nº 9.295. Tem como objetivo orientar, normatizar e fiscalizar 
o exercício da profissão contábil além de editar Normas Brasileiras de Contabilidade de 
natureza técnica e profissional. 
 
A partir do ano de 1964, a Contabilidade no Brasil passou para uma nova etapa, marca 
principalmente por seguir os métodos de ensino norte-americanos. Nesse ano foi implementada 
a primeira grande lei de regulação de práticas contábeis, a Lei 4.320, que estatuiu as normas 
gerias de direito financeiro para elaboração dos orçamentos, finanças e balanços da União, dos 
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. 
A década de 1970 foi uma das mais importantes para a Contabilidade brasileira. O 
Banco Central foi responsável por estimular a regulamentação de atividades contábeis quando 
baixou as circulares 178, decretando que a atuação como auditor independente deveria der se 
https://cfc.org.br/wp-content/uploads/2015/12/lei1249.pdf
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competência exclusiva dos contadores, e a circular 179, que trata dos princípios e norma da 
Contabilidade. A promulgação da Lei 6.404/76 que regulamenta as Sociedades por Ações foi 
um dos maiores marcos para a contabilidade no país. A mesma aponta as obrigatoriedades que 
devem ser seguidas por companhias abertas, mostra como devem divulgar suas demonstrações 
contábeis de maneira padronizada quanto a sua estrutura e determina a obrigatoriedadeda 
auditoria por auditores independentes com o objetivo de deixas as informações divulgadas o 
mais fidedignas possíveis. A promulgação da Lei das Sociedades por Ações foi de grande 
influência da escola norte-americana de contabilidade e das Normas Internacionais de 
Contabilidade divulgadas pelo IASC. 
A criação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM nesse mesmo ano foi de extrema 
importância para as regulações contábeis, uma vez que, a mesma é atribuída a função de 
disciplinar, normalizar e fiscalizar a atuação dos diversos integrantes do mercado, tendo poder 
de normatizar qualquer área referente ao mercado de valores mobiliários, atingindo diretamente 
a Contabilidade. 
Um outro marco para a Contabilidade que deve ser destacado é a criação do Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis – CPC. Esse comitê tem como função convergir as normas 
internacionais de contabilidade para as normas brasileiras, assim como costuma unificar as 
regras e leis que se aplicam a Contabilidade e são publicadas por diversas entidades no Brasil. 
Os anúncios do CPC são como manuais para a ciência contábil, basicamente tudo o que um 
contador pode ou deve fazer está em algum pronunciamento do comitê. O CPC se destaca como 
um avanço para a Contabilidade pois coloca o Brasil e as normas contábeis dentro da estrutura 
internacional contábil, facilitando a leitura das demonstrações contábeis divulgadas por 
qualquer entidade no Brasil. Logo que o IASB divulga uma resolução por meio de IFRS o CPC 
costuma levar poucos dias para divulgar um novo CPC com a tradução e adequação dessa nova 
regra contábil. 
Por fim, no ano de 2007 com a promulgação da lei 11.638, que modificou a Lei das 
Sociedades por Ações, a contabilidade mudou, dando início a uma nova Contabilidade no 
Brasil, tal fase se dá até os dias de hoje e foi resultado do englobamento de mais normas 
internacionais as normas brasileiras. 
 
3.2 O Profissional Contábil no Brasil 
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Atualmente o profissional que atua na área contábil no Brasil pode receber dois títulos. 
O primeiro deles é o de Técnico em Contabilidade, nesse caso o Curso Técnico em 
Contabilidade é um curso de nível médio criado pelo governo federal. Porém, desde 1 de junho 
de 2015 o Conselho Federal de Contabilidade não aceita mais novos registros de técnicos 
contábeis. O outro título, o que é mais comum e perfeitamente aceito pelo CFC, é o de contador. 
Para ser um contador é necessário cursar Ciências Contábeis, curso de bacharelado presente em 
diversas instituições de ensino superior públicas e privadas, o mesmo deve durar em média 
quatro anos e ao final o bacharel deve ser aprovado no exame de suficiência do Conselho 
Regional de Contabilidade (CRC) de seu estado. 
Por muito tempo a visão geral da população em relação ao contabilista brasileiro era 
sempre associado a tributos e a cálculos relacionados a imposto de renda. Hoje, no entanto, as 
funções do profissional contábil vão bem além do quesito fiscal. O profissional tem conquistado 
espaço no mercado nas áreas de Auditoria, Controladoria e Atuarial. Atualmente a profissão é 
muito mais analítica do que voltada apenas para cálculos. Por isso que a contabilidade se 
encaixa na área de ciências humanas, não das ciências exatas, como a maiorias das pessoas 
acredita. 
 
4 Contabilidade na Argentina 
A profissão do contador foi regulamenta da Argentina a partir do ano de 1973 com a Lei 
20.488, lei responsável por abranger as ciências econômicas como um todo. A partir dela apenas 
titulares de diploma universitário em Contabilidade puderam exercer a profissão de Contador 
Público no país. Essa mesma lei é responsável pelo controle do exercício da profissão através 
dos Conselhos Profissionais de Ciências Econômicas, esses são os responsáveis por manter o 
controle dos que podem atuar na área exigindo matricula de cada contador. Os conselhos 
profissionais são entidades de atuação única em cada jurisdição, por isso fez-se necessária a 
criação de um órgão que unificasse todos os conselhos espalhados pelo país. Portanto, em 1973 
Federación Argentina de Consejos Profisionales de Ciencias Económicas – FACPCE. A 
FACPCE é também o órgão responsável por emitir as Normas Contábeis Profissionais – NCPs. 
Para que uma NPC seja obrigatória aos profissionais matriculados em cada jurisdição é 
necessário que cada conselho decida por torna-la obrigatória, a FACPCE não tem poder de 
emitir normas com força de lei em território nacional. O responsável pelo processo de estudo, 
apresentação e discussão de uma norma contábil dentro da FACPCE é o Centro de Estudos 
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Científicos y Técnicos – CECYT, um órgão federal que tem o trabalho de emitir informes, 
incluindo os NCPs. 
 Um outro tipo de instituição importante para a contabilidade na Argentina são os 
Colégios de Graduados em Ciências Econômicas, o objetivo dessas associações é o 
aperfeiçoamento da profissão. Tendo em torno de vinte colégios distintos espalhando pela a 
Argentina foi criada a Federación Argentina de Graduados en Ciencias Económicas que tem 
como objetivo organizar, unificar e divulgar as decisões tomadas a partir desses colégios. 
 4.1 O Curso de Contabilidade na Argentina 
 O curso de contabilidade argentino tem como base o programa da Faculdade de 
Ciências Econômicas da Universidade de Buenos Aires, a mais conceituada no país e que 
diferente da maioria dos cursos espalhados pela Argentina exige o mínimo de seis anos de 
estudos para a formação enquanto as demais faculdades exigem apenas cinco anos, o mínimo 
exigido em lei. 
O curso é dividido em três parte: O Ciclo Básico Comum, o Ciclo Geral e o Ciclo 
Profissional. No primeiro ciclo o estudante deve cursar seis matérias no período mínimo de um 
ano, após esse período o mesmo deve obter aprovação em todas elas para dar continuidade ao 
curso propriamente dito, por não existir vestibular para o ingresso nas universidades a 
aprovação no Ciclo Básico Comum é a forma de se manter na universidade. No segundo ciclo 
o estudante deve cursar as disciplinas técnico-científica que formam o profissional da 
contabilidade. O estudante pode ainda optar pelo exame livre, ou seja, o mesmo pode ser 
aprovado sem a necessidade de frequência, basta que o mesmo passe em uma prova. O terceiro 
e ultimo ciclo é composto pelas matérias mais especificas da contabilidade sendo elas: 
Auditoria, Judicial-Societária e do Setor Público, Administração Contábil e Tributária. 
Ao fim do curso os graduados devem se matricular em um Conselho Profissional para 
que possa atuar na área de maneira legal como Contadores Públicos. 
A Argentina traz uma contabilidade muito bem estruturada desde a graduação até o 
exercício da profissão. Os órgãos espalhados por todo o país regulam de forma bem eficaz a 
atuação dos profissionais da área. O país permite uma liberdade de atuação do contador como 
em praticamente nenhum país do mundo. A maneira como a graduação é bem dividida mostra 
como a profissão é bem organizada no país. 
5 Diferenças entre Brasil e Argentina 
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A primeira grande diferença contábil entre os dois países se dá pela diferença na duração 
mínima dos cursos de graduação. No Brasil um curso de Contabilidade deve ser concluído em 
no mínimo 7 semestres, ou seja, três anos e meio, apesar de a maioria das instituições de ensino 
superior do país ofertarem o curso com permanência mínima de quatro anos. Já na Argentina 
nenhum contador pode ser graduado com menos de cinco anos de permanência no curso. 
A forma com o curso é divido na Argentina é bem clara e deve ser seguida por todas as 
instituições de ensino que desejarem ofertar o curso. No Brasil, apesar de existir uma grande 
básica curricular obrigatória, a ordem em que as disciplinas serão oferecidas aos alunos é 
decidida pela própria instituição. Por exemplo, um estudante de contabilidade da Universidade 
de Brasília deve cursar Contabilidade Geral 1, matéria que trazas noções básicas de 
contabilidade, já no primeiro semestre enquanto um aluno de uma faculdade privada do Distrito 
Federal só terá uma matéria equivalente a essa no terceiro semestre. 
A possibilidade de atuação na área contábil também diverge entre os países em questão. 
Enquanto no Brasil o profissional contábil pode ser tanto o técnico em contabilidade, que tem 
um curso de nível médio, quando o contador, que possui bacharelado em Ciências Contábeis. 
No país vizinho a situação é distinta, na Argentina não existe técnico em contabilidade, apenas 
contadores com nível superior podem exercer a profissão. 
Na Argentina quando uma NCP é emitida pelo FACPCE, os conselhos regionais devem 
decidir pela aceitação ou não da norma. Tal situação pode dificultar o entendimento das práticas 
contábeis pelo restante do mundo, uma vez que, nem todas as normas internacionais são 
acatadas pelos conselhos argentinos. Diferentemente, no Brasil assim que o IASB lança um 
pronunciamento contábil o CPC costuma validado no país emitindo uma resolução contábil que 
tem caráter de lei e deve ser seguido por todos os profissionais contábeis no território brasileiro. 
A Argentina tem uma forma mais liberal de lidar com as praticas contábeis, o que não 
necessariamente é ruim, com isso o contador tem mais liberdade e atuação e várias áreas e pode 
estar constantemente se aprimorando. O Brasil tem uma maneira mais rigorosa de lidar com as 
práticas contábeis, o que também não é necessariamente ruim. Unificar e regular as atividades 
contábeis traz mais validade e clareza para as mesmas, fazendo com que as normas brasileiras 
muitas vezes sejam usadas como referência no mundo e em algumas situações sendo usadas 
para criar normas internacionais. 
6 Conclusão 
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Pode-se concluir que, apesar das divergências na forma em que a Contabilidade é 
ensinada e praticada em cada país, que na prática não são muitas, as relações econômicas entre 
esses dois países integrantes do Mercosul não são afetas em nada. A compreensão das 
demonstrações contábeis argentinas pode até ser um pouco mais complicada quando as mesmas 
forem analisadas por um contador brasileiro, pois ambos não seguem as mesmas normas 
contábeis, mas nada que um pouco de estudo sobre as regras locais não facilite a compreensão. 
Notou-se que a Contabilidade em sua essência é a mesma em qualquer lugar do mundo. 
Apesar das leis distintas, dos órgãos de regulação de comportarem de maneira diferenciada, a 
ciência é a mesma e a ideia central também será sempre a mesma, o que torna tal ciência 
universal. A incompatibilidades só surgem na forma como a ciência será aplicada, no entanto, 
em qualquer país, seja ele Brasil ou Argentina o inicio do curso de Contabilidade sempre 
ensinará da mesma forma o que é um débito, o que é um crédito e como a teoria das partidas 
dobradas deve ser aplicada. Um contador seja ele argentino ou brasileiro, será capaz de 
identificar se uma entidade seja ela brasileira ou argentina é capaz de gerar lucros ou prejuízos. 
7. Referências 
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dezembro de 2007, Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404. Brasília, DF, 2007. 
 
 
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