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Defeitos congênitos (anomalias) são distúrbios do desenvolvimento presentes ao nascimento. Os defeitos são as principais causas de mortalidade infantil (fetal). Podem ser estruturais, funcionais, metabólicos, comportamentais ou hereditários. Os defeitos congênitos representam um problema global; aproximadamente 8 milhões de crianças no mundo todo apresentam um defeito congênito sério. Teratologia: estudo do desenvolvimento anormal Teratologia é o ramo da embriologia e da patologia envolvido com a produção, a anatomia do desenvolvimento e a classificação de embriões e fetos malformados. Por volta de 1940, acreditava-se que os embriões estavam protegidos de agentes ambientais, como fármacos, vírus e compostos químicos por suas membranas extraembrionárias ou fetais (âmnio e córion) e pelas paredes uterina e abdominal das mães. Em 1941, foram relatados os primeiros casos bem documentados de que um agente ambiental (vírus da rubéola) poderia produzir defeitos congênitos graves como catara, defeitos cardíacos e surdez, se a infecção por rubéola ocorresse durante o período crítico de desenvolvimento dos olhos, coração e orelhas. Na década de 1950, defeitos graves dos membros e outros distúrbios do desenvolvimento foram encontrados em recém-nascidos de mães que tinham consumido um sedativo (talidomida) no início da gravidez. Estima-se que de 7% a 10% dos defeitos congênitos resultem das ações prejudiciais de fármacos, vírus e toxinas ambientais. As causas dos defeitos congênitos são divididas em três categorias amplas: • Fatores genéticos, como anormalidades cromossômicas. • Fatores ambientais, como fármacos/drogas e vírus. • Herança multifatorial (fatores genéticos e ambientais agindo em conjunto). Em 50% a 60% dos defeitos congênitos, a causa é desconhecida. Os defeitos podem ser únicos ou múltiplos e podem apresentar importância clínica maior ou menor. Defeitos congênitos causados por fatores genéticos Numericamente, os fatores genéticos constituem as causas mais importantes de defeitos congênitos. Qualquer mecanismo tão complexo quanto a mitose ou a meiose, ocasionalmente pode apresentar mau funcionamento. A maioria dos embriões inicialmente anormais nunca sofrerá a clivagem normal para se transformar em blastocistos. Dois tipos de alterações ocorrem nos complementos cromossômicos: numéricas e estruturais. As alterações podem afetar os cromossomos sexuais ou os autossomos, ou os dois são afetados. Fatores genéticos iniciam defeitos por meios bioquímicos ou de outros tipos em níveis subcelulares, celulares ou teciduais. Anormalidades Cromossômicas Numéricas Aberrações numéricas dos cromossomos geralmente resultam da não disjunção, um erro da divisão celular onde um par de cromossomos ou duas cromátides de um cromossomo deixam de se desligar durante a mitose ou a meiose. Como resultado, o par cromossômico ou as cromátides passam para uma célula-filha enquanto a outra célula-filha não recebe nenhum (gametogênese materna ou paterna). Glossário de termos teratológicos: As anomalias congênitas são de quatro tipos clinicamente significantes: malformação, perturbação, deformação e displasia. Outros termos são usados para descrever crianças com múltiplos defeitos: defeito do campo politópico; sequência; síndrome; associação. Dismorfologia: área genética relacionada no diagnóstico e interpretação de padrões de defeitos estruturais. Inativação de genes: Durante a embriogênese, um dos dois cromossomos X nas células somáticas femininas é inativado aleatoriamente e aparece como uma massa de cromatina sexual. Um aneuploide é um indivíduo que apresenta um número de cromossomos que não corresponde a um múltiplo exato do número haploide de 23 (p. ex., 45, 47) Um poliploide é uma pessoa que tem um número de cromossomos que representa um múltiplo do número haploide de 23, em vez do número diploide (p. ex., 69) Síndrome de Turner (45, X) Feminino; características sexuais secundárias não se desenvolvem em 90% das mulheres afetadas e a reposição hormonal é necessária; erro da gametogênese (não disjunção) que causa a monossomia do X, quando pode ser rastreado, ocorre no gameta paterno em aproximadamente 75% dos casos; Trissomia dos Autossomos - Presença de três cópias de cromossomos em um determinado par cromossômico. As trissomias representam as anormalidades mais comuns de número de cromossomos. A causa comum desse erro numérico é a não disjunção meiótica dos cromossomos. Associada principalmente a 3 síndromes: • trissomia do 21 ou síndrome de Down • trissomia do 18 ou síndrome de Edwards • trissomia do 13 ou síndrome de Patau As crianças com esta síndrome raramente sobrevivem além de 6 meses. Crianças com trissomia do 13 e trissomia do 18 apresentam malformações graves e deficiência mental; geralmente morrem no início da infância ou sofrem de aborto espontâneo precoce. Acontecem com mães de idade mais avançada. O mosaicismo, condição em que dois ou mais tipos celulares contêm números diferentes de cromossomos (normais e anormais), provoca um fenótipo menos grave e o QI da criança pode ser quase normal. Trissomia dos Cromossomos Sexuais Uma vez que não existem achados físicos característicos em recém-nascidos ou crianças, o distúrbio geralmente não é detectado até a puberdade. Duas massas de cromatina sexual são encontradas nos núcleos de mulheres XXX (trissomia X) e os núcleos de homens XXY(síndrome de Klinefelter) contêm uma massa de cromatina sexual. T e t r a s s o m i a e p e n t a s s o m i a : Pessoas com tetrassomia ou pentassomia apresentam núcleos celulares com quatro ou cinco cromossomos sexuais, respectivamente. Os cromossomos sexuais extras não acentuam as características sexuais. Contudo, quanto maior o número de cromossomos sexuais em homens, maior a gravidade da deficiência mental e do prejuízo físico. Mosaicismo: Uma pessoa que apresente no mínimo duas linhagens celulares com dois ou mais genótipos (constituições genéticas) é um mosaico. Ou seja, os cromossomos sofrem separação normal, mas um deles tem sua migração atrasada e acaba sendo perdido. T r i p l o i d i a O tipo mais comum de poliploidia (núcleo celular contendo três ou mais conjuntos haploides). Fetos triploides apresentam restrição do crescimento intrauterino grave com acentuada desproporção entre a cabeça e o corpo. Baixa taxa de sobrevivência. T e t r a p l o i d i a A duplicação do número de cromossomos diploides de 46 para 92 (tetraploidia) provavelmente ocorre durante a primeira divisão de clivagem do zigoto Anormalidades Cromossômicas Estruturais Resulta de uma ruptura do cromossomo, seguida por reconstituição em uma combinação anormal. Pode ser induzida por fatores ambientais como radiação ionizante, infecções virais, drogas e compostos químicos. As únicas duas aberrações da estrutura cromossômica que provavelmente são transmitidas por um dos pais para um embrião são os rearranjos estruturais, como inversão e translocação. Translocação É a transferência de um pedaço de um cromossomo para um cromossomo não homólogo. Se dois cromossomos não homólogos trocarem partes, isto é chamado de translocação recíproca. A translocação não provoca necessariamente um desenvolvimento anormal. Deleção Quando um cromossomo é rompido, parte dele pode ser perdida; uma deleção terminal parcial do braço curto do cromossomo 5 causa a síndrome do miado do gato. As crianças afetadas apresentam um choro fraco semelhante à vocalização de um gato, microcefalia (neurocrânio pequeno), deficiência mental grave e doença cardíaca congênita. Um cromossomo em anel é um tipo de deleção cromossômica na qual as duas extremidades são perdidas e as extremidades rompidas unem-se para formar um cromossomo em formade anel M i c r o d e l e ç õ e s e m i c r o d u p l i c a ç õ e s Uma vez que as deleções atingem vários genes contíguos, esses distúrbios e aqueles com microduplicações são referidas como síndromes dos genes contíguos. • A síndrome de Prader-Willi (SPW) é um distúrbio de ocorrência esporádica, associado a baixa estatura, deficiência mental leve, obesidade, hiperfagia (alimentação excessiva) e hipogonadismo. • A síndrome de Angelman é caracterizada por deficiência mental grave, microcefalia, braquicefalia, convulsões e movimentos atáxicos (incoordenados) dos membros e tronco. A SPW e a síndrome de Angelman geralmente estão associadas a uma deleção visível da banda q12 no cromossomo 15. Se a deleção for observada na mãe, ocorrerá síndrome de Angelman; se for transmitida pelo pai, a criança exibirá o fenótipo da SPW. Imprinting genético, em que a expressão diferencial do material genético depende do sexo do genitor responsável pela transmissão Duplicações: As duplicações são mais comuns que as deleções e são menos nocivas porque não existe perda de material genético. Contudo, o fenótipo resultante geralmente inclui comprometimento mental ou defeitos congênitos. I n v e r s ã o A inversão é uma aberração cromossômica em que um segmento de um cromossomo é invertido. Pode ser paracêntrica- único braço do cromossomo; pode ser paricêntrica- nos dois braços e no centrômero. I s o c r o m o s s o m o s É produzido quando o centrômero sofre divisão transversal em vez de longitudinal criando um cromossomo onde um braço está ausente e o outro é duplicado. Pessoas com essa aberração geralmente apresentam baixa estatura e outros estigmas (evidências visíveis de doença) da síndrome de Turner . Essas características estão relacionadas com a perda de um braço de um cromossomo X. Defeitos Congênitos Causados por Genes Mutantes Uma mutação, geralmente envolvendo perda ou alteração da função de um gene. A taxa de mutação pode ser aumentada por vários agentes ambientais, como altas doses de radiação ionizante. Um exemplo de defeito congênito herdado de modo dominante é a acondroplasia. Outros defeitos como hiperplasia suprarrenal congênita e a microcefalia são atribuídas a herança autossômica recessiva. A síndrome do X frágil é a segunda causa hereditária mais comum de deficiência intelectual moderada. Distúrbios do espectro autista são prevalentes nessa condição. Vários distúrbios genéticos são causados por expansão de trinucleotídeos (combinação de três nucleotídeos adjacentes) em genes específicos. A maioria dos genes é expressa em uma ampla variedade de células e está envolvida nas funções metabólicas celulares básicas, como síntese de ácidos nucleicos e proteínas, biogênese do citoesqueleto e organelas e transporte de nutrientes e outros mecanismos celulares. Esses genes são referidos como genes de manutenção. Os genes especializados são expressos em momentos específicos em células específicas e definem as centenas de tipos celulares que constituem o organismo humano. Um aspecto essencial da biologia do desenvolvimento é a regulação da expressão gênica. A regulação geralmente é obtida por fatores de transcrição que se ligam a elementos reguladores ou promotores de genes específicos. A regulação epigenética refere-se a alterações do fenótipo (aspecto) ou da expressão gênica causadas por outros mecanismos além de alterações das sequências de DNA subjacentes. Os genes homeobox são encontrados em todos os vertebrados. Estes apresentam sequências e ordens altamente conservadas. Eles estão envolvidos no início do desenvolvimento embrionário e especificam a identidade e arranjo espacial dos segmentos corporais. Os produtos proteicos desses genes ligam- se ao DNA e formam fatores de transcrição que regulam a expressão gênica. Vias de Sinalização do Desenvolvimento A embriogênese normal é regulada por várias cascatas de sinalização complexas. Mutações ou alterações em qualquer uma dessas vias de sinalização pode provocar defeitos congênitos. Outros fatores de transcrição agem influenciando o padrão da expressão gênica das células adjacentes. A proteína secretada chamada de sonic hedgehog (SHH) que inicia uma cadeia de eventos, resultando na ativação e repressão de células-alvo por fatores de transcrição na família GLI. Perturbações (alterações) na regulação da via de sinalização Shh- Patched-Gli (SHH--PTCH-GLI) provocam várias doenças humanas, incluindo alguns tipos de câncer e defeitos congênitos. A SHH é expressa na notocorda, a placa do assoalho do tubo neural, no encéfalo e outras regiões, como a zona de atividade polarizadora dos membros em desenvolvimento e do intestino. Mutações esporádicas e herdadas no gene SHH humano provocam a holoprosencefalia, um defeito da linha média de gravidade variável que envolve septação anormal do SNC, fendas faciais, incisivo central único, hipotelorismo ou um único olho ciclópico. A proteína SHH precisa ser processada em uma forma ativa e é modificada pela adição de uma porção de colesterol. Defeitos da biossíntese de colesterol, como no distúrbio autossômico recessivo, síndrome de Smith-Lemli- Opitz (deficiência mental, pequena estatura, ptose e defeitos na genitália masculina), compartilham muitas características, particularmente defeitos encefálicos e dos membros remanescentes, com doenças relacionadas com SHH. Isso sugere que a sinalização via SHH possa ter um papel central em vários distúrbios genéticos. Defeitos congênitos causados por fatores ambientais Embora o embrião humano esteja bem protegido no útero, muitos agentes ambientais (teratógenos) podem causar alterações do desenvolvimento após a exposição materna a eles. Os órgãos e as partes de um embrião são mais sensíveis a agentes teratogênicos durante os períodos de diferenciação rápida. Os fatores ambientais causam 7% a 10% dos defeitos congênitos. Durante as duas primeiras semanas de desenvolvimento, o embrião geralmente não é suscetível a teratógenos; Princípios da Teratogênese • Os períodos críticos do desenvolvimento. • A dose do medicamento ou do composto químico. • O genótipo (constituição genética) do embrião. Períodos Críticos do Desenvolvimento Humano O período mais crítico do desenvolvimento é quando a divisão celular, a diferenciação celular e a morfogênese estão no seu auge. O período crítico de desenvolvimento do encéfalo vai de 3 a 16 semanas, mas pode ser alterado devido ao rápido crescimento. Os teratógenos podem produzir deficiência mental durante os períodos embrionário e fetal. O desenvolvimento dos dentes permanentes pode ser perturbado por tetraciclinas a partir de 14 semanas de vida fetal até 8 anos após o nascimento. O sistema esquelético também apresenta um período crítico de desenvolvimento prolongado que se estende até a infância e o crescimento dos tecidos esqueléticos fornece uma boa medida do crescimento geral. Perturbações ambientais, durante as duas primeiras semanas após a fecundação, podem interferir na clivagem do zigoto e na implantação do blastocisto e podem causar morte precoce e aborto espontâneo de um embrião. O desenvolvimento do embrião pode ser prejudicado mais facilmente quando os tecidos e órgãos estão em formação. Durante esse período de organogênese (4 a 8 semanas), os teratógenos podem induzir defeitos congênitos importantes. Defeitos fisiológicos como defeitos morfológicos menores das orelhas externas e perturbações funcionais como deficiência mental, provavelmente serão o resultado de uma perturbação do desenvolvimento durante o período fetal (da nona semana até o nascimento). • Altos níveis de radiação ionizante produzem defeitos do SNC (encéfalo e medula espinal) e olhos. • A infecção pelo vírus da rubéola provoca defeitos oculares (glaucoma e catarata), surdez e defeitos cardíacos. • Fármacos como talidomidainduzem defeitos dos membros e outras anomalias como defeitos cardíacos e renais. Dose de Fármacos ou Compostos Químicos Para que um fármaco seja considerado um teratógeno humano, uma relação dose- resposta deve ser observada e quanto maior a exposição durante a gravidez, mais intenso o efeito fenotípico. Genótipo do embrião A fenitoína, por exemplo, é um teratógeno humano bem conhecida. Entre 5% e 10% dos embriões expostos a essa medicação anticonvulsivante desenvolvem a síndrome fetal da hidantoína. Parece, portanto, que o genótipo do embrião determina se o agente teratogênico prejudicará seu desenvolvimento. Teratógenos Humanos O objetivo do teste de teratogenicidade de medicamentos, compostos químicos, aditivos alimentares e pesticidas é identificar agentes que possam causar malformações durante o desenvolvimento humano e alertar gestantes sobre os perigos a seus embriões/fetos. Fármacos como Teratógenos Alguns teratógenos (p. ex., talidomida) causam comprometimento grave do desenvolvimento se administrados durante o período de organogênese da quarta a oitava semanas. As mulheres devem evitar todas as medicações durante o primeiro trimestre, a não ser que exista um motivo médico sólido para seu uso e então apenas se os medicamentos forem reconhecidos como razoavelmente seguros para o embrião. Tabagismo O tabagismo materno durante a gravidez é uma causa bem estabelecida de restrição do crescimento intrauterino (RCIU); o parto prematuro é duas vezes mais frequente que entre as mães que não fumam. Um baixo peso ao nascimento (menos de 2.000 g) é o principal indicador de morte infantil. Estudos demostraram um aumento modesto na incidência de defeitos cardíacos conotruncais e do septo atrioventricular associados ao tabagismo materno no primeiro trimestre. A nicotina contrai os vasos sanguíneos uterinos, diminuindo o fluxo sanguíneo uterino e reduzindo o suprimento de oxigênio e nutrientes disponíveis para o embrião e o feto a partir do sangue materno no espaço interviloso da placenta. A deficiência resultante prejudica o crescimento celular e pode ter um efeito adverso sobre o desenvolvimento mental. Uma hipóxia fetal crônica (baixos níveis de oxigênio). Álcool Níveis moderados e altos de álcool no início da gravidez podem alterar o crescimento e a morfogênese do embrião ou do feto, incluindo deficiência de crescimento pré e pós-natal, deficiência mental e outros defeitos. Microcefalia, fissuras palpebrais curtas, pregas epicantais, hipoplasia do maxilar, nariz curto, lábio superior fino, sulcos palmares anormais, defeitos articulares e doença cardíaca congênita também são observados na maioria dos lactentes. Androgênios e progestogênios São alterações biológicas produzidas pela progesterona. Algumas possuem propriedades androgênicas (masculinizantes) afetando o feto feminino, produzindo a masculinização da genitália externa. Existe a suspeita de que contraceptivos orais que contenham progestogênios e estrogênios, usados nos estágios iniciais de uma gravidez não reconhecida, sejam agentes teratogênicos, mas ainda é contraditório. O dietilestilbestrol (DES), um composto estrogênico não esteroide sintético, é um teratógeno humano. Anomalias congênitas macroscópicas e microscópicas do útero e da vagina foram detectadas em mulheres expostas a DES no útero. Três tipos de lesões foram observados: adenose vaginal (doenças glandulares generalizadas), erosões cervicais e cristas vaginais transversas, também desenvolvimento do adenocarcinoma de células claras da vagina. Antibióticos As tetraciclinas (antibióticos de amplo espectro) atravessam a membrana placentária e são depositadas nos ossos e dentes do embrião em sítios de calcificação ativa. Doses relativamente pequenas de tetraciclina durante o terceiro trimestre podem produzir coloração amarelada da dentição decídua e permanente. Casos de déficit auditivo e lesão do nervo vestibulo coclear (NC VIII) foram relatados em lactentes expostos a derivados de estreptomicina no útero. Anticoagulantes Todos os anticoagulantes com exceção da heparina atravessam a membrana placentária e podem causar hemorragia no embrião ou no feto. A varfarina é um teratógeno conhecido. Existem relatos de lactentes com hipoplasia da cartilagem nasal, epífises pontilhadas e vários defeitos do SNC, cujas mães receberam esse anticoagulante durante o período crítico do desenvolvimento embrionário. O período de maior sensibilidade ocorre entre 6 e 12 semanas após a fecundação. Anticonvulsivantes Entre os medicamentos anticonvulsivantes disponíveis, existem fortes evidências de que a trimetadiona é um teratógeno. As principais características da síndrome fetal da trimetadiona são retardo do crescimento pré e pós-natal, retardo do desenvolvimento, sobrancelhas em forma de V, orelhas de implantação baixa, fenda no lábio e/ou palato e defeitos cardíacos, geniturinários e de membros. A fenitoína é um teratógeno A síndrome fetal da hidantoína ocorre em 5% a 10% das crianças nascidas de mães que foram tratadas com os anticonvulsivantes fenitoína ou hidantoína. O padrão usual dos defeitos consiste em RCIU, microcefalia , deficiência mental, sulcos na sutura frontal, pregas epicantais internas, ptose palpebral , ponte nasal larga e deprimida, hipoplasia (pouco desenvolvimento) de unhas e falanges distais e hérnias. O ácido valproico tem sido o medicamento de escolha para o tratamento de diferentes tipos de epilepsia, mas o uso do ácido valproico em gestantes provoca um padrão de defeitos congênitos que consiste em defeitos craniofaciais, cardíacos e de membros e retardo do desenvolvimento cognitivo pós- natal. O fenobarbital é considerado um medicamento antiepiléptico seguro para uso durante a gravidez. Agentes antineoplásicos Recomenda-se que sejam evitados, especialmente durante o primeiro trimestre da gravidez. Compostos químicos para inibição tumoral são altamente teratogênicos porque inibem a mitose em células de divisão rápida. O uso de aminopterina durante o período embrionário geralmente resulta em morte intrauterina dos embriões e 20% a 30% daqueles que sobrevivem apresentam malformações graves. O metotrexato, um antagonista do ácido fólico e um derivado da aminopterina, é um teratógeno potente que produz defeitos congênitos maiores. Corticosteroides Baixas doses de corticosteroides, incluindo cortisona e hidrocortisona, não induzem fenda palatina ou qualquer outro defeito em embriões humanos. Devido aos riscos de hemorragia fetal e fechamento prematuro do ducto arterioso, anti- inflamatórios não esteroides não devem ser usados nas últimas semanas de gravidez. Inibidores da enzima conversora de angiotensina Usados como agentes anti-hipertensivos, causa oligoidrâmnio (quantidade insuficiente de líquido amniótico), morte fetal, hipoplasia dos ossos da calota craniana, RCIU, anormalidades cardiovasculares e disfunção renal. No início da gravidez, o risco para o embrião é aparentemente menor e não há indicação para encerrar a gestação. Insulina e medicamentos hipoglicemiantes Os medicamentos hipoglicemiantes (p. ex., tolbutamida) foram implicados, mas a evidência de sua teratogenicidade é fraca. Ácido retinoico A isotretinoína usado no tratamento da acne cística grave, é um teratógeno. O período crítico para exposição parece ocorrer entre a terceira e a quinta semanas. O risco de aborto espontâneo e defeitos congênitos após exposição é alto revelou prejuízo neuropsicológico. Analgésicos Altas doses devem ser evitadas, especialmente durante o primeiro trimestre; incidência de problemas comportamentais, incluindo o transtorno do déficit de atenção/hiperatividade(TDAH) Medicamentos para tireoide Podem causar bócio congênito além do aumento da tireoide e cretinismo (interrupção do desenvolvimento físico e mental e distrofia dos ossos e partes moles). Tranquilizantes Manifestação característica é a meromelia (ausência de parte de um membro), mas os defeitos variam de amelia (ausência de membros), passando por estágios intermediários de desenvolvimento (membros rudimentares), a micromelia (membros anormalmente pequenos ou curtos). O período em que a talidomida (hanseníase, mieloma múltiplo e várias doenças autoimunes) causou essas anomalias congênitas foi de 20 a 36 dias após a fecundação. Esse período sensível coincide com os períodos críticos para o desenvolvimento das partes e órgãos afetados. Fármacos psicotrópicos O lítio é a medicamento de escolha para a manutenção em longo prazo de pacientes com transtorno bipolar. Contudo, o lítio causa defeitos congênitos, principalmente no coração e grandes vasos, em lactentes cujas mães receberam o medicamento no início da gravidez. Drogas ilícitas Não há evidências de que a maconha seja um teratógeno humano, mas existe uma indicação de que seu uso durante os primeiros 2 meses de gravidez afete o crescimento fetal e o peso ao nascimento. Relatos que lidam com os efeitos pré-natais da cocaína incluem descolamento da placenta, aborto espontâneo, prematuridade, RCIU, microcefalia, infarto cerebral, anomalias urogenitais, perturbações neurocomportamentais e anormalidades neurológicas. Compostos Químicos Ambientais como Teratógenos A maioria desses compostos químicos não foi implicada de modo positivo como teratógenos em seres humanos. Mercúrio orgânico Adquirem a doença de Minamata fetal; perturbações neurológicas e comportamentais semelhantes às da paralisia cerebral. Chumbo A exposição pré-natal ao chumbo está associada a um aumento de abortos, defeitos fetais, RCIU e déficits funcionais. Bifenilas policloradas São compostos químicos teratogênicos que produzem RCIU e alteração da cor da pele Agentes Infecciosos como Teratógenos Os micro-organismos atravessam a membrana placentária e entram na corrente sanguínea embrionária e fetal. Rubéola congênita Durante o primeiro trimestre; O feto adquire a infecção por via transplacentária; o vírus atravessa a membrana da placenta e infecta o embrião ou feto As características clínicas são catarata, defeitos cardíacos e surdez. Citomegalovírus O vírus infecta a placenta e então o feto. A maioria das gestações termina em aborto espontâneo quando a infecção ocorre no primeiro trimestre. Em um período mais tardio na gravidez a infecção por CMV pode resultar em defeitos congênitos graves: RCIU, microftalmia, coriorretinite, cegueira, microcefalia, calcificação cerebral, deficiência mental, surdez, paralisia cerebral e hepatoesplenomegalia. Vírus do herpes simples Início da gravidez aumenta a taxa de aborto em três vezes. Os defeitos congênitos observados em recém-nascidos incluem lesões cutâneas, microcefalia, microftalmia, espasticidade, displasia retiniana e deficiência. Varicela A infecção materna por varicela nos dois primeiros trimestres causa: lesões cutâneas, atrofia muscular, hipoplasia dos membros, dedos rudimentares, lesão ocular e encefálica e deficiência mental. Vírus da imunodeficiência humana Os defeitos congênitos incluem falha de crescimento, microcefalia e aspectos craniofaciais específicos. A maioria dos casos de transmissão do vírus da mãe para o feto provavelmente ocorre no momento de parto. Toxoplasmose O organismo T. gondii atravessa a membrana placentária e infecta o feto, causando alterações destrutivas no encéfalo (calcificações intracranianas) e olhos (coriorretinite) que resultam em deficiência mental, microcefalia, microftalmia e hidrocefalia. A morte fetal pode seguir à infecção, especialmente nos estágios iniciais da gravidez. Sífilis congênita Atravessa rapidamente a membrana placentária com 6 a 8 semanas de desenvolvimento. Infecções maternas primárias (adquiridas durante a gravidez) geralmente causam infecção fetal séria e defeitos congênitos. Contudo, o tratamento adequado da mãe extermina os micro- organismos, impedindo que atravessem a membrana placentária e infectem o feto. Infecções maternas secundárias (adquiridas antes da gravidez) raramente causam doença fetal e defeitos congênitos. Se a mãe não for tratada, natimortos ocorrem em aproximadamente um quarto dos casos. Apenas 20% das gestantes não tratadas terão um feto normal. As manifestações fetais iniciais da sífilis materna não tratada são surdez congênita, dentes e ossos anormais, hidrocefalia (acúmulo excessivo de LCE) e deficiência mental. Radiação como Teratógeno Pode lesar as células embrionárias, resultando em morte celular, lesão cromossômica, deficiência mental e deficiência do crescimento físico. A gravidade da lesão embrionária está relacionada com a dose de radiação absorvida, taxa da dose e estágio do desenvolvimento embrionário ou fetal e que a exposição à radiação ocorreu. Retardo do crescimento, microcefalia, espinha bífida cística; O desenvolvimento do SNC quase sempre foi afetado. Ondas Ultrassônicas não existem efeitos nocivos confirmados Fatores Maternos como Teratógenos Diabetes mellitus pouco controlado nas mães, particularmente durante o desenvolvimento embrionário, está associado a uma maior taxa de abortos espontâneos e uma incidência duas a três vezes maior de defeitos congênitos. Recém- nascidos de mães diabéticas geralmente são grandes (macrossomia); apresentam maior risco de anomalias encefálicas, defeitos esqueléticos, agenesia sacral e defeitos congênitos cardíacos A fenilcetonúria apresentam maior risco de descendentes com microcefalia, defeitos cardíacos, deficiência mental e RCIU Fatores Mecânicos como Teratógenos Uma quantidade muito reduzida de líquido amniótico (oligoidrâmnio) pode resultar em uma deformação mecânica dos membros, como hiperextensão do joelho. Deslocamento congênito do quadril e pé torto podem ser causados por forças mecânicas, particularmente em um útero malformado. Defeitos congênitos causados por herança multifatorial Traços multifatoriais geralmente são defeitos maiores únicos, como fenda labial, fenda palatina isolada, defeitos do tubo neural (p. ex., meroencefalia, espinha bífida cística), estenose pilórica e luxação congênita dos quadris. Um problema central para a definição das causas das anormalidades genéticas como fenda labial e fenda palatina (FLP) é que o número de genes envolvidos é desconhecido (múltiplos genes versus um gene isolado). Anteriormente, uma hipótese de limiar multifatorial foi proposta para FLP. Ela declarava que pelo menos um fator genético e um fator ambiental estavam envolvidos no desenvolvimento de cada caso de FLP. Contudo, essa hipótese deixou algumas questões sem resposta em relação a como os genes interagem para produzir essa anomalia e em que extensão; A hipótese multifatorial foi substituída pela hipótese de múltiplos genes com expressão variável,
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