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MATERIAL PENAL - TEORIAS - CIRMES - ERRO DE TIPO

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CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES 
(ESPÉCIES DE CRIMES) 
 
 
 
1) Crimes Uniofensivos e Pluriofensivos 
- Crime Uniofensivo: O Estado tutela um único bem jurídico. Constitui a maioria dos delitos. 
EX: homicídio (tutela-se a vida); lesão corporal (tutela-se a integridade física); estupro, tutela-
se a liberdade sexual); furto (tutela-se o patrimônio), etc. 
 
- Crime Pluriofensivo: O Estado protege mais de um bem jurídico. 
EX: latrocínio (protege-se o patrimônio e a vida); abandono de incapaz (tutela-se a 
integridade física e a vida do incapaz); incêndio (tutela-se a o patrimônio, a integridade física 
e a vida), etc. 
 
2) Crimes Unissubjetivos e Plurissubjetivos 
- Crimes Unissubjetivos (ou Unilaterais): são os crimes que podem ser praticados por uma só 
pessoa. Constitui a maioria dos delitos. 
 
- Crimes Plurissubjetivos (ou Bilaterais): são aqueles que somente podem ser cometidos por 
duas ou mais pessoas. 
EX: Associação Criminosa (art. 288 CP); Constituição de Milícia Privada (art. 288-A CP); 
Rixa (art. 137 CP); Bigamia (art. 23 5 CP). 
 
3) Crimes Dolosos e Culposos 
- Doloso: O crime é chamado doloso quando a agente quer ou assume o risco de produzir o 
resultado, de acordo com o disposto no art.18, I, do CP. Dolo nada mais é que a vontade 
consciente de praticar a conduta típica. 
 
- Culposo: ocorre quando o sujeito não quer o resultado, mas acaba produzindo-o por violar 
um dever jurídico de cautela e atenção, agindo, pois, com imprudência, negligência ou 
imperícia (art.18, II). 
- Imprudência: comportamento perigoso, precipitado. Ex: dirigir em alta velocidade em via 
pública, onde transitam pedestres; furar o sinal, dirigir com sono ou um pouco embriagado. 
- Negligência: comportamento caracterizado pela falta de atenção, pela omissão, pelo 
descuido. Ex: deixar uma arma de fogo ao alcance de uma criança; deixar o carro numa 
ladeira, sem frear; esquecer o filho dentro do carro, etc. 
- Imperícia: Incapacidade ou falta de conhecimento técnico para exercer um ofício ou uma 
profissão. Ex: o médico deixa de tomar os cuidados devidos com a assepsia da sala dos 
equipamentos cirúrgicos, bem como, com o correto manuseio dos mesmos, demonstrando 
total inaptidão para a medicina. 
 
4) Crimes Comissivos e Omissivos 
- Crimes Comissivos: são aqueles praticados mediante ação. O sujeito age, realiza a conduta 
proibida pela lei. Constitui a maioria dos crimes, como por exemplo, homicídio, furto, roubo, 
estupro, etc. 
 
- Crimes Omissivos: são cometidos por meio da inação (omissão), ou seja, o sujeito nada 
faz, como, por exemplo, na omissão de socorro (art. 135). 
Os delitos omissivos podem ser: 
 
•Omissivos Próprios (puros): quando a omissão é descrita no próprio tipo penal, como 
no caso da omissão de socorro (Art.135), em que o agente deixa de prestar assistência ao 
 
necessitado. Basta a simples abstenção do ato, ou seja, o crime consuma-se com a mera 
omissão (abstenção). 
EX: Omissão de Socorro (art. 135 CP); Abandono Moral (art. 244 CP); Abandono 
Intelectual (art. 246 CP); etc. 
 
•Omissivos Impróprios (Impuros ou Comissivos por Omissão): são aqueles em que o 
tipo penal descreve uma ação, mas a inércia do agente, que descumpre o dever jurídico 
específico de agir, permite venha ocorrer o resultado naturalístico. 
EX: A mãe, querendo matar seu próprio filho, deixa de alimentá-lo e esse vem a 
falecer. Um policial que nada faz ao ver uma pessoa sendo agredida; um salva-vidas que 
nada faz vendo uma criança morrer afogada; um bombeiro que nada faz diante de um 
incêndio, etc. 
Os crimes Comissivos por Omissão são crimes de quem tem o dever jurídico de agir 
para impedir o resultado (Garante), conforme art. 13, § 2º do CP. 
O crime pelo qual o agente responde é comissivo, mas ele o causa com sua omissão. 
Assim, o agente não responde pela simples omissão de socorro. Ele responde pelo 
resultado, que ele não causou, mas também não evitou. 
 
Bebê morre sem receber alimento porque não dizia "amém"01 de abril de 2009 
Uma americana que interrompeu a alimentação do filho de 1 ano e 4 meses porque ele deixou de 
falar "amém" antes das refeições, admitiu a culpa na morte da criança, em Baltimore, no Estado de 
Maryland. Ria Ramkissoon, 22 anos, faz parte de um culto chamado 1 Mind Ministries (Ministérios de 
uma mente, em tradução livre), cuja líder, Queen Antoinnette, havia ordenado em janeiro de 2007, 
que o bebê não fosse alimentado enquanto não dissesse "amém" antes das refeições. A criança 
morreu de inanição. Segundo os promotores do caso, os membros da seita diziam que o bebê estava 
possuído pelo demônio. Ria foi condenada a 20 anos de prisão e a cinco de condicional, mas o juiz 
disse que ela terá a pena reduzida se aceitar testemunhar contra os membros da seita. O acordo 
para a redução da pena inclui que ela passará por um programa para se desligar do culto. Segundo 
os promotores, Ria ainda teria insistido que a Justiça concorde em reduzir sua pena se ela conseguir 
"ressuscitar o bebê". "Isto foi algo que ela insistiu e é um claro indicativo de que ainda é vitima deste 
culto. E até que se desligue de sua influência, não pensará diferente", disse o advogado de 
Ramkissoon, Steven Silverman, em entrevista à uma rede de TV local. Segundo o jornal local 
Baltimore Sun, a promotora Julie Drake relatou que depois da morte do bebê, a líder da seita ordenou 
que ele fosse colocado em um sofá enquanto membros do culto rezavam ajoelhados e a mãe 
dançava em volta do corpo. Uma semana após a morte, o corpo da criança foi embalado em um 
cobertor e transportado com o grupo dentro de uma mala para a Filadélfia. Segundo os relatos, a mãe 
teria rezado por mais de um ano ao lado do corpo da criança para que ela ressuscitasse. O corpo foi 
encontrado em abril de 2008. O julgamento de Antoinette, 40 anos, e de outros três membros do culto 
estava marcado para a segunda-feira, mas foi adiado porque eles não têm representantes legais. 
"Deus é meu defensor", teria dito a líder da seita. 
 
 
5) Crimes Comuns e Próprios 
- Crime Comum: é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. Constitui a maioria 
dos delitos. EX: homicídio, lesões corporais, roubo, estelionato, etc. 
 
- Crime Próprio: somente pode ser praticado por determinada categoria de pessoas, uma vez 
que exige que o agente possua uma particular condição ou qualidade pessoal. Exige, assim, 
sujeito ativo especial ou qualificado. 
EX: Crime de Peculato (só o funcionário público pratica); Crime de Falso Testemunho (só a 
testemunha pratica); Crime de Infanticídio (só a mãe); Crime de Auto-aborto (só a mulher 
grávida), etc. 
 
 
• Crime de mão própria: 
Somente o próprio agente pode cometer a infração, ninguém mais. 
 
Qual a diferença entre crimes próprios e crimes de mão própria? 
- Crimes Próprios: admitem coautoria e participação 
- Crimes de Mão Própria: só admitem participação, jamais coautoria. 
 
PS: Todo o crime de mão própria é um crime próprio, mas nem todo crime próprio é um 
crime de mão própria. 
 
EXEMPLOS DE CRIMES PRÓPRIOS: 
- Art.123 – Infanticídio: a mãe. 
- Art. 124 – Autoaborto: a gestante. 
- Art. 130 – Perigo de Contágio Venéreo: o contaminado. 
- Art. 131 – Perigo de Contágio de Moléstia Grave: o doente. 
- Art. 134 – Exposição ou Abandono de Recém Nascido: a própria mãe. 
- Art. 136 – Maus Tratos: o responsável. 
- Art. 216-A – Assédio Sexual: superior hierárquico e em função laborativa. 
- Art. 235 – Bigamia: o casado. 
- Art. 242 – Dar parto alheio como próprio: só a mulher. 
 - Art. 246 – Abandono Intelectual: pais. 
- Art. 269 – Omissão de Notificação de Doença Compulsória: o médico. 
 
EXEMPLOS DE CRIMES DE MÃO PRÓPRIA: 
- Art. 342 – Falso Testemunho: só a própria testemunha pode praticar. 
- Art. 269 – Omissão de Notificação de Doença Compulsória: só o médico. 
- Art. 123 – Infanticídio: para alguns doutrinadores é crime de mão própria, pois só a mãe 
pode praticar, admitindo apenas participação e não coautoria. Essa é a posição minoritária. 
 
6)Crimes Materiais e Formais (ou de mera conduta). 
- Crimes Materiais: São também chamados crimes de resultado. Só se consumam com a 
ocorrência do resultado naturalístico. 
EXEMPLOS: 
- Art. 121 – Homicídio: só se consuma com a morte. 
- Art. 123 – Infanticídio: só se consuma com a morte do bebê. 
- Art. 129 – Lesão corporal: só se consuma com a lesão. 
- Art. 155 – Furto: só se consuma com a subtração da coisa e desde que esta saia da esfera 
de vigilância do possuidor e integre a esfera de disponibilidade do agente. 
- Art. 157 – Roubo: idem 
- Art. 171 – Estelionato: exige o prejuízo da vítima e o enriquecimento do agente. 
- Art. 213 – Estupro: não basta o constrangimento, pois exige a conjunção carnal ou o ato 
libidinoso. 
 
- Crimes Formais: Por sua vez, os delitos formais (crimes de atividade ou mera conduta) são 
os que trazem, no tipo legal, um resultado naturalístico, mas não exigem a sua ocorrência 
para a consumação. Ou seja, são crimes que se consumam com a mera conduta do agente 
(ação ou omissão), não precisando de nenhum resultado. 
EXEMPLOS: 
- Crimes contra a honra: Arts. 138, 139, 140 – Injúria, Calúnia, Difamação: Basta a ofensa á 
integridade moral e psicológica do indivíduo, não se exigindo nenhuma lesão, nenhum 
resultado, nenhuma modificação do mundo exterior. 
 
- Art. 319 – Prevaricação: Contenta-se o tipo penal em prever punição para o agente que 
deixa de praticar ato de ofício para satisfazer interesse pessoal, ainda que, efetivamente, 
nada ocorra no mundo naturalístico, ou seja, mesmo que a vítima não sofra prejuízo. 
- Art. 159 - Violação de domicílio: Consuma-se com a simples entrada na casa alheia. 
- Art. 147 – Ameaça: se consuma quando o sujeito passivo toma conhecimento do mal 
pronunciado pelo agente, independentemente da produção do evento a que a ação se dirige, 
que é a intimidação. 
- Art. 158 – Extorsão: não precisa obter o dinheiro, basta o constrangimento. 
- Art. 159 – Extorsão mediante sequestro: não precisa obter o dinheiro, basta o privar a 
liberdade. 
- Art. 216-A – Assédio Sexual: basta o assédio, o constrangimento, mesmo que o patrão não 
obtenha o favor sexual almejado. 
- Art. 233 – Ato Obsceno: basta a conduta, mesmo que não ofenda ninguém. 
- Art. 250 – Incêndio: consuma-se com a mera situação de perigo, independentemente de 
ocorrer um dano. 
- Art. 135 – Omissão de Socorro: Consuma-se com a mera omissão. 
 
•Crimes de Mera Conduta: Embora controversa, há quem estabeleça diferença entre 
os crimes formais e os de mera conduta. Estes são sem resultado; aqueles possuem 
resultado, mas o legislador antecipa a consumação à sua produção. No crime de mera 
conduta o legislador só descreve o comportamento do agente, sem se preocupar com o 
resultado. Ex: Violação de domicílio (art. 150), desobediência (art. 330), etc. No crime formal, 
o tipo menciona o comportamento e o resultado, mas não exige sua produção para 
consumação. Ex: crimes contra a honra, de ameaça, divulgação de segredo, violação de 
segredo profissional, etc... 
 Em regra, porém, não há diferença básica entre crimes formais e crimes de mera 
conduta. 
 
7) Crimes Instantâneos e Permanentes. 
- Crimes Instantâneos: são os que se consumam num só momento, não havendo 
continuidade temporal. Assim, ainda que a ação possa ser arrastada no tempo, o resultado é 
instantâneo, não se prolongando no tempo. O fato estará consumado e acabado quando 
verificado o seu resultado típico. Constitui a maioria dos crimes. Ex: homicídio, em que a 
morte ocorre num momento certo. 
 
- Crimes Permanentes: são aqueles em que a consumação se protrai (prolonga) no tempo, 
por vontade do agente. Assim, mantém-se a situação contrária ao direito por algum tempo, 
sendo o bem jurídico continuamente agredido. Sua principal característica é que o agente 
pode fazer cessar a situação ilícita a qualquer instante, bastando que o queira. 
EX: Sequestro ou cárcere privado (art. 148 CP); Extorsão mediante sequestro (art. 159 CP); 
Redução à condição análoga à de escravo (art. 149 CP), etc. 
 
 
•Crimes Instantâneos de Efeitos Permanentes: nada mais são do que delitos 
instantâneos que têm a aparência de permanentes, por causa do seu método de execução. 
A bigamia é exemplo disso (art. 235 CP). Ao contrair o segundo casamento, o agente torna-
se bígamo, estado que perdura com o passar do tempo. Assim, parece ser um delito 
permanente que continuaria a afrontar o casamento, mas, em verdade, é instantâneo. 
EXEMPLO: 
- Art. 134 – Exposição ou abandono de recém nascido. 
- Art. 133 – Abandono de incapaz. 
 
8) Crimes Consumados e Tentados 
- Crime Consumado: quando nele restam reunidos todos os elementos de sua definição legal 
(art.14, I CP). 
 
- Crime Tentado: é aquele que, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias 
alheias à vontade do agente (art.14, II CP). 
 
9) Crimes de Dano e de Perigo. 
- Crimes de Dano (ou de lesão): são aqueles que somente se consumam com a efetiva perda 
do bem jurídico, ou seja, com a lesão propriamente dita. 
EX: homicídio, lesão corporal, furto, roubo, dano, estupro, etc. 
 
- Crimes de Perigo: se consumam com a simples possibilidade de lesão ao bem jurídico, 
bastando que se produza uma situação de perigo para que se proteja o bem jurídico. 
Os crimes de perigo, ainda, subdividem-se em: 
•Crime de perigo presumido (abstrato): O perigo é presumido, sendo desnecessária a 
efetiva comprovação do mesmo. EX: Omissão de Socorro (art. 135 CP). 
•Crime de perigo concreto: é o que só se consuma quando efetivamente se demonstra 
o perigo. Precisa ser provado. Ex: Abandono de Incapaz (art. 133 CP). 
•Crime de perigo individual: é a infração que atinge uma única pessoa, ou, então, um 
número determinado de pessoas. Ex: (arts. 130 a 136 CP). 
•Crime de perigo comum ou coletivo: é aquele coloca em perigo um número 
indeterminado de pessoas. Ex: (arts. 250 a 285 CP). 
 
10) Crimes de Ação única (Tipo Penal Simples) e de Ação Múltipla (Tipo Penal Misto) 
- Crimes de Ação Unica: Há uma única ação, o que é descrita por um único verbo. Constitui a 
maioria dos delitos. 
EX: Homicídio: Matar.... Furto: Subtrair .... Lesão Corporal: ofender...Estupro: Constranger... 
 
- Crimes de Ação Múltipla: São aqueles em que há várias ações, o que se percebe porque há 
vários verbos. 
 Podem ser de duas espécies: 
 •Tipo Penal Misto Alternativo: A prática de mais de uma conduta (verbo) caracteriza 
crime único. Geralmente vem representado pela palavra “OU” entre os verbos. 
EX: Instigação, auxílio e induzimento ao suicídio ou automutilação (art. 122 CP); 
Curandeirismo (art. 284 CP); Adulteração de substancia medicinal (art. 273 CP), etc. 
 •Tipo Penal Misto Cumulativo: A prática de mais de uma conduta (verbo) caracteriza 
mais de um crime, cujas penas serão somadas. Geralmente vem representado pelo 
caractere “ponto e vírgula” - ;. 
EX: Arts. 208; 242, etc. 
 
 
11) Crimes de Forma Livre e de Forma Vinculada 
- Crimes de Forma Livre: são aqueles que podem ser cometidos através de qualquer 
comportamento que cause o resultado, como no caso do homicídio, que pode ser praticado 
de qualquer maneira. Desde que o comportamento seja causa do resultado morte, o fato se 
ajusta ao preceito primário na norma incriminadora. 
 
- Crimes de Forma Vinculada: devem ser praticados da forma particularizada descrita na lei. 
É o caso do curandeirismo (art. 284 CP), em que o legislador, após definir de maneira 
 
genérica a conduta, especifica a atividade. Também o crime de Maus Tratos (art. 136 CP) e 
o de Redução à Condição Análoga á de Escravo (art. 149 CP). 
 
12) Crimes Transeuntes não Transeuntes 
- Crime Transeunte: É aquele que não deixa vestígios (delicta factis transeuntis). 
Ex: Crime de ameaça (art. 147 CP). 
EX: Crimes contra a honra (arts. 138, 139, 140 CP). 
 
- Crime Não Transeunte: É o crime que deixa vestígios (delicta factis permenentis). 
EX: homicídio, estupro, lesão corporal, dano, furto, roubo, etc. 
 
13) Crimes Simples e Complexos 
- Crime Simples:é o que apresenta tipo penal único, como o homicídio, a lesão corporal, 
crimes contra a honra, etc. 
 
- Crimes Complexos: é o formado pela fusão (junção) de dois ou mais tipos legais, como o 
latrocínio, formado do roubo mais homicídio; a extorsão mediante sequestro, formada pela 
extorsão e pelo sequestro, etc. 
Apresentam-se sob duas formas: 
 
14) Crimes Exauridos 
Crime exaurido é aquele que continua a produzir resultado danoso, mesmo depois de 
estar consumado. Ocorre nos crimes formais. 
EX: Crime de extorsão mediante sequestro (art. 159 CP): O crime se consuma com o simples 
ato de privar a vítima de sua liberdade e extorquir a família, mas não é necessário que o 
agente receba o dinheiro do resgate. Se receber, isso será mero exaurimento. 
Ex: Prevaricação (art. 319 CP). Se o agente conseguir prejudicar efetivamente a vítima, terá 
provocado o exaurimento do delito. 
Ex: o crime de incêndio (art. 250 CP) consuma-se com o atear fogo. Se a casa estiver 
inteiramente devorada pelo fogo, será mero exaurimento do crime. 
Ex: o crime de moeda falsa (art. 289 CP) se consuma com a criação da moeda falsa, não 
sendo necessário que ela circule no comércio; se circular, teremos mero exaurimento. 
 
15) Crimes Preterdolosos 
Ocorre quando o agente quer um determinado resultado e acaba ocorrendo outro, de 
natureza mais grave. Ou seja, ocorre um resultado mais grave que o pretendido. Nesse caso, 
haverá sempre dolo na ação (antecedente) e culpa no resultado agravador (consequente). 
EX: lesão corporal seguida de morte. (art. 129, § 3º CP). 
EX: Abandono de incapaz qualificado (art. 133, §§ 1º e 2º CP). 
 
16) Crimes Habituais 
São aqueles que não se consumam num único ato, exigindo prática habitual dos atos, 
prática constante e reiterada. 
EX: Curandeirismo (art. 284 do CP) 
EX: Exercício Ilegal da Medicina (art. 283 CP). 
 
17)Crimes Continuados 
 São crimes da mesma espécie, praticados em condições semelhantes de tempo, lugar 
e modo de execução (Art. 71 do CP). O agente não responde por todos os crimes, mas 
apenas pelo mais grave. 
 
 
18) Crimes Hediondos 
Referem-se à delitos repugnantes, sórdidos, decorrentes de condutas que, pela forma 
de execução, ou pela gravidade objetiva de seus resultados, mostram-se repugnantes. 
Restam previstos no artigo 1° da lei 8.072/90 (EX: homicídio qualificado, estupro, estupro de 
vulnerável, latrocínio, etc.). Há, também, os chamados “crimes equiparados à hediondos”, os 
quais sofrem as mesmas consequências da hediondez, mas não estão previstos na lei 
8.072/90 e sim na CF, art. 5º, XLIII e XLIV: tortura, tráfico ilícito de entorpecentes, terrorismo 
e ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado 
Democrático (Crimes contra Segurança Nacional). 
 
19) Crimes de Dupla Subjetividade Passiva 
São crimes que têm dois sujeitos passivos, em razão do próprio tipo. 
Um exemplo é a violação de correspondência (art.151 CP), onde são sujeitos passivos 
tanto o remetente quanto o destinatário. 
 
20) Crimes Multivitimários (ou de vítimas difusas) 
São aqueles que não possuem sujeito passivo determinado, sendo este a coletividade. 
Assim, tais crimes atingem a família, o público, a sociedade em geral. São os casos de 
perturbação de cerimônia funerária (art. 209 CP), violação de sepultura (art. 210 CP), ato 
obsceno (art. 233 CP), crimes contra a incolumidade pública (arts. 250 e ss); crimes contra a 
saúde pública (art. 267 e ss) entre outros. 
"ITER CRIMINIS" (CAMINHO DO CRIME) 
 
 
1-Conceito: É o conjunto de fases ou etapas pelas quais passa o delito. São essas as 
etapas: 
a) Cogitação; 
b) Preparação; 
c) Execução; 
d) Consumação. 
 
a)Cogitação 
O agente apenas mentaliza, idealiza a prática de um crime. Nesta fase, o crime é 
impunível, uma vez que cada um pode imaginar o que bem entender, não é mesmo? Assim, 
as ideias criminosas não são punidas. 
 
b)Preparação 
É a prática de atos imprescindíveis (necessários) para a execução de um crime. No 
entanto, nesta fase, o agente ainda não iniciou a agressão ao bem jurídico, ou seja, o agente 
ainda não começou a realizar o núcleo (verbo) do tipo. Nessa etapa, como regra, o crime 
ainda não pode ser punido, pois não existe concretamente. 
Para que um crime seja punido, exige-se que ele seja, ao menos, tentado, devendo, 
pois, ter o agente dado início à sua execução. É o que dispõe o artigo 31 do Código Penal: 
Art. 31 CP: "O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em 
contrário, não são puníveis, se o crime não chegar pelo menos a ser tentado." 
EX: a aquisição de uma arma, no crime de homicídio; a aquisição de uma chave falsa, para a 
realização do furto qualificado; o estudo do lugar onde o sujeito quer praticar o crime de 
roubo, etc. 
EX: utilizando-se o crime de homicídio como exemplo, temos como atos preparatórios: a 
compra da arma, a busca do lugar adequado, o pacto com os comparsas, a procura do 
desafeto, a tocaia, o empolgar o punhal, o fazer pontaria com a arma de fogo, etc. 
Entretanto, às vezes, o legislador transforma atos preparatórios em tipos penais 
especiais, quebrando a regra acima. É o caso do crime previsto no artigo 291 do CP 
(petrechos para falsificação de moeda), que é ato preparatório do crime de moeda falsa, 
previsto no art. 289 do CP. 
 
c)Execução 
Nessa fase o bem jurídico começa a ser lesionado, o sujeito começa a realizar o 
núcleo do tipo (verbo), tornando-se possível a punição do crime. 
EX: utilizando-se o crime de homicídio como exemplo, temos como atos executórios: o 
disparo do projétil, o colocar veneno na comida da vítima, o brandir o punhal para atingir o 
desafeto, etc. 
 
d)Consumação 
Por último, temos a consumação do delito, que ocorre quando realizados todos os 
elementos descritos no tipo penal. 
 
CONSUMAÇÃO 
 
 
1-Conceito: O artigo 14, inciso I, do nosso Código Penal, traz o conceito de crime 
consumado, afirmando que o crime se diz consumado "quando nele se reúnem todos os 
elementos de sua definição legal". 
Assim, no caso de crime consumado, há total conformidade entre a conduta descrita 
abstratamente na lei e a conduta realizada pelo agente, no caso concreto. 
 
 
TENTATIVA (“Conatus”) 
 
 
1-Conceito. 
É quando, iniciada a execução de um crime, este não se consuma por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. É o conceito extraído do art. 14, II do CP, o qual preceitua que: 
 
2-Natureza jurídica 
Trata-se de norma de extensão da figura típica. A sua punibilidade se estabelece em 
face do disposto no art. 14, II do CP, que tem eficácia extensiva, uma vez que, por força dele 
é que amplia-se a proibição contida nas normas penais incriminadoras a fatos que o agente 
não realiza de forma completa, pois apenas pratica atos dirigidos à realização perfeita do 
tipo. 
EX: Homicídio tentado: arts. 121 c/c 14, II, CP. 
 
3-Espécies: 
 
a)Tentativa Imperfeita (Inacabada): é quando o processo executório é interrompido por 
circunstâncias alheias à vontade do agente, embora ele ainda pudesse ter agido mais. O 
agente não chega a praticar todos os atos necessários de execução do crime. 
EX: “A”, após ferir levemente a vítima com um punhal, é impedido, por terceiros, de dar a 
punhalada fatal. 
 
b)Tentativa Perfeita (Acabada – “Crime Falho”): é quando o agente pratica todos os atos de 
execução do crime, mas esse não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. 
Nesse caso o agente realiza tudo o que acha necessário para produzir o resultado, mas esse 
não se produz. 
EX: “A” descarrega seu revólver na vítima, que, atingida, é levada ao hospital e sobrevive. 
 
c)Tentativa Vermelha (Cruenta): é quando o agente atinge a vítima, lesionando-a. 
 
d)Tentativa Banca (Incruenta): é quando a vítima não chega a ser fisicamente atingida. 
 
4-Aplicação da Pena: 
Segundo dispõe o art. 14, § único do CP, a pena do crime tentado será a mesma do 
crime consumado, diminuída, porém, de 1/3 a 2/3. Entende-se que quanto mais próximo o 
agente se aproximarda consumação, menor será a redução da pena, de acordo com 
construção jurisprudencial. 
 
 
 
 
5-Infrações que não admitem tentativa: 
 
a)Crimes Culposos: impossível tentar fazer algo que não se sabe que irá fazer. 
 
b)Crimes Preterdolosos: uma vez que o evento de maior gravidade, não querido pelo agente, 
é punido na modalidade culposa; 
 
c)Contravenções: o artigo 4° da LCP (Decreto lei 3.688/41) não pune a tentativa; 
 
d)Crimes Omissivos Próprios: ou o indivíduo deixa de realizar a conduta, e o delito se 
consuma, ou a realiza, e não há qualquer crime. 
 
e)Crimes habituais: ou há a habitualidade e o crime se consuma, ou não há, inexistindo 
crime. 
 
f)Crime de Atentado: não pode haver tentativa de tentativa. 
EX: Evasão mediante violência contra a pessoa - art.352 CP: “Evadir ou tentar evadir-se o 
preso ou o indivíduo submetido à medida de segurança detentiva, usando de violência contra 
a pessoa”. 
 
 
 
 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
(“TENTATIVA ABANDONADA”) 
 
 
Art. 15 CP: “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede 
que o resultado se produza, só responde pelos atos praticados”. 
 
1-Conceito 
É a chamada tentativa abandonada. Assim, a priori, havia uma tentativa, que foi 
abandonada. O agente, a princípio, queria produzir o resultado. No entanto, mudou de ideia, 
impedindo-o com a sua própria vontade. Veja! No caso, o resultado não se produz em razão 
da vontade do agente, e não por circunstâncias alheias à sua vontade, como no caso da 
tentativa comum. 
 
2-Natureza jurídica 
Trata-se de causa de exclusão da adequação típica indireta, que faz com que o autor 
não responda pela tentativa, mas somente pelos atos até então praticados, desde que 
típicos. Gera, portanto, a atipicidade do fato. 
 
3-Espécies: 
 
a) Desistência voluntária: Art. 15 CP: “O agente que, voluntariamente, desiste de 
prosseguir na execução”. 
O agente inicia a execução do crime, mas a interrompe, desistindo. 
EX: Imagine, por exemplo, que eu tenha um revólver com seis projéteis. Querendo matar um 
desafeto, efetuo dois tiros no sujeito. No entanto, não o acertando e, podendo prosseguir na 
execução criminosa, resolvo poupá-lo, desistindo do crime. 
 
 
b) Arrependimento eficaz: Art. 15 CP: “O agente que, voluntariamente, impede que o 
resultado se produza”. 
O agente inicia e termina a execução do delito, mas se arrepende, impedindo que este 
se consume. 
EX: Imagine, por exemplo, que eu, no mesmo exemplo acima, efetue os seis tiros, 
lesionando meu desafeto. Entretanto, vendo meu inimigo no chão, gemendo de dor, sinto 
peninha dele e resolvo prestar-lhe socorro imediato e eficaz, impedindo, assim, a sua morte. 
EX: Visando matar minha colega de trabalho, coloco veneno dentro da bebida dela. Ela 
ingere; começa a passar mal; eu, arrependida, imediatamente a levo ao médico, que ministra 
um antídoto e a salva. 
 
4-Punição: 
A tentativa é afastada, respondendo o agente somente pelos atos até então 
praticados. 
Ainda, deve-se ter em conta que o agente somente responderá pelos atos praticados 
se eles mostrarem-se relevantes para o direito penal. 
Portanto, se o ladrão, dentro da casa da vítima, desiste de praticar o furto, deverá 
responder por violação de domicílio. 
Se desiste de matar a vítima, somente responde por lesões, se feri-la. 
 
 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
 
 
1-Conceito: 
O conceito resta previsto no próprio Código Penal, no artigo 16, que determina: 
Art. 16 CP: "Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o 
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do 
agente, a pena será reduzida de um a dois terços." 
 
Tem como objetivo, é claro, estimular a reparação do dano nos crimes patrimoniais, 
praticados sem violência ou grave ameaça. 
 
2-Requisitos: 
 
a)Prática do delito sem violência ou grave ameaça à pessoa: A lei refere-se somente à 
violência dolosa. Assim, se a violência advier de culpa, mesmo assim poderá haver a 
diminuição, como nos casos de homicídio culposo e lesão corporal culposa. 
 
b)Reparação do dano ou restituição da coisa: Essa reparação (ou restituição) deve ser 
sempre integral, a não ser que a vítima ou seus herdeiros renunciem de parcela do devido. 
 
c)Voluntariedade do agente: Como nas tentativas abandonadas, não se exige que o ato seja 
espontâneo, podendo originar-se de conselho ou sugestão de terceiro. Além disso, é 
possível que o ressarcimento seja feito por parente ou terceiro, desde que autorizado pelo 
agente. 
 
3-Prazo: 
Exige-se que o arrependimento ocorra até o recebimento da denúncia ou queixa. 
Afinal, se esse ocorrer após esse momento, teremos somente uma circunstância atenuante 
genérica (art.65, III, b, CP). 
 
4-Natureza Jurídica: 
 Trata-se de causa obrigatória de diminuição de pena (minorante). 
 
 
CRIME IMPOSSÍVEL 
(“TENTATIVA INIDÔNEA, TENTATIVA INADEQUADA OU QUASE-CRIME”) 
 
 
1-Conceito 
Resta previsto no artigo 17 do CP, que dispõe: "Não se pune a tentativa quando, por 
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-
se o crime." 
 
3-Natureza jurídica 
Trata-se de causa geradora de atipicidade. 
 
2-Hipóteses de crime impossível: 
Há duas hipóteses em que pode ocorrer crime impossível: 
 
a)Ineficácia absoluta do meio: quando o meio empregado ou o instrumento utilizado para a 
execução do crime jamais levarão à consumação do delito. 
Ex: querer matar alguém efetuando disparos com arma de brinquedo 
 
b)Impropriedade absoluta do objeto: quando a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta 
é absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo. 
Ex: mulher que resolva ingerir substância abortiva, acreditando estar grávida, quando não 
está. 
 
 
ERRO DE TIPO 
 
 
1-CONCEITO: De acordo com o Código Penal, erro de tipo "é o erro sobre elemento 
constitutivo do tipo legal." (art.20, caput) 
Fernando Capez, por sua vez, conceitua-o da seguinte maneira: 
"Trata-se de um erro incidente sobre situação de fato ou relação jurídica descritas: 
a) como elementares ou circunstâncias de tipo incriminador; 
b) como elementares de tipo permissivo; 
c) como dados acessórios irrelevantes para a figura típica”. 
 
Damásio apresenta-nos conceito ainda mais amplo, afirmando que erro de tipo "é o 
que incide sobre elementares, sobre circunstâncias da figura típica, sobre os pressupostos 
de fato de uma causa de justificação ou sobre dados secundários da norma penal 
incriminadora.". 
 
Luiz Flávio Gomes, em sua monografia sobre o tema, afirma que "estamos perante um 
erro de tipo, quando o agente erra (por desconhecimento ou falso conhecimento) sobre os 
elementos objetivos - sejam eles descritivos ou normativos - do tipo, ou seja, o agente não 
conhece todos os elementos a que, de acordo com o respectivo tipo legal de crime, se 
deveria estender o dolo". 
 
É o erro sobre elementares, sobre circunstâncias (abrangendo qualificadoras, causas 
de aumento e agravantes), e sobre dados acessórios da figura típica. Nos dois primeiros 
casos (elementares ou circunstâncias), o erro é Essencial; no último (dados irrelevantes), o 
erro é Acidental, Erro inevitável, ou invencível, EXCUSAVEL ABSOLVE conforme veremos 
mais adiante. 
O erro Essencial sempre exclui o dolo, podendo, às vezes, subsistir o crime a título de 
culpa. crime evitável. 
 
O erro Acidental, como o próprio nome diz, é um acidente, sendo, pois, irrelevante, 
portanto, não exclui o dolo. Ex: Erro de execução Tal instituto chama-se erro de tipo 
justamente porque o equívoco do agente incide sobre um dado da realidade que se encontra 
descrito em um tipo penal. 
Também faz parte do erro de tipo as chamadas “descriminantes putativas”, ou seja, o 
equívoco do agente sobre uma situação de fato descrita como elementar de tipo permissivo. 
O sujeito imagina uma situação de fato que lhe permite agir de acordo com uma das 
excludentes de ilicitude/antijuridicidade(legítima defesa, estado de necessidade, estrito 
cumprimento do dever legal e exercício regular de um direito). 
 
Assim, podemos dizer que Erro de Tipo é: 
1º) Erro sobre Elementares (art. 20, caput, CP) 
2º) Erro sobre Circunstâncias (sem artigo específico) 
3º) Erro sobre Descriminantes Putativas (art. 20, § 1º, CP) 
4º) Erro Provocado por Terceiro (art. 20, § 2º, CP) 
5º) Erro de Pessoa (art. 20, § 3º, CP) 
6º) Erro de Execução (art. 73 CP) 
7º) Erro em Resultado Diverso do Pretendido 
 
2-ESPÉCIES: 
O erro de tipo pode ser de 2 espécies: 
a) Erro de Tipo Essencial 
b) Erro de Tipo Acidental 
 
 
 
 
A) ERRO DE TIPO ESSENCIAL: 
O erro de tipo essencial incide sobre Elementares e Circunstâncias (abrangendo, 
também, as Descriminantes Putativas). 
 Vimos que, de acordo com a teoria finalista, o dolo deve abranger todos os elementos 
constitutivos do tipo. Assim, para praticar um crime, o agente deve ter a consciência e a 
vontade de realizar todos os elementos que compõem o tipo legal. 
O Erro de Tipo Essencial impede que o agente saiba que está cometendo um crime 
(quando o equívoco refere-se à elementar), ou impede que ele perceba a existência de uma 
circunstância (quando o equívoco refere-se à circunstância). 
Chama-se Erro de Tipo Essencial porque é um erro tão relevante, que se o agente o 
conhecesse, não teria praticado o crime, pelo menos, não daquela maneira. 
 Há duas Espécies de Erro de Tipo Essencial: 
 
- Erro de Tipo Essencial Invencível (Inevitável ou Escusável): É aquele que o agente não 
poderia evitar, nem com o emprego de uma diligência mediana. Exclui dolo e culpa. 
 
- Erro de Tipo Essencial Vencível (Evitável ou Inescusável): É aquele que poderia ser 
evitado se o agente empregasse prudência mediana. Exclui o dolo, mas subsiste a culpa, se 
o crime admitir a forma culposa. 
 
Vejamos cada Modalidade de Erro de Tipo Essencial: 
 
1º) Erro de Tipo sobre Elementares (art. 20, caput, CP): 
É o erro que faz o sujeito supor a ausência de alguma elementar da figura típica 
incriminadora. É o que dispõe o art. 20, caput do CP: “O erro sobre elemento constitutivo do 
tipo legal de crime, exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em 
lei”. 
 
- Elementar (ou Elemento): É cada componente que constitui o modelo legal de 
conduta proibida, ou seja, os componentes essências do tipo penal. É cada “palavrinha-
chave”, cada “pecinha” prevista no tipo e que forma o crime. Tirando qualquer uma delas, 
não haverá mais crime (Atipicidade Absoluta) ou poderá haver um outro crime diverso do 
crime inicial (Atipicidade Relativa). 
EXEMPLOS: 
No Crime de Homicídio (art. 121 CP) temos como elementos: matar + alguém. Tirando 
qualquer destas elementares, não há mais crime (Atipicidade Absoluta). 
No Crime de Infanticídio (art. 123 CP) temos as seguintes elementares: matar + 
próprio filho + durante ou logo após o parto + sob influência do estado puerperal. Tirando a 
elementar “matar”, não há mais crime (Atipicidade Absoluta). Tirando, por exemplo, a 
elementar “sob influência do estado puerperal”, não haverá mais infanticídio, porém, 
subsistirá o crime de homicídio (Atipicidade Relativa). 
 
- Erro Essencial sobre Elementar: 
No Erro de Tipo sobre Elementares o agente comete um equívoco exatamente sobre 
alguma elementar. O erro essencial que recai sobre elementar sempre exclui o dolo. Assim, 
se o agente não sabia que estava cometendo o crime, por desconhecer a existência de uma 
elementar, jamais poderia querer praticá-lo. Afinal, se o sujeito não sabe que está cometendo 
 
um crime, como dizer que ele queria praticá-lo? Isso seria absurdo! Portanto, exclui o dolo. 
Porém, subsiste a culpa, se o crime aceitar a forma culposa. 
 
 
EXEMPLO TRADICIONAL DA DOUTRINA: 
O caçador imagina que atrás de uma moita existe um animal feroz contra o qual atira, 
atingindo, no entanto, um outro caçador que ali estava à espreita da caça, matando-o. 
Pretendia o atirador matar um animal e não um ser humano. Ocorreu erro sobre o elemento 
“alguém” do tipo penal do homicídio (“matar alguém” – art. 121 CP). A vontade de querer 
praticar a conduta inexistiu por completo: querer matar um animal é bem diferente de querer 
matar um ser humano. Assim, está excluído o dolo. Pode subsistir a forma culposa, pois o 
agente deveria ter agido com cautela e não agiu. 
 Vale frisar que o exemplo supracitado do caçador que atira em seu companheiro de 
caça, pensando tratar-se de um animal, incidindo em erro, tem origem em caso concreto, 
julgado pelo hoje extinto Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo: 
 
“(...) a prova dos autos revela que, em 31.12.87, por volta das 18hs, armados de espingardas, 
embora não dispusessem de licença da autoridade competente, saíram de suas casas no distrito de 
São João de Iracema á caça de capivaras ás margens do rio São José. Chegando ao sitio de 
propriedade de Hélio Rodrigues Hernandes, escolheram um ponto nas proximidades de um arrozal, 
onde se colocaram á espera de atirar nos animais que, para comerem, saíssem da água e, para 
tanto, Francisco aboletou-se no alto de uma árvore; Anecyr deixou-se ficar em meio da referida 
plantação; e a vítima subiu em um barranco. Permaneceram nessas posições, utilizando apitos á 
guisa de chamariz, sem, todavia, nada lograrem até ás 23hs, quando a vítima, ao dessedentar-se, 
avistou luzes e, em vez de retornar ao barranco, foi á procura de Anecyr para deixarem o local, 
temendo serem apanhados pela Polícia Florestal. Por isso, o fendido veio caminhando em direção do 
arrozal e, então, ouvindo o barulho desse movimento, Anecyr, pensando ser uma presa, efetuou um 
disparo que atingiu a vítima no abdome, e causou-lhe lesões corporais de natureza grave, 
acarretando perigo de vida. A referida sentença entendeu inexistir culpa e consignou que: Embora 
Anecyr tenha atirado por palpite de que se tratava de uma capivara, na verdade tinha ele razões de 
sobra para assim pensar, pois a vítima trocou a blusa inicial por outra de cor diferente, o réu ouviu 
barulho próprio da capivara, a vítima não avisou que estava em movimento e nem sequer trazia seu 
farolete aceso...”. (TACRrimSP, Ap. 567.959-0, 2ª Cam., Rel. Haroldo Luz, 09.08.1990, RT 663/300). 
 
O magistrado relator que julgou o feito assim se pronunciou: 
 
“Ora, na hipótese aqui apreciada, o erro era perfeitamente vencível, não fosse a desatenção do réu 
Anecyr, pois, conforme ele próprio se incumbiu de dizer, percebendo algo movimentar-se no arrozal, 
não utilizou o farolete para não espantar a caça e, além disso, a aproximação de um dos 
companheiros de expedição era perfeitamente previsível, principalmente a da vítima, pois esta 
participava pela primeira vez e nada previamente se combinara acerca do procedimento a adotarem 
quando, durante a caçada, um deles tivesse de deslocar-se até o lugar ocupado pelo outro. Logo, não 
se exigia de Anecyr nada que exorbitasse da normal cautela apontada pelas circunstancias, motivo 
pelo qual, não se certificando antes de disparar, sobre poder fazê-lo sem atentar contra a 
incolumidade de outrem, se bem lhe bastasse apenas empregar o farolete, agiu com manifesta 
imprudência, daí se impondo responsabilizá-lo pelas lesões causadas á vítima. O réu foi condenado 
como incurso nas penas do art. 129, § 6º do CP, á 6 meses de detenção”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASOS PRÁTICOS 
 
Marido mata mulher ao confundi-la com onça durante pescaria em Mato Grosso. 04/06/2010 
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/745590-marido-mata-mulher-ao-confundi-la-com-onca-durante-
pescaria-em-mato-grosso.shtml 
Um homem foi preso em flagrante no interior de Mato Grosso depois de matar a mulher com um tiro 
de espingarda durante uma pescaria no sítio da família. Em depoimento à polícia, o sitiante Geraldo 
Jonck, 50, disse que confundiu a aproximação de sua mulher, Edersila Jonck, 52, com a de uma 
onça. O episódio ocorreu por volta das 12h de quinta-feira (3), na zona rural do município de Tapurah 
(410km de Cuiabá). Um filho do casal, Cleiton Jonck, 26, acompanhava os pais na pescaria. "O casal 
pescava em locais separados. Ele disse que ouviu o barulho de algo se aproximando, achou que 
fosse uma onça e atirou no rumo", disse o sargento José Carlos Medeiros de Lima, da Polícia Militar 
do município. O sargento conta que Edersila, que pescava próxima ao filho, decidiu seguir uma trilha 
por meio de uma área de mata fechada para chegar ao local onde estava o marido. O sitiante, que 
carregava uma espingarda calibre 28 que usava para caçar em seu sítio, acertou um disparo no tórax 
da mulher. "Ele disse que só percebeu o que havia feito depois que ouviu os gritos", disse o sargento. 
Com a ajuda do filho, Jonck carregou Edersila até uma estrada, onde conseguiu carona para 
transportá-la até o hospital da cidade, mas ela morreu no caminho. O sargento disse que o casal não 
tinha histórico de desentendimentos e que, ao ser preso, Jonck parecia "desesperado". "Dizia que 
queria morrer, que a vida dele acabou. Estava em choque", declarou o policial. Na região de Tapurah, 
segundo ele, há relatos de visualização de onças, mas nenhum registro de ataques. "De qualquer 
maneira, é algo que causa temor a quem mora longe da cidade." Jonck foi levado à carceragem da 
Polícia Civil e, segundo a polícia, deverá ser indiciado por homicídio culposo --sem intenção de 
matar-- e porte ilegal de arma de fogo. 
 
09/05/2012 Grupo sai para caçar javali, e garoto de 14 anos mata pai com tiro nas costas em SP 
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/05/09/grupo-sai-para-cacar-javali-e-garoto-
de-14-anos-mata-pai-com-tiro-nas-costas-no-interior-de-sp.htm 
Acompanhado pelo pai, Reinaldo Ribeiro Cassu, pelo irmão de 17 anos, pelo tio e por um amigo da 
família, um menino de 14 anos saiu para caçar javalis na região de Itapeva (293 km de São Paulo). 
Mas o que era para ser uma manhã de lazer e descontração acabou em tragédia. Ao tentar acertar 
um animal, o menor errou a pontaria e atingiu o pai com um tiro nas costas. A vítima morreu ainda no 
local. O crime ocorreu no fim de semana, e, até então, estava sendo investigado pela polícia como 
suicídio. Somente nesta terça-feira (8) a verdade foi conhecida. Para tentar proteger o menino, as 
demais pessoas que participavam da caçada teriam dito à polícia que a vítima havia se matado. No 
Instituto Médico Legal (IML), a perícia constatou que seria muito difícil um homem tirar a própria vida 
atirando nas costas. O delegado de Itapeva, Lúcio Barbosa, chamou novamente os quatro para 
deporem, e eles acabaram contando o que realmente havia acontecido. “O menino disse que mirou 
num javali que passava, mas errou o tiro e acertou o pai”, informou a autoridade policial. "Fomos ao 
local do crime e vimos que havia contradições, por isso, todos voltaram a ser interrogados." Diante 
dessas descobertas, eles confessaram a história, inclusive a caçada ilegal. O menor de 14 anos tinha 
sido levado para uma cidade vizinha para evitar contato com a polícia. Os dois maiores de idade, 
cujos nomes não foram revelados, vão responder em liberdade pelos crimes de homicídio culposo, 
porte ilegal de arma, corrupção de menores e crime contra a fauna. Já os dois meninos - o acusado 
de dar o tiro e o irmão de 17 anos - vão responder por homicídio culposo e porte ilegal de arma. 
"Como se trata de uma tragédia familiar, a liberdade acaba sendo uma pena maior que a cadeia", 
disse o delegado. 
 
 
 
 
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/745590-marido-mata-mulher-ao-confundi-la-com-onca-durante-pescaria-em-mato-grosso.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/745590-marido-mata-mulher-ao-confundi-la-com-onca-durante-pescaria-em-mato-grosso.shtml
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/05/09/grupo-sai-para-cacar-javali-e-garoto-de-14-anos-mata-pai-com-tiro-nas-costas-no-interior-de-sp.htm
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/05/09/grupo-sai-para-cacar-javali-e-garoto-de-14-anos-mata-pai-com-tiro-nas-costas-no-interior-de-sp.htm
 
 
 
 
 
 
Homem admite ter matado amigo em caçada, mas diz que o confundiu com um javali. 
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/08/03/homem-admite-ter-matado-amigo-em-
cacada-e-diz-que-o-confundiu-com-javali.htm 
Um homem morreu ontem após ser alvejado por um tiro disparado por um amigo durante uma caçada 
na Fazenda Paraíso, em Itanhandu, Minas Gerais. De acordo com a Polícia Militar, o suspeito 
assumiu a autoria do crime, mas afirmou que confundiu o amigo com um javali. Ele relatou que tentou 
socorrer a vítima, mas, por estarem em uma mata fechada, não conseguiu fazer o resgate sozinho, 
voltou à sede da fazenda e pediu para que chamassem a polícia. O suspeito afirmou à PM que era 
amigo da vítima, Paulo César da Silva, 43, há muito tempo e que eles combinaram de ir ao local para 
caçar um javali que estava rondando a área. Ainda segundo o depoimento, eles avistaram o animal 
em meio à mata e a vítima realizou um primeiro disparo contra o javali. Neste momento, o suspeito 
pensou ter visto o animal correndo e realizou um disparo naquela direção. Foi então que escutou um 
grito e percebeu que havia atingido o amigo. O autor do disparo foi preso em flagrante e 
encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil da cidade. A vítima portava uma espingarda calibre 
28, e o suspeito, uma espingarda de calibre 32. Ao se apresentar à polícia, o homem entregou a 
arma, 10 cartuchos intactos e um cartucho vazio. O local foi isolado pela Polícia Militar, que acionou a 
perícia técnica. Quando os trabalhos periciais terminaram, o corpo foi encaminhado para o IML de 
São Lourenço. De acordo com a PM, os dois caçadores possuem registro para posse de arma - 
permissão para ter -, mas não para porte - permissão para andar com ela. Eles também têm licença 
no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para a 
atividade de manejo de fauna exótica invasora, que permite a caça de javali com emprego de 
armadilhas, ceva, espera, cães, faca, zagaia, lança, armas de pressão, arcos e bestas. No entanto, 
para utilizar armas de fogo, além do cadastro no Ibama, também é necessário ter o Certificado de 
Registro (CR) de Caçador do Exército, que eles não têm. "Eles tinham autorização para ter arma em 
casa. Mas não tinham para transportar até o local da caçada. Nós acionamos a Polícia Militar 
Ambiental, mas não foi registrado crime ambiental pelo abate do animal por se tratar do javali, que 
não é uma espécie da nossa fauna", explicou o tenente da Polícia Militar, José Ednilson Marcelino da 
Silva. A Polícia Civil informou que o suspeito será indiciado por homicídio culposo (sem intenção de 
matar) e que não foi registrado nenhuma queixa, até o momento, de desavença entre os envolvidos 
no caso. Se houver alguma denúncia, ela será incluída na investigação. Ainda segundo a polícia, o 
autor do disparo foi ouvido e, como se trata de homicídio culposo de forma acidental e com confissão, 
ele foi liberado em seguida para aguardar o julgamento em liberdade. A caça do javali foi autorizada 
em todo o país em janeiro de 2013. De acordo com o Ibama, o animal nativo da Europa, Ásia e Norte 
da África é considerado uma das espécies exóticas invasoras mais prejudiciais ao meio ambiente e à 
economia. 
 
 
2º) Erro de Tipo sobre Circunstância: 
É o erro que faz o sujeito supor a ausência de alguma circunstância da figura típica 
incriminadora. 
 
- Circunstância: é um dado acessório, que não influencia na existência do crime, mas 
sim, na pena. Tirando uma circunstância, o crime continua existindo, porém, a pena não 
será aumentada ou diminuída. As Circunstâncias são: Agravantes/Atenuantes; 
Qualificadoras/Privilegiadoras; Causas de aumento/diminuição. 
 
O erro essencial que recai sobre uma circunstância desconhecida do agente, exclui 
essa mesma circunstância, não, porém, o dolo. Este continua a existir e o agente responderá 
pelo crime. 
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/08/03/homem-admite-ter-matado-amigo-em-cacada-e-diz-que-o-confundiu-com-javali.htmhttps://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/08/03/homem-admite-ter-matado-amigo-em-cacada-e-diz-que-o-confundiu-com-javali.htm
 
EXEMPLO: Imagine que o agente queira subtrair um objeto de grande valor (uma escultura 
caríssima). No entanto, por erro, acaba levando uma imitação sem valor significativo. Mesmo 
sendo o objeto de pequeno valor, o agente não poderá valer-se do privilégio do furto de 
pequeno valor, previsto no art. 155, § 2º CP, porque o desconhecia. Seu erro, no caso, 
incidiu sobre uma situação concreta descrita como circunstância privilegiadora do tipo de 
furto (furto de pequeno valor - art.155, parágrafo 2°, do CP). Em verdade, queria furtar bem 
de grande valor. O agente apenas não se aproveitará do privilégio, porém, é claro que 
responderá pelo crime de furto, porque este ocorreu. No caso, não há que se falar em 
exclusão do dolo, porque o equívoco não incidiu sobre elemento essencial à existência do 
crime, mas sobre mera circunstância minorante, que apenas diminui a sanção penal. O dolo, 
neste caso, subsiste, ficando eliminada apenas a circunstância. 
 
EXEMPLO: Imagine que o sujeito, numa explosão de cólera, durante uma acalorada 
discussão sobre futebol, acabe matando um homem com mais de 60 anos de idade, 
ignorando essa circunstância, ou seja, ignorando a idade da vítima. Obviamente, responderá 
pelo crime de homicídio, pois matou o homem, porém, não incidirá a agravante prevista no 
art. 61, II, ‘h’ do CP, qual seja, ter sido o crime praticado contra pessoa maior de 60 anos, 
pois o agente desconhecia a idade da vítima. Houve um erro em relação a essa 
circunstância, a qual, portanto, não se aplicará. 
 
 
3º) Erro de Tipo Sobre Descriminantes Putativas: 
As descriminantes são causas que descriminam, ou seja, que excluem o crime, 
porque retiram a ilicitude do fato típico. Já a palavra putativa (do latim putare), significa 
imaginária. Que só existe na imaginação - entra na culpa impropria. 
Assim, a descriminante putativa é a causa excludente da ilicitude erroneamente 
imaginada pelo agente. Em verdade, ela inexiste. No entanto, o sujeito a imagina. Ele supõe 
agir em face de uma causa excludente de ilicitude/antijuridicidade. 
 O art. 23, caput do CP prevê as causas de exclusão da ilicitude: 
a) Legítima Defesa; 
b) Estado de Necessidade; 
c) Estrito Cumprimento do Dever Legal; 
d) Exercício Regular de um Direito. 
 
É possível que o sujeito, por erro, imagine-se estar em legítima defesa, estado de 
necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de um direito. Essas 
excludentes de ilicitude, na realidade, não existem, mas o agente pensa que sim. Pensa 
estar agindo acobertado por uma dessas excludentes. 
Surgem as denominadas eximentes putativas ou causas putativas de exclusão de 
antijuridicidade. São as seguintes: 
a) Legítima Defesa Putativa; 
b) Estado de Necessidade Putativo; 
c) Estrito Cumprimento do Dever Legal Putativo; 
d) Exercício Regular de um Direito Putativo 
 
Em verdade, nós teremos, aqui, uma descriminante putativa por erro de tipo, que é uma 
espécie de erro de tipo essencial. As suas consequências, portanto, serão as mesmas do 
erro de tipo, previstas no art.20, § 1°, do CP. Assim, se o erro for evitável, o sujeito poderá 
responder pelo crime culposo, se esse existir. Se for inevitável, há a exclusão tanto do dolo 
como da culpa. 
 
Portanto, quando ocorrer uma descriminante putativa por erro de tipo, aplica-se o 
disposto no art. 20, § 1º, primeira parte, do CP, ou seja: “É isento de pena quem, por erro 
plenamente justificado pelas circunstancias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria 
a ação legítima”. 
 
Exemplo legítima defesa putativa: “A” ameaça “B” de morte, prometendo matá-lo no primeiro 
encontro. Certo dia, encontram-se. “A” põe a mão na altura da cintura. Supondo “B” que “A” 
vai pegar um revólver para matá-lo, rapidamente “B” saca de sua arma e mata “A”. Verifica-
se que “A” não se encontrava armado, tendo apenas feito menção de procurar um lenço no 
bolso. “B” não responderá pelo crime de homicídio (embora um homicídio tenha ocorrido), 
pois agiu em legítima defesa putativa (pensou estar em legítima defesa), que exclui o dolo e 
a culpa. 
 
Exemplo de estado de necessidade putativo: “A” e “B”, amigos de longa data, passeiam de 
barco sobre as águas do Rio Negro. De repente, uma tormenta destrói completamente o 
barquinho deles e os deixa jogados ao mar. Os 2 náufragos avistam uma boia de salvação (a 
qual dá para apenas uma pessoa) e lutam selvagemente pela mesma. Após exaustiva e 
sangrenta batalha pela vida, “A” consegue agarrar-se à boia e desvencilhar-se de “B”, o qual 
morre afogado. Só então “A”, já mais calmo e sereno, percebe que brigavam no raso e que 
não havia razão para matar “B”. “A” não responderá por homicídio, pois agiu em estado de 
necessidade putativo, que exclui o dolo e a culpa. 
 
Exemplo de estrito cumprimento do dever legal putativo: Durante a guerra, o sentinela, 
percebendo a aproximação de um vulto, supõe que se trata de um inimigo, vindo a matar seu 
companheiro que, tendo fugido da prisão inimiga, estava voltando ao acampamento. O 
agente não responde por homicídio, uma vez que agiu no estrito cumprimento do dever legal 
putativo, que exclui o dolo e a culpa. 
 
Exemplo de exercício regular do direito putativo: “A”, simples cidadão, passeando pelo 
parque, surpreende alguém em flagrante delito (furtando) e sai ao encalço do criminoso. Ao 
virar a esquina, “A” encontra um sósia do criminoso e, pensando ser ele, o prende e o leva 
até a delegacia. Lá chegando, verifica-se que prendeu um inocente. “A” não responderá por 
sequestro (embora tenha privado a vítima de sua liberdade de locomoção), já que agiu em 
exercício regular de um direito putativo, que exclui o dolo e a culpa. 
 
 
B) ERRO DE TIPO ACIDENTAL 
O erro de tipo acidental é aquele que incide sobre dados irrelevantes da figura típica. 
Portanto, esses acessórios não fazem parte do tipo penal, razão pela qual não se tem 
configurado o erro de tipo. 
Assim, o agente sabe perfeitamente que está a cometer um delito, enganando-se a 
respeito de um dado não essencial ao delito ou quanto á maneira de sua execução. Por essa 
razão, é um erro que não traz qualquer consequência jurídica benéfica. O agente responde 
pelo crime como se não houvesse qualquer erro. 
 
 Espécies de Erro de Tipo Acidental: 
1- Erro Provocado por Terceiro: art. 20, § 2º CP. 
2- Erro Sobre a Pessoa (error in persona): art. 20, § 3º CP; 
3- Erro na Execução (aberratio ictus): art. 73 CP; 
4- Resultado Diverso do Pretendido (aberratio criminis): art. 74 CP; 
 
 
Estudemos cada um. 
 
 
 
 
1 - Erro Provocado por Terceiro: 
Dispõe o art. 20, § 2º que: “Responde pelo crime o terceiro que determina o erro”. 
 Existe o erro provocado quando o sujeito á ele é induzido por conduta de terceiro. 
 A provocação pode ser de dois tipos: 
- Dolosa. 
- Culposa. 
 
- Provocação Dolosa: Quando o erro é preordenado pelo terceiro, ou seja, o terceiro 
conscientemente induz o sujeito a incidir em erro. Neste caso, o provocador responde pelo 
crime a título de dolo. 
EXEMPLO: Desejando matar “C”, “A” entrega uma arma municiada à “B”, fazendo-o crer que 
se encontra descarregada e o induz a acionar o gatilho na direção de “C”. “B” aciona o 
gatilho e mata o ofendido. “A” responde por homicídio doloso. O provocado “B”, em face do 
erro, não responde pelo crime, salvo se agiu com culpa, caso em que incide em delito 
culposo. 
 
- Provocação Culposa: Quando o terceiro age com imprudência, imperícia ou negligencia. 
Neste caso, responde pelo crime praticado pelo provocado a título de culpa. 
EXEMPLO: Sem verificar se a arma se encontra carregada ou não, “A” entrega á “B”, 
afirmando que se encontra sem munição, induzindo-o a acionar o gatilho. Acionado, o projétil 
atinge “C”, matando-o. O provocador responde por homicídio culposo. O provocado também 
responde por homicídio culposo, uma vez que a prudênciaindicava que deveria verificar se a 
arma se encontrava descarregada ou não. 
 
2- Erro Sobre a Pessoa (error in persona) 
É aquele que recai sobre a pessoa humana. O agente atinge uma pessoa supondo 
tratar-se da que pretendia atingir. Ou seja, ele equivocadamente olha um desconhecido e o 
confunde com a pessoa que deseja atingir. Pensa que é o Manuel e, na realidade, é o 
Joaquim. 
Tal erro é tão irrelevante que o legislador determina que o autor seja punido pelo crime 
que efetivamente cometeu contra o terceiro inocente (vítima efetiva), como se, em verdade, 
tivesse atingido a pessoa pretendida (vítima virtual). 
É o que dispõe o art. 20, parágrafo 3°, primeira parte, do CP: 
“O erro quanto á pessoa contra a qual o crime é praticado, não isenta de pena”. 
 O erro sobre a pessoa não exclui o crime, pois a norma penal não tutela a pessoa de 
Manoel ou Joaquim, mas todas as pessoas. 
 
EXEMPLO: O agente pretende matar Manuel. Encontrando-se com Joaquim, sósia de 
Manuel, mata-o. Responde por crime de homicídio doloso como se tivesse matado Manuel. 
 
Por sua vez, quando há erro sobre a pessoa, não devem ser considerados as 
características da vítima efetiva (a que foi atingida), mas sim as características da vítima 
virtual (que o agente pretendia atingir). 
É o que dispõe o art. 20, parágrafo 3°, segunda parte, do CP: 
“Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa 
contra quem o agente queria praticar o crime”. 
 
 
EXEMPLO: Imagine que Claucemiro deseje matar o próprio pai. Vai até o local de trabalho 
do mesmo e fica de emboscada, o aguardando na saída. De repente, um senhor muito 
parecido com o seu pai aparece à porta da empresa. Para não perder tempo, Claucemiro 
efetua o disparo, atingido o senhor. Feliz da vida, Claucemiro aproxima-se do corpo estirado 
ao chão, para contemplar sua vitória, quando, ao olhar para o cadáver, percebe que acabou 
matando a pessoa errada. 
Segundo o art. 20, parágrafo 3° do CP, esse erro é irrelevante, respondendo o agente 
pelo crime que queria cometer, levando-se em consideração as qualidades e a sua relação 
com a pessoa que queria matar (virtual) e não que matou (vítima efetiva, real). 
No caso, Claucemiro responderá por homicídio doloso qualificado pela emboscada e 
agravado por ter sido cometido contra ascendente (art. 121, § 2º, IV c/c art. 61, II, ‘e’ CP). 
 
EXEMPLO: Agora, utilizando-se do mesmo exemplo, vamos imaginar a hipótese inversa. 
Imagine que Claucemiro deseje matar seu inimigo devedor. Coloca-se de atalaia em frente 
ao local de trabalho do mesmo e fica o aguardando na saída. De repente, pressentindo a 
aproximação de um vulto e supondo tratar-se da vítima, atira e vem a matar o próprio pai. 
Responderá como se tivesse alvejado o inimigo. Logo, não incidirá a agravante prevista no 
art. 61, II, ‘e’ CP (contra ascendente). 
 
 
 3- Erro na Execução do Crime (aberratio ictus) 
Aberratio Ictus significa aberração no ataque ou desvio de golpe. Ocorre quando o 
sujeito, pretendendo atingir uma pessoa, por um erro de execução (defeito de pontaria, por 
exemplo), vem a atingir outra. O agente não se confunde quanto à pessoa que pretende 
atingir, mas realiza o delito de forma desastrada, errando o alvo e atingindo vítima diversa. 
EXEMPLO: erro de pontaria; desvio da trajetória do projétil, por alguém haver esbarrado no 
braço do agente no instante do disparo; movimento da vítima no momento do tiro; desvio de 
golpe de faca pela vítima; defeito da arma de fogo, etc. 
 
 O CP trata do erro na execução no art. 73: 
“Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a 
pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o 
crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no art. 20, § 3º deste Código”. 
 
Formas: 
 
- Com unidade simples ou resultado único: 
Ocorre quando, em face do erro na execução do crime, o agente não atinge a vítima 
que queria acertar (vítima virtual), mas sim outra pessoa (vítima efetiva). Denomina-se de 
unidade simples ou resultado único, porque somente a pessoa diversa da visada acaba 
sendo atingida (sofrendo lesão corporal ou morte). 
Segundo as determinações do artigo 73, 1ª parte do CP, o agente responde do 
mesmo modo que no erro sobre a pessoa, ou seja, como se tivesse a tingido a pessoa que 
pretendia atingir, levando em consideração as características desta. 
 
EXEMPLO: Imagine que o marido queira matar esposa. Vai até o local de trabalho dela e 
atira, mas, por erro de pontaria, acaba acertando um senhor que passava no exato momento. 
No caso, responderá da mesma forma que no erro sobre a pessoa, como se tivesse atingido 
quem pretendia atingir, ou seja, como se tivesse, de fato, atingido a esposa. Responde, 
 
então, por homicídio doloso e agravado por ter sido cometido contra cônjuge (art. 121 c/c art. 
61, II, ‘e’ CP). 
 
 No caso de erro na execução com resultado único, podem ocorrer as seguintes 
hipóteses: 
 
a) A vítima efetiva sofre lesão corporal: o agente responde por tentativa de homicídio 
(como se a vítima virtual tivesse sofrido a lesão). A lesão corporal culposa sofrida pela 
vítima fica absorvida pela tentativa de homicídio. 
 
b) A vítima efetiva vem a falecer: o agente responde por homicídio doloso (como se 
tivesse matado a vítima virtual). 
 
 
- Com unidade complexa ou resultado duplo: 
Nessa hipótese, o agente acerta tanto a vítima visada (virtual), como terceira pessoa 
(ou terceiras pessoas). Com uma só conduta o sujeito comete dois crimes 
 
EXEMPLO: Suponhamos que no exemplo acima citado, além de atingir a esposa, o marido 
ainda atinge, sem quere, o senhor que passeava na rua. Veja! O resultado foi duplo: um 
desejado (morte da esposa) e outro não previsto (morte do senhor). 
Quando isto ocorre, o art. 73, 2ª parte do CP, manda aplicar a regra do concurso 
formal: “No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se 
a regra do art. 70 deste Código”. 
 
Aplica-se a regra do concurso formal (art. 70 CP), impondo-se a pena do crime mais 
grave, aumentada de 1/6 até metade, variando o acréscimo de acordo com o número de 
vítimas atingidas. 
No caso de erro na execução com resultado duplo podem ocorrer as seguintes 
hipóteses: 
 
a) o marido mata a esposa e o idoso: Há dois crimes, quais sejam, um homicídio doloso e 
um homicídio culposo. Como deve ser aplicado o concurso formal (imputa-se a pena do 
crime mais grave acrescida de 1/6 até a metade), o agente irá responder por homicídio 
doloso, aumentada a pena de 1/6 até a metade. 
 
b) O agente mata a esposa e fere o idoso: Há dois crimes, quais sejam, um homicídio 
doloso e uma lesão corporal culposa. Responde pelo homicídio doloso (crime mais 
grave), aumentada a pena de 1/6 até a metade. 
 
c) O agente fere a esposa e fere o idoso: Há dois crimes, quais sejam, uma tentativa de 
homicídio e uma lesão corporal culposa. Responde por tentativa de homicídio (crime 
mais grave), aumentada a pena de 1/6 até a metade. 
 
d) O agente fere a esposa e mata o idoso: Há dois crimes, quais sejam, uma tentativa de 
homicídio um homicídio culposo. Porém, como o agente matou o idoso (vítima efetiva), 
é como se tivesse matado quem ele pretendia (vítima virtual). Então, ele responde por 
homicídio doloso. E como houve duplicidade de resultado, aplica-se a regra do 
concurso formal: pena do crime mais grave (homicídio doloso), acrescida de 1/6 até a 
metade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASO PRÁTICO: 
 
10/04/2012 -Homem é suspeito tentar atropelar ex e atingir cunhada em SP 
Um pintor de 39 anos é suspeito de ter atropelado a cunhada de 34 ao tentar atingir sua ex-
mulher, na noite de segunda-feira (9), na região do Parque Bristol, na zona sul de São Paulo. A vítima 
está internada no Hospital Saboya em estado grave, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. 
Segundo o delegado Enjolras Rello de Araújo, do 83º DP (Parque Bristol), o pintor já havia 
ameaçadoa ex-mulher e, na noite de ontem, tentou atropela-la, mas acabou atingindo a irmã dela. 
Depoimentos apontam que ela foi arremessada para longe e o pintor fugiu sem prestar socorro. 
O crime aconteceu por volta das 22h na avenida José Caetano Rocha. A vítima foi socorrida e 
encaminhada para o hospital Saboya, onde permanece internada na manhã desta terça-feira. 
Segundo a Secretaria de Saúde, o estado dela é grave. 
O delegado Araújo afirmou que já pediu a prisão temporária do suspeito à Justiça. Ontem, 
foram ouvidos os policiais militares que atenderam a ocorrência e a ex-mulher do suspeito, além de 
vizinhos e testemunhas. 
Segundo a polícia, o pintor esteve casado com a ex-mulher por 18 anos e eles estão 
separados há três, apesar de ainda morarem juntos. 
 
 
 4- Resultado Diverso do Pretendido (aberratio criminis) 
O agente quer cometer um crime, mas, por erro na execução, acaba cometendo outro. 
Não se trata de atingir uma pessoa ao invés de outra, mas sim de cometer um crime no lugar 
de outro. 
 
EXEMPLO: Imagine que alguém saia de uma loja irritado com os preços exorbitantes. Pega 
uma pedra e joga-a contra a vitrine (querendo quebrá-la), mas acerta uma velhinha que 
passeava bela e formosa pela rua. Responde apenas por lesão corporal culposa, já que a 
pedra atingiu somente a idosa. 
 
O CP trata do resultado diverso do pretendido no art. 74: 
“Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, 
sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto 
como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 
deste Código”. 
 
Aqui a solução é a seguinte: se ocorre resultado diverso do que foi desejado pelo 
agente, responde ele por culpa, se o fato é previsto como crime culposo. Se ocorre também 
o resultado querido pelo agente, aplica-se a regra do concurso formal. 
 
Podem ocorrer vários casos: 
 
a) o agente quer atingir a vitrine e atinge uma pessoa: Responde apenas pelo resultado 
produzido à título de culpa (lesão corporal ou homicídio culposos). 
 
b) O agente pretende atingir uma pessoa e atinge a vitrine: Não responde pelo crime de 
dano culposo, uma vez que o CP não prevê essa modalidade. Pode responder por 
tentativa de homicídio ou tentativa de lesão corporal, conforme o intento do agente. 
 
 
c) O agente quer atingir uma pessoa, vindo a atingir esta e também a vitrine: Responde 
apenas pelo resultado produzido na pessoa (lesão corporal ou homicídio dolosos), não 
respondendo pelo crime de dano, porque não há dano culposo. 
 
d) O agente quer atingir a vitrine, vindo a quebrar esta e também a atingir uma pessoa: 
Responde por dois crimes: dano (art. 163) e lesão corporal ou homicídio culposos em 
concurso formal. Porém, aplica-se a pena do crime mais grave, acrescida de 1/6 até a 
metade. 
 
 
 
 
ERRO DE PROIBIÇÃO 
 
 
1- Conceito: É o erro incidente sobre a ilicitude do fato. O agente atua sem consciência da 
ilicitude. É possível o agente desejar praticar uma conduta proibida, sem ter noção de que é 
proibida, ou seja, de que é uma conduta típica e, pois, criminosa. 
O sujeito, diante de uma dada realidade que se lhe apresenta, interpreta mal o 
dispositivo legal aplicável à espécie e acaba por achar-se no direito de realizar uma conduta 
que, na verdade, é proibida. Desse modo, em virtude de uma equivocada compreensão da 
norma, supõe permitido aquilo que era proibido, daí o nome “erro de proibição”. 
 É bem verdade que o desconhecimento da lei, isto é, da norma escrita, não pode 
servir de desculpas para a prática de crimes, pois seria impossível, dentro das regras 
estabelecidas pelo direito codificado, impor limites à sociedade, que não possui, nem deve 
possuir, necessariamente, formação jurídica. 
Aliás, esse é o conteúdo do art. 3º, da LICC: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, 
alegando que não a conhece”. Portanto, conhecer a norma escrita é uma presunção legal 
absoluta, embora o conteúdo da lei, que é o ilícito, possa ser objeto de questionamento. 
O princípio é perfeitamente justificável, proibindo que o sujeito apresente a própria 
ignorância como razão de não haver cumprido o mandamento legal. Caso contrário, a força 
de eficácia da lei estaria totalmente enfraquecida, comprometendo o ordenamento jurídico e 
causando danos aos cidadãos. 
O próprio CP, no seu art. 21, 1ª parte, preceitua que “o desconhecimento da lei é 
inescusável”. 
Porém, a pessoa que, por falta de informação devidamente justificada, não teve 
acesso ao conteúdo da norma, poderá alegar “erro de proibição”. Frise-se que o conteúdo da 
lei é adquirido através da vivencia em sociedade, e não pela leitura de Códigos ou do Diário 
Oficial. Assim, o erro sobre a ilicitude do fato, por não ter o sujeito condições de conhecer a 
regra de proibição, exclui a culpabilidade, ou atenua a pena, conforme o caso. 
Em suma, a ignorância formal da lei não exclui culpabilidade, podendo funcionar como 
atenuante genérica (art. 65, II, CP). Mas, a falta de conhecimento da ilicitude do fato, ou seja, 
a falta de conhecimento da regra de proibição, pode levar à exclusão da culpabilidade, se 
inevitável, ou reduzir a pena, se evitável. 
O erro de proibição, portanto, é o erro quanto á ilicitude do ato. “Eu não sei que aquilo 
é crime”. O agente pensa agir de acordo com o ordenamento jurídico, mas, na verdade, 
pratica um ilícito, em razão de equivocada compreensão do Direito. Mesmo conhecendo 
este, pois todos presumivelmente o conhecem, em determinadas circunstâncias as pessoas 
podem ser levadas a pensar que agem de acordo com o ordenamento jurídico delas exige 
(acham que estão inteiramente certas). 
 
 
2- Formas: 
 O erro de proibição pode ser de 2 formas: 
 
 
a) Inevitável: 
Quando o erro sobre a ilicitude do fato é impossível de ser evitado, valendo-se o ser 
humano da sua inteligência mediana. Ou seja, qualquer pessoa, por mais inteligente e 
esperta que fosse, cairia neste erro. 
De acordo com o art. 21, § único, do CP, “considera-se inevitável o erro se o sujeito 
atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando não lhe era possível, nas 
circunstancias, ter ou atingir esse conhecimento”. 
Trata-se de uma hipótese de exclusão de culpabilidade, ou seja, isenta o agente de 
pena, conforme art. 21, caput, segunda parte, do CP: “O erro sobre a ilicitude do fato se 
inevitável, isenta de pena”. 
 
EXEMPLO: Um jornal de grande circulação, na esteira de grande debate anterior sobre o 
assunto, por engano, divulga que o novo Código Penal foi aprovado e entrou em vigor, 
trazendo como causa excludente de ilicitude a eutanásia. Um leitor, possuindo parente 
desenganado em leito hospitalar, apressa sua morte, crendo agir sobre o manto protetor de 
uma causa de justificação. Trata-se de erro inevitável, pois não lhe foi possível, a tempo, 
constatar a inverdade da informação recebida. 
 
b) Evitável: 
Trata-se de erro sobre a ilicitude do fato que não se justifica, pois, se tivesse havido 
um mínimo empenho em se informar, o agente poderia ter tido conhecimento da realidade. O 
sujeito incide no erro por imprudência, descuido, leviandade, etc. Não excluirá a pena, mas 
poderá atenuá-la de 1/6 a 1/3, conforme preceitua o art. 21, caput, segunda parte do CP: “O 
erro sobre a ilicitude do fato, se evitável, poderá diminuir a pena de um sexto a um terço”. 
 
EXEMPLO: Abstendo-se do seu dever de se manter informado, o agente deixa de tomar 
conhecimento de uma lei, divulgada na imprensa, que transforma em crime determinada 
conduta. Praticando o ilícito, não poderá ver reconhecida a excludente de culpabilidade, 
embora lhe sirva ela como causa de redução de pena, variando de um sexto à um terço. 
 
Critérios para identificar o erro evitável: 
- Quando o agente não possui essa consciência, mas lhe era fácil, nas circunstâncias, obtê-
la; 
- Quando não possui essa consciência, não se informando quando deveria tê-lo feito, tendo 
em vistatratar-se de atividade regulamentada em lei. 
 
 
DIFERENÇAS ENTRE ERRO DE PROIBIÇÃO E ERRO DE TIPO: 
 
- Erro de Tipo: 
O sujeito sabe que tal conduta é criminosa, mas não imagina estar cometendo um 
crime. 
EXEMPLO: Ele sabe que matar alguém é crime, mas pensa estar matando um animal e não 
um ser humano; ele sabe que furtar é crime, mas pensa estar levando consigo um objeto 
seu, que lhe pertence. 
 - Se Inevitável: exclui o dolo e a culpa. 
 
- Se Evitável: exclui o dolo, podendo o sujeito responder por crime culposo se o delito 
existir na modalidade culposa. (art. 20, caput e § 1º CP). 
 
 
 
- Erro de Proibição: 
É o que recai sobre a ilicitude do fato. O sujeito não sabe que aquilo é um crime. Sabe 
o que está fazendo, tem plena consciência disso, mas não sabe que sua conduta é 
criminosa. 
EXEMPLO: Ele não sabe que a eutanásia é crime; que ter um pé de maconha em casa é 
crime, etc. 
 - Se Inevitável: exclui a culpabilidade, isentando a pena. O sujeito é absolvido. 
 - Se Evitável: não exclui a pena; contudo, a atenua de 1/6 a 1/3. O sujeito é 
condenado, mas tem pena reduzida. 
 
CASO PRÁTICO: 
 
20/02 - Justiça concede perdão judicial 
http://www.oablondrina.org.br/noticias.php?id_noticia=14402 
O juiz Walter Luiz de Melo, da 4ª Vara Criminal de Belo Horizonte, concedeu o perdão judicial a um 
representante que registrou um filho de outro como seu, mesmo sabendo da real paternidade do 
menor. Esse crime está previsto no artigo 242 do Código Penal Brasileiro. Em seu parágrafo único, se 
o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza, é prevista uma pena de detenção de um a 
dois anos, podendo, o juiz deixar de aplicá-la. Em audiência, o representante declarou que sabia da 
gravidez de sua companheira quando iniciaram a convivência conjugal. Ele não tinha conhecimento 
de que seria crime o ato de registrar como seu o filho de outro. A mãe da criança declarou que o 
registro foi feito em comum acordo com ela, não sabendo, também, que era crime. Para a defesa, 
“ele agiu por motivo de reconhecida nobreza, almejando acolher e proporcionar um lar para a 
criança”. O magistrado considerou nobre a atitude do homem. “Não vislumbro qualquer outro motivo, 
senão de reconhecida nobreza, capaz de levar alguém, mesmo sabendo que o filho de sua 
companheira não é seu e tendo conhecimento da identidade do pai biológico, a registrá-lo como 
sendo seu, assumindo todas as responsabilidades daí advindas”, pontuou. Para ele, não há indício de 
que houve intenção de suprimir ou alterar direito inerente ao estado civil da criança. Walter Luiz 
explicou que, mesmo estando comprovadas a autoria e a materialidade delitivas, “pela sensibilidade, 
o magistrado pode e deve deixar de aplicar a pena, operando-se, para tal, a desclassificação do tipo, 
para sua forma privilegiada, concedendo-lhe o perdão judicial”. Desclassificou a denúncia do 
Ministério Público para o crime previsto no artigo 242, parágrafo único, do Código Penal Brasileiro, 
deixando de aplicar a pena. Fonte: TJ/MG 
 
EX: Sei que tenho um pé de maconha em casa, mas não sei que isso é crime. Posso 
ser responsabilizada por tráfico de entorpecentes? Porque? 
 Não. Neste caso ocorre erro de proibição, ou seja, erro sobre a ilicitude do fato. Sendo 
assim, haverá isenção de pena, por excludente de culpabilidade. 
 
EX: Sei que ter maconha plantada no jardim de minha casa é crime, mas não sei que 
aquela planta era maconha, pois pensava ser um pé de mandioca. Posso ser 
responsabilizada por tráfico de entorpecentes? Porque? 
Não. Neste caso ocorreu erro de tipo, eu desconhecia que a planta que tinha no meu 
quintal era maconha. Sendo assim, haverá exclusão do dolo, conforme art. 20, caput, do CP, 
não sendo possível a punição por crime culposo, pois a figura do tráfico não prevê tal 
modalidade de crime. 
 
 
http://www.oablondrina.org.br/noticias.php?id_noticia=14402
 
 
 
 
 
 
 
28/01/2011-Polícia ouve idosa que era mantida em porão em Sorocaba (SP) 
A idosa de 64 anos que era mantida em cárcere privado pelo ex-marido e a mulher dele em Sorocaba 
(99 km de SP) depôs na noite de quinta-feira (27). A polícia foi até a casa do filho da vítima para 
ouvi-la, mas, de acordo com a delegada Ana Luíza Salomone, Sebastiana Aparecida Groppo tem 
deficiência mental e não consegue se expressar claramente. Sebastiana foi encontrada na quarta-
feira no porão de 12 m2 da casa onde vivia. Deitada nua na cama, estava enrolada em um cobertor. 
O porão não tinha luz nem água e a única janela estava fechada. A delegada afirmou que as paredes 
estavam mofadas e cheias de caramujos e que havia baratas mortas e fezes no chão do banheiro. 
Ontem, a idosa passou por um médico legista, que diagnosticou doença mental. Ele não conseguiu 
identificar precisamente o transtorno. Sebastiana está na casa do filho mais novo, João Batista 
Groppo Júnior, 35, na cidade de Alumínio (75 km de São Paulo). Em depoimento, Júnior afirmou que 
não via sua mãe desde 2009 porque tem problemas de relacionamento com o pai. Ele disse à 
delegada que sabia que a mãe morava no porão, mas que não conhecia o estado do local. No último 
dia que visitou Sebastiana, ele não desceu até o cômodo --foi a mãe que subiu para vê-lo, de acordo 
com a delegada. O ex-marido de Sebastiana, João Batista Grotto, 64, e sua mulher, Maria Aparecida 
Furquim, 58, foram presos em flagrante na quarta. Grotto disse, segundo a delegada, que a idosa era 
mantida no porão para sua própria segurança, já que, se saísse da casa, não saberia o caminho de 
volta. Em relação às condições do cômodo, afirmou que "era o que podia oferecer". Grotto disse, em 
um primeiro momento, que a ex-mulher vivia com ele desde 1985. Depois, mudou a data para 1995. 
No interrogatório, falou que era desde 2003. A delegada afirmou que, durante esse período, 
Sebastiana também morou com um filho, que morreu em 2003. A atual mulher de Grotto disse, ainda 
de acordo com a delegada, que não sabia que manter a idosa no porão era crime. Ela acrescentou 
que cuidava de Sebastiana, dando banho, remédios e cortando seu cabelo. 
 
 
9/10/2012. Polícia acha pé de maconha gigante em jardim de idosos que 'compraram sem 
saber' http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2012/10/09/policia-acha-pe-de-maconha-
gigante-em-jardim-de-idosos-que-compraram-sem-saber.htm 
Um casal de idosos na Grã-Bretanha criou um pé de maconha gigante no jardim de sua casa, 
aparentemente sem perceber que se tratava de uma substância ilegal. Os policiais de Bedford, 
cidade no leste da Inglaterra, disseram que o pé de maconha encontrado era "o maior que eles já 
viram". A planta foi retirada pelos policiais, que, agora, vão queimar os seus restos. As autoridades 
confirmaram que os idosos não serão processados. Eles alegaram ter comprado o pé de maconha 
em uma feirinha de usados na cidade. Os oficiais que encontraram a planta no jardim colocaram a 
foto no Twitter oficial da delegacia, na conta @bedfordlpt: "Apreendido hoje. Casal idoso comprou 
planta em feira de usados, tratou com cuidado - maior planta de maconha que já vimos!!" 
 
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2012/10/09/policia-acha-pe-de-maconha-gigante-em-jardim-de-idosos-que-compraram-sem-saber.htm
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2012/10/09/policia-acha-pe-de-maconha-gigante-em-jardim-de-idosos-que-compraram-sem-saber.htm
CULPABILIDADE 
 
Crime é um fato: Típico - previsto em lei 
 Antijurídico – contrário ao Direito 
 Culpável: abrange o dolo e a culpa. Ninguém responde por um crime se não o causou 
dolosa ou ao menos culposamente. 
 
Culpa lato sensu: Em sentido amplo, é a culpa que empregamos em sentido leigo, representando um 
juízo de censura,de reprovação, por algo. EX: quando se diz que Marcelinho Carioca foi o grande 
culpado pelo fracasso do time, está atribuindo-lhe um conceito negativo de reprovação. 
 
Culpa stricto sensu: é aquela utilizada na área penal, representando

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