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Grupo Tribunal do FDS Gabriela Silles de Souza – R.A. 001.1.16.005 Thayane Caroline Sobral Miguel – R.A. 001.1.16.059 Laiane Santos Vieira – R.A. 001.1.16.236 Laura Campos de Freitas – R.A. 001.1.16.405 Breve análise e pesquisa jurisprudencial acerca do inciso VI do Art. 833 NCPC De acordo com o Art. 833, VI, do Novo Código de Processo Civil, são impenhoráveis os seguros de vida. Além disso, o Art. 794 do mesmo diploma legal prevê que o capital segurado não é herança e nem está sujeito à dívidas dos Segurado, sendo, portanto, impenhorável para cobrir as dívidas do Segurado. No entanto, tendo como base pesquisa jurisprudencial devemos analisar o que vem decidindo o Superior Tribunal de Justiça a respeito: RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE VIDA. ART. 649, IX, DO CPC/1973. EXECUÇÃO. INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. NATUREZA ALIMENTAR. IMPENHORABILIDADE. 40 (QUARENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. ART. 649, X, DO CPC/1973. LIMITAÇÃO.1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Cinge‐se a controvérsia a determinar se é possível a penhora da indenização recebida pelo beneficiário do seguro de vida em execução voltada contra si. 3. A impenhorabilidade do seguro de vida objetiva proteger o respectivo beneficiário, haja a vista a natureza alimentar da indenização securitária. 4. A impossibilidade de penhora dos valores recebidos pelo beneficiário do seguro de vida limita‐se ao montante de 40 (quarenta) salários mínimos, por aplicação analógica do art. 649, X, do CPC/1973, cabendo a constrição judicial da quantia que a exceder. 5. Recurso especial parcialmente provido. Sobre a possibilidade de investida sobre o bem da pessoa física, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, em recente julgamento (REsp nº 1.361.354 ‐ RS), decidiu sobre a possibilidade de penhora de valores pagos à título de indenização decorrente de seguro de vida, e estipulou o limite de 40 (quarenta) salários mínimos como sendo o teto para valores impenhoráveis. Valores recebidos acima desse marco podem ser penhorados para saldar dívidas de seu beneficiário. O seguro de vida, em regra, tem sua impenhorabilidade assegurada pela legislação processual civil (art. 833, VI), contudo, como se pode notar, apenas quantias vultuosas é que podem servir a execução para satisfação do débito. A recente decisão da 3ª Turma ponderou divergentes entendimentos doutrinários e, por uma aplicação analógica do art. 649, X do CPC/73 (art. 833, X do CPC/15), definiu um patamar fixo para considerar como impenhorável a indenização paga ao beneficiário em decorrência de seguro de vida, sendo esta estipulada em 40 (quarenta) salários mínimos. Firmou‐se entendimento que a quantia excedente a esse valor poderá ser objeto de constrição judicial. A 3ª Turma analisou o caso ainda sob a ótica de aplicação do Código de Processo Civil anterior (CPC/73), porém, tendo em vista que não ocorreram modificações significativas nos artigos correspondentes do atual código, é possível a aplicação desse entendimento da Corte Superior na legislação atual. Vale dizer, que nessa decisão supramencionada, houveram votos no sentido de permitir que fossem penhorados valores abaixo desse teto, para garantir dividas em execução, no intuito de prestigiar os princípios norteadores do procedimento executivo como o da menor onerosidade, contudo tais votos foram vencidos, justamente pelo fato de que atualmente a renda decorrente do seguro de vida é considerada como “verbas alimentares”. Nota‐se grande crítica nesse sentido, veja, o valor de 40 salários mínimos já é uma quantia razoável, e nessa senda, se fosse possível que, mesmo que inferior ao teto, se penhorasse pelo menos parte dessa quantia, como 20 ou 30%, não haveria um grande prejuízo ao executado. Ademais, essa regra quase que absoluta da impenhorabilidade do seguro de vida (no patamar inferior a 40 salários mínimos) serve para estimular o inadimplemento. Por fim, ressalta‐se que tal decisão tem grande impacto no mundo jurídico, pois, demonstra que a Corte Superior tem relativizado ainda mais a regra da impenhorabilidade de bens e valores, possibilitando constrições judiciais sobre bens e valores que anteriormente eram considerados absolutamente impenhoráveis. Portanto, podemos concluir que, a penhorabilidade do seguro de vida é relativa, caso o beneficiário demonstre que tal verba será voltada à sua subsistência, comprovando a destinação alimentar, aí sim o seguro de vida se tornará impenhorável, com fundamento no art. 649, IV, do CPC/1973 ou no art. 833, IV, do NCPC, isto é, “quantia recebida por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família”, assim como ocorrerá se o seguro de vida contiver cláusula de inalienabilidade ou de impenhorabilidade, em que a exceção decorrerá da regra insculpida no art. 649, I, ou 833, I, do NCPC (“bem impenhorável por declaração de vontade”). Referências Bibliográficas: https://jus.com.br/artigos/83178/recebi‐indenizacao‐do‐seguro‐de‐vida‐esse‐valor‐pode‐ser‐ penhorado http://www.baraldi.adv.br/pt/publicacoes‐e‐noticias/73‐stj‐abranda‐impenhorabilidade‐das‐ indenizacoes‐decorrentes‐seguros‐de‐vida https://www.conjur.com.br/2018‐ago‐31/valor‐seguro‐vida‐impenhoravel‐40‐salarios‐ minimos http://vfkeducacao.com/stj‐a‐impossibilidade‐de‐penhora‐dos‐valores‐recebidos‐pelo‐ beneficiario‐do‐seguro‐de‐vida‐limita‐se‐ao‐montante‐de‐40‐quarenta‐salarios‐minimos‐por‐ aplicacao‐analogica‐do‐art‐649‐x‐do‐cpc197/ http://www.anspnet.org.br/opiniao‐academica/da‐possibilidade‐de‐penhora‐sobre‐seguro‐de‐ vida‐ou‐peculio/ PESQUISA JURISPRUDENCIAL ART. 833, §1º, CPC GRUPO: DURA LEX SED LEX MEMBROS: Andressa GarbeliniBazilio Silva R.A: 001.1.16.378 Anna Luisa Omori Taho R.A: 001.1.16.311 Fernando Passos de Gois R.A: 001.1.16.299 Thiago Nemezio Siqueira da Costa R.A: 001.1.16.391 Art. 833, §1º ‐ A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição. Quando o bem impenhorável, contudo, for objeto da dívida que ensejou o processo de execução por quantia certa, não poderá ser oponível a impenhorabilidade a ele, de acordo com o 1º do art. 833 do NCPC. ILEGITIMIDADE PASSIVA – EXCEÇÃO DE PRÉ ‐EXECUTIVIDADE – IPTU – Inocorrência – Imóvel tributado objeto de contrato de cessão de posse e promessa de compra e venda – Ausência de eficácia erga omnes do contrato – Impossibilidade de oposição contra a administração tributária – Legitimidade do proprietário que figura no registro imobiliário – Artigos 1227 e 1245, caput, e § 1º do CC – Alegação afastada. IMUNIDADE ‐ IPTU ‐ CDHU – SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA – Imunidade recíproca inexistente na espécie ‐ Benefício que não alcança sociedade de economia mista – Precedentes desta Corte – Orientação do Colendo STF no sentido de que o serviço prestado por esse tipo de empresa, para resultar em inaplicabilidade da vedação de que trata o art. 173, § 2º, da Constituição Federal, deve ser público, indisponível e prestado em regime de exclusividade, o que não é o caso – Pretensão afastada. IMPENHORABILIDADE ‐ Execução fiscal relativa a IPTU ‐ Imóvel tributado de propriedade da CDHU ‐ Inexistência de qualquer amparo legal para assim considerá‐lo, dado que as empresas públicas e de economia mista não gozam de privilégios fiscais não extensivos ao setor privado ‐ Benefício não oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem ‐ Artigo833, § 1º, do CPC ‐ Eventual reconhecimento da impenhorabilidade que alcançaria, quando muito, apenas aos bens diretamente vinculados ao serviço público prestado, o que não é o caso ‐ Alegação afastada ‐ RECURSO NÃO PROVIDO (TJ‐SP ‐ AC: 10015760920178260198 SP 1001576‐09.2017.8.26.0198, Relator: Fortes Muniz, Data de Julgamento: 28/11/2019, 15ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 02/12/2019) PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Registro: 2020.0000445702 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 2086340‐ 15.2020.8.26.0000, da Comarca de Ribeirão Preto, em que é agravante RINALDO DOS SANTOS, é agravada SUELY DE MELO GUIMARÃES. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V.U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores PAULO ALCIDES (Presidente), MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES E COSTA NETTO. São Paulo, 18 de junho de 2020. PAULO ALCIDES Relator Assinatura Eletrônica VOTO Nº: 39442 AGRAVO DE INSTRUMENTO: 2086340‐15.2020.8.26.0000 COMARCA: RIBEIRÃO PRETO AGRAVANTE(S): RINALDO DOS SANTOS AGRAVADO(S): SUELY DE MELO GUIMARÃES MM. JUIZ(A): HEBER MENDES BATISTA AÇÃO DE ARBITRAMENTO, C.C. COBRANÇA DE ALUGUEL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. Determinada a penhora do imóvel objeto do litígio na parte pertencente ao executado. Bem de família. Impenhorabilidade não oponível ao condômino que executa o débito oriundo da posse exclusiva do bem pela coproprietária. Inteligência do artigo 833, §1º , do CPC/15. Decisão mantida. RECURSO DESPROVIDO. RINALDO DOS SANTOS interpõe recurso de agravo de instrumento contra a r. decisão (fls. 26/28), proferida na ação de arbitramento, cumulada com cobrança de aluguel, em fase de cumprimento de sentença, proposta por SUELY DE MELO GUIMARÃES, que deferiu a penhora do imóvel objeto do litígio, na parte pertencente ao executado. Sustenta, em síntese, ser deficiente mental e que reside no bem há mais de 40 anos. Afirma não ser possível a penhora por se tratar de bem de família.(fls. 01/03) Indeferida a liminar pleiteada. (fls. 33/34) Dispensada a intimação da parte contrária, ante a ausência de prejuízo. É o relatório. O recurso não comporta provimento. No que diz respeito à impenhorabilidade do bem de família, nos termos do artigo 1º da Lei nº 8.009/90: “o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais e filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei”. O artigo 833, §1º, do CPC/2015, por sua vez, estabelece: “A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição”. Em que pese o imóvel objeto do processo ostentar natureza jurídica de bem de família, e, portanto, em regra, ser impenhorável, tal restrição não é oponível ao condômino que executa débito oriundo da posse exclusiva do bem pelo coproprietário, como ocorre na espécie, o que afasta o benefício legal do referido artigo. Nesse sentido, precedente desta E. Câmara: AGRAVO DE INSTRUMENTO. Cumprimento de sentença. Pretensão de reconhecimento de excesso de execução. Questão que não é objeto da decisão agravada. Decisão que se limitou a afastar a alegação de impenhorabilidade da fraca ideal do imóvel pertencente ao executado. Imóvel em condomínio. Decisão transitada em julgado que condenou o agravante ao pagamento de alugueres pelo uso exclusivo do bem, na proporção de sua fração ideal. Impenhorabilidade corretamente afastada. Hipótese em que o débito provém da própria utilização do imóvel. Inteligência do art. 833, §1º, do CPC. Precedentes. Recurso desprovido. (AI nº 2211892‐24.2019.8.26.0000, rel. des. Marcus Vinicius Rios Gonçalves, j. em 10.10.2019) Com relação à alegada deficiência mental, conforme decidido no julgamento da Apelação nº 4007642‐39.2013.8.26.0506, ocorrido em 28.09.2016: “Inexiste sequer indício de prova a respeito do retardamento mental do requerido e, caso houvesse, deveria ter sido representado por curador, muito embora essa circunstância, por si só, não obsta o direito da requerente quanto à fruição de sua parte ideal sobre o imóvel”. Concluindo, a r. decisão agravada proferida pelo juiz, dr. Heber Mendes Batista, é de ser mantida. Por derradeiro, para evitar a costumeira oposição de embargos declaratórios voltados ao prequestionamento, tenho por ventilados, neste grau de jurisdição, todos os dispositivos legais citados no recurso interposto. Vale lembrar que a função do julgador é decidir a lide e apontar, direta e objetivamente, os fundamentos que, para tal, lhe foram suficientes, não havendo necessidade de apreciar todos os argumentos deduzidos pelas partes, um a um. Sobre o tema, confira‐se a jurisprudência (STJ, EDcl no REsp nº 497.941/RS, Rel. Min. Franciuli Neto, publicado em 05/05/2004; STJ, EDcl no AgRg no Ag nº 52.074, Rel. Min. Denise Arruda, publicado em 25/10/2004). Ante o exposto, nega‐se provimento ao agravo. PAULO ALCIDES AMARAL SALLES Relator “Outro imbróglio cuja resolução poderia ter recebido maior atenção refere‐se à impenhorabilidade das verbas de caráter remuneratório, previstas no art. 649, inciso IV, do CPC/73, reproduzida no art. 833, inciso IV, do CPC/15. Apesar de tal modalidade ter sofrido relevante alteração, imposta pelo §1º do mesmo artigo, difícil vislumbrar uma melhoria no grau de satisfação patrimonial das execuções. Isso porque o §1º do art. 833, ao permitir a penhora de valores remuneratórios superiores a 50 salários‐mínimos mensais, estipulou limiar deveras alto para tal modalidade executiva, se cotejado com elementos pertinentes sobre o perfil das rendas nacionais. O atual teto da previdência social (INSS) é de, aproximadamente 5.57 vezes o valor do salário‐ mínimo vigente. Noutra banda, a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos públicos, bem como nos regimes próprios de previdência, os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória não poderão exceder o subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), por força de redação expressa do art. 37, XI, da CF/88 – atualmente, fixado entre 42 e 43 salários‐mínimos. No Censo 2010, o último promovido pelo IBGE, consta pesquisa sobre os rendimentos nominais mensais, da qual se observa o seguinte: somente 556.901 pessoas ganhavam acima de 30 salários‐mínimos. Esse é o último patamar da pesquisa, não havendo dados para faixas salariais superiores.Trata‐se de quantitativo representante de 0,30% da população total de 2010 (190.732.694 habitantes). Uma simples leitura dos dados coletados permite uma importante conclusão sobre a exceção do art. 833, §1º, do CPC/15: a penhorabilidade salarial lá prevista não abrangerá nenhum aposentado ou pensionista do INSS, nenhum aposentado ou pensionista de regime próprio de previdência pública, nenhum servidor público – nem mesmo a mais alta cúpula, composta pelos Ministros do STF. Se somente 0,30% da população ganha acima de 30 salários‐mínimos, temos a garantia de exclusão de, pelo menos 99,70% dos rendimentos auferidos do novo regime de penhora salarial. Isso sem prejuízo do contingente situado entre 30 a 50 salários‐ mínimos, não abrangidona pesquisa do IBGE – sugerindo percentual ainda superior de pessoas não afetadas. Significa dizer: a exceção do art. 833, §1º do CPC/15, ao estipular hipótese específica de penhorabilidade remuneratória, revela‐se írrita. Não trará qualquer repercussão prática para a efetividade do processo executivo, pois exclui de sua incidência a quase totalidade da população brasileira. Pelo exposto, observa‐se a perda de oportunidade do CPC/15 de melhorar o sistema de impenhorabilidades, com a incorporação de interpretações do STJ sobre os dispositivos do art. 649 do CPC na redação do art. 833 do CPC/15 – conferindo maior segurança jurídica aos operadores do direito. Trata‐se de casos como a interpretação extensiva dada à impenhorabilidade de 40 salários‐mínimos depositados na poupança. Não só: a própria tentativa de inovação, com estipulação de ressalva às impenhorabilidades remuneratórias (art. 833, IV e §1º do CPC/15), não apresentará qualquer relevância na prática processual, pois concebida de maneira inadequada para efetiva aplicação, por abranger contingente mínimo de destinatários. (Trecho do artigo “O sistema de Impenhorabilidade no CPC/15: inovações e reiteração da (in)eficácia do modelo executivo anterior, Paulo Henrique Figueredo de Araújo). Ressalva geral às regras de impenhorabilidade (art. 833, §1º, CPC) O §1º do art. 833 assim determina: “§1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição”. As regras de impenhorabilidade não se aplicam na execução dos créditos fundados em negócio jurídico que serviu para a aquisição dos respectivos bens. Trata‐se de regra elogiável: não seria équo que o “credor que propiciou ao atual titular do bem sua própria aquisição não tivesse como haver o respectivo preço”. Como bem lembra Humberto Theodoro Jr., “de duas maneiras pode surgir o crédito em semelhante situação: (i) o alienante concede ao adquirente prazo para pagar o preço do bem que lhe é desde logo transferido; ou (ii) o adquirente obtém financiamento com terceiro para custear o preço da coisa adquirida”. Também não pode ser oponível a impenhorabilidade à execução de dívida relativa ao próprio bem, como as taxas condominiais e os impostos. (Trecho do livro CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL‐EXECUÇÃO – Fredie Didier Jr.) AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. IMPENHORABILIDADE. ART. 833, V DO CPC. DIREITOS SOBRE O VEÍCULO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. EXCEÇÃO. ART. 833, § 1º DO CPC. 1. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a regra geral é a penhorabilidade dos bens da pessoa jurídica, impondo‐se, todavia, a aplicação excepcional do art. 833, inciso V, do Código de Processo Civil , nos casos em que os bens revelem‐se indispensáveis à continuidade das atividades de microempresa ou de empresa de pequeno porte. 2. Para fins de reconhecimento da impenhorabilidade não basta a simples invocação do dispositivo legal de impenhorabilidade dos bens, mas a demonstração concreta de sua essencialidade e utilidade para a continuidade das atividades profissionais da empresa. 3. No caso, todavia, há que se observar que não se trata de penhora do veículo propriamente dito, mas dos direitos de crédito existentes sobre o veículo caminhão VOLVO/VM 270 6x2R de placas IUM9643. Ademais, este veículo foi oferecido em garantia, através de alienação fiduciária, na CCB‐ Financiamento de Veículos nº 18.3449.653.000007‐03, a qual foi posteriormente objeto de renegociação no contrato nº 18.3449.690.0000015‐85 e novamente no contrato nº 18.3449.690.0000053‐00, sendo que em ambos os contratos foram mantidas as cláusulas que previam a alienação ficudiária do referido veículo em garantia à dívida. 4. Logo, incide à espécie o disposto no art. 833, § 1º do CPC, o qual dispõe que "a impenhorablidade não é ponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para a sua aquisição". (TRF‐4, AG 5047563‐23.2018.4.04.0000, Relator(a): MARGA INGE BARTH TESSLER, TERCEIRA TURMA, Julgado em: 21/05/2019, Publicado em: 22/05/2019) RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE VIDA. ART. 649, IX, DO CPC/1973. EXECUÇÃO. INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. NATUREZA ALIMENTAR. IMPENHORABILIDADE. 40 (QUARENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. ART. 649, X, DO CPC/1973. LIMITAÇÃO. 1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Cinge‐se a controvérsia a determinar se é possível a penhora da indenização recebida pelo beneficiário do seguro de vida em execução voltada contra si. 3. A impenhorabilidade do seguro de vida objetiva proteger o respectivo beneficiário, haja a vista a natureza alimentar da indenização securitária. 4. A impossibilidade de penhora dos valores recebidos pelo beneficiário do seguro de vida limita‐se ao montante de 40 (quarenta) salários mínimos, por aplicação analógica do art. 649, X, do CPC/1973, cabendo a constrição judicial da quantia que a exceder. 5. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 1361354/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/05/2018, DJe 25/06/2018) TutPrv no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.324.462 ‐ DF (2018/0170536‐9) RELATOR : MINISTRO ANTONIO CARLOS FERREIRA REQUERENTE : GLACY COSTA ADVOGADOS : PAULO HENRIQUE FRANCO PALHARES ‐ DF019336; FERNANDO LUIZ CARVALHO DANTAS ‐ DF022588; RENATA LELIS RUFINO DOS SANTOS ‐ DF036086; ISABELA TODD SILVA FREIRE E OUTRO (S) ‐ DF054338 REQUERIDO : GERALDO BORGES SOUTO ADVOGADOS : WILSON SAMPAIO SAHADE FILHO ‐ DF022399; ALICE DIAS NAVARRO ‐ DF047280; LUIZA DE FARIA DAOURA E OUTRO (S) ‐ DF058691 DECISÃO Trata‐se de pedido de tutela de urgência, formulado nos termos do art. 995, parágrafo único, do CPC/2015, objetivando atribuir efeito suspensivo ao recurso especial, inadmitido na origem por não ter sido demonstrada a suposta negativa de prestação jurisdicional, bem como pela incidência da Súmula n. 7 do STJ, no que diz respeito ao mérito da insurgência (e‐STJ fls. 600/604). O acórdão impugnado possui a seguinte ementa (e‐STJ fl. 111): Agravo Inominado previsto no art. 557 do C.P.C. Embargos de Declaração. Seguimento Negado. Impugnação em Cumprimento do R. Julgado. Alegado excesso no quantum exequendo. Padrão utilizado pela Contadoria Judicial para o cômputo dos juros se coaduna com o disposto no V. Acórdão objeto de execução na fase processual em curso. Matéria se encontra acobertada pelo manto da coisa julgada, não tendo sido rechaçada em ocasião oportuna. Precedentes deste Colendo Sodalício. Cabimento da multa de 10% (dez por cento) prevista no art. 475‐ J do Estatuto Processual Civil. Executados foram intimados para cumprimento da condenação via Carta Precatória, juntada ao processo em 14/04/2008, encerrando‐ se o prazo para adimplemento voluntário da obrigação de pagar quantia em 29/04/2008. Até a data de 05/05/2008 nenhuma atitude foi tomada pelos Devedores, dando ensejo à determinação de penhora on line. Ausência de qualquer omissão, obscuridade e/ou contradição no V. Aresto. Evidentemente inconformismo dos Embargantes com a solução dada pelo Colegiado. Enfrentamento em sede própria. Impertinência dos Aclaratórios. Aplicação do caput do art. 557 do C.P.C. c.c. art. 31, inciso VIII do Regimento Interno deste Tribunal. Tese supra é a mesma do V. Aresto proferido pelo C. Órgão Especial deste E. Tribunal, apreciando Agravo do § 1º do art. 557 do CPC, interpostono Mandado de Segurança nº 425/00. Negado Provimento. A recorrente opôs embargos de declaração, os quais foram rejeitados (e‐STJ fls. 244/255). As razões do especial, interposto com fundamento no art. 105, III, a e c, da CF, apontaram violação dos seguintes dispositivos legais (e‐STJ fl. 306): (a) artigo 1.017, incisos I e II, do CPC/2015, sustentando a inexistência de peças obrigatórias no agravo de instrumento, (b) artigo 6º, § 3º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto‐Lei n. 4.657/1942), afirmando que a impenhorabilidade do imóvel já havia sido objeto de decisão anterior, razão pela qual a análise do pedido de reconsideração desrespeitou a segurança jurídica e a coisa julgada, (c) artigos 833, caput, inciso II, e § 1º, do CPC/2015, e 1º e 5º da Lei 8.009/1990, alegando que o valor objeto da execução não é oriundo de dívida do imóvel, mas de obrigação pessoal, decorrente de distrato de promessa de compra e venda do referido bem, no qual o recorrido figurou como comprador, (d) artigo 1.022 do CPC/2015, defendendo que a Turma julgadora, mesmo instada a tanto, mediante a oposição dos competentes embargos de declaração, não sanou omissões supostamente perpetradas pelo acórdão embargado, o que teria configurado negativa de prestação jurisdicional. Em relação à probabilidade de provimento do recurso, argumenta‐se o seguinte (e‐ STJ fls. 374/375): (...) a presente demanda já se encontrava suspensa para deliberação da instância superior, e não se mostra razoável o prosseguimento do feito sem decisão definitiva, quando não há sequer perigo de prejuízo ao exequente, ponto este, omisso na decisão atacada. Omitiu a decisão, ainda, quanto à ausência de fato superveniente que justificasse a mudança de entendimento, tampouco inovação da causa de pedir. O acórdão recorrido assentou premissa teratológica substanciada na ocorrência de inovação legislativa que permitiria, excepcionalmente, a penhora do bem de família ao fundamento de que o crédito estampado no título judicial estaria relacionado ao bem ora penhorado. Excelência, com todo o respeito, a decisão é extremamente questionável. O crédito que se executa é extremamente discutível e se espraia por diversas ações havidas entre o agravante e a agravada, decorre de uma controvérsia envolvendo uma dívida que se relativa ao imóvel não se amolda com as normas que fundamentam a decisão que afastou a impenhorabilidade. A inovação legislativa, de cabimento de penhora sobre o bem de família, consubstanciada na exceção apresentada pelo art. 833, § 1º, CPC é inaplicável ao caso concreto, como foi demonstrado e evidenciado no Recurso Especial. A questão é essencialmente processual e deve respeitar a segurança jurídica que no sistema jurídico‐processual se manifesta pela aplicação do mecanismo de preclusão dos atos processuais, observância a situações jurídicas estabilizadas para os sujeitos da relação processual. Há omissão, ainda, em relação ao ponto levantado pela executada, quanto à preclusão consumativa. Ademais, no que diz respeito à interpretação do art. 833, § 1º, CPC, quanto à exceção da impenhorabilidade pela cobrança de dívida relativa ao próprio bem, não houve pronunciamento pelo respeitável juízo. Diferente do que dispôs o acórdão, o valor objeto da execução não é relativo à dívida do imóvel, ou seja, de Glacy Costa para aquisição do imóvel, mas sim de distrato de promessa de compra e venda do imóvel, no qual o agravante figurava como comprador, ou seja, obrigação pessoal, restando inadequada a penhora no presente caso. Este aspecto é importante para a realização do distinguishing com relação à hipótese aventada no julgado proferido no Acórdão recorrido. Em juízo preliminar, em sede de cognição sumária, a probabilidade de provimento do recurso tem amparo nos artigos 6º, § 3º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Isto porque, o pedido de reconsideração formulado pelo ora recorrido discute a matéria já tratada nos autos, qual seja, a impenhorabilidade. Assim sendo, o pedido de reconsideração foi indeferido pelo Ilustre Juízo singular por se tratar de pedido idêntico, com mesma causa de pedir. A impenhorabilidade do imóvel, a doação do bem pela recorrente ao seu filho e a sua venda a terceiros foram alegadas em sede de agravo de instrumento anterior interposto pelo agravante, ao qual foi negado provimento pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Nesse sentido, o ora recorrido logrou rediscutir matéria já decidida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Houve interposição de Agravo de Instrumento pelo Exequente, sendo conhecido e improvido por UNANIMIDADE pela 2ª Turma Cível. Também se afirma estar "evidenciada o grave perigo suportado pela recorrente, ao ter possivelmente o seu único imóvel de moradia penhorado por uma dívida que não é abarcada pelas exceções de impenhorabilidade. Ainda, deve‐se se ater a execução ao princípio da menor lesividade ao devedor, buscando meios que melhor atendam ao interesse do credor, por óbvio, mas sem que cause onerosidade extrema pela ora executada" (e‐STJ fl. 376). A partir de tais considerações, pede‐se atribuição de efeito suspensivo ao recurso especial. É o relatório. Decido. O Tribunal a quo, em princípio, parece ter decidido a matéria controvertida de forma fundamentada, ainda que contrariamente aos interesses da parte. Por outro lado, faz‐se necessário observar que o tratamento conferido ao caso, no juízo de admissibilidade do recurso especial, concernente à incidência da Súmula n. 7/STJ, parece encontrar respaldo na jurisprudência desta Corte, conforme demonstram os seguintes precedentes: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.AGRAVO DE INSTRUMENTO. BEM DE FAMÍLIA. IMPENHORABILIDADE. PRECLUSÃO. MATÉRIA QUE DEMANDA REEXAME DE FATOS E PROVAS. SUMULA 7 DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. No presente caso, não é possível rever a conclusão do acórdão recorrido em relação à questão discutida estar acobertada pela coisa julgada e pela preclusão, uma vez que seria necessário o reexame do conjunto fático‐probatório dos autos, que é vedado em razão do óbice da Súmula 7 do STJ. 2. O STJ possui firme o entendimento no sentido de que "ainda que a questão seja de ordem pública, há preclusão consumativa se a matéria tiver sido objeto de decisão anterior definitivamente julgada" (AgRg no AREsp 630.587/SP, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em 28/6/2016, Dje 1/7/2016). 3. Agravo interno não provido. (AgInt nos EDcl no AREsp n. 1064314/RJ, Relator Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 14/8/2018, DJe 28/8/2018.) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIROS. 1. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. RAZÕES DEFICIENTES. SÚMULA 284/STF. 2. PENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA. MATÉRIA DISCUTIDA NOS EMBARGOS À EXECUÇÃO. OFENSA À COISA JULGADA. INEXISTÊNCIA. 3. PENHORA DE FRAÇÃO DO IMÓVEL. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. 4. CONSTRIÇÃO DO IMÓVEL. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA CONSTITUIÇÃO DO BEM DE FAMÍLIA. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. 5. AGRAVO DESPROVIDO. 1. "Imperiosa a demonstração de maneira clara e expressa das questões sobre as quais o Tribunal de origem teria se mantido silente, sob pena de inadmissibilidade do apelo nobre por afronta ao art. 535, inc. II,do CPC, a teor do que dispõe a Súmula 284/STF" (AgRg no AREsp n. 488.270/RS, Relator o Ministro Og Fernandes, DJe 1º/9/2014). 2. Os efeitos das questões discutidas e decididas no processo de execução originário podem reverberar sobre terceiros, porém estes não estão sujeitos aos efeitos da coisa julgada, sendo plenamente possível a oposição de embargos de terceiro para defesa de seu interesse, mesmo que as matérias trazidas nas razões deste já tenham sido alegadas em embargos à execução pelo devedor. 3. Quanto à possibilidade de penhora de fração de bem indivisível, verifica‐se a ausência de interesse recursal quando o acórdão a quo decidiu a questão conforme a pretensão da parte. 4. O Tribunal de origem constatou tratar‐se de um bem de família após a acurada análise do conjunto fático‐probatório dos autos, e para infirmar tais conclusões seria imprescindível o reexame de provas, o que é inadmissível nesta instância extraordinária, consoante dispõe a Súmula 7/STJ. 5. Agravo interno desprovido. (AgInt no AREsp n. 543.534/DF, Relator Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 1º/9/2016, DJe 8/9/2016.) De todo modo, nada obstante os argumentos apresentados pela requerente para demonstrar a presença do fumus boni iuris, não ficou comprovada, no caso, a existência do periculum in mora necessário à atribuição de efeito suspensivo ao recurso especial. Com efeito, a requerente não logrou evidenciar nenhum ato concreto que denote risco de dano grave ou de difícil reparação, tendo‐se limitado a afirmar que a penhora recai sobre seu único imóvel de moradia. Cumpre observar que "a simples possibilidade de penhora de bens não representa, em si, risco de dano irreparável ao devedor" (AgRg na MC n. 14.537/PR, Relator Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ FEDERAL CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), QUARTA TURMA, julgado em 16/9/2008, DJe 6/10/2008). Ante o exposto, INDEFIRO o pedido de atribuição de efeito suspensivo ao agravo em recurso especial. Publique‐se e intimem‐se. Brasília‐DF, 07 de novembro de 2018. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA Relator (STJ ‐ TutPrv no AREsp: 1324462 DF 2018/0170536‐9, Relator: Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data de Publicação: DJ 12/11/2018) PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO REGISTRO: 2020.0000386612 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 1036744‐ 07.2019.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que são apelantes PEDRO HENRIQUE DA SALETTE PAES (JUSTIÇA GRATUITA) e LEONARDO DA SALETTE PAES (REPRESENTADO POR SUA MÃE), são apelados MAURÍCIOS DELGADO SALIBIAN e CHRISTIANE PUGNO PIRES SALIBIAN. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 15ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V.U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores RAMON MATEO JÚNIOR (Presidente sem voto), VICENTINI BARROSO E ACHILE ALESINA. São Paulo, 1º de junho de 2020. JAIRO BRAZIL FONTES OLIVEIRA Relator Assinatura Eletrônica 15ª Câmara de Direito Privado Apelação nº 1036744‐07.2019.8.26.0100 Comarca: São Paulo – Foro Central Cível – 13ª Vara Cível Apelantes: Pedro Henrique de Salette Paes e Leonardo da Salette Paes Apelados: Maurício Delgado Salibian e Christiane Pugno Pires Salibian Voto nº 12.241 EMBARGOS DE TERCEIROS. Sentença de improcedência, com conseqüente apelo dos embargantes. Possibilidade de penhora dos direitos sobre imóvel objeto de compromisso de venda e compra. Dívida oriunda de negócio a envolver o próprio imóvel. Exceções previstas no §1º do art. 833 do Código de Processo Civil e inciso II do art. 3º da Lei 8.009/90. Alegação de adimplemento substancial não conhecida. Inovação recursal nesse aspecto. Recurso não provido na parte conhecida. Vistos. Embargos de terceiros julgados improcedentes pelo MM. Juiz Luiz Antonio Carrer, condenados os embargantes ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios arbitrados em R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito reais). Apelam os embargantes a pedirem reforma da r. sentença (páginas 144/149). Os recorrentes, filhos do executado, alegam que o imóvel onde residem com a genitora, é impenhorável porque é bem de família. Aduzem que o artigo 3º, II, da Lei 8.009/90 não se aplica à hipótese, pois não se trata de crédito decorrente de financiamento, observado ainda que o saldo executado corresponde, a rigor, ao valor dos móveis que guarneciam o imóvel, e não ao valor de aquisição da propriedade imóvel. Considerando que o preço do imóvel, dos móveis e semoventes correspondia a R$ 370.000,00 (trezentos e setenta mil reais) e que o genitor dos embargantes apelantes efetuou o pagamento da quantia de R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais), alegam adimplemento de parte substancial, de maneira que o contrato deve ser mantido e o credor pode haver seu crédito por outros meios. Apelo tempestivo. Ausente preparo, ante a gratuidade da justiça (página 96). Contrarrazões (páginas 155/170) pela manutenção do julgado. É o relatório. Embargos de terceiro para levantamento da penhora sobre os direitos que o executado, genitor dos embargantes apelantes, possui sobre o imóvel, objeto do instrumento particular de compra e venda firmado pelo executado e os embargados apelados. Os embargantes recorrentes alegam que no item 1.2 do referido instrumento o preço ajustado de R$ 370.000,00 (trezentos e setenta mil reais) abrangia o imóvel e todos os móveis e semoventes, e que após o pagamento da quantia de R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais), a posse do imóvel foi transferida ao adquirente, pois o valor remanescentes correspondia apenas aos móveis que guarneciam o imóvel. Ante inadimplência, foi celebrado o instrumento de aditamento ao compromisso particular de venda e compra de bem imóvel para pagamento do valor relativo à aquisição do mobiliário. Defendem a impenhorabilidade do bem porque destinado à moradia dos apelantes e de sua genitora. Em contestação, os recorridos alegam preliminarmente ilegitimidade ativa dos embargantes apelantes. Aduzem que descabe cogitar de impenhorabilidade do bem de família na ação judicial que objetiva a cobrança do saldo do preço de aquisição do próprio imóvel objeto da constrição, como é a hipótese dos autos. Os embargos de terceiro foram julgados improcedentes. O recurso não comporta provimento. As exceções previstas no §1º artigo 833 do Código de Processo Civil e inciso II do artigo 3º da Lei nº 8.009/90 são aplicáveis à hipótese, pois a ação foi proposta para satisfação de crédito decorrente de instrumento particular de compromisso de venda e compra firmado entre o genitor dos embargantes apelantes e os apelados. O §1º do artigo 833 do Código de Processo Civil estabelece: Art. 833. São impenhoráveis: (...) §1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição”. O artigo 3º, inciso II, da Lei nº 8.009/90 dispõe: Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: (...) II – pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; Oriundaa dívida de negócio a envolver o próprio imóvel cujos direitos foram penhorados, devem ser aplicadas as exceções à impenhorabilidade do bem de família. É o entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA. EXCEÇÃO. 1. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia com a aplicação do direito que entende cabível a hipótese, apenas não no sentido pretendido pela parte. 2. É admitida a penhora do bem de família, quando o resultado da dívida exeqüenda é decorrente do contrato de compra e venda do próprio imóvel, conforme exceção prevista no art. 3º da Lei nº 8.009/90. 3. Agravo regimental não provido. (Terceira Turma, AgRg no AREsp 652.420/SP, rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, j. 15.12.2015, DJe 04.02.2016). Decidiu esta Corte: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. Decisão que rejeito impugnação e manteve a penhora dos direitos sobre imóvel objeto de compromisso de venda e compra firmado entre as partes. Exceções previstas no parágrafo 1º do artigo 833 do Código de Processo Civil e inciso II do artigo 3º da Lei 8.009/90 que se aplicam ao caso dos autos, por se tratar de dívida oriunda de negócio envolvendo o próprio imóvel. Manutenção da decisão agravada. Nega‐se provimento ao recurso.” (TJSP, 1ª Câmara de Direito Privado, Agravo de Instrumento nº 2213425‐ 18.2019.8.26.0000, rel. Des. CRHISTINE SANTINI, j. 21.01.2020). AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO FUNDADA EM INSTRUMENTO DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. REJEIÇÃO DA IMPUGNAÇÃO APRESENTADA PELO EXECUTADO À PENHORA DOS DIREITOS QUE TEM ORIUNDOS DO CONTRATO. INSURGÊNCIA. ALEGAÇÃO DE ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL NÃO ACOLHIDA. Ação movida pelo credor promitente vendedor do imóvel. Exceção à impenhorabilidade do bem de família. Agravo não provido. (TJSP, 35ª Câmara de Direito Privado, Agravo de Instrumento nº 218047990.2019.8.26.0000, rel. Des. MORAIS PUCCI, j. 23.09.2019, v.u.). E não há prova de que o valor excutido se refira apenas a móveis e semoventes que guarneciam o imóvel, observado que no instrumento de aditamento ao compromisso particular de venda e compra de bem imóvel (páginas 20/22) sequer há menção a móveis e semoventes, mas previsão de que o valor devido se refere ao pagamento integral do preço para aquisição do bem imóvel, observado ainda que o anexo I ao instrumento particular de compromisso de compra e venda do imóvel, no qual estariam relacionados bens móveis e semoventes que guarneciam o imóvel, está em branco (página 15). Como destacado em contrarrazões, a alegação de adimplemento substancial trata‐se de inovação recursal, porque não ventilada em primeira instância, observando que os embargantes apelantes são parte ilegítima para defender a manutenção do contrato ante alegado adimplemento substancial, uma vez que não firmaram o referido instrumento contratual, observado ainda que os apelados sequer pleiteam o desfazimento do negócio jurídico nos autos principais, apenas cobram o saldo do preço. No tocante ao arbitramento de honorários advocatícios recursais, o Colendo Superior Tribunal de Justiça tem decidido: “(...) 5. É devida a majoração da verba honorária sucumbencial, na forma do art. 85, §11, do CPC/2015, quando estiverem presentes os seguintes requisitos, simultaneamente: a) decisão recorrida publicada a partir de 18.3.2016, quando entrou em vigor o novo Código de Processo Civil; b) recurso não conhecido integralmente ou desprovido, monocraticamente ou pelo órgão colegiado competente; e, c) condenação em honorários advocatícios desde a origem no feito em que interposto o recurso (...)” (STJ, 2ª Seção, AgInt nos Embargos de Divergência em REsp nº 1.539.725‐ DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j. em 09/08/2017). “(...) I – Para fins de arbitramento de honorários advocatícios recursais, previstos no §11 do art. 85 do CPC de 2015, é necessário o preenchimento cumulativo dos seguintes requisitos: 1. Direito Intertemporal: deve haver incidência imediata, ao processo em curso, da norma do art. 85, §11, do CPC/15, observada a data em que o ato processual de recorrer tem seu nascedouro, ou seja, a publicação da decisão recorrida, nos termos do Enunciado 7 do Plenário do STJ: “Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, §11, do novo CPC”; 2. O não reconhecimento integral ou o improvimento do recurso pelo Relator, monocraticamente, ou pelo órgão colegiado competente; 3. A verba honorária sucumbencial deve ser devida desde a origem no feito em que interposto o recurso; 4. Não haverá majoração de honorários no julgamento de agravo interno e de embargos de declaração oferecidos pela parte que teve seu recurso não conhecido integralmente ou não provido; 5. Não terem sido atingidos na origem os limites previstos nos §§2º e 3º do art. 85 do Código de Processo Civil de 2015, para cada fase do processo; 6. Não é exigível a comprovação de trabalho adicional do advogado do recorrido no grau recursal, tratando‐se apenas de critério de quantificação da verba (...)”. (STJ, 3ª Turma, Edcl no AgInt do REsp nº 1.573.573‐RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellize, j. em 04/04/2017). Nos termos do §11, do artigo 85, do Código de Processo Civil, majoro os honorários advocatícios para 11% do valor atualizado da causa. Diante do exposto, nega‐se provimento ao recurso na parte conhecida, elevados honorários advocatícios de sucumbência em sede recursal para 11% do valor atualizado da causa, observado o disposto no artigo 98, §3º, do Código de Processo Civil. Jairo Brazil Fontes Oliveira Relator Pesquisa Processo Civil Art. 833, IX do CPC O Art. 833, IX do CPC, trata da impenhorabilidade dos recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social. A impenhorabilidade de recursos públicos, em regra não é absoluta, precisando preencher dois requisitos: A) Ter natureza de verba Pública. B) Ter destinação específica de aplicação a Saúde, Educação ou Assistência social Jurisprudências encontradas: Todas são a favor da impenhorabilidade disciplinada no Art. 833, IX do CPC Caso em que foi provado a destinação de dinheiro público. 1ª. Juiz reconhece impenhorabilidade de recursos públicos recebidos pela Apae para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social. (0001001‐64.2012.5.03.0010 AIRR) Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Na avaliação do magistrado, a Apae conseguiu comprovar a destinação dos recursos públicos. Em consequência, ele determinou a liberação dos valores bloqueados via sistema Bacenjud, por força das disposições contidas no artigo 833, IX, do novo CPC. http://www.lex.com.br/noticia_27241947_JUIZ_RECONHECE_IMPENHORABILIDADE _DE_RECURSOS_PUBLICOS_RECEBIDOS_PELA_APAE_PARA_APLICACAO_COMPULSO RIA_EM_EDUCACAO_SAUDE_OU_ASSISTENCIA_SOCIAL.aspx#:~:text=833.,quarenta) %20salários‐mínimos". 2ª juiz reconhece a impenhorabilidade é por maioria, no mérito, da provimento para determinar a liberação do numerário bloqueado da conta n 1641.003.226‐0 da Caixa Econômica Federal. (AP 01003903720175010031 RJ) Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região. Neste caso a penhoraatingiu verba destinada ao SUS, conforme declaração da instituição financeira receptora, portanto, não é penhorável. A penhora somente ocorre, quando no processo não fica comprovado a natureza da verba pública e a destinação do dinheiro. https://trt‐1.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/736830706/agravo‐de‐peticao‐ap‐ 1003903720175010031‐rj/inteiro‐teor‐736830742?ref=juris‐tabs Pesquisa Processo Civil – art. 833, IV CPC A decisão do STJ, portanto, buscou equilibrar os direitos fundamentais em conflito no caso. Assegurou a garantia do mínimo existencial e da dignidade do devedor, sem desassistir a efetividade do processo e a satisfação do crédito pleiteado. A interpretação do dispositivo em questão deu‐se de maneira teleológica, observando‐se a finalidade da norma, qual seja a garantia de um padrão de vida médio ao credor, para si e para sua família, capaz de lhes garantir dignidade. Não afetando referido limite, concluiu o Tribunal que a penhora pode recair sobre percentual de seus vencimentos ou outras verbas de natureza alimentar, a fim de assegurar tutela jurisdicional que confira efetividade, na medida do possível e do proporcional, aos direitos do credor. O ministro Luís Felipe Salomão relembrou a decisão da Corte, no sentido de que há duas situações que admitem a penhora dos vencimentos, conforme o art. 833, IV, c/c o § 2° do CPC/2015, quais sejam: I) para o pagamento de prestação alimentícia, de qualquer origem, independentemente do valor da verba remuneratória recebida; e II) para o pagamento de qualquer outra dívida não alimentar, quando os valores recebidos pelo executado forem superiores a 50 salários mínimos mensais, ressalvadas eventuais particularidades do caso concreto. Em qualquer circunstância, deverá ser preservado percentual capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família (Resp 1.407.062/MG. Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 26/02/2019). https://direitoreal.com.br/noticias/stj-mantem-penhora-de- vencimentos-na-forma-do-art-833-do-cpc AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. PENHORA. PERCENTUAL. PENSÃO. FONTE PAGADORA. I - O art. 833, inc. IV, do CPC dispõe sobre a impenhorabilidade das pensões, no entanto, é admitida a constrição de percentual dessa verba, assegurada a subsistência do devedor e de sua família, com preservação do mínimo existencial e da dignidade. EREsp 1.582.475/MG julgado pela Corte Especial do e. STJ em 03/10/18. II - Agravo de instrumento conhecido e parcialmente provido.https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos -web/sistj A impenhorabilidade dos bens correspondente ao que se trata no Artigo 833 IV do CPC versa sobre duas inseguranças jurídicas, inseguranças essas que passam a ser sociais também ele dispõe sobre a proteção de bens protegidos da penhora, mas em relação social ele limita alguns valores para o efetivo cumprimento do título executivo, tal tema tem trazido indagações na Doutrina e em todo o Legislador. Quando a vigência do CPC de 1973 só havia flexibilização da impenhorabilidade, ou seja, passavam a ser bens penhoráveis qualquer tipo de objeto desde que fosse para a finalidade de pagamento de verbas alimentícias (era disposto no Artigo 649 do antigo CPC). Por muitas vezes a satisfação do crédito resta impossível de ser consolidada, tendo em vista a proteção que o Artigo 833 IV do CPC traz em relação a remuneração e vencimentos que se entendem como sendo para sustento próprio e da família do devedor. Muitas vezes também o devedor se encontra privado até mesmo de manter o mínimo em conta bancária para manter a si e sua família, tendo em vista que a qualquer momento pode ocorrer constrição judicial de valores depositados em contas bancárias próprias, muitos trabalhadores devedores preferem receber “por fora”, “em espécie”, “trocar cheques” para que não ocorra a penhorabilidade em suas contas bancárias. Entretanto por força do próprio §2º estão fora da regra da “impenhorabilidade”: a) a cobrança do débito alimentar, independente da sua origem, e. b) a cobrança do débito de qualquer origem, incidente sobre o valor que exceder a remuneração superior a 50 (cinquenta) salários‐mínimos. Os honorários advocatícios, sucumbenciais, têm natureza alimentícia e, por isso, o crédito deles oriundo é passível de penhora, pela exceção da letra "a", qual seja: a cobrança do débito alimentar, independentemente da sua origem. Assim entendeu já a quarta turma do STJ em relação a penhorabilidade de honorários advocatícios para satisfação de débitos: "AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC) - AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS - EXCEÇÃO À IMPENHORABILIDADE DE SALÁRIOS - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE CONHECEU DO AGRAVO PARA NEGAR SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. IRRESIGNAÇÃO DA AGRAVANTE. 1. Esta Corte Superior adota o posicionamento de que o caráter absoluto da impenhorabilidade dos vencimentos, soldos e salários (dentre outras verbas destinadas à remuneração do trabalho) é excepcionado pelo § 2º do art. 649 do CPC, quando se tratar de penhora para pagamento de prestações alimentícias. Precedentes. 2. Os honorários advocatícios, contratuais ou sucumbenciais têm natureza alimentícia, sendo, assim, possível a penhora de 30% da verba salarial para seu pagamento. Incidência à hipótese da Súmula nº 83 do STJ. 3. Agravo regimental desprovido." 2 Ainda assim, é passível de desconto na folha de pagamento e não penhora (ATENÇÂO, PARA NÃO CONFUNDIR OS RITOS) é autorizado o desconto em folha de pagamento para compensação e pagamento de empréstimos oferecidos por instituições bancárias limitados a 30% do salário integral do empregador, que se é baseado nas leis 10.820/03 (para empregados regidos pela CLT), 8.112/90 e decreto 6.386/08 (para servidores públicos). Conclusão da pesquisa: conclui – se então que no direito positivo haverá um eterno debate entre a necessidade da dívida ser satisfeita, desde que respeitando a dignidade do devedor, garantindo o mínimo para a vida digna deste, porém não se aceita também deixar a dívida ser descumprida e ficar o credor sem nada receber. GRUPO TOLEDO MIL GRAU Gabriel Leite Carvalhaes – 001.1.16.285 Marina Ferreira Olivatti – 001.1.16.138 Rafael Matsuno – 001.1.16.351 Caroline Menegasso – 001.1.16.050 João Rafael Caetano Tolentino – 001.1.16.067 Leonardo Geraldo Hernandes – 001.1.16.156 João Gabriel de Souza Merino – 001.1.16.282 GRUPO: CERVEJETARIANOS Caroline Saemi Hamada Bendrath – RA: 001.1.16.024 Débora Kaori Tominaga – RA: 001.1.16.074 Felipe de Oliveira Shibuya – RA: 001.1.16.202 Julia Galdiks Gardim Franzini – RA: 001.1.16.013 Mariellen Trevisan Bosso – RA: 001.1.16.248 Thaís Ramos Marchizelli – RA: 001.1.16.012 ARTIGO PARA PESQUISA: Art. 833. São impenhoráveis: IV ‐ os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º; X ‐ a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários‐mínimos; § 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários‐ mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º. O art. 833, § 2º, do CPC, trata da regra geral, que diz que o salário, proventos de aposentadoria, remunerações, e também quantia depositada na cadernetade poupança (até 40 salários mínimos) são impenhoráveis. Contudo, o § 2º é a exceção, deixando claro que é possível haver penhora desses itens mencionados em caso de pagamento de prestação alimentícia. JURISPRUDÊNCIAS: 1) Possibilidade de penhorar parte do salário do indivíduo para o pagamento de honorários advocatícios. O julgado abaixo diz que é possível penhorar o salário do devedor para pagamento de honorários advocatícios, pois o entendimento é que os honorários advocatícios têm natureza alimentar. Processo AgInt no AREsp 1595030 / SC AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2019/0296887‐5 Relator(a) Ministro RAUL ARAÚJO (1143) Órgão Julgador T4 ‐ QUARTA TURMA Data do Julgamento 22/06/2020 Data da Publicação/Fonte DJe 01/07/2020 AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENHORA INCIDENTE SOBRE VERBA SALARIAL. POSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL DE ORIGEM EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. A legislação processual civil (CPC/2015, art. 833, IV, e § 2º) contempla, de forma ampla, a prestação alimentícia, como apta a superar a impenhorabilidade de salários, soldos, pensões e remunerações. A referência ao gênero prestação alimentícia alcança os honorários advocatícios, assim como os honorários de outros profissionais liberais e, também, a pensão alimentícia, que são espécies daquele gênero. É de se permitir, portanto, que pelo menos uma parte do salário possa ser atingida pela penhora para pagamento de prestação alimentícia, incluindo‐se os créditos de honorários advocatícios, contratuais ou sucumbenciais, os quais têm inequívoca natureza alimentar (CPC/2015, art. 85, § 14). 2. A Quarta Turma, no julgamento do AgInt no REsp 1.732.927/DF (Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, julgado em 12/02/2019, DJe de 22/03/2019), decidiu que o julgador, sopesando criteriosamente as circunstâncias de cada caso concreto, poderá admitir ou não a penhora de parte da verba alimentar, ou limitá‐la a percentual razoável, sem agredir a garantia do executado e de seu núcleo essencial. No caso, a Corte local entendeu ser possível a penhora de parte do salário da agravante para o adimplemento de honorários advocatícios, em conformidade com a orientação desta Corte, que admite a mitigação da impenhorabilidade das verbas salariais no caso de dívida alimentar, como são considerados os honorários advocatícios. 3. Agravo interno a que se nega provimento. 2) Possibilidade de penhora dos honorários advocatícios do advogado (profissional liberal) para pagamento de dívida alimentar Entende‐se também que excepcionalmente, é possível penhorar parte dos honorários advocatícios contratuais ou sucumbenciais, quando a verba devida ao advogado ultrapassar o razoável para o seu sustento e de sua família. Ou seja, quando o advogado for devedor, é possível penhorar seus honorários advocatícios quando for para pagamento de prestação alimentícia e quando esses valores (dos honorários) forem superiores a 50 salários mínimos, mas é preciso salientar que cada caso é um caso, e esse valor de 50 salários mínimos pode aumentar ou diminuir, com intuito de proteger a dignidade do devedor e de sua família. Processo AgInt nos EDcl no REsp 1803343 / SP AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL 2019/0081208‐7 Relator(a) Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140) Órgão Julgador T4 ‐ QUARTA TURMA Data do Julgamento 15/10/2019 Data da Publicação/Fonte DJe 24/10/2019 RSDF vol. 117 p. 151 RECURSO ESPECIAL. PENHORA INCIDENTE SOBRE HONORÁRIOS. NATUREZA ALIMENTAR. POSSIBILIDADE. AVALIAÇÃO DO LIMITE DA CONSTRIÇÃO EM CADA CASO, SOB PENA DE SE COMPROMETER A SUBSISTÊNCIA DO EXECUTADO. 1. O STJ vem entendendo que "a regra geral da impenhorabilidade dos vencimentos, dos subsídios, dos soldos, dos salários, das remunerações, dos proventos de aposentadoria, das pensões, dos pecúlios e dos montepios, bem como das quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, dos ganhos de trabalhador autônomo e dos honorários de profissional liberal poderá ser excepcionada, nos termos do art. 833, IV, c/c o § 2° do CPC/2015, quando se voltar: I) para o pagamento de prestação alimentícia, de qualquer origem, independentemente do valor da verba remuneratória recebida; e II) para o pagamento de qualquer outra dívida não alimentar, quando os valores recebidos pelo executado forem superiores a 50 salários mínimos mensais, ressalvadas eventuais particularidades do caso concreto. Em qualquer circunstância, deverá ser preservado percentual capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família" (Resp 1.407.062/MG. Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 26/02/2019). 2. "A garantia de impenhorabilidade assegurada na regra processual referida não deve ser interpretada de forma gramatical e abstrata, podendo ter aplicação mitigada em certas circunstâncias, como sucede com crédito de natureza alimentar de elevada soma, que permite antever‐se que o próprio titular da verba pecuniária destinará parte dela para o atendimento de gastos supérfluos, e não, exclusivamente, para o suporte de necessidades fundamentais. Não viola a garantia assegurada ao titular de verba de natureza alimentar a afetação de parcela menor de montante maior, desde que o percentual afetado se mostre insuscetível de comprometer o sustento do favorecido e de sua família e que a afetação vise à satisfação de legítimo crédito de terceiro, representado por título executivo"(REsp 1356404/DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 04/06/2013, DJe 23/08/2013) 3. Na hipótese, diante das circunstâncias do caso concreto, mostra‐se possível a penhora dos valores excedentes a 50 salários mínimos no processo n° 0001150‐ 83.2013.8.26.0576, da 2ª Vara Cível da Comarca de São José do Rio Preto, na qual o advogado possui crédito vultoso de honorários a receber, nos termos do art. 833, §2° do CPC/2015. 4. Agravo interno não provido. 3) A exceção de impenhorabilidade que permite que o salário do devedor seja penhorado apenas em caso de dívida alimentícia é o entendimento majoritário nas jurisprudências do STJ Basicamente, a maioria dos julgados segue o mesmo esquema: apenas é possível penhorar salário do devedor quando a dívida for prestação alimentícia e não há possibilidade de relativização dessa exceção: Processo AgInt no REsp 1841539 / DF AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2019/0297393‐5 Relator(a) Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140) Órgão Julgador T4 ‐ QUARTA TURMA Data do Julgamento 04/05/2020 Data da Publicação/Fonte DJe 12/05/2020 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO. PENHORA SOBRE SALÁRIO. POSSIBILIDADE DE FLEXIBILIZAÇÃO DA IMPENHORABILIDADE DE VERBA REMUNERATÓRIA. EXCEPCIONALIDADE. 1. A regra geral da impenhorabilidade dos vencimentos, dos subsídios, dos soldos, dos salários, das remunerações, dos proventos de aposentadoria, das pensões, dos pecúlios e dos montepios, bem como das quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, dos ganhos de trabalhador autônomo e dos honorários de profissional liberal, poderá ser excepcionada, nos termos do art. 833, IV, c/c o § 2° do CPC/2015, quando se voltar: I) para o pagamento de prestação alimentícia, de qualquer origem, independentemente do valor da verba remuneratória recebida; e II) para o pagamento dequalquer outra dívida não alimentar, quando os valores recebidos pelo executado forem superiores a 50 salários mínimos mensais, ressalvando‐se eventuais particularidades do caso concreto. Em qualquer circunstância, deverá ser preservado percentual capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família. 2. Na hipótese, o valor originário da dívida objeto de ação de execução de título extrajudicial, consistente em contrato de mútuo com caução, corresponde a R$ 15.232,28 (quinze mil, duzento e trinta e dois reais). Assim, não sendo dívida de verba alimentar, nem existindo notícia de que a verba salarial mensal que se objetiva atingir seja superior a 50 salários mínimos, bem como ausente qualquer notícia do acórdão recorrido de particularidade no caso, impõe‐se o respeito a regra da impenhorabilidade. 3. Agravo interno não provido. Entretanto, há poucos julgados que admitem a relativização e permitem penhorar o salário em caso de dívida não alimentar, como por exemplo, no caso de um indivíduo que foi denunciado por lavagem de dinheiro e patrocínio infiel de 147 vítimas, e tinha movimentação de mais de 6 milhões na sua conta. Por ultrapassar o valor de 50 salários mínimos, eles entenderam que é possível a mitigação da impenhorabilidade tanto para pagamento de pensão alimentícia, como também para pagamento de dívidas não alimentares: Processo AgRg no RMS 59605 / RS AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA 2018/0329913‐9 Relator(a) Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA (1170) Órgão Julgador T5 ‐ QUINTA TURMA Data do Julgamento 26/05/2020 Data da Publicação/Fonte DJe 02/06/2020 AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.UTILIZAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA COMO SUCEDÂNEO RECURSAL.SEQUESTRO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS BLOQUEADOS PARA GARANTIA DO RESSARCIMENTO DE VÍTIMAS. IMPETRANTE DENUNCIADO POR ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA, LAVAGEM DE DINHEIRO, FALSIDADE IDEOLÓGICA E PATROCÍNIO INFIEL DE 147 VÍTIMAS. SUPERVENIENTE MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DA AÇÃO PENAL. EXTINÇÃO DO MANDAMUS SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. INVIABILIDADE DE ALTERAÇÃO DA AUTORIDADE COATORA. POSSIBILIDADE DE PENHORA DE VERBA ALIMENTAR. RESSALVA DO § 2º DO ART. 833 DO CPC/2015. 1. É inadmissível o manejo do mandado de segurança como meio de impugnar decisão judicial que indefere pedido de restituição de valores apreendidos em ação penal, se tal tipo de decisão pode ser impugnada por meio da apelação prevista no art. 593, II, do CPP, que, de regra, admite o efeito suspensivo. Óbices do art. 5º, II, da Lei 12.016/2009 e do enunciado n. 267 da Súmula/STF. 2. A jurisprudência é pacífica no sentido de que, caso tenha sido erroneamente indicada a única autoridade coatora no mandado de segurança, é incabível falar‐se em emenda à inicial ou em substituição da autoridade pelo Juízo, devendo o feito ser extinto sem resolução de mérito. Raciocínio similar pode ser aplicado no caso concreto em que houve alteração superveniente da autoridade apontada como coatora, pois é premissa básica do mandado de segurança que a legitimidade daquele que figura no polo passivo da impetração é definida por sua capacidade de desfazer o ato inquinado de ilegalidade. Situação em que a autoridade coatora indicada na petição inicial não mais detém competência para corrigir o ato coator, e o novo Juízo competente tem poderes para revisar todos os atos praticados por seu antecessor, o que implica que o recorrente pode reiterar seu pedido de liberação de bens e ativos bloqueados, sobrevindo nova decisão amparada em novos fundamentos que serão impugnáveis pela via recursal adequada. 3. Ainda que assim não fosse, não se vislumbra teratologia na decisão que estende o sequestro de valores em nome do Recorrente para atingir, também, honorários sucumbenciais, contratuais e eventuais cessões de direito (e‐STJ fl. 3.578), pois tal decisão encontra amparo tanto no art. 4º, § 4º, da Lei 9.613/1998 (Lei de Lavagem de Dinheiro), quanto no art. 91, § 2º, do Código Penal, que admitem seja efetuado o bloqueio de bens e direitos do investigado, em valores equivalentes ao do proveito do crime, com o objetivo precípuo de garantir a reparação do dano causado pela infração penal. 4. A jurisprudência desta Corte admite a mitigação da impenhorabilidade de honorários de profissional liberal tanto para pagamento de pensão alimentícia, como também para o pagamento de dívidas não alimentares. Precedentes: REsp 1.848.264/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/02/2020, DJe 27/02/2020; AgInt no REsp 1.828.084/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 17/12/2019, DJe 03/02/2020; AgInt no REsp 1.824.882/DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 21/11/2019, DJe 19/12/2019; AgInt nos EDcl no REsp 1.803.343/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 15/10/2019, DJe 24/10/2019. 5. Se mesmo os direitos e garantias reconhecidos constitucionalmente ao cidadão não têm caráter absoluto, podendo encontrar limites e mitigações quando confrontados por outros direitos ou garantias constitucionais, da mesma forma a impenhorabilidade de bens comporta relativização, se confrontada com situação que o justifique, desde que assegurada a sobrevivência do titular do bem impenhorável. In casu, o recorrente não demonstra que os valores bloqueados sejam imprescindíveis à sua sobrevivência, pois há registro de que, entre maio e julho/2017, as contas bancárias do recorrente indicavam uma movimentação de operações em espécie discriminadas como provimentos para saque, aplicações e cheques administrativos referentes a pagamentos diversos da ordem de R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) e não há notícia de que tais valores tenham sido apreendidos. 6. A impenhorabilidade de verba de natureza alimentar (in casu, honorários advocatícios) encontra limitação no § 2º do art. 833 do CPC/2015, que ressalva a possibilidade de penhora de importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários mínimos mensais. Situação em que se revela inviável o pronunciamento desta Corte sobre a legalidade do bloqueio de valores correspondentes a até 50 (cinquenta) salários mínimos, sob pena de indevida supressão de instância, uma vez que o recorrente ainda não formulou pleito de sua liberação perante o Juízo de primeiro grau. 7. Agravo regimental a que se nega provimento. Trabalho - Processo Civil GRUPO CR7 - (Apresentação – Joel) Andressa Pedriali Martinez – RA: 001.1.16.203 Camila Dorini Felisbino de Souza – RA: 001.1.16.219 João Pedro de Souza Loures Teixeira – RA: 001.1.16.135 Joel Vieira Berçocano – RA: 001.1.16.081 Luciana Egea – RA: 001.1.16.232 Marcos Augusto Espinhosa Coladello – RA: 001.1.16.289 Vanessa Spigaroli – RA: 001.1.16.315 TEMA: CPC- Art. 833. São impenhoráveis: XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei. CPC- Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução. § 9º Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do exequente,determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido por autoridade supervisora do sistema bancário, que tornem indisponíveis ativos financeiros somente em nome do órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que tenha dado causa à violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade pelos atos praticados, na forma da lei. LEI Nº 9.096, DE 19 DE SETEMBRO DE 1995. (Lei dos Partidos Políticos) Art. 15-A. A responsabilidade, inclusive civil e trabalhista, cabe exclusivamente ao órgão partidário municipal, estadual ou nacional que tiver dado causa ao não cumprimento da obrigação, à violação de direito, a dano a outrem ou a qualquer ato ilícito, excluída a solidariedade de outros órgãos de direção partidária. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009) Parágrafo único. O órgão nacional do partido político, quando responsável, somente poderá ser demandado judicialmente na circunscrição especial judiciária da sua sede, inclusive nas ações de natureza cível ou trabalhista. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013) Ler: Tribunal de Justiça do Mato Grosso TJ-MT - AGRAVO DE INSTRUMENTO : AI 10102595920208110000 MT - Inteiro Teor Juiz cita impenhorabilidade do fundo partidário ao desbloquear conta do PT 5 de julho de 2016, 19h42 Os valores do fundo partidário enviados a partidos políticos são impenhoráveis, conforme delimita o artigo 833 do novo Código de Processo Civil. Esse entendimento, somado a ausência de indícios de irregularidades, foi usado pelo juiz Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Vara Criminal da Federal em São Paulo, para desbloquear a conta bancária do Partido dos Trabalhadores (PT). No dia 3 de junho, a 6ª Vara Federal Criminal determinou o bloqueio de valores de diversas pessoas e empresas investigadas na operação custo brasil. Entre as contas bloqueadas estava a do PT. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, a decisão estava sob sigilo até que a operação ocorresse e a indisponibilidade fosse executada. “Em 27 de junho, a Justiça determinou sua liberação, tendo em vista que o Partido demonstrou que se tratava da conta que recebe os recursos do Fundo Partidário, que, por lei, é impenhorável”, esclarece a assessoria de imprensa do TRF-3. Na decisão, o juiz ressaltou o caráter impenhorável desses valores. “O fundo partidário é constituído por dotações orçamentárias da União, multas, penalidades, doações e outros recursos financeiros que lhe forem atribuídos por lei. A princípio, a investigação não demonstrou nenhum uso ilícito da conta que recebe os valores referentes ao fundo partidário. Assim, além da impenhorabilidade, falta, ao menos por enquanto, justa causa do bloqueio da conta.” Em artigo publicado na ConJur em 2008, a professora de Direito Constitucional Simone de Sá Portella — citando o CPC de 1973 — explica que a determinação foi estabelecida para evitar que os diretórios nacionais sejam responsabilizados por atos de representação do partido nos estados e municípios. "Isso porque, nos termos do artigo 41, da Lei 9.096/95, a distribuição dos recursos para o fundo é feita pelo TSE, diretamente aos Diretórios Nacionais dos partidos políticos." J.M. BIANCHINI (Advogado Sócio de Escritório - Civil): O inciso XI do art. 833 do CPC/2015, com idêntica redação do art. 649, XI do CPC/1973, dispõe que são impenhoráveis os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei. A lei que disciplina os Partidos Políticos estabelece que o fundo partidário é formado por diversas fontes de recursos, inclusive os recursos públicos. Assim, a impenhorabilidade não é dos recursos do fundo partidário, mas apenas dos recursos públicos nele recebido, ficando os recursos recebidos de outras fontes - que não é pouco, como é público e notório -, passíveis de bloqueio e consequente penhora. Nesse contexto, sou levado a crer que a decisão noticiada é equivocada, porquanto a liberação dependia da comprovação de que entre os recursos bloqueados havia recursos da fonte pública. Recursos públicos do fundo partidário – impenhorabilidade Tema criado em 23/3/2020. “1. Demonstrando o executado que a conta bancária objeto de penhora online é destinada ao recebimento de recursos públicos do Fundo Partidário, aberta especificamente para movimentação dos recursos provenientes do programa de promoção e difusão da participação política das mulheres (art. 6º, IV, Resolução TSE 23.464/15), elencada, inclusive, em prestação de contas perante o Tribunal Superior Eleitoral, conclui-se que os valores nela depositados são impenhoráveis, em atenção ao comando do artigo 833, XI, do Código de Processo Civil.” Acórdão 1116815, 07063177420188070000, Relator: SIMONE LUCINDO, 1ª Turma Cível, data de julgamento: 8/8/2018, publicado no DJE: 20/8/2018. Trecho de acórdão “Em síntese, o agravante quer a desconstituição da penhora on line promovida no bojo de processo de execução de título extrajudicial, alegando ser parte ilegítima para figurar no polo passivo da execução, além de ser impenhorável a verba em questão, por força do art. 833, XI, do CPC, uma vez que integra o fundo partidário. O recurso não merece provimento. (...) Noutro giro, em que pese os recursos públicos do fundo partidário serem impenhoráveis, consoante o art. 833, XI, do CPC, o agravante não se desincumbiu do ônus de comprovar que a constrição recaiu sobre valor depositado em conta destinada a esse fim. Note-se que a parte apresentou certidão emitida pelo Tribunal Superior Eleitoral, informando que a conta corrente receptora dos recursos do fundo partidário seria a de nº 5428, agência 0630, da Caixa Econômica Federal (...). E o extrato do Bacenjud, (...), demonstra que o bloqueio foi realizado em conta corrente da Caixa Econômica, de titularidade do partido executado. Entretanto, não há como concluir que se trata da mesma conta indicada na certidão do Tribunal Superior Eleitoral, já que o comprovante do Bacenjud não informa a conta em que foi realizada a constrição. Vale ressaltar que a parte poderia demonstrar facilmente que o bloqueio foi promovido na conta do fundo partidário, juntando, por exemplo, o extrato bancário, onde estaria consignada a indisponibilidade do recurso. Acórdão 1073492, 07131521520178070000, Relator: FÁBIO EDUARDO MARQUES, 7ª Turma Cível, data de julgamento: 7/2/2018, publicado no DJE: 21/2/2018. Acórdãos representativos Acórdão 1133504, 07155872520188070000, Relator: ESDRAS NEVES, 6ª Turma Cível, data de julgamento: 24/10/2018, publicado no DJE: 7/11/2018; Acórdão 1018551, 20130111634165APC, Relator: FERNANDO HABIBE, 4ª Turma Cível, data de julgamento: 17/5/2017, publicado no DJE: 25/5/2017; Acórdão 892061, 20150020168504AGI, Relator: JOÃO EGMONT, 2ª Turma Cível, data de julgamento: 2/9/2015, publicado no DJE: 9/9/2015. Destaques TJDFT Penhora de bens de partido político – recursos provenientes do fundo partidário – ônus da prova “5. É ônus do executado a comprovação de que os valores bloqueados são impenhoráveis, nos termos legais. Consoante manifestação do Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva no julgamento do Recurso Especial 1.474.605/MS, o Fundo Partidário não é a única fonte de recursos dos partidos políticos, os quais dispõem de orçamento próprio, oriundo de contribuições de seus filiados ou de doações de pessoas físicas e jurídicas (art. 39 da Lei 9.096/1995), e que, por conseguinte, ficam excluídas da cláusula de impenhorabilidade.” Acórdão 1212986, 07266175420188070001, Relator: EUSTÁQUIO DE CASTRO, 8ª Turma Cível, data de julgamento: 25/10/2019, publicado no DJE: 11/11/2019. STJ Penhora de valores oriundos do fundo partidário – impossibilidade “1. O art. 649, XI, do CPC impõe a impenhorabilidade absoluta dos recursos públicos do fundo partidário, nele compreendidas as verbas previstas nos incisos I, II,
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