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MATERIAL DE APOIO PESQUISA JURISPRUDENCIAL - 10 B

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Grupo Tribunal do FDS 
Gabriela Silles de Souza – R.A. 001.1.16.005 
Thayane Caroline Sobral Miguel – R.A. 001.1.16.059 
Laiane Santos Vieira – R.A. 001.1.16.236 
Laura Campos de Freitas – R.A. 001.1.16.405 
 
 Breve análise e pesquisa jurisprudencial acerca do inciso VI  do Art. 833 NCPC 
De acordo com o Art. 833, VI, do Novo Código de Processo Civil, são impenhoráveis os 
seguros de vida. Além disso, o Art. 794 do mesmo diploma legal prevê que o capital segurado 
não é herança e nem está sujeito à dívidas dos Segurado, sendo, portanto, impenhorável para 
cobrir as dívidas do Segurado. 
No entanto,  tendo  como base pesquisa  jurisprudencial  devemos  analisar  o  que  vem 
decidindo o Superior Tribunal de Justiça a respeito:  
 
RECURSO  ESPECIAL.  SEGURO  DE  VIDA.  ART.  649,  IX,  DO  CPC/1973. 
EXECUÇÃO.  INDENIZAÇÃO  SECURITÁRIA.  NATUREZA  ALIMENTAR. 
IMPENHORABILIDADE. 40 (QUARENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. ART. 649, X, DO 
CPC/1973.  LIMITAÇÃO.1.  Recurso  especial  interposto  contra  acórdão 
publicado  na  vigência  do  Código  de  Processo  Civil  de  1973  (Enunciados 
Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Cinge‐se a controvérsia a determinar se é 
possível a penhora da  indenização recebida pelo beneficiário do seguro de 
vida em execução voltada contra si. 3. A impenhorabilidade do seguro de vida 
objetiva proteger o respectivo beneficiário, haja a vista a natureza alimentar 
da  indenização  securitária.  4.  A  impossibilidade  de  penhora  dos  valores 
recebidos pelo beneficiário do seguro de vida  limita‐se ao montante de 40 
(quarenta)  salários  mínimos,  por  aplicação  analógica  do  art.  649,  X,  do 
CPC/1973, cabendo a constrição judicial da quantia que a exceder. 5. Recurso 
especial parcialmente provido. 
 
Sobre a possibilidade de investida sobre o bem da pessoa física, a 3ª Turma do Superior 
Tribunal  de  Justiça,  em  recente  julgamento  (REsp  nº  1.361.354  ‐  RS),  decidiu  sobre  a 
possibilidade de penhora de valores pagos à título de indenização decorrente de seguro de vida, 
e  estipulou  o  limite  de  40  (quarenta)  salários  mínimos  como  sendo  o  teto  para  valores 
impenhoráveis. Valores recebidos acima desse marco podem ser penhorados para saldar dívidas 
de seu beneficiário. O seguro de vida, em regra, tem sua impenhorabilidade assegurada pela 
legislação processual civil (art. 833, VI), contudo, como se pode notar, apenas quantias vultuosas 
é que podem servir a execução para satisfação do débito. 
A recente decisão da 3ª Turma ponderou divergentes entendimentos doutrinários e, por 
uma aplicação analógica do art. 649, X do CPC/73 (art. 833, X do CPC/15), definiu um patamar 
fixo para considerar como impenhorável a indenização paga ao beneficiário em decorrência de 
seguro  de  vida,  sendo  esta  estipulada  em  40  (quarenta)  salários  mínimos.  Firmou‐se 
entendimento que a quantia excedente a esse valor poderá ser objeto de constrição judicial. A 
3ª Turma analisou o caso ainda sob a ótica de aplicação do Código de Processo Civil anterior 
(CPC/73),  porém,  tendo  em  vista  que  não  ocorreram modificações  significativas  nos  artigos 
correspondentes do atual código, é possível a aplicação desse entendimento da Corte Superior 
na legislação atual. Vale dizer, que nessa decisão supramencionada, houveram votos no sentido 
de  permitir  que  fossem  penhorados  valores  abaixo  desse  teto,  para  garantir  dividas  em 
execução, no intuito de prestigiar os princípios norteadores do procedimento executivo como o 
da  menor  onerosidade,  contudo  tais  votos  foram  vencidos,  justamente  pelo  fato  de  que 
atualmente a renda decorrente do seguro de vida é considerada como “verbas alimentares”. 
 Nota‐se  grande  crítica  nesse  sentido,  veja,  o  valor  de  40  salários mínimos  já  é  uma 
quantia  razoável,  e  nessa  senda,  se  fosse  possível  que,  mesmo  que  inferior  ao  teto,  se 
penhorasse pelo menos parte dessa quantia, como 20 ou 30%, não haveria um grande prejuízo 
ao executado. Ademais, essa regra quase que absoluta da impenhorabilidade do seguro de vida 
(no patamar inferior a 40 salários mínimos) serve para estimular o inadimplemento. 
Por  fim,  ressalta‐se  que  tal  decisão  tem  grande  impacto  no  mundo  jurídico,  pois, 
demonstra que a Corte Superior tem relativizado ainda mais a regra da impenhorabilidade de 
bens e valores, possibilitando constrições judiciais sobre bens e valores que anteriormente eram 
considerados absolutamente impenhoráveis. 
Portanto, podemos concluir que, a penhorabilidade do seguro de vida é relativa, caso o 
beneficiário  demonstre  que  tal  verba  será  voltada    à    sua  subsistência,  comprovando  a 
destinação alimentar, aí sim o seguro de vida se tornará impenhorável, com fundamento no art. 
649,  IV,  do CPC/1973 ou no art. 833, IV, do NCPC, isto é, “quantia recebida  por  liberalidade  
de terceiro e destinadas ao sustento do devedor  e  sua  família”,  assim  como ocorrerá se o 
seguro  de  vida  contiver    cláusula    de    inalienabilidade  ou  de  impenhorabilidade,  em que    a 
exceção decorrerá da regra insculpida no art. 649, I, ou 833, I, do NCPC (“bem impenhorável por 
declaração de vontade”). 
 
 
Referências Bibliográficas: 
 
 
https://jus.com.br/artigos/83178/recebi‐indenizacao‐do‐seguro‐de‐vida‐esse‐valor‐pode‐ser‐
penhorado 
 
http://www.baraldi.adv.br/pt/publicacoes‐e‐noticias/73‐stj‐abranda‐impenhorabilidade‐das‐
indenizacoes‐decorrentes‐seguros‐de‐vida 
 
https://www.conjur.com.br/2018‐ago‐31/valor‐seguro‐vida‐impenhoravel‐40‐salarios‐
minimos 
 
http://vfkeducacao.com/stj‐a‐impossibilidade‐de‐penhora‐dos‐valores‐recebidos‐pelo‐
beneficiario‐do‐seguro‐de‐vida‐limita‐se‐ao‐montante‐de‐40‐quarenta‐salarios‐minimos‐por‐
aplicacao‐analogica‐do‐art‐649‐x‐do‐cpc197/ 
 
http://www.anspnet.org.br/opiniao‐academica/da‐possibilidade‐de‐penhora‐sobre‐seguro‐de‐
vida‐ou‐peculio/ 
 
PESQUISA JURISPRUDENCIAL 
ART. 833, §1º, CPC 
 
GRUPO: DURA LEX SED LEX 
 
MEMBROS:   Andressa GarbeliniBazilio Silva             R.A: 001.1.16.378 
Anna Luisa Omori Taho                           R.A: 001.1.16.311 
Fernando Passos de Gois                        R.A: 001.1.16.299 
Thiago Nemezio Siqueira da Costa       R.A: 001.1.16.391 
 
 
Art. 833, §1º ‐ A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio 
bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição. 
 
Quando  o  bem  impenhorável,  contudo,  for  objeto  da  dívida  que  ensejou  o  processo  de 
execução  por  quantia  certa,  não  poderá  ser  oponível  a  impenhorabilidade  a  ele,  de  acordo 
com o 1º do art. 833 do NCPC. 
 
ILEGITIMIDADE PASSIVA – EXCEÇÃO DE PRÉ ‐EXECUTIVIDADE – IPTU – 
Inocorrência – Imóvel tributado objeto de contrato de cessão de posse 
e promessa de compra e venda – Ausência de eficácia erga omnes do 
contrato  –  Impossibilidade  de  oposição  contra  a  administração 
tributária  –  Legitimidade  do  proprietário  que  figura  no  registro 
imobiliário  –  Artigos  1227  e  1245,  caput,  e  §  1º  do  CC  –  Alegação 
afastada.  IMUNIDADE  ‐  IPTU  ‐  CDHU  –  SOCIEDADE  DE  ECONOMIA 
MISTA  –  Imunidade  recíproca  inexistente  na  espécie  ‐  Benefício  que 
não alcança sociedade de economia mista – Precedentes desta Corte – 
Orientação do Colendo STF no sentido de que o  serviço prestado por 
esse tipo de empresa, para resultar em inaplicabilidade da vedação de 
que  trata  o  art.  173,  §  2º,  da  Constituição  Federal,  deve  ser  público, 
indisponível  e  prestado  em  regime  de  exclusividade,  o  que  não  é  o 
caso  –  Pretensão  afastada.  IMPENHORABILIDADE  ‐  Execução  fiscal 
relativa  a  IPTU  ‐  Imóvel  tributado  de  propriedade  da  CDHU  ‐ 
Inexistência  de  qualquer  amparo  legal  para  assim  considerá‐lo,  dado 
que  as  empresas  públicas  e  de  economia  mista  não  gozam  de 
privilégios  fiscais  não  extensivos  ao  setor  privado  ‐  Benefício  não 
oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem ‐ Artigo833, § 
1º,  do  CPC  ‐  Eventual  reconhecimento  da  impenhorabilidade  que 
alcançaria, quando muito, apenas aos bens diretamente vinculados ao 
serviço  público  prestado,  o  que  não  é  o  caso  ‐  Alegação  afastada  ‐ 
RECURSO NÃO PROVIDO 
(TJ‐SP  ‐  AC:  10015760920178260198  SP  1001576‐09.2017.8.26.0198, 
Relator:  Fortes Muniz,  Data  de  Julgamento:  28/11/2019,  15ª  Câmara 
de Direito Público, Data de Publicação: 02/12/2019) 
 
 
 
 
 
PODER JUDICIÁRIO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 
 
Registro: 2020.0000445702 
 
ACÓRDÃO 
 
Vistos,  relatados  e  discutidos  estes  autos  de  Agravo  de  Instrumento  nº  2086340‐
15.2020.8.26.0000, da Comarca de Ribeirão Preto, em que é agravante RINALDO DOS SANTOS, 
é agravada SUELY DE MELO GUIMARÃES. 
ACORDAM,  em  sessão  permanente  e  virtual  da  6ª  Câmara  de  Direito  Privado  do 
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento 
ao recurso. V.U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. 
O julgamento teve a participação dos Desembargadores PAULO ALCIDES (Presidente), 
MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES E COSTA NETTO. 
 
São Paulo, 18 de junho de 2020. 
 
PAULO ALCIDES 
Relator 
Assinatura Eletrônica 
 
 
VOTO Nº: 39442 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO: 2086340‐15.2020.8.26.0000 
COMARCA: RIBEIRÃO PRETO 
AGRAVANTE(S): RINALDO DOS SANTOS 
AGRAVADO(S): SUELY DE MELO GUIMARÃES 
MM. JUIZ(A): HEBER MENDES BATISTA 
 
AÇÃO  DE  ARBITRAMENTO,  C.C.  COBRANÇA  DE  ALUGUEL.  CUMPRIMENTO  DE  SENTENÇA. 
Determinada a penhora do  imóvel objeto do  litígio na parte pertencente ao executado. Bem 
de  família.  Impenhorabilidade não oponível  ao  condômino que executa o débito oriundo da 
posse  exclusiva  do  bem  pela  coproprietária.  Inteligência  do  artigo  833,  §1º  ,  do  CPC/15. 
Decisão mantida. 
RECURSO DESPROVIDO. 
 
 
RINALDO DOS SANTOS interpõe recurso de agravo de instrumento contra a r. decisão 
(fls. 26/28), proferida na ação de arbitramento, cumulada com cobrança de aluguel, em fase 
de  cumprimento  de  sentença,  proposta  por  SUELY  DE  MELO  GUIMARÃES,  que  deferiu  a 
penhora do imóvel objeto do litígio, na parte pertencente ao executado. 
Sustenta, em síntese, ser deficiente mental e que reside no bem há mais de 40 anos. 
Afirma não ser possível a penhora por se tratar de bem de família.(fls. 01/03) 
Indeferida a liminar pleiteada. (fls. 33/34) 
Dispensada a intimação da parte contrária, ante a ausência de prejuízo. 
É o relatório. 
O recurso não comporta provimento. 
No que diz respeito à impenhorabilidade do bem de família, nos termos do artigo 1º da 
Lei nº 8.009/90: “o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável 
e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra 
natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais e  filhos que sejam seus proprietários e nele 
residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei”. 
O artigo 833, §1º, do CPC/2015, por sua vez, estabelece: “A impenhorabilidade não é 
oponível  à  execução  de  dívida  relativa  ao  próprio  bem,  inclusive  àquela  contraída  para  sua 
aquisição”. 
Em que pese o imóvel objeto do processo ostentar natureza jurídica de bem de família, 
e,  portanto,  em  regra,  ser  impenhorável,  tal  restrição  não  é  oponível  ao  condômino  que 
executa  débito  oriundo  da  posse  exclusiva  do  bem  pelo  coproprietário,  como  ocorre  na 
espécie, o que afasta o benefício legal do referido artigo. 
Nesse sentido, precedente desta E. Câmara: 
 
AGRAVO  DE  INSTRUMENTO.  Cumprimento  de  sentença.  Pretensão  de 
reconhecimento de excesso de execução. Questão que não é objeto da decisão 
agravada. Decisão que  se  limitou a afastar a alegação de  impenhorabilidade 
da  fraca  ideal  do  imóvel  pertencente  ao  executado.  Imóvel  em  condomínio. 
Decisão  transitada  em  julgado  que  condenou  o  agravante  ao  pagamento  de 
alugueres  pelo  uso  exclusivo  do  bem,  na  proporção  de  sua  fração  ideal. 
Impenhorabilidade corretamente afastada. Hipótese em que o débito provém 
da  própria  utilização  do  imóvel.  Inteligência  do  art.  833,  §1º,  do  CPC. 
Precedentes. Recurso desprovido. 
(AI nº 2211892‐24.2019.8.26.0000, rel. des. Marcus Vinicius Rios Gonçalves, j. 
em 10.10.2019) 
 
Com relação à alegada deficiência mental, conforme decidido no  julgamento da Apelação nº 
4007642‐39.2013.8.26.0506, ocorrido em 28.09.2016: 
 
“Inexiste  sequer  indício  de  prova  a  respeito  do  retardamento  mental  do 
requerido e,  caso houvesse, deveria  ter  sido  representado por  curador, muito 
embora essa circunstância, por si só, não obsta o direito da requerente quanto 
à fruição de sua parte ideal sobre o imóvel”. 
 
Concluindo, a r. decisão agravada proferida pelo juiz, dr. Heber Mendes Batista, é de 
ser mantida. 
Por derradeiro, para evitar a costumeira oposição de embargos declaratórios voltados 
ao prequestionamento,  tenho por  ventilados, neste grau de  jurisdição,  todos os dispositivos 
legais citados no recurso interposto. Vale lembrar que a função do julgador é decidir a  lide e 
apontar,  direta  e  objetivamente,  os  fundamentos  que,  para  tal,  lhe  foram  suficientes,  não 
havendo  necessidade  de  apreciar  todos  os  argumentos  deduzidos  pelas  partes,  um  a  um. 
Sobre o tema, confira‐se a jurisprudência (STJ, EDcl no REsp nº 497.941/RS, Rel. Min. Franciuli 
Neto, publicado em 05/05/2004; STJ, EDcl no AgRg no Ag nº 52.074, Rel. Min. Denise Arruda, 
publicado em 25/10/2004). 
Ante o exposto, nega‐se provimento ao agravo. 
 
PAULO ALCIDES AMARAL SALLES 
Relator 
 
 
“Outro  imbróglio  cuja  resolução  poderia  ter  recebido  maior  atenção  refere‐se  à 
impenhorabilidade  das  verbas  de  caráter  remuneratório,  previstas  no  art.  649,  inciso  IV,  do 
CPC/73,  reproduzida no art.  833,  inciso  IV, do CPC/15. Apesar de  tal modalidade  ter  sofrido 
relevante  alteração,  imposta  pelo  §1º  do mesmo  artigo,  difícil  vislumbrar  uma melhoria  no 
grau  de  satisfação  patrimonial  das  execuções.  Isso  porque  o  §1º  do  art.  833,  ao  permitir  a 
penhora de valores remuneratórios superiores a 50 salários‐mínimos mensais, estipulou limiar 
deveras alto para  tal modalidade executiva,  se  cotejado com elementos pertinentes  sobre o 
perfil das rendas nacionais. 
O atual teto da previdência social (INSS) é de, aproximadamente 5.57 vezes o valor do salário‐
mínimo vigente. Noutra banda, a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos públicos, 
bem  como  nos  regimes  próprios  de  previdência,  os  proventos,  pensões  ou  outra  espécie 
remuneratória  não  poderão  exceder  o  subsídio mensal  dos Ministros  do  Supremo  Tribunal 
Federal (STF), por força de redação expressa do art. 37, XI, da CF/88 – atualmente, fixado entre 
42  e  43  salários‐mínimos.  No  Censo  2010,  o  último  promovido  pelo  IBGE,  consta  pesquisa 
sobre  os  rendimentos  nominais  mensais,  da  qual  se  observa  o  seguinte:  somente  556.901 
pessoas ganhavam acima de 30  salários‐mínimos.  Esse é o último patamar da pesquisa, não 
havendo  dados  para  faixas  salariais  superiores.Trata‐se  de  quantitativo  representante  de 
0,30% da população total de 2010 (190.732.694 habitantes). 
Uma simples leitura dos dados coletados permite uma importante conclusão sobre a exceção 
do  art.  833,  §1º,  do  CPC/15:  a  penhorabilidade  salarial  lá  prevista  não  abrangerá  nenhum 
aposentado ou pensionista do INSS, nenhum aposentado ou pensionista de regime próprio de 
previdência  pública,  nenhum  servidor  público  –  nem mesmo  a  mais  alta  cúpula,  composta 
pelos Ministros do STF. Se somente 0,30% da população ganha acima de 30 salários‐mínimos, 
temos  a  garantia  de  exclusão  de,  pelo  menos  99,70%  dos  rendimentos  auferidos  do  novo 
regime de penhora salarial.  Isso sem prejuízo do contingente situado entre 30 a 50 salários‐
mínimos, não abrangidona pesquisa do IBGE – sugerindo percentual ainda superior de pessoas 
não  afetadas.  Significa  dizer:  a  exceção  do  art.  833,  §1º  do  CPC/15,  ao  estipular  hipótese 
específica de penhorabilidade remuneratória, revela‐se írrita. Não trará qualquer repercussão 
prática  para  a  efetividade  do  processo  executivo,  pois  exclui  de  sua  incidência  a  quase 
totalidade da população brasileira. 
Pelo  exposto,  observa‐se  a  perda  de  oportunidade  do  CPC/15  de  melhorar  o  sistema  de 
impenhorabilidades, com a incorporação de interpretações do STJ sobre os dispositivos do art. 
649  do  CPC  na  redação  do  art.  833  do  CPC/15  –  conferindo  maior  segurança  jurídica  aos 
operadores  do  direito.  Trata‐se  de  casos  como  a  interpretação  extensiva  dada  à 
impenhorabilidade  de  40  salários‐mínimos  depositados  na  poupança.  Não  só:  a  própria 
tentativa de inovação, com estipulação de ressalva às impenhorabilidades remuneratórias (art. 
833,  IV  e  §1º  do  CPC/15),  não  apresentará  qualquer  relevância  na  prática  processual,  pois 
concebida de maneira inadequada para efetiva aplicação, por abranger contingente mínimo de 
destinatários. 
 
(Trecho  do  artigo  “O  sistema  de  Impenhorabilidade  no  CPC/15:  inovações  e  reiteração  da 
(in)eficácia do modelo executivo anterior, Paulo Henrique Figueredo de Araújo). 
 
Ressalva geral às regras de impenhorabilidade (art. 833, §1º, CPC) 
O §1º do art. 833 assim determina: “§1º A  impenhorabilidade não é oponível à execução de 
dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição”. 
As regras de impenhorabilidade não se aplicam na execução dos créditos fundados em negócio 
jurídico que serviu para a aquisição dos respectivos bens. Trata‐se de regra elogiável: não seria 
équo que o “credor que propiciou ao atual  titular do bem sua própria aquisição não  tivesse 
como  haver  o  respectivo  preço”.  Como  bem  lembra  Humberto  Theodoro  Jr.,  “de  duas 
maneiras pode surgir o crédito em semelhante situação: (i) o alienante concede ao adquirente 
prazo para pagar o preço do bem que lhe é desde logo transferido; ou (ii) o adquirente obtém 
financiamento com terceiro para custear o preço da coisa adquirida”. 
Também não pode ser oponível a impenhorabilidade à execução de dívida relativa ao próprio 
bem, como as taxas condominiais e os impostos. 
 
(Trecho do livro CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL‐EXECUÇÃO – Fredie Didier Jr.) 
 
 
 
AGRAVO  DE  INSTRUMENTO.  EXECUÇÃO  DE  TÍTULO  EXTRAJUDICIAL.  IMPENHORABILIDADE. 
ART. 833, V DO CPC. DIREITOS SOBRE O VEÍCULO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. EXCEÇÃO. ART. 833, 
§  1º  DO  CPC.  1.  Segundo  entendimento  do  Superior  Tribunal  de  Justiça,  a  regra  geral  é  a 
penhorabilidade dos bens da pessoa jurídica, impondo‐se, todavia, a aplicação excepcional do 
art.  833,  inciso  V,  do  Código  de  Processo  Civil  ,  nos  casos  em  que  os  bens  revelem‐se 
indispensáveis  à  continuidade  das  atividades  de microempresa  ou  de  empresa  de  pequeno 
porte. 2. Para fins de reconhecimento da impenhorabilidade não basta a simples invocação do 
dispositivo  legal  de  impenhorabilidade  dos  bens,  mas  a  demonstração  concreta  de  sua 
essencialidade e utilidade para a continuidade das atividades profissionais da empresa. 3. No 
caso, todavia, há que se observar que não se trata de penhora do veículo propriamente dito, 
mas  dos  direitos  de  crédito  existentes  sobre  o  veículo  caminhão  VOLVO/VM  270  6x2R  de 
placas  IUM9643.  Ademais,  este  veículo  foi  oferecido  em  garantia,  através  de  alienação 
fiduciária,  na  CCB‐  Financiamento  de  Veículos  nº  18.3449.653.000007‐03,  a  qual  foi 
posteriormente objeto de renegociação no contrato nº 18.3449.690.0000015‐85 e novamente 
no contrato nº 18.3449.690.0000053‐00, sendo que em ambos os contratos foram mantidas as 
cláusulas que previam a alienação ficudiária do referido veículo em garantia à dívida. 4. Logo, 
incide à espécie o disposto no art. 833, § 1º do CPC, o qual dispõe que "a impenhorablidade 
não é ponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para a 
sua aquisição". 
 
(TRF‐4,  AG  5047563‐23.2018.4.04.0000,  Relator(a): MARGA  INGE  BARTH  TESSLER,  TERCEIRA 
TURMA, Julgado em: 21/05/2019, Publicado em: 22/05/2019) 
 
 
RECURSO  ESPECIAL.  SEGURO  DE  VIDA.  ART.  649,  IX,  DO  CPC/1973. 
EXECUÇÃO.  INDENIZAÇÃO  SECURITÁRIA.  NATUREZA  ALIMENTAR. 
IMPENHORABILIDADE.  40  (QUARENTA)  SALÁRIOS  MÍNIMOS.  ART.  649,  X,  DO  CPC/1973. 
LIMITAÇÃO. 
1. Recurso  especial  interposto  contra  acórdão  publicado  na  vigência  do  Código  de 
Processo  Civil  de  1973  (Enunciados  Administrativos  nºs  2  e  3/STJ). 
2.  Cinge‐se  a  controvérsia  a  determinar  se  é  possível  a  penhora  da  indenização 
recebida  pelo  beneficiário  do  seguro  de  vida  em  execução  voltada  contra  si. 
3. A impenhorabilidade do seguro de vida objetiva proteger o respectivo beneficiário, 
haja  a  vista  a  natureza  alimentar  da  indenização  securitária. 
4. A impossibilidade de penhora dos valores recebidos pelo beneficiário do seguro de 
vida limita‐se ao montante de 40 (quarenta) salários mínimos, por aplicação analógica 
do art. 649, X, do CPC/1973, cabendo a constrição judicial da quantia que a exceder. 
5.  Recurso  especial  parcialmente  provido. 
(REsp  1361354/RS,  Rel.  Ministro  RICARDO  VILLAS  BÔAS  CUEVA,  TERCEIRA  TURMA, 
julgado em 22/05/2018, DJe 25/06/2018) 
 
TutPrv no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.324.462 ‐ DF (2018/0170536‐9) 
 
RELATOR : MINISTRO ANTONIO CARLOS FERREIRA 
REQUERENTE : GLACY COSTA 
ADVOGADOS  :  PAULO  HENRIQUE  FRANCO  PALHARES  ‐  DF019336;  FERNANDO  LUIZ 
CARVALHO DANTAS  ‐ DF022588;  RENATA  LELIS  RUFINO DOS  SANTOS  ‐ DF036086;  ISABELA 
TODD SILVA FREIRE E OUTRO (S) ‐ DF054338 
REQUERIDO : GERALDO BORGES SOUTO 
ADVOGADOS  :  WILSON  SAMPAIO  SAHADE  FILHO  ‐  DF022399;  ALICE  DIAS  NAVARRO  ‐ 
DF047280; LUIZA DE FARIA DAOURA E OUTRO (S) ‐ DF058691 
 
DECISÃO 
 
Trata‐se  de  pedido  de  tutela  de  urgência,  formulado  nos  termos  do  art.  995, 
parágrafo  único,  do  CPC/2015,  objetivando  atribuir  efeito  suspensivo  ao  recurso  especial, 
inadmitido  na  origem  por  não  ter  sido  demonstrada  a  suposta  negativa  de  prestação 
jurisdicional, bem como pela incidência da Súmula n. 7 do STJ, no que diz respeito ao mérito 
da insurgência (e‐STJ fls. 600/604). 
O acórdão impugnado possui a seguinte ementa (e‐STJ fl. 111): 
 
Agravo  Inominado  previsto  no  art.  557  do  C.P.C.  Embargos  de 
Declaração. Seguimento Negado.  Impugnação em Cumprimento do 
R.  Julgado.  Alegado  excesso  no  quantum  exequendo.  Padrão 
utilizado  pela  Contadoria  Judicial  para  o  cômputo  dos  juros  se 
coaduna com o disposto no V. Acórdão objeto de execução na fase 
processual  em  curso. Matéria  se  encontra  acobertada  pelo manto 
da  coisa  julgada,  não  tendo  sido  rechaçada  em  ocasião  oportuna. 
Precedentes  deste  Colendo  Sodalício.  Cabimento  da multa  de  10% 
(dez por cento) prevista no art. 475‐  J do Estatuto Processual Civil. 
Executados  foram  intimados para cumprimento da condenação via 
Carta Precatória,  juntada ao processo em 14/04/2008, encerrando‐
se  o  prazo  para  adimplemento  voluntário  da  obrigação  de  pagar 
quantia  em  29/04/2008.  Até  a  data  de  05/05/2008  nenhuma 
atitude  foi  tomada pelos Devedores, dando ensejo à determinação 
de  penhora  on  line.  Ausência  de  qualquer  omissão,  obscuridade 
e/ou  contradição  no  V.  Aresto.  Evidentemente  inconformismo  dos 
Embargantes  com  a  solução  dada  pelo  Colegiado.  Enfrentamento 
em sede própria. Impertinência dos Aclaratórios. Aplicação do caput 
do  art.  557  do  C.P.C.  c.c.  art.  31,  inciso  VIII  do  Regimento  Interno 
deste Tribunal. Tese supra é a mesma do V. Aresto proferido pelo C. 
Órgão Especial deste E. Tribunal, apreciando Agravo do § 1º do art. 
557  do  CPC,  interpostono  Mandado  de  Segurança  nº  425/00. 
Negado Provimento. 
 
A  recorrente  opôs  embargos  de  declaração,  os  quais  foram  rejeitados  (e‐STJ  fls. 
244/255). 
As  razões  do  especial,  interposto  com  fundamento  no  art.  105,  III,  a  e  c,  da  CF, 
apontaram violação dos seguintes dispositivos legais (e‐STJ fl. 306): 
(a)  artigo  1.017,  incisos  I  e  II,  do  CPC/2015,  sustentando  a  inexistência  de  peças 
obrigatórias no agravo de instrumento, 
(b) artigo 6º, § 3º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto‐Lei 
n.  4.657/1942),  afirmando  que  a  impenhorabilidade  do  imóvel  já  havia  sido  objeto  de 
decisão  anterior,  razão  pela  qual  a  análise  do  pedido  de  reconsideração  desrespeitou  a 
segurança jurídica e a coisa julgada, 
(c)  artigos  833,  caput,  inciso  II,  e  §  1º,  do  CPC/2015,  e  1º  e  5º  da  Lei  8.009/1990, 
alegando  que  o  valor  objeto  da  execução  não  é  oriundo  de  dívida  do  imóvel,  mas  de 
obrigação pessoal, decorrente de distrato de promessa de compra e venda do referido bem, 
no qual o recorrido figurou como comprador, 
(d) artigo 1.022 do CPC/2015, defendendo que a Turma julgadora, mesmo instada a 
tanto, mediante a oposição dos competentes embargos de declaração, não sanou omissões 
supostamente  perpetradas  pelo  acórdão  embargado,  o  que  teria  configurado  negativa  de 
prestação jurisdicional. 
Em relação à probabilidade de provimento do recurso, argumenta‐se o seguinte (e‐
STJ fls. 374/375): 
 
(...)  a  presente  demanda  já  se  encontrava  suspensa  para 
deliberação  da  instância  superior,  e  não  se  mostra  razoável  o 
prosseguimento  do  feito  sem  decisão  definitiva,  quando  não  há 
sequer  perigo  de  prejuízo  ao  exequente,  ponto  este,  omisso  na 
decisão atacada. 
Omitiu  a  decisão,  ainda,  quanto  à  ausência  de  fato  superveniente 
que  justificasse  a  mudança  de  entendimento,  tampouco  inovação 
da causa de pedir. 
O  acórdão  recorrido  assentou  premissa  teratológica  substanciada 
na  ocorrência  de  inovação  legislativa  que  permitiria, 
excepcionalmente, a penhora do bem de família ao fundamento de 
que  o  crédito  estampado  no  título  judicial  estaria  relacionado  ao 
bem  ora  penhorado.  Excelência,  com  todo  o  respeito,  a  decisão  é 
extremamente questionável. 
O crédito que se executa é extremamente discutível e se espraia por 
diversas ações havidas entre o agravante e a agravada, decorre de 
uma controvérsia envolvendo uma dívida que se relativa ao  imóvel 
não  se  amolda  com  as  normas  que  fundamentam  a  decisão  que 
afastou a impenhorabilidade. 
A  inovação  legislativa,  de  cabimento  de  penhora  sobre  o  bem  de 
família,  consubstanciada  na  exceção  apresentada  pelo  art.  833,  § 
1º,  CPC  é  inaplicável  ao  caso  concreto,  como  foi  demonstrado  e 
evidenciado no Recurso Especial. 
A questão é essencialmente processual e deve respeitar a segurança 
jurídica  que  no  sistema  jurídico‐processual  se  manifesta  pela 
aplicação  do  mecanismo  de  preclusão  dos  atos  processuais, 
observância  a  situações  jurídicas  estabilizadas  para  os  sujeitos  da 
relação  processual.  Há  omissão,  ainda,  em  relação  ao  ponto 
levantado pela executada, quanto à preclusão consumativa. 
Ademais, no que diz respeito à interpretação do art. 833, § 1º, CPC, 
quanto  à  exceção  da  impenhorabilidade  pela  cobrança  de  dívida 
relativa  ao  próprio  bem,  não  houve  pronunciamento  pelo 
respeitável juízo. 
Diferente do que dispôs o acórdão, o valor objeto da execução não é 
relativo à dívida do  imóvel, ou  seja, de Glacy Costa para aquisição 
do imóvel, mas sim de distrato de promessa de compra e venda do 
imóvel,  no  qual  o  agravante  figurava  como  comprador,  ou  seja, 
obrigação  pessoal,  restando  inadequada  a  penhora  no  presente 
caso. Este aspecto é importante para a realização do distinguishing 
com  relação à hipótese aventada no  julgado proferido no Acórdão 
recorrido. 
Em juízo preliminar, em sede de cognição sumária, a probabilidade 
de provimento do recurso tem amparo nos artigos 6º, § 3º, da Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro. 
Isto  porque,  o  pedido  de  reconsideração  formulado  pelo  ora 
recorrido  discute  a  matéria  já  tratada  nos  autos,  qual  seja,  a 
impenhorabilidade.  Assim  sendo,  o  pedido  de  reconsideração  foi 
indeferido  pelo  Ilustre  Juízo  singular  por  se  tratar  de  pedido 
idêntico, com mesma causa de pedir. 
A impenhorabilidade do imóvel, a doação do bem pela recorrente ao 
seu  filho  e  a  sua  venda  a  terceiros  foram  alegadas  em  sede  de 
agravo de  instrumento anterior  interposto pelo agravante, ao qual 
foi  negado provimento pelo  Egrégio  Tribunal  de  Justiça do Distrito 
Federal e dos Territórios. 
Nesse sentido, o ora recorrido  logrou rediscutir matéria  já decidida 
pelo  Tribunal  de  Justiça  do Distrito  Federal. Houve  interposição de 
Agravo  de  Instrumento  pelo  Exequente,  sendo  conhecido  e 
improvido por UNANIMIDADE pela 2ª Turma Cível. 
 
Também se afirma estar "evidenciada o grave perigo suportado pela recorrente, ao 
ter  possivelmente  o  seu  único  imóvel  de  moradia  penhorado  por  uma  dívida  que  não  é 
abarcada  pelas  exceções  de  impenhorabilidade.  Ainda,  deve‐se  se  ater  a  execução  ao 
princípio  da  menor  lesividade  ao  devedor,  buscando  meios  que  melhor  atendam  ao 
interesse  do  credor,  por  óbvio,  mas  sem  que  cause  onerosidade  extrema  pela  ora 
executada" (e‐STJ fl. 376). 
A  partir  de  tais  considerações,  pede‐se  atribuição  de  efeito  suspensivo  ao  recurso 
especial. 
É o relatório. 
Decido. 
O Tribunal a quo, em princípio, parece ter decidido a matéria controvertida de forma 
fundamentada, ainda que contrariamente aos interesses da parte. 
Por outro  lado,  faz‐se necessário observar que o  tratamento  conferido ao caso, no 
juízo de  admissibilidade do  recurso especial,  concernente  à  incidência da Súmula n.  7/STJ, 
parece  encontrar  respaldo  na  jurisprudência  desta  Corte,  conforme  demonstram  os 
seguintes precedentes: 
 
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.AGRAVO DE 
INSTRUMENTO.  BEM  DE  FAMÍLIA.  IMPENHORABILIDADE. 
PRECLUSÃO.  MATÉRIA  QUE  DEMANDA  REEXAME  DE  FATOS  E 
PROVAS. SUMULA 7 DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 
1.  No  presente  caso,  não  é  possível  rever  a  conclusão  do  acórdão 
recorrido  em  relação  à  questão  discutida  estar  acobertada  pela 
coisa  julgada  e  pela  preclusão,  uma  vez  que  seria  necessário  o 
reexame do conjunto fático‐probatório dos autos, que é vedado em 
razão do óbice da Súmula 7 do STJ. 
2. O STJ possui firme o entendimento no sentido de que "ainda que a 
questão  seja  de  ordem  pública,  há  preclusão  consumativa  se  a 
matéria  tiver  sido  objeto  de  decisão  anterior  definitivamente 
julgada"  (AgRg  no AREsp  630.587/SP,  Rel. Ministro Antonio  Carlos 
Ferreira, Quarta Turma, julgado em 28/6/2016, Dje 1/7/2016). 
3. Agravo interno não provido. 
(AgInt  nos  EDcl  no  AREsp  n.  1064314/RJ,  Relator  Ministro  LUIS 
FELIPE  SALOMÃO,  QUARTA  TURMA,  julgado  em  14/8/2018,  DJe 
28/8/2018.) 
 
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS 
DE  TERCEIROS.  1.  NEGATIVA  DE  PRESTAÇÃO  JURISDICIONAL. 
RAZÕES  DEFICIENTES.  SÚMULA  284/STF.  2.  PENHORABILIDADE  DO 
BEM  DE  FAMÍLIA.  MATÉRIA  DISCUTIDA  NOS  EMBARGOS  À 
EXECUÇÃO. OFENSA À COISA JULGADA.  INEXISTÊNCIA. 3. PENHORA 
DE  FRAÇÃO  DO  IMÓVEL.  AUSÊNCIA  DE  INTERESSE  RECURSAL.  4. 
CONSTRIÇÃO  DO  IMÓVEL.  AUSÊNCIA  DOS  REQUISITOS  PARA 
CONSTITUIÇÃO  DO  BEM  DE  FAMÍLIA.  REEXAME  DE  PROVAS. 
SÚMULA 7/STJ. 5. AGRAVO DESPROVIDO. 
1.  "Imperiosa  a  demonstração  de  maneira  clara  e  expressa  das 
questões  sobre  as  quais  o  Tribunal  de  origem  teria  se  mantido 
silente, sob pena de inadmissibilidade do apelo nobre por afronta ao 
art.  535,  inc.  II,do  CPC,  a  teor  do  que  dispõe  a  Súmula  284/STF" 
(AgRg  no  AREsp  n.  488.270/RS,  Relator  o  Ministro  Og  Fernandes, 
DJe 1º/9/2014). 
2.  Os  efeitos  das  questões  discutidas  e  decididas  no  processo  de 
execução originário podem reverberar sobre  terceiros, porém estes 
não  estão  sujeitos  aos  efeitos  da  coisa  julgada,  sendo plenamente 
possível  a  oposição  de  embargos  de  terceiro  para  defesa  de  seu 
interesse,  mesmo  que  as  matérias  trazidas  nas  razões  deste  já 
tenham sido alegadas em embargos à execução pelo devedor. 
3. Quanto à possibilidade de penhora de  fração de bem  indivisível, 
verifica‐se a ausência de interesse recursal quando o acórdão a quo 
decidiu a questão conforme a pretensão da parte. 
4. O Tribunal de origem constatou  tratar‐se de um bem de  família 
após  a  acurada  análise  do  conjunto  fático‐probatório  dos  autos,  e 
para  infirmar  tais  conclusões  seria  imprescindível  o  reexame  de 
provas,  o  que  é  inadmissível  nesta  instância  extraordinária, 
consoante dispõe a Súmula 7/STJ. 
5. Agravo interno desprovido. 
(AgInt  no  AREsp  n.  543.534/DF,  Relator Ministro MARCO AURÉLIO 
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 1º/9/2016, DJe 8/9/2016.) 
 
De  todo  modo,  nada  obstante  os  argumentos  apresentados  pela  requerente  para 
demonstrar a presença do fumus boni iuris, não ficou comprovada, no caso, a existência do 
periculum in mora necessário à atribuição de efeito suspensivo ao recurso especial. 
Com  efeito,  a  requerente  não  logrou  evidenciar  nenhum  ato  concreto  que  denote 
risco de dano grave ou de difícil reparação, tendo‐se limitado a afirmar que a penhora recai 
sobre seu único imóvel de moradia. 
Cumpre observar que "a simples possibilidade de penhora de bens não representa, 
em  si,  risco  de  dano  irreparável  ao  devedor"  (AgRg  na MC  n.  14.537/PR,  Relator Ministro 
CARLOS  FERNANDO  MATHIAS  (JUIZ  FEDERAL  CONVOCADO  DO  TRF  1ª  REGIÃO),  QUARTA 
TURMA, julgado em 16/9/2008, DJe 6/10/2008). 
Ante o exposto, INDEFIRO o pedido de atribuição de efeito suspensivo ao agravo em 
recurso especial. 
Publique‐se e intimem‐se. 
Brasília‐DF, 07 de novembro de 2018.  
 
 
Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA 
Relator 
 
(STJ  ‐  TutPrv  no  AREsp:  1324462 DF  2018/0170536‐9,  Relator: Ministro  ANTONIO  CARLOS 
FERREIRA, Data de Publicação: DJ 12/11/2018) 
 
PODER JUDICIÁRIO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 
 
REGISTRO: 2020.0000386612 
 
ACÓRDÃO 
 
Vistos,  relatados  e  discutidos  estes  autos  de  Apelação  Cível  nº  1036744‐
07.2019.8.26.0100,  da  Comarca  de  São  Paulo,  em  que  são  apelantes  PEDRO  HENRIQUE  DA 
SALETTE PAES (JUSTIÇA GRATUITA) e LEONARDO DA SALETTE PAES (REPRESENTADO POR SUA 
MÃE), são apelados MAURÍCIOS DELGADO SALIBIAN e CHRISTIANE PUGNO PIRES SALIBIAN. 
ACORDAM,  em  sessão  permanente  e  virtual  da  15ª  Câmara  de  Direito  Privado  do 
Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. 
V.U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. 
O  julgamento  teve  a  participação  dos  Desembargadores  RAMON  MATEO  JÚNIOR 
(Presidente sem voto), VICENTINI BARROSO E ACHILE ALESINA. 
 
São Paulo, 1º de junho de 2020. 
 
JAIRO BRAZIL FONTES OLIVEIRA 
Relator 
Assinatura Eletrônica 
 
 
 
15ª Câmara de Direito Privado 
Apelação nº 1036744‐07.2019.8.26.0100 
Comarca: São Paulo – Foro Central Cível – 13ª Vara Cível 
Apelantes: Pedro Henrique de Salette Paes e Leonardo da Salette Paes 
Apelados: Maurício Delgado Salibian e Christiane Pugno Pires Salibian 
Voto nº 12.241 
 
 
 
EMBARGOS DE TERCEIROS. Sentença de  improcedência, com conseqüente 
apelo dos embargantes. Possibilidade de penhora dos direitos sobre imóvel 
objeto  de  compromisso  de  venda  e  compra. Dívida  oriunda  de  negócio  a 
envolver o próprio imóvel. Exceções previstas no §1º do art. 833 do Código 
de  Processo  Civil  e  inciso  II  do  art.  3º  da  Lei  8.009/90.  Alegação  de 
adimplemento substancial não conhecida. Inovação recursal nesse aspecto. 
Recurso não provido na parte conhecida. 
 
 
Vistos. 
 
Embargos  de  terceiros  julgados  improcedentes  pelo  MM.  Juiz  Luiz  Antonio  Carrer, 
condenados  os  embargantes  ao  pagamento  das  custas,  despesas  processuais  e  honorários 
advocatícios arbitrados em R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito reais). 
Apelam  os  embargantes  a  pedirem  reforma  da  r.  sentença  (páginas  144/149).  Os 
recorrentes,  filhos  do  executado,  alegam  que  o  imóvel  onde  residem  com  a  genitora,  é 
impenhorável  porque  é  bem de  família.  Aduzem que o  artigo  3º,  II,  da  Lei  8.009/90 não  se 
aplica à hipótese, pois não se trata de crédito decorrente de financiamento, observado ainda 
que o saldo executado corresponde, a rigor, ao valor dos móveis que guarneciam o imóvel, e 
não ao valor de aquisição da propriedade  imóvel. Considerando que o preço do  imóvel, dos 
móveis  e  semoventes  correspondia  a  R$  370.000,00  (trezentos  e  setenta mil  reais)  e  que  o 
genitor  dos  embargantes  apelantes  efetuou  o  pagamento  da  quantia  de  R$  330.000,00 
(trezentos  e  trinta mil  reais),  alegam adimplemento de parte  substancial,  de maneira  que o 
contrato deve ser mantido e o credor pode haver seu crédito por outros meios. 
Apelo tempestivo. Ausente preparo, ante a gratuidade da justiça (página 96). 
Contrarrazões (páginas 155/170) pela manutenção do julgado. 
 
É o relatório. 
 
Embargos  de  terceiro  para  levantamento  da  penhora  sobre  os  direitos  que  o 
executado, genitor dos embargantes apelantes, possui sobre o imóvel, objeto do instrumento 
particular  de  compra  e  venda  firmado  pelo  executado  e  os  embargados  apelados.  Os 
embargantes recorrentes alegam que no item 1.2 do referido instrumento o preço ajustado de 
R$  370.000,00  (trezentos  e  setenta  mil  reais)  abrangia  o  imóvel  e  todos  os  móveis  e 
semoventes,  e  que  após  o  pagamento  da  quantia  de  R$  330.000,00  (trezentos  e  trinta mil 
reais),  a  posse  do  imóvel  foi  transferida  ao  adquirente,  pois  o  valor  remanescentes 
correspondia apenas aos móveis que guarneciam o imóvel. Ante inadimplência, foi celebrado o 
instrumento  de  aditamento  ao  compromisso  particular  de  venda  e  compra  de  bem  imóvel 
para pagamento do valor relativo à aquisição do mobiliário. Defendem a impenhorabilidade do 
bem porque destinado à moradia dos apelantes e de sua genitora. 
Em  contestação,  os  recorridos  alegam  preliminarmente  ilegitimidade  ativa  dos 
embargantes apelantes. Aduzem que descabe cogitar de impenhorabilidade do bem de família 
na  ação  judicial  que  objetiva  a  cobrança  do  saldo  do  preço  de  aquisição  do  próprio  imóvel 
objeto da constrição, como é a hipótese dos autos. 
Os embargos de terceiro foram julgados improcedentes. 
O recurso não comporta provimento. 
As exceções previstas no §1º artigo 833 do Código de Processo Civil e inciso II do artigo 
3º  da  Lei  nº  8.009/90  são  aplicáveis  à  hipótese,  pois  a  ação  foi  proposta  para  satisfação de 
crédito  decorrente  de  instrumento  particular  de  compromisso  de  venda  e  compra  firmado 
entre o genitor dos embargantes apelantes e os apelados. 
O §1º do artigo 833 do Código de Processo Civil estabelece: 
 
Art. 833. São impenhoráveis: 
(...) 
§1º A  impenhorabilidade  não  é  oponível  à  execução  de  dívida  relativa  ao 
próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição”. 
 
O artigo 3º, inciso II, da Lei nº 8.009/90 dispõe: 
 
Art. 3º A  impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução 
civil,  fiscal,  previdenciária,  trabalhista  ou  de  outra  natureza,  salvo  se 
movido: 
(...) 
II  –  pelo  titular  do  crédito  decorrente  do  financiamento  destinado  à 
construção  ou  à  aquisição  do  imóvel,  no  limite  dos  créditos  e  acréscimos 
constituídos em função do respectivo contrato; 
 
Oriundaa  dívida  de  negócio  a  envolver  o  próprio  imóvel  cujos  direitos  foram 
penhorados, devem ser aplicadas as exceções à impenhorabilidade do bem de família. 
É o entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça: 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO 
ART.  535  DO  CPC.  NÃO  OCORRÊNCIA.  IMPENHORABILIDADE  DO  BEM  DE 
FAMÍLIA. EXCEÇÃO. 
1.  Não  há  falar  em  negativa  de  prestação  jurisdicional  se  o  tribunal  de 
origem  motiva  adequadamente  sua  decisão,  solucionando  a  controvérsia 
com a aplicação do direito que entende cabível a hipótese, apenas não no 
sentido pretendido pela parte. 
2. É admitida a penhora do bem de  família, quando o  resultado da dívida 
exeqüenda é decorrente do contrato de compra e venda do próprio imóvel, 
conforme exceção prevista no art. 3º da Lei nº 8.009/90. 
3. Agravo regimental não provido. 
(Terceira Turma, AgRg no AREsp 652.420/SP, rel. Ministro RICARDO VILLAS 
BÔAS CUEVA, j. 15.12.2015, DJe 04.02.2016). 
 
Decidiu esta Corte: 
 
AGRAVO  DE  INSTRUMENTO.  CUMPRIMENTO  DE  SENTENÇA.  Decisão  que 
rejeito  impugnação e manteve a penhora dos direitos  sobre  imóvel objeto 
de  compromisso  de  venda  e  compra  firmado  entre  as  partes.  Exceções 
previstas no parágrafo 1º do artigo 833 do Código de Processo Civil e inciso 
II  do  artigo  3º  da  Lei  8.009/90  que  se  aplicam  ao  caso  dos  autos,  por  se 
tratar  de  dívida  oriunda  de  negócio  envolvendo  o  próprio  imóvel. 
Manutenção da decisão agravada. Nega‐se provimento ao recurso.” 
(TJSP,  1ª  Câmara  de  Direito  Privado,  Agravo  de  Instrumento  nº  2213425‐
18.2019.8.26.0000, rel. Des. CRHISTINE SANTINI, j. 21.01.2020). 
 
AGRAVO  DE  INSTRUMENTO.  AÇÃO  DE  EXECUÇÃO  FUNDADA  EM 
INSTRUMENTO  DE  COMPROMISSO  DE  COMPRA  E  VENDA.  REJEIÇÃO  DA 
IMPUGNAÇÃO APRESENTADA PELO EXECUTADO À PENHORA DOS DIREITOS 
QUE  TEM  ORIUNDOS  DO  CONTRATO.  INSURGÊNCIA.  ALEGAÇÃO  DE 
ADIMPLEMENTO  SUBSTANCIAL  NÃO  ACOLHIDA.  Ação movida  pelo  credor 
promitente  vendedor  do  imóvel.  Exceção  à  impenhorabilidade  do  bem  de 
família. Agravo não provido. (TJSP, 35ª Câmara de Direito Privado, Agravo 
de  Instrumento  nº  218047990.2019.8.26.0000,  rel.  Des. MORAIS  PUCCI,  j. 
23.09.2019, v.u.). 
 
E  não  há  prova  de  que  o  valor  excutido  se  refira  apenas  a  móveis  e  semoventes  que 
guarneciam  o  imóvel,  observado  que  no  instrumento  de  aditamento  ao  compromisso 
particular de venda e compra de bem  imóvel  (páginas 20/22)  sequer há menção a móveis e 
semoventes, mas previsão de que o  valor  devido  se  refere  ao pagamento  integral  do preço 
para aquisição do bem  imóvel, observado ainda que o anexo  I  ao  instrumento particular de 
compromisso  de  compra  e  venda  do  imóvel,  no  qual  estariam  relacionados  bens móveis  e 
semoventes que guarneciam o imóvel, está em branco (página 15). 
Como  destacado  em  contrarrazões,  a  alegação  de  adimplemento  substancial  trata‐se  de 
inovação  recursal,  porque  não  ventilada  em  primeira  instância,  observando  que  os 
embargantes  apelantes  são  parte  ilegítima  para  defender  a  manutenção  do  contrato  ante 
alegado  adimplemento  substancial,  uma  vez  que  não  firmaram  o  referido  instrumento 
contratual,  observado  ainda  que  os  apelados  sequer  pleiteam  o  desfazimento  do  negócio 
jurídico nos autos principais, apenas cobram o saldo do preço. 
No tocante ao arbitramento de honorários advocatícios recursais, o Colendo Superior Tribunal 
de Justiça tem decidido: 
 
“(...) 5. É devida a majoração da verba honorária sucumbencial, na forma do 
art.  85,  §11,  do  CPC/2015,  quando  estiverem  presentes  os  seguintes 
requisitos,  simultaneamente:  a)  decisão  recorrida  publicada  a  partir  de 
18.3.2016,  quando  entrou  em  vigor  o  novo  Código  de  Processo  Civil;  b) 
recurso não conhecido integralmente ou desprovido, monocraticamente ou 
pelo  órgão  colegiado  competente;  e,  c)  condenação  em  honorários 
advocatícios desde a origem no feito em que interposto o recurso (...)” 
(STJ, 2ª Seção, AgInt nos Embargos de Divergência em REsp nº 1.539.725‐
DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j. em 09/08/2017). 
 
“(...)  I  –  Para  fins  de  arbitramento  de  honorários  advocatícios  recursais, 
previstos no §11 do art. 85 do CPC de 2015, é necessário o preenchimento 
cumulativo  dos  seguintes  requisitos:  1.  Direito  Intertemporal:  deve  haver 
incidência  imediata,  ao  processo  em  curso,  da  norma  do  art.  85,  §11,  do 
CPC/15,  observada  a  data  em  que  o  ato  processual  de  recorrer  tem  seu 
nascedouro,  ou  seja,  a  publicação  da  decisão  recorrida,  nos  termos  do 
Enunciado 7 do Plenário do STJ: “Somente nos  recursos  interpostos contra 
decisão  publicada  a  partir  de  18  de  março  de  2016,  será  possível  o 
arbitramento de honorários  sucumbenciais  recursais,  na  forma do art.  85, 
§11, do novo CPC”; 2. O não reconhecimento integral ou o improvimento do 
recurso  pelo  Relator,  monocraticamente,  ou  pelo  órgão  colegiado 
competente;  3.  A  verba  honorária  sucumbencial  deve  ser  devida  desde  a 
origem no feito em que  interposto o recurso; 4. Não haverá majoração de 
honorários no julgamento de agravo interno e de embargos de declaração 
oferecidos pela parte que teve seu recurso não conhecido integralmente ou 
não provido; 5. Não terem sido atingidos na origem os limites previstos nos 
§§2º e 3º do art. 85 do Código de Processo Civil de 2015, para cada fase do 
processo;  6.  Não  é  exigível  a  comprovação  de  trabalho  adicional  do 
advogado do recorrido no grau recursal,  tratando‐se apenas de critério de 
quantificação da verba (...)”. 
(STJ,  3ª  Turma,  Edcl  no  AgInt  do  REsp  nº  1.573.573‐RJ,  Rel.  Min.  Marco 
Aurélio Bellize, j. em 04/04/2017). 
 
Nos  termos do §11, do artigo 85, do Código de Processo Civil, majoro os honorários 
advocatícios para 11% do valor atualizado da causa. 
Diante  do  exposto,  nega‐se  provimento  ao  recurso  na  parte  conhecida,  elevados 
honorários  advocatícios  de  sucumbência  em  sede  recursal  para  11%  do  valor  atualizado  da 
causa, observado o disposto no artigo 98, §3º, do Código de Processo Civil. 
 
 
Jairo Brazil Fontes Oliveira 
Relator 
 
 
 
Pesquisa Processo Civil 
 
 
Art. 833, IX do CPC 
 
O Art. 833, IX do CPC, trata da impenhorabilidade dos recursos públicos recebidos por 
instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência 
social. 
A impenhorabilidade de recursos públicos, em regra não é absoluta, precisando 
preencher dois requisitos: 
A) Ter natureza de verba Pública. 
B) Ter destinação específica de aplicação a Saúde, Educação ou Assistência social 
 
Jurisprudências encontradas:  Todas são a favor da impenhorabilidade disciplinada no 
Art. 833, IX do CPC 
Caso em que foi provado a destinação de dinheiro público. 
1ª. Juiz reconhece impenhorabilidade de recursos públicos recebidos pela Apae para 
aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social.  
(0001001‐64.2012.5.03.0010 AIRR) 
Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região 
Na avaliação do magistrado, a Apae conseguiu  comprovar a destinação dos  recursos 
públicos.  Em  consequência,  ele  determinou  a  liberação  dos  valores  bloqueados  via 
sistema Bacenjud, por força das disposições contidas no artigo 833, IX, do novo CPC. 
http://www.lex.com.br/noticia_27241947_JUIZ_RECONHECE_IMPENHORABILIDADE
_DE_RECURSOS_PUBLICOS_RECEBIDOS_PELA_APAE_PARA_APLICACAO_COMPULSO
RIA_EM_EDUCACAO_SAUDE_OU_ASSISTENCIA_SOCIAL.aspx#:~:text=833.,quarenta)
%20salários‐mínimos". 
 
2ª  juiz reconhece a  impenhorabilidade é por maioria, no mérito, da provimento para 
determinar a  liberação do numerário bloqueado da conta n 1641.003.226‐0 da Caixa 
Econômica Federal.  
(AP 01003903720175010031 RJ) 
Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região. 
Neste  caso  a  penhoraatingiu  verba  destinada  ao  SUS,  conforme  declaração  da 
instituição financeira receptora, portanto, não é penhorável. 
A penhora somente ocorre, quando no processo não  fica comprovado a natureza da 
verba pública e a destinação do dinheiro. 
https://trt‐1.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/736830706/agravo‐de‐peticao‐ap‐
1003903720175010031‐rj/inteiro‐teor‐736830742?ref=juris‐tabs 
Pesquisa Processo Civil – art. 833, IV CPC 
 
A decisão do STJ, portanto, buscou equilibrar os direitos fundamentais em conflito no 
caso. Assegurou a garantia do mínimo existencial e da dignidade do devedor, sem desassistir a 
efetividade do processo e a satisfação do crédito pleiteado. A interpretação do dispositivo em 
questão  deu‐se  de  maneira  teleológica,  observando‐se  a  finalidade  da  norma,  qual  seja  a 
garantia de um padrão de vida médio ao credor, para si e para sua família, capaz de lhes garantir 
dignidade. Não afetando referido limite, concluiu o Tribunal que a penhora pode recair sobre 
percentual de seus vencimentos ou outras verbas de natureza alimentar, a  fim de assegurar 
tutela jurisdicional que confira efetividade, na medida do possível e do proporcional, aos direitos 
do credor. 
O ministro Luís Felipe Salomão relembrou a decisão da Corte, no sentido de que há 
duas situações que admitem a penhora dos vencimentos, conforme o art. 833, IV, c/c o § 2° do 
CPC/2015, quais sejam: 
I) para o pagamento de prestação alimentícia, de qualquer 
origem, independentemente do valor da verba remuneratória 
recebida; e II) para o pagamento de qualquer outra dívida 
não alimentar, quando os valores recebidos pelo executado 
forem superiores a 50 salários mínimos mensais, ressalvadas 
eventuais particularidades do caso concreto. Em qualquer 
circunstância, deverá ser preservado percentual capaz de dar 
guarida à dignidade do devedor e de sua família (Resp 
1.407.062/MG. Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA 
TURMA, julgado em 26/02/2019). 
https://direitoreal.com.br/noticias/stj-mantem-penhora-de-
vencimentos-na-forma-do-art-833-do-cpc 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. PENHORA. 
PERCENTUAL. PENSÃO. FONTE PAGADORA. I - O art. 833, 
inc. IV, do CPC dispõe sobre a impenhorabilidade das 
pensões, no entanto, é admitida a constrição de percentual 
dessa verba, assegurada a subsistência do devedor e de sua 
família, com preservação do mínimo existencial e da 
dignidade. EREsp 1.582.475/MG julgado pela Corte Especial 
do e. STJ em 03/10/18. II - Agravo de instrumento conhecido 
e parcialmente 
provido.https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos
-web/sistj 
A impenhorabilidade dos bens correspondente ao que se trata no Artigo 833 IV do 
CPC  versa  sobre  duas  inseguranças  jurídicas,  inseguranças  essas  que  passam  a  ser  sociais 
também ele dispõe sobre a proteção de bens protegidos da penhora, mas em relação social 
ele limita alguns valores para o efetivo cumprimento do título executivo, tal tema tem trazido 
indagações na Doutrina e em todo o Legislador. Quando a vigência do CPC de 1973 só havia 
flexibilização da impenhorabilidade, ou seja, passavam a ser bens penhoráveis qualquer tipo 
de objeto desde que fosse para a finalidade de pagamento de verbas alimentícias (era disposto 
no Artigo 649 do antigo CPC). Por muitas vezes a satisfação do crédito resta impossível de ser 
consolidada,  tendo  em  vista  a  proteção  que  o  Artigo  833  IV  do  CPC  traz  em  relação  a 
remuneração e vencimentos que se entendem como sendo para sustento próprio e da família 
do devedor. Muitas vezes também o devedor se encontra privado até mesmo de manter o 
mínimo  em  conta  bancária  para manter  a  si  e  sua  família,  tendo  em  vista  que  a  qualquer 
momento  pode  ocorrer  constrição  judicial  de  valores  depositados  em  contas  bancárias 
próprias, muitos trabalhadores devedores preferem receber “por fora”, “em espécie”, “trocar 
cheques” para que não ocorra a penhorabilidade em suas contas bancárias. 
Entretanto por força do próprio §2º estão fora da regra da “impenhorabilidade”: a) 
a cobrança do débito alimentar, independente da sua origem, e. b) a cobrança do débito de 
qualquer  origem,  incidente  sobre  o  valor  que  exceder  a  remuneração  superior  a  50 
(cinquenta)  salários‐mínimos.  Os  honorários  advocatícios,  sucumbenciais,  têm  natureza 
alimentícia e, por isso, o crédito deles oriundo é passível de penhora, pela exceção da letra 
"a", qual seja: a cobrança do débito alimentar, independentemente da sua origem. 
Assim  entendeu  já  a  quarta  turma  do  STJ  em  relação  a  penhorabilidade  de 
honorários advocatícios para satisfação de débitos: 
"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC) - AÇÃO 
REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO - CUMPRIMENTO DE 
SENTENÇA - HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS - EXCEÇÃO À 
IMPENHORABILIDADE DE SALÁRIOS - DECISÃO MONOCRÁTICA 
QUE CONHECEU DO AGRAVO PARA NEGAR SEGUIMENTO AO 
RECURSO ESPECIAL. IRRESIGNAÇÃO DA AGRAVANTE. 
1. Esta Corte Superior adota o posicionamento de que o caráter 
absoluto da impenhorabilidade dos vencimentos, soldos e 
salários (dentre outras verbas destinadas à remuneração do 
trabalho) é excepcionado pelo § 2º do art. 649 do CPC, quando se 
tratar de penhora para pagamento de prestações alimentícias. 
Precedentes. 
2. Os honorários advocatícios, contratuais ou sucumbenciais têm 
natureza alimentícia, sendo, assim, possível a penhora de 30% 
da verba salarial para seu pagamento. Incidência à hipótese da 
Súmula nº 83 do STJ. 
3. Agravo regimental desprovido." 2 
Ainda  assim,  é  passível  de  desconto  na  folha  de  pagamento  e  não  penhora 
(ATENÇÂO, PARA NÃO CONFUNDIR OS RITOS) é autorizado o desconto em folha de pagamento 
para  compensação  e  pagamento  de  empréstimos  oferecidos  por  instituições  bancárias 
limitados a 30% do salário integral do empregador, que se é baseado nas leis 10.820/03 (para 
empregados regidos pela CLT), 8.112/90 e decreto 6.386/08 (para servidores públicos). 
 
Conclusão da pesquisa: conclui – se então que no direito positivo haverá um eterno 
debate entre a necessidade da dívida ser  satisfeita, desde que  respeitando a dignidade do 
devedor, garantindo o mínimo para a vida digna deste, porém não se aceita também deixar a 
dívida ser descumprida e ficar o credor sem nada receber. 
 
 
GRUPO TOLEDO MIL GRAU 
Gabriel Leite Carvalhaes – 001.1.16.285 
Marina Ferreira Olivatti – 001.1.16.138 
Rafael Matsuno – 001.1.16.351 
Caroline Menegasso – 001.1.16.050 
João Rafael Caetano Tolentino – 001.1.16.067 
Leonardo Geraldo Hernandes – 001.1.16.156 
João Gabriel de Souza Merino – 001.1.16.282 
GRUPO: CERVEJETARIANOS 
Caroline Saemi Hamada Bendrath – RA: 001.1.16.024 
Débora Kaori Tominaga – RA: 001.1.16.074 
Felipe de Oliveira Shibuya – RA: 001.1.16.202 
Julia Galdiks Gardim Franzini – RA: 001.1.16.013 
Mariellen Trevisan Bosso – RA: 001.1.16.248 
Thaís Ramos Marchizelli – RA: 001.1.16.012 
 
ARTIGO PARA PESQUISA: 
 
Art. 833. São impenhoráveis: 
IV ‐ os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os 
proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem 
como  as  quantias  recebidas  por  liberalidade  de  terceiro  e  destinadas  ao 
sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e 
os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º; 
X  ‐  a  quantia  depositada  em  caderneta  de  poupança,  até  o  limite  de  40 
(quarenta) salários‐mínimos; 
§  2º  O  disposto  nos  incisos  IV  e  X  do caput não  se  aplica  à  hipótese  de 
penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de 
sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários‐
mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 
8º, e no art. 529, § 3º. 
 
O art. 833, § 2º, do CPC, trata da regra geral, que diz que o salário, proventos de 
aposentadoria, remunerações, e também quantia depositada na cadernetade poupança (até 
40 salários mínimos) são impenhoráveis. Contudo, o § 2º é a exceção, deixando claro que é 
possível haver penhora desses itens mencionados em caso de pagamento de prestação 
alimentícia.  
 
JURISPRUDÊNCIAS: 
 
1) Possibilidade de penhorar parte do salário do indivíduo para o pagamento de 
honorários advocatícios.  
O julgado abaixo diz que é possível penhorar o salário do devedor para pagamento de 
honorários advocatícios, pois o entendimento é que os honorários advocatícios têm natureza 
alimentar.  
 
Processo 
AgInt no AREsp 1595030 / SC 
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 
2019/0296887‐5 
Relator(a) 
Ministro RAUL ARAÚJO (1143) 
Órgão Julgador 
T4 ‐ QUARTA TURMA 
Data do Julgamento 
22/06/2020 
Data da Publicação/Fonte 
DJe 01/07/2020 
 
AGRAVO  INTERNO  NO  AGRAVO  EM  RECURSO  ESPECIAL.  PENHORA 
INCIDENTE  SOBRE  VERBA  SALARIAL.  POSSIBILIDADE.  ENTENDIMENTO  DO 
TRIBUNAL DE ORIGEM EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. 
AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 
1. A legislação processual civil (CPC/2015, art. 833, IV, e § 2º) contempla, de 
forma  ampla,  a  prestação  alimentícia,  como  apta  a  superar  a 
impenhorabilidade  de  salários,  soldos,  pensões  e  remunerações.  A 
referência  ao  gênero  prestação  alimentícia  alcança  os  honorários 
advocatícios,  assim  como os  honorários  de  outros  profissionais  liberais  e, 
também,  a  pensão  alimentícia,  que  são  espécies  daquele  gênero.  É  de  se 
permitir, portanto, que pelo menos uma parte do salário possa ser atingida 
pela  penhora  para  pagamento  de  prestação  alimentícia,  incluindo‐se  os 
créditos de honorários advocatícios, contratuais ou sucumbenciais, os quais 
têm inequívoca natureza alimentar (CPC/2015, art. 85, § 14). 
2.  A  Quarta  Turma,  no  julgamento  do  AgInt  no  REsp  1.732.927/DF  (Rel. 
Ministro RAUL ARAÚJO, julgado em 12/02/2019, DJe de 22/03/2019), decidiu 
que o  julgador,  sopesando criteriosamente as  circunstâncias de  cada caso 
concreto, poderá admitir ou não a penhora de parte da verba alimentar, ou 
limitá‐la a percentual razoável, sem agredir a garantia do executado e de seu 
núcleo essencial. No caso, a Corte local entendeu ser possível a penhora de 
parte  do  salário  da  agravante  para  o  adimplemento  de  honorários 
advocatícios, em conformidade com a orientação desta Corte, que admite a 
mitigação  da  impenhorabilidade  das  verbas  salariais  no  caso  de  dívida 
alimentar, como são considerados os honorários advocatícios. 
3. Agravo interno a que se nega provimento. 
 
2) Possibilidade de penhora dos honorários advocatícios do advogado (profissional 
liberal) para pagamento de dívida alimentar 
Entende‐se também que excepcionalmente, é possível penhorar parte dos honorários 
advocatícios contratuais ou sucumbenciais, quando a verba devida ao advogado ultrapassar o 
razoável para o seu sustento e de sua família.  
Ou seja, quando o advogado for devedor, é possível penhorar seus honorários 
advocatícios quando for para pagamento de prestação alimentícia e quando esses valores (dos 
honorários) forem superiores a 50 salários mínimos, mas é preciso salientar que cada caso é 
um caso, e esse valor de 50 salários mínimos pode aumentar ou diminuir, com intuito de 
proteger a dignidade do devedor e de sua família.  
 
Processo 
AgInt nos EDcl no REsp 1803343 / SP 
AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO 
ESPECIAL 
2019/0081208‐7 
Relator(a) 
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140) 
Órgão Julgador 
T4 ‐ QUARTA TURMA 
Data do Julgamento 
15/10/2019 
Data da Publicação/Fonte 
DJe  24/10/2019 
RSDF vol. 117 p. 151 
 
RECURSO ESPECIAL.  PENHORA INCIDENTE SOBRE HONORÁRIOS.  NATUREZA 
ALIMENTAR.    POSSIBILIDADE. AVALIAÇÃO DO LIMITE DA CONSTRIÇÃO EM 
CADA  CASO,  SOB  PENA  DE  SE  COMPROMETER  A  SUBSISTÊNCIA  DO 
EXECUTADO.  
1. O STJ  vem  entendendo  que  "a  regra  geral da impenhorabilidade dos 
vencimentos,   dos   subsídios,   dos   soldos,  dos  salários,  das remunerações,  
dos    proventos    de    aposentadoria,    das    pensões,  dos  pecúlios    e    dos  
montepios,  bem  como  das  quantias recebidas por liberalidade  de  terceiro  
e  destinadas  ao  sustento  do  devedor  e  de  sua    família,  dos  ganhos  de 
trabalhador autônomo e dos honorários de profissional  liberal  poderá  ser  
excepcionada, nos termos do art. 833,  IV,  c/c  o  §  2°  do  CPC/2015,  quando 
se voltar: I) para o pagamento    de   prestação  alimentícia,   de   qualquer   
origem, independentemente  do  valor  da verba remuneratória recebida; e 
II) para   o   pagamento de qualquer outra dívida não alimentar, quando os 
valores  recebidos  pelo  executado  forem  superiores a 50 salários mínimos  
mensais,    ressalvadas   eventuais   particularidades   do caso concreto.     Em   
qualquer    circunstância, deverá ser preservado percentual   capaz  de  dar  
guarida  à dignidade do devedor e de sua família"  (Resp  1.407.062/MG.  Rel.  
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 26/02/2019). 
2.    "A    garantia  de  impenhorabilidade  assegurada  na  regra  processual 
referida  não  deve ser interpretada de forma gramatical e abstrata, podendo 
ter aplicação mitigada em certas circunstâncias, como sucede com  crédito  
de   natureza   alimentar   de   elevada soma, que permite antever‐se que o 
próprio titular da verba pecuniária destinará parte dela para o atendimento 
de  gastos  supérfluos,  e  não,  exclusivamente,  para    o    suporte    de 
necessidades fundamentais. Não viola a garantia assegurada ao    titular de 
verba  de  natureza  alimentar  a  afetação  de  parcela   menor    de montante 
maior,  desde  que  o  percentual  afetado  se  mostre  insuscetível  de 
comprometer o sustento do favorecido e de sua família  e  que  a afetação 
vise à  satisfação de  legítimo crédito de  terceiro,    representado   por  título 
executivo"(REsp  1356404/DF,  Rel.  Ministro    RAUL    ARAÚJO,    QUARTA  
TURMA,  julgado  em 04/06/2013, DJe 23/08/2013)  3.  Na  hipótese,  diante  
das    circunstâncias   do caso concreto,   mostra‐se   possível a penhora dos 
valores  excedentes  a  50  salários    mínimos    no    processo    n°  0001150‐
83.2013.8.26.0576, da 2ª Vara  Cível  da Comarca de São José do Rio Preto, 
na qual o advogado possui    crédito   vultoso de honorários a  receber, nos 
termos do art. 833, §2° do CPC/2015. 
4. Agravo interno não provido. 
 
3) A exceção de impenhorabilidade que permite que o salário do devedor seja 
penhorado apenas em caso de dívida alimentícia é o entendimento majoritário 
nas jurisprudências do STJ 
Basicamente, a maioria dos julgados segue o mesmo esquema: apenas é possível 
penhorar salário do devedor quando a dívida for prestação alimentícia e não há possibilidade 
de relativização dessa exceção: 
 
Processo 
AgInt no REsp 1841539 / DF 
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 
2019/0297393‐5 
Relator(a) 
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140) 
Órgão Julgador 
T4 ‐ QUARTA TURMA 
Data do Julgamento 
04/05/2020 
Data da Publicação/Fonte 
DJe 12/05/2020 
 
PROCESSUAL  CIVIL.  RECURSO  ESPECIAL.  EXECUÇÃO.  PENHORA  SOBRE 
SALÁRIO.  POSSIBILIDADE  DE  FLEXIBILIZAÇÃO  DA  IMPENHORABILIDADE  DE 
VERBA REMUNERATÓRIA. EXCEPCIONALIDADE. 
1. A regra geral da impenhorabilidade dos vencimentos, dos subsídios, dos 
soldos, dos salários, das remunerações, dos proventos de aposentadoria, das 
pensões, dos pecúlios e dos montepios, bem como das quantias recebidas 
por  liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua 
família,  dos  ganhos  de  trabalhador  autônomo  e  dos  honorários  de 
profissional liberal, poderá ser excepcionada, nos termos do art. 833, IV, c/c 
o  § 2° do CPC/2015, quando  se  voltar:  I)  para o pagamento de prestação 
alimentícia,  de  qualquer  origem,  independentemente  do  valor  da  verba 
remuneratória recebida; e II) para o pagamento dequalquer outra dívida não 
alimentar, quando os valores recebidos pelo executado forem superiores a 
50 salários mínimos mensais, ressalvando‐se eventuais particularidades do 
caso concreto. Em qualquer circunstância, deverá ser preservado percentual 
capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família. 
2. Na hipótese, o valor originário da dívida objeto de ação de execução de 
título  extrajudicial,  consistente  em  contrato  de  mútuo  com  caução, 
corresponde a R$ 15.232,28 (quinze mil, duzento e trinta e dois reais). Assim, 
não sendo dívida de verba alimentar, nem existindo notícia de que a verba 
salarial mensal que se objetiva atingir seja superior a 50 salários mínimos, 
bem como ausente qualquer notícia do acórdão recorrido de particularidade 
no caso, impõe‐se o respeito a regra da impenhorabilidade. 
3. Agravo interno não provido. 
 
Entretanto, há poucos julgados que admitem a relativização e permitem penhorar o 
salário em caso de dívida não alimentar, como por exemplo, no caso de um indivíduo que foi 
denunciado por lavagem de dinheiro e patrocínio infiel de 147 vítimas, e tinha movimentação 
de mais de 6 milhões na sua conta. Por ultrapassar o valor de 50 salários mínimos, eles 
entenderam que é possível a mitigação da impenhorabilidade tanto para pagamento de 
pensão alimentícia, como também para pagamento de dívidas não alimentares: 
 
Processo 
AgRg no RMS 59605 / RS 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA 
2018/0329913‐9 
Relator(a) 
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA (1170) 
Órgão Julgador 
T5 ‐ QUINTA TURMA 
Data do Julgamento 
26/05/2020 
Data da Publicação/Fonte 
DJe 02/06/2020 
 
AGRAVO  REGIMENTAL  EM  RECURSO  ORDINÁRIO  EM  MANDADO  DE 
SEGURANÇA.UTILIZAÇÃO  DO  MANDADO  DE  SEGURANÇA  COMO 
SUCEDÂNEO  RECURSAL.SEQUESTRO  DE  HONORÁRIOS  ADVOCATÍCIOS 
BLOQUEADOS  PARA  GARANTIA  DO  RESSARCIMENTO  DE  VÍTIMAS. 
IMPETRANTE  DENUNCIADO  POR  ASSOCIAÇÃO  CRIMINOSA,  LAVAGEM  DE 
DINHEIRO, FALSIDADE  IDEOLÓGICA E PATROCÍNIO  INFIEL DE 147 VÍTIMAS. 
SUPERVENIENTE MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DA 
AÇÃO  PENAL.  EXTINÇÃO  DO  MANDAMUS  SEM  RESOLUÇÃO  DE  MÉRITO. 
INVIABILIDADE DE ALTERAÇÃO DA AUTORIDADE COATORA. POSSIBILIDADE 
DE PENHORA DE VERBA ALIMENTAR. RESSALVA DO § 2º DO ART. 833 DO 
CPC/2015. 
1.  É  inadmissível  o  manejo  do  mandado  de  segurança  como  meio  de 
impugnar  decisão  judicial  que  indefere  pedido  de  restituição  de  valores 
apreendidos em ação penal, se tal tipo de decisão pode ser impugnada por 
meio da apelação prevista no art. 593,  II, do CPP, que, de regra, admite o 
efeito suspensivo. Óbices do art. 5º, II, da Lei 12.016/2009 e do enunciado n. 
267 da Súmula/STF. 
2.  A  jurisprudência  é  pacífica  no  sentido  de  que,  caso  tenha  sido 
erroneamente  indicada  a  única  autoridade  coatora  no  mandado  de 
segurança, é  incabível  falar‐se em emenda à  inicial ou em substituição da 
autoridade pelo Juízo, devendo o feito ser extinto sem resolução de mérito. 
Raciocínio  similar  pode  ser  aplicado  no  caso  concreto  em  que  houve 
alteração  superveniente  da  autoridade  apontada  como  coatora,  pois  é 
premissa básica do mandado de segurança que a legitimidade daquele que 
figura  no  polo  passivo  da  impetração  é  definida  por  sua  capacidade  de 
desfazer  o  ato  inquinado  de  ilegalidade.  Situação  em  que  a  autoridade 
coatora indicada na petição inicial não mais detém competência para corrigir 
o ato coator, e o novo Juízo competente tem poderes para revisar todos os 
atos  praticados por  seu  antecessor,  o  que  implica  que o  recorrente pode 
reiterar  seu pedido de  liberação de bens e ativos bloqueados,  sobrevindo 
nova decisão amparada em novos fundamentos que serão impugnáveis pela 
via recursal adequada. 
3. Ainda que assim não fosse, não se vislumbra teratologia na decisão que 
estende  o  sequestro  de  valores  em  nome  do  Recorrente  para  atingir, 
também,  honorários  sucumbenciais,  contratuais  e  eventuais  cessões  de 
direito (e‐STJ fl. 3.578), pois tal decisão encontra amparo tanto no art. 4º, § 
4º, da Lei 9.613/1998 (Lei de Lavagem de Dinheiro), quanto no art. 91, § 2º, 
do Código Penal, que admitem seja efetuado o bloqueio de bens e direitos 
do  investigado,  em  valores  equivalentes  ao  do  proveito  do  crime,  com  o 
objetivo  precípuo  de  garantir  a  reparação  do  dano  causado  pela  infração 
penal. 
4. A jurisprudência desta Corte admite a mitigação da impenhorabilidade de 
honorários  de  profissional  liberal  tanto  para  pagamento  de  pensão 
alimentícia,  como  também para o pagamento de dívidas não alimentares. 
Precedentes:  REsp  1.848.264/SP,  Rel.  Ministro  HERMAN  BENJAMIN, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 04/02/2020, DJe 27/02/2020; AgInt no REsp 
1.828.084/SP,  Rel.  Ministro  MARCO  BUZZI,  QUARTA  TURMA,  julgado  em 
17/12/2019,  DJe  03/02/2020;  AgInt  no  REsp  1.824.882/DF,  Rel.  Ministro 
RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 21/11/2019, DJe 19/12/2019; 
AgInt nos EDcl no REsp 1.803.343/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, 
QUARTA TURMA, julgado em 15/10/2019, DJe 24/10/2019. 
5.  Se mesmo os direitos  e  garantias  reconhecidos  constitucionalmente ao 
cidadão não têm caráter absoluto, podendo encontrar limites e mitigações 
quando  confrontados  por  outros  direitos  ou  garantias  constitucionais,  da 
mesma  forma  a  impenhorabilidade  de  bens  comporta  relativização,  se 
confrontada  com  situação  que  o  justifique,  desde  que  assegurada  a 
sobrevivência  do  titular  do  bem  impenhorável.  In  casu,  o  recorrente  não 
demonstra  que  os  valores  bloqueados  sejam  imprescindíveis  à  sua 
sobrevivência, pois há registro de que, entre maio e  julho/2017, as contas 
bancárias  do  recorrente  indicavam  uma movimentação  de  operações  em 
espécie discriminadas como provimentos para saque, aplicações e cheques 
administrativos  referentes  a  pagamentos  diversos  da  ordem  de  R$ 
6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) e não há notícia de que 
tais valores tenham sido apreendidos. 
6. A impenhorabilidade de verba de natureza alimentar (in casu, honorários 
advocatícios)  encontra  limitação  no  §  2º  do  art.  833  do  CPC/2015,  que 
ressalva  a  possibilidade  de  penhora  de  importâncias  excedentes  a  50 
(cinquenta) salários mínimos mensais. Situação em que se revela inviável o 
pronunciamento  desta  Corte  sobre  a  legalidade  do  bloqueio  de  valores 
correspondentes a até 50 (cinquenta) salários mínimos, sob pena de indevida 
supressão de instância, uma vez que o recorrente ainda não formulou pleito 
de sua liberação perante o Juízo de primeiro grau. 
7. Agravo regimental a que se nega provimento. 
 
 
 Trabalho - Processo Civil 
 
GRUPO CR7 - (Apresentação – Joel) 
 Andressa Pedriali Martinez – RA: 001.1.16.203 
Camila Dorini Felisbino de Souza – RA: 001.1.16.219 
João Pedro de Souza Loures Teixeira – RA: 001.1.16.135 
 Joel Vieira Berçocano – RA: 001.1.16.081 
Luciana Egea – RA: 001.1.16.232 
Marcos Augusto Espinhosa Coladello – RA: 001.1.16.289 
Vanessa Spigaroli – RA: 001.1.16.315 
 
 TEMA: 
 CPC- Art. 833. São impenhoráveis: 
 XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido 
político, nos termos da lei. 
 
CPC- Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito 
ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência 
prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de 
sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, 
que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado, 
limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução. 
§ 9º Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a 
requerimento do exequente,determinará às instituições financeiras, por meio de 
sistema eletrônico gerido por autoridade supervisora do sistema bancário, que 
tornem indisponíveis ativos financeiros somente em nome do órgão partidário que 
tenha contraído a dívida executada ou que tenha dado causa à violação de direito ou 
ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade pelos atos praticados, na 
forma da lei. 
 
LEI Nº 9.096, DE 19 DE SETEMBRO DE 1995. (Lei dos Partidos Políticos) 
Art. 15-A. A responsabilidade, inclusive civil e trabalhista, cabe exclusivamente 
ao órgão partidário municipal, estadual ou nacional que tiver dado causa ao não 
cumprimento da obrigação, à violação de direito, a dano a outrem ou a qualquer ato 
ilícito, excluída a solidariedade de outros órgãos de direção partidária. 
 (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009) 
Parágrafo único. O órgão nacional do partido político, quando responsável, 
somente poderá ser demandado judicialmente na circunscrição especial judiciária da 
sua sede, inclusive nas ações de natureza cível ou trabalhista. (Incluído pela Lei nº 
12.891, de 2013) 
 
Ler: Tribunal de Justiça do Mato Grosso TJ-MT - AGRAVO DE 
INSTRUMENTO : AI 10102595920208110000 MT - Inteiro Teor 
 
 
Juiz cita impenhorabilidade do fundo partidário ao desbloquear conta do PT 
5 de julho de 2016, 19h42 
Os valores do fundo partidário enviados a partidos políticos são impenhoráveis, 
conforme delimita o artigo 833 do novo Código de Processo Civil. Esse 
entendimento, somado a ausência de indícios de irregularidades, foi usado pelo juiz 
Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Vara Criminal da Federal em São Paulo, para 
desbloquear a conta bancária do Partido dos Trabalhadores (PT). 
No dia 3 de junho, a 6ª Vara Federal Criminal determinou o bloqueio de valores de 
diversas pessoas e empresas investigadas na operação custo brasil. Entre as contas 
bloqueadas estava a do PT. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal 
Regional Federal da 3ª Região, a decisão estava sob sigilo até que a operação 
ocorresse e a indisponibilidade fosse executada. 
“Em 27 de junho, a Justiça determinou sua liberação, tendo em vista que o Partido 
demonstrou que se tratava da conta que recebe os recursos do Fundo Partidário, 
que, por lei, é impenhorável”, esclarece a assessoria de imprensa do TRF-3. 
Na decisão, o juiz ressaltou o caráter impenhorável desses valores. “O fundo 
partidário é constituído por dotações orçamentárias da União, multas, penalidades, 
doações e outros recursos financeiros que lhe forem atribuídos por lei. A princípio, a 
investigação não demonstrou nenhum uso ilícito da conta que recebe os valores 
referentes ao fundo partidário. Assim, além da impenhorabilidade, falta, ao menos 
por enquanto, justa causa do bloqueio da conta.” 
Em artigo publicado na ConJur em 2008, a professora de Direito Constitucional 
Simone de Sá Portella — citando o CPC de 1973 — explica que a determinação foi 
estabelecida para evitar que os diretórios nacionais sejam responsabilizados por 
atos de representação do partido nos estados e municípios. "Isso porque, nos 
termos do artigo 41, da Lei 9.096/95, a distribuição dos recursos para o fundo é feita 
pelo TSE, diretamente aos Diretórios Nacionais dos partidos políticos." 
J.M. BIANCHINI (Advogado Sócio de Escritório - Civil): O inciso XI do art. 833 do 
CPC/2015, com idêntica redação do art. 649, XI do CPC/1973, dispõe que são 
impenhoráveis os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido 
político, nos termos da lei. A lei que disciplina os Partidos Políticos estabelece que o 
fundo partidário é formado por diversas fontes de recursos, inclusive os recursos 
públicos. Assim, a impenhorabilidade não é dos recursos do fundo partidário, mas 
apenas dos recursos públicos nele recebido, ficando os recursos recebidos de 
outras fontes - que não é pouco, como é público e notório -, passíveis de bloqueio e 
consequente penhora. Nesse contexto, sou levado a crer que a decisão noticiada é 
equivocada, porquanto a liberação dependia da comprovação de que entre os 
recursos bloqueados havia recursos da fonte pública. 
 
Recursos públicos do fundo partidário – impenhorabilidade 
Tema criado em 23/3/2020. 
“1. Demonstrando o executado que a conta bancária objeto de penhora online é 
destinada ao recebimento de recursos públicos do Fundo Partidário, aberta 
especificamente para movimentação dos recursos provenientes do programa de 
promoção e difusão da participação política das mulheres (art. 6º, IV, Resolução 
TSE 23.464/15), elencada, inclusive, em prestação de contas perante o Tribunal 
Superior Eleitoral, conclui-se que os valores nela depositados são impenhoráveis, 
em atenção ao comando do artigo 833, XI, do Código de Processo Civil.” 
Acórdão 1116815, 07063177420188070000, Relator: SIMONE LUCINDO, 1ª Turma 
Cível, data de julgamento: 8/8/2018, publicado no DJE: 20/8/2018. 
Trecho de acórdão 
“Em síntese, o agravante quer a desconstituição da penhora on line promovida no 
bojo de processo de execução de título extrajudicial, alegando ser parte ilegítima 
para figurar no polo passivo da execução, além de ser impenhorável a verba em 
questão, por força do art. 833, XI, do CPC, uma vez que integra o fundo partidário. 
O recurso não merece provimento. 
(...) 
Noutro giro, em que pese os recursos públicos do fundo partidário serem 
impenhoráveis, consoante o art. 833, XI, do CPC, o agravante não se desincumbiu 
do ônus de comprovar que a constrição recaiu sobre valor depositado em conta 
destinada a esse fim. 
Note-se que a parte apresentou certidão emitida pelo Tribunal Superior Eleitoral, 
informando que a conta corrente receptora dos recursos do fundo partidário seria a 
de nº 5428, agência 0630, da Caixa Econômica Federal (...). E o extrato do 
Bacenjud, (...), demonstra que o bloqueio foi realizado em conta corrente da Caixa 
Econômica, de titularidade do partido executado. 
Entretanto, não há como concluir que se trata da mesma conta indicada na certidão 
do Tribunal Superior Eleitoral, já que o comprovante do Bacenjud não informa a 
conta em que foi realizada a constrição. 
Vale ressaltar que a parte poderia demonstrar facilmente que o bloqueio foi 
promovido na conta do fundo partidário, juntando, por exemplo, o extrato bancário, 
onde estaria consignada a indisponibilidade do recurso. 
Acórdão 1073492, 07131521520178070000, Relator: FÁBIO EDUARDO 
MARQUES, 7ª Turma Cível, data de julgamento: 7/2/2018, publicado no DJE: 
21/2/2018. 
Acórdãos representativos 
Acórdão 1133504, 07155872520188070000, Relator: ESDRAS NEVES, 6ª Turma 
Cível, data de julgamento: 24/10/2018, publicado no DJE: 7/11/2018; 
Acórdão 1018551, 20130111634165APC, Relator: FERNANDO HABIBE, 4ª Turma 
Cível, data de julgamento: 17/5/2017, publicado no DJE: 25/5/2017; 
Acórdão 892061, 20150020168504AGI, Relator: JOÃO EGMONT, 2ª Turma Cível, 
data de julgamento: 2/9/2015, publicado no DJE: 9/9/2015. 
Destaques 
 TJDFT 
Penhora de bens de partido político – recursos provenientes do fundo 
partidário – ônus da prova 
“5. É ônus do executado a comprovação de que os valores bloqueados são 
impenhoráveis, nos termos legais. Consoante manifestação do Ministro Ricardo 
Villas Bôas Cueva no julgamento do Recurso Especial 1.474.605/MS, o Fundo 
Partidário não é a única fonte de recursos dos partidos políticos, os quais dispõem 
de orçamento próprio, oriundo de contribuições de seus filiados ou de doações de 
pessoas físicas e jurídicas (art. 39 da Lei 9.096/1995), e que, por conseguinte, ficam 
excluídas da cláusula de impenhorabilidade.” 
Acórdão 1212986, 07266175420188070001, Relator: EUSTÁQUIO DE CASTRO, 8ª 
Turma Cível, data de julgamento: 25/10/2019, publicado no DJE: 11/11/2019. 
 STJ 
Penhora de valores oriundos do fundo partidário – impossibilidade 
“1. O art. 649, XI, do CPC impõe a impenhorabilidade absoluta dos recursos públicos 
do fundo partidário, nele compreendidas as verbas previstas nos incisos I, II,

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