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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 
COMPETENTE VARA CIVEL DE SAMAMBAIA, DISTRITO 
FEDERAL. 
 
Pedido de Tutela de Urgência 
 
Retenção indevida de honorários advocatícios em 
ação coletiva – inexistência de contrato individual 
com a substituída – Verba alimentar 
 
 
 
 
 
MARIA HELENA DE ARAÚJO, brasileira, diarista, com CIRG sob 
n. 04.294.891-61, inscrita no CPF/MF sob n. 442.016.055-15, filha de Luzia de 
Araújo, residente e domiciliada sito na QR 15, conjunto 10, casa 415, 
Samambaia Sul, Distrito Federal, CEP 72.310-401, vem, respeitosamente, à 
presença de Vossa Excelência, por seu advogado, com fundamento nos artigos 
186 e 927 do Código Civil e demais legislação à espécie aplicável, mover ação 
de 
 
 
 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS e MORAIS c.c. 
PEDIDO DE TUTELA 
 
 
Em face de TOURINHO e GODINHO ADVOGADOS ASSOCIADOS, na 
pessoa de seu representante legal, com endereço sito a Avenida da França, 164, 
edifício Futurus, salas 102/103/104, Comércio, CEP 40.010-000, pelos motivos 
a seguir expostos. 
 
 
 
 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 
 
PRELIMINARMENTE - 
Da assistência judicial gratuita 
 
 A requerente declara conforme documento em anexo, que sua atual 
condição econômica não permite demandar em juízo sem prejuízo do seu 
sustento próprio e da sua família, pelo que pede os benefícios da justiça gratuita 
previstos na Carta Constitucional de 1988, e mais precisamente, com fulcro no 
artigo 4º, caput da Lei 1.060/50, consorciado com o artigo 1º da Lei 7.115 de 29 
de agosto de 1983. 
A requerente, nos dias de hoje, sobrevive basicamente do trabalho de 
diarista. Sobrevivia da pesca artesanal, exercida na localidade de Saubara, 
Estado da Bahia e desde a data do acidente ambiental que lhe trouxe prejuízos 
imensuráveis, sofreu seus efeitos pela diminuição da quantidade de pescados e 
frutos do mar vez que os danos ambientais exterminaram diversas espécies de 
peixes e crustáceos motivo pelo qual, se não bastasse a declaração, já autorizaria 
o deferimento do pedido de gratuidade de justiça. 
Tantos reflexos negativos foram causados em sua vida pelo acidente 
ambiental de abril de 2.009 que necessitou mudar seu domicílio para a cidade de 
Brasília, no intuito de conseguir emprego para a subsistência sua e de sua 
família. 
 
 
DOS FATOS: 
A Autora era pescadora artesanal desde 26/10/2005 possuindo o 
registro geral da pesca sob n. 403.190, e exercia a sua atividade na Baía de 
Todos os Santos. 
No mês de abril de 2.009 houve um acidente ambiental o qual 
prejudicou o exercício da pesca sendo proposta ação coletiva para busca da 
reparação de danos materiais e morais em favor da classe pesqueira afetada. 
Figurou como autora nessa ação a Federação dos Pescadores e Aquicultores do 
Estado da Bahia – Fepesba. 
A ação coletiva foi autuada sob n. 0058754-05.2009.8.05.0001.1 
A Fepesba funcionou nos autos na condição de substituta processual da 
classe. 
A ação visa a indenização dos pescadores e marisqueiras da região de 
Madre de Deus, Candeias, Saubara, Santo Amaro da Purificação e São Sebastião 
de Passé, afetados pelo acidente ambiental ocorrido no qual a Petrobrás 
derramou milhares de litros de óleo e derivados de petróleo no mar e manguezais 
da Baia de Todos os Santos. 
Na ação coletiva foi proferida decisão deferindo tutela antecipada para 
fins de pagamento de verba alimentar aos pescadores cujo teor segue: 
Diante do exposto VOTO no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL aos embargos 
declaratórios opostos pela FEDERAÇÃO DE PESCADORES E AQUICULTORES DO ESTADO DA BAHIA 
e pelo PETRÓLEO BRASILEIRO S/A – PETROBRAS para dispensar a exigência de prestação de 
caução para levantamento da quantia depositada nos autos da ação de origem, o que deverá se 
dar através de alvará, de forma individualizada pelos próprios pescadores, cujos nomes estejam 
inseridos como ativos na relação fornecida pela Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP), 
após o acolhimento, ou não, das impugnações formuladas pela parte acionada, ao tempo em que 
estabeleço o período de 01 (um) ano para o cumprimento da decisão antecipatória da tutela.” 
DESTAQUE CONSTANTE DO ORIGINAL 
 
Com o trânsito em julgado da decisão e depósito do valor devido como 
verba alimentar, no importe de R$ 15.361,32 (quinze mil, trezentos e sessenta e 
um reais e setenta centavos), pelo juízo da 6ª. Vara Cível de Salvador foi 
determinada a expedição de alvará de levantamento da importância com o 
consequente depósito em conta aberta pela autora (?), para posterior pagamento 
individualizado aos pescadores de somente 70% (setenta por cento) do valor 
devido e depositado, sendo que os outros 30% (trinta por cento) seriam 
destinados ao pagamento de honorários advocatícios em favor dos réus. 
 
1 
Necessariamente se transcreve o teor da decisão aclaratória (?) proferida em 
embargos de declaração: 
...A respeito, impende mencionar que, embora tenha sido expedido em nome também 
dos nobres advogados da Federação dos Pescadores e Aquicultores do Estado da Bahia, estes 
somente poderão levantar até 30% (trinta por cento) do valor total do alvará, correspondente 
aos honorários advocatícios previamente ajustados entre a Federação e o escritório de 
Advocacia Tourinho e Godinho – Advogados Associados, percentual informado em reunião 
realizada em 28/07/2015, às 15h, nesta 6ª. Vara Cível, na presença dos advogados das partes, 
Representantes do Banco do Brasil, Presidente da Federação e Pescadores. Pontua-se, ainda 
que, o restante do valor do alvará – 70% (setenta por cento) deverá ser depositado em conta 
corrente n. 26165-3, agência 2957-2, criada pela Federação dos Pescadores visando unicamente o 
repasse individual aos mesmos, nos termos do convênio firmado com a Federação dos Pescadores, 
informando, em seguida, através de relatórios, periodicamente, os levantamentos feitos pelos 
Pescadores/Substituídos. Por fim, o valor remanescente depositado em conta judicial permanecerá à 
disposição da Justiça. No que pertine aos Pescadores/Substituídos sob alegação expressa e 
ajuizamento de ações individuais, concedo a parte Ré o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar 
certidão de objeto e pé dos respectivos processos em trâmite nas Comarcas de São Francisco do 
Conde, Candeias, Santo Amaro e São Sebastião do Passé. P. I. Cumpra-se. Salvador (BA), 30 de julho 
de 2.015. LUCIANA AMORIM HORA. Juíza de Direito. 
 
Desta forma os réus retiveram valores indevidamente, no importe de 
30% (trinta por cento), sendo tal importância referente a verba alimentar 
devida ao autor, contrariando totalmente o comando judicial originário de 
pagamento o qual dispunha pagamento individualizado, pessoal e 
integral ao mesmo. 
Não há contrato de prestação de serviços entre os advogados e o 
autor e, nem mesmo, qualquer autorização do substituído para tal desconto. 
No próprio despacho judicial há o reconhecimento, pela MM. Juíza de 
Direito, que havia somente disposição em relação a tais honorários entre a 
Federação e os réus e nunca com o autor. 
Os valores deveriam ser repassados diretamente aos substituídos em sua 
totalidade, mas foram indevidamente retidos pelos patronos da Federação 30% 
(trinta por cento) a título de honorários advocatícios. Ou seja, o desconto do 
percentual a título de honorários foi totalmente indevido. 
Nesse passo, a requerente não obteve até o presente momento qualquer 
justificativa sobre a conduta dos requeridos e muito menos recebido os valores 
indevidamente retidos (30%) que lhe eram devidos, encontrando-se em total 
prejuízo financeiro, além do prejuízo moral, haja vista, que se trata de uma 
pessoa pobre na acepção do termo, necessitando veementemente destes valores 
para a sua subsistência. 
Assim, percebe-se que o requerente teve uma inenarrávelsituação de 
prejuízo material e moral, com a consequência materiais, psicológicas, morais e 
psíquicas que o atingem até os dias atuais, verifica-se ser perfeitamente cabível a 
indenização ora pleiteada na presente ação que será demonstrada a pertinência 
dos pedidos em consonância aos documentos anexados à exordial, bem como 
pelas provas que serão devidamente produzidas no decorrer da instrução 
processual. 
Dessa forma, não restou alternativa ao autor, exceto, a propositura da 
presente ação para o desate da pendenga e conseguir receber de volta um valor 
de direito que lhe fora anteriormente concedido. 
 
DO DIREITO 
- Dos danos materiais 
- Retenção dos valores devidos aos requerente 
- Verba alimentar do requerente 
 
Inicialmente cumpre salientar, que o advogado é sempre indispensável, 
inviolável e essencial à administração da Justiça. Portanto, presume-se que o 
advogado é um profissional ético, responsável, conhecedor de seu ofício com 
suporte técnico suficiente para prestar o serviço a que se propõe. 
 
 É indubitável que se exige, cada vez mais, dos advogados uma postura 
ética, condizente com as premissas contidas na Lei 8.906 de 04.07.94, o Estatuto 
da Advocacia e da OAB, e por consequência, aqueles que não trilharem esse 
caminho, poderão ser responsabilizados civilmente pelos danos que causarem. 
 
No caso em tela, os réus transgrediram todos os preceitos éticos e 
morais, restando evidente prejuízo ocasionado ao requerente. 
 
A ação objetiva chamar a parte ré a juízo para que assuma obrigação de 
indenizar, já que no caso vertente, a retenção foi consumada em contrato de 
prestação de serviços jurídicos (o qual não se tem conhecimento) firmado tão 
somente com o sindicato, não tendo sido firmada a responsabilidade individual 
da requerente no cumprimento da contratação. Não havendo contratação de 
honorários contratuais, incabível a retenção da quantia. 
 
Inexiste relação jurídica entre o escritório réu e a autora no que se refere 
a honorários advocatícios contratuais já que não há contrato escrito, nem verbal 
e nem qualquer autorização por parte do autor que autorize a retenção dos 
honorários. 
 
Provada a retenção indevida, os réus praticaram atos em flagrante 
excesso de poder, consumando ilícitos penais, cíveis e 
administrativos, visando esta ação, a restituição do que é 
de direito ao autor. 
 
A situação não é nova e já levou a OAB a firmar entendimento no 
seguinte sentido: 
E-3.252/05 – DEPARTAMENTO JURÍDICO DE SINDICATO PROFISSIONAL – PATROCÍNIO 
DE ASSOCIADOS – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ADVOCACIA CONTENCIOSA EM GERAL 
– COBRANÇA DE HONORÁRIOS DE TRABALHADORES ASSISTIDOS PELO SINDICATO – 
IMPOSSIBILIDADE – ADVOGADO CONCILIADOR EM CÂMARA DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA – 
IMPEDIMENTO E INCOMPATIBILIDADE – CAPTAÇÃO DE CAUSAS E CLIENTES – 
PUBLICIDADE DO DEPARTAMENTO JURÍDICO – REGRAS ÉTICAS. I - A atividade dos 
advogados empregados que prestam serviços aos sindicatos está restrita aos interesses 
coletivos ou individuais da categoria. É a regra do art. 8º, inc. III, da Constituição Federal. A 
pretensão de tutela jurisdicional de outros interesses que não aqueles específicos da 
categoria só pode ser efetivada por áreas jurídicas totalmente desvinculadas dos 
departamentos jurídicos dos sindicatos, devendo abster-se de estender as atividades 
advocatícias a todos os interesses dos respectivos associados, evitando-se a captação de 
clientela. II - Não pode o advogado contratado pelo sindicato, em casos de assistência 
judiciária para ser o patrono assistente, cobrar honorários dos empregados 
assistidos, mesmo em caso de êxito da ação. Também, não pode haver cobrança de 
honorários ou taxas de manutenção dos não associados, pois existe norma legal para o 
custeio das despesas. Não pode atender em nome do sindicato todos os integrantes da 
categoria, à exceção da assistência judiciária gratuita. A prática de dirigir a um 
determinado advogado essa massa de clientes constitui inculca, captação de causas e 
clientes e concorrência desleal, seja através de plantão nas dependências do sindicato ou 
em eventual escritório particular. III - Não há impedimento ou incompatibilidade no 
exercício da advocacia com o da função de conciliador em Câmara de Conciliação 
Trabalhista ou Comissão de Conciliação Prévia. Não poderá, todavia, o conciliador que 
participar de ações na sua comissão patrocinar, na Justiça do Trabalho ou em outra esfera 
do Judiciário, a causa de qualquer uma das partes envolvidas na conciliação, quer tenha 
havido conciliação ou não; agindo contrariamente estará infringindo a regra que veda 
captação de causas e clientes, mesmo após deixar de ser conciliador. IV - Publicidade em 
jornal do sindicato, informação de forma genérica onde o chefe do departamento jurídico 
fica à disposição em determinado horário, além do nome, da identificação do número de 
inscrição na OAB, deverá ser dirigida especificamente àqueles serviços prestados pelo 
sindicato na forma restrita aos interesses coletivos ou individuais da categoria, 
respeitando a regra do art. 8º, inc. III, da Constituição Federal, onde a pretensão da tutela 
jurisdicional é aquela específica da categoria, e cumprimento do art. 1º do Prov. nº 
94/2000 do Conselho Federal da 0AB. . V.U., em 17/11/2005, da ementa e parecer do 
Relator Dr. JOÃO LUIZ LOPES – Revisor Dr. FABIO KALIL VILELA LEITE – Presidente Dr. 
JOÃO TEIXEIRA GRANDE. 
 
 
Em situação idêntica à dos autos, o Superior Tribunal de Justiça firmou 
posicionamento no sentido de que a legitimação extraordinária do sindicato para 
a defesa de interesses dos integrantes da categoria não retira a obrigatoriedade da 
apresentação do contrato de honorários advocatícios firmado com cada filiado 
para a retenção prevista no artigo 22, § 4º, do Estatuto dos Advogados. Segue 
teor do julgado: 
RECURSO ESPECIAL. ART. 535 DO CPC NÃO VIOLADO. ENTIDADE SINDICAL. EXECUÇÃO DE 
SENTENÇA COLETIVA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATADOS EXCLUSIVAMENTE PELO 
SINDICATO. RETENÇA PELO ENTE SINDICAL. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO DOS FILIADOS. 
IMPOSSIBILIDADE ANTE A INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO CONTRATUAL ENTRE OS FILIADOS 
SUBSTITUÍDOS E OS ADVOGADOS. ART. 22, § 4, LEI 8.906/94. RECURSO DESPROVIDO. 
 1. O acórdão recorrido analisou as questões necessárias ao desate da controvérsia, não 
padecendo de vícios de omissão, contradição ou obscuridade. Ausência de violação do art. 
535, do CPC. 
2. Trata-se na origem de execução de título judicial oriundo de ação coletiva 
promovida por sindicato na condição de substituto processual. No Recurso Especial 
discute-se a possibilidade de destacar os honorários contratuais no precatório ou 
RPV expedido em favor dos substituídos sem que haja autorização dos últimos ou 
procuração outorgada por eles aos citados causídicos. 
3. Ainda que seja ampla a legitimação extraordinária do sindicato para defesa de 
direitos e interesses dos integrantes da categoria que representa, inclusive para 
liquidação e execução de créditos, a retenção sobre o montante da condenação do 
que lhe cabe por força de honorários contratuais só é permitida com a 
apresentação do contrato celebrado com cada um dos filiados, nos termos do art. 
22, § 4, LEI 8.906/94, ou ainda, com a autorização deles para tanto. O contrato 
pactuado exclusivamente entre o Sindicato e o advogado não vincula os filiados 
substituídos, em face da ausência de relação jurídica contratual entre estes e o 
advogado. Precedente REsp 931,836/RS, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, 
julgado em 14/11/2009, DJe 2/12/2009. 
4. Recurso especial não provido (REsp 1464567/PB, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 03/02/2015, DJe 11/02/2015 (g.n) 
 
 
A retenção privada do valor é claramente abusiva! 
Ora, o valor que a Federação contratou com o escritório réu, não pode 
ser oponível aos indivíduos que, por um lado, não participaram da sua 
celebração e, por outro,não indicaram, em momento algum, concordar com suas 
disposições. 
E o mais grave no presente caso é que a retenção 
se deu em valores decorrentes de verbas alimentares. 
Convém transcreve ipsis literis trecho da petição redigida pelo próprio 
réu nos requerimentos de liberação do valor depositado, que segue: 
Fls. 1356 do STJ: 
Os pobres e necessitados pescadores e marisqueiras artesanais (cuja situação de 
pobreza pode ser firmada por simples declaração), substituídos na presente 
demanda, por força de lei estão desobrigados a prestar caução até o limite 
individual de 60 salários mínimos. 
Fls. 1358 do STJ: 
As decisões proferidas pelo Tribunal de Justiça em ambos os graus de jurisdição visam 
amenizar a situação de miserabilidade destas famílias humildes, que estavam e 
estão sendo privadas de obterem o sustento através de seu digno trabalho como 
pescadores e marisqueiras artesanais. 
O incongruente é que os réus sabiam do estado de necessidade da 
requerente até o levantamento do valor das verbas alimentares e com a indevida 
retenção “esqueceram” tal condição. 
Ainda, em caso análogo, em recente julgado no TJPR nos autos de 
agravo de instrumento sob n. 1.370.881-3, da Comarca de Paranaguá, na parte 
que cabe aos autos, transcreve: 
DECISÃO: ACORDAM os Magistrados integrantes da Oitava Câmara 
Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de 
votos, em conhecer e dar parcial provimento ao recurso, nos termos do 
voto relator. EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE 
COBRANÇA CUMULADA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PEDIDO DE 
ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA DEFERIDO (DECISÃO AGRAVADA), 
CONSISTENTE NA DEVOLUÇÃO IMEDIATA DE VALORES ENTENDIDOS COMO 
INDEVIDAMENTE LEVANTADOS PELOS RÉUS, PROCURADORES DA AUTORA EM OUTRA 
DEMANDA.EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE SENTENÇA. ALVARÁS DE LEVANTAMENTO 
EXPEDIDOS COM FUNDAMENTO NO ARTIGOS 475-O, III E 475-O, §2º, I, AMBOS DO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. LEVANTAMENTOS REALIZADOS PELOS PROCURADORES DA 
EXEQUENTE, QUE ANTES DE REPASSAR-LHE O MONTANTE LEVANTADO, DESCONTARAM 
VALORES REFERENTES A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS E DESPESAS COM 
A CONDUÇÃO DO PROCESSO, FAZENDO-O AO AMPARO DE CLÁUSULA CONTRATUAL. 
PRIMEIRO ALVARÁ REFERENTE A VALORES DEPOSITADOS A TÍTULO DE HONORÁRIOS 
ADVOCATÍCIOS REFERENTES À EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA SENTENÇA. PRESTAÇÃO DE 
CAUÇÃO PELO ESCRITÓRIO DE ADVOGADOS (ART. 475-O, III, DO CPC). 
POSSIBILIDADE. VALOR PERTENCENTE EXCLUSIVAMENTE AOS PROCURADORES. 
SEGUNDO ALVARÁ REFERENTE A VALORES DEPOSITADOS A TÍTULO DE MONTANTE 
REPUTADO INCONTROVERSO PELA EXECUTADA. LEVANTAMENTO POSTULADO E DEFERIDO 
COM FUNDAMENTO NO ART. 475-O, §2º, I, DO CPC, À VISTA DA SITUAÇÃO DE 
NECESSIDADE DO EXEQUENTE. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICO DO DISPOSITIVO. 
NORMA DE TEXTURA CONSTITUCIONAL, TENDENTE A VIABILIZAR A 
SUBSISTÊNCIA DIGNA DA PESSOA. DESCABIMENTO DOS DESCONTOS REALIZADOS 
ANTERIORMENTE AO REPASSE DO VALOR À EXEQUENTE, MESMO QUE TENHAM SIDO 
FEITOS AO AMPARO DE CLÁUSULA CONTRATUAL. BURLA, NA HIPÓTESE, À 
FINALIDADE PRECONIZADA COM O DISPOSITIVO LEGAL. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA 
REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 2 PODER 
JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento n° 1.370.881-3Cód. 
1.07.030 
 
As verbas a que o autor tem direito são decorrentes i)de ato ilícito; ii) 
alimentares e iii) pelo estado de necessidade do autor. 
Tais requisitos foram premissas para o levantamento dos valores em 
toda a ação onde houve a concessão da tutela e essa é a característica do 
autor e não dos advogados da Federação. 
Por todos os motivos expostos a retenção de honorários promovida pelo 
escritório réu é indevida, requerendo que seja imediatamente restituído à parte o 
respectivo montante. 
 
 
 
 
DO DANO MORAL: 
 
Após o recebimento parcial do pagamento que lhe era devido (70%) 
iniciou a autora uma verdadeira sabatina para tentar receber o restante. Vários 
deslocamentos foram necessários à cidade de Salvador no intuito de receber a 
diferença e todos eles frustrados. Inúmeras manifestações populares foram 
realizadas2 mas de nada adiantou. 
 
 
2 http://noticias.r7.com/bahia/cidade-alerta-ba/videos/pescadores-fazem-protesto-em-salvador-
14122015 
http://g1.globo.com/bahia/transito/noticia/2015/12/pescadores-fecham-pista-em-protesto-no-
comercio-e-transito-e-lento-no-local.html 
http://www.metro1.com.br/noticias/cidade/9670,apos-manifestacao-pescadores-liberam-pista-no-
comercio.html 
 
http://noticias.r7.com/bahia/cidade-alerta-ba/videos/pescadores-fazem-protesto-em-salvador-14122015
http://noticias.r7.com/bahia/cidade-alerta-ba/videos/pescadores-fazem-protesto-em-salvador-14122015
http://g1.globo.com/bahia/transito/noticia/2015/12/pescadores-fecham-pista-em-protesto-no-comercio-e-transito-e-lento-no-local.html
http://g1.globo.com/bahia/transito/noticia/2015/12/pescadores-fecham-pista-em-protesto-no-comercio-e-transito-e-lento-no-local.html
http://www.metro1.com.br/noticias/cidade/9670,apos-manifestacao-pescadores-liberam-pista-no-comercio.html
http://www.metro1.com.br/noticias/cidade/9670,apos-manifestacao-pescadores-liberam-pista-no-comercio.html
De imediato, percebe-se que o réu, deliberadamente atingiu e molestou 
a integridade moral da autora, no momento que reteve, indevidamente, de 
valores que lhe pertencem. 
 
Dano moral é um dano extrapatrimonial imposto ao sujeito de direito 
que dá causa a reflexos subjetivos de dor, desgosto, humilhação e outros 
sentimentos negativos 3. Não há duvidas que a impossibilidade da autora em 
receber o valor referente a verba alimentar que lhe era devido gerou todos os 
sentimentos negativos acima referidos restando cristalino o direito de ser 
indenizada. 
 
Por essa razão é que, em matéria de danos relativos à apropriações e 
retenções indevidas de valores destinados à verbas alimentares, quando o próprio 
fato possui disposição de causar algum prejuízo, não se faz necessária a 
instrução probatória, vez que os danos morais são presumidos já que é 
impossível de provar aquilo que se passa no âmago das pessoas. 
 
Sérgio Cavalieri Filho aprofunda que “por se tratar de algo imaterial 
ou ideal, a prova do dano moral não pode ser feita através dos mesmos meios 
utilizados para a comprovação do dano material.” Tal situação “acabaria por 
ensejar o retorno à fase de irreparabilidade do dano moral em razão de fatores 
instrumentais”4 
 
Desta feita, a condenação do réu em indenizar financeiramente a autora 
pelos danos morais, além do caráter de reparação dos sentimentos negativos 
impostos à vítima do dano, possui o fator sancionatório para que o requerido 
compreenda sua responsabilidade perante a sociedade. 
 
A autora não pode arcar com as consequências advindas da atividade do 
requerido! Esse deve estar consciente de sua atuação e dos resultados que a 
mesma poderá ocasionar. 
 
Ainda, o dano moral causado à autora é o chamado Dano Moral Direto, 
ou seja, lesão específica de um direito extrapatrimonial, como os direitos da 
personalidade. 
 
 
3 GARCIA, Fernando Murilo Costa. Op. Cit. P. 69. 
4 CAVALIEIRI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 10. Ed. São Paulo. Atlas, 2012. P. 97 
Neste sentido, podemos afirmar que o dano moral é aquele que lesiona 
a esfera personalíssima da pessoa (seus direitos da personalidade), violando, por 
conseguinte, sua intimidade, vida privada, honra e imagem, bens jurídicos 
tutelados constitucionalmente e de forma ilimitada. Aliás, a respeito de tal 
matéria já se pronunciava IHERING ao dizer que é ilimitada a reparação do 
dano moral e afirmava: “o homem tanto pode ser lesado no que é, como no 
que tem”. 
 
Trata-se de uma "lesão que atinge valores físicos e espirituais, a 
honra, nossas ideologias, a paz íntima, a vida nos seus múltiplos aspectos,a 
personalidade da pessoa, enfim, aquela que afeta de forma profunda não os 
bens patrimoniais, mas que causa fissuras no âmago do ser, perturbando-lhe a 
paz de que todos nós necessitamos para nos conduzir de forma equilibrada nos 
tortuosos caminhos da existência.", como bem define CLAYTON REIS 
(Avaliação do Dano Moral, 1998, ed. Forense). 
 
A Magna Carta em seu art. 5º consagra a tutela do direito à indenização 
por dano material ou moral decorrente da violação de direitos fundamentais, tais 
como a honra e a imagem das pessoas: 
"Art. 5º (...) 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o 
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;(...)”. 
 
Assim, a Constituição garante a reparação dos prejuízos morais e 
materiais causados ao ser humano. Este dispositivo assegura o direito da 
preservação da dignidade humana, da intimidade, da intangibilidade dos direitos 
da personalidade. 
 
O Código Civil agasalha, da mesma forma, a reparabilidade dos danos 
morais. O art. 186 trata da reparação do dano causado por ação ou omissão do 
agente: 
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito". 
 
Dessa forma, o art. 186 do novo Código define o que é ato ilícito, 
entretanto, observa-se que não disciplina o dever de indenizar, ou seja, a 
responsabilidade civil, matéria tratada no art. 927 do mesmo Código. 
 
Sendo assim, é previsto como ato ilícito àquele que cause dano, ainda 
que, exclusivamente moral. Faça-se constar art. 927, caput: 
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a 
repará-lo." 
 
A personalidade do indivíduo é o repositório de bens ideais que 
impulsionam o homem ao trabalho e à criatividade e ocupações habituais. As 
ofensas a esses bens imateriais redundam em dano extra patrimonial, suscetível 
de reparação. 
 
Com efeito, em situações que tais, o ato lesivo afeta a personalidade do 
indivíduo, sua honra, sua integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas 
virtudes, enfim, causando-lhe mal-estar ou uma indisposição de natureza 
espiritual. Sendo assim, a reparação, nesses casos, reside no pagamento de uma 
soma pecuniária, arbitrada pelo consenso do juiz, que possibilite ao lesado uma 
satisfação compensatória da sua dor íntima, e compense os dissabores sofridos 
pela vítima, em virtude da ação ilícita do lesionador. 
 
Inúmeros julgados firmam esse entendimento. No STJ: 
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL N. 612.310-RS (2014/029173-2) 
RELATOR: MINISTRO MARCO AURÉLIO BELIZE 
AGRAVANTE: VIA DIZA DE VASCONCELOS 
ADVOGADO: VIAN DE VASCONCELOS (EM CAUSA PRÓPRIA) 
AGRAVADO: MARCO ANTONIO LIMBERGER 
ADVOGADO: JOCÉLIA MATILDE LOPES E OUTROS 
EMENTA - CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA C/ INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS 1. 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. REEXAME DO CONTRATO E DE FATOS E PROVAS. 
INADIMISSIBILIDADE. SÚMULAS 5 E 7 DO STJ. 2. RETENÇÃO INDEVIDA PELA ADVOGADA DE 
VALOR PERTENCENTE AO CLIENTE. ATO ILÍCITO. DANO MORAL CONFIGURADO. 3. VALOR 
FIXADO. REXAME CONJUNTO FÁTICO PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. 4. AGRAVO IMPROVIDO – 
nosso grifo 
 
No julgamento de apelação de caso análogo o Tribunal de Justiça do 
Mato Grosso do Sul assim decidiu: 
Apelação – n. 0818756-94.2012.8.12.0001 – Campo Grande 
Relator – Exmo. Sr. Dr. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho 
Apelantes: João Catarino Tenório Novaes e outro 
Advogada: Edir Lopes Novaes 
Advogada: Denise Battistotti Braga 
EMENTA – APELAÇÃO CÍVEL – COBRANÇA DE CRÉDITO TRABALHISTA RECEBIDO PELO 
ADVOGADO E NÃO REPASSADO AO CLIENTE E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL – ILEGITIMIDADE 
PASSIVA AFASTADA – AUSÊNCIA DE DANO MORAL PELO INADIMPLEMENTO CONTRATUAL – 
AFASTADA – AUSÊNCIA DE DANO MORAL PELO INADIMPLMENTO CONTRATUAL – AFASTADA 
MINORAÇÃO DO VALOR DE DEZ MIL REAIS - VALOR MANTIDO – RECURSO DESPROVIDO. 1. Se a 
legitimidade processual decorre da titularidade do direito material (art. 6º. Do CPC) é 
parte passiva legítima para ação de cobrança de honorários advocatícios recebido pelo 
advogado e não repassado à parte, de todos os advogados constantes na procuração e que 
atuaram na ação judicial. 2. A retenção de valores afetos a crédito alimentar não 
corresponde a mero descumprimento contratual, de forma a ser fato gerador para a 
condenação por dano moral, diante da situação de aflição psicológica e angústia de não 
recebimento de valores reservados à vida. 3. O valor de dez mil reais a título de danos 
morais por retenção de crédito trabalhista por advogado não se mostrar desproporcional 
até porque para que se cumpra a finalidade preventiva do dano moral.
 
 
 
 
 
 
Quantificação do dano moral 
 
Assim, todo mal infligido ao estado ideal das pessoas, resultando mal-
estar, desgostos, aflições, interrompendo-lhes o equilíbrio psíquico, constitui 
causa suficiente para a obrigação de reparar o dano moral. 
 
O dinheiro proporciona à vítima uma alegria que pode ser de ordem 
moral, para que possa, de certa maneira, não apagar a dor, mas mitigá-la, ainda 
com a consideração de que o ofensor cumpriu pena pela ofensa, sofreu pelo 
sofrimento que infligiu. 
 
Na avaliação do dano moral, o juiz deve medir o grau de sequela 
produzido, que diverge de pessoa a pessoa. A humilhação, a vergonha, as 
situações vexatórias, devem somar-se nas conclusões do magistrado para que 
este saiba dosar com justiça a condenação do ofensor. 
 
Há ofensor, como no caso em tela, que age com premeditação, usando 
de má-fé, unicamente para ter benefício indevido, causando enorme dano à 
autora. 
 
A autora teve enormes prejuízos em relação ao dano ambiental causado 
em seu local de trabalho, a Baia de Todos os Santos. Aguardou por mais de 6 
(seis) longos anos para ter direito à verba alimentar que lhe era devida e viu 
novamente seu direito ser ceifado pelo requerido no momento em que esse 
reteve indevidamente valores consagrados judicialmente à autora. 
 
Neste caso, a condenação deve atingir somas mais altas, trazendo não 
só a função compensatória à Requerente, mas também o caráter punitivo e 
desestimulante ao banco réu, como há muito já vem decidindo os Tribunais: 
“O valor da indenização para garantir compensação ao 
lesionado e penalidade ao lesionador, por certo, não 
pode se descurar da capacidade econômica de cada 
envolvido no litígio. É válido mencionar, desta 
feita, que tanto na Doutrina quanto na 
Jurisprudência, o valor deve ser fixado com: 
"Caráter dúplice, tanto punitivo do agente, quanto 
compensatório em relação a vítima." (TJSP - 7ª Câm. 
- Ap. - Rel.: Campos Mello - RJTJESP 137/186-187).” 
 
In casu, a autora é pessoa honesta, séria e trabalhadora, passou e passa 
por uma situação financeira delicada em virtude do acidente ambiental e 
encontra-se na difícil, para não dizer hilária, situação de buscar indenização por 
danos materiais e morais em decorrência de fatos de outra ação que buscava 
também a reparação por danos materiais e morais. 
 
Quanto o escritório réu seguramente se constitui numa empresa de 
grande faturamento, possuindo diversos clientes, estabelecido há muitos anos no 
mercado. 
 
Neste caso o valor da indenização deve atingir somas mais altas, de 
forma que não represente estímulo a que o ofensor continue assumindo o risco 
de lesar os cidadãos. 
 
No julgamento de apelação de caso análogo o Tribunal de Justiça do 
Mato Grosso do Sul assim decidiu: 
Apelação – n. 0818756-94.2012.8.12.0001 – Campo Grande 
Relator – Exmo. Sr. Dr. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho 
Apelantes: João Catarino Tenório Novaes e outro 
Advogada: Edir Lopes Novaes 
Advogada: Denise Battistotti Braga 
EMENTA – APELAÇÃO CÍVEL – COBRANÇA DE CRÉDITO TRABALHISTA RECEBIDO PELO 
ADVOGADO E NÃO REPASSADO AO CLIENTE E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL– ILEGITIMIDADE 
PASSIVA AFASTADA – AUSÊNCIA DE DANO MORAL PELO INADIMPLEMENTO CONTRATUAL – 
AFASTADA – AUSÊNCIA DE DANO MORAL PELO INADIMPLMENTO CONTRATUAL – AFASTADA 
MINORAÇÃO DO VALOR DE DEZ MIL REAIS - VALOR MANTIDO – RECURSO DESPROVIDO. 1. Se a 
legitimidade processual decorre da titularidade do direito material (art. 6º. Do CPC) é 
parte passiva legítima para ação de cobrança de honorários advocatícios recebido pelo 
advogado e não repassado à parte, de todos os advogados constantes na procuração e que 
atuaram na ação judicial. 2. A retenção de valores afetos a crédito alimentar não 
corresponde a mero descumprimento contratual, de forma a ser fato gerador para a 
condenação por dano moral, diante da situação de aflição psicológica e angústia de não 
recebimento de valores reservados à vida. 3. O valor de dez mil reais a título de danos 
morais por retenção de crédito trabalhista por advogado não se mostrar desproporcional 
até porque para que se cumpra a finalidade preventiva do dano moral.
 
 
Considerando que os danos morais são puros e presumidos, devem ser 
arbitrados em valor condizente com a gravidade e a extensão do dano sofrido, 
bem como a capacidade econômico-financeira do requerido, dentro dos 
parâmetros legais. 
Portanto requer-se a fixação do valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a 
título de indenização por danos morais. 
 
Sobre a condenação, devem ser aplicados juros de mora de 1% (um por 
cento) ao mês, calculados a partir do evento danoso, de acordo com a súmula 54 
do STJ. 
 
 
 
DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA-CARÁTER ALIMENTAR 
ARTIGO 295 e seguintes do NCPC 
 
Considerando o princípio da efetividade processual como instrumento 
de jurisdição, o legislador preocupou-se com as “tutelas de urgência”. É 
exatamente por este motivo que alguns diplomas legais têm contemplado a 
matéria com o objetivo primordial de evitar a ocorrência de dano irreparável ou 
de difícil reparação em virtude da demora do julgamento da demanda. 
 
Nesse ínterim, importa destacar o instituto da antecipação dos efeitos da 
tutela, com previsão expressa no art. 295 do NCPC, com o escopo de impedir 
que possam ser consumados danos a direitos e interesses jurídicos em razão da 
natural demora na solução de litígios submetidos ao judiciário. 
 
Os danos discutidos nesta ação são irreversíveis, e caso não sejam 
atendidos, sujeitarão a autora a uma situação deplorável. Afinal, a indenização 
pleiteada possui caráter alimentar e se assimila à compensação pela relevante 
interrupção e diminuição da atividade pesqueira, do seu labor diário, fruto de seu 
sustento. 
 
Diante do exposto, verifica-se que, in casu, estão presentes os requisitos 
legais para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, no sentido de 
impedir a perpetração do ato nocivo que foi praticado (retenção indevida de 
valores), que culminou nos danos materiais e morais demonstrados ao longo 
dessa peça e que demonstram o relevante fundamento da demanda. 
 
No que tange ao primeiro requisito para a concessão da antecipação da 
tutela, a verossimilhança das alegações, observa-se que os fatos narrados na 
presente peça são corroborados pelos documentos que a acompanham, não 
obstante o dano em comento corresponder a fato público e notório5 . 
 
Já o segundo requisito para a concessão da antecipação de tutela, o 
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, encontra-se 
vinculado à natural demora no julgamento da lide, o que poderá frustrar sua 
eficácia final, uma vez que a cada dia que passa sem a devida reparação, a autora 
sofre com as dificuldades decorrentes dos efeitos do dano ambiental sofrido no 
passado inclusive necessitando trabalhar como diarista nos dias de hoje para 
obter seu sustento. 
 
No caso em tela, os requisitos exigidos pelo diploma processual para a 
antecipação dos efeitos da tutela ora pleiteada, estando presentes a prova 
inequívoca, consubstanciada pelos documentos carreados aos autos, a 
verossimilhança das alegações, que deflui do dano ambiental ser fato notório e 
amplamente noticiado na imprensa local, estadual e até nacional e o fundado 
receio de dano irreparável ou de difícil reparação, que emana da demora na 
entrega da prestação jurisdicional e a perpetuação dos danos causados à autora, o 
que tornará ineficaz o provimento final da demanda 
 
 
5http://atarde.uol.com.br/bahia/noticias/1700505-justica-determina-que-petrobras-indenize-5046-
pescadores 
Requer, assim, que o escritório réu seja intimado a proceder o 
depósito em juízo do valor de 30% (trinta por cento) dos 
honorários retidos indevidamente no processo n. 0058754-
05.2009.8.0001, ou seja, R$ 4.608,39 (quatro mil, seiscentos e oito reais e 
trinta e nove centavos). 
 
Requer-se ainda, com fundamento no artigo 461, caput e § 2º c/c 287 do 
CPC, para o caso de descumprimento da ordem judicial, a cominação de multa 
diária em valor não inferior a R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia de atraso, e 
APLICAÇÃO AINDA DE CRIME DE DESOBEDIÊNCIA, no caso de 
descumprimento. 
 
DOS PEDIDOS 
Por todo o exposto, o autor requer a Vossa Excelência: 
a) A concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita sendo 
que o requerente declara conforme documento em anexo, que sua atual condição 
econômica não permite demandar em juízo sem prejuízo do seu sustento próprio 
e da sua família, pelo que pede os benefícios da justiça gratuita previstos na 
Carta Constitucional de 1988, e mais precisamente, com fulcro no artigo 4º, 
caput da Lei 1.060/50, consorciado com o artigo 1º da Lei 7.115 de 29 de agosto 
de 1983. 
b) O deferimento, em sede de antecipação de tutela, do pagamento, 
pelo requerido, dos valores devidos a título de danos materiais para que o réu 
seja intimado a proceder o depósito em juízo do valor de 30% (trinta por 
cento) dos honorários retidos indevidamente no processo n. 0058754-
05.2009.8.0001, ou seja, R$ 4.608,39 (quatro mil, seiscentos e oito reais e trinta e 
nove centavos), devidamente corrigidos monetariamente e com juros de 1% ao 
mês, em prazo razoável a ser arbitrado por Vossa Excelência, sob pena de 
aplicação de multa diária em valor sugerido de não menos que R$ 500,00 
(quinhentos reais) em caso de não cumprimento da ordem judicial; 
c) A citação do réu, na pessoa de seus representantes legais, para que, 
querendo, conteste o presente feito, no prazo legal, sob pena de confissão e 
revelia; 
d) A expedição de ofício ao Ministério Público para a tomada de 
eventuais medidas criminais cabíveis por tratar-se de apropriação indevida; 
e) Que seja oficiada a Ordem dos Advogados do Brasil, seção Bahia, 
para a apuração dos fatos mediante abertura de processo administrativo 
disciplinar, bem como os demais mandamentos relativos ao exercício da 
advocacia; 
f) Seja a presente demanda julgada procedente para que: 
f.1) O Réu proceda a devolução dos valores retidos indevidamente à 
autora; 
f.2) O réu seja condenado a indenizar a autora pelos danos morais 
sofridos, no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais); 
f.3) A condenação do requerido ao pagamento das custas e despesas 
processuais e de honorários advocatícios a serem arbitrados em no mínimo 20% 
(vinte por cento) sobre o valor da condenação; 
 
DAS PROVAS 
Protesta por todos os meios de prova, notadamente a documental 
complementar, depoimento pessoal da autora e do preposto do escritório réu sob 
pena de confesso. 
Dá-se à causa o valor de R$14.608,39 (quatorze mil, seiscentos e oito 
reais e trinta e nove centavos) 
Nestes termos, pede deferimento. 
Brasília, 31 de março de 2.016. 
 
OSÓRIO ALBERTO CARAZZAI 
 OAB/PR 15.431 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOCUMENTOS PESSOAIS 
	Requer-se ainda, com fundamento no artigo 461, caput e § 2º c/c 287 do CPC, para o caso de descumprimento da ordem judicial, a cominação de multa diária em valor não inferiora R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia de atraso, e APLICAÇÃO AINDA DE CRIME...

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