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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
EMPRESARIAL
Teoria Geral da Sociedade
Livro Eletrônico
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Tácio Muzzi
Teoria Geral da Sociedade
DIREITO EMPRESARIAL
Apresentação . ............................................................................................................................3
Teoria Geral da Sociedade ........................................................................................................4
1. Teoria Geral das Sociedades . ................................................................................................4
1.1. Conceito . ...............................................................................................................................4
1.2. Elementos ............................................................................................................................5
1.3. Classificação das Sociedades . ........................................................................................ 12
1.4. Princípios do Direito Societário . .....................................................................................24
1.5. Personalidade Jurídica . ...................................................................................................24
1.6. Desconsideração da Personalidade Jurídica ................................................................ 30
1.7. Sócios e Acionistas . .........................................................................................................45
2. Teoria dos Títulos de Crédito . .......................................................................................... 50
2.1. Conceito de Título de Crédito no Código Civil . ............................................................. 50
2.2. Princípios dos Títulos de Crédito . ................................................................................. 51
2.3. Atributos/Características dos Títulos de Crédito ....................................................... 60
2.4. Classificação dos Títulos de Crédito . ............................................................................62
2.5. Atos Cambiários ...............................................................................................................73
2.6. Aval . .................................................................................................................................. 81
2.7. Protesto ............................................................................................................................ 91
Resumo . .................................................................................................................................. 99
Questões de Concurso . ......................................................................................................... 106
Gabarito . ................................................................................................................................. 112
Gabarito Comentado . ............................................................................................................. 113
Referências ............................................................................................................................ 132
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Tácio Muzzi
Teoria Geral da Sociedade
DIREITO EMPRESARIAL
ApresentAção
Caro(a) aluno(a), iniciaremos a presente aula abordando tema importantíssimo para o 
Direito Empresarial e muito cobrado em concurso: a Teoria Geral das Sociedades.
Pontos do edital:
• Teoria Geral das Sociedades. Sociedades. Conceito. Elementos. Classificação das so-
ciedades. Princípios. Personalidade jurídica. Desconsideração da personalidade jurídi-
ca. Atualização feita pela Lei n. 13.874, de 20 de setembro de 2019. Sócio e acionista. 
Direitos. Deveres. Responsabilidades. Capital Social;
• Teoria dos Títulos de Crédito. Conceito de título de crédito no Código Civil. Títulos de cré-
dito, títulos de legitimação e valores mobiliários. Características e atributos dos títulos 
de crédito. A emissão do título a partir de caracteres eletrônicos. Títulos eletrônicos ou 
virtuais. Classificação dos títulos de crédito quanto ao conteúdo e circulação. Títulos à 
ordem, não à ordem, ao portador e nominativos. Modalidades de protesto. Dispensa do 
protesto. Prazos. Sustação e Cancelamento do protesto. Endosso. Conceito e natureza 
jurídica. Endosso e cessão de crédito. Modalidades. Endosso parcial. Pluralidade ou 
cadeia de endossos. Endosso mandato, endosso caução e endosso póstumo. Cance-
lamento. Aval. Finalidade. Características. Aval e Fiança. Lançamento e modalidades. 
Aval de pessoa casada e de sociedade. Responsabilidade do avalista. Pluralidade de 
avais. Avais Simultâneos e Sucessivos. Aval posterior ao vencimento.
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Teoria Geral da Sociedade
DIREITO EMPRESARIAL
TEORIA GERAL DA SOCIEDADE 
1. teoriA GerAl dAs sociedAdes
Antes de mais, é importante saber que a sociedade não é criação do Direito brasileiro e 
muito menos é um instituto recente.
Autores como Marcelo Bertoldi e Márcia Carla Ribeiro, acompanhados de outros doutri-
nadores, verificam antecedentes históricos das sociedades no Direito Romano, tanto com o 
objetivo de gerenciar bens deixados por herança (sociedade familiar), como para o desenvol-
vimento de atividades específicas (ex., compra de escravos). Contudo, destaco, ainda não se 
discutia a constituição de personalidade jurídica própria para a sociedade.
Na idade média, com o mercantilismo, o instituto evoluiu, tendo como base a ideia de se-
paração do patrimônio da sociedade em relação aos seus sócios, objetivando a segregação 
de riscos, sobretudo do comerciante.
No século XVII, com as grandes navegações e os empreendimentos de vulto que as envol-
viam, temos o surgimento das primeiras sociedades por ações (v.g., Companhia Holandesa 
das índias Orientais em 1602), com a reunião de substancial capital, dividido em ações, e con-
tando com a participação de um número considerável de pessoas. Nessas, o que importava 
era o aporte de capital pelos acionistas e não propriamente a pessoa do acionista.
Já em relação à sociedade limitada, tipo mais difundido na atualidade, José Edwaldo Ta-
veres Borba nos informa que a sua concepção é mais recente, surgindo na Alemanha no sé-
culo XIX.
1.1. conceito
Extraímos o conceito de sociedade do art. 981 do Código Civil (CC), que estabelece:
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, 
com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados.
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Depreendemos de tal dispositivo legal que a sociedade decorre da celebração de um con-
trato, entre pessoas - ou seja, duas ou mais – podendo ser naturais ou jurídicas (a regra, por-
tanto, é a pluralidade de sócios), que de forma voluntária e recíproca se obrigam a contribuir
com bens ou serviços com o objetivo de explorar atividade econômica (finalidade lucrativa), 
repartindo seus resultados (sejam lucros, sejam prejuízos).
Registro que tal conceito se aplica tanto à sociedade empresária como à não empresária, 
denominada pelo CC de sociedade simples.
Embora a efetiva segregação do patrimônio dos sócios com o da sociedade somente ocorra 
com a constituição de personalidade jurídica própria (o limite da responsabilidade dos sócios 
dependerá do tipo societário adotado), a personalidade jurídica não é elemento que necessa-
riamente integra o conceitode sociedade. Basta dizer que o próprio CC prevê expressamente 
a possibilidade de sociedades não personificadas, ou seja, sem personalidade jurídica, a sa-
ber: a sociedade em comum (art. 986 a 990) e a sociedade em conta de participação (art. 991 
a 996), ambas reguladas no Subtítulo I – Da sociedade não personificada (Título II – Da so-
ciedade).
1.2. elementos
Por se tratar de ato jurídico, o ato constitutivo terá como elementos gerais os previstos no 
art. 104 do CC:
• agentes capazes (no caso, consenso entre agentes capazes);
• objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
• forma prescrita ou não proibida por lei.
No entanto, em razão das suas peculiaridades, temos também elementos específicos
para a constituição da sociedade que são os seguintes:
• acordo de vontade com fim comum: a sociedade decorre de um negócio jurídico entre 
duas ou mais pessoas. Dessa forma, prevalece no Direito brasileiro a teoria contratualista, 
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no sentido de que a natureza jurídica do ato constitutivo da sociedade é um contrato 
plurilateral, em que a vontade dos participantes é dirigida para um fim comum (affectio 
societatis, na expressão cunhada por Ulpiano, conforme ensina Carvalho de Mendonça);
• pluralidade de sócios: o acordo de vontade será entre duas ou mais pessoas, podendo ser 
naturais ou jurídicas, até mesmo para que seja possível a reciprocidade de obrigações. 
Ou seja, a princípio não faz sentido sociedade com somente um sócio (há exceções!);
• definição de obrigações recíprocas: os sócios devem reciprocamente se comprometer 
com dinheiro, bens ou serviços (este último somente em alguns tipos societários) no 
ato da constituição da sociedade, contribuindo para a formação do capital social;
• exercício de atividade econômica: a atividade desenvolvida pela sociedade deve ter fi-
nalidade lucrativa;
• partilha dos resultados: necessariamente os sócios devem participar dos resultados 
sociais (lucros ou prejuízos).
Sociedade Unipessoal: Exceção à Regra da Pluralidade de Sócios
A constituição da sociedade (do latim societas, que entre os seus significados está o de 
“associação amistosa com outros”), a princípio somente faz sentido com a participação de 
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DIREITO EMPRESARIAL
duas ou mais pessoas. Não por acaso o ato constitutivo da sociedade tem natureza de con-
trato plurilateral.
Em razão disso, o art. 1.033, IV do CC prevê que uma das causas para dissolução da so-
ciedade é “a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias.”
Contudo, há hipóteses legais em que a sociedade pode ser constituída por somente uma 
pessoa ou continuar suas atividades temporariamente com apenas um sócio, sendo exceção 
à regra da pluralidade de sócios.
Destaco que a sociedade unipessoal, tão defendida por alguns doutrinadores, hoje é realida-
de no Direito brasileiro em relação à sociedade limitada, conforme previsto no §§1º e 2º do 
art. 1.052 do CC, cuja redação foi dada pela Lei 13.874, de 2019 (Lei da Liberdade Econômica:
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas 
quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas.
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, 
as disposições sobre o contrato social. (negritei)
Nesse sentido, podemos ter sociedades unipessoais nos seguintes casos:
• originalmente unipessoal: i) sociedade limitada unipessoal (art. 1.052, §§ 1º e 2º); ii) 
subsidiária integral – companhia (ou seja, sociedade por ações) que terá como único 
acionista sociedade brasileira, nos termos do art. 251 da Lei 6.404, de 1976 – Lei das 
S.A.); iii) empresa pública (art. 3º da Lei 13.303, de 2016, em que a União, os Esta-
dos e os Municípios podem ser sócios únicos); iv) sociedade unipessoal de advogados
(art. 15 da Lei n. 8.906/94);
• superveniente - e temporariamente - unipessoal: no caso de redução do quadro socie-
tário a um único sócio ou acionista, como por exemplo por morte de sócio, há previsão 
legal para a continuidade do funcionamento. Contudo, as normas conferem prazo para 
regularização: i) sociedades em geral (art. 1.033, IV do CC): dissolve-se a sociedade 
caso a falta de pluralidade de sócios não for reconstituída no prazo de 180 dias; ii) 
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sociedade anônima (art. 206, I, ‘d’ da Lei das S.A.): a companhia será dissolvida caso, 
verificada em assembleia geral ordinária (AGO) tal hipótese, não houver recomposição 
de no mínimo 2 acionistas até a AGO do ano seguinte.
Questão 1 (CESPE/JUIZ/TJ-PR/2017/ADAPTADA) Acerca de ligações societárias, assinale 
a opção correta.
a) A subsidiária integral é uma sociedade limitada ou anônima unipessoal.
Errada.
De fato, a subsidiária integral caracteriza-se por ser uma sociedade unipessoal, contudo ela 
é regulada pelo art. 251 e seguintes da Lei das S.A., devendo ser uma “companhia” (ou seja, 
sociedade anônima), nos termos dos arts. 1º e 251, caput:
Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade 
dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. 
(negritei)
SEÇÃO V
Subsidiária Integral
Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionis-
ta sociedade brasileira.
(...)
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Sociedade Empresária: Possibilidade de Conversão em Empresa Individual 
de Responsabilidade Limitada (EIRELI) ou Empresário Individual
Muito importante, caro(a) aluno(a): a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada
(EIRELI), embora tenha personalidade jurídica própria (art. 44, VI do CC), não é uma sociedade, 
tratando-se de um novo ente jurídico personificado!
Confira a respeito os Enunciados 469 e 472 da V Jornada de Direito Civil:
Enunciado 469 – Arts. 44 e 980-A: A empresa individual de responsabilidade limitada 
(EIRELI) não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado.
Enunciado 472 – Art. 980-A: É inadequada a utilização da expressão “social” para as 
empresas individuais de responsabilidade limitada.
Nesse sentido, na hipótese de as sociedades em geral ficarem com somente um sócio, 
o CC permite que o sócio remanescente, concentrando todas as cotas da sociedade, requeira 
a transformação do registro da sociedade para EIRELI ou também para empresário individual, 
sendo que este último não tem personalidade jurídica.
É o que se extrai do art. 980-A e do parágrafo único do art. 1.033 do CC:
Art. 980-A, §3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da con-
centração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das 
razões que motivaram tal concentração.
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
IV – a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hi-
pótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro 
Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário indivi-
dual ou para empresa individual de responsabilidade limitada, observado,no que couber, o dispos-
to nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
Questão 2 (PUC-PR/JUIZ/TJ-MS/2012/ADAPTADA) Considere a afirmativa a respeito da 
figura da EIRELI:
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Empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração 
das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões 
que motivaram essa concentração.
Correta.
O §3º do art. 980-A e o parágrafo único do art. 1.033 do CC permitem expressamente que a 
EIRELI resulte da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio.
Empresário Individual: Transformação em Sociedade Empresária
Da mesma forma que a sociedade empresária, caso reste somente um sócio, pode ser 
transformada em empresário individual, o Código Civil também admite que esse, caso admita 
sócio(s) transforme-se em sociedade empresária.
Confira o disposto no art. 969, §3º do CC:
Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha:
§3º Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao Registro Público de 
Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade 
empresária, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
Cláusula Contratual com Exclusão de Participação nos Resultados Sociais: 
Consequência
Conforme vimos, um dos elementos para se configurar uma sociedade é a participação 
dos sócios nos resultados sociais, tanto os positivos (lucro) como os negativo (prejuízo).
Mas, professor, e se o contrato social tiver cláusula excluindo algum sócio da distribuição 
do resultado social?
A resposta, caro(a) aluno(a), é que tal cláusula será considerada nula, nos termos do 
art. 1.008 do CC:
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Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das 
perdas.
Contudo, observo que tal dispositivo não tem o condão de anular todo o ato constitutivo
da sociedade (até porque contrariaria o princípio da preservação da empresa), devendo ser 
considerada como nula (em outras palavras, não escrita) somente a “estipulação contratual”, 
ou seja, a cláusula contratual.
Assim, tal cláusula não gerará qualquer efeito jurídico.
Caso não seja estipulada formalmente a distribuição dos resultados, será aplicado o 
art. 1.007 do CC, que estabelece que o sócio participa dos lucros e da perda na proporção das 
suas quotas:
Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção 
das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos 
lucros na proporção da média do valor das quotas.
Também extraímos desse dispositivo que, com relação àquele sócio que contribuiu so-
mente com serviço, esse somente participará dos lucros (e não das perdas) calculado na 
proporção da média do valor das quotas.
Questão 3 (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2018/ADAPTADA) No que se refere à pessoa 
jurídica de direito privado que tenha por objeto a prestação de serviços médicos com finalida-
de lucrativa, sob a forma de limitada, assinale a opção correta.
e) O ato instituidor da sociedade será declarado nulo se omitir-se quanto à distribuição dos 
resultados.
Errada.
Nos termos do art. 1.007 do CC, aplicado subsidiariamente à sociedade limitada como regra 
(“art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas 
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da sociedade simples”), na omissão (“salvo estipulação em contrário”), o sócio participa dos 
lucros e da perda na proporção das suas quotas:
Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção 
das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos 
lucros na proporção da média do valor das quotas.
Sociedade x Associação x Fundação
Conforme vimos no art. 981 do CC, as sociedades necessariamente devem desenvolver 
atividade econômica, tendo como finalidade a partilha dos resultados (notadamente o lucro) 
entre os seus sócios.
Já as associações podem até desenvolver atividade econômica (em regra, desenvolvem 
atividades morais, pias, literárias, artísticas), mas mesmo nesses casos a lucratividade nunca 
será o fim (ou seja, eventuais resultados positivos não poderão ser partilhados entre seus 
associados), mas sim o meio da atividade (gerar resultados positivos para reinvestimento).
Confira o Enunciado 534 da VI Jornada de Direito Civil:
Enunciado 534. As associações podem desenvolver atividade econômica, desde que 
não haja finalidade lucrativa.
Da mesma forma, entende-se que as associações necessariamente têm que ter plurali-
dade de associados (art. 53, caput, do CC), ao passo que as sociedades, excepcionalmente, 
podem ser unipessoais.
Quanto à fundação, essa é um complexo de bens, sendo que a aquisição de personalidade 
jurídica própria é direcionada para a realização de um fim de interesse público preestabeleci-
do pelo(s) seu(s) fundador(es), de forma estável e permanente. Já na sociedade o que temos 
é uma reunião de pessoas, cujos fins são deliberados de forma livre pelos seus membros.
A fundação é regulada pelo art. 62 e seguintes do Código Civil.
1.3. clAssificAção dAs sociedAdes
Podemos classificar as sociedades de acordo com diversos critérios. Vamos a eles!
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1º Critério: Área de Atuação
A primeira classificação que iremos abordar é significativa, uma vez que tem reflexo na 
própria aplicação (ou não) do Direito Empresarial.
Nesse sentido, caso a sociedade explore a empresa (atividade econômica organizada)
estaremos diante de uma sociedade empresária, sendo que as demais deverão ser conside-
radas sociedades simples, conforme preceitua o art. 982 do CC.
Note, amigoa) guerreiro(a), que pelo próprio conceito de sociedade (em sentido amplo) 
previsto no art. 981 do CC, tanto a sociedade empresária como a sociedade simples desen-
volvem atividade econômica, ou seja, têm finalidade lucrativa (é um dos seus elementos ca-
racterizadores).
Assim, o principal elemento caracterizador da sociedade empresária não é propriamente 
o objetivo do lucro (a sociedade simples também tem finalidade lucrativa), mas sim a organi-
zação dos fatores de produção (capital, mão de obra, insumo e tecnologia).
Dessa forma, a sociedade simples usualmente será utilizada para o desenvolvimento de 
atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, havendo pessoalidade na sua 
atuação.
É importante saber que, anteriormente à promulgação do Código Civil atual em 2002, fa-
zia-se a diferenciação entre sociedade comercial e sociedade civil. Contudo, essa distinção 
deixou de fazer sentido com a introdução de vez da teoria da empresa no Direito pátrio.
DICA!
Por força legal (art. 982, parágrafo único), independentemente 
do objeto, as sociedades por ações serão sempre socieda-
des empresárias e as cooperativas serão sempre sociedades 
simples:
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empre-
sária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade 
própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, 
as demais.
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DIREITO EMPRESARIAL
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-
-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
Fique atento, nobre aluno(a), esse aspecto é muito cobrado 
em concurso!
Questão 4 (FCC/JUIZ/TJ-AP/2014/ADAPTADA) Em relação à sociedade cooperativa, é cor-
reto afirmar:
b) É sociedade simples, independentemente de seu objeto.
c) Se exercer atividade empresarial, reputa-se sociedade empresária de responsabilidade 
limitada.
d ) Está sujeita à falência.
e) Tem direito à recuperação judicial.
Letra b.
Por força do art. 982, parágrafo único, do CC, a cooperativa, independentemente do objeto, 
será sempre considerada sociedade simples:
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto 
o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por 
ações; e, simples, a cooperativa.
c/d/e) Erradas. A cooperativa jamais será sociedade empresária, conforme exposto, sendo 
que a falência e a recuperação judicial são institutos aplicados exclusivamente aos empresá-
rios (em sentido amplo), nos termos do art. 1º da Lei 11.101, de 2005:
Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empre-
sário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. (negritei).
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A inscrição da sociedade empresária deverá ser feita na Junta Comercial (art. 982 do CC), 
sendo que a sociedade simples será inscrita no Registro Civil das Pessoas Jurídicas (art. 998 
do CC).
Questão 5 (FCC/JUIZ/TJ-PE/2013) No tocante ao estabelecimento e seus institutos com-
plementares, é correto afirmar que
A sociedade simples e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas 
Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e o empresário vincula-se ao Registro Civil das Pes-
soas Jurídicas, vedado à sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.
Errado.
A sociedade empresária e o empresário individual (ambos são empresários, em sentido am-
plo) vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comer-
ciais (art. 982 c/c 967 do CC) e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas 
(art. 998 do CC), sintetizado pelo art. 1.150 do CC:
Art. 1.150 do CC. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Em-
presas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pes-
soas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade 
simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.
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Devemos ter claro, caro(a) aluno(a), que empresário - entendido como sujeito de direitos (as-
pecto subjetivo da empresa) - é o gênero, contemplando as seguintes espécies:
• empresário individual: pessoa natural que explora a empresa (atividade empresarial – 
aspecto funcional), cuja definição está no art. 966 do CC. Assim, não tem personalidade 
jurídica;
• sociedade empresária: será, em regra, constituída por mais de um sócio ou acionista e, 
quando regularmente criada, terá personalidade jurídica (art. 982 do CC);
• empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI): será titularizada por uma só 
pessoa (natural ou jurídica) e terá personalidade jurídica própria após a sua regular 
criação, tratando-se de ente jurídico personalizado próprio (ou seja, não se confunde 
com a sociedade empresária nem com o empresário individual).
2º Critério: Personificação
Conforme mencionamos, as sociedades podem ter personalidade jurídica ou serem não 
personificadas. É importante saber que com a criação da personalidade própria, a partir do 
registro, a nova sociedade será titular de patrimônio e será, a princípio, responsável por suas 
obrigações:
• sociedades não personificadas (arts. 986/996 do CC): sociedade em comum e socieda-
de em conta em participação;
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• sociedades personificadas (arts. 997/1.141 do CC): as demais, a saber, sociedade sim-
ples, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade limi-
tada, sociedade anônima, sociedade em comandita por ações, sociedade cooperativa.
Importante registrar que o CC expressamente contempla tal distinção, ao dividir o Título II 
(Da Sociedade) em dois subtítulos: i) Subtítulo I – Da Sociedade Não Personificada; ii) Subtí-
tulo II – Da Sociedade Personificada.
3º Critério: Responsabilidade dos Sócios
Por esse critério, verificamos o grau de responsabilidade dos sócios (comprometimento 
do patrimônio particular) em relação às obrigações sociais:
• sociedade de responsabilidade limitada: todos os sócios têm responsabilidade limi-
tada, obrigando-se somente pelo valor da sua contribuição ou, em algumas circuns-
tâncias, do capital social integral (ex. caso não tenha sido integralizado todo o capital 
social na sociedade limitada). Abarca a sociedade limitada, a sociedade anônima e, 
eventualmente, a cooperativa (esta somente se adotar a forma de responsabilidade 
limitada – art. 11 da Lei 5.764, de 1971);
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• sociedade de responsabilidade ilimitada: todos os sócios respondem ilimitadamente 
(embora de forma subsidiária) pelas obrigações sociais. Serão os casos da sociedade 
em nome coletivo, a sociedade em comum, a sociedade simples pura e, eventualmente, 
a cooperativa (esta somente se adotar a forma de responsabilidade ilimitada – art. 12 
da Lei 5.764, de 1971);
• sociedade de responsabilidade mista: a responsabilidade é variável em relação aos só-
cios, alguns respondendo de forma ilimitada e outros de forma limitada. Representam 
essa espécie a sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por ações e 
sociedade em conta de participação.
Mesmo no caso em que a responsabilidade do sócio é ilimitada, ou seja, na hipótese de o patrimô-
nio pessoal responder por obrigações sociais, lembro que tal responsabilidade será subsidiária.
Dessa forma, primeiro tem que ser esgotado o patrimônio social, para a partir daí direcionar a 
execução para o patrimônio particular dos sócios. É o que o CC chama de benefício de ordem.
Contudo, esgotado o patrimônio social, os sócios serão demandados de forma solidária (ou 
seja, entre si, os sócios serão solidariamente responsáveis).
Nesse sentido preceitua o art. 1.024 do CC:
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, 
senão depois de executados os bens sociais.
Tal norma é reforçada pelo disposto no art. 795 do Código de Processo Civil (CPC), que assim 
dispõe:
Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, senão nos 
casos previstos em lei.
§ 1º O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem o direito de exi-
gir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade.
§ 2º Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1º nomear quantos bens da sociedade situados 
na mesma comarca, livres e desembargados, bastem para pagar o débito.
Mas há uma exceção: o art. 990 do CC, parte final, estabelece responsabilidade solidária (e 
não subsidiária) para aquele que contratou pela sociedade em comum(aquela cujos atos 
constitutivos não foram inscritos na Junta Comercial, se sociedade empresarial ou Registro 
Civil das Pessoas Jurídicas, se simples):
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Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído
do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.
Questão 6 (FMP/PROCURADOR/PGE-AC/2012/ADAPTADA) Julgue o item a seguir:
A responsabilidade dos sócios pelas obrigações da sociedade empresária é sempre subsidiá-
ria. Quando a lei qualifica de solidária a responsabilidade dos sócios, ela se refere às relações 
entre eles.
Correta.
De fato, o art. 990 do CC deve ser interpretado em harmonia com o art. 1.024 do CC, que esta-
belece que a responsabilidade do sócio, mesmo quando ilimitada, é subsidiária.
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4º Critério: Estrutura Econômica
Com relação à estrutura econômica, iremos verificar se a sociedade confere maior peso à 
pessoa dos sócios ou ao capital por ele aportado, tanto na constituição como no desenvolvi-
mento da atividade econômica:
• sociedade de pessoas (intuitu personae): a affectio societatis predominantemente terá 
caráter personalíssimo, estando fortemente vinculada à qualidade de seus sócios. 
A sociedade simples, sociedade em nome coletivo, sociedade comandita simples, so-
ciedade em conta de participação são exemplos clássicos;
• sociedade de capitais (intuitu pecuniae): a sociedade adota perfil praticamente impes-
soal, conferindo efetivo valor à contribuição do sócio. As sociedades por ações (socie-
dade anônima e sociedade em comandita por ações) enquadram-se nessa categoria 
por excelência.
Mas, professor, e a sociedade limitada: é sociedade de pessoas ou de capitais?
Caro(a) aluno(a), em relação à sociedade limitada, a resposta dependerá da análise do 
contrato social, que tem uma grande liberdade para moldar a sociedade de acordo com a von-
tade dos sócios. Nesse sentido, a sociedade limitada poderá ser de pessoas ou de capitais, 
de acordo com a influência (maior ou menor) da pessoa do sócio na constituição e funciona-
mento da sociedade.
Efeitos: Sociedade de Pessoas x Sociedade de Capitais
Alguns efeitos decorrem dessa classificação em relação à constituição e ao funciona-
mento da sociedade:
• entrada de novos sócios: será rigorosa na sociedade de pessoas, ao passo que na de 
capitais será livre;
• administração: ficará concentrada nos sócios na primeira, sendo admitido o exercício 
por terceiros (notadamente profissionais) na segunda;
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• morte ou incapacidade de sócios: poderá ensejar a dissolução parcial ou total na so-
ciedade de pessoas, tendo pouca – ou nenhuma – influência na sociedade de capitais;
• nome empresarial: a sociedade de pessoas usará como regra a “firma” ao passo que a 
sociedade de capitais usará necessariamente “denominação social” (de caráter mais 
impessoal);
• affectio societatis: a quebra da affectio societatis poderá ensejar a exclusão do sócio 
na sociedade de pessoas.
5º Critério: Forma do Capital
Levando em conta a forma do capital social, temos:
• sociedade de capital fixo: é a regra das sociedades personificadas, em que o capital 
social é fixado no contrato ou estatuto social. Qualquer alteração demandará alteração 
do próprio contrato/estatuto;
• sociedade de capital variável: a modificação do capital social não necessita de altera-
ção dos atos constitutivos. Como exemplo, temos as cooperativas (art. 1.094, I do CC 
– sendo uma de suas características a “variabilidade, ou dispensa do capital social”) e 
as companhias de capital autorizado (art. 172 da Lei das S.A.), em que o aumento do 
capital pode ser expressa e previamente aprovado em assembleia geral até um deter-
minado limite prefixado.
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Questão 7 (FCC/JUIZ/TJ-AP/2014/ADAPTADA) Em relação à sociedade cooperativa, é cor-
reto afirmar:
a) Deve ter capital social fixo.
Errada.
As sociedades cooperativas caracterizam-se por terem o capital social variável – ou dispen-
sa do capital -, nos termos do art. 1.094, I do CC:
Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa:
I – variabilidade, ou dispensa do capital social;
6º Critério: Natureza do Ato Constitutivo
Dependendo do ato constitutivo, as sociedades podem ser:
• sociedades contratuais: são constituídas por um contrato entre os sócios, em que par-
te das relações entre eles é norteada pelos princípios do direito dos contratos. As so-
ciedades em nome coletivo, em comandita simples, sociedade simples e sociedade 
limitada são assim caracterizadas, tendo como ato constitutivo o contrato social
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• sociedades institucionais: embora se constituam por ato de manifestação de vontade, 
alguns doutrinadores defendem que tal ato não tem natureza propriamente contratual. 
Isso porque os acionistas têm menor liberdade quanto à disciplina das relações so-
ciais, que praticamente já estão moldadas em lei. Enquadram nesse quesito as socie-
dades por ações (sociedade anônima e sociedade em comandita por ações), cujo ato 
constitutivo é o estatuto social.
Questão 8 (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2015) À luz da legislação e da doutrina 
pertinentes às sociedades empresárias, julgue o próximo item.
A adoção do regime legal das companhias permite maior liberdade quanto à disciplina das 
relações sociais, o que constitui uma vantagem desse regime em relação ao das sociedades 
contratualistas.
Errada.
No caso das sociedades institucionais, cujo maior exemplo é a sociedade anônima (também 
chamada de ‘companhia’ – art. 2º da Lei das S.A.), a regulação da vida social praticamente 
encontra-se disciplinada na Lei das S.A., de forma que há pouca liberdade para o estatuto 
social disciplinar as relações sociais.
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1.4. princípios do direito societário
Conforme já tivemos a oportunidade de expor, a palavra “princípio” não tem um significa-
do único, mas traz ínsita a noção de “fundamento”.
Nesse sentido, Fábio Ulhoa Coelho identifica 3 princípios que orientam o Direito Societário:
• Princípio da autonomia patrimonial: a sociedade deve ser entendida como sujeito de 
direitos e obrigações próprio, não se confundido com os seus sócios. Assim, as obriga-
ções sociais são por ela (sociedade) devidas, não podendo, em regra, serem cobradas 
de seus sócios. Como corolário (desdobramento), temos o princípio da subsidiariedade 
da responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais, em que mesmo nas formas 
societárias em que não há limitação de responsabilidade pelos sócios, estes somente 
responderão quando exaurido o patrimônio social (art. 1.024 do CC);
• Princípio majoritário nas deliberações sociais: o acordo de vontades vigora na socieda-
de não somente no momento da sua constituição como também no desenvolvimento 
de suas atividades. Ressalto que, como regra (na cooperativa é diverso), tal princípio 
expressa-se “pela atribuição de poder deliberativo ao sócio proporcionalmente às quo-
tasou ações (votantes) tituladas.” Ou seja, a proporcionalidade será de acordo com 
o montante investido na sociedade, objetivando garantir maior participação a quem 
assumiu maiores riscos;
• Princípio da proteção ao sócio/acionista minoritário: como limitação ao princípio an-
terior, o princípio da proteção ao minoritário – que tem amparo legal - “não descuida 
dos direitos dos demais sócios, cuja contribuição para a empresa não pode ter a im-
portância desprezada.” Assim, não é absoluto o poder dos sócios majoritários, sendo 
concedido aos sócios minoritários o poder de fiscalização e, em alguns casos, o direi-
to de retirada da sociedade, notadamente em relação a determinadas deliberações que 
o minoritário tenha votado em sentido contrário (direito de recesso).
1.5. personAlidAde JurídicA
Já mencionamos que a personalidade jurídica não é elemento necessário para caracteri-
zar a sociedade, até por conta de haver sociedades não personificadas.
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Mas obviamente é um aspecto importantíssimo decorrente da constituição regular da 
sociedade.
Cabe-me dizer que o Código Civil, seguindo a corrente normativista, expressamente es-
tabelece as entidades que poderão ser dotadas de personalidade jurídica (numerus clausus):
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I – as associações;
II – as sociedades;
III – as fundações.
IV – as organizações religiosas;
V – os partidos políticos.
VI – as empresas individuais de responsabilidade limitada. (negritei)
Verificamos que a sociedade se encontra especificada de forma geral, abarcando tanto a 
sociedade empresária como a sociedade simples, indistintamente.
Destaco que, nos termos do art. 985 do CC, a aquisição da personalidade jurídica ocorrerá 
efetivamente com a inscrição no registro próprio dos atos constitutivos da sociedade:
Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma 
da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).
No caso de ser sociedade empresária a inscrição deverá ser feita na Junta Comercial 
(art. 982 do CC), sendo que a sociedade simples será inscrita no Registro Civil das Pessoas 
Jurídicas (art. 998 do CC).
Registro posição minoritária de Fábio Ulhoa Coelho, segundo o qual a personalidade jurí-
dica decorreria do contrato entre os sócios, mesmo que verbal. No entanto, conforme pude-
mos verificar acima, tal entendimento contraria expressamente o disposto no CC.
A intenção ao se conferir personalidade jurídica à sociedade é lhe garantir existência pró-
pria, conferindo titularidade de direitos e deveres, com a segregação do seu patrimônio em 
relação ao dos seus sócios.
Nesse sentido, repetimos mais uma vez pela relevância: a sociedade não se confunde com 
os seus sócios, sendo que a autonomia patrimonial a ela conferida é um instrumento lícito de 
alocação e segregação de riscos, objetivando incentivar a exploração da atividade econômica.
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Saliento que a Lei 13.874, de 2019 (Lei da Liberdade Econômica) introduziu artigo especí-
fico reforçando tais aspectos no CC:
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou 
administradores.
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de aloca-
ção e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, 
para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. (destaquei)
Exatamente por esse aspecto, os sócios de uma sociedade empresária não são empresários 
– mas empreendedores ou investidores - uma vez que a titular dos direitos, obrigações e pa-
trimônio é a sociedade.
Questão 9 (CESPE/PROCURADOR/TC-DF/2013) Assumindo o seu perfil subjetivo, a em-
presa confunde-se com o empresário — assim compreendidos os sócios de uma pessoa jurí-
dica que se reúnem para o exercício da atividade empresarial —, e com o estabelecimento — a 
universalidade de bens empenhada no desenvolvimento da atividade.
Errada.
Além de a “empresa” dever ser entendida somente no seu aspecto funcional (atividade eco-
nômica organizada), já que há designações próprias para o perfil subjetivo (“empresário”) e 
objetivo-patrimonial (“estabelecimento empresarial”), também não há que se confundir a so-
ciedade empresária (que detém personalidade jurídica própria) com os seus sócios (que são 
empreendedores ou investidores, mas não empresários).
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Como decorrência da aquisição da personalidade jurídica, passam a ser conferidos à so-
ciedade três atributos:
• Titularidade obrigacional: o efetivo sujeito de direitos é a sociedade, que irá, em nome 
próprio, adquirir direitos e contrair obrigações;
• Titularidade processual: a legitimidade para demandar e ser demandada em juízo em 
nome próprio é da sociedade e não de seus sócios ou administradores;
• Autonomia patrimonial: haverá segregação do patrimônio da sociedade em relação ao 
dos seus sócios, independentemente de a responsabilidade desses últimos ser limita-
da ou não.
Em relação à titularidade patrimonial, destaco que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já 
reconheceu a ilegitimidade ativa de sócio-gerente de demandar em nome próprio para discu-
tir contrato celebrado pela sociedade:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE 
PRESTAÇÃO DE CONTAS. CONTRATO DE CÂMBIO CELEBRADO POR PESSOA JURÍDICA. 
DEMANDA AJUIZADA PELO SÓCIO-GERENTE. ILEGITIMIDADE ATIVA ‘AD CAUSAM’. 
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA PESSOA JURÍDICA. PRECEDENTES.
1. Ilegitimidade do sócio-gerente para ajuizar ação de prestação de contas relativas a 
contrato celebrado pela sociedade.
2. Aplicação do princípio da autonomia da pessoa jurídica.
3. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
[STJ, AgRg no REsp 1554658/SP, 3ª T, Relator Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, 
JULGADO EM 08/03/2016]
Capital Social
Com a constituição da sociedade, os sócios prometem (“subscrever”) e realizam (“inte-
gralizar”) o aporte de valores ou bens (em alguns tipos societários permite-se a contribuição 
em serviços) para viabilizar que a sociedade comece as suas atividades e consiga concretizar 
o seu objeto social.
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A soma da contribuição de cada sócio formará o capital social, representando o patrimô-
nio societário inicial.
Nos dizeres de Carvalho de Mendonça, “é a primeira das garantias oferecidas aos tercei-
ros: é o fundamentum societatis; é o seu sangue.”
Nas lições de Marcelo Bertoldi e Márcia Carla Ribeiro, o capital social desempenha diver-
sas funções, podendo se dividir em dois grupos:
• Função externa: servirá de garantia mínima dos credores da sociedade em relação às 
obrigações sociais. Nesse sentido, durante o desenvolvimento da sociedade é vedado 
aos sócios reverterem para si o capital social (princípio da intangibilidade do capital 
social), somente podendo ter acesso ao lucro, ou seja, ao que exceder o capital social;
• Função interna: viabilizará o início da atividade da sociedade para cumprimento do 
seu objeto. Além disso, será relevante para estabelecer as forças que determinarão a 
condução dos negócios sociais, uma vez que, como regra geral, o peso dos votos será 
proporcional à participação de cada sócio no capital social.
É importante saber, caro(a) aluno(a), que o capital socialé estático, embora não seja imu-
tável (pode ser formalmente aumentado ou reduzido).
Devemos distinguir então capital e patrimônio social.
Capital e patrimônio social, em tese, somente serão coincidentes no momento da consti-
tuição da sociedade. A partir daí, o capital social permanecerá fixo (a não ser que seja altera-
do formalmente). Já o patrimônio - formado pelo conjunto de bens e direitos pertencentes à 
sociedade (nos dizeres de Bevilaqua, “complexo de relações jurídicas de uma pessoa, tendo 
estas valor econômico”) - se modificará constantemente.
Em razão disso, embora o capital social seja o colchão mínimo que irá garantir os credo-
res (por essa razão deve ser intangível, ou seja, não ser objeto de apropriação pelos sócios), 
efetivamente será à custa do patrimônio social (dinâmico por natureza) que as obrigações 
sociais serão adimplidas.
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Utilizando-se como regra a sociedade simples, o Código Civil permite, a princípio, que a con-
tribuição social possa ser realizada com serviços:
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de 
cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
IV – a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V – as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
No entanto, em relação às sociedades limitadas e sociedade por ações não é possível a con-
tribuição com serviços, por contrariarem o art. 1.055, § 2º do CC e o art. 7º da Lei das S.A.:
CC:
Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a 
cada sócio.
§2º É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.
Lei das S.A.:
Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie 
de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.
(negritei)
Questão 10 (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2018) No que se refere à pessoa jurídica de di-
reito privado que tenha por objeto a prestação de serviços médicos com finalidade lucrativa, 
sob a forma de limitada, assinale a opção correta.
O capital dessa pessoa jurídica poderá ser constituído por contribuição relativa à prestação 
de serviços.
Errada.
Nos termos do art. 1.055, § 2º do CC, é vedado que a contribuição para a sociedade limitada 
seja feita com prestação de serviço.
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CC:
Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a 
cada sócio.
§2º É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.
1.6. desconsiderAção dA personAlidAde JurídicA
Conforme já tivemos a oportunidade de abordar, um dos mais relevantes princípios do 
direito societário é a autonomia patrimonial das sociedades, que se caracteriza como “um 
instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade 
de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em 
benefício de todos” (art. 49-A, parágrafo único do CC).
Contudo, como todo princípio, ele não é absoluto.
Nesse sentido, em algumas hipóteses, a lei permite que a personalidade jurídica seja afas-
tada, seja para alcançar o patrimônio dos sócios na satisfação de débitos societários, seja o 
inverso, alcançando o patrimônio social para honrar dívidas de seus sócios (desconsideração 
inversa).
De forma interessante, devemos enxergar a desconsideração da personalidade jurídica 
como uma salvaguarda do princípio da autonomia patrimonial, evitando que esse instrumen-
to seja deturpado e utilizado de forma abusiva.
O instituto da desconsideração nasceu como fruto de construção jurisprudencial, nota-
damente no âmbito do direito anglo-saxão (inglês e norte-americano). Não por acaso são 
frequentemente utilizadas expressões inglesas para se referir a ela – inclusive em prova: dis-
regard doctrine, disregard of legal entity ou piercing the veil.
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A doutrina empresarial aponta como casos paradigmáticos (leading cases) demandas 
julgadas em tais países no século XIX, destacando-se Bank of United States vs. Deveaux
(1809) e State vs. Standard Oil Co. (1892), ambos nos Estados Unidos, e Salomon vs. Salomon 
& Co. Ltd (1897) na Inglaterra. Em todos esses, independentemente de lei expressa, firmou-se 
a possibilidade de afastar a autonomia patrimonial da sociedade quando houvesse a utiliza-
ção abusiva da personalidade jurídica para prejudicar credores.
Tal ideia ainda orienta o instituto, no sentido de ser cabível a sua aplicação quando houver 
abuso de personalidade.
Contudo, hoje, não há necessidade de grandes esforços argumentativos para sua aplica-
ção, uma vez que a desconsideração da personalidade jurídica é expressamente disciplinada 
em diversos diplomas normativos, a saber:
• Código Civil: art. 50, com nova redação conferida pela Lei 13.874, de 2019 (Lei da Liber-
dade Econômica);
• Código de Processo Civil: arts. 133 a 137; 790, VII e 1.062 (Incidente de Desconsidera-
ção da Pessoa Jurídica);
• Lei 12.529, de 2011 (Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência): art. 34;
• Código de Defesa do Consumidor: art. 28 (considerada majoritariamente a primeira 
norma que disciplinou expressamente o instituto no Brasil);
• Lei 9.605, de 1998 (Infrações ambientais): art. 4º.
Também podemos citar dispositivos legais do Código Tributário Nacional (CTN) e a Con-
solidação das Leis do Trabalho (CLT), embora – ressalto – seja controverso se efetivamente 
é disciplinada a desconsideração da personalidade jurídica ou tão-somente são normas que 
imputam hipóteses de responsabilização direta dos sócios:
• Código Tributário Nacional (CTN): art. 135 (muitos entendem que nesse caso o que há 
é responsabilidade pessoal do sócio);
• Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): art. 2º, § 2º e 855-A (também há entendimen-
to semelhante ao do CTN, no sentido de que não seria hipótese de desconsideração 
propriamente, mas de responsabilização solidária).
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Hipóteses Previstas no Código Civil
No âmbito do Código Civil, de forma bem precisa, o legislador estabeleceu como causa 
geral da desconsideração da personalidade jurídica o abuso de personalidade.
Confira a redação do caput do art. 50 do CC:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou 
pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando 
lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas re-
lações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da 
pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
Nesse sentido, o abuso de personalidade pode ocorrer em duas hipóteses:
• Desvio de finalidade: definida no art. 50, § 1º como “a utilização da pessoa jurídica com 
o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza”; ou
• Confusão patrimonial: cujo conceito legal é “a ausência de separação de fato entre os 
patrimônios, caracterizada por: i) cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações 
do sócio ou do administrador ou vice-versa; ii) transferência de ativos ou de passivos 
sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; iii) 
ou outros atos de descumprimento da autonomiapatrimonial.” (art. 50, § 2º).
Em relação ao desvio de finalidade, o entendimento prevalente é no sentido de ser neces-
sário comprovar o dolo dos sócios ou administradores. Esse entendimento, adotado pelo STJ, 
é reforçado pelo fato de o § 1º do art. 50 (introduzido em 2019 pela Lei de Liberdade Econômi-
ca), ao definir desvio de finalidade, estabelecer que a utilização da pessoa jurídica deverá ter 
o propósito de lesar credores ou praticar atos ilícitos de qualquer natureza.
Além disso, também de forma expressa, o § 5º do art. 50 exclui do conceito de desvio de 
finalidade “a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica es-
pecífica da pessoa jurídica.”
No que diz respeito à confusão patrimonial, a necessidade de comprovar ou não o dolo é 
controversa no âmbito do próprio STJ, havendo julgados que ora exigem essa demonstração 
[v.g., STJ, REsp 1526287/SP, Relatora Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado 
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em 16/05/2017] e outros que entendem que a prova do dolo somente é necessária no caso do 
desvio de finalidade [v.g., STJ, REsp 1721239/SP, Relator Ministro PAULO DE TARSO SANSE-
VERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/11/2018].
No entanto, a confusão entre patrimônios, seja intencional ou não, desnatura o próprio 
princípio da autonomia patrimonial, tendo o condão de lesar credores. Assim, entendo que 
não deve ser exigido o dolo, bastando que seja demonstrada a situação ensejadora da confu-
são patrimonial, nos termos do art. 50, § 2 º do CC.
A esse respeito, reproduzo trecho de recente julgado do STJ sobre o tema:
4. Consoante o entendimento consolidado no Superior Tribunal de Justiça, ‘a dissolução 
irregular de sociedade empresária, presumida ou, de fato, ocorrida, por si só, não está 
incluída nos conceitos de desvio de finalidade ou confusão patrimonial a que se refere 
o art. 50 do CC/2002, de modo que, sem prova da intenção do sócio de cometer fraudes 
ou praticar abusos por meio da pessoa jurídica OU, ainda, sem a comprovação de que
houvesse confusão entre os patrimônios social e pessoal do sócio, à luz da teoria maior 
da disregard doctrine, a dissolução irregular caracteriza, no máximo e tão somente, mero 
indício da possibilidade de eventual abuso da personalidade, o qual, porém, deverá ser 
devidamente demonstrado pelo credor para oportunizar o exercício de sua pretensão 
executória contra o patrimônio pessoal do sócio’ (REsp 1.315.166/SP, Rel. Min. Gurgel 
de Faria, DJe 26.4.2017). (...).”
[STJ, REsp 1768459/SP, Relator Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, jul-
gado em 28/03/2019]
Importante saber, caro(a) alunoa) que o STJ entende que a mera inexistência ou eventual 
encerramento irregular das atividades da sociedade não é suficiente para aplicação da des-
consideração da personalidade jurídica previsto no Código Civil, sendo imprescindível com-
provar o abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial). Confira de-
cisão nesse sentido:
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. REQUISITOS. REVELIA DE UM DOS 
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SÓCIOS. PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. SÚMULAS N. 7 e 83 DO STJ. DECISÃO 
MANTIDA.
2. “A teoria da desconsideração da personalidade jurídica, medida excepcional prevista 
no art. 50 do Código Civil, pressupõe a ocorrência de abusos da sociedade, advindos do 
desvio de finalidade ou da demonstração de confusão patrimonial. A mera inexistência 
de bens penhoráveis ou eventual encerramento irregular das atividades da empresa não
enseja a desconsideração da personalidade jurídica”(AgInt no AREsp n. 924.641/SP, Rela-
tor Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 29/10/2019, DJe 12/11/2019).
[STJ, AgInt no AREsp 1473168 / PR, Relator Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, 
QUARTA TURMA, julgado em 16/12/2019]
Registro que o § 4º do art. 50 do CC, incluído pela Lei da Liberdade Econômica em 2019, 
consigna que “a mera existência de grupo econômico”, sem a presença do abuso de perso-
nalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial) “não autoriza a desconsideração da 
personalidade da pessoa jurídica.”
É relevante saber que o CDC, no § 2º do art. 28, estabelece a responsabilidade subsidiária 
às sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas no que diz 
respeito às obrigações consumeristas. Ou seja, quando estivermos diante de relações entre 
empresários (sem relação de consumo), a regra será que a mera existência de grupo econô-
mico não autoriza, por si só, a desconsideração.
DICA!
A doutrina considera que o Código Civil adotou a teoria maior 
da desconsideração da personalidade jurídica, uma vez que 
não basta o descumprimento de uma obrigação creditícia 
para sua aplicação, devendo ser comprovada o desvio de fi-
nalidade (teoria maior subjetiva) ou a confusão patrimonial 
(teoria maior objetiva).
Já em relação ao Código de Defesa do Consumidor e a Lei 
9.605, de 1998 (Infrações ambientais), o entendimento é que 
foi adotada a teoria menor bastando para a sua aplicação o 
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não pagamento de um crédito. Confira a amplitude do art. 28 
do CDC:
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da so-
ciedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de di-
reito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação 
dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será 
efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerra-
mento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má admi-
nistração.
§ 1º (Vetado).
§ 2º As sociedades integrantes dos grupos societários e as socie-
dades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obri-
gações decorrentes deste código.
§ 3º As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis 
pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 4º As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§ 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre 
que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarci-
mento de prejuízos causados aos consumidores.
(negritei)
No mesmo sentido, preceitua o art. 4º da Lei 9.605, 
de 1998:
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua 
personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causa-
dos à qualidade do meio ambiente. (negritei).
Confira, amigoa) aluno(a), excelente decisão da Min. Nancy Andrighi, uma das maiores 
referências do Direito Empresarial no STJ, pontuando as hipóteses de aplicabilidade da teoria 
maior (regra geral) e da teoria menor (regra excepcional) no sistema jurídico brasileiro:
Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de 
Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público. Legi-
timidade ativa. Pessoa jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de 
responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor. Requisitos. Obstáculo 
ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º.
- Considerada a proteção do consumidor um dos pilares da ordem econômica, e incum-
bindo ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos 
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interesses sociais e individuais indisponíveis, possuio Órgão Ministerial legitimidade 
para atuar em defesa de interesses individuais homogêneos de consumidores, decor-
rentes de origem comum.
- A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode 
ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o 
cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, 
ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a 
demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração).
- A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excep-
cionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova 
de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independente-
mente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.
- Para a teoria menor, o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode 
ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou 
administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto 
é, mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa 
por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa jurídica.
- A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de consumo está calcada 
na exegese autônoma do § 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse disposi-
tivo não se subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indi-
cado, mas apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo 
ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. - Recursos especiais não 
conhecidos.
[STJ, REsp 279273/SP, Relator p/acórdão Ministro NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, 
julgado em 04/12/2003]
Efeito Episódico da Desconsideração da Personalidade Jurídica
Aspecto muito importante, nobre aluno(a): o efeito da desconsideração da pessoa jurídica 
será episódico, ou seja, atingirá “certas e determinadas relações de obrigações”, tornando 
ineficaz alguns atos.
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Confira mais uma vez o caput do art. 50 do CC:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou 
pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando 
lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas re-
lações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da 
pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
E a sociedade, professor, o que acontece com ela?
A sociedade continuará a existir com personalidade jurídica própria, não sendo dissolvida 
nem liquidada.
Confira decisão do STJ a respeito:
RECURSO ESPECIAL - DIREITO CIVIL - ARTIGOS 472, 593, II e 659, § 4º, DO CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL - FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE – INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF 
- DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA - 
MEDIDA EXCEPCIONAL - OBSERVÂNCIA DAS HIPÓTESES LEGAIS - ABUSO DE PERSO-
NALIDADE - DESVIO DE FINALIDADE CONFUSÃO PATRIMONIAL - DISSOLUÇÃO IRRE-
GULAR DA SOCIEDADE – ATO EFEITO PROVISÓRIO QUE ADMITE IMPUGNAÇÃO - BENS 
DOS SÓCIOS - LIMITAÇÃO ÀS QUOTAS SOCIAIS - IMPOSSIBILIDADE - RESPONSABILI-
DADE DOS SÓCIOS COM TODOS OS BENS PRESENTES E FUTUROS NOS TERMOS DO 
ART. 591 DO CPC - RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTEN-
SÃO, IMPROVIDO.
(...)
IV – A desconsideração não importa em dissolução da pessoa jurídica, mas se consti-
tui apenas em um ato de efeito provisório, decretado para determinado caso concreto 
e objetivo, dispondo, ainda, os sócios incluídos no pólo passivo da demanda, de meios 
processuais para impugná-la.
V – A partir da desconsideração da personalidade jurídica, a execução segue em direção 
aos bens dos sócios, tal qual previsto expressamente pela parte final do próprio art. 50, 
do Código Civil e não há, no referido dispositivo, qualquer restrição acerca da execução, 
contra os sócios, ser limitada às suas respectivas quotas sociais e onde a lei não distin-
gue, não é dado ao intérprete fazê-lo.
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[STJ, REsp 1169175/DF, Relator Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado 
em 17/02/2011].
Ainda utilizando esse acórdão como referência, verificamos que a partir da desconside-
ração da personalidade jurídica, o sócio responde com todo o seu patrimônio, ou seja, a sua 
responsabilidade limitada não fica restrita às suas respectivas quotas sociais.
Outro ponto importante: somente serão atingidos os sócios e administradores que se 
beneficiaram do uso abusivo da pessoa jurídica, incluindo excepcionalmente sócio que não 
exerça poderes de administração ou gerência.
Nesse sentido decidiu o STJ:
PROCESSO CIVIL E DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PER-
SONALIDADE JURÍDICA. EXCESSO DE EXECUÇÃO. JUROS MORATÓRIOS. CABIMENTO 
DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO DE EXECUÇÃO DE 
VERBA HONORÁRIA DE SUCUMBÊNCIA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. FIXAÇÃO DE 
HONORÁRIOS EM EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. NÃO OCORRÊNCIA DE VÍCIO DE 
CITAÇÃO.
(...)
9. Nos termos do art. 50 do CC, o decreto de desconsideração da personalidade jurídica de 
uma sociedade somente pode atingir o patrimônio dos sócios e administradores que dela
se utilizaram indevidamente, por meio de desvio de finalidade ou confusão patrimonial.
(...)
11. No caso, o recorrente retirou-se da administração da sociedade em 1984 e dos qua-
dros sociais em 1985, ou seja, 4 ou 5 anos antes dos fatos geradores do decreto de des-
consideração. A decisão é de 2009, vale dizer, 24 anos após sua saída da Cobrasol, res-
soando inequívoca, a meu juízo, a impossibilidade de que a supressão da personalidade 
jurídica da aludida empresa possa atingir seu patrimônio.
12. Outrossim, verifica-se que não foi nem mesmo demonstrada a prática de atos frau-
dulentos por parte do recorrente, haja vista não ter o Tribunal a quo especificado quais 
as provas que embasaram a sua convicção nesse sentido, limitando-se a crer, de forma 
subjetiva, que o ex-sócio controlava a referida sociedade de forma indireta.
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[STJ, REsp 1412997/SP, Relator Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, jul-
gado em 08/09/2015]
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO 
DA PERSONALIDADE JURÍDICA. SOCIEDADE LIMITADA.SÓCIA MAJORITÁRIA QUE, DE 
ACORDO COM O CONTRATO SOCIAL, NÃO EXERCE PODERES DE GERÊNCIA OU ADMI-
NISTRAÇÃO. RESPONSABILIDADE.
1. Possibilidade de a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade limitada 
atingir os bens de sócios que não exercem função de gerência ou administração.
2. Em virtude da adoção da Teoria Maior da Desconsideração, é necessário comprovar, 
para fins de desconsideração da personalidade jurídica, a prática de ato abusivo ou frau-
dulento por gerente ou administrador.
3. Não é possível, contudo, afastar a responsabilidade de sócia majoritária, mormente se 
for considerado que se trata de sociedade familiar, com apenas duas sócias.
4. Negado provimento ao recurso especial.
[STJ, REsp 1315110 / SE, Relator Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado 
em 28/05/2013].
Da mesma forma, não se depreende do art. 50 do CC qualquer óbice para se buscar bens 
de ex-sócio que se beneficiou do abuso de personalidade (desvio de finalidade ou confusão 
patrimonial) quando integrava o quadrosocial.
Não há que se falar, inclusive, em prazo máximo para perquirir a responsabilidade do ex-
-sócio, uma vez que a desconsideração da personalidade jurídica é considerada hipótese de 
responsabilidade extraordinária.
Confira decisão do STJ a respeito:
DIREITO CIVIL E COMERCIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. 
DIREITO POTESTATIVO QUE NÃO SE EXTINGUE PELO NÃO-USO. PRAZO PRESCRICIO-
NAL REFERENTE À RETIRADA DE SÓCIO DA SOCIEDADE. NÃO APLICAÇÃO. INSTITUTOS 
DIVERSOS. REQUISITOS PARA A DESCONSIDERAÇÃO.
REVISÃO. SÚMULA 7/STJ.
1. A desconsideração da personalidade jurídica é técnica consistente na ineficácia rela-
tiva da própria pessoa jurídica - rectius, ineficácia do contrato ou estatuto social da 
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empresa -, frente a credores cujos direitos não são satisfeitos, mercê da autonomia 
patrimonial criada pelos atos constitutivos da sociedade.
2. Ao se pleitear a superação da pessoa jurídica, depois de verificado o preenchimento 
dos requisitos autorizadores da medida, é exercido verdadeiro direito potestativo de 
ingerência na esfera jurídica de terceiros - da sociedade e dos sócios -, os quais, inicial-
mente, pactuaram pela separação patrimonial.
3. Correspondendo a direito potestativo, sujeito a prazo decadencial, para cujo exercício 
a lei não previu prazo especial, prevalece a regra geral da inesgotabilidade ou da perpe-
tuidade, segundo a qual os direitos não se extinguem pelo não-uso. Assim, à míngua de 
previsão legal, o pedido de desconsideração da personalidade jurídica, quando preenchi-
dos os requisitos da medida, poderá ser realizado a qualquer tempo.
4. Descabe, por ampliação ou analogia, sem qualquer previsão legal, trazer para a des-
consideração da personalidade jurídica os prazos prescricionais previstos para os casos 
de retirada de sócio da sociedade (arts. 1003, 1.032 e 1.057 do Código Civil), uma vez que 
institutos diversos.
Desconsideração Inversa
Comumente, a desconsideração tem como escopo atingir o patrimônio dos sócios ou ad-
ministradores para satisfazer débito da pessoa jurídica (desconsideração da personalidade 
jurídica propriamente).
Contudo, também se admite a desconsideração inversa, ou seja, quando, para satisfazer 
dívida de algum sócio ou administrador, o credor direciona sua ação para atingir o patrimônio 
da pessoa jurídica.
Atualmente, com a inserção do §3º ao art. 50 pela Lei 13.874, de 2019, o Código Civil con-
templa expressamente essa hipótese:
Art. 50, § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das 
obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
No entanto, registro que o STJ já admitia a desconsideração inversa mesmo antes de es-
tar previsto no CC, cabendo dizer que o §2º do art. 133 do CPC já fazia expressa referência a 
essa modalidade de desconsideração:
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PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO
JUDICIAL. ART. 50 DO CC/02. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA INVERSA. POSSIBILIDADE.
III – A desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afas-
tamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre 
na desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu 
patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio 
controlador.
IV – Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine é combater a utilização 
indevida do ente societário por seus sócios, o que pode ocorrer também nos casos em 
que o sócio controlador esvazia o seu patrimônio pessoal e o integraliza na pessoa jurí-
dica, conclui-se, de uma interpretação teleológica do art. 50 do CC/02, ser possível a 
desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens da sociedade 
em razão de dívidas contraídas pelo sócio controlador, conquanto preenchidos os requi-
sitos previstos na norma.
[STJ, REsp 948117 / MS, Relatora Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado 
em 22/06/2010].
Podemos resumir a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica com base no 
Código Civil da seguinte forma:
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Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica Previsto no CPC
O Código de Processo Civil disciplina especificamente “Incidente de Desconsideração da 
Personalidade Jurídica”, nos arts. 133 a 137 do CPC.
Vamos aos principais pontos:
• pode ser instaurado a pedido da parte (o entendimento é que a própria sociedade pode 
eventualmente requerê-lo) ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no pro-
cesso (art. 133 do CPC);
• tal incidente também se aplica à desconsideração inversa (art. 133, §2º do CPC);
• é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de senten-
ça e na execução fundada em título executivo extrajudicial (art. 134 do CPC);
• como regra, o incidente suspende o processo (art. 134, § 3º);
• não será necessário instaurar o incidente se a desconsideração já for solicitada na 
petição inicial (art. 134, §2º do CPC). Por óbvio, nesse caso, não haverá suspensão do 
processo;
• instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e 
requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias (art. 135 do CPC). Registro que 
anteriormente à promulgação do Novo Código de Processo Civil em 2015, estabelecen-
do tal incidente, o STJ entendia ser desnecessária a citação dos sócios ou da pessoa 
jurídica quando decretada a desconsideração da personalidade jurídica, que deveriam 
se defender a posteriori;
• concluída a instrução, se necessário, o incidente será resolvido por decisão interlocu-
tória (art. 136 do CPC), cabendo agravo interno caso a decisão tiver sido proferida pelo 
relator (parágrafo único do art. 136);
• acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em 
fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente (art. 137 do CPC).
Desconsideração da Personalidade Jurídica x Responsabilidade Subsidiária
É muito importante, caro(a) aluno(a), não confundir hipóteses legais em que a respon-
sabilidade do sócio é subsidiária à da sociedade (v.g., quando a responsabilidade do sócio é 
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ilimitada e os bens sociais não cobrirem as suas dívidas – art. 1.023 do CC) com a desconsi-
deração da personalidade jurídica, que deve ser solicitado por meio de incidente próprio.
Na hipótese de responsabilidade pessoal dos sócios ou administradores, esses podem 
ser diretamente demandados, não necessitando de se utilizar a desconsideração.
Confira a respeito o Enunciado 229 da III Jornada de Direito Civil:
Enunciado 229
A responsabilidade ilimitada dos sócios pelas deliberações infringentes da lei ou do con-
trato torna desnecessária a desconsideração da personalidade jurídica, por não cons-
tituir a autonomia patrimonial da pessoa jurídica escudo para a responsabilização pes-
soal e direta.
Pelo mesmo fundamento, também temos o Enunciado 48 da I Jornada de Direito Comer-
cial, desta vez se referindo a dispositivo da Lei de Falências:
Enunciado 48
A apuração da responsabilidade pessoal dos sócios, controladores e administradores 
feita independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiência para 
cobrir o passivo, prevista no art. 82 da Lei n. 11.101/2005, não

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