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História antiga Ocidental aula 1 a 5

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História antiga Ocidental 
 
Introdução 
 
Esta disciplina se insere no eixo de Antiga e Medieval e permite ao ingressante uma 
contextualização geral sobre as sociedades da Antiguidade Clássica. Existe o mito de 
que a sociedade ocidental foi criada apenas com base nos conhecimentos do mundo 
greco-romano. Devemos repensar e discutir essa ideia, visto criar uma noção 
evolutiva errônea. 
A problematização de elementos dessas sociedades visa, entre outros, contribuir 
para a materialização de um professor-pesquisador, aquele profissional de 
educação que ultrapassa a mera reprodução de conteúdos bem como, pondera e 
constrói paulatinamente seu próprio saber. 
Para obtermos êxito, devemos apresentar ao aluno abordagens historiográficas 
acerca dos modelos sócio-econômicos vigentes no mundo antigo ocidental. Nesta 
construção veremos como é complexo o trabalho do historiador da Antiguidade em 
razão da escassez de fontes primárias e as formas de abordagem destes materiais, 
sublinhando as diversas procedências - literária, iconográficas, tratados filosóficos. 
Discutiremos ainda as estruturas sociais, políticas e econômicas consolidadas no 
mundo antigo, em especial seus modelos, destacando a análise das especificidades. 
Sobre o mundo grego, circularemos entre seus mitos de fundação, até a consolidação 
de suas póleis, em especial o papel de Atenas e Esparta. 
Discutiremos as influências das disputas com os persas e em especial as batalhas no 
interior da Hélade. 
Em seguida, trataremos da sociedade romana. Falaremos de sua controversa 
fundação, das disputas entre patrícios e plebeus, das reformas políticas e do 
estabelecimento da República romana. Abordaremos ainda, suas práticas 
expansionistas usando como referência as Guerras Púnicas. Em torno do século I a.C. 
discutiremos as contradições que transformaram a República em um sistema 
Imperial. 
Na construção do Alto-império romano discutiremos a afirmação da figura do 
Imperador e a construção de uma nova cidadania romana. Ainda abordaremos as 
questões religiosas, a relação com os chamados bárbaros e, por fim, a consolidação 
do cristianismo no Império. 
 
 
 
 
 
 
 
Objetivos 
 
Oferecer ao ingressante uma contextualização geral sobre as sociedades da 
antiguidade clássica; 
Contribuir para a materialização de um professor-pesquisador, aquele profissional 
de educação que ultrapassa a mera reprodução de conteúdo, bem como pondera e 
constrói paulatinamente seu próprio saber. 
 
Bibliografia 
Básica 
VAYNE, Paul. O Império Greco Romano. Rio de Janeiro: Campus, 2009. 
MANGUEL, A. Iliada e Odisséia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. 
VERNANT, Jean Pierre. O Universo, os Deuses e os Homens. 
MOGNOLI, D. História das Guerras. Rio de Janeiro: Campus, 2009. 
ESQUILO, SÓFOCLES E EURÍPEDES. Os Persas, Electra e Hecuba. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar. 
ALVES, J. C. M. O Direito Romano. Forense, 2009. 
CARDOSO, Ciro F. C. Trabalho Compulsório na Antiguidade. São Paulo: Graal, 
2009. 
 
Ementa 
Aula 01 - A história da História: discutindo a antiguidade 
Nesta aula, você irá identificar a periodização de tempo em História, definindo o que 
é História Antiga e as dificuldades que possuímos para conhecê-la. Irá também 
reconhecer a ideia de Ocidente, desconstruindo a noção genérica geográfica. Por fim, 
irá compreender que a noção de História é algo mutável. 
Aula 02 - Formação do mundo grego 
Nesta aula, você irá distinguir as teorias acerca da ocupação física do espaço da 
Hélade. Irá analisar as dificuldades apresentadas na utilização de fontes de natureza 
literária, caso das epopeias, cuja materialização textual foi muito posterior à sua 
possível criação. 
Você irá destacar em que medida a Arqueologia tem sido decisiva para corroborar 
ou relativizar muitos elementos apresentados nas epopeias, tais como a Guerra de 
Troia. Em seguida, irá elencar as mudanças ocorridas no Período Arcaico que 
permitiram a adoção, no território grego, de um modelo tão peculiar quanto à pólis. 
É importante enfatizar de que maneira tal modelo impediu a unificação territorial 
da Grécia em comparação a outros povos contemporâneos a ela. Assim, você irá 
identificar a periodização de tempo que estudaremos em História, aprendendo o que 
é História Antiga e as dificuldades que possuímos para conhecê-la. 
Por fim, você irá reconhecer a ideia de Ocidente, desconstruindo a noção genérica 
geográfica. 
Aula 03 - O que se ensina, e como se ensina 
Nesta aula, você irá determinar como teve início a ocupação do território grego e 
analisar as primeiras formas políticas adotadas na Grécia. 
Você irá identificar as principais estruturas políticas existentes em Atenas durante 
o governo aristocrático e relacionar as novas leis e instituições introduzidas pelos 
líderes atenienses e o início da democracia. 
Em seguida, irá identificar as prerrogativas necessárias aos habitantes de Atenas 
para se tornarem cidadãos e, por fim, destacar os fatores que contribuíram para a 
desagregação do mundo políade. 
Aula 04 - A cultura no mundo grego 
Nesta aula, você irá reconhecer a importância da produção cultural grega para a 
formação do universo mental de diversos povos antigos. Em seguida, irá enumerar 
as principais áreas de conhecimento desenvolvidas e determinar os componentes 
fundamentais da religiosidade grega. 
Você irá apontar as diversas finalidades do teatro para o homem grego, relacionando 
a origem da Filosofia e das ciências às suas tentativas de compreensão do universo 
em que viviam. 
Você irá explicar as razões pelas quais os elementos da cultura grega foram 
absorvidos pelos povos que os subjugaram, e detectar a permanência dessa cultura 
no mundo contemporâneo. 
Aula 05 - A crise de sistema políade e ascensão dos macedônios 
Nesta aula, você irá observar os aspectos da Guerra do Peloponeso, analisando as 
críticas de Aristóteles ao sistema democrático. Irá também identificar os aspectos 
que permitiram entender o crescimento dos macedônios, bem como analisar o 
governo de Alexandre e o Helenismo empreendido por ele. 
Por fim, irá compreender a relação entre Grécia e Roma ao longo da Antiguidade. 
Aula 06 - A origem de Roma e o início da República 
Nesta aula, você irá comparar a explicação sobre a origem mitológica romana com a 
explicação histórica. 
Em seguida, irá analisar algumas características das cidades-estados etruscas, 
identificando as principais instituições políticas existentes, em Roma, durante o 
domínio etrusco. 
Você também irá determinar os motivos que levaram Roma a obter sua autonomia 
em relação à Etrúria e caracterizar as diferenças surgidas na política romana após a 
obtenção de sua autonomia. 
Será possível explicar os motivos do processo expansionista romano inicial e 
especificar as razões que levaram os plebeus a iniciarem seus conflitos contra os 
patrícios. 
 
 
 
 
 
Aula 07 - Roma República 
Nesta aula, você irá reconhecer as estruturas sociopolíticas da República Romana, 
passando por um olhar social, marcado pelas disputas entre patrícios e plebeus. Os 
primeiros significam a tradicional oligarquia romana, de origem fundiária e que 
organiza a república; na plebe, os novos artífices presentes no mundo republicano 
como comerciantes, funcionários administrativos e soldados. 
Aula 08 - O Principado Romano 
Nesta aula, você irá compreender a estratégia adotada por Otaviano a fim de 
estabelecer uma autocracia sem enfrentar resistência do Senado. Irá ainda, analisar 
em que medida as reformas de Otaviano permitiram a Roma vivenciar um período 
de prolongada paz. 
Perceber a tolerância romana em relação aos cultos religiosos dos povos dominados 
a ponto de se apropriar de vários elementos a eles pertencentes e relacionar o 
domínio romano, na Judeia, ao aparecimento de vários pregadores messiânicos na 
região. 
Em seguida, analisar o paradoxo da tolerância religiosa romana com o início da 
perseguiçãoaos adeptos do Cristianismo, destacando a importância da política do 
“pão & circo” para o controle das massas em Roma. 
Aula 09 - A cultura no mundo romano 
Nesta aula conheceremos os principais elementos da cultura romana. Essa 
civilização milenar é sempre lembrada no que tange a produção jurídica. O direito 
romano influenciou a produção do direito moderno de vários povos. Alguns de seus 
princípios são aplicados até nossos dias. 
Aula 10 - O Império Romano e o Cristianismo 
Nesta aula, chegaremos ao baixo Império Romano, período caracterizado pela ideia 
de crise do Império Romano. Você irá reconhecer como as dinastias do século III 
tiveram dificuldade em manter a organização romana. 
Em seguida, você irá analisar aspectos da crise do escravismo, o processo de 
ruralização e como as fronteiras romanas nunca foram áreas que garantiam o 
isolamento do mundo romano. No todo, Roma nunca foi uma unidade, mas sim uma 
tentativa constante de afirmar unidades. Seu centro que já foi a cidadania, o 
imperador, de fato sempre foram marcados por contradições inerentes a um 
Império. 
Por fim, trataremos da ascensão do Cristianismo no Império Romano, de religião 
perseguida a uma nova tentativa de união do espaço romano. 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 01 
 
Para que serve a história? 
Você sabe para que estudamos história? 
 
A História é viva. Ela nos permite pensar, discutir independente do espaço 
que estejamos observando. 
 
Comentário 
 
O ensaísta Tom Holland faz, na introdução de Fogo Persa, uma reflexão que é 
fundamental para vermos como a observação histórica é muito mais rica que 
somente um conhecimento por gosto. É necessário amar a História para se perder 
em seus descaminhos. 
 
Os objetivos desta aula são: 
• Identificar elementos da cultura greco-romana que ainda estão presentes em 
nosso cotidiano; 
• Relacionar o mapa conceitual ao cabedal de conceitos que será adquirido ao 
longo do semestre; 
• Perceber a importância do estudo da História Antiga para o curso de 
Licenciatura; 
• Conhecer o plano de ensino, os procedimentos de aula, o caderno de textos, 
os métodos de avaliação, a bibliografia básica e complementar. 
Fonte: Dacian G / Shutterstock 
 
História antiga 
É o período que se estende desde o aparecimento da escrita até a desestruturação 
do Império Romano. A invenção da escrita retira o homem da pré-história e o 
coloca na história. 
Vejamos a linha do tempo a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
Aí vamos nós: será que esse modelo é um consenso, algo inquestionável? Quem 
inventou isso? Imagine a situação: Odoacro e seu grupo de guerreiros se reunindo 
e questionando no dia seguinte a queda de Rômulo, o último imperador romano do 
Ocidente. Perceberam o que a gente fez ontem? Acabamos com a Idade Antiga! 
A divisão da história existe com fins didáticos, foi elaborada pelo homem. Não 
devemos nos preocupar com os marcos, mas sim, refletir sobre as relações de poder 
na transição destes períodos. 
Para realizar nosso curso, devemos resgatar a importância dos povos antigos, e é 
partir daí que encontramos problemas com os quais devemos nos acostumar: 
Quanto de material nos sobrou da história antiga? 
 
 
 
Exemplo 
• Oriente e Ocidente nas Guerras Médicas; 
• Ocidente e Oriente na Guerra Fria; 
• Oriente e Ocidente puderam já estar no Império Romano. 
 
Você pode ficar confuso e se perguntar: onde é oriente e onde é ocidente? 
A resposta é: Depende! 
Vai depender do momento em que você está estudando. Em nosso recorte, buscamos 
a velha versão iluminista que dividiu nossa linha do tempo, a noção de cultura 
ocidental como filha da tradição greco-romana. 
 
Grécia e Roma antiga 
Estudaremos nesta unidade os espaços da Grécia e da Roma antiga, identificando 
sua formação política e social, discutindo aspectos de sua cultura e sociedade. 
Sobre estes aspectos é importante pensarmos um pouco em como um dos maiores 
historiadores de História antiga explica o seu próprio campo de pesquisa. 
 
 
O mau humor de Finley é contra exercícios bobos de historiadores em buscar 
engrandecimentos sem necessidade. Não precisamos de subterfúgios, nem de 
mitos, nem tão pouco de generalizações perigosas, para justificar seu estudo. 
 
Não é a visão contemporânea de história, da disciplina; somos cientistas, 
discutimos, reunimos dados de maneira cuidadosa, não julgamos. 
 
Precisamos ter muito cuidado, pois a história que os gregos escreviam não tem 
nada diretamente relacionado ao nosso olhar. Para Homero, por exemplo, história 
é um exercício de observação. A função do historiador para o grego é julgar as 
ações, verificar os erros e as falhas. 
 
Outro dos famosos historiadores gregos foi Tucídides: que pensava a história de 
maneira direta, quem viu pode relatar, quem não viu, não. Só existiria o 
historiador do tempo presente. Bom, se isso fosse verdade eu, por exemplo, estaria 
desempregado. 
 
 
Vejamos Finley falando de Arqueologia: 
 
 
Exemplo 
Um exemplo que demonstra a necessidade urgente dessa "doutrina severa" merece 
ser examinado — a notável fábula da Grande Deusa Mãe. Para Jacquetta Hawkes, 
essa deusa era tão onipresente e onipotente na Creta (minoana) da Idade do 
Bronze que a própria civilização é rotulada de "força predominantemente 
feminina". O caso baseia-se numa coleção de pequenas estatuetas neolíticas, 
comum à altura média de menos de duas polegadas, que ela descreve assim: "As 
evidências materiais da vida religiosa desses agricultores da Idade da Pedra 
consistem, em sua maior parte, de estatuetas em forma de mulher (entalhadas ou 
modeladas) que eles guardavam em suas casas ou, às vezes, em casas sagradas 
construídas para elas. 
 
Que fique claro: a arqueologia é uma matéria própria, não é história; tal qual o 
objetivo do trabalho do historiador é estudar o homem no tempo, o do arqueólogo é 
estudar o artefato no tempo. Ambas podem se ajudar se permanecermos com a ideia 
de que a Arqueologia é uma ciência autônoma. 
 
Pontuando 
• MUNDO OCIDENTAL 
Conceito ideológico, não geográfico. Caracteriza povos que viveram em 
áreas de influência da cultura Greco-romana. 
 
• MUNDO ORIENTAL 
Caracteriza povos que viveram fora da esfera da influência da cultura 
Greco-romana ou considerados “menos civilizados” por eles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 2 
 
A Ilíada 
 
A Ilíada (do grego Iλιάς, Ilias) é um poema épico grego e narra uma série de 
acontecimentos ocorridos durante o décimo e último ano da guerra de troia. O título 
da obra deriva do nome grego de Tróia, Ílion. 
A Ilíada e a Odisséia são comumente atribuídas a Homero, que se acredita ter vivido 
por volta do século VIII a.C. na Jônia (lugar que hoje é uma região da Turquia), e 
trata-se dos mais antigos documentos literários gregos a sobreviverem aos nossos 
dias. Porém, até hoje se debate a existência desse poeta e se os dois poemas foram 
compostos pela mesma pessoa. 
Os gregos acreditavam que a guerra de Troia era um fato histórico ocorrido no 
período micênico, durante as invasões dóricas, por volta de 1200 a.C. Entretanto, há 
na Ilíada descrições de armas e técnicas de diversos períodos, do micênico ao século 
VIII a.C., indicando ser este o século de composição da epopeia. 
A Ilíada influenciou fortemente a cultura clássica, sendo estudada e discutida na 
Grécia (onde era parte da educação básica) e, posteriormente, no Império Romano. 
Sua influência pode ser sentida nos autores clássicos, como na Eneida, de Virgílio. 
Até hoje é considerada uma das obras mais importantes da literatura mundial. 
 
Guerra de Tróia 
A Guerra de Tróia A Guerra de Troia se deu quando os aqueus atacaram a cidade 
de Troia, buscando vingar o rapto de Helena, esposa do rei de Esparta, Menelau, 
irmão de Agamémnom. 
Os aqueus eram o povo que hoje conhecemos como gregos e que compartilhavam 
elementos culturais. Na época, no entanto, não se enxergavam como um só povo.Vamos ver o que conta a lenda? 
 
 
 
 
Fonte: Wikipedia, I Wei Huang / Shutterstock e Havoc / Shutterstock 
A Ilíada não conta o final da guerra, nem narra a morte de Aquiles. 
 
Comentário 
A Ilíada é um poema extenso e possui uma grande quantidade de personagens da 
mitologia grega e Homero assumia que seus ouvintes estavam familiarizados com 
esses mitos, o que pode causar confusão no leitor moderno. 
 
Traduções 
Existem muitas traduções para a Ilíada em português, tanto em verso como 
adaptações em prosa. A qualidade e fidelidade das traduções variam bastante, mas 
destacam-se três, todas em verso. A mais antiga das três é a de Odorico Mendes, feita 
no século XIX (1874), que possui a peculiaridade de trocar os nomes dos deuses 
gregos pelos seus arquétipos equivalentes latinos. Ou seja, em vez de Zeus, Júpiter, 
de Poseidon, Netuno etc. 
A outra tradução é a de Carlos Alberto Nunes, feita em 1962. Por fim, há a tradução 
de Haroldo de Campos, em uma edição bilíngue em dois volumes de 2002 (editora 
Arx), em versos que buscam resgatar a sonoridade do original grego, inclusive com 
diversos neologismos. 
Todas as três são consideradas de grande qualidade e têm características próprias. 
Temas na Ilíada 
Embora a Ilíada narre uma série de acontecimentos da guerra de Troia e se refira a 
uma série de outros, seu tema principal é o ciclo da ira de Aquiles, da sua causa ao 
seu arrefecimento. Isso fica claro logo na primeira linha do poema. 
 
A palavra grega menin, ira, é a primeira do poema, cuja famosa primeira 
linha é Menin aeide, Thea, Peleiadeo Aquileos. Em português seria "ira canta, 
Deusa, Peléio Aquiles" ou, adaptando, "Cante, Deusa, a ira do filho de Peleu, 
Aquiles". 
 
Através da consumação dessa ira, é tratada a humanização do herói e semideus 
Aquiles, sempre conflitado por sua dupla natureza, filho de deusa e homem e, 
portanto, mortal. 
A questão da escolha entre valores materiais, como a segurança, a vida longa e 
valores morais mais elevados, como a glória e o reconhecimento eterno é tratada na 
escolha com que Aquiles se defronta: lutar, morrer jovem e ser lembrado para 
sempre, ou permanecer seguro e ser esquecido. 
A soberba de Aquiles contrasta grandemente com a sobriedade de Heitor, também 
grande herói, que não busca a glória como Aquiles, mas luta pela segurança de sua 
família, de sua cidade e a preservação de suas raízes troianas. 
A guerra e suas consequências também é tema central na Ilíada, sendo ricamente 
retratada. 
 
As Origens arqueológicas do mundo grego 
 
 
 
No século XX a.C. os povos indo-europeus enfrentaram os Pelágios que habitavam a 
região e os dominaram. 
Habitação 
• ILHAS PRÓXIMAS 
Como a superfície contínua da Grécia era bastante limitada, os gregos passaram a 
habitar também as ilhas próximas que eram numerosas. 
Essas ilhas constituíam a Grécia colonial, composta por terras mais distantes: 
• Ásia Menor (Eólia, Jônica,Dória); 
• Sul da Itália (Magna,Crécia); 
• Costa egípcia (Náucratis). 
A história egeana teve suas origens na ilha de Creta, irradiando-se daí para a 
Grécia continental e também para a Ásia Menor. 
 
• TEMPOS PRÉ-HELÊNICOS 
Nos tempos pré-helênicos - na época neolítica - a Grécia passou por várias ondas de 
povoamento. Na Tessália foram descobertos Sexklo e Dhimini importantes vestígios 
de comunidades agrícolas e pastoris. 
 
• PERÍODO HELÁDICO 
De 2600 a 1900 a. C., o período dito heládico antigo corresponde ao bronze 
antigo. O conjunto do território grego povoou-se pouco a pouco e as relações 
marítimas com as ilhas do mar Egeu, estabelecidas há muito, intensificaram-se. 
• A IDADE MÉDIA HELÊNICA: (DO SÉC. XI AO VIII A. C.) 
Referem-se a esse período obscuro os textos de Homero e de Hesíodo. A 
arqueologia revelou a extensão do uso do ferro, o aparecimento de uma nova 
cerâmica com elementos geométricos e a prática da cremação. 
Um movimento de migração e de conquista levou os gregos para as costas da Ásia 
menor. Foi aí, sem dúvida, que se moldaram, progressivamente, os traços da 
Grécia Clássica, imediatamente retomados e desenvolvidos no resto do mundo 
helênico. Nesse local apareceu também, a organização política e social da cidade 
(ou pólis), na qual o proprietário mais poderoso exercia a função de rei (basileu). 
Mas uma mesma civilização (língua, depois escrita, deuses e regras morais 
comuns) compensou a dispersão territorial. 
• OS TEMPOS ARCAICOS: (DO SÉC. VIII AO VI A. C.) 
Essa época deve seu nome à arqueologia, que nela situa as primeiras 
manifestações da arte grega. Um regime aristocrático estendeu-se, então, a todas 
as cidades gregas. 
A realeza do tipo homérico desapareceu e uma minoria de privilegiados pelo 
nascimento e pela fortuna (os Eupátridas) possuía a terra e a autoridade do Séc. 
VIII a VI a. C. Um vasto movimento de colonização levou a fundação de cidades 
gregas para as costas do Mediterrâneo e do ponto Euxino. 
 
Competições 
A competição entre as cidades gregas, tão presente em todos os aspectos da cultura 
grega, pôde ser documentada a partir da época arcaica. 
A rivalidade entre as cidades também perceptível nos festivais pan-helênicos, entre 
os quais, os Jogos Olímpicos. Era uma ocasião em que se desenvolvia o que já foi 
classificado de "uma guerra sem armas" e que propiciava o exercício das disputas 
entre as poleis, em situação controlada, definida por regras. 
Panda Vector / Shutterstock 
 
E interessante apontar também que esse momento era solenemente aberto por um 
ritual religioso, o mais significativo da religião grega - o sacrifício - do qual 
participavam, em comunhão, todos os gregos. 
 
Assim, paralelamente a explicitação da disputa latente entre as cidades pelo 
reconhecimento da superioridade de umas sobre as outras, reafirmava-se a 
identidade grega frente aos não gregos. Estes não usavam a língua grega, não 
compartilhavam os cultos nem os princípios artísticos que estavam na raiz do que 
significava "ser grego". 
Nos Jogos Olímpicos, as disputas entre atletas, somavam-se aquelas entre artistas e 
poetas, nos concursos que ocorriam paralelamente aos jogos. A competição entre as 
cidades envolvia, pois, os vários tipos de excelência entendidos como ideais na 
cidade grega. 
Ao vencedor cabia tanto a gloria individual pelo feito extraordinário realizado 
como, e talvez principalmente, o mérito de ter alçado a sua cidade a uma posição 
de destaque frente a comunidade pan-helênica. 
 
0 espirito competitivo, como aponta Antonaccio no trecho citado em epigrafe, 
aparece muito antes do surgimento dos santuários pan-helênicos e das próprias 
cidades gregas. E interessante percorrer a Tonga trajetória de formação das poleis 
e identificar como a competição a um dos traços marcantes nesse processo. 
As fontes escritas não são de muita valia para os estágios iniciais do processo de 
formação das cidades gregas, mas a Arqueologia vem, nos Últimos cinquenta anos, 
fornecendo um excelente conjunto de dados que nos permitem propor modelos 
mais sofisticados de interpretação desse processo. 
 
F. de Polignac 
 
Podemos citar o estudo sobre a relação entre a religião e a estruturação da cidade 
antiga, realizado por F. de Polignac. 
Esse autor baseia seu olhar em fontes de característica textual tradicionais, como 
Aristóteles, para as informações advindas das escavações da Grécia e área colonial 
ocidental. 
Ele demonstrou como os santuários urbanos e especialmente os extraurbanos 
articulavam, por meio de cultos, tacos entre a população que se agrupava 
na asty (área que abrigava, além de habitações, as edificações de caráter público) e 
na chora (território arável e onde era praticado o pastoreio, também espaço 
habitacional) sedimentando a interdependência dos dois espaços, um dos 
elementos que caracterizam a pólis. 
Embora nesta obra Polignac não aborde a questão dos santuários pan-helênicos, a 
ênfase na relação entre os cultos e a dinâmica da vida política na Grécia antiga é uma 
perspectiva que se adequa ao estudo do papeldos festivais cívico-religiosos na vida 
das cidades gregas. 
 
No que diz respeito ao espirito competitivo, característico da cultura grega, 
dispomos de dados interessantes recuperados pelas escavações arqueológicas de 
vários sítios gregos referentes ao período imediatamente anterior ao advento das 
poleis. Nesta época, inadequadamente chamada de Idade Obscura e, em especial o 
final do séc.XI e o X (*), pôde ser documentado, com os achados das necrópoles, a 
competição entre famílias integrantes de elites em formação, visível na quantidade 
e qualidade do mobiliário funerário. 
As datas citadas referem-se sempre à época antes de Cristo. 
 
Trata-se de famílias que ostentam e reafirmam seu poder construindo monumentos 
funerários repletos de objetos valiosos. Inspirando-se com certeza na tradicao oral 
relativa a época heroica, buscam reproduzir o aparato das cerimonias fúnebres 
devidas aos heróis e que, mais tarde, serão consolidadas por Homero na Ilíada (nos 
funerais de Patroclo, por exemplo). 
Nessa época, o poder estaria nas mãos daquele que ostentasse maior riqueza - em 
vida e na morte - e qualidades de liderança na condução dos conflitos, certamente 
frequentes em um momento em que as instituições ainda não estavam 
consolidadas. 
Estas chefias podem ser associadas aos basileis descritos por Homero na Odisseia e 
cujo poder estava baseado no consensus, no use da coerção, no carisma pessoal, 
riqueza em objetos, terras, produtos com os quais atraiam seguidores e aliados. 
A hereditariedade não é direito reconhecido pelos pares, o poder há que ser 
conquistado e a ostentação de riqueza é um dos procedimentos utilizados na 
competição pela proeminência entre os pares. Na Odisseia, as disputas entre os 
pretendentes ao casamento com Penélope - e por consequência a riqueza e talvez ao 
poder de Ulisses - e a indiferença desses aristocratas diante da figura de Telêmaco 
podem ser indícios do tipo de autoridade que se instituía entre as famílias 
importantes e ricas. 
A riqueza das oferendas funerárias - com alto índice de objetos em bronze - insere-
se, pois, em processo competitivo no âmbito de uma elite que, posteriormente, como 
grupo, estará a frente do poder político nas poleis. 
Assim, as tumbas principescas - como a de Lefkandi, na Eubeia -integram-se ao 
processo que a Arqueologia vem desvendando em sítios da Idade do Ferro Inicial, a 
partir do final do séc.X em várias regiões da Grécia metropolitana, e que culminara, 
no sec. VIII, com a emergência da polis. 
 
Ver texto auxiliar ( Poderes familiares) 
 
As colônias 
A partir do século VIII, concomitantemente com a emergência das poleis na área 
balcânica, os gregos espalham colônias pelo Mediterrâneo. 
A área colonial grega do Ocidente é um excelente estudo de caso no que tange 
competição entre as cidades, incorporando, em um espectrum mais amplo, essa 
disputa. 
Por outro lado, o caso colonial esclarece, ao explicitar as suas diferenças, a própria 
situação das metrópoles. 
As colônias fundadas não tinham obrigatoriamente tacos de dependência política ou 
econômica com as metrópoles, mas buscavam preservar e valorizavam muito a sua 
identidade helênica: conservavam os cultos, os padrões arquitetônicos e artísticos 
em geral, imitavam as novas tendências em todos os campos, importavam filósofos 
e artistas. Ao mesmo tempo, também buscavam assegurar a sua independência. 
A arte provê as colônias de meios efetivos de expressado para demonstrar seu 
sucesso. Especialmente nos santuários pan-helênicos criava-se o ambiente ideal 
para o desenvolvimento e a exposição da arte. 
 
As cidades e os Jogos Olímpicos 
A emergência da cidade como uma forma de estado e uma forma de vida são 
contemporâneos do surgimento de um fenômeno religioso original e, ao mesmo 
tempo, consequente desse arranjo político: os santuários "supracidades". 
Nesta categoria, incluem-se os santuários pan-helênicos de Olímpia, Delfos, Nemeia. 
Localizavam-se afastados das maiores cidades da Grécia e, embora sob o controle 
administrativo de cidades-Estado vizinhas ou de uma anfictiônia, assumiam uma 
aura de neutralidade. 
Assim, formavam-se em locais ideais para a interação política. 
Eram locais onde gregos podiam encontrar outros gregos em condições de 
igualdade para competir e estabelecer pactos, consignar a superioridade em 
competições atléticas, ler a propaganda um do outro, sob a forma de inscrições 
dedicatórias, inteirar-se das novidades. 
Sem os santuários pan-helênicos, a cultura grega poderia não ter atingido tal 
riqueza, decorrente da constante exposição a estímulos e variações regionais. 
Gregos podiam compartilhar com outros gregos as últimas tendências em técnicas e 
tendências em arte, que traziam de diferentes partes do mundo. 
Ou então, como afirma Spivey (Greek Art, p. 126): "Quando não estavam lutando 
em campos de batalha, Delfos oferecia a estes estados um stadium para disputas 
atléticas". 
 
Fonte: umike / Shutterstock 
Os santuários pan-helênicos eram a arena perfeita para a competição entre todas as 
cidades integrantes da comunidade cultural grega. Se os templos gregos já eram 
verdadeiros museus de guerra, o mesmo pode ser dito em relação aos thesauroi, 
edificações que as cidades construíam no espaço dos santuários pan-helênicos. 
Além da construção arquitetonicamente bem elaborada - reproduzindo um templo 
em tamanho menor - e da decoração bem cuidada, os tesouros estavam repletos de 
oferendas valiosas e botins de guerra. Sua função era claramente propagandística. 
Os botins de guerra eram para serem vistos por todos e possuíam inscrições 
apropriadas, especificando o vencedor e o vencido. Tanto em Olímpia quanto em 
Delos os tesouros estavam localizados em posição de destaque nos santuários, 
próximos às áreas de maior circulação dos visitantes. 
Quando o grande templo de Zeus foi consagrado em Olímpia, um enorme escudo - 
troféu da guerra vencida pelos Eleanos - foi exposto em posição de destaque sobre 
o pedimento. 
 
Os tesouros eram símbolos do poder das cidades que os erigiam, pois abrigavam, 
como já foi dito, botins e troféus de guerra, assinalavam, pelas inscrições, 
vencedores e vencidos. 
Em síntese, estavam em sintonia com o ambiente altamente politizado do 
santuário e dos jogos realizados em Olímpia. 
 
A competição nos santuários proporcionava oportunidades também para o estrelato 
político; não era por acaso que alguns vencedores olímpicos emergiam como 
políticos de destaque: foi o caso de Cílon, por exemplo. Tucídides (1.126), ao 
descreve-lo, destaca três pontos: sua vitória olímpica, sua origem em uma família 
nobre e seu poder pessoal. 
Também a respeito de Cimon, vencedor por três vezes sucessivas em Olímpia, 
atribuía-se alta popularidade em Atenas, o que gerou desconfiança a respeito de 
seus propósitos políticos e consequente assassinato pelos agentes de Pisístrato. 
(MORGAN; ATHLETES, p. 212). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 3 
 
 
Saiba Mais 
Na mitologia grega, o rei Minos seria filho de Zeus e da mortal Europa. Ele foi criado 
com seus irmãos Sarpedon e Radamanto pelo rei de Creta. Quando o rei morreu, 
teria deixado seu trono a Minos, que baniu os irmãos. Sua esposa, além dos filhos 
que lhe dera, seria mãe do mitológico Minotauro). 
A Origem da Grécia – Idade do bronze (2.000 a.C. - 1.200 a. C.) 
Os habitantes desses lugares não eram gregos, mas sua cultura teve uma influência 
significativa sobre eles. Por volta de 2000 a.C, novos povos se estabeleceram em 
muitas áreas da Grécia e mesclaram as influências minoicas com seus elementos, 
originando uma nova realidade. 
Nessas áreas, acabaram desenvolvendo sua própria cultura palaciana que durou de 
1600 a 1200 em lugares como Micenas, Tirinto e Pilos (Período Micênico). 
 
Mapa civilização Micênica 
astudio / Shutterstock 
 
Sabemos agora que pelo menos alguns desses povos falavam grego, pois centenas 
de tábuas de argila com inscrições feitasem uma escrita conhecida como Linear B 
foram encontradas em Pilos (muitos estudos indicam que essas inscrições eram 
uma forma de grego.) 
 
Placa de argila (MY Oe 106) ostentando inscrição micênica (MY Oe 106) em escrita 
Linear B, encontrada na "Casa do Mercador de Óleo". 
Wikimedia 
Esses palácios teriam sido destruídos por volta de 1200 a. C e ainda não descobrimos 
exatamente a razão para tal devastação. Segue-se, a partir daí, um período de 
instabilidade: a “Idade das Trevas”(1200-800 a.C), de que os gregos se lembravam 
como uma época de nomadismo e migrações. 
Saiba Mais 
Costumamos dividir o território grego em três partes: 
• Grécia Continental; 
• Grécia Peninsular; 
• Grécia Insular. 
 
Idade das Trevas (XII a. C –VIII a.C.) 
A Idade das Trevas refere-se a um período de escassez de documentação, seja 
material ou arqueológica. O que sabemos é que houve um grande retrocesso cultural 
e organizacional. 
Os gregos, nessa fase, viviam em habitações menores e mais distantes, o que indica 
uma significativa redução populacional. 
Acredita-se que os poemas de Homero – a Ilíada e a Odisseia – sejam os maiores 
indicativos de como vivia a população desse período, mais especificamente 
a aristocracia. 
 
Estátua de Aquiles, personagem de Ilíada, atingindo no calcanhar. Palácio Achilleion, em 
Corfu – Grécia. 
Panos Karas / Shutterstock 
 
Período Arcaico (VIII a.C. –VI a.C.) 
A unidade política básica da Grécia era a polis, traduzida como Cidade-Estado. As 
comunidades gregas eram independentes umas das outras, rivalizando-se, inclusive. 
Assim, devemos lembrar que ao falarmos de Grécia Antiga, não estamos nos 
referindo a um território possuidor de unidade geográfica e sim de comunidades 
“aparentadas” por elementos culturais. 
 
Canicula / Shutterstock 
 
As comunidades gregas tinham nesse período apenas formas simples de 
organização política. Aos poucos e com muita resistência, os aristocratas passaram 
a reconhecer a autoridade central de uma só família que detinha a realeza. Os reis 
eram conhecidos pelo nome de basileus. 
 
 
 
 
 
 
 
Ao longo dos séculos seguintes, muitos homens iriam se ressentir de serem 
excluídos do poder e alguns passaram a explorar os descontentamentos e o poderio 
militar dos cidadãos para conquistar poder pessoal. 
Uma primeira alternativa para tentar atenuar as insatisfações internas foi a 
fundação de colônias, as apoikias (colônias). A partir do século VIII a.C várias pólis 
gregas, entre elas Atenas, estabeleceram “colônias” na Jônia, costa da Ásia Menor. 
Posteriormente, a partir de 750 a.C, comerciantes e agricultores descontentes, que 
desejavam uma vida melhor, fundaram na Sicília, no sul da Itália, no sul da França, 
na Espanha, no norte da África e junto ao Mar Negro outras apoikias. 
 
Fonte: Teatro grego de Taormina, na Sicília 
 
 
Internamente, aproveitando do clima de perturbação, alguns homens deram golpes 
e tomaram o poder. Esses usurpadores eram conhecidos como tiranos – palavra de 
origem não grega que não tinha necessariamente conotação de crueldade e 
opressão. (Muitos foram bons administradores, com aprovação popular). Os tiranos 
eram indivíduos que centralizavam o poder em suas mãos. 
 
Fonte: labrujulaverde.com 
 
Seu controle esteve longe de ser inquestionável. Foi derrubado do poder duas vezes 
por seus inimigos políticos. Consolidou a tirania em Atenas anos mais tarde e, a 
partir de então, conseguiu permanecer no poder até sua morte, em 528-27. 
Seu governo não pode ser reconhecido como realizador de mudanças radicais no 
âmbito da política. Garantiu apenas que seus amigos estivessem entre os arcontes. 
Em outras áreas, no entanto, obteve grandes êxitos: grandiosos projetos de 
edificações, a bela cerâmica de figuras negras das oficinas atenienses e a 
remodelação do festival das Grandes Panateneias. 
 
 
 
 
 
 
 
Ânfora grega, do Museu Arqueológico Nacional de Atenas. 
Foto: Ricardo André Frantz 
Wikipedia 
Pisístrato conseguiu deixar um sucessor, seu filho, Hípias. O jovem enfrentou 
uma crescente oposição aristocrática, mesmo por parte de homens que 
haviam colaborado com seu pai. 
 
Em 514 a.C, dois amantes aristocratas, Harmódio e Aristogíton, tramaram o 
assassinato de Hiparco (irmão de Hípias). Na procissão das Panateneias, os 
conspiradores entraram em pânico. Hiparco foi assassinado, mas Harmódio foi 
morto no atentado e depois Aristogiton morreu sob tortura. Hípias sobreviveu e sua 
tirania tornou-se ainda mais severa. Isso fez com que a oposição a seu governo 
crescesse e ele acabasse deposto. 
 
Fonte: Wikipedia 
 
Ele criou o conceito de isonomia. Todos os cidadãos passaram a ser considerados 
iguais perante a lei. Implantou ainda a participação direta do povo, a partir do 
comparecimento na Assembleia - Eclésia, que votava nas leis preparadas pela Bulé 
ou Conselho dos 500. A justiça era distribuída pela Heliae, formada por 12 tribunais 
e o comando do exército cabia ao estrategos, em número de dez, escolhidos pela 
Eclésia para um mandato anual. 
 
Fonte: Eclésia em Atenas, na colina Pinx / Wikimedia 
 
 
Com a finalidade de preservar a cidade de Atenas, Clístenes instituiu o ostracismo, 
que consistia em um exílio forçado dos maus cidadãos. Para isso, o nome do 
indivíduo era escrito em um pedaço de argila chamado ostrakon, Quando a maioria 
votava pela expulsão, o cidadão perdia seus direitos políticos, sem perda dos bens. 
Depois de dez anos, a pessoa banida podia voltar à cidade e recuperar todos os seus 
direitos de cidadão. Esse costume prevaleceu até o final do século V a.C. 
 
Óstraco de Címon, estadista ateniense, onde se lê o seu nome (Κίμων ο Μιλτιάδου). 
Museu da Ágara antiga em Atenas 
Wikipedia 
“Entenda que, para os atenienses, ser cidadão significava ser homem, maior de 25 
anos, filho de pai e mãe atenienses e livre. Dessa forma estavam excluídas mulheres, 
estrangeiros (METECOS) e escravos, além dos menores de 25 anos. 
Isso não quer dizer que Atenas fosse uma democracia deformada. Não podemos 
esquecer que é equivocado comparar sociedades antigas com valores atuais. Logo, 
dentro da lógica estabelecida, os cidadãos eram iguais perante as leis sim. 
Outro elemento importante da democracia ateniense é o modo de escolha de 
seus magistrados. Na maioria das funções, a maneira de acesso é o sorteio do 
qual qualquer cidadão poderia participar.” 
 
 
No decorrer da formação de seu amplo império, os persas tiveram o domínio sobre 
várias regiões. Em seu processo de expansionismo, a partir do século V a.C, 
começaram a esbarrar nos interesses gregos, na Àsia Menor. 
Os jônios, colonos gregos dessa região, solicitaram apoio militar das polieis de 
Erétria e Atenas contra seus inimigos e o resultado foi o início dos conflitos 
genericamente conhecidos como Guerras Médicas. O que estava em jogo era o 
controle marítimo-comercial na região. 
 
Combate entre um guerreiro persa e um hoplita grego. Do Pintor de Triptólemo, 
aproximadamente 480 a.C. Museu arqueológico nacional de Atenas 
Wikimedia 
 
No primeiro confronto, surpreendentemente, 10 mil gregos, liderados pelo 
ateniense Milcíades, conseguiram impedir o desembarque de 50 mil persas, 
vencendo-os na Batalha de Maratona, no ano de 490 a.C. 
 
Diagramação da Batalha de Maratona 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Battle_of_Marathon_map-pt.svg 
Os persas, entretanto, não desistiram. Dez anos depois voltaram. As poleis gregas 
esqueceram suas divergências internas e se uniram contra o inimigo comum. 
Os persas foram vencidos em Salamina (480 a.C) e Plateia (479 a.C).Apesar do êxito, 
o temor de que houvesse um novo ataque persa persistiu, o que levou as poleis a se 
unirem em uma confederação, a Liga de Delos. Cada pólis deveria contribuir com 
navios, soldados e dinheiro. Atenas aproveitou sua liderança sobre a liga e passou a 
utilizar o dinheiro em benefício da comunidade. Várias construções foram 
realizadas. Atenas entrou em uma fase de grande prosperidade. 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Battle_of_Marathon_map-pt.svgNessa época, se destaca o governo de Péricles, responsável pelo aprimoramento da 
democracia ateniense. A ação dos atenienses de utilizar os recursos da Liga de Delos 
e punir aquelas poleis que se rebelaram, logo motiva uma articulação. 
 
 
Lideradas por Esparta, várias cidades da Grécia Antiga fundaram a Liga do 
Peloponeso. Tal associação visava combater a hegemonia de Atenas e da Liga de 
Delos. Entre 431 e 417 a.C., as várias cidades-Estado gregas se envolveram em um 
penoso conflito que ficou conhecido como a Guerra do Peloponeso. 
 
 
Mundo Egeu em 431 a.C. A Liga do Peloponeso, em rosa 
Wikipedia 
 
 
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• Assista aos vídeos indicados a seguir e saiba mais sobre a história da Grécia: 
- Universo do documentário 2.0 - Construindo um Império: Grécia Documentário – 
History Channel. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qfYksqxPZ0I 
 
- Mistérios da Antiguidade - Sabedoria e antiguidade "Os gregos“ – Discovery 
Civilization. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=deVMSaFAoxE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=qfYksqxPZ0I
https://www.youtube.com/watch?v=deVMSaFAoxE
Aula 4 
 
Contribuições culturais 
Todas as sociedades antigas nos legaram contribuições culturais. No entanto, os 
gregos são sempre citados pois, certamente, nenhuma dessas sociedades 
apresentou a diversidade por eles experimentada. Enquanto nos lembramos dos 
egípcios por suas pirâmides e monumentos, podemos associar aos gregos 
conhecimentos de vários matizes. 
A eles atribuímos a criação da filosofia, do teatro, da história, além de descobertas 
no âmbito da matemática, das artes plásticas, da literatura. 
 
 
Fonte: Anastasios71 / Shutterstock, Kozlik / Shutterstock, Dr Project / 
Shutterstock e Ekaphon maneechot / Shutterstock 
 
Para não sermos injustos, devemos considerar a problemática da conservação e 
difusão cultural. Isso significa que não sabemos muito sobre outros povos da 
Antiguidade porque, provavelmente, muita coisa se perdeu ao longo dos séculos. No 
entanto, os gregos também passaram pelas intempéries temporais. Então, por que 
sabemos tanto sobre sua cultura? 
 
Bem, esse é o primeiro conceito com que você deve se familiarizar; 
conhecemos tanto sobre eles graças ao HELENISMO. 
 
Mas o que é o HELENISMO? 
Vejamos... 
Alexandre, o grande, rei da Macedônia, conquistou vários territórios, 
dentre eles, a Grécia. Por admirar profundamente a cultura grega, 
em cada território dominado, criava centros de irradiação cultural 
que promoviam a divulgação do saber científico e das formas 
artísticas e literárias do mundo grego. Houve, é claro, uma 
mistura com os valores culturais desses outros povos. 
O resultado é o HELENISMO. 
A Grécia era conhecida pelo nome de Hélade, ou seja, terra dos helenos. Seria uma 
referência a um personagem mítico, Heleno, cujos filhos seriam os primeiros 
ocupantes do território. A Macedônia de Alexandre era um território imediatamente 
acima da Grécia, portanto, tinha traços culturais semelhantes. Por conta disso, o 
período de dominação macedônia sobre os gregos, que durou de 336 a. C até a 
conquista romana, em 146 a. C é chamado de Período Helenístico. Alexandre, que 
havia sido educado pelo filósofo Aristóteles, como vimos, cuidou da difusão desse 
conhecimento. Dessa forma, a religiosidade, os costumes, a literatura e a língua 
grega se transformaram no padrão para as pessoas cultas de então). 
Ao longo dos séculos, muitos componentes da cultura grega ainda serviram de 
referência. Nos séculos XIV-XV, por exemplo, houve uma retomada dos padrões 
clássicos durante o Renascimento. 
Renascimento foi um movimento cultural dos séculos XIV - XV e XVI, cujo berço foi 
a Itália, e que produziu nomes como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, entre 
outros. Um dos princípios seguidos pelos artistas era o chamado Classicismo, ou 
seja, valorização da Antiguidade Clássica como padrão por excelência do sentido 
estético. Vamos conhecer então essa cultura maravilhosa a partir de seus tópicos 
principais. 
Religiosidade 
A religiosidade grega era baseada na MITOLOGIA. 
 
Conjunto de narrativas dos antigos gregos sobre seus deuses e heróis, através dos 
quais eram explicados fatos do cotidiano, ritos e até a criação do mundo. Essas 
narrativas, que durante séculos foram transmitidas oralmente, apresentam 
variações e serviram de material para a as peças teatrais. 
Politeísmo é a crença em vários deuses. Os deuses gregos eram homens 
superlativizados, ou seja, possuíam os mesmos defeitos e qualidades dos humanos, 
no entanto, se distinguiam deles por serem ATHANATOI (imortais) e poderosos. 
Devemos observar que sua definição é menos automática do que parece. 
Temos exemplos que nos permitem notar o conceito de politeísmo associado ao 
monoteísmo de grupo, existem muitos deuses, mas somente um nos representa. O 
politeísmo aparece bastante em estruturas sociais com múltiplas origens, 
constituindo panteões específicos. 
 
 
 
Exemplos 
O Panteão grego era formado por uma grande variedade de deuses, dentre os quais 
podemos citar: 
• Zeus – Senhor do Olimpo. (Nome latino: Júpiter); 
• Hera – esposa e irmã de Zeus, deusa da família e do matrimônio. (Nome 
latino: Juno); 
• Ares – deus da guerra. (Nome latino: Marte); 
• Afrodite – deusa do amor. (Nome latino: Vênus); 
• Atená – deusa da sabedoria. (Nome latino: Minerva); 
• Deméter – deusa da fertilidade. (Nome latino: Ceres); 
• Hermes – mensageiro dos deuses. (Nome latino: Mercúrio); 
• Artémis – deusa da caça. (Nome latino: Diana); 
• Hefaistos ou Hefestos: deus da metalurgia. (Nome latino: Vulcano); 
• Hades – deus do mundo subterrâneo. (Nome latino: Plutão). 
 
Além dos deuses, os gregos também acreditavam nos heróis ou semideuses, filhos 
de deuses e deusas com humanos, tais como: Herácles ou Hércules, Odysseus, 
Aquiles, Teseu e em entidades como faunos, musas e ninfas. 
 
Fonte: Derek Corbett / Shutterstock, smoxx / Shutterstock e I Wei Huang / 
Shutterstock 
A religiosidade dos gregos era vivenciada em público, ou seja, através de festivais, 
procissões. A base do relacionamento entre homens e deuses era a permuta, ou seja, 
o mortal reconhece seu poder e consegue, por isso, ser agraciado. 
 
 
 
O templo era a morada dos deuses, não lugar de reunião entre os crentes. Em 
geral, possuíam em seu interior uma imagem do deus ali adorado ou algo que o 
simbolizasse. A adoração aos deuses era processada no exterior do templo, ao leste. 
Essa é uma das razões para o exterior dos templos ser o lugar das decorações 
arquitetônicas mais elaboradas - homenagem aos deuses. 
Na religiosidade grega, não havia culto estabelecido com rígidas regras, não havia 
verdade revelada, nem livro sagrado. Os sacerdotes eram sorteados anualmente 
entre os cidadãos. Quando desejavam conhecer a vontade dos deuses, os cidadãos 
iam a um vidente (Mânthis) ou aos oráculos. O mais famoso deles foi o Oráculo de 
Delfos. 
A ideia de culpa, pecado, bem como a preocupação com a vida após a morte 
eram totalmente desconhecidos pelos gregos. Apenas alguns grupos 
minoritários as utilizavam, tal como o Orfismo. 
Orfismo era uma crença criada a partir dos séculos VII e V a.C. 
 
Seu fundador teria sido o poeta Orfeu que desceu ao Hades e retornou. 
Os mistérios órficos prometiam uma vida melhor após a morte. 
Quando morriam, os gregos acreditavam que os indivíduos passavam 
a habitar o mundo subterrâneo, denominado Hades, cuja entrada era 
protegida pelo cão Cérbero. A entrada era separada do interior pelo rio Estige, 
cuja travessia era feita pelo barqueiro Caronte. 
Os recém chegados tinham que pagar para fazer a travessia, por isso, 
os mortos eram enterrados ou cremados com moedas sobre os olhos 
para que tivessem com que pagar o barqueiro. 
Para agradar aos deuses, os gregos faziam sacrifícios, geralmente, os primeiros 
frutos de uma colheita ou uma novilha. 
Oferecendo-se o melhor aos deuses, eles acreditavam que estabeleciamuma relação 
de reciprocidade e assim, esperavam receber também o melhor. 
Os festivais aumentaram em número e grandiosidade no século V a.C. Ocupavam 
grande parte do ano cívico de cada pólis. 
 
Fonte: leoks / Shutterstock 
 
Embora fosse prática cada comunidade ter seu deus protetor, eles costumavam 
homenagear outros deuses também. 
O Teatro, que veremos à frente, surgiu desses festivais, ou seja, tinham uma função 
religiosa. Em geral, participavam dos festivais todos os habitantes da pólis, mesmo 
os escravos e estrangeiros (metecos). 
Em todas as sociedades, os indivíduos narram histórias, seja verídicas ou ficcionais. 
Os gregos não eram diferentes e, no início de sua civilização, as transmitiam uns aos 
outros oralmente. 
 
Os autores dessas narrativas eram chamados de rapsodos e, um dos mais 
conhecidos era HOMERO. 
 
Homero é um personagem controverso. Alguns historiadores questionam, 
inclusive se existiu de fato. Como em seu tempo as obras 
eram transmitidas oralmente, muitos acreditam que os versos a ele atribuídos, 
na verdade, foram a condensação de contribuições de diferentes indivíduos). 
Homero teria escrito duas obras que nos ajudam a remontar períodos 
bem remotos da História grega. O gênero literário por ele desenvolvido era 
chamado de EPOPÉIA. 
Gênero narrativo em que são descritas as aventuras de heróis; poema épico 
em que são mesclados fatos históricos entrelaços com lendas) 
e as duas mais conhecidas foram a ILÍADA e a ODISSÉIA. 
Ambas descreviam fatos ligados à Guerra de Tróia. 
Markus Gann / Shutterstock 
A partir do século VIII a.C, os gregos desenvolveram seu próprio sistema de escrita, 
o primeiro totalmente fonético, ou seja, com símbolos que representavam as 
consoantes e vogais. Isso facilitou significativamente a materialização das histórias 
anteriormente cantadas. 
Outro autor digno de nota desse período é Hesíodo. Através de suas obras 
conhecemos um pouco mais sobre o período arcaico. 
 
Três poemas são, em geral a ele atribuídos: 
A TEOGONIA, O TRABALHO E OS DIAS e O ESCUDO DE HÉRCULES. 
 
Ler texto complementar (Literatura grega) 
 
Teatro 
Nos festivais cômicos, eram apresentadas cinco peças de cinco autores distintos. Nos 
festivais trágicos, três autores encenavam quatro peças cada: três tragédias e um 
drama satírico. Os autores competiam nesses festivais. 
 
Fonte: Radmila / Shutterstock 
Nas comédias, o principal nome é Aristófanes que, em suas peças, fazia críticas à 
sociedade, indivíduos e política ateniense. As encenações eram custeadas por 
homens abastados e os atores eram sempre homens, que representavam vários 
papéis na mesma peça. Eles usavam máscaras que cobriam seus rostos e indicavam 
se estavam felizes ou tristes. O público sabia o sexo do personagem pelas roupas e 
perucas que portavam. As peças, a partir do século IV a.C passaram a ser repetidas, 
sobretudo, após o domínio macedônio. 
 
Matemática 
Pitágoras (525 a.C), para escapar da tirania em sua terra, migrou para o sul da Itália, 
onde fundou uma escola em que ensinava um novo mundo, um novo modo de vida. 
Lá, ele fez uma série de descobertas sobre a relação da natureza com o mundo. Os 
pitagóricos sugeriram que o número está no centro da realidade. Uma das grandes 
contribuições de Pitágoras foi seu teorema, que todos estudamos na escola até hoje: 
a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. 
 
Os gregos eram seduzidos pela Matemática por sua precisão e também eram 
fascinados pelo problema do infinito. Um outro matemático, Zenão de Eleia (490 a.C) 
afirmou que se cortássemos uma linha ao meio, isso poderia ser feito 
indefinidamente. Outros estudiosos que podem ser citados: Tales de Mileto e 
Parmênides. 
Medicina 
Até onde sabemos, os gregos foram os primeiros a transformar a medicina em algo 
mais sistematizado. 
O principal defensor dessa medicina racional foi Hipócrates. Ele fundou uma 
“escola” de medicina e escreveu alguns tratados como SOBRE A DOENÇA SAGRADA. 
Seu juramento é proferido até hoje pelos formados em medicina. 
 
História 
Os gregos consideravam o próprio passado e passaram a repensá-lo inventando a 
História (significa pesquisa, indagação). Quando os gregos passaram a colonizar 
outras regiões, houve a necessidade de criar uma espécie de guia para os colonos 
onde eram informados os costumes locais, a descrição da geografia, enfim, 
narrativas sobre aquele povo. 
Assim, nasceu a História. Heródoto, que descreveu os fatos das guerras médicas, era 
considerado o Pai da História. 
Seu método de narrativa era totalmente inusitado. Ele introduziu perguntas: 
Como? Por quê? 
 
Em relação aos eventos sobre os quais dissertava. Além disso, integrou em sua obra 
os costumes, a cultura dos povos que haviam entrado em contato com os gregos. 
Ao introduzir esses elementos, ele estabeleceu uma “postura” histórica: os indícios 
devem ser, na medida do possível, verificados por indagações e pesquisas. 
Outro nome digno de menção é o de Tucídides, que narrou em sua História da Guerra 
do Peloponeso, todos os fatos que cercaram essa luta fratricida. 
Nessa obra, ele excluiu o “romance”, as conversas e priorizou os aspectos militares 
e políticos da guerra. Iniciou uma tradição analítica, pois considerou as mudanças 
ano a ano do conflito. 
Filosofia 
A palavra Filosofia significa amor à sabedoria. Muitos homens, desde os primórdios 
da História grega, passaram a refletir sobre a natureza humana, o universo e fizeram 
descobertas que permanecem até os nossos dias. 
A Filosofia surgiu no período arcaico com a Escola de Mileto. 
 
Para os seguidores dessa escola, todos os elementos da natureza vinham de um 
elemento básico (a água, o ar ou a matéria). Nessa escola destacaram-se Anaxímenes 
e Anaximandro. Tales de Mileto e Pitágoras, já citados, eram filósofos matemáticos. 
No século V a.C surgiram os sofistas, que se dedicavam ao ensino da retórica e os 
outros assuntos aos jovens atenienses abastados. Muito os viam com maus olhos, 
mas o fato é que eles estiveram à frente de um movimento que considerava o homem 
e não o mundo físico como centro do debate intelectual. 
Um dos grandes nomes do sofismo era Protágoras que afirmava: “O homem é 
a medida de todas as coisas”. Eles não acreditavam em verdades absolutas e 
defendiam que havia diferentes visões sobre o mundo e as coisas. 
 
Ler texto complementar (Filosofia grega) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 5 
 
Guerra do Peloponeso 
Antes de começarmos nossa aula, vamos refletir sobre as perguntas a seguir? 
Como conhecemos a história da Guerra do Peloponeso? 
 
Temos um cronista de guerra, alguém capaz de nos contar com detalhes das 
batalhas, dos feitos, realizados pelos gregos. Será? 
 
Será que estudar a história é isso? Achar o relato de um contemporâneo e 
usar o que ele nos conta para sabermos com detalhes o que aconteceu no 
passado? 
 
Isso passa pela compreensão do que é história, de qual é o seu objetivo. 
Esparta 
Antes de passarmos para a Guerra propriamente dita, vamos conhecer um pouco a 
grande opositora de Atenas: Esparta? 
 
Fonte: Lev Levin / Shutterstock 
Esparta era uma pólis situada na região conhecida como Lacedemônia. Baseava seu 
modelo político em uma oligarquia governada por dois reis. Após o século VI a.C, 
houve uma diminuição de sua produção cultural e fortalecimento de um modelo 
militarista. 
Os espartanos chamavam seus cidadãos de esparciatas. Sua educação iniciava-se por 
volta dos 7 anos, quando eram obrigados a viver com os demais cidadãos da pólis 
em um regime de caserna. Eram fisicamente habilitados à luta, aprendendo a 
sobreviver ao frio e à fome. As meninas também eram obrigadas à prática da 
atividade física para se tornarem boas “parideiras”. 
Ao nascerem, as crianças eram conduzidas aos éforos, que avaliavam suas 
características físicas. Caso possuíssem algum tipo de deformidade, eram jogadas do 
Monte Taigeto por não servirem aos interesses da comunidade. 
Para manter esse modelo, os espartanossubmeteram populações vizinhas da 
Lacônia e constuitíram duas formas de submissão: os periecos e os hilotas. 
 
 
Fonte: Irina-PITTORE / Shutterstock 
 
Atenas 
Atenas, como vimos na última aula, vem de um grande desenvolvimento cultural. A 
cidade (pólis) é construída em torno da valorização da escrita. 
Seus referenciais de poder passam necessariamente pelo desenvolvimento da 
filosofia e do pensamento escrito. Esse elemento é central dentro de Atenas. 
 
 
 
 
 
 
Após as vitórias diante dos 
persas, Atenas passa a ser o 
centro do poder grego, 
a liderança da liga de Delos. 
Cobra impostos, o que garante 
sua posição 
de representante máxima dos 
exércitos. 
 
 
 
Esparta, tradicional potência militar da região do Peloponeso, inicia uma sistemática 
resistência ao crescimento ateniense. O ponto crítico se dá quando os Coríntios se 
recusam a permanecer na liga de Delos e os espartanos afirmam que, se houvesse 
qualquer ataque a esses, a guerra começaria. E assim se fez. Certeza? 
A guerra do Peloponeso é diferente de outras guerras da antiguidade, como afirma 
Finley. Ela se torna famosa não pelos seus efeitos de maneira direta, mas sim pelo 
fato de ser narrada por Tucídides. 
 
Comentário 
Tucídides e os seus contemporâneos entendem que a história só pode ser escrita 
por aqueles que viveram a história, não existe história pela observação do passado 
e o autor cumpre isso na prática. Seu trabalho, ao narrar os eventos da guerra do 
Peloponeso, era manter informados seus contemporâneos e deixar para a 
posteridade a verdade dos fatos. 
Claro que devemos relativizar, Tucídides era um ateniense relatando os eventos da 
guerra do Peloponeso, financiado por um dos principais líderes atenienses, Péricles. 
Finley, em O Uso e o Abuso da História, mais especificamente no artigo os gregos 
antigos e sua nação, sinaliza para desconstruir a ideia de que a Guerra do Peloponeso 
foi uma guerra civil ou coisa que o valha. É essencial captar o tom contextual exato. 
Todo grego antigo, vivendo numa sociedade complexa, pertencia a uma 
multiplicidade de grupos. Sabemos que as poleis guardavam grande proximidade 
cultural, mas isso não fazia dela uma nação no sentido moderno. 
 
 
Após a perda da última frota no final do extenuante conflito com Esparta, os 
atenienses concederam - num gesto sem precedentes - a cidadania ática a Samos, o 
aliado mais fiel, isto é, fizeram uma tardia e desesperada tentativa para se duplicar 
como comunidade. 
A efêmera medida foi revertida pela rendição de Atenas em abril de 404 e pela 
expulsão, uns meses depois, dos democratas de Samos por parte do golpista 
ateniense, Lisandro. Pouco tempo depois, foi de novo posta em prática pela 
democracia restaurada no arcontado de Euclides. Era uma maneira de honrar os 
democratas exilados de Samos. 
Setenta anos mais tarde, quando Filipe da Macedônia derrotou, em Queroneia, a 
coligação chefiada por Atenas e pareceu por momentos que o vencedor, famoso por 
ser capaz de arrasar totalmente as cidades vencidas, se dirigia para uma Atenas 
praticamente indefesa, um político chamado Hipérides, democrático tão irregular 
na militância como original na sua vida privada, propôs a libertação de cento e 
cinquenta mil escravos agrícola e mineiros. Todavia, acabou por se julgado pela sua 
ilegal iniciativa, acusado de ser agitador. 
 
Cânfora sinaliza que, no final do século V, mais precisamente no último 
trintênio, iniciara-se no mundo grego uma fase de conflitos extremamente 
sangrenta: uma guerra que envolvera quase todas as cidades deixando pouco 
espaço aos neutrais - uma guerra entre todos as cidades estado da Grécia 
antiga, isto transforma os espaços da Grécia antiga, trabalha com a própria 
concepção do poder no mundo ateniense. 
 
Péricles, naturalmente, conhecia bem as etapas e os truques de uma carreira. 
Quando Ésquilo pôs em cena Os Persas, a tragédia que exaltava Temístocles, foi ele 
quem se responsabilizou pelas despesas de instrução do coro. 
A imagem corrente é que Péricles corrompeu as massas introduzindo pagamentos 
estatais para a participação nos espetáculos e para a participação nos júris do 
tribunal, além de outras remunerações públicas e festas. A adoção sistemática destas 
formas de salário estatal moldou a democracia ateniense no período de seu maior 
florescimento, consolidando a imagem de liderança aristocrática. 
Quando o Péricles de Tucídides descreve o sistema político ateniense, opõe 
democracia à liberdade: a falta de outro termo - diz ele - costumamos atribuir a este 
regime a designação de democracia porque envolve a maioria na pleiteia: trata-se, 
porém, de um sistema político livre. 
Em certo sentido, o orador estabelece uma antítese entre 
democracia e liberdade. 
 
Então a própria guerra transforma e enfraquece a organização do mundo grego. As 
oligarquias estão ampliadas, a relação com os estrangeiros será revista, uma vez que 
Macedônios, por exemplo, já estão incorporados à Hélade. 
Mossé, em seu livro O Processo de Sócrates é bem dramático sobre esse momento: 
 
Xenofontes, continuador do relato de Tucídides, comemora a vitória de Esparta 
como uma vitória da liberdade. 
Não devemos entender que o domínio oligárquico espartano tenha sido melhor que 
o ateniense. No entanto, significou o distanciamento de Atenas do centro de poder. 
Claude Mossé demonstra a substituição dos modelos políticos da Hélade por centros 
oligárquicos e pela ascensão dos macedônios no mundo grego. 
 
 
Macedônia 
Os macedônios não eram estranhos no mundo ateniense. Eles participavam no 
século V das Olimpíadas e participaram em alguns momentos de batalhas do mundo 
grego. 
Acontece que a Macedônia era uma região maior que as principais cidades Estado, 
tinha uma economia e um sistema de guerra. No entanto, o mundo grego era 
referência cultural mais importante, tinha sistemas complexos e construções que 
geravam admiração dos grupos tratados como bárbaros, como os macedônios. 
Alexandre da Macedônia ganha notoriedade durante o período tebano, ou seja, após 
a derrota de Esparta em novo embate entre as poleis gregas. 
As tradicionais cidades-Estado estavam enfraquecidas, empobrecidas e precisavam 
do apoio militar de Felipe. Ele envia então, nobres para serem educados nos valores 
do mundo grego. Um deles é seu filho, Alexandre. 
 
Comentário 
Felipe II da Macedônia apaixonou-se pela bela sacerdotisa tebana, a princesa 
Olímpia, no século IV. Boa parte da história sobre Alexandre é escrita por Plutarco, 
grego do século II. A distância temporal em sua narrativa faz com que tenhamos 
cuidado em apreciar seus relatos. 
 
Alexandre, o Grande, é a figura do marco decisivo entre o período chamado 
helenístico (até o século II d.C.) e o que o precedeu. 
O relacionamento entre macedônios e gregos é historicamente complexo. Embora 
as cidades-Estados gregas fossem primeiramente democracias ou oligarquias, 
Macedônia era um reino composto por cantões separados governados por líderes 
locais poderosos. 
Ao iniciar seu relacionamento com os Macedônios, os gregos começaram a repensar 
seus padrões culturais. Os gregos esperaram determinados comportamentos para 
demonstrar que você era grego: participação nos jogos e consulta aos oráculos, por 
exemplo. 
Os macedônios participavam nesses eventos, mas eram geralmente os reis 
macedônios que afirmaram ser gregos. 
 
Filipe II foi visto como o homem que transformou a Macedônia e fez dos 
macedônios, gregos. 
 
Filipe certamente nunca esperou assentar ao trono de rei. Seu pai, Amyntas III (393-
370 BC), tinha dois filhos mais velhos que precederam Filipe II no trono. 
Alexander II (370-368 BC), que foi assassinado por seu cunhado e Perdiccas III, que 
governou entre 360-359. 
O reinado de Alexandre foi marcado por guerras nas fronteiras, em especial contra 
as tribos do norte que pacificou usando técnicas bastante gregas: diplomacia, 
corrupção e aliança militar. 
Após ter fixado as fronteiras do norte de seu reino, as ambições de Felipe semoveram para o sul e o leste. Uma vez que tinha capturado as minas de ouro de Mt. 
Pangaion, a etapa seguinte era tratar das cidades do Chalcidice: Torone, Olynthus, e 
Amphipolis. 
Esse movimento acabou por envolvê-lo em um conflito com Atenas que considerava 
Amphipolis como sua própria colônia. 
Filipe II expandiu seu território ora apoiando, ora atacando as poleis gregas, 
valendo-se de suas próprias disputas, até os limites de Termópolis. 
Filipe torna-se um dos poderes mais importantes do mundo grego, a ponto de no 
século IV, Demóstenes, um orador ateniense, defender claramente na Ágora a 
aliança com Felipe. 
Em 338, o último exército livre dos gregos foi destruído pelos macedônios, com o 
Felipe comandando diretamente o exército com seu filho de 16, Alexandre, na frente 
de batalha. 
 
 
Em Coríntios, Felipe estabelece a liga helênica, mas não reivindica um poder rela 
frente aos gregos. Dois anos mais tarde, em 336, Felipe foi assassinado e sucedido 
por seu filho, Alexandre. 
A vitória macedônica iniciaria uma era nova, em que os exércitos de 
Alexandre levariam elementos da cultura grega de Atenas a Afeganistão, mas 
não até a guerra da independência de encontro aos turcos, 2.100 anos mais 
tarde, os gregos estariam livres. 
 
A construção mítica trabalha a ideia de que na noite de núpcias, antes de Felipe 
possuir Olímpia fisicamente, Zeus desce como um raio e a engravida. Felipe, 
desconfiado, prende Olímpia em uma torre na floresta até que seu filho a reconduz 
ao trono ao seu lado. Caros, não podemos pensar no mito de maneira dura, mas 
entender sua representatividade. 
 
Nesse sentido, é que entendemos a legitimidade alcançada por Alexandre. Sem 
dúvida um domínio aristocrático nas póleis, que não representavam uma 
monarquia, como a compreendemos, mas um reconhecimento aristocrático do 
poder macedônico em torno de Alexandre. 
Vejamos: 
Primeiro combateu vitoriosamente os Trácios que se opunham ao poder de 
Alexandre. Em uma assembleia em 335 a.C. em Coríntios é escolhido como o líder 
militar dos gregos para uma nova campanha conta os persas. 
 
 
Reprimiu ainda revoltas como Ilírios a norte e em Tebas contra seu domínio. 
 
 
As vitórias sobre os persas foram emblemáticas, nas imediações de onde 
provavelmente era Troia cumpriu-se oferendas aos guerreiros que por ali passaram, 
Dário III depois de uma série de derrotas militares foi vencido. 
Alexandre, e o modelo de governo macedônico, bebeu de maneira singular na 
organização persa. Suas vitórias sobre a Babilônia e Egito fazem com que o próprio 
Alexandre assuma o título de rei da Pérsia. O conceito de rei dos reis é reformulado. 
Para marcar seu poder, Alexandre manda construir grandes cidades no Oriente, 
sempre com a visão de dialogar com as duas culturas. 
 
Comentário 
O helenismo sem dúvida nenhuma é a relação entre estes dois mundos. Existe 
muito de personificação neste momento, mas, por favor, evitemos. Não é Alexandre 
capaz de tudo como Plutarco defendeu, nem tão pouco, outros heróis que a história 
inventa, tenhamos sempre cuidado. 
Vale a pena sinalizar que não devemos acreditar no discurso fílmico como verdade, 
é licença poética e para o historiador ajuda a visualizar, pensar. O discurso do 
filme, por exemplo, é claramente afirmar que a opção sexual não invalida ninguém 
de ser um herói... O que no mundo grego é uma prática bem diferente, uma leitura 
não sexualizada como pensada na prática contemporânea.

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