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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS Professor: Me. Pedro Afonso Barth Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Pinelli Head de Planejamento de Ensino Camilla Cocchia Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey Projeto Gráfico Thayla Guimarães Design Educacional Marcus Vinicius A. S. Machado Design Gráfico Isabela Mezzaroba Belido DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; BARTH, Pedro Afonso; Leitura e Produção Textual. Pedro Afonso Barth; Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 38 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Leitura. 2. Produção. 3. Textual. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 372 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 04 05 sumário CONCEITO DE TEXTO |9 |13 |17 |21 |27 O TEXTO E SUA ORGANIZAÇÃO A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NO TEXTO ESTRATÉGIAS TEXTUAL-DISCURSIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NO TEXTO TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS/ DISCURSIVOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Estabelecer um conceito para texto. • Estudar conceitos da Linguística Textual, observando seu percurso históri- co e suas contribuições. • Identificar mecanismos constitutivos do texto, examinando, a partir deles, os seus processos de construção. • Traçar discussões acerca da análise linguística de textos. • Diferenciar e compreender os conceitos de tipo textual e gênero textual. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Conceito de Texto • O texto e sua organização • A construção dos sentidos no texto • Estratégias textual-discursivas de construção do sentido do texto • Tipos e Gêneros Textuais LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), seja bem vindo (a) ao estudo de ‘Leitura e Produção de Textos”. Ao longo dos nossos encontros, discutiremos uma série de questões teóricas e práticas a respeito da leitura e da escrita, especialmente relacionadas ao ambien- te escolar. Para tanto, nos valeremos de diferentes perspectivas teóricas que tratam de leitura e de escrita, construindo um percurso interdisciplinar de reflexões. Assim, vamos nos valer de valiosas contribuições da Análise do Discurso, da Sociolinguística, da Linguística Aplicada, da Pragmática, da Semiótica Discursiva e, mais especifica- mente nesse estudo, da linguística Textual. Ter essa visão ampla no ensino de leitura e produção de textos é importante, pois o ensino do nosso país ainda não se desvencilhou completamente de uma visão re- ducionista do ensino de Língua. Ou seja, muitas escolas e professores ainda pensam que o ensino de habilidades de leitura e escrita abarca tão somente o domínio da gramática e de normas. O que isso provoca? Alunos precisam fazer atividades de redação e/ou leitura sem sentido real interativo. Ou seja, estudantes acabam fazendo tarefas sem significado imediato e assim escrevem o que os professores exigem em atividades artificiais, que estão desvinculadas do funcionamento real da língua e dos gêneros textuais. Pós-Universo 7 Entretanto antes de abordar questões amplas, torna-se fundamental adotar uma perspectiva, isto é, um conceito de texto. Dessa forma, nesta unidade, iremos traçar um conceito de texto, advindo principalmente dos estudos da Linguística Textual. Por meio dele, verificaremos quais são os aspectos que estruturam e organizam os sentidos de um texto, além de verificarmos quais estratégias textuais e discursivas podem ser empregadas em sua construção. Então, vamos nos aventurar a desbravar e revisitar os conceitos de texto e textualidade? Ótima leitura! Pós-Universo 8 Pós-Universo 9 CONCEITO DE TEXTO Olá, caro(a) aluno(a). O que é texto? Usamos esse termo de forma bastante gene- ralizante. Pedimos aos nossos alunos que “escrevam um texto”, usamos expressões como “li aquele texto” e entre outros exemplos possíveis. Entretanto, para trabalhar, em sala de aula, a leitura e a produção de textos, é preciso ter um conceito claro do que seria texto e como são construídos seus sentidos. Essa preocupação é verificá- vel especialmente nos estudos de Linguística Textual. Esse ramo da linguística teve o seu desenvolvimento iniciado na Europa, na década de 60. A premissa inicial para o surgimento deste tipo de estudo “consiste em tomar como unidade básica, ou seja, como objeto particular de investigação, não mais a palavra ou frase, mas sim o texto, por serem os textos a forma específica de manifestação da linguagem” (FÁVERO; KOCH, 2008, p. 11). Em outras palavras, a Linguística Textual tornou-se o estudo das unidades completas de sentido. Assim, ela não busca estudar apenas palavras ou frases que se encontram isoladas, sem sentido e sem contexto, mas textos que permitem uma ampla compreensão e interação. Nessa perspectiva, a prática real da língua se efetiva por meio de textos: homens e mulheres, sujeitos de um tempo e de um espaço, produzem textos com algum ob- jetivo de comunicação. Segundo Fávero e Koch (2008), a partir dos estudos da Linguística Textual, texto pode ser conceituado como algo que: “ [...] consiste em qualquer passagem, falada ou escrita, que forma um todo significativo, independente de sua extensão. Trata-se, pois, de uma unidade de sentido, de um contínuo comunicativo contextual que se caracteriza por um conjunto de relações responsáveis pela tessitura do texto – os critérios ou padrões de textualidade, dentre os quais merecem destaque especial: a coesão e a coerência (FÁVERO; KOCH, 2008, p. 25). Dessa forma, ressaltamos que texto é toda unidade de sentido, todo objeto de sig- nificação: ele nunca será uma frase, a qual depende de outras partes para ter seu sentido completo, por exemplo. Cabe lembrar o que apontam Fiorin e Savioli (1996) sobre a etimologia do termo texto: a origem do termo está atrelada ao verbo latino texo, is, texui, textum, texere, que quer dizer “tecer”. Assim, um texto é como se fosse um tecido, pois há toda uma organização (procedimentos e mecanismos) que o Pós-Universo 10 estruturam. Esses são os fatores de textualidade que veremos nos próximos tópicos. Dessa forma, um tecido não é apenas um amontoado de fios costurado, assim como o texto não é um mero amontoado aleatório de frases. Nessa perspectiva, um anúncio publicitário, uma notícia de jornal, uma frase pichada no muro ou um artigo de opinião serão textos se tiverem sentido comple- to. Tal sentido só é possível se levarmos em consideração todas as suas partes. Outro aspecto fundamental para o conceito de texto é o contexto. O que é contexto? Podemos defini-lo como a relação que uma unidade linguísti- ca menor estabelece com uma unidade linguística maior. Por exemplo, uma palavra só tem sentido quando está atrelada a uma frase. Uma frase, por sua vez, encaixa-se no contexto do parágrafo. Em um livro, um parágrafo se insere no contexto do capí- tulo. Por sua vez, o capítulo encaixa-se no contexto da obra, a qual faz parte de um contexto social, linguístico, cultural. Uma vez que o conceito de texto e os fatores de textualidade foram definidos, os estudos de linguística textual, especialmente a partir dos anos 90, voltaram-se para a relação entre texto e conhecimento. A partir dessa época, segundo Marcuschi, podemos definir Linguística Textual como “o estudo das operações linguísticas, discursivas e cog- nitivasreguladoras e controladoras da produção, construção e processamento de textos escritos ou orais em contextos naturais de uso” (MARCUSCHI, 2008, p. 73). Em outras palavras, seus estudos se preocupam em compreender de que forma os sentidos são construídos e compreendidos como atos comunicativos (KOCH, 2006). Nessa perspectiva, podemos considerar textos como fontes de conhecimen- to. Segundo Koch (2006), textos mobilizam saberes, os constroem e reconstroem a partir de inúmeras interações. Dessa forma, textos são a matéria-prima para a cons- trução de categorizações sociais e para representações mentais. Em outras palavras, os textos permitem que os homens possam organizar o mundo. Pelo fato de que a capacidade de compreender e interpretar textos é importantes, Koch (2006) explana que um texto é compreendido a partir de uma intensa ativida- de interativa que envolve três fatores: o produtor, o texto e o leitor: Pós-Universo 11 Quadro 1 – Agentes da construção de sentidos em um texto Produtor/ Planejador Quem organiza os sentidos do texto por meio de sinalizações textuais (indícios, pistas, marcas). O texto Um sentido organizado em decorrência das escolhas do seu autor. Sua configuração estabelece limites em relação às leituras possíveis. O Leitor Constrói efetivamente os sentidos apresentados no texto a partir da leitura. Fonte: adaptado de Koch (2006). A partir do Quadro 1, podemos afirmar que estudar o texto como uma manifesta- ção da língua em uso, como um objeto de significações, pode efetivamente auxiliar no aperfeiçoamento da capacidade e do desempenho linguístico das pessoas en- quanto leitoras e produtoras de textos. Há mais de uma possível perspectiva teórica para o estudo e análise de textos. Portanto, cabe a você, estudante e interessado no estudo da leitura e da produção de textos, ir em busca dessas teorias e perspectivas. Uma delas é a semiótica Francesa. José Luiz Fiorin aponta que essa ciência, embora não ignore que o texto seja um objeto histórico, dá ênfase ao conceito de texto como objeto de significação e, assim, é concebida como uma teoria gerativa, sintagmática e geral. Gerativa, pois concebe o processo de pro- dução do texto como um percurso gerativo, ou seja, uma construção de sentidos que vai do mais simples e abstrato ao mais complexo e concreto, em um verdadeiro processo de enriquecimento dos sentidos e significados. Sintagmática, porque possui a intenção de estudar a produção e a inter- pretação dos textos; e geral, pois tem interesse em qualquer tipo de texto, independentemente de sua manifestação. Fonte: adaptado de Fiorin (1996). saiba mais Pós-Universo 12 Pós-Universo 13 O TEXTO E SUA ORGANIZAÇÃO A textualidade é a propriedade que faz com que o texto seja bem construído e tenha sentido completo. Segundo Costa Val (2006), foram os estudos de Beaugrande e Dressler que estruturaram os chamados fatores de textualidade, que são o conjun- to de características que diferenciam um texto de um mero agrupamento de frases. Tais fatores podem ser linguísticos, os quais, estão perceptíveis na materialidade, ou podem ser extralinguísticos, que dizem respeito ao contexto. Observe o quadro a seguir: Quadro 2 – Fatores de textualidade Fatores Ligados a Forma Fatores Semânticos e Conceituais Fatores Pragmáticos É o fator linguístico, aquilo que une e costura um texto. Em suma, essa pro- priedade é denominada coesão. São definidos pela coe- rência, propriedade que estrutura os sentidos do texto. São os fatores que se es- tabelecem na função informacional e comuni- cativa do texto. São cinco, os fatores pragmáticos: • Intertextualidade. • Intencionalidade. • Aceitabilidade. • Informatividade. • Situacionalidade. Fonte: adaptado de Costa Val (2006). Pós-Universo 14 Agora, caro(a) aluno(a), vamos entender o funcionamento de cada um desses fatores. Coesão Podemos definir coesão como a “costura do texto”, ou seja, é a sua manifestação lin- guística, o modo como a língua é utilizada para construir sentidos. A coesão é expressa pelo bom uso da ortografia, morfologia, sintaxe e concordância. Em outras palavras, a coesão é construída a partir de relações lógico-semânticas que estão aparentes na superfície do texto (KOCH, 2001b). Podemos verificar a coesão de um texto por meio da análise dos mecanismos lexicais e gramaticais de construção. Coerência A coerência é o fator de textualidade responsável pela unidade de sentido de um texto, ou seja, um texto, para ser um texto, precisa ter lógica, e não pode apresentar nenhuma incoerência que, impeça a construção dos sentidos por parte do leitor. Na coerência, estão envolvidos os fatores lógico-semânticos e cognitivos (KOCH, 2001a). Analisar a coerência nos faz perceber que um texto nunca existe em si mesmo: ele precisa estar em um contexto e se constrói na relação que se estabelece entre o emissor, o receptor e o mundo. Nessa perspectiva, um texto será compreendido como coerente quando apresentar uma configuração compatível com os conheci- mentos de mundo de quem o está lendo (COSTA VAL, 2006). A coesão e a coerência são duas propriedades tão importantes e fundamentais que serão melhor exploradas nas próximas aulas. Intertextualidade Nenhum texto é construído do “nada”: ele sempre remete ao que existe no mundo ou há outros textos que existiram antes dele. Em outras palavras, todo texto é atravessa- do pela intertextualidade, que é a propriedade de um texto se comunicar com outros textos em sua configuração textual. A intertextualidade pode ser explícita, quando Pós-Universo 15 há uma menção aparente, ou implícita. Para Bakhtin (2003, p. 291), “cada enunciado é um elo da cadeia muito complexa de outros enunciados”, ou seja, todo texto pro- duzido se comunica com outros textos que já foram produzidos. Intencionalidade A intencionalidade recupera o papel do emissor, do produtor, do autor do texto. Quando um texto é produzido, é possível perceber que ele encaminha sentidos e apresenta pistas linguísticas claras do posicionamento e das intenções de quem o produziu. Um texto bem produzido não deixa escapar sentidos não pretendidos pelo produtor. Assim, o texto que resulta será compatível com as intenções de quem o produziu. Marcuschi (2008) afirma que a intencionalidade nada mais é do que a in- tenção linguística de um emissor em produzir uma manifestação linguística que seja coesiva e coerente. Os textos literários podem, muitas vezes, deturpar ou trazer outra roupa- gem para os fatores pragmáticos da textualidade. Por exemplo, mais do que constituir textos, a intertextualidade pode ser uma técnica literária para a construção de outros sentidos. No caso da intencionalidade, o texto literá- rio – por ser fundamentado na plurissignificação da linguagem – pode ser contestada: o autor de um texto literário não é mais o senhor dos sentidos de uma história a partir do momento que ela é lida. Em outras palavras, caro(a) aluno(a), nenhum conceito é pronto ou acabado. Ele pode se mani- festar de diferentes formas de acordo com o texto que temos diante de nós. atenção Aceitabilidade Se a intencionalidade refere-se ao emissor, a aceitabilidade recupera a figura do re- ceptor, o leitor, aquele que interpreta os sentidos que estão postos. A aceitabilidade é a propriedade de um texto que o torna compatível com a expectativa de um re- ceptor ou que possui as chaves que tornam possíveis a sua interpretação. O receptor Pós-Universo 16 sempre se esforçará para interpretar os sentidos de um texto, mas a compreensão só se efetivará se o texto permitir a aceitabilidade. Antunes (2007) defende que a inten- cionalidade e a aceitabilidade são fatores da textualidade que, além de pragmáticos, fazem referência ao escritor/falante/emissor e leitor/receptor/ouvinte, respectiva- mente, e não ao texto. Informatividade Informatividade é a propriedade do texto em trazer novas informações condensadasa interpretações conhecidas e, assim, permitir a entrada do receptor para a constru- ção dos sentidos. A informatividade está relacionada com o que se espera de um texto: dessa forma, um discurso que apresenta menos previsibilidade possui um grau maior de informatividade. Antunes (2007) pontua que é preciso haver um equilíbrio, já que o interesse que um texto pode despertar depende muito do grau de impre- visibilidade que ele apresenta. Assim, ele não pode nem ser muito óbvio, que não fomentará sua leitura, nem apresentar informações novas demais, pois o leitor não conseguirá prosseguir na leitura. Dessa forma, o ideal é a busca do meio termo: o texto precisa ter novas informações, mas atreladas a dados conhecidos. Situacionalidade Percebemos que o contexto é fundamental para a compreensão dos textos. A situa- cionalidade é a propriedade do texto que se comunica com o contexto. Em outras palavras, um texto apresenta situacionalidade quando está adequado a uma situa- ção comunicativa, um contexto. Por exemplo: um texto científico com um alto grau de informatividade será compreendido quando publicado em uma revista científi- ca, pois o contexto exige que publicações tenham uma linguagem aprofundada. Contudo, o mesmo texto, se fosse publicado em um jornal popular, teria problemas de situacionalidade, pois, nesse caso, os leitores não estariam adaptados com esse tipo de linguagem. Dessa forma, os sentidos do texto não seriam interpretados em sua totalidade. De modo geral, assim como pontua Marcuschi (2008), a situação comunicativa interfere na interpretação do texto. Pós-Universo 17 A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NO TEXTO Caro(a) aluno(a), nas seções anteriores, verificamos o conceito de texto e seus fatores de textualidade. Entretanto, a existência de um texto pressupõe a existência de um leitor, alguém capaz de codificar e compreender o sentido de um texto. Para isso acontecer, é preciso agir sobre o discurso, ou seja, o leitor precisa compreender as relações aí apresentadas. Koch (2006) explica que, para a produção e leitura de textos, nós precisamos mo- bilizar, essencialmente, quatro grandes sistemas de conhecimento: o linguístico, o enciclopédico, o interacional e os modelos textuais globais. Conhecimento Linguístico Todo falante de um idioma passa a ter conhecimento linguístico. Pode ser devido a habilidade de extrair sentidos a partir de uma língua, ou seja, exige conhecimento léxico (as palavras, os significados, os duplos sentidos) e gramatical (a forma sintática que frases e orações podem ser combinadas, as regras de gramática). O conhecimen- to linguístico é o que auxilia o produtor de um texto na amarração do texto por meio da coesão e auxilia o leitor na interpretação dos elementos da coesão e da coerência. Conhecimento Enciclopédico É o conhecimento que acumulamos ao longo da nossa vida intelectual. Ele se encon- tra na memória dos indivíduos e também recebe outras denominações, tais como “conhecimento de mundo”. Pós-Universo 18 Conhecimento Interacional É o conhecimento obtido pela interação por meio da linguagem. Acontece toda vez que há o contato com textos e operações linguísticas, o qual opera um tipo de co- nhecimento. Ele pode ser ilocucional, comunicacional ou metacomunicativo. O ilocucional é o conhecimento suficiente para reconhecer, em um texto, quais são as intenções e propósitos de seu produtor. É perceber quando um texto possui marcas ideológicas e intencionalidade. Por sua vez, o conhecimento comunicacional é a capacidade de um leitor em entender a importância de compreender o contex- to para a interpretação de um texto, ou seja, entender o volume de informações que um texto precisa ter para ser compreendido. Isso envolve a escolha correta de uma variante da língua adequada para cada situação comunicativa. O conhecimento me- tacomunicativo diz respeito à compreensão do que é texto e como seus objetivos podem ser alcançados. Conhecimento de Modelos Textuais Este último pode ser denominado como conhecimento superestrutural e se define pela compreensão de todo texto que tem característica de um gênero. Conforme Koch (2006), esse conhecimento permite que o produtor evidencie repetições des- necessárias e produza um texto respeitando as regras de seu gênero. Pós-Universo 19 A palavra penetra literalmente em todas as relações entre indivíduos, nas relações de colaboração, nas de base ideológica, nos encontros fortuitos da vida co- tidiana, nas relações de caráter político etc. As palavras são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos e servem de trama para todas as rela- ções sociais, em todos os domínios. (Mikhail Bakhtin) reflita Dessa forma, podemos pontuar que, para interpretar os sentidos de um texto, é preciso agir sobre o discurso por meio de uma interação. Tal interação ocorre por meio da linguagem, mobilizando todo o conhecimento do indivíduo, tanto aquele que é obtido pela vida escolar e acadêmica como aquele adquirido pelas vivências e experiências. É por isso, que, para Koch (2000), trabalhar textos em sala de aula é uma atividade que exige tempo para o debate, pois é necessário refletir sobre os seus sentidos e decodificar os sentidos profundos, indo muito além da superfície textual. Pós-Universo 20 Pós-Universo 21 ESTRATÉGIAS TEXTUAL-DISCURSIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NO TEXTO Assim como já estudamos, dois fatores de textualidade fundamentais para a cons- trução dos sentidos do texto são a coesão e a coerência. Eles são mobilizados por meio de estratégias textuais e discursivas. Por isso, nessa seção, dedicaremo-nos a compreender melhor esses conceitos. Entendendo melhor a coesão Assim como já fora exposto, um texto nunca será um amontoado de frases. As frases precisam estar ligadas, ou seja, o texto precisa apresentar uma totalidade semântica. É justamente a coesão que é a responsável por operar essa costura entre as frases e os períodos. Halliday e Hasan (1976) fizeram o mais importante estudo a respeito da coesão em Língua Inglesa, o qual foi aplicado por Koch (2001b) e outros autores na Língua Portuguesa. Para os autores citados, a coesão acontece quando a interpretação de algum elemento do discurso é dependente de outro, ou seja, um elemento pres- supõe o outro. Assim, um sentido não fica completo se não há a possibilidade de referência entre os elementos. Nesse sentido, quando estudamos os elementos coe- sivos apresentados em um texto, estamos avaliando os componentes textuais que precisam de outros para construir sentidos. A coesão pode ser realizada pela gramática e pelo léxico. Pós-Universo 22 É importante pontuar que a coesão não é a condição imprescindível para considerarmos algo como texto ou não. Podemos encontrar textualidade em textos caóticos, que não apresentam coesividade, assim como é possí- vel encontrar textos encadeados gramaticalmente, mas que não possuem um sentido coerente e, por isso, não podem ser considerados textos. atenção Conforme os estudos de Halliday e Hasan (1976), há cinco diferentes mecanismos de coesão. Veremos, a seguir, detalhes de cada um deles. Referência É a forma mais importante de se estabelecer coesão em um texto. Sempre haverá referência quando um elemento não pode ser interpretado por si próprio e remete a outro elemento do discurso para ser compreendido. Há duas formas de fazer refe- rência: a endofórica e a exofórica. Acompanhe os exemplos no quadro a seguir: Quadro 3 – Diferenças entre referências endofóricas e exofóricas Referência Endofórica Referência Exofórica Relaciona elementos dentro do texto. Pode se manifestar como uma anáfora ou catáfora. Relaciona elementos de fora do texto para dentro. Exemplo de anáfora: João e Miguel são corruptos. Eles desviam verbas da educação. (A anáfora sempre se refere a um termo já dito. “Eles” é uma anáfora que recupera o elemento “João e Miguel”). O referente exofóricotambém pode ser denominado como dêitico. Exemplo de catáfora: Preste a atenção nisto: lave as mãos antes das refeições. (A catáfora apresenta algo que será dito. “Nisto” é uma catáfora que referencia o que virá a seguir). Exemplo de dêitico: Ali acontecerá a reforma. (O “ali” aponta para uma referência fora do texto. Os dêiticos sempre trarão referências externas de lugar ou de tempo). Fonte: adaptado de Koch (2001b). Pós-Universo 23 Substituição Como o termo já anuncia, é quando um elemento é completamente substituído por outro, para evitar uma repetição. Por exemplo: Juliana chorou assistindo o filme. Rosa também. O termo “também” substitui o “chorando assistindo o filme”. De acordo com Halliday e Hasan (1976), é possível diferenciar a referência e substituição, pois esta exige uma readaptação sintática a novos sujeitos ou há outras especificações. Por exemplo: Eu quero comer mandioca cozida. No entanto, minha namorada prefere frita (há alteração dos sujeitos e do tipo de mandioca). Elipse É quando um termo ou oração são omitidos. Por exemplo: Você quer pizza? – Não. (A resposta completa seria “não quero pizza”, mas o “quero pizza” pode ser omitido, pois ele fica implícito). Conjunção É o tipo de coesão operado pelo uso das preposições e conjunções. Acontece quando conectores são usados para relacionar períodos (e, mas, depois, entre outros). Coesão lexical É a coesão obtida por meio de relações lexicais, ou seja, pelas palavras. Pode ocorrer tanto por meio da repetição de um elemento de um mesmo item lexical quanto pelo uso de palavras equivalentes, tal como sinônimos, pronomes, heterônimos. • Exemplo de coesão lexical por hiperonímia: “Fomos à feira ontem e compra- mos banana, abacate, morangos, melancia. Todas as frutas estavam ótimas!” • Exemplo de coesão por sinônimos: Era um menino levado e travesso. Certa vez, o moleque quebrou a vidraça do vizinho. Pós-Universo 24 Muitos estudiosos brasileiros se dedicam ao estudo dos mecanismos de coesão. Uma das mais importantes da área é a professora Ingedore Koch (2001b). Para a estudiosa, há apenas duas formas de classificar os mecanismos coesivos na construção do texto: a coesão referencial e a coesão sequencial. A referencial pode ser caracterizada pela apresentação de um elemento da superfície do texto fazendo remissão/referência a qualquer outro, marcando uma relação de dependência de sentido. Já a sequencial é caracterizada pelos elementos que auxiliam na clareza da progressão do tema do texto. Estariam incluídas, aqui, as elipses, as substituições e as conjunções. Há outras classificações e estudos importantes sobre os mecanismos de coesão. Um deles é o estudo de Irandé Antunes (2005). Entretanto, caro(a) aluno(a), nessa aula, não temos a possibilidade de aprofundar nossos estudos sobre coesão, mas lan- çamos o desafio de que você avance ainda mais no seu conhecimento sobre coesão textual conhecendo outras classificações e análises. Entendendo melhor a Coerência A coerência, diferentemente da coesão, não é aparente na superfície do texto. Ela está em um nível mais profundo. Segundo Koch e Travaglia (1999), a coerência sempre se relacionará com a formação completa do texto. Essa relação não se estabele- ce gramaticalmente, e sim tematicamente. É por meio da coerência que o texto se torna compreensível para os leitores. Um marco para os estudos sobre a coerência nos textos é a obra de Charolles (1978). Esse estudo aponta que a coerência é mani- festável em um texto quando ela apresenta quatro procedimentos, definidos pelos estudiosos como as quatro metarregras da coerência. Vamos analisar mais detalha- damente cada uma delas. Primeira metarregra: Repetição Os textos, principalmente os longos, precisam de recorrências. Assim, a metarregra da repetição pontua que a retomada de elementos é necessária, pois um texto coe- rente tem unidade: nele, há elementos constantes em seu desenvolvimento. Por exemplo, uma notícia sobre o tráfico de drogas repetirá o termo “drogas” e o assunto “tráfico” em vários momentos, além de não alternar o assunto tráfico com a vida Pós-Universo 25 das girafas. Em outras palavras: um texto que trata de vários assuntos, sem nenhum ponto comum, não apresenta continuidade e isso o torna incoerente. Todo texto coerente apresenta continuidade semântica e, por isso, há a necessidade de meca- nismos de coesão (pronomes, sinônimos, retomadas, referências) para a construção da coerência. Da mesma forma, se houver algum elemento coesivo referencial que não tenha nenhum remetente expresso na superfície textual, o texto se tornará in- coerente. Por exemplo: a expressão “aquele problema” deve retomar algo já citado. Se nada foi citado, teremos um trecho incoerente e que pode prejudicar a coerên- cia do texto como um todo. Segunda meterregra: Progressão Essa metarregra também pode ser relacionada com o bom uso de elementos coesivos. Isso, porque, além de retomar elementos, um texto deve ter uma sequencialidade e, assim, ir apresentando novas informações. Em outras palavras, é preciso haver uma progressão temática. Um texto que fica se repetindo ou que não apresenta novas in- formações e sequencialidade possui grandes chances de ficar incoerente. Terceira Metarregra: Não contradição A terceira metarregra parece clara: um texto coerente não pode cair em contradi- ção, ou seja, há a extrema necessidade de se respeitar a lógica. Assim, não se pode afirmar X e, logo depois, o contrário de X. A não contradição deve ser expressa tanto na progressividade do texto (em que todos os períodos não podem se contradizer e devem apresentar compatibilidade com o mundo que o texto representa) quanto no uso correto de termos lexicais. É muito comum, em textos escolares, que nossos alunos usem palavras que não dominam e, assim, tornam seus textos incoerentes. Quarta Metarregra: Relação A quarta e última metarregra aponta que um texto articulado com coerência sempre apresentará relações estabelecidas. Em outras palavras, todo o texto estará amarra- do e todas as informações deverão estar relacionadas. Pós-Universo 26 Pós-Universo 27 TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS/DISCURSIVOS Caro(a) aluno(a), assim como já estudamos, um dos conhecimentos importantes para a leitura e produção de texto é o conhecimento dos modelos textuais. Ele é ex- presso por meio do domínio que um produtor possui em escrever textos dentro dos moldes de um gênero textual. Portanto, é fundamental, no contexto de nossas aulas, lançarmos um foco maior em relação ao conceito de gênero textual. Nosso suporte teórico se direciona a Bakhtin (2003), visto que esse filósofo carrega o mérito de ser um dos primeiros estudiosos a falar em gênero. O autor aponta que “o emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais ou escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana”. Assim, todo ser humano apenas se comunica, escreve e fala por meio de gêneros, que são reflexos das características únicas de esfera de comunicação. O autor russo explica que existem três elementos fundamentais para que possamos considerar a existência de um gênero: conteúdo temático, estilo e construção composicional. No quadro a seguir, apresentamos as características de cada elemento,expondo exem- plos de como eles são identificáveis em dois gêneros: artigo de opinião e bilhete. CCE Realce Pós-Universo 28 Quadro 3 – Elementos de um gêneroConteúdo temático Estilo Construção Composicional Faz referência às esco- lhas do produtor, os temas abarcados e quais são seus propósitos comunicativos. O modo com que o conteú- do é apresentado. Refere-se ao aspecto formal do gênero. É como os enun- ciados estão estruturados. Exemplo: no caso de um artigo de opinião, o con- teúdo temático estará em torno do convencimen- to do receptor sobre um ponto de vista. No caso de um bilhete,será o de deixar claro um recado para alguém. Exemplo: um artigo de opinião precisa ter uma linguagem culta, objeti- va e bastante coesiva, para “prender” a atenção do leitor de forma efetiva. Já o gênero bilhete permite um estilo mais coloquial, adequado à capacidade linguística para quem é endereçado. Exemplo: um artigo de opinião tem a seguinte es- trutura: introdução, em que o tema é descrito, desen- volvimento, em que há a abordagem de diferentes argumentos, e a conclusão final. Já o gênero bilhete é construído por meio de frases imperativas, ordens ou pedidos. Fonte: adaptado de Bakhtin (2003). Há algum tempo que a perspectiva de trabalhar textos por meio de gêneros está avançando nas escolas. No entanto, no passado recente (e, infelizmente, pode acon- tecer ainda no presente), o ensino de textos era estruturado apenas em torno do que definimos como tipos textuais (narração, descrição e dissertação). Nesse ensino, os alunos meramente deveriam reconhecer a que tipologia textual pertencia determi- nados gênero. Tipos são as formas de usar a linguagem que pode ser expressa nos textos. Eles podem ser classificados cinco: narração, argumentação, exposição, descrição e in- junção. Um gênero pode ter mais de um tipo em sua composição. Por exemplo: um artigo de opinião é marcadamente dissertativo, mas pode ter uma pequena histó- ria em sua constituição. Os gêneros são infinitos, pois eles se definem pela sua função social. Marcuschi (2010, p. 23) os define como “textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentem características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica”. Assim, quando os traba- lhamos textos na perspectiva de gêneros, refletimos sobre a função comunicativa dos textos, as razões particulares que fazem cada gênero ser do jeito que é. Dessa forma, os alunos entendem a importância de cada gênero para a sua vida prática. CCE Realce CCE Realce Pós-Universo 29 TIPOS TEXTUAIS GÊNEROS TEXTUAIS 1. Construtos teó- ricos definidos por propriedades linguísti- cas intrínsecas. 1. Realizações linguísticas concre- tas definidas por propriedades sociocomunicativas. 2. Constituem sequên- cias linguísticas ou sequências de enun- ciados e não são textos empíricos. 2. Constituem textos empiricamente realizados, cumprindo funções em situa- ções comunicativas. 3. Sua nomeação abrange um conjunto li- mitado de categorias teóricas determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas, tempo verbal. 3. Sua nomeação abrange um conjunto aberto e praticamente ilimitado de de- signações concretas determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função. 4. Designações teóricas dos tipos: narração, ar- gumentação, descrição, injunção e exposição. 4. Exemplos de gêneros: telefone- ma, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, aula expositi- va, reunião de condomínio, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrôni- ca, bate-papo virtual, aulas virtuais etc. Fonte: Marcuschi (2010, p. 24). quadro resumo Pós-Universo 30 Nesta aula, utilizamos duas nomenclaturas para tratar de gênero: Gênero Textual e Gênero Discursivo. Imagino que você, caro(a) aluno(a), deve estar confuso: qual é a forma correta? Bem, as duas estão e cada uma delas apresenta uma perspectiva di- ferente sobre o conceito de gênero. Neste estudo, utilizamos as duas nomenclaturas, pois construímos um diálogo entre autores de perspectivas diferentes, a fim de tra- çarmos um panorama sobre o conceito de gênero. No entanto, saiba que cada uma delas apresenta implicações diferentes e você, aluno(a), deve ficar atento em suas futuras análises e publicações. Ambos os conceitos têm, como base, o conceito de gênero de Bakhtin (2003), mas apresentam diferenças na metodologia de análise. O termo “gêneros do discurso” é usado por analistas do discurso e mobiliza um aporte teórico de base enunciativa. Assim quando um gênero discursivo é analisado, o que tem destaque são as marcas linguísticas que são determinadas por meio das situações de enunciação que, por sua vez, produzem significações e temas relevantes no discurso. Já gênero textual é usado por analistas textuais, que têm, como principal base teórica, a Linguística textual ou os Estudos de Charles Bazerman (2007). Esse conceito privilegia a análise da forma composicional, que está presente na composição dos textos dos gêneros. Para ter ainda mais clareza em relação a diferença, Marcuschi (2010, p. 25) aponta a importância de não se confundir texto e discurso, pois “texto é uma entidade con- creta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual. Discurso é aquilo que um texto produz, ao se manifestar em alguma instância discursiva. Assim, o discurso se realiza em textos”. Então, caro(a) aluno(a), fique atento! atividades de estudo 1. Sobre os agentes da construção de sentido do texto, leia as assertivas a seguir: I) Os agentes da construção do sentido do texto são a coesão, coerência, intertex- tualidade, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade e situacionalidade. II) Os agentes da construção de sentido de texto são: o produtor/planejador do texto, que organiza os sentidos do texto, o texto propriamente dito e o local em que o texto será publicado. III) O leitor é um dos agentes de construção dos sentidos do texto e efetivamente faz as conexões que dão sentido ao texto enquanto instrumento de comunicação. É correto afirmar que: a) Todas as assertivas são verdadeiras. b) Apenas a assertiva I é verdadeira e as demais são falsas. c) Apenas assertiva II é verdadeira e as demais são falsas. d) Apenas a assertiva III é verdadeira e as demais são falsas. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. atividades de estudo 2. Só podemos considerar algo como um texto, se ele apresenta os chamados fatores de textualidade. Segundo nossos estudos sobre a temática, julgue as afirmativas a seguir com (V) para as Verdadeiras e (F) para as Falsas: ( ) Coerência e coesão são elementos extralinguísticos, pois estão fora dos domí- nios do texto. ( ) Aceitabilidade e intencionalidade são propriedades que se referem ao produtor e ao receptor, e não propriamente ao texto. ( ) Um bom texto apresenta um nível mediano de informatividade. ( ) Os fatores de textualidade apresentam variações, de acordo com o texto que está sendo analisado. Assim, por exemplo, um texto literário pode ter variações em relação a sua aceitabilidade. ( ) Os fatores pragmáticos de um texto são os fatores que se estabelecem na função informacional e comunicativa do texto. Além disso, dividem-se em cinco, a saber: in- tertextualidade, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade e informatividade. A sequência correta é: a) F, F, F, V, F. b) V, V, V, F, V. c) V, V, V, V, F. d) F, V, V, V, V. e) F, F, F, F, F. atividades de estudo 3. Leia o texto a seguir: A princesa azul Era uma vez uma linda mosquinha. Ela era muito feia e tinha um grande sonho. De virar uma borboleta. Até que um dia sentiu um grande sono e acabou adormecendo. Sentiu o mundo se voltando para dentro de si e quando despertou...havia se con- vertido em uma belíssima borboleta amarela. Sobre o texto, analise as assertivas: I) O texto apresenta problemas de coesão: não é observável nenhum cuidado com a coesão referencial, nem com a coesão sequencial. II) A metarregra de coerência relacionada com a relação não é respeitada, pois o título não tem nenhuma relação com o restante do texto. III) A metarregra de coerência relacionada a não contradição não é respeitada, pois há uma contradição lógica ao afirmar que uma mosca pode se transformar em uma borboleta.É correto afirmar que: a) Todas as assertivas são verdadeiras. b) Apenas a assertiva I é verdadeira e as demais são falsas. c) As assertivas II e III são verdadeiras e a I é falsa. d) Apenas a assertiva III é verdadeira e as demais são falsas. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. atividades de estudo 4. João precisa escrever uma redação de vestibular sobre respeito no trânsito. No seu texto, depois de introduzir o tema e apontar a importância de motoristas terem res- ponsabilidade, João contou uma pequena história sobre um motorista alcoolizado, para, assim, ilustrar melhor seus argumentos. Em relação a experiência de João, analise as seguintes assertivas: I) João utilizou o gênero redação de vestibular, e em sua constituição, apenas duas tipologias: a narração e a descrição. II) Redações de vestibular cumprem funções sociocomunicativas e, portanto, devem ser consideradas gêneros. III) Uma redação é um gênero com forma fixa e imutável, portanto, não se pode usar narrativas. Há chances de João zerar a nota de sua redação. É correto afirmar que: a) Todas as assertivas são verdadeiras. b) Apenas a assertiva I é verdadeira e as demais são falsas. c) Apenas assertiva II é verdadeira e as demais são falsas. d) Apenas a assertiva III é verdadeira e as demais são falsas. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. resumo Iniciamos o nosso estudo estabelecendo um conceito para texto. O ramo da linguística que mais trouxe contribuições para o estudo e o conceito de texto foi a Linguística Textual, por isso, seus estudos foram o ponto de partida para as nossas discussões. Texto é toda unidade de sentido, todo objeto de significação, ou seja, ele nunca será uma frase, que depende de outras partes para ter sentido completo. Além disso, um texto precisa apresentar textualidade e ela é estabe- lecida de sete maneiras: coesão, coerência, intertextualidade, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade e situacionalidade. Analisamos brevemente cada uma das características citadas, mostrando que algumas são internas ao texto. Já outras são pragmáticas, dizem respeito ao ato comunicativo estabelecido na leitura do texto. Em seguida, refletimos sobre quais são os conhecimentos necessários e que devem ser mobiliza- dos para a construção, produção e leitura de textos. Abordamos quatro tipos de conhecimentos: o linguístico, o enciclopédico, o interacional e o de modelos de textos, que são, respectivamen- te, conhecimento da língua para escrever textos coesos e coerentes, conhecimento de mundo, conhecimento obtido por meio das interações e do ato comunicativo e o conhecimento sobre gêneros e estruturas textuais. Com o intuito de se ter uma maior compreensão em relação as estratégias textuais e discursivas para a construção de sentidos do texto, detalhamos melhor os conceitos de coesão e coerência. Dessa forma, constatamos que Halliday e Hasan apontam que há cinco mecanismos de coesão. Entretanto, os estudos de Ingedore Koch irão agrupar os mecanismos em apenas duas classifi- cações: coesão referencial e coesão sequencial. Na última parte do nosso estudo, tratamos sobre o nosso conhecimento de modelos de texto, mais especificamente em relação aos gêneros e tipos textuais. material complementar Título: Ler e compreender os sentidos do texto Autor: Ingedore Koch e Vanda Elias Editora: Contexto Sinopse: Ingedore Koch, com a colaboração de Vanda Maria Elias, apresenta, neste livro, seu pensamento sistema- tizado como uma ponte entre teorias sobre texto e leitura e práticas docentes. Escrito, principalmente, para professo- res do Ensino Fundamental e Médio, “Ler e compreender” pretende simplificar, sem banalizar, as concepções da pro- fessora Ingedore. O objetivo deste livro é o de apresentar, de forma simples e didática, as principais estratégias que os leitores têm à sua disposição para construir um sentido que seja compatível com a proposta apresentada pelo seu produtor. Comentário: o livro apresenta, de forma didática, profundos conceitos de teorias do texto e da leitura, conduzindo o leitor para as inúmeras análises possíveis para compreender os sentidos do texto. referências ANTUNES, I. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo: Parábola, 2007. BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. BAZERMAN, C. Atos de fala, gêneros textuais e sistemas de atividade: como os textos organizam atividades e pessoas. In: BAZERMAN, C.; HOFFNAGEL, J. C.; DIONISIO, A. P. (coord.). Escrita, gênero e interação social. São Paulo: Cortez, 2007. p. 19-46. CHAROLLES, M. Introduction aux problèmes de la cohérence textuelle. Paris: Langue Française,1978. COSTA VAL, M. G. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 2006. FÁVERO, L. L.; KOCH, I. G. V. Linguística textual: introdução. São Paulo: Cortez, 2008. FIORIN, J. L. As astúcias da enunciação: as categorias de pessoa, espaço e tempo. São Paulo: Ática, 1996. FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996. HALLIDAY, M. A. K. ; HASAN, R. Cohesion in English. Londres: Longman, 1976. KOCH, I. G. V.; TRAVAGLIA, L. C. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1999. KOCH, I. G. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2000. ______. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2001a. ______. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 2001b. ______.Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2006. MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. ______. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2010. resolução de exercícios 1. d. Apenas a assertiva III é verdadeira e as demais são falsas. 2. d) F,V,V,V,V 3. c) As assertivas II e III são verdadeiras e a I é falsa. 4. c) Apenas assertiva II é verdadeira e as demais são falsas. _3rdcrjn _2jxsxqh
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