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Implicações da Terceirização na Construção Civil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
CENTRO SÓCIO ECONÔMICO 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
ADRIANA BELING 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPLICAÇÕES DECORRENTES DA OPÇÃO EM 
CONTRATAR MÃO-DE-OBRA TERCEIRIZADA EM UMA 
EMPRESA DE CONSTRUÇÃO CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis, 2006 
1 
ADRIANA BELING 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPLICAÇÕES DECORRENTES DA OPÇÃO EM 
CONTRATAR MÃO-DE-OBRA TERCEIRIZADA EM UMA 
EMPRESA DE CONSTRUÇÃO CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada a Universidade 
Federal de Santa Catarina como um dos 
pré-requisitos para a obtenção do grau de 
Bacharel em Ciências Contábeis. 
 
Orientador: Alexandre Zoldan da Veiga, 
 M.Sc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis, 2006 
2 
ADRIANA BELING 
 
 
 
 
IMPLICAÇÕES DECORRENTES DA OPÇÃO EM 
CONTRATAR MÃO-DE-OBRA TERCEIRIZADA EM UMA 
EMPRESA DE CONSTRUÇÃO CIVIL 
 
 
 
 Esta monografia foi apresentada como trabalho de conclusão de curso de 
Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina, obtendo a nota 
(média) de ________, atribuída pela banca constituída pelo orientador e membros 
abaixo. 
 
 
 
 
___________________________________________ 
Professora Dra. Elisete Dahmer Pfitscher 
Coordenadora de Monografias do Departamento de Ciências Contábeis, UFSC 
 
 
 
Professores que compuseram a banca: 
 
 
 
 
___________________________________________ 
Prof. Alexandre Zoldan da Veiga, M.Sc. (Orientador) 
 
 
 
 
___________________________________________ 
 Prof. Isair Sell, M.Sc 
 
 
 
 
___________________________________________ 
 Prof. Loreci João Borges, Dr. 
 
 
 
 
Florianópolis, 2006 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Procuremos ver as coisas de modo diferente, 
Vendo-as por nós mesmos. 
Ver de um outro ângulo, 
Mesmo que pareçamos tolos ou errados, 
Devemos tentar.” 
(Peter Weir) 
4 
AGRADECIMENTOS 
 
 A Deus por estar presente em todos os momentos da minha vida, iluminando 
e dando-me forças para alcançar meus objetivos. 
 Aos meus pais, pela dedicação, pelo apoio e confiança, presente em todos os 
momentos. 
 Ao professor Alexandre Zoldan, pela orientação, críticas e sugestões 
fundamentais para a realização deste trabalho. 
 A meu noivo Chrystiano, pelo companheirismo e pela compreensão nos 
momentos em que estive ausente. 
 A empresa ABC Incorporações e Construções LTDA., por disponibilizar 
informações para a realização deste trabalho. 
 Ao Léo e a Joici, pelas sugestões que permitiram aperfeiçoar o meu trabalho. 
 Aos meus amigos da graduação, pelos bons momentos de convivência, dos 
quais levo ótimas lembranças da amizade compartilhada durante o tempo que 
estudamos juntos na universidade. 
 Enfim, agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a 
realização deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
RESUMO 
 
BELING, Adriana. Implicações decorrentes da opção em contratar mão-de-obra 
terceirizada em uma empresa da construção civil. 2006. 55 f. Monografia (Curso 
de Ciências Contábeis) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2006. 
 
 
A construção civil é um importante segmento no que diz respeito à contratação de 
empregados. O seu processo de produção exige o uso constante de serviços de 
mão-de-obra para chegar-se ao objetivo principal. Frente a um mercado cada vez 
mais exigente e com a acirrada competição na qual estão submetidas as empresas, 
torna-se necessário adotar algumas estratégias que as diferenciem. Uma delas é a 
contratação de empresas para a realização dos serviços de mão-de-obra em um 
determinado empreendimento. O objetivo principal deste trabalho consiste em 
analisar as implicações decorrentes da contratação de mão-de-obra terceirizada em 
uma empresa que atua no ramo de construção de edifícios residenciais. Faz-se uma 
introdução ao setor da construção civil; enfatiza-se, também, alguns aspectos da 
terceirização de mão-de-obra e finaliza-se com a apresentação de algumas variáveis 
envolvidas com o custo da mesma. Através de um comparativo de mão-de-obra, 
pôde-se encontrar uma diferença aproximada da mão-de-obra terceirizada versus a 
mão-de-obra contratada diretamente pela empresa. Procura-se realizar uma 
comparação dos resultados caso a mão-de-obra fosse contratada diretamente pela 
empresa, com o intuito de apresentar algumas variáveis envolvidas na opção de 
contratar utilizando uma destas formas. 
 
Palavras-chave: Construção civil. Mão-de-obra contratada. Mão-de-obra própria 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 Sexo dos trabalhadores na construção civil 24 
Gráfico 2 Faixa etária dos trabalhadores na construção civil 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 Composição do percentual destinado a terceiros 32 
Quadro 2 Custo aproximado da mão-de-obra própria 41 
Quadro 3 Mão-de-obra própria versus mão-de-obra contratada 42 
Quadro 4 Movimentação dos empregados 45 
Quadro 5 Valores referentes retenções extraídas dos documentos analisados 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 Comparativo de mão-de-obra própria versus contratada 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
LISTA DE SIGLAS E REDUÇÕES 
 
 
ART Artigo 
CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção 
CEI Cadastro Específico do INSS 
CLT Consolidação das Leis do Trabalho 
CND Certidão Negativa de Débito 
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social 
CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 
CUB Custo Unitário Básico 
DOU Diário Oficial da União 
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 
FPAS Fundo da Previdência e Assistência Social 
GFIP Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social 
ICC Indústria da Construção Civil 
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
IN Instrução Normativa 
INSS Instituto Nacional da Seguridade Social 
ISQN Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza 
PIB Produto Interno Bruto 
PIS Programa de Integração Social 
SAT Seguro de Acidentes no Trabalho 
SEBRAE Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
SESI Serviço Social da Indústria 
CREA Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia 
 
 
 
 
10 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO 12 
1.1 APRESENTAÇÃO DO ASSUNTO 12 
1.2 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA 13 
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA 14 
1.4 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO 15 
1.5 METODOLOGIA DA PESQUISA 16 
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO 19 
1.7 LIMITAÇÃO DA PESQUISA 20 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 21 
2.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL 21 
2.1.1 Características da mão-de-obra na construção civil 23 
2.2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS 25 
2.3 TERCEIRIZAÇÃO 26 
2.3.1 O processo de terceirização na construção civil 27 
2.4 FORMAS DE CONTRATAÇÃO 30 
2.5 ENCARGOS SOCIAIS 31 
2.6 RETENÇÕES 33 
2.6.1 Retenção para o Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) 33 
2.6.2 Retenção sobre o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza 
(ISQN) 35 
2.6.3 Retenção para o Programa de Integração Social (PIS), 
Contribuição para o financiamento da Seguridade Social (COFINS) e 
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) 36 
3 IMPLICAÇÕES DECORRENTES DA OPÇÃO POR CONTRATAR MÃO-DE-
OBRA TERCEIRIZADA 37 
3.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA 37 
3.2 OBTENÇÃO DE DADOS 38 
3.3 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UM EMPREENDIMENTO 39 
11 
3.4 ANÁLISE DASIMPLICAÇÕES DECORRENTES DA FORMA DE 
CONTRATAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA 40 
3.4.1 Mão-de-obra própria versus mão-de-obra terceirizada 40 
3.4.2 Demonstrativo do calculo de mão-de-obra da construtora 43 
3.4.3 Vantagens da terceirização 45 
3.4.4 Desvantagens da terceirização 46 
3.5 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS 48 
3.5.1 Retenção de ISQN (3%) 48 
3.5.2 Retenção de INSS (11%) 49 
3.5.3 Retenção de PIS, COFINS e CSLL (4,65%) 49 
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 50 
REFERÊNCIAS 52 
12 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Neste capítulo é feito uma abordagem ao assunto pesquisado, apresentando 
alguns aspectos de maior relevância, bem como tema e problema, os objetivos, a 
justificativa, a metodologia e a limitação da pesquisa. 
 
1.1 APRESENTAÇÃO DO ASSUNTO 
 
As constantes transformações no mercado, decorrentes, principalmente, da 
concorrência acirrada a que estão submetidas as empresas, exigem que as mesmas 
estabeleçam procedimentos que venham garantir seu espaço no mercado. Para 
estar inserida neste cenário extremamente competitivo, as empresas buscam 
constantemente medidas flexíveis com relação à gestão dos recursos, visando 
desenvolverem estratégias diferenciadas que permitam uma vantagem competitiva 
da empresa frente aos seus concorrentes. 
Considerando o mercado da Construção Civil, estas mudanças tornam-se 
cada vez mais evidentes. Este setor possui uma atividade empresarial que absorve 
uma quantidade expressiva de mão-de-obra. A empresa tem como opção duas 
estratégias de contratação: pela mão-de-obra própria ou pela terceirização de 
serviços. Terceirizar a mão-de-obra tem sido uma das estratégias mais utilizadas 
para as empresas. 
A construção civil apresenta um processo produtivo que se diferencia dos 
demais setores. A diversidade de atividades existentes durante a construção de um 
empreendimento é uma das razões que torna a opção da terceirização bastante 
atrativa. Esta é uma característica do processo de produção existente na construção 
civil: a importância da mão-de-obra para a realização do objetivo final - neste caso, a 
entrega do empreendimento pronto para a venda. 
A necessidade de terceirizar, em algumas situações, não visa apenas à 
redução de custos, mas também busca por flexibilidade para a empresa. No repasse 
dos serviços a terceiros, a mão-de-obra passa a ser fornecida por empresas 
denominadas empreiteiras e subempreiteiras, cabendo a empresa contratante dos 
serviços à parte da responsabilidade técnica. 
Existem algumas particularidades quanto ao processo produtivo na 
construção de edifícios residenciais. A execução de um empreendimento passa por 
13 
uma série de etapas a serem desenvolvidas até o produto final estar pronto, neste 
caso, os edifícios residenciais. As etapas abrangem desde a fundação até os 
acabamentos finais, estando a empresa empreiteira envolvida no processo até a 
conclusão da obra. A relação entre a empresa construtora e as empresas 
“fornecedoras” de mão-de-obra é oficializada através de um contrato. 
A contratação de mão-de-obra através de empresas empreiteiras é uma 
alternativa que a empresa dispõe para manter uma estrutura que atenda as diversas 
etapas do processo de construção de um empreendimento. 
Diante destas circunstâncias, torna-se importante realizar uma comparação 
dos custos envolvidos, identificando os pontos fortes e fracos da terceirização e 
analisando a viabilidade em executar as atividades com o pessoal contratado pela 
própria empresa ou contratar mão-de-obra terceirizada para a realização das 
mesmas. 
 
 
1.2 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA 
 
No mercado atual, a competição acirrada exige das empresas níveis de 
eficácia cada vez mais elevados para a sua permanência neste meio. Em virtude 
disso, há a necessidade das empresas em adequar-se a alguns mecanismos para 
ser competitiva, buscando formas para facilitar suas operações. Para enquadrar-se 
nesse cenário, a busca por diferenciais tornou-se essencial. 
Analisando-se o setor da Construção Civil, especificamente o subsetor de 
edificações, sabe-se que alguns fatores são características de um empreendimento, 
como a diversidade das atividades e a complexidade de algumas etapas. 
Considerando estas circunstâncias, pode-se dizer que a terceirização tem sido uma 
estratégia adotada por muitas empresas. É uma alternativa para reduzir custos, 
principalmente no que se refere aos encargos sociais, como também uma forma para 
buscar a flexibilidade. Na terceirização de mão-de-obra, o operário fica à disposição 
da empresa somente durante o tempo necessário, enquanto que, se os empregados 
são contratados pela construtora, corre-se o risco de ter funcionários com tempo 
ocioso, caso não haja um bom planejamento dos serviços. 
14 
Na construção civil, a mão-de-obra é fornecida por empresas denominada 
empreiteiras. Estas empresas são contratadas para realizar um determinado serviço 
ou um empreendimento específico. 
Tendo em vista a diversidade de atividades necessárias à construção de um 
empreendimento, a alternativa de terceirizar torna-se vantajosa. Porém, existem 
alguns riscos e benefícios que muitas vezes não são totalmente avaliados. Faz-se 
necessário, portanto, entender as particularidades existentes nas relações de 
trabalho entre o tomador do serviço e o prestador do serviço, procurando identificar 
os principais critérios que devem ser evidenciados. 
O intuito desde estudo é apresentar para a empresa as variáveis envolvidas 
nas opções: contratar mão-de-obra diretamente pela construtora; ou, optar em 
contratar uma empresa que forneça este serviço. O objetivo é ter conhecimento 
referente à prática da terceirização de mão-de-obra, analisando o motivo por ser tão 
utilizada, sendo que, algumas vezes, não traz redução de custos. 
Neste contexto, o presente trabalho procura fazer uma análise da 
terceirização de mão-de-obra, procurando identificar suas vantagens e 
desvantagens. 
Diante disto, o estudo pretende responder a seguinte questão: 
Quais as implicações decorrentes da opção em contratar mão-de-obra 
terceirizada em uma empresa de construção civil? 
 
 
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA 
 
Constitui objetivo principal desta pesquisa analisar as implicações decorrentes 
da contratação de mão-de-obra terceirizada em uma empresa de construção civil, 
evidenciando as particularidades existentes. Para a consecução do objetivo geral, 
serão contemplados os seguintes objetivos específicos: 
� Comparar mão-de-obra terceirizada versus mão-de-obra própria; 
� Identificar as vantagens e desvantagens desta comparação; 
� Analisar os resultados proporcionados com a terceirização. 
 
 
 
15 
1.4 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO 
 
As mudanças que vem ocorrendo no contexto atual, juntamente com a 
concorrência acirrada, exigem que as empresas, cada vez mais, passem por 
transformações em sua estrutura, identificando aspectos que possam torná-las 
diferenciadas. Para adequar-se a este cenário, é preciso buscar alternativas que 
garantem sua sobrevivência neste mercado. É importante que cada empresa 
conheça bem o mercado na qual está inserida, procurando, de alguma forma, 
adaptarem-se as novas exigências. 
Este fato também está evidenciado na construção civil brasileira, onde as 
empresas se deparam constantemente com um ambiente de forte competição. Para 
aumentar sua capacidade competitiva, buscam meios para aumentar sua eficiência. 
Dentre as estratégias que vem sendo utilizadas pelas empresas a fim de aumentar 
sua vantagem competitiva, destaca-se o emprego da terceirização de mão-de-obra. 
A terceirização é uma alternativa para a empresa que deseja manter o foco em 
determinados objetivos. Atualmente são muito raras as empresas de construção civil 
que não tenham a colaboração de outras empresas para a execução de seus 
empreendimentos.A terceirização é uma opção bastante interessante, considerando a parcela 
expressiva de operários que trabalham em um empreendimento. A construção de 
uma obra abrange uma variedade de serviços a serem executados, e em certas 
etapas necessita de especialidades específicas. 
A decisão do emprego da terceirização está baseada em analisar a execução 
das atividades da produção com trabalhadores contratados pela própria empresa, ou 
contratar mão-de-obra através de outras empresas. É necessária uma análise mais 
detalhada para identificar os benefícios proporcionados por cada estratégia, 
podendo-se, assim, ter um conhecimento mais preciso dos custos que estão 
envolvidos. 
Neste estudo, a mão-de-obra terceirizada é fornecida por uma empresa 
denominada empreiteira. A relação é estabelecida com a empresa através de um 
contrato firmado entre as partes. Diante disto, pretende-se realizar um estudo 
analisando as implicações decorrentes da forma de contratação da mão-de-obra. 
A proposta em estudar e conhecer o processo de terceirização de mão-de-
obra surgiu com a observação de certos fatos que ocasionaram imprevistos para a 
16 
empresa em estudo. Existe a necessidade de definir-se um controle, principalmente 
referente aos contratos estabelecidos entre a empresa construtora e as empreiteiras, 
conhecendo-se as condições estabelecidas no contrato, bem como os impostos que 
devem ser retidos e recolhidos, garantindo o cumprimento das obrigações em 
observância ao que está na legislação. 
A justificativa deste estudo está em apresentar para a empresa construtora as 
variáveis que estão envolvidas na opção por ter a mão-de-obra contratada 
diretamente pela empresa construtora ou optar pela terceirização. 
 
 
1.5 METODOLOGIA DA PESQUISA 
 
 Para começar uma pesquisa, é necessário saber algumas definições que 
contribuirão para o entendimento da estrutura do trabalho científico. Primeiramente, 
é importante tratar sobre o conhecimento científico, pois a pesquisa científica 
contribui para a construção do conhecimento. 
O conhecimento científico é um produto resultante da investigação científica, 
surgindo da necessidade em encontrar soluções para problemas de ordem prática da 
vida diária, e do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser 
testadas e criticadas através de provas empíricas e da discussão intersubjetiva 
(Tonetti, 2006). O conhecimento refere-se ao saber acumulado pelo homem através 
de gerações. Segundo Lakatos e Marconi (1991), o homem, desde a Antiguidade até 
os dias atuais, utiliza o conhecimento aprimorando-se sempre mais com o passar 
dos tempos. O conhecimento científico procura explicar a realidade com clareza e 
exatidão através do emprego de métodos e técnicas. Conforme Köche (1985, p.18): 
 
O conhecimento científico surge da necessidade de o homem não assumir 
uma posição meramente passiva, de testemunha dos fenômenos, sem 
poder de ação o controle dos mesmos. Cabe ao homem, através da 
utilização de racionalidade, propor uma forma sistemática, metódica e crítica 
da sua função de ‘desvelar’ o mundo. 
 
A investigação científica se inicia quando se descobre que os conhecimentos 
existentes são insuficientes para explicar os problemas surgidos (SAIZ, 2003). Para 
a construção deste conhecimento, faz-se necessário o uso da pesquisa. Segundo Gil 
(1987, p.19), “pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistêmico 
17 
que tem o objetivo de proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. 
Segundo Santos (2004, p.15), “pesquisa científica pode ser caracterizada como 
atividade intelectual intencional que visa a responder às necessidades humanas”. 
Para Santos (2004, p.18 apud PINTO, 1979, p.425): 
 
A pesquisa científica não constitui uma atividade acidental de procedimento 
humano, mas uma forma de ação que lhe é natural, porque realiza uma 
exigência de sua essência, a de se aperfeiçoar, a de progredir no 
desenvolvimento de sua humanização, jungindo as forças cegas da 
natureza aos seus desígnios conscientes. 
 
Na realização de uma pesquisa são necessárias algumas definições, conceitos 
e técnicas que devem ser apresentadas através da metodologia para o entendimento 
da estrutura do trabalho científico. 
De acordo com Inácio Filho (1994, p.55): 
 
Metodologia é o conjunto de procedimentos e técnicas de que se lança mão 
no processo de investigação, incluindo-se os aspectos relacionados, de 
como fazer a pesquisa. Está relacionada à pesquisa ideológica do 
investigador, seus objetivos, seus pressupostos, e sua concepção do 
mundo. 
 
Tão importante quanto conhecer o conceito de metodologia, é fundamental 
saber o significado de método que mostrará os processos racionais e sistemáticos 
que auxiliam na elaboração da monografia. 
Para Galliano (1979, p.06), “método é um conjunto de etapas, ordenadas 
dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência 
ou para alcançar determinado fim e (logia) é estudo”. Portanto, metodologia significa 
estudo dos métodos. 
 
O método é o conjunto das atividades sistêmicas e racionais que com maior 
segurança e economia, permite alcançar o objetivo (conhecimentos validos 
e verdadeiros), traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e 
auxiliando as decisões do cientista (LAKATOS e MARCONI, 1986, p. 81). 
 
O procedimento usual da pesquisa passa pela procura e pelo estudo detalhado 
de conceitos, opiniões, críticas e reflexões, com o objetivo de proporcionar respostas 
escritas sobre determinado assunto. 
18 
A adoção de um método científico desenvolvido através de uma pesquisa, 
resulta em um trabalho científico. E dentre os diversos tipos de pesquisa científica, 
destaca-se a monografia. 
 
Monografia é um tipo de trabalho científico especial, que aborda apenas um 
assunto, problema ou tema com expansão limitada. Ela resulta em uma 
investigação feita através de uma documentação escrita ou por observação 
e experimentação apresentando uma contribuição original ao progresso da 
ciência (SALVADOR, 1980, p.32). 
 
Para Santos (2004, p.36), “monografia é um texto de primeira mão, 
resultante de pesquisa científica e que contém a identificação, o posicionamento, o 
tratamento e o fechamento componentes de um tema ou problema”. 
Baseando-se nesta concepção, classifica-se a pesquisa em questão, quanto 
aos objetivos, como uma pesquisa descritiva. Conforme definição dada por Santos 
(2004, p.26), “a pesquisa descritiva é um levantamento das características 
conhecidas que compõem o fato/ fenômeno/ processo. É normalmente feito na forma 
de levantamento ou observações sistemáticas do fato / fenômeno / processo 
escolhido”. A pesquisa é descritiva porque pretende descrever as principais 
características de determinada população, estabelecendo relações entre variáveis. 
Quanto aos procedimentos técnicos utilizados para a formação deste trabalho, 
utilizou-se a pesquisa bibliográfica. Para Beuren et al. (2004, p.86), a pesquisa 
bibliográfica “objetiva recolher informações e conhecimentos prévios acerca de um 
problema para o qual se procura resposta ou acerca de uma hipótese que se quer 
experimentar”. Também foi necessária a utilização de um estudo de caso, que, 
conforme GIL (1988, p.58), “é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um 
ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado 
conhecimento”. O intuito do estudo de caso é apresentar para a empresa as 
variáveis envolvidas na opção em contratar mão-de-obra própria ou terceirizar. 
A tipologia da pesquisa deste estudo, quanto à abordagem do problema, é 
classificada como qualitativa e quantitativa, pois se trata de uma pesquisa que 
aborda algumas variáveis envolvidas com a terceirização de mão-de-obra na 
construção civil, onde o objetivo está na compreensão dos fatos e em uma 
mensuração aproximada. 
Desta forma, os dados serão coletados de fontes secundárias, provindos dos 
relatóriosde recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e 
cópias das folhas de pagamento, provindas da empresa construtora, como também, 
19 
as notas fiscais emitidas pela empresa empreiteira. A análise do presente trabalho 
será realizada através de análise documental dos relatórios e documentos citados. 
Os dados apresentados ao longo do trabalho referem-se a dados reais e não 
indexados. Entretanto, o nome da empresa, por questões éticas, não será publicado, 
sendo utilizado um nome fictício. 
Neste estudo, no primeiro passo coletam-se dados com a contabilidade da 
empresa, que mantém em seus arquivos os documentos que serão utilizados na 
pesquisa. Concluída a coleta de dados para o trabalho monográfico, aborda-se a 
situação existente, uma resposta ao problema de investigação. 
 
 
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO 
 
Para atender aos objetivos propostos, o presente trabalho está estruturado em 
quatro tópicos principais, além das referências. 
O primeiro capítulo compreende a introdução, onde estão as considerações 
iniciais - dando uma apresentação ao assunto -, o tema e problema do trabalho, os 
objetivos da pesquisa, a justificativa do estudo e a metodologia utilizada. 
O segundo capítulo trata da fundamentação teórica, que faz uma introdução 
aos aspectos gerais da construção civil. Em seguida, faz-se uma abordagem ao 
processo de terceirização na construção civil. Por fim, trata-se dos encargos 
envolvidos com a mão-de-obra. 
O terceiro capítulo apresenta o estudo de caso em uma empresa construtora. 
Consiste em apresentar as informações levantadas pela empresa em estudo e 
verificar as implicações decorrentes da opção em contratar-se mão-de-obra própria 
ou mão-de-obra terceirizada. 
No quarto capítulo são apresentadas as considerações finais sobre o estudo, 
bem como algumas recomendações. E por fim, são apresentadas as referências que 
foram utilizadas para fundamentação e elaboração do estudo. 
 
 
 
 
 
20 
1.7 LIMITAÇÃO DA PESQUISA 
 
Sendo este trabalho uma análise da terceirização de mão-de-obra em uma 
construtora, observaram-se algumas limitações. Para Lakatos e Marconi (1991, 
p.162), “delimitar a pesquisa é estabelecer limites para a investigação”. 
• A análise foi feita com base no funcionamento de uma determinada 
construtora, podendo existir outras construtoras que utilizem procedimentos 
diferentes; 
• O estudo limitou-se à apuração do resultado envolvendo o custo mão-de-
obra: remuneração e encargos sociais; 
• A pesquisa estará limitada a uma obra de edificação específica; 
• O percentual estabelecido para a retenção de ISQN – Imposto sobre 
Serviços de Qualquer Natureza, obedece ao Regulamento do ISQN disposto 
no Decreto nº 2154/2003 da Prefeitura Municipal de Florianópolis, conforme a 
lista de serviços; 
 
21 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
 
A fundamentação teórica deste trabalho está estruturada em seis tópicos 
principais. No primeiro, faz-se uma introdução sobre os aspectos gerais da 
construção civil. Em seguida, são apresentados alguns conceitos utilizados. No 
terceiro tópico discorre-se sobre o processo da terceirização no setor de construção 
civil. No quarto tópico apresenta-se as formas de contratação. O quinto tópico trata 
dos encargos sociais. O último tópico dá ênfase às retenções que devem ser 
realizadas. 
 
 
2.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL 
 
A Indústria da Construção Civil (ICC) é um segmento representativo e tem 
uma grande importância na economia brasileira. Distingui-se dos demais setores por 
possuir características particulares, destacando-se pela quantidade de atividades em 
seu processo de produção. Conforme afirmam Medeiros e Rodrigues (2002), o setor 
da construção civil influencia de forma significativa no país, pois tem sua importância 
no desenvolvimento econômico nacional e envolve estruturas sociais, culturais e 
políticas. Para Araújo (2003, p.30), “a ICC tem um importante papel na economia 
brasileira, pois gera diversas modalidades de mercado de trabalho para construtoras, 
fornecedores, imobiliárias, etc”. 
“A empresa de construção civil é caracterizada como indústria, uma vez que 
se dispõe a transformar a matéria-prima em um novo produto acabado e pronto para 
a utilização” (FERREIRA, MACHADO e SANTOS, 2004, p.173). Os autores afirmam 
que a empresa de construção civil é uma indústria fundamental, básica, e que 
emprega grande quantidade de mão-de-obra. 
Uma importante característica deste setor é a necessidade intensa do uso de 
mão-de-obra e, em função disso, é responsável pela contratação de um número 
expressivo de operários, permitindo o acesso ao mercado de trabalho de pessoas 
geralmente com baixo nível de capacitação e instrução. Diante disso, ganha sua 
importância sob o ponto de vista social, pois se torna uma importante fonte de 
emprego. 
22 
Segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o 
Produto Interno Bruto (PIB) da Indústria da Construção Civil foi de R$ 126,2 bilhões, 
sendo que em 2005 o setor cresceu 1,3% e participou com 7,3% do PIB nacional. 
Existem em torno de 118.993 empresas de Construção Civil no país, responsáveis 
pela ocupação formal de 1.462.589 trabalhadores. Considerando o setor de 
edificações, pode-se afirmar, observando os dados da CBIC, que existem cerca de 
62.991 empresas de edificações (residenciais, comerciais, industriais e de serviços), 
e que este setor participa com 44,7% dos salários pagos na Construção, e com 1,3% 
do total dos salários pagos na economia. 
O setor da construção civil é bastante diversificado, constituíndo-se por 
empresas de variados portes, desde micro até grandes empresas. Conforme estudo 
realizado por Pereira (2003), o setor da indústria da construção de edifícios 
caracteriza-se atualmente por possuir um grande número de pequenas e médias 
empresas construtoras, e um número maior de micro e pequenas empresas 
fornecedoras de serviços de execução. 
O conceito de construção civil, de acordo com Ferreira, Machado e Santos 
(2004, p.173), “é extenso, abrangendo desde a preparação do solo (terraplenagem, 
limpeza do solo, remoção de rochas, abertura de poços, etc.) até a limpeza final da 
obra após a sua conclusão. Portando, engloba: a construção propriamente dita, a 
demolição, fundações, pintura, revestimentos, a ampliação, a reforma, a recuperação 
e, em alguns casos a própria conservação do imóvel, obras complementares e 
quaisquer benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo”. 
Quanto à classificação das empresas de construção civil, as mesmas podem 
estar inseridas dentro de dois grandes segmentos de atuação, de acordo com 
Yazbek (2005 apud Assumpção, 1996): 
1) subsetor de produtos: empreendimentos de base imobiliária ou imobiliários: 
as empresas trabalham basicamente com obras de edificações, seja para a 
produção visando a comercialização no mercado residencial ou comercial 
(empreendimentos imobiliários), seja com a finalidade de exploração comercial do 
imóvel (empreendimentos base imobiliária, tais como hotéis, hospitais, shopping 
centers, parques temáticos etc.); 
2) subsetor de serviços ou de obras empreitadas: obras contratadas a preço 
fixo, podendo seus pagamentos ser efetuados parceladamente. Os principais 
clientes são: o setor público, as estatais e concessionárias de serviços públicos e, 
23 
por fim, o setor privado. Este subsetor pode ser dividido em três outras 
especialidades: 
� Edificações: residenciais, comerciais, institucionais e serviços 
complementares à edificação; 
� Montagem industrial: montagem de estruturas para instalação de 
indústrias, sistemas de transmissão e distribuição de energia elétrica, sistemas de 
telecomunicações, dentre outros; 
� Construção pesada: obras basicamente de infra-estrutura, tais como 
aeroportos, portos, rodovias, obras de saneamento, usinas hidroelétricas e 
nucleares, obras de arte, dentre outras. 
O subsetorde edificações caracteriza-se pela utilização intensa de 
trabalhadores (como pedreiros, serventes, carpinteiros e pintores) e ferramentas 
manuais para a maioria das tarefas. Observando o estudo de Medeiros (2002), 
existem algumas características peculiares, como: condições de trabalho 
insatisfatórias, baixos salários e elevados índices de acidentes. Estes fatores são 
justificados pelos empregadores como sendo decorrentes do baixo nível de 
qualificação profissional, baixa produtividade de mão-de-obra e pela alta rotatividade. 
 
 
2.1.1 Características da mão-de-obra na construção civil 
 
A construção civil apresenta características marcantes quanto à sua 
capacidade de gerar empregos e absorver mão-de-obra, contribuindo, de certa 
forma, para um equilíbrio no que se refere à geração de emprego. Em relação à 
capacidade de gerar emprego, esse setor possui uma extraordinária realização de 
investimento, que contribui para o equilíbrio da balança comercial e para a geração 
de empregos. 
Existem algumas características que definem um perfil da mão-de-obra a nível 
nacional. Conforme dados do Serviço Social da Indústria (SESI), (1999), a mão-de-
obra do setor é tradicionalmente marcada pela sua origem, sexo, faixa etária, 
escolaridade, nível de formação e salários. A seguir, podem-se observar alguns 
dados referentes a estas características: 
 
 
 
24 
Sexo dos Trabalhadores
92%
8%
Sexo Masculino
Sexo Feminino
 
Gráfico 1: Sexo dos trabalhadores na construção civil. 
Fonte: SESI, 1999. 
 
Conforme comentado, através do Gráfico 01 pode-se perceber a parcela 
expressiva de trabalhadores do sexo masculino, com a predominância de 92%, 
contra 8% do sexo feminino. 
 
Faixa etária dos trabalhadores
1% 21%
18%
28%
21%
11%
até17
18 a 24
25 a 29
30 a 39
40 a 49
acima 49
 
Gráfico 2: Faixa etária dos trabalhadores na construção civil. 
Fonte: SESI, 1999. 
 
Observando-se o Gráfico 2, onde se apresenta a faixa etária dos 
trabalhadores, percebe-se que a maior parcela é de 28%, referente a trabalhadores 
com idade entre 30 anos a 39 anos. Em seguida, com 21%, encontram-se os 
trabalhadores com idade entre 18 anos a 24 anos e 40 anos a 49 anos. Pode-se 
considerar que a maior parte dos trabalhadores na construção civil tem idade entre 
30 anos a 49 anos. 
As principais e predominantes características da mão-de-obra na construção 
civil são: 
� Predominância do sexo masculino; 
� Procedência da zona rural; 
� Baixa remuneração; 
� Alta rotatividade; 
25 
� Faixa etária jovem. 
Apesar disto, a mão-de-obra tem uma importância quantitativa. Cerca de 7% 
da mão-de-obra nacional são empregados da construção civil. Além deste setor ser 
responsável também pela geração de empregos indiretos. 
 
 
2.2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS 
 
A terceirização é uma alternativa que tem sido adotada constantemente na 
construção civil. Para melhor conhecer as partes envolvidas e também devido à 
abrangência de conceitos no que se refere ao processo de terceirização na 
construção civil, optou-se por limitar o estudo a algumas definições básicas, 
abordando conceitos utilizados exclusivamente na construção civil, conforme 
Instrução Normativa (IN) nº 18 do Instituto Nacional da Seguridade Social – INSS. 
� Empresa Construtora � refere-se à pessoa jurídica legalmente constituída, 
com registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CREA, 
que executa obra ou serviços de construção civil sob sua responsabilidade, podendo 
assumir a condição de proprietário, dono da obra, incorporador, condômino, 
empreiteira e subempreiteira; 
� Empreiteira � refere-se à empresa que executa obra ou serviço de 
construção civil, no todo ou em parte, mediante contrato celebrado com proprietário, 
dono da obra, incorporador ou condômino; 
� Subempreiteira � refere-se à empresa que executa obra ou serviço de 
construção civil, no todo ou em parte, mediante contrato celebrado com empreiteira; 
� Contrato de empreitada � refere-se ao contrato celebrado pelo proprietário, 
incorporador, dono da obra ou condômino com empresa, para execução de obra de 
construção civil, podendo ser total ou parcial. 
Particularmente na empreitada, o empreiteiro obriga-se a um objetivo - no 
caso, a entrega da obra. Nos contratos por empreitada não existe uma subordinação 
hierárquica. Porém, o empreiteiro deve realizar os serviços conforme as exigências 
técnicas acordadas. 
Neste contexto, deve-se considerar também o Decreto nº 3.048 do Diário 
Oficial da União - DOU de 12/05/99, que define como contratante o tomador dos 
26 
serviços por empreitada e contratada a empresa que executa os serviços por 
empreitada. 
 
 
2.3 TERCEIRIZAÇÃO 
 
A contratação de empresas terceirizadas surgiu como uma forma de reduzir 
incomodações com mão-de-obra, especialmente a especializada, e também como 
uma forma de escapar das obrigações e custos com a Previdência Social, entre 
outros trâmites legais. A única preocupação estaria em realizar o pagamento ao 
empreiteiro pelos serviços contratados. 
Porém, comumente algumas empresas seguem as tendências das estratégias 
do mercado sem conhecerem os reais benefícios que são proporcionados. Algumas 
construtoras alteram as suas estruturas sem terem a consciência das mudanças que 
podem ocasionar no processo produtivo. 
Conforme Pereira (2003), podem-se apontar algumas vantagens evidentes 
relacionadas ao processo de contratação de empreiteira e subempreiteira: 
� Melhoria da flexibilidade na produção; 
� Aumento da produtividade; 
� Melhoria da qualidade dos produtos e serviços; 
� Controle do processo de produção; 
� Eliminação da manutenção de mão-de-obra e equipamentos subutilizados; 
� Facilidade no controle de custos; 
� Transferência de riscos; 
� Redução de Custos; 
� Redução de prazos; 
� Redução de preocupação administrativa. 
 A terceirização corresponde à transferência de parte das atividades realizadas 
em uma organização para uma outra. Existem conceitos variados sobre o termo 
“terceirização”, porém, são conceitos que possuem características em comum no seu 
conteúdo, tratando da transferência das atividades de uma empresa para outra, com 
o objetivo de manter o foco naquilo que as empresas desejam produzir no mercado. 
 
 
27 
2.3.1 O processo de terceirização na construção civil 
 
A prática da terceirização na construção civil originou-se nos Estados Unidos, 
logo após o início da II Guerra Mundial, segundo Aguiar (2001 apud Tomé, 1998). 
Teria sido introduzida no Brasil, nas décadas de 50 e 60, pelas multinacionais 
automobilísticas, ganhando maior expressão nos anos 70 e 80, com a edição de 
normas autorizativas de contratações de mão-de-obra por intermédio de terceiros no 
setor privado. 
Com o passar do tempo, a terceirização foi consolidada como uma técnica de 
gestão empresarial, pelo qual se repassam algumas atividades para terceiros, 
estabelecendo uma relação de parceria. A empresa passa a concentrar seus 
esforços nas tarefas essencialmente ligadas ao negócio em que atua. 
Na construção civil, a terceirização tem sido uma estratégia, pois, se a 
empresa detém todo o processo construtivo, acaba tornando-se muito rígida 
estruturalmente. Para Filippi (2003), a empresa passa a ter um número menor de 
atividades para concentrar-se, possibilitando a realização das atividades com uma 
maior eficiência. 
Atualmente, o tema “terceirização” é muito popular, representando que uma 
empresa troca sua mão-de-obra direta para contratar mão-de-obra de uma outra 
empresa. A prática da terceirização está vinculada à redução de custos, 
principalmente custos fixos, mas também objetiva o aumento da competitividade, a 
busca de flexibilidade - principalmente nos contratos de trabalho -, e a redução de 
encargos sociais. Em geral, a tendência do mercado é reduzir o número de 
trabalhadores próprios com a utilização de mão-de-obra fornecida por outras 
empresas.A construção civil é um segmento que requer intensa utilização de mão-de-
obra, sendo comum a prática de outra empresa fornecer mão-de-obra. O emprego 
da subcontratação no subsetor de edificações tem sido uma das principais 
estratégias adotadas pelas empresas construtoras, tendo em vista um mercado 
altamente competitivo. Conforme Junior e Barros (2003, p. 01), “como uma das 
principais estratégias de competitividade adotadas pelas empresas de construção, o 
subsetor edificações tem verificado um progressivo emprego da subcontratação de 
etapas construtivas – ou subempreitada, denominação consagrada no meio”. 
 
28 
Especificamente o setor de construção de edifícios tem também apontado 
para essas transformações, principalmente em função de algumas 
particularidades inerentes ao processo construtivo, tais como: produto único 
(edifício); enorme variabilidade de atividades; grande número de 
fornecedores (material e serviço) envolvidos em todo o processo; mão-de-
obra flutuante; baixa qualificação de mão-de-obra com a freqüente carência 
de profissionais qualificados; e separação entre os agentes da cadeia 
produtiva, dentre outros (PEREIRA, 2003, p.03). 
 
O processo de produção na construção civil geralmente é dividido em etapas, 
e em alguma delas necessita-se de mão-de-obra especializada devido à 
complexidade de alguns serviços. Sendo assim, utiliza-se freqüentemente mão-de-
obra fornecida por outras empresas. Conforme Junior e Barros (2003, p.01): 
 
No Brasil, o emprego da subempreitada de etapas construtivas pelas 
empresas construtoras vem sendo destacado por várias bibliografias 
pertinentes ao assunto. De acordo com esses autores, o emprego intensivo 
da subcontratação tem sido observado em resposta à necessidade do 
subsetor edificações em equacionar o problema de alternância de equipes 
ao longo da obra e como parte de um movimento de redução das atividades 
sob a responsabilidade direta das construtoras; neste sentido, estas 
procuram contratar parte significativa da obra junto à terceiros, mesmo 
permanecendo com a responsabilidade indireta pelo serviço executado. 
 
De acordo com Junior e Barros (2003), o subsetor de edificações tem 
empregado intensivamente a subcontratação como uma forma de reduzir atividades 
sob a responsabilidade direta da empresa, passando a terceiros parte significativa da 
obra, ficando, porém, com a responsabilidade indireta do serviço executado. 
Na construção civil, mais especificamente no subsetor de edificações, a 
terceirização acontece através da empreitada. O artigo 153 da Instrução Normativa 
INSS nº 100, de 18 de dezembro de 2003, DOU de 30.03.04 define que empreitada 
“é a execução, contratualmente estabelecida, de tarefa, de obra ou de serviço, por 
preço ajustado, com ou sem fornecimento de material ou uso de equipamentos, que 
podem ou não ser utilizados, realizada nas dependências da empresa contratante, 
nas de terceiros ou nas da empresa contratada, tendo como objeto um resultado 
pretendido”. De acordo com Ferreira, Machado e Santos (2004, p.172): 
 
Empreitada constitui a execução dos serviços, tarefa ou obra, estabelecida 
mediante contrato com preço ajustado, relacionado ou não com a atividade-
fim da empresa contratante, a ser realizada nas suas dependências, nas da 
contratada ou nas de terceiros, tendo como objeto um resultado pretendido. 
 
29 
Segundo os autores, há duas formas de contratação de mão-de-obra. Na 
primeira, ocorre apenas o fornecimento de mão-de-obra, chamada de contratação de 
empreitada de trabalho. Na segunda forma, conhecida como empreitada mista, 
acrescenta-se a utilização de equipamentos ou meios mecânicos. De acordo com o 
Portal da Classe Contábil, na empreitada não importa o rigor do tempo de duração 
da obra; desta forma, o tipo de contrato está vinculado à conclusão da obra. 
De acordo com Pereira (2003), existem algumas classificações de prestadores 
de serviços apresentadas por pesquisadores do setor da construção civil. Uma 
destas classificações é dada por Pereira (2003 apud Farah, 1996), que classifica as 
prestadoras de serviços dois grupos distintos: 
� Empreiteiras de mão-de-obra: caracterizadas por fornecerem mão-de-obra 
para as construtoras; 
� Subempreiteiras de etapas e serviços especializados: caracterizadas por 
fornecerem serviços desempenhados por trabalhadores com qualificações 
específicas. Executam serviços especializados, como instalações elétricas, 
instalações hidráulicas, entre outros. 
Em estudo realizado por Filippi (2003, p.13 apud Lordsleen 2002), entende-se 
que “empreitada” é o termo mais adequado para a relação de trabalho existente 
entre a tomadora de serviços e a prestadora dos serviços. Esta definição baseia-se 
no Decreto nº 3.048 do Diário Oficial da União – DOU, datado de 12/05/1999. 
O contrato de empreitada pode ser total ou parcial, afirmam Ferreira, Machado 
e Santos (2004, p.172). No contrato total existe a responsabilidade direta pela 
execução de todos os serviços necessários à realização da obra, bem como todos os 
projetos a ela inerentes, com ou sem fornecimento de material. No contrato parcial, 
entretanto, a prestadora de serviços é contratada para executar parte da obra, com 
ou sem fornecimento de material. 
A remuneração paga aos prestadores de serviços, de acordo com o contrato, 
é fixada em razão da conclusão de etapas da obra. Conforme Instrução Normativa 
INSS/DC nº 100, de 18 de dezembro de 2003, DOU de 30.03.04: 
 
Art. 449 – Para a apuração do valor da mão-de-obra empregada na 
execução de obra de construção civil, em se tratando de edificação, serão 
utilizadas as tabelas de Custo Unitário Básico (CUB), divulgadas 
mensalmente na Internet na imprensa de circulação regular, pelos 
Sindicatos da Indústria da Construção Civil (SINDUSCON). 
 
30 
2.4 FORMAS DE CONTRATAÇÃO 
 
Para estabelecer a relação de emprego na contratação de um funcionário, 
deve realizar-se um Contrato Individual do Trabalho, podendo ser por prazo 
indeterminado ou por prazo determinado, conforme estabelece a Consolidação das 
Leis do Trabalho – CLT. Conforme o artigo 443 da CLT: 
 
Art. 443 – O contrato individual de trabalho poderá ser acordado, tácita ou 
expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou 
indeterminado. 
§1º - Considera-se como prazo determinado o contrato de trabalho cuja 
vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços 
especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de 
previsão aproximada. 
 
 Em conformidade com o art. 443, § 2º da CLT, o contrato por prazo 
determinado só é valido se apresentar como características: serviço cuja natureza ou 
transitoriedade justifique a predeterminação do prazo, atividades empresariais de 
caráter transitório e contrato de experiência. 
Evidenciando o setor da construção civil, podem-se relacionar duas 
estratégias de contratação: a mão-de-obra própria, que poderá ser pelo contrato de 
trabalho por prazo determinado ou indeterminado, onde a empresa dispõe de mão-
de-obra direta, tendo os operários como funcionários próprios da empresa; ou, a 
terceirização de serviços. 
 O contrato de trabalho por tempo determinado é muito utilizado por 
empreiteiras, pois o empregado é admitido para trabalhar até a duração da obra. 
Neste caso, o trabalhador deverá estar vinculado a uma obra específica, constando 
esta informação no contrato ou na carteira de trabalho. Caso não estiver constando 
esta especificação, entende-se que o trabalhador poderá deslocar-se para qualquer 
local, podendo ser considerado como contrato por prazo indeterminado. O 
empregado possui os mesmos direitos, caso o contrato fosse por prazo 
indeterminado, mas o prazo não poderá exceder 2 anos, conforme art. 445 da CLT, 
em observância com o art. 451. No entanto, é importante ressaltar que são pagos 
todos os encargos decorrentes de uma contratação normal. 
Na terceirização, os serviços demão-de-obra são fornecidos por empresas e, 
no caso da construção civil, empresas denominadas empreiteiras e subempreiteiras. 
A relação entre a empresa contratante e a empresa contratada é realizada através 
31 
de um contrato, onde se estabelece a forma de pagamento e a obrigação de cada 
uma das partes. Conforme o Manual do Dono da Obra (disponível em: 
<http://www.manuais.com.br>), existem algumas formas observadas para a 
remuneração nos contratos de empreitada: 
 
Preço Fixo – Como o próprio nome diz, o preço pela execução da obra ou 
serviço é fixo, invariável. Quita a obra em toda a sua extensão. 
Por Medida – É fixado em razão da conclusão de etapas da obra. As partes 
ajustam a divisão da obra em várias etapas, e para cada uma delas 
convencionam o preço. 
Preço de Custo – Além do preço pago ao empreiteiro, ajusta-se o 
ressarcimento a este dos gastos relativos aos materiais e despesas da obra. 
 
O custo referente à mão-de-obra tem uma relevância significativa para a 
empresa. É necessário verificar o que integra o custo de mão-de-obra direta e 
analisar a sua importância. Para Martins, (2001, p.143) “mão-de-obra direta é aquela 
relativa ao pessoal que trabalha diretamente sobre o produto em elaboração, desde 
que seja possível a mensuração do tempo despendido a identificação de quem 
executou o trabalho, sem necessidade de qualquer apropriação indireta ou rateio”. 
Qualquer tipo de alocação que seja feita por estimativas ou por divisões 
proporcionais, descaracteriza a mão-de-obra direta. 
 
 
2.5 ENCARGOS SOCIAIS 
 
Os encargos sociais correspondem a um dos custos mais importantes, 
contribuindo na maior parte do gasto que se tem com mão-de-obra. Conforme 
estudos realizados, Pilippi (2003 apud revista construção mercado, 2003) afirma que 
o peso dos encargos sociais para o empregador na construção civil representa entre 
75% a 127% do salário nominal do trabalhador. De acordo com a Lei nº 8.212/91, 
art. 22, a contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, 
corresponde aos seguintes percentuais: 
� Empresa - 20%, contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade 
Social conforme dispõe o art. 22 da Lei nº 8.212/91; 
� Seguro de Acidente do Trabalho - SAT - 1%, 2% ou 3%, para as empresas 
cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve, 
médio ou grave, respectivamente, conforme dispõe a Lei nº 8.212/91; 
32 
� Fundo a Previdência e Assistência Social – FPAS. Conforme tabela 
apresentada por Ferreira, Machado e Santos (2004), a construção civil enquadra-se 
no código 507, com o percentual correspondente a 5,8% referente a terceiros. Essas 
contribuições não se enquadram como previdenciárias. São valores referentes a 
outras entidades e fundos que são fiscalizadas e arrecadadas pelo INSS por força de 
convênio e posteriormente repassadas às entidades respectivas (FERREIRA, 
MACHADO e SANTOS, 2004). Considerando-se a construção civil, as alíquotas 
referentes à contribuição de terceiros estão discriminadas abaixo: 
 
0,6% Destinado ao SEBRAE 
1,0% Destinado ao SENAI 
0,2% Destinado para o INCRA 
2,5% Destinado para o Salário Educação 
1,5% Destinado ao SESI 
 
Quadro 1: Composição do percentual destinado a terceiros 
Fonte: Adaptado de Ferreira, Machado e Santos, 2004 
 
Além destes encargos, ainda deve-se considerar o Fundo de Garantia por 
Tempo de Serviço – FGTS -, instituído pela Lei nº 5.107/66, e que, de acordo com o 
art. 15, prevê a obrigação de depósito pelos empregadores da importância de 8% a 
cada trabalhador. Além disso, deverá recolher a alíquota de 0,5% correspondente a 
Contribuição Social prevista no art. 2º da Lei Complementar nº 110 de 2001 para a 
quitação do expurgo inflacionário do FGTS. A Contribuição Social foi instituída em 
outubro de 2001, sendo estipulado a cobrança pelo período de 5 anos, portanto, é 
devida até setembro de 2006. Sendo assim, os encargos referentes ao FGTS 
somam o total de 8,5%. O FGTS hoje é regido pela Lei nº 8.036/30, e constitui-se de 
uma reserva financeira depositada pelo empregador, em contas bancárias especiais 
chamadas de contas vinculadas, mediante depósitos mensais no valor de 8% do 
salário do trabalhador. 
Quando o trabalhador é demitido, e não havendo motivo, a empresa deve lhe 
pagar uma multa denominada de multa fundiária, no valor de 40% sobre o valor do 
saldo da sua conta no FGTS. 
 
 
33 
2.6 RETENÇÕES 
 
Quanto à contratação de serviços para a realização de obras da construção 
civil, a empresa contratante passa a ter algumas obrigações, como algumas 
retenções que devem ser realizadas. As retenções referem-se a uma antecipação 
dos tributos por parte da empresa contratante. 
 
 
2.6.1 Retenção para o Instituto Nacional da Seguridade Social - INSS 
 
As empresas têm suas responsabilidades sobre as contribuições sociais 
incidentes sobre a folha de pagamento de seus funcionários. Os valores devidos 
para o custeio da Seguridade Social estão estabelecidos pela Lei nº 8.212/91, e os 
planos de benefícios previdenciários pela Lei nº 8.213/91. 
Conforme a Constituição Federal, o financiamento para a Seguridade Social 
deve ser feito por toda a sociedade, estabelecido pelo artigo 195: 
 
Art. 195 – A Seguridade Social será financiada por toda a sociedade, de 
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes 
dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 
I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da 
lei, incidentes sobre: 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou 
creditados, a qualquer titulo, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo, 
sem vinculo empregatício; 
b) a receita ou o faturamento; 
c) o lucro; 
II – do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não 
incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo 
regime geral de previdência social do que trata o art. 201; 
III – sobre receita de concursos de prognósticos. 
A Seguridade Social destina-se a assegurar o direito à saúde, à previdência e 
à assistência social. A Assistência Social visa o atendimento das necessidades 
básicas, tais como: proteção à família, infância, adolescência, pessoa portadora de 
deficiência e à velhice. Esta assistência é concedida ao cidadão independentemente 
de contribuições. Por sua vez, a Previdência Social tem caráter contributivo e implica 
na filiação obrigatória do trabalhador, compreendendo a assistência ao mesmo em 
determinadas situações (FERREIRA,MACHADO E SANTOS, 2004). 
34 
Observando o art. 149 da IN INSS nº 100 de 2003, que disciplina sobre a 
retenção, a empresa contratante de serviços de empreitada deverá reter 11% do 
valor bruto da nota fiscal, recolhendo essa importância para a Previdência Social. 
Esta retenção foi instituída pelo fato de muitas vezes não ocorrer o 
recolhimento destas contribuições de maneira correta ou completa pelos 
empreiteiros e subempreiteiros. Como forma de garantir que esses valores sejam 
recolhidos, previu-se a “Responsabilidade Solidária”, onde a construtora é solidária 
com o empreiteiro e o subempreiteiro pelas obrigações com a Seguridade Social. 
Desta forma, efetuando a retenção de 11%, o contratante dos serviços, no 
caso, o proprietário, incorporador ou dono da obra, só poderá ser responsabilizado, 
em caso de inadimplemento do prestador do serviço, se o valor a ser recolhido 
superar aquele que foi retido. 
Um documento importante que deve ser emitido pelo INSS no término de uma 
obra é a Certidão Negativa - CND. Esta certidão é o documento que assegura a 
inexistência de débitos junto com Seguridade Social. Especificamente para as 
construtoras, é exigida quando da averbação da obra no cartório de registro de 
imóveis. Em função disso, existe uma preocupação em realizar-se as retenções. 
Além disso, para regularizardevidamente uma obra, a contratante deve seguir 
algumas orientações, conforme Ferreira, Machado e Barros (2004), apresentando: 
� Cópia da GFIP, identificada pela matricula cadastro especifico do INSS -
CEI da obra, emitida pela prestadora de serviços, no caso de em que a construtora 
não utilizar mão-de-obra própria; 
� Cópias das notas fiscais, emitidos pelos empreiteiros e subempreiteiros, 
com vinculação à obra, com o correspondente documento de arrecadação da 
retenção; 
� Comprovação da escrituração contábil por parte da construtora, durante o 
período de execução da obra, comprovado mediante cópia do balanço e termos do 
Livro Diário e Razão. 
Além disso, a prestadora de serviços deve garantir que o salário de 
contribuição, isto é, o salário que paga a seus funcionários, não seja inferior a 40% 
do valor constante na nota fiscal de serviços. Isto está disciplinado na Instrução 
Normativa INSS nº 100 de 2003 art. 618: 
 
35 
Art. 618 – Para fins de aferição, a remuneração da mão-de-obra utilizada na 
prestação de serviços por empresa corresponde ao mínimo de: 
I – quarenta por cento do valor dos serviços constantes na nota fiscal, da 
fatura ou recibo de prestação de serviços; 
 
 
2.6.2 Retenção do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza - ISQN 
 
Outro valor incidente sobre o valor da nota fiscal é o ISQN (Imposto Sobre 
Serviço de Qualquer Natureza), que incide diretamente no serviço prestado. Na 
construção civil, ganha sua importância, pois existe um grande número de 
prestadoras de serviços que atuam nesse ramo, onde as construtoras conseguem se 
beneficiar deste imposto através da substituição tributária. 
Deve ser observado no Regulamento do ISQN, da Prefeitura Municipal de 
Florianópolis, o percentual a ser aplicado para a retenção, conforme disposto na lista 
de serviços. A empresa de construção civil responsabiliza-se pelo recolhimento deste 
imposto, conforme consta no regulamento do ISQN, que considera o recolhimento 
devido do imposto no local onde está sendo prestado o serviço. Esse assunto refere-
se à substituição tributária, onde o mesmo não se trata de antecipação, mas do 
recolhimento do imposto por substituição. O valor do imposto deverá ser aplicado 
sobre o valor total dos serviços, excluindo-se da base de cálculo do imposto qualquer 
valor que se referir aos materiais aplicados. 
 
2.6.3 Retenção para o Programa de Integração Social – PIS, Contribuição 
para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS e Contribuição 
Social sobre o Lucro Líquido – CSLL 
 
A retenção de PIS, COFINS e CSLL, destinam-se a valores recolhidos para a 
Receita Federal. Porém, este valor deve ser recolhido somente no caso do valor 
constante na nota fiscal de serviços ser superior ao valor de R$ 5.000,00. Trata-se 
de uma antecipação de impostos. O percentual de 4,65% refere-se à antecipação do 
PIS, COFINS e da CSLL conforme itens abaixo: 
� PIS – 0,65%; 
� COFINS – 3,00%; 
� CSLL – 1,00%. 
36 
Estes percentuais estão determinados pela Receita Federal através da Lei nº 
10.833/2004, previsto no art. 31: 
Art. 31. O valor da CSLL, da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP, 
de que trata o art. 30, será determinado mediante a aplicação, sobre o 
montante a ser pago, do percentual de 4,65% (quatro inteiros e sessenta e 
cinco centésimos por cento), correspondente à soma das alíquotas de 1% 
(um por cento), 3% (três por cento) e 0,65% (sessenta e cinco centésimos 
por cento), respectivamente. 
 § 1o As alíquotas de 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento) e 3% 
(três por cento) aplicam-se inclusive na hipótese de a prestadora do serviço 
enquadrar-se no regime de não-cumulatividade na cobrança da contribuição 
para o PIS/PASEP e da COFINS. 
 § 2o No caso de pessoa jurídica beneficiária de isenção, na forma da 
legislação específica, de uma ou mais das contribuições de que trata este 
artigo, a retenção dar-se-á mediante a aplicação da alíquota específica 
correspondente às contribuições não alcançadas pela isenção. 
§ 3o É dispensada a retenção para pagamentos de valor igual ou inferior a 
R$ 5.000,00 (cinco mil reais)-(Incluído pela Lei nº 10.925, de 2004). 
§ 4o Ocorrendo mais de um pagamento no mesmo mês à mesma pessoa 
jurídica, deverá ser efetuada a soma de todos os valores pagos no mês para 
efeito de cálculo do limite de retenção previsto no § 3o deste artigo, 
compensando-se o valor retido anteriormente. 
As prestadoras de serviços de mão-de-obra estão sujeitas a esta retenção 
conforme estabelece o art. 30 da Lei nº 10.833/2004, instituindo-se que os 
pagamentos efetuados de pessoa jurídica para pessoa jurídica de direito privado, 
prestando serviços de locação de mão-de-obra, estão sujeitas a esta retenção. 
37 
3 IMPLICAÇÕES DECORRENTES DA OPÇÃO POR CONTRATAR MÃO-DE-
OBRA TERCEIRIZADA 
 
Neste capitulo faz-se uma abordagem sobre alguns pontos envolvidos com a 
terceirização de mão-de-obra, especificamente do subsetor de edificações, tomando 
como estudo uma empresa de construção civil. Será dada ênfase ao estudo sobre a 
mão-de-obra fornecida por terceiros, verificando os aspectos que estão envolvidos, 
como também fazer uma breve comparação com a mão-de-obra própria. Analisam-
se também os riscos que surgem com a contratação de serviços de mão-de-obra por 
empreiteiras e subempreiteiras. 
 
 
3.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA 
 
A empresa em análise exerce suas atividades no ramo da construção civil, 
mais especificamente no subsetor de edificações. É responsável pela incorporação e 
construção de edifícios residenciais há aproximadamente 17 anos. Mantém sua sede 
em Florianópolis, e concentra seus empreendimentos exclusivamente na Ilha de 
Florianópolis, focando as classes A e B. A empresa é formada por dois sócios, mas a 
administração da empresa fica sob a responsabilidade de apenas um sócio, 
denominado “diretor”, que tem sua formação no curso de engenharia civil. 
A construtora mantém sua contabilidade dentro da própria sede, como uma 
forma para melhor controle e acesso mais rápido aos documentos e às informações. 
Tem como forma de tributação o lucro presumido com o reconhecimento das receitas 
pelo regime de caixa, onde também mantém a escrita contábil plena. 
Atualmente, a empresa opta por empregar mão-de-obra terceirizada, através 
de um contrato com empreiteiras formulado para cada obra que será construída. 
Através do contrato, determina-se a negociação entre a parte contratante e a parte 
contratada, que ficam responsáveis por toda a construção da obra. O objetivo é a 
entrega do empreendimento pronto dentro do prazo estabelecido. 
A empresa terceiriza também as atividades relacionadas com a elaboração de 
projetos. Possui um quadro de funcionários próprios, formado pelo pessoal de 
escritório e pessoal de obra, conforme apresentado: 
38 
Pessoal Administrativo: atuam na parte administrativa 07 funcionários. São 
responsáveis por toda a movimentação administrativa da empresa que envolve 
desde contas a pagar, contas a receber e a contabilidade; 
Engenheiros Civis: responsáveis pelo andamento dos serviços na obra, como 
também, verificar se os projetos referentes à obra estão sendo devidamente 
seguidos. Cabe ao engenheiro a responsabilidade técnica. Existem na empresa 04 
engenheiros civis, incluindo-se o diretor da empresa; 
Auxiliar de engenheiro: a empresa tem 01 pessoa contratada com a 
responsabilidade em auxiliar os engenheiros, principalmente no gerenciamento dos 
trabalhos e nas compras de materiais. 
Almoxarifes: trabalham diretamente nas obras. Somam o total de 05 
almoxarifes, responsáveis pelo controle dos materiais utilizados. Controlam a parte 
de recebimento dos materiais pelos fornecedorese a saída para o uso na obra; 
Pedreiro / Servente: a empresa ABC Incorporações e Construções LTDA. 
(nome fictício), tem em seu quadro de funcionários 01 pedreiro e 02 serventes de 
obra que são responsáveis exclusivamente pela parte de manutenção após o 
término da obra; 
Pintor: atualmente são contratados pela empresa 03 pintores. Em sua 
especialidade, atuam nas obras durante a construção, auxiliando a etapa de 
acabamento. Também atuam na parte de manutenção de obras acabadas. 
Técnico em segurança do trabalho: a empresa tem em seu quadro de 
funcionários 01 técnico em segurança do trabalho, que atua diretamente nas obras. 
É responsável em verificar o uso de equipamentos de segurança, como também 
verificar todos os aspectos relacionados com segurança do trabalho. 
 
 
3.2 OBTENÇÃO DE DADOS 
 
Para a realização deste trabalho, necessitou-se da obtenção de dados junto à 
empresa ABC Incorporações e Construções LTDA.. As informações foram coletadas 
com a contabilidade da empresa, que mantém em seus arquivos toda a 
documentação referente à empresa empreiteira. 
 
39 
3.3 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UM EMPREENDIMENTO 
 
O processo uma nova obra começa a partir da elaboração dos projetos, feitos 
por empresas especializadas em engenharia e arquitetura. São elaborados todos os 
projetos necessários e que serão utilizados - desde o projeto da estrutura da obra até 
os projetos de instalações. São elaboradas pela empresa ABC Incorporações e 
Construções LTDA. todas as características da edificação em um memorial 
descritivo, que, juntamente com os projetos e com certidões negativas da empresa, 
formam a incorporação da obra. Esta incorporação é registrada no Cartório de 
Registro de Imóveis e, a partir de sua aprovação, está liberada sua construção. 
Neste momento, efetua-se um contrato com a prestadora de serviço - a 
empreiteira -, que fornecerá a mão-de-obra. Em determinadas etapas da construção, 
em que se necessitem serviços específicos, serão contratadas as empresas 
subempreiteiras. Todo o fornecimento de material é feito pela construtora. 
Atualmente, a empresa trabalha com uma empreiteira principal, que fornece 
mão-de-obra, sendo os serviços mais específicos fornecidos por subempreiteiras - 
como os serviços de instalações elétricas, instalações hidráulicas e serviços de 
pintura. A existência de uma relação de parceria entre as empreiteiras e 
subempreiteiras acaba tornando-se um diferencial: geralmente as mesmas empresas 
acabam sendo chamadas para a execução de outros serviços. Este fator tem sua 
importância, pois se inicia uma relação de confiança e cumplicidade entre as partes. 
Em uma obra construída por empreitada, a remuneração pelos serviços é 
estabelecida em um contrato, e é paga de acordo com a execução da obra através 
de medições mensais. Este valor é indexado pelo CUB (Custo Unitário Básico da 
Construção Civil), atualizando-se constantemente o valor que deverá ser pago. 
Este estudo tomou como exemplo um empreendimento localizado em 
Florianópolis, da empresa ABC Incorporações e Construções LTDA., durante o 
período de 01 ano. Os valores pagos para a empresa empreiteira foram identificados 
através das notas fiscais emitidas pelas mesmas. 
 
 
 
 
40 
3.4 ANÁLISE DAS IMPLICAÇÕES DECORRENTES DA FORMA DE 
CONTRATAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA 
 
 Esta etapa consiste em realizar uma comparação entre a mão-de-obra própria 
e a mão-de-obra contratada por empreitada. Realizada a comparação, pretende-se 
analisar as vantagens e desvantagens de cada alternativa. 
 
 
3.4.1 Mão-de-obra própria versus mão-de-obra terceirizada 
 
Neste estudo evidenciou-se o valor pago pela mão-de-obra contratada - no 
caso, o valor constante na nota fiscal. O estudo tomou como base uma empreiteira 
que prestou serviços em uma obra específica, referente ao período de 2005. Usou-
se este procedimento para que se pudesse realizar uma comparação com a mão-de-
obra própria. 
Para a realização de um comparativo, calculou-se a mão-de-obra própria, isto 
é, considerando-se que os funcionários fossem contratados diretamente pela 
empresa. Tomou-se como base a média dos salários pagos pela empresa OR 
Empreiteira de Mão-de-obra LTDA. (nome fictício), onde se utilizou o período 
compreendido entre janeiro/2005 e dezembro/2005. Através do Quadro 2, referente 
ao custo aproximado de mão-de-obra própria, obteve-se o salário total que a 
empresa pagaria. Estipulou-se uma taxa para provisionar possíveis demissões que 
poderiam ocorrer, com base nas saídas ocorridas em cada mês - visto a 
impossibilidade em determinar o número de rescisões que podem ocorrer. Não se 
incluiu o acréscimo referente ao pessoal administrativo - em função da empresa 
possuir sua contabilidade e a princípio não necessitaria de funcionários, caso fosse 
contratar mão-de-obra própria. Discriminou-se a diferença de salários entre funções 
diferentes da obra por existir diferença de salários entre eles. Para realizar a 
comparação, foi necessário considerar o mesmo número de funcionários que a 
empreiteira utilizou no período de janeiro/2005 a dezembro/2005, como também 
desconsiderar depósitos anteriores referentes ao FGTS. 
Observando os dados existentes no Quadro 2, pode-se realizar uma 
comparação com os valores pagos para a empreiteira pelos serviços prestados de 
mão-de-obra e os valores obtidos com a mão-de-obra própria: 
41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
Mês 
Valor das Notas Fiscais 
de Serviços 
Valor mão-de-obra 
própria 
Janeiro / 2005 R$ 171.212,75 R$ 85.063,36 
Fevereiro / 2005 R$ 144.661,67 R$ 86.331,92 
Março / 2005 R$ 138.999,85 R$ 93.997,48 
Abril / 2005 R$ 148.202,37 R$ 103.631,06 
Maio / 2005 R$ 139.339,19 R$ 106.871,81 
Junho / 2005 R$ 157.713,59 R$ 108.912,40 
Julho / 2005 R$ 150.371,13 R$ 106.888,73 
Agosto / 2005 R$ 147.458,81 R$ 94.060,88 
Setembro / 2005 R$ 128.333,24 R$ 86.300,66 
Outubro / 2005 R$ 127.435,60 R$ 85.807,44 
Novembro / 2005 R$ 148.008,49 R$ 82.763,47 
Dezembro / 2005 R$ 148.043,74 R$ 70.955,92 
Total: R$ 1.749.780,43 R$ 1.111.585,10 
Quadro 3: Mão-de-obra contratada versus mão-de-obra própria. 
Fonte: Elaborada pelo autor. 
 
O Quadro 3 representa a diferença existente entre o pagamento realizado 
para a contratação de mão-de-obra e o valor aproximado que seria pago - caso a 
mão-de-obra fosse própria. O valor total da diferença referente ao período de 2005 
está apresentado conforme Tabela 1. 
 
Tabela 1 
 
Comparativo de mão-de-obra própria versus contratada 
 
Pagamento ao empreiteiro R$ 1.749.780,43 
Custo apenas da mão-de-obra R$ 1.111.585,10 
Diferença apurada R$ 638.195,33 
(-) ISQN - Empresa R$ (52.493,41) 
Total: R$ 585.701,92 
 
Fonte: Elaborada pelo autor. 
 
Observando-se a diferença apurada, constata-se que a mão-de-obra teria um 
custo mais baixo caso fosse contratada diretamente pela empresa construtora. 
Porém, deve-se considerar que a mão-de-obra terceirizada oferecerá para a 
construtora uma flexibilidade no processo de produção. Entretanto, também se deve 
considerar que, nos pagamentos realizados para a empreiteira já estão inclusos os 
valores referentes ao salário, encargos sociais e FGTS. Não há qualquer 
preocupação para a empresa referente a este aspecto. 
43 
Acrescentou-se, no comparativo, o valor referente ao ISQN, do qual 
atualmente a construtora beneficia-se com a substituição tributária. Caso tivesse 
mão-de-obra própria, a construtora teria que efetuar o recolhimento do ISQN, sendo 
calculado com base no faturamento da empresa. Consideraram-se, neste estudo, 
como desembolsos com ISQN, o valor que foi recolhido através da substituiçãotributária. 
 
 
3.4.2 Demonstrativo do cálculo de mão-de-obra da construtora 
 
Para realizar a comparação entre mão-de-obra própria e mão-de-obra 
contratada, utilizaram-se os dados contidos no Quadro 2. As descrições dos cálculos 
são apresentadas a seguir: 
� Número de operários: utilizou-se exatamente o número de operários que a 
empreiteira utilizou. Esta informação foi obtida através do relatório do 
recolhimento do Fundo de Garantia dos Funcionários, a qual a empresa 
construtora mantém o controle em seus arquivos; 
� INSS Empresa - 23%: utilizou-se o percentual de 23% sobre o salário total 
obtido: 
INSS Empresa = Salário total x 23% 
 
� Valor devido a terceiros - 5,8%: para encontrar o valor devido a terceiros, foi 
considerado o salário total multiplicado por 5,8%: 
 
Valor terceiros = Salário total x 5,8% 
 
� FGTS: aplicou-se o percentual de 8,5% sobre o salário total obtido, sendo que 
8% serão depositados na conta do funcionário, enquanto que o percentual de 
0,5% refere-se à Contribuição Social por parte da empresa: 
 
FGTS = Salário total * 8,5% 
 
 
 
44 
� Provisão para 13º salário: com o valor do salário total, dividiu-se pelo número 
de meses no ano, para saber a parcela referente ao mês: 
 
13º salário = Salário total / 12 (número de meses no ano) 
 
� Provisão para férias: considerou-se a parcela referente ao mês acrescido de 
1/3 do salário normal: 
 
Férias = (Salário total / 12) + ((Salário total /12) / 1/3) 
 
� Estimativa de rescisão: para o cálculo de uma estimativa de rescisão (pois 
não se sabe o número de rescisões que irão ocorrer), utilizou-se como base o 
valor do FGTS depositado. Considerou-se também o percentual de 15% 
referente à média das saídas de trabalhadores por mês. O percentual de 
0,08% foi encontrado considerando o aviso prévio de 01 mês, sendo assim, 
dividiu-se 1/12: 
 
Estimativa de rescisão = (FGTS X 15,08%) 
 
� Alimentação: o valor da alimentação foi calculado com base no gasto para 
cada funcionário. Utilizou-se a média de R$ 3,50 por dia trabalhado ao mês. 
Considerou-se 24 dias trabalhados, excluindo-se os finais de semana, ou seja, 
sábados e domingos: 
 
Alimentação = (R$ 3,50 x 24 dias) x número de funcionários mês 
 
� Transporte: assim como a alimentação, considerou-se 24 dias trabalhados 
para realizar o cálculo. Considerou-se como média, por dia, o valor de R$ 
3,70: 
 
Transporte = (R$ 3,70 x 24 dias) x número de funcionários no mês 
 
� Seguro de vida: para determinar o valor do seguro de vida, utilizou-se o valor 
cobrado geralmente pelas seguradoras, em torno de R$ 2,89 por funcionário: 
45 
Seguro de vida: R$ 2,89 x número de funcionários 
 
Os cálculos efetuados referem-se aos desembolsos que a empresa teria no 
mês, caso os funcionários fossem contratados diretamente pela construtora. 
 
 
3.4.3 Vantagens da terceirização 
 
� Oscilações no número de funcionários: o número de funcionários varia de um 
mês para outro, analisando-se o ano de 2005, conforme apresentado. A 
empresa empreiteira tem mais facilidade em alocar funcionários, visto que o 
objetivo do seu negócio é a prestação de serviços de mão-de-obra. A 
empreiteira teria mais flexibilidade de produção. A construtora, entretanto, 
teria que adotar uma política estratégica para conciliar esta situação, tendo a 
preocupação em alocar funcionários, principalmente em situações específicas 
como férias, faltas e afastamentos. Caso não fosse bem administrado, poderia 
comprometer o andamento do empreendimento. A diferença entre o número 
de funcionários pode ser observada conforme Quadro 3, onde as variações 
existentes de um mês a outro ocorrem em função de novas contratações, 
saídas da empresa, como também afastamentos e retornos de funcionários: 
 
Movimentação dos empregados 
Mês Inicio mês Admitidos Saídas Afastados Retorno Final mês 
Jan/2005 61 31 7 1 1 85 
Fev/2005 85 9 10 1 1 84 
Mar/2005 84 20 17 1 2 88 
Abr/2005 88 21 9 1 1 100 
Mai/2005 100 14 16 1 97 
Jun/2005 97 17 12 1 101 
Jul/2005 101 15 16 1 99 
Ago/2005 99 6 19 3 2 85 
Set/2005 85 9 14 4 1 77 
Out/2005 77 12 10 1 78 
Nov/2005 78 12 10 7 1 74 
Dez/2005 74 7 17 3 1 62 
Média 13,08 2,08 0,83 85,83 
Quadro 4: Movimentação dos empregados. 
Fonte: Elaborada pelo autor. 
 
46 
Através do Quadro 4 pode-se obter uma média das saídas referentes ao ano 
de 2005, representando 13,08 saídas por mês da empresa. Efetivamente 
trabalhando obteve-se uma média de 85,83 trabalhadores. A média de funcionários 
que necessitaram de afastamentos representou 2,08 trabalhadores por mês. 
Apesar das oscilações no número de funcionários, isto não interfere nos 
pagamentos que são realizados para a empreiteira, pois estes são calculados 
através de medições. 
� Em virtude de não precisar fazer o gerenciamento da mão-de-obra, a empresa 
pode dar mais ênfase no objetivo principal, neste caso, a realização das 
vendas dos apartamentos; 
� A empresa não tem a preocupação de manter um quadro mínimo de 
trabalhadores contratados para a execução de serviços de mão-de-obra, em 
virtude de possíveis sazonalidades, de acordo com o número de construções 
que estão sendo elaboradas; 
� A empresa terá uma maior flexibilidade e facilidade no acompanhamento e na 
execução de várias obras simultâneas, pois não há a preocupação na 
distribuição e alocação de funcionários de uma obra a outra; 
� O foco da empresa estará mais centralizado em alguns aspectos e detalhes 
do empreendimento e do mercado de construção civil, como: qualidade do 
serviço prestado, acompanhamento das inovações no ramo de edificações, 
necessidades dos clientes, planejamento e expectativas de vendas, marketing 
e publicidade. 
 
 
3.4.4 Desvantagens da terceirização 
 
� Objetivos da empresa: com a contratação de mão-de-obra torna-se mais difícil 
obter-se o comprometimento dos operários com os objetivos da empresa, 
como por exemplo: a política de redução de desperdícios, o uso adequado 
dos equipamentos de segurança, entre outros; 
� Controle sobre operários: torna-se mais difícil manter o controle sobre os 
operários, ou seja, fazer com que se cumpra a política adotada pela empresa. 
Um controle mais rígido poderá melhorar a qualidade obtida na execução dos 
serviços; 
47 
� Confiança: um trabalhador contratado diretamente pela empresa transmite 
maior confiança, tanto nos serviços executados, como pelo controle dos 
materiais utilizados, os quais, em algumas vezes, são furtados; 
� Riscos Trabalhistas: a empresa construtora passa a ser co-responsável por 
possíveis ações trabalhistas movidas contra a empresa empreiteira, 
respondendo solidariamente; 
� Treinamento: muitas vezes não há a preocupação técnica, ou seja, 
treinamento da mão-de-obra. A preocupação acaba surgindo no momento em 
que as empreiteiras são exigidas a fazer determinados serviços. Este fator 
poderá interferir na queda da produtividade; 
� Problemas na regularização da obra: a regularização de obra deve ser feita 
junto ao INSS. A liberação é confirmada com a emissão de uma certidão 
negativa - CND -, específica para aquele determinado empreendimento. 
Porém, para a liberação da CND, são exigidos da empresa construtora os 
recolhimentos do FGTS dos funcionários que trabalharam naquele 
determinado empreendimento, no caso, os funcionários das empreiteiras. 
Também se exige que a soma dos salários pagos aos funcionários seja 
equivalente ao percentual de 40% do valor total dos serviços prestados. Este 
procedimento exige que a empresa construtora tenha um maior controle e 
uma exigência maior em relação a este procedimento, pois pode ser 
prejudicada caso não o faça. A liberação da obra por parte do INSS permite 
que os apartamentos vendidos possam ser escriturados para seus clientes. 
� Riscos previdenciários: a empresa é co-responsável pelo empreiteiro nos seus 
aspectos previdenciários. Responde solidariamente com o empreiteiro

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