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JUIZADOS ESPECIAIS

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
CURSO DE DIREITO
ANÁLISE DA LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS
RECIFE
2019
19
LUANA PAIVA DE OLIVEIRA
Trabalho exibido à professora Maria Isabel na disciplina de prática real cível, como objetivo de composição da nota.
RECIFE
2019
RESUMO
Trata-se do estudo das leis que instauraram os juizados especiais no Brasil, ao Poder Judiciário cabe fiscalizar e aplicar os direitos aos jurisdicionados. No entanto, tal Poder encontra-se, desde muito, em uma crise que compromete relevantemente a vida destes cidadãos, que veem suas demandas congestionadas nos órgãos judiciários, sem soluções.
 A fim de solucionar, ou ao menos diminuir consideravelmente tais agravantes, que se fez necessária a criação de vias alternativas, tais quais a Mediação, a Arbitragem, a Conciliação, e dentre outras, a criação dos chamados Juizados Especiais. Estes últimos possuem como objetivo básico solucionar rapidamente ações consideradas de menor complexidade, desobstruindo a Justiça Comum e facilitando, por consequência, o acesso à justiça.
PALAVRAS CHAVES: juizados especiais; Celeridade; lei n°9.099. 
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................05
1. HISTÓRIA DA LEI 9.099/95 NO BRASIL....................................................05
2. OS PRINCÍPIOS DOS JUIZADOS ESPECIAIS..........................................07
3. OBJETIVO DA LEI 9.099/95.........................................................................08
4. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL.................................10
5. INSTAURAÇÃO DO PROCESSO.................................................................12
6. DO PEDIDO......................................................................................................13
7. INTIMAÇÃO....................................................................................................14
8. MEIOS DE PROVA.........................................................................................15
9. SENTENÇA.........................................................................................................16
10. RECURSOS.......................................................................................................17 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................18
12. REFERÊNCIAS...............................................................................................19
INTRODUÇÃO
 	O juizado especial cível é um órgão do Poder Judiciário responsável pelo processamento de ações de menor complexidade. Tem como intuito promover a conciliação entre as partes e proporcionar um processo célere, econômico e efetivo.
Esse instituto proporcionou maior efetividade ao acesso à justiça por não ter custas processuais em primeira instância. Desse modo, com a implantação dos juizados o empecilho dos autos custos dos processos foi superado, e as pessoas hipossuficientes podiam acionar o Poder Judiciário quando houvesse ameaça ou lesão aos seus direitos nos limites da competência dos juizados.
O surgimento do JEC ocorreu depois de muito clamor da sociedade, que não estava suportando os autos custos do processo e a lentidão processual. No presente artigo será abordado um breve histórico sobre esse órgão, demonstrando os responsáveis pela sua criação. Posteriormente serão abordados os princípios que norteiam o órgão. E por fim, será abordado seu objetivo e a sua competência.
O estudo desse órgão do Poder Judiciário é de grande importância para a sociedade, pois, é um mecanismo para proteger seus direitos quando eles forem ameaçados ou lesionados.
HISTÓRIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS NO BRASIL
O Poder Judiciário brasileiro visualizou a institucionalização dos Juizados de Pequena Causa, com base nas experiências consolidadas de países ligados ao sistema jurídico Common law, no qual, possibilitou o avanço dos seus objetivos de possibilitar o acesso à justiça. Nesse sentido dispõe Pinto (2014, p. 2) que a partir da experiência já consolidada em países especialmente ligados à família do Common law, o Poder Judiciário brasileiro vislumbrou a institucionalização dos Juizados de Pequenas Causas, que possibilitaria avançar em seus objetivos visando maior acesso à Justiça.
Assevera Vianna (1999, apud Chasin 2007, p. 42) que a história do surgimento do Juizado Especial de Pequenas Causas remete a dois atores principais, responsáveis pela formulação da ideia e criação da instituição: o Ministério da Desburocratização, responsável pela elaboração do projeto de lei que resultaria na criação do juizado, e Associação de Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS), pioneira na implementação da primeira instituição do pais semelhante ao juizado, o Conselho de Conciliação e Arbitramento.
Segundo Chasin (2007, p. 43) o Poder Judiciário foi aos poucos se envolvendo no Programa Nacional de Desburocratização, no qual, recebiam diversas reclamações com relação aos altos custos dos processos judiciais, da morosidade no andamento das ações. Nesse sentido, as diversas reclamações levaram a necessidade do Programa de enfrentar os problemas do Judiciário, procurando dar resposta e soluções.
Assim, foi promulgada a Lei 7.244/84 que regularizou a criação e o funcionamento do Juizado Especial de Pequenas causas, que posteriormente foi revogada pela Lei 9.099/95. Conforme preceitua o doutrinador Bahena (2006, p. 26) a Lei 7.244/84, fundamentou e regulamentou a criação e o funcionamento do Juizado Especial de Pequenas Causas, que foi revogada pela então Lei 9.099/95, a qual por sua vez limitou-se a oferecer a devida tutela às pessoas de pouco poder aquisitivo, proporcionando soluções quase que imediatas, através de audiência que procuram, acima de tudo, conciliação entre as partes litigantes. Desse modo, a criação dos Juizados se deu em virtude das reclamações da sociedade pelos altos custos dos processos e pela lentidão do processo.
Assim, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 98, I, dispôs sobre a obrigatoriedade de a União, no Distrito Federal e nos Territórios e os Estados criarem Juizados Especiais Cíveis e Criminais com competência para processar, julgar e executar as causas cíveis de menor complexidade e infrações de menor potencial ofensivo, mediante procedimento sumaríssimo incentivando a transação. Verifica-se que a magna carta incluiu a obrigatoriedade de criação dos juizados especiais cíveis e criminais.
Desse modo, com os Juizados Especiais o cidadão foi estimulado a exercer a cidadania, assim, preceitua Andrighi e Beneti (1996, p. 24) no sentido de buscar a Justiça para resolver seus conflitos, não a exercitando pelas suas próprias mãos, nem se mantendo omisso quanto aos seus direitos. Saliente-se, por fim, que a expressão “Juizado Especial de Pequenas Causas” constitui uma verdadeira logomarca que passou a integrar o cotidiano do cidadão e significa, para ele, a possibilidade de se chegar ao judiciário sem burocracia.
OS PRINCÍPIOS QUE REGEM O SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS
· Princípio da Oralidade
O princípio da oralidade está baseado na utilização da via oral e direta, sem necessidade de atender demasiadas formalidades. Nesse sentido, preceitua Campos (1985, p. 12) que a oralidade consiste na supressão ao máximo e na medida do possível de tudo quanto no processo tradicional era feito por escrito. No Juizado Especial de Pequenas Causas somente a sentença é obrigatoriamente escrita, as demais peças, como inicial, citação, defesa, depoimentos, etc. podem ser facultativamente escritos ou orais.
· Princípio da Simplicidade
O princípio da simplicidade está relacionado com a desnecessidade de formalismo, assim, aduz Cunha (2016, p. 12) que o princípio da simplicidade está diretamente relacionado aos demais e que preconiza a ideia de que o desenvolvimento do processo deve se dar de maneira facilitada, liberto do formalismo. Portanto, o princípio da simplicidade visa um processo simples,
sem complexidade.
· Princípio da informalidade
Esse princípio não visa à informalidade absoluta, segundo Campos (1985, p. 14) a lei não pode referir-se à informalidade absoluta, pois não haveria processo nem procedimento. O autor afirma que todo ato jurídico, processual ou não, se reveste de determinada forma e sem ela seria difícil a concretização do próprio direito. Com esse princípio o legislador quis afastar o formalismo carranca, que não leva a nada e conduz à complexidade inútil e perniciosa.
Nesse sentido, o princípio da informalidade está diretamente ligado ao princípio da simplicidade, pois ambos buscam desenvolver um processo mais simples, sem exageradas formalidade, para que o processo não se torne complexo como é no procedimento comum, pois, esse procedimento visa facilitar o acesso a sociedade. O autor Campos (1985, p. 14) informa que o princípio da informalidade se relaciona muito com o da simplicidade, e esses dois não devem andar separados.
· Princípios da economia Processual
Esse princípio é o que incentiva o cidadão procurar seus direitos, pois, não há despesa processual em primeiro grau, possibilitando aqueles que não possuem recursos financeiros de acionar o judiciário com maior facilidade. O Juizado Especial Cível é uma concretização do acesso à justiça a todos, no qual, proporciona condições para que os cidadãos possam rever seus direitos violados ou ameaçados. Segundo Souza (2010, p. 74) o princípio da economia processual está ligado á gratuidade para a prática dos atos processuais pelas partes, mas também a economia dos atos, no qual, somente os atos essenciais devem ser realizados, ou seja, aqueles necessários para atingir as finalidades do processo especial.
· Princípio da Celeridade
O princípio da celeridade busca um andamento processual mais rápido, mas com eficiência. Nesse sentido dispõe Souza (2010, p. 75) que o processo deve ser rápido, terminando o mais rápido possível, sem prejudicar a segurança das decisões. Pode visualizar esse princípio na legislação do juizado na abolição de prazos diferenciados. O autor informa ainda que a carta magna, em seu art. 5º, LXXVIII, preceitua como garantia constitucional a duração razoável do processo. 
Portanto, devido aos princípios que regem o Juizado Especial, verifica-se que a tendência e que o processo seja célere, não possui muito formalismo, busca a simplicidade, informalidade, a conciliação e a transação, resultando um procedimento mais rápido do que o procedimento comum.
OBJETIVO E COMPETÊNCIA DA LEI 9.099/95
Os Juizados Especiais Cíveis foram criados para solucionar os conflitos de menor complexidade de maneira mais célere e simples, com a intenção de possibilitar ao cidadão o acesso ao Poder Judiciário. Nesse sentido aduz Andrighi e Beneti (1996, p. 19) que os Juizados foram criados como um meio de ampliar o acesso ao Poder Judiciário, possibilitando que o cidadão, lesado em direitos de menor complexidade e de reduzido valor econômico, não se desestimule em buscar a proteção dos seus direitos.
Os doutrinadores Farias e Didier Jr. (2003, p. 485) informam que o objetivo do sistema é prestar uma jurisdição para aqueles que não tinham acesso aos meios jurisdicionais vigentes, através de mecanismos capazes de prestar uma tutela mais simples, rápida, econômica e segura. Logo, o principal objetivo dos Juizados é proporcionar o acesso à justiça para todos com mais celeridade e simplicidade no seu procedimento.
No que se refere à competência do juizado, o art. 3º da lei dispõe que as causas não podem exceder a quarenta vezes o salário mínimo; as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil; as ações de despejo para uso próprio e as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I do art. 3º. Verifica-se que o inciso I do artigo tem a limitação pelo valor. E os incisos II a IV, limita a competência pela matéria. Nesse sentido aduz Cunha (2016, p. 15) que o entendimento atual do STJ se dá no sentido de que a competência fixada pela matéria não se submete ao teto de 40 (quarenta) salários mínimos, no qual, para algumas matérias, ainda que de valor superior.
Assim, para as competências fixadas pela matéria, o Superior Tribunal de Justiça entende que as causas podem exceder o teto de 40 (quarenta) salários mínimos. Portanto, a competência do Juizado Especial Cível está disciplinada no art. 3º da lei 9.099/95, contendo todas as ressalvas e exceções.
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL NO SISTEMA DA LEI Nº 9.099/99
Os princípios norteadores do processo no JEC estão previstos no artigo 2º da efedrina Lei. A busca da conciliação ou da transação devem preponderar. Apenas subsidiariamente, diante de lacunas das normas específicas do Juizado Especial, aplicam-se as regras do Código de Processo Civil. Porém, nenhuma omissão da Lei nº 9.099/95 poderá ser suprida por regra do CPC que se mostre incompatível com os princípios fundamentais que norteiam os Juizados Especiais.
O ajuizamento do pedido no Juizado Especial Cível é opção do autor (v. enunciado nº 1 do FONAJE). O Juizado Especial foi concebido para ampliar o acesso à Justiça e não para restringi-lo, cabendo ao portador das pequenas postulações optar entre o Juizado Especial Cível e o Juízo Comum. A Lei Estadual aponta, de modo expresso, a facultatividade do Juizado Especial.
Cabendo salientar, ainda, que no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, instituídos pelas Leis nºs. 10.259/01 (JEC Federal) e 12.153/09 (JEC no âmbito da Fazenda Pública dos Estados, do DF e dos Municípios), a competência é considerada absoluta, ou seja, a parte não pode optar por mover sua ação no Juízo Comum.
COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
A competência do juizado cível é determinada pelos seguintes critérios:
• pelo valor da causa: até 40 salários mínimos;
• pela natureza da causa.
Em razão da matéria, o JEC é competente para conhecer:
a) das causas enumeradas no artigo 275, II, do CPC de 1973 (são as causas que no Juízo Comum seguem o rito sumário);
Obs.: nestas não há restrição ao teto de 40 s.m.
b) ações de despejo para uso próprio (também pouco importa o valor atribuído à causa ou o valor o imóvel);
c) ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente a 40 salários mínimos.
São causas tidas como de menor complexidade.
Ademais, vale ressaltar que o artigo 275 do CPC de 1973 não tem correspondência no CPC de 2015, haja vista que o rito sumário foi abolido, mas, de acordo com o artigo 1.063 do CPC de 2015, “até a edição de lei específica, os juizados especiais cíveis previstos na Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, continuam competentes para o processamento e julgamento das causas previstas no art. 275, inciso II, da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973.” 
Foro Competente
O Juizado Especial competente para deduzir o pedido, segundo o art. 4º da Lei nº 9.099/95, em regra geral, é o Juizado do domicílio do réu. Têm-se, ademais, foros supletivos especiais, de livre escolha do autor (art. 4º, I, II, III).
O Juizado Especial Cível também tem competência para executar suas próprias sentenças e para executar títulos extrajudiciais de valor até 40 salários mínimos (artigos. 52 e 53 da Lei nº 9.099/95).
As causas de natureza fiscal e de interesse da Fazenda Pública se incluem na competência dos Juizados instituídos pelas Leis nºs. 10.259/01 e 12.153/09.
A opção pelo procedimento sumaríssimo do JEC importa em renúncia ao crédito excedente ao limite de 40 salários mínimos, salvo as hipóteses de conciliação e de competência do JEC em razão da matéria.
O JEC é dirigido por juiz togado (Juiz de Direito). A conduta do juiz no processo é pautada pelos artigos 5º e 6º da Lei nº 9.099/95, a saber:
De qualquer modo, deve ser respeitado o devido processo legal, observando-se plenamente os princípios do contraditório e do tratamento igualitário das partes. O juiz togado pode ser auxiliado por conciliadores e juízes leigos art. 7º), que devem participar ativamente da tarefa de buscar a conciliação ou a transação. Infrutífera a solução negocial, passam a atuar
apenas o Juiz togado e o Juiz leigo. O juiz leigo pode dirigir a instrução e proferir sentença, submetendo-a, todavia, à apreciação do juiz togado (v. art. 40). Sendo facultado às partes poderem optar, no sistema da Lei nº 9.099/95, pelo juízo arbitral, previsto no art. 24. A solução da controvérsia é conferida a um árbitro. O árbitro só pode ser escolhido entre os juízes leigos, o que limita a adoção dessa alternativa:
PARTES NO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
A prioridade é a tutela de interesses das pessoas físicas. De acordo com o artigo 8º, § 1º, da Lei nº 9.099/95, somente pode figurar como autor pessoa física capaz. A Lei nº 9.841/99, no seu artigo 38, incluiu as microempresas entre os legitimados a atuar no pólo ativo do processo no JE. A empresa de pequeno porte também pode ajuizar ação no JEC (v. Enunciado nº 2 do FOJESP). Os incapazes não podem também ser demandados no JEC.
No polo passivo admite-se a integração de pessoas jurídicas, mas apenas as de direito privado (art. 8º, caput). Massa falida, preso, insolvente civil e empresas públicas da União também não podem ser autor ou réu no JEC.o Espólio pode ser autor se não houver interesse de incapazes. O enunciado nº 9 do FONAJE, que permite a propositura de ação no JEC pelo condomínio residencial: 
Nas causas até 20 salários mínimos, a assistência por advogado é facultativa. Nas causas de valor superior, essa assistência é obrigatória (regras específicas a respeito no art. 9º e seus parágrafos) –. Enunciado nº 36 do FONAJE:
Para recorrer, no entanto, a assistência por advogado é obrigatória, seja qual for o valor da causa (art. 41, § 2º). O mandato judicial ao advogado pode ser outorgado verbalmente em audiência, salvo para conferir poderes especiais – v. Enunciados nºs. 98 e 99 do FONAJE. Admitindo-se litisconsórcio no JEC, ativo ou passivo. Não se admite intervenção de terceiros, nem mesmo assistência – v. art. 10.
INSTAURAÇÃO DO PROCESSO
Quando apresentado oralmente, será reduzido a termo pela Secretaria.
Requisitos do pedido:
· - Indicação dos dados qualificativos das partes;
· - Indicação dos fatos e fundamentos jurídicos de forma sucinta;
· - Indicação do objeto (pedido) e seu valor.
Faculta-se a apresentação de pedido genérico, quando não for possível definir desde logo a extensão da obrigação do réu. O autor pode subscrever seu pedido nas causas até 20 vezes o salário mínimo; deve ser cientificado desde logo da data da audiência e das consequências do não comparecimento. É dispensável o protesto pela produção de provas como no Juízo Comum. Estas poderão ser produzidas na AIJ ainda que não requeridas previamente (art. 33).
Os pedidos no JEC podem também ser alternativos ou cumulados, devendo haver conexão entre eles e a soma não pode ultrapassar 40 s.m., ressalvadas as hipóteses de causas que se processam nos JE qualquer que seja seu valor (ex. causas enumeradas no art. 275, II, do CPC de 1973). 
Via de regra o pedido deve ser fixo; porém, diante da natureza da obrigação, o pedido pode ser alternativo – hipóteses em que o devedor pode cumprir a obrigação de mais de um modo (obrigações alternativas – arts. 888 a 889 do Código Civil). 
Admite-se ainda que os pedidos sejam formulados em ordem sucessiva, a fim de que o juiz conheça do posterior em não podendo acolher o anterior – (v. arts. 289 do CPC de 1973 e 326 do CPC de 2015 – apresentação de pedido principal e de pedido subsidiário).
DO PEDIDO
O pedido no JEC é registrado tão logo é apresentado na Secretaria. Atribuição de designar sessão de conciliação ou mesmo audiência una é da Secretaria. Admite-se que seja designada desde logo audiência una (conciliação, instrução e julgamento); as partes devem ser cientificadas dessa circunstância. A secretaria também faz expedir desde logo carta de citação. Respalda-se o dispositivo nos critérios da informalidade e da celeridade. 
A lei dispensou o despacho inicial do juiz, salvo quando apresentado pedido de antecipação da tutela de mérito. Na prática há repartição das audiências, com respaldo no art. 27, parágrafo único, da Lei 9.099/95. Assim, a primeira audiência se destina apenas à tentativa de conciliação; nela não há apresentação de defesa ou coleta de provas. Caso o requerido não compareça será considerado revel. 
Em se tratando de sessão de conciliação, a citação e intimação do réu devem ocorrer pelo menos 24 horas antes da audiência, por aplicação do art. 192 do CPC de 1973. 
Presentes as partes na primeira audiência, não sendo obtida a conciliação, será designada audiência de instrução e julgamento para um dos 15 dias subsequentes (art. 27, par. único). Na audiência de instrução e julgamento (AIJ) será então apresentada defesa (manifestação do requerido), será coletada prova oral e, quando possível, será proferida sentença. Caso ambas as partes compareçam pessoalmente perante o Juizado, instaura-se desde logo a sessão de conciliação. Dispensa-se, nesse caso, o registro prévio do pedido (art. 17). Ex.: acidente de trânsito sem vítimas. 
No entanto, em face dos princípios que regem os JEC, vem prevalecendo o entendimento de que a correspondência ou contrafé recebida no endereço da parte é eficaz para efeito de citação, desde que identificado o recebedor (Enunciado 5). 
Tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, considera-se válida a citação com a simples entrega da correspondência ao encarregado da recepção, a ser devidamente identificado. 
A citação por oficial não é opção do autor: apenas sendo necessária será realizada por oficial, independentemente de mandado ou carta precatória. 
Não se admite citação por edital – (art. 18, § 2º): esgotadas as possibilidades de citação pessoal ou com hora certa, o processo de conhecimento será extinto – art. 51, II.
INTIMAÇÃO
É feita na forma prevista para citação ou por qualquer meio idôneo da comunicação – fax, fonegrama, etc.
Havendo advogado constituído, a intimação da parte se dá com a simples publicação do ato no órgão oficial – aplicação do art. 236 do CPC de 1973 e 272 do CPC de 2015. 
Art. 19, § 2º- em havendo mudança de endereço no curso do processo, a parte fica obrigada a comunicar o juízo, sob pena de ser considerada válida a correspondência enviada ao endereço constante dos autos. 
Art. 22- a conciliação é conduzida por juiz togado ou leigo, ou por conciliador sob sua orientação. 
Não comparecendo o demandado, o juiz profere desde logo a sentença (art. 23). 
A lei estabelece a possibilidade de instauração de juízo arbitral – arts. 24 a 26. 
Impõe a escolha dentre os juízes leigos. 
Na prática a regra não tem maior aplicação. 
Em SP nem sequer adotou-se a figura do juiz leigo.
De qualquer modo, a lei prevê a homologação do laudo arbitral pelo juiz togado, sendo tal sentença irrecorrível- art. 26.
O autor pode responder o pedido contraposto desde logo ou requerer designação de nova audiência para tanto (art. 31, par. único).
MEIOS DE PROVA
Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda que não especificados em lei, são hábeis para provar a veracidade dos fatos alegados pelas partes.
Ou seja, é admissível qualquer meio de prova, desde que moralmente legítimo. Entende-se, no entanto, que se houver grande complexidade probatória o processo deve ser extinto, na forma do art. 51, II, da Lei 9099, remetendo-se as partes para o Juízo Comum. 
Irrelevante, de qualquer modo, a complexidade jurídica da matéria de mérito. As questões de direito, por mais complexas que sejam, podem ser resolvidas no Juizado Especial Cível.
O artigo 33 estabelece concentração da prova na audiência de instrução e julgamento. No Juizado Especial Cível, o juiz tem ampla liberdade para determinar a produção de provas de ofício, bem como para limitar ou excluir as que forem requeridas. 
Cada parte pode apresentar até 03 testemunhas na AIJ. Via de regra, elas são levadas à audiência independentemente de intimação. A lei não exige prévio depósito do rol de testemunhas em Cartório, como ocorre no Juízo Comum. Sendo admitida produção de provas ainda que não requeridas previamente. O rol só deve ser apresentado
com 5 dias de antecedência se a parte pretender a intimação das testemunhas (art. 34, § 1º). As testemunhas prestam compromisso. E a parte pode contraditar as testemunhas, arguindo incapacidade, impedimento ou suspeição, nos moldes do Código de Processo Civil. 
Admite-se acareação, podendo a prova técnica pode ser determinada. Consiste normalmente na inquirição, em audiência, de técnico de confiança do juiz (perícia informal).As partes podem apresentar parecer técnico sobre os fatos relevantes.
Para que seja observada a gratuidade, juízes costumam firmar convênios com os órgãos de classe (CREA, CRM, CRC) ou com Universidades Públicas, de modo a viabilizar os trabalhos periciais. 
SENTENÇA
Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido.
É dispensado relatório formal, previsto nos arts. 458, I, do CPC de 1973 e 489, I, do CPC de 2015. Cabe apenas breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência. Deve haver menção dos nomes das partes e da ação a que se refere. O juiz deve mencionar, no essencial, os informes trazidos nos depoimentos ( art. 36).
Não se admite sentença ilíquida, ainda que formulado pedido genérico (o juiz deve desde logo individuar o valor ou o objeto da condenação). O art. 39 define a ineficácia da sentença na parte que exceder a alçada estabelecida na lei. A restrição, todavia, não se aplica às causas que se processam no JEC sem limitação de valor. O limite também não subsiste em relação aos acréscimos supervenientes ao ajuizamento do pedido. Esse limite vale apenas para a data do ajuizamento. Não fosse assim o vencedor da causa estaria impedido de receber compensação pela desídia do réu no cumprimento da obrigação. 
MULTA COMINATÓRIA
Não fica limitada ao valor de 40 s.m.; deve ser razoavelmente fixada pelo juiz objetivando o adimplemento de obrigação de fazer ou não fazer, atendidas as condições econômicas do devedor, segundo Enunciados 144 do FONAJE:
ENUNCIADO 144 (Substitui o Enunciado 132) – A multa cominatória não fica limitada ao valor de 40 salários mínimos, embora deva ser razoavelmente fixada pelo Juiz, obedecendo ao valor da obrigação principal, mais perdas e danos, atendidas as condições econômicas do devedor
RECURSOS
Frise-se que o recurso é inominado. A lei assenta a irrecorribilidade da sentença homologatória de conciliação ou de laudo arbitral. O recurso inominado é examinado por Turmas Recursais – órgão de segundo grau do JEC. 
As Turmas são constituídas por três juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição. Temos então um órgão colegiado de juízes de primeiro grau, sem status de Tribunal.
No recurso as partes são obrigatoriamente representadas por advogado, seja qual for o valor da causa (art. 41, § 2º).
O prazo para recorrer é de 10 dias, contados da ciência da decisão. Exige-se petição escrita, contendo as razões e o pedido do recorrente. As decisões interlocutórias são, a princípio, irrecorríveis. Entende-se que essas decisões proferidas no curso do procedimento não são acobertadas pela preclusão, podendo ser impugnadas no próprio recurso interposto contra a sentença. Assim, não cabe recurso de agravo no JEC, salvo nas hipóteses dos artigos 544 e 557 do Código de Processo Civil de 1973 e 932 e 1.042 do CPC de 2015 (Enunciado 15 do FONAJE). 
As decisões interlocutórias não precluem. Admite-se, no entanto, o cabimento de agravo em hipóteses especiais. Exemplo: contra decisão que concede ou nega a antecipação da tutela de mérito ou liminar em medida cautelar. Sendo que se entende que tem cabimento no JEC a tutela antecipatória. Enunciado 26 do FONAJE:
Não cabe Recurso Especial contra decisão proferida, nos limites de sua competência, por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais (Súmula 203 do STJ). Cabe esse recurso somente em face de decisões de Tribunais ( art. 105, III, da CF). Mas cabe Recurso Extraordinário. CF não restringe RE em face de decisões de Tribunais (v. art. 102, III, da CF)- apenasrefere decisões proferidas em única ou última instância. O RE é interposto perante o Presidente do Colégio Recursal. 
Incabíveis recurso adesivo e embargos infringentes. Tais recursos só são admitidos nas hipóteses expressamente previstas no CPC e entre elas não se encontra o acórdão proferido por Turma de Recursos do JEC.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir que a criação dos Juizados Especiais Cíveis foi de suma importância para a sociedade. As pessoas que não tinham condições de arcar com as despesas processuais anteriormente, viram uma possiblidade de proteger seus direitos de forma econômica, célere e efetiva.
O JEC é um órgão que ampliou o acesso à justiça e que atendeu o clamor da população que não suportava os processos lentos e caros. Como foi demonstrado no presente trabalho, os Juizados abrange as ações de até 40 (quarenta) salários mínimos; as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil; as ações de despejo para uso próprio e as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I do art. 3º. Vale informar que no que tange a competência sobre a matéria, o Superior Tribunal de Justiça entende que esse valor pode ser excedido.
REFERÊNCIAS
ANDRIGHI, Fátima Nancy. BENETI, Sidnei Agostinho. Juizados especiais cíveis e
Criminais. Belo Horizonte: Del Rey, 1996.
BAHENA. Marcos. Juizados Especiais Cíveis e Criminal. São Paulo: Imperium, 2006.
CAMPOS, Antônio Macedo de. Juizado especial de pequenas causas: comentários à Lei n. 7.244, de 7 de novembro de 1984. São Paulo: Saraiva, 1985.
CUNHA. Maurício Ferreira. Juizados Especiais Cíveis e Criminais. 8 ed. Salvador: Juspodvim, 2016.
FARIAS, Cristiano Chaves de. DIDIER JR, Fredie. Procedimentos especiais cíveis: legislação extravagante. São Paulo: Saraiva, 2003.
SOUZA, Marcia Cristina Xavier de. Juizados especiais fazendários. Rio de Janeiro: Forense, 2010.

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