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2 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S 3 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S 3 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância R. Maria Matos, nº 345 - Loja 05 Centro, Cel. Fabriciano - MG, 35170-111 www.graduacao.faculdadeunica.com.br | 0800 724 2300 GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO. Material Didático: Ayeska Machado Processo Criativo: Pedro Henrique Coelho Fernandes Diagramação: Ayrton Nícolas Bardales Neves PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira, Gerente Geral: Riane Lopes, Gerente de Expansão: Ribana Reis, Gerente Comercial e Marketing: João Victor Nogueira O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profi ssionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S 4 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confi ança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, refl exiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profi ssionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfi l profi ssional, objetivando o aprimoramento para sua atua- ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualifi car ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! . É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profi ssional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professoras: Dra. Emiliana Cristina Melo, Fernanda Prado Marinho & Dra. Maria José Quina Galdino O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especifi cadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profi sisional. Esta unidade abordará os princípios éticos a serem aplicados na área da saúde. Existem várias teorias éticas e modelos de análi- ses teóricas que podem orientar a forma de ser e agir profi ssionalmen- te. Especifi camente, neste módulo, foram enfocadas: a) ética, moral e seus conceitos; b) direitos e deveres com relação à ética profi ssional e c) diretrizes e normas de pesquisas com seres humanos, discutindo e buscando a refl exão e o conhecimento mais profundo da ética para a prestação de cuidados à saúde no cotidiano. Para tanto, foram consi- derados conceitos, fundamentos dos valores e princípios éticos e dos direitos humanos. Além disso, Legislações e Resoluções específi cas para o exercício profi ssional, as quais são de grande relevância para provas e concursos públicos sem, no entanto, esgotar o assunto. Espe- ra-se que o aluno, por meio do conhecimento e da refl exão em torno da disciplina, consiga atuar na tomada de decisão, com a mínima chance de erro possível, tanto nos processos avaliativos, quanto na prática do exercício da profi ssão em seu cotidiano. Estar atento aos princípios éti- cos e morais, aos direitos e deveres profi ssionais e ao contexto ético em pesquisa envolvendo seres humanos, facilitará o exercício profi ssional do Enfermeiro e de qualquer profi ssional inserido na área da saúde. Ética. Bioética. Saúde. Saúde Coletiva. Trabalhador da Saúde. 9 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S 9 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 ÉTICA Apresentação do módulo ______________________________________ 10 12 CAPÍTULO 02 DIREITOS E DEVERES EM RELAÇÃO A ÉTICA PROFISSIONAL Conceitos, Princípios e Fundamentos ___________________________ 68 Ética e Moral ___________________________________________________ Ética Profi ssional ______________________________________________ 17 Legislação e Código de Ética dos Profi ssionais de Enfermagem __ 30 46 Principais Documentos que Amparam e Estipulam Garantias Aos Seres Humanos ___________________________________________ Recapitulando _________________________________________________ 70 CAPÍTULO 03 DIRETRIZES E NORMAS DE PESQUISA COM SERES HUMANOS Princípios Básicos: A Benefi cência, o Respeito à Pessoa e a Justiça ________________________________________________________ 75 77 79 80 82 86 26Recapitulando _________________________________________________ Projeto de Pesquisa ____________________________________________ Qualifi cação dos Pesquisadores ________________________________ Avaliação do Risco-Benefício ___________________________________ Consentimento Informado _____________________________________ Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos ____________ Principais Pendências que Ocasionam Devolução ou Pendência de Projetos de Pesquisa pelo CEP-CONEP ______________________ 87 Recapitulando _________________________________________________ 92 Fechando Unidade ____________________________________________ 98 Referências ____________________________________________________ 102 10 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S Todas as pessoas são confrontadas em sua vida social, com dile- mas de ordem ética, de maior ou menos complexidade. A escolha entre o “certo” e o “errado” é uma constante na vida das pessoas. Todo comporta- mento é determinado por uma “ideia ética” subjacente. A ética é de grande importância para a vida das pessoas e das sociedades, sendo um traço ca- racterístico daquelas sociedades que são mais fortes, coesas e solidárias. Nesta disciplina vamos discutir as relações humanas, de presta- ção de cuidados à saúde aplicadas à profi ssionais de saúde no seu cotidia- no, considerando conceitos, fundamentos dos valores e princípios éticos e dos direitos humanos. Com o passar do tempo, observamosinúmeras mudanças de comportamento que suscitam preocupação em relação aos valores vol- tados, principalmente, para a resolução de problemas objetivos, como o respeito ao ser humano e aos seus direitos. Em decorrência dessas mu- danças, observa-se o mal-estar moral e ético entre as pessoas, em cujas relações predominam a desconfi ança e a insensibilidade. Nesse contexto, despontaram problemas relacionados à conduta, o que determina a diminuição da capacidade de vida coletiva, afetando diretamente a saúde das pessoas, ou, a saúde coletiva. Quando lembra- mos que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente, a ausência de doenças ou enfermidades, já temos uma ideia do quanto a diminuição da capacidade de convivência social advinda da “desconfi ança” pode implicar na saúde. Não obstante, esta desconfi ança também é dire- cionada à ética, no contexto da prestação de cuidados à saúde. A intenção da disciplina é contribuir para a refl exão e o desen- volvimento de atitudes pautadas na ética e no olhar para a pessoa e para sociedade, com objetivo de exercer princípios e valores que favoreçam a convivência e a garantia dos direitos de todos: profi ssionais, pacientes, ci- dadãos e comunidade. Há várias teorias éticas e modelos de análise teórica que podem orientar a nossa forma de ser e agir profi ssionalmente. Mesmo levando em consideração que referências fi losófi cas e teóricas nos ajudam a pensar criticamente, é sempre bom ter em mente que a aplicação rotineira de mé- todos nunca é um substituto satisfatório para a inteligência crítica. Porém, não é nada simples responder as questões: como devem ser os profi ssionais da saúde em sua prática profi ssional? Como devem agir em relação aos outros e a si mesmo? Neste sentido, o propósito desta unidade é contribuir com fundamentos éticos que possibilitem a refl exão sobre a forma como temos agido e como temos sido enquanto profi ssio- nais de saúde. O objetivo é problematizar a relação cliente-profi ssional de 11 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S saúde, uma vez que é nessa prática cotidiana que se integram os elemen- tos próprios da conduta moral profi ssional. O capítulo 1, aborda conceitos, princípios e fundamentos éticos e morais importantes, que irão fundamentar e dar entendimento aos pró- ximos capítulos. O capitulo 2, que contempla os direitos e deveres com relação à ética profi ssional, além de conteúdo explicativo, traz leis e reso- luções, estas últimas com seus capítulos e artigos na íntegra, devido a sua necessária compreensão para a resolução de questões de provas e con- cursos. Já o capítulo 3, que aborda as diretrizes e normas em pesquisas com seres humanos, além do conteúdo apresentado neste material, exige o acesso às resoluções disponíveis na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), já que são inúmeros os documentos pertinentes ao assunto, os quais, são primordiais tanto para a pesquisa quanto para a con- dução e assertivo aceite de pesquisas no âmbito dos serviços de saúde. Temos o privilégio e a responsabilidade de cuidar e conviver com pessoas e nossas atitudes devem ser pautadas em princípios e valores que orientem nossas condutas profi ssionais e pessoais. A disciplina de Éti- ca Aplicada à Saúde, é uma semente que depende de terra fértil humana e de cuidados para crescer junto à humanidade. Todo o conteúdo aqui estudado é coletivo. Lembrem-se: “A tolerância é a consequência necessária do reconhecimento de que somos falíveis; errar é humano, e todos nós cometemos erros permanentemente. Então, perdoemo-nos uns aos outros as nossas loucuras. Este é o fundamento do direito natural” (Voltaire) 12 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S ÉTICA ÉTICA E MORAL São várias as concepções apresentadas para “Ética”. No en- tanto, podemos perceber que os vários fi lósofos e autores, chegam ao mesmo consenso: a ética se refere ao comportamento humano, orienta- do por regras de boa conduta na convivência em sociedade. “Ética” vem do Grego “ethos” que signifi ca “modo de ser” ou “caráter”. É um ramo, uma parte da fi losofi a responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refl etindo a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social. É o conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade. Para Dubrin (2003), a ética refere-se às escolhas morais que uma pessoa faz e o que essa pessoa deveria fazer. É o que ela consi- dera como certo e errado ou como bom ou mau e transforma valores em ação. Já Ferreira (2005, p.78), a defi ne como: “O estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal”. Ou ainda, um “Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano”. É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S 13 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S Em termos mais práticos, a ética é a área da fi losofi a que es- tuda as condutas do ser humano em sociedade. Pode parecer seme- lhante à lei, no entanto, a ética, em si, tem a ver com a conduta de um cidadão frente a seus semelhantes. É uma questão de respeito pela vida, patrimônio e bem-estar próprio e alheio. Ética é questão de hones- tidade e de retidão de caráter. A lei não cobre todos os princípios éticos e nem toda atitude antiética é criminosa. Por exemplo, a mentira é algo antiético, mas mentir em si não é considerado crime. Trasferetti (2006) traz em seus escritos, a ideia de autores que acreditam que o termo ética foi adquirindo contornos distintos com o passar dos tempos, mas que em geral, as pessoas associam o termo como um fardo pesado que torna a vida diminuída, sem gosto, sem qualidade. Para Transferetti (2006, p.44), “a distração e o gosto pessoal para as normas perderem o sentido e a ética cai em desuso”. “A lei, encarregada de disciplinar o comportamento humano, e os instrumen- tos de orientação para a cidadania perdem sua razão de ser. Somente valem o sucesso, o brilho pessoal, a vantagem em tudo”. Os termos ética e moral, ainda que empregados como sinônimos, não apresentam total equivalência. Embora estejam relacionados entre si, são dois conceitos distintos. No contexto fi losófi co, ética e moral são dois termos que se complementam, mas que possuem a origem etimológica e signifi cados diferentes. Agora que já nos apropriamos do conceito de ética, podemos dis- tinguir melhor tais diferenças. O termo “moral” é originário do termo latino “Morales”, que signifi ca “relativo aos costumes”, isto é, aquilo que se conso- lidou como sendo verdadeiro do ponto de vista da ação. A moral refere-se a um conjunto de regras aplicado no cotidiano e utilizado constantemente por cada cidadão. Estas regras orientam os indivíduos que vivem em dada sociedade, norteando seus julgamentos sobre o que é certo ou errado, mo- ral ou imoral, e as suas ações. É, portanto, fruto do padrão cultural vigente e engloba as regras tidas como necessárias para o bom convívio entre os membros que fazem parte de determinada sociedade. É o conceito que impõe limites às condutas humanas. Sem a moral seria impossível viver em sociedade. Ela defi ne o que posso ou não fazer, até onde vão meus direitos, quais os meios que posso utilizar para conquistar meus objetivos. Se isso é certo ou errado. A lei é oriunda da moral, mas nem tudo que legal é moral. Veja- 14 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R UP O P R O M IN A S mos, por exemplo, o caso das eleições de 2014. A então candidata, Dilma, prometeu uma série de coisas com o objetivo de ganhar as eleições, e de fato ganhou. No entanto, o fato da então candidata prometer coisas que ela sabia que não seria possível cumprir, foi uma conduta ilegal? Com certeza não, mas foi imoral. Moral tem a ver com sociedade, são conceitos coletivos, defi ni- ções comuns para se viver em sociedade. O que vale para um vale para todos os pertencentes àquele grupo. Pode-se afi rmar que, ao falarmos de moral, os julgamentos de certo ou errado dependerão do lugar onde se está. Por fi m, pode-se considerar que a ética engloba determinados ti- pos de comportamentos, sejam eles considerados corretos ou incorretos; já a moral estabelece as regras que permitem determinar se o comporta- mento é correto ou não. Se considerarmos o sentido prático, a fi nalidade da ética e da mo- ral é bastante semelhante, pois ambas são responsáveis por construir as bases que guiarão a conduta do homem, determinando o seu caráter e a sua forma de se comportar em determinada sociedade. Desta maneira, pode-se afi rmar que a ética é a parte da fi losofi a que estuda a moral, pois refl ete e questiona sobre as regras morais. Observe que Ética é o julgamento de uma conduta, ação, humana, com base em princípios morais de um determinado grupo ou sociedade. Vejamos como exemplo a verdade e mentira. Este é um padrão estabele- cido na cultura brasileira e você sabe o que é certo e errado com relação a este padrão. Faça o seguinte: imagine que você está em uma sala com mais duas pessoas e uma delas pergunta se você acha a outra pessoa bonita. Sem preconceitos ou qualquer coisa do gênero você iria responder que sim, a outra pessoa é bonita ou, no mínimo, você diria que ela é simpática. Muito bem, suponhamos que, na verdade, você achou que aquela pessoa é muito feia, horrível, parecia uma batida de trem, mas, mesmo assim você, por educação, diria que ela não é feia. Nesta situação você mentiu. Mentir é moralmente errado, portan- to neste exemplo, você teve uma conduta antiética devido ao fato de você ter ferido um princípio moral de um determinado grupo, no caso a socieda- de brasileira. Observe que houve uma ação, uma conduta humana, um jul- gamento ético. Você poderia simplesmente dizer a verdade, mas optou por mentir. Ética, portanto, estuda o comportamento do indivíduo com relação aos conceitos morais do grupo em que ele está inserido. Este quadro vai facilitar o entendimento e deixar mais evidente as diferenças entre ética e moral. 15 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S Observa-se ainda, subdivisões do termo ética. Alguns estudos teóricos da Filosofi a Moral subdivide a Ética em diversas categorias, as principais são três: Ética Descritiva, Ética Metaética e Ética Normativa (WIIG et al, 2016). 16 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S • Ética Descritiva: Descreve o que é o Bem e o que é o Mal, através da apreensão empírica dos fenômenos morais. Não há posicio- namento normativo. • Metaética: É abstrata e epistemológica, seu objetivo é investigar a natureza dos valores, dos juízos morais (bem/Mal); e os signifi cados da linguagem avaliativa (das estruturas do discurso), métodos e lógica. • Ética Normativa: Procura racionalmente confi gurar o campo prático da moral num estudo “histórico-fi losófi co ou conceitual” sobre normas morais das sociedades, desenvolvendo critérios. O foco das problemáticas é a ação-moral. Já a ética social, refere-se a um conjunto de regras ou dire- trizes as quais a sociedade adere. Muitas dessas regras geralmente não são ditas, mas são seguidas por dada sociedade. Servem de guia, estabelecendo as regras básicas para o que a sociedade julgar aceitá- vel. O bem-estar da sociedade como um todo é colocado à frente dos interesses de qualquer indivíduo, ajudando a garantir que todos sejam responsabilizados uns pelos outros. Assuntos como economia, imigração, pobreza e fome muitas vezes criam algumas discussões dentro do campo da ética social. Preo- cupações com o meio ambiente, a homossexualidade e a tolerância religiosa também tendem a fi gurar no topo da lista, juntamente com a pena de morte, o aborto e a clonagem humana. Esses e outros proble- mas semelhantes costumam suscitar grandes preocupações quando se trata de como as comunidades julgam “certo” e “errado”. A ética individual, se apresenta na concepção elaborada por M. Foucalt como cuidado de si. Coloca a refl exão sobre as condutas e o agir humano em termos de estilo, se distanciando da dicotomia per- mitido/proibido. Reforça a noção de responsabilidade sobre os nossos atos. Assim, a ética individual se conjuga com a responsabilidade social. O indivíduo, cuidando de si, cuida também dos outros adequadamente. A ética individual, refere-se à ética pura, que revela a ética pessoal a qual cada indivíduo aplica no seu dia a dia, em uma organização ou na sociedade. De forma geral, a ética discute os valores que se traduzem em existências humanas mais felizes, mais realizadas, com mais bem-es- tar e qualidade de vida. Busca os valores que signifi quem dignidade, liberdade, autonomia e cidadania. Na medida em que entendemos a importância da ética para a sobrevivência humana com qualidade e in- tegridade, compreendemos também a complexidade envolvida em suas relações com outros campos do saber e da prática, fundamentais à vida humana em sociedade. 17 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S CONCEITOS, PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS Para entendermos alguns princípios éticos aplicados à saúde, faz-se necessário ter conhecimento de vários conceitos. Alguns mais recentes, outros nem tanto. O termo “conceito” tem origem a partir do latim “conceptus” (do verbo concipere) que signifi ca “coisa concebida” ou “formada na mente”. Envolve o entendimento, julgamento, juízo, opi- nião, ponto de vista. Assim, precisamos ter algumas concepções em mente, as quais envolvem princípios gerais da ética e específi cos da ética aplicada à saúde. Neste módulo, descrevemos os principais con- ceitos acerca desta temática. Princípios e valores: Princípios, são pressupostos universais que defi nem regras essenciais que benefi ciam um sistema maior que é a humanidade. Va- lores, são regras individuais que orientam, como bússolas internas as relações, as decisões e as ações. SANTOS (2017), faz uma excelente analogia: os princípios são como o diamante, além de mais preciosos, se assemelham também por serem rígidos, constantes e inquebráveis. Princípios são, portanto, preceitos universais rígidos, regras incontestáveis e direcionamentos de conduta universal e atemporal. Ele por si só, não se quebra, mas sim a pessoa que não os seguem. Exemplos de princípios: amor, equilíbrio, pertinência, ordem. Os valores, por sua vez, são como o carvão, mais maleáveis, individuais, subjetivos e infl uenciados pelo externo, assim como o con- texto, a época, a cultura, o objetivo, o tempo e o interesse. São, portan- to, frágeis se não forem pressionados de forma adequada e se não tive- rem princípios como sua base. Além disso, por serem padrões sociais eles são subjetivos e contestáveis, por isso podem ser éticos ou não, dependendo de quem, ou qual cultura, o adota. Bioética: No termo bioética, bio representa o conhecimento biológico, a ciência dos sistemas viventes, enquanto ética, representa o conhe- cimento dos sistemas dos valores humanos. O nascimento da bioética como disciplina coincide, com um retorno do interesse da parte da éti- ca fi losófi ca pela ética prática; um interesse motivado pela urgência de fornecer um adequado fundamento ao debate público e as legislações e de conduzir o diálogo no contexto das sociedades pluralistas e demo- cráticas. 18 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U PO P R O M IN A S O nascimento da Bioética tem suas raízes ideológicas nos principais acontecimentos da 2ª Guerra Mundial, quando se observou maus tratos e abusos com os sujeitos das pesquisas. Os fatos ocorridos na guerra, geraram indignação e estimularam consciência e refl exão, capaz de estabelecer uma fronteira entre a ética e o comportamento humano. A partir destes acontecimentos, tem início a exigência de uma ética no campo biomédico, fundamentada na razão e nos valores objeti- vos da vida e da pessoa. Van Rensselaer Potter formulou sua defi nição que trazia o sentido de ética da terra: Nós temos uma grande necessidade de uma ética da terra, uma ética para a vida selvagem, uma ética de populações, uma ética do consumo, uma ética urbana, uma ética internacional, uma ética geriátrica e assim por diante (...) Todas elas envolvem a bioética... (POTTER, 1970, p, 53). Pouco depois, Potter traz a visão original do compromisso huma- no frente ao equilíbrio e preservação da relação dos seres humanos com o ecossistema e com a vida do planeta: “Eu proponho o termo Bioética como forma de enfatizar os dois componentes mais importantes para se atingir uma nova sabedoria, que é tão desesperadamente necessária: conheci- mento biológico e valores humanos”. (Potter, 1971, p.2). A bioética é uma área da ética geral. Não tem por objetivo elabo- rar novos princípios éticos, mas aplicar princípios existentes nas ciências da vida e do cuidado da saúde, especialmente aos novos questionamentos que estão surgindo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) defi niu, em 2001, a bioé- tica como sendo o uso criativo do diálogo para formular, articular e, sempre que possível, solucionar dilemas propostos pela investigação e pela inter- venção sobre a vida, a saúde e o meio ambiente. Em 2005, a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Huma- nos (DUBDH), homologada unanimemente pelos 191 Estados-Membros da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cul- tura, reconheceu os direitos humanos como referencial mínimo universal para a bioética. A Declaração parte do reconhecimento de que a saúde é resultante de uma multiplicidade de aspectos que abrangem não só o progresso científi co e tecnológico, mas também fatores sociais e culturais (UNESCO, 2005). As transformações observadas na economia mundial a partir do recente processo de globalização promoveram profundas mudanças com- portamentais, estreitando os contatos entre pessoas e grupos sociais como consequência do aumento dos deslocamentos humanos e das migrações, determinando novas formas de convivência entre diferentes pessoas e 19 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S culturas. Nesse contexto, passaram a ocorrer com maior amplitude e vi- sibilidade fenômenos como etnocentrismo, racismo, xenofobia, sexismo e homofobia, como consequência da intolerância diante das diferenças, fato que acabou originando violações aos direitos humanos de pessoas e gru- pos não integrados à sociedade circundante. Para Gogoi e Garrafa (2014), o campo da saúde não fi cou imune a esse fenômeno. Confl itos éticos relacionados a diferenças étnicas, se- xuais ou de gênero ainda são frequentes. A área das políticas públicas, principalmente em relação à defi nição de prioridades em saúde, passando a lidar com processos de escolha permeados por confl itos éticos, os quais envolvem as diferenças presentes na sociedade e, apesar dos avanços im- portantes relativos ao reconhecimento dos direitos sociais, entre os quais o direito à saúde, existe ainda um défi cit de concretização desses direitos em especial, para os grupos minoritários e socialmente excluídos, problema que deve ser enfrentado não só no plano jurídico, mas principalmente no plano social e ético. Em uma abordagem clássica, também conhecida como corrente canônica, a bioética centra-se em alguns princípios, cuja aplicação supos- tamente leva à solução dos dilemas éticos na saúde: autonomia, benefi - cência e não-malefi cência, justiça, confi dencialidade. Essa abordagem, tal como feita pelos americanos, ganham, atualmente, força de lei no plano internacional. “Os quatro princípios da bioética americana simplesmente se tornaram os princípios da bioética” (GODOI, GARRAFA, 2014, p.98). A principal crítica a tal abordagem é de que os princípios são to- mados como enunciados, sem preocupação na sua legitimação. Não há uma teoria bioética, embora haja uma prática que apele a tais princípios. Ou seja, há um pragmatismo ético, sendo os princípios aplicados de forma mecânica, automática. Além disso, vem de pontos de partida e matrizes de pensamento diversas, não havendo uma unidade sistemática. A Bioética discute ainda, alguns temas polêmicos, como eutaná- sia, distanásia, autonomia. Como dar más notícias, alocação de recursos, ordens de não ressuscitação, suspensão ou não instalação de alimentação e/ou hidratação artifi cial, sedação paliativa (sedação controlada) e fi nitude da vida. Eutanásia: prática para abreviar a vida, a fi m de aliviar ou evi- tar sofrimento para os pacientes (JUNGES et al., 2010). O termo su- pracitado é ilegal no Brasil, porém é aceito em alguns países, como a Holanda e a Bélgica. 20 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S Distanásia: Procedimento muitas vezes praticada no campo da saúde. É conceituada como uma morte difícil ou penosa, usada para indicar o prolongamento do processo da morte, por meio de tratamento que apenas prolonga a vida biológica do paciente, sem qualidade de vida e sem dignidade. Também pode ser chamada de obstinação tera- pêutica (SELLI; ALVES, 2009). Enquanto na eutanásia, a preocupação principal é com a qualidade de vida remanescente, na distanásia, a in- tenção é de se fi xar na quantidade de tempo dessa vida e de instalar todos os recursos possíveis para prolongá-la ao máximo. Ortotanásia: Boa morte ou morte digna tem sido associada ao conceito de ortotanásia. Etimologicamente, signifi ca morte correta - orto: certo; thanatos: morte. Traduz a morte desejável, na qual não ocor- re o prolongamento da vida artifi cialmente, através de procedimentos que acarretam aumento do sofrimento, o que altera o processo natural do morrer. Na ortotanásia, o indivíduo em estágio terminal é direciona- do pelos profi ssionais envolvidos em seu cuidado para uma morte sem sofrimento, que dispensa a utilização de métodos desproporcionais de prolongamento da vida, tais como ventilação artifi cial ou outros procedi- mentos invasivos. A fi nalidade primordial é não promover o adiamento da morte, sem, entretanto, provocá-la; é evitar a utilização de procedi- mentos que aviltem a dignidade humana na fi nitude da vida (VILLAS- -BÔAS, 2008). As questões de bioética dizem respeito a vida dos membros da sociedade, por isso, devem abordadas e discutidas dentro da socieda- de. Condições como reprodução assistida, aborto, engenharia genéti- ca, planejamento familiar, doação de órgãos, suicídio assistido e outros assuntos que interessam a pessoa, ou ao cidadão, devem ser regula- mentados democraticamente. Não por colegiados de médicos ou juízes, mas por cada cidadão. Apesar da grande importância dada mundialmente a bioética, não há muito publicado sobre o assunto na língua portuguesa ou por autores brasileiros. A Bioética propõe que o posicionamento de cada pessoa quan- to as mais diversas questões éticas, seja individual e independente, e que a harmonização do convívio social com relação a assuntos éticos, resulte de uma discussão ampla dentro da sociedade. Uma ótima leitura sobre Bioética é possível por meio do livro: 21 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S O que é Bioética, das autoras Débora Diniz e Dirce Guilhem. Editora brasiliense. Primeira versão e-book, 2017. Outra leitura importante:Os princípios da Bioética, por Lorena Duarte Lopes Maia. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=18566&revista_ caderno=6 Dilemas éticos: Diante das constantes transformações que ocorrem na socie- dade, os profi ssionais da saúde estão envolvidos em dilemas de cunho ético em seu cotidiano, participando tanto de forma passiva como ati- va de ações nas quais o desrespeito ao ser humano é evidente. É comum nos deparar com situações delicadas, tanto na vida pessoal, quanto na vida profi ssional. Nestas situações, é necessário pensar nas consequências, considerando os valores éticos e morais para agir. Dentre estas situações, ou “dilemas éticos”, podemos citar: conviver com atitudes ou atos antiéticos como furto, suborno, imparcialidade nas ações, utilização de informações confi denciais em próprio benefício ou em benefício de outros, eutanásia, distanásia, ortotanásia, dentre ou- tros. No Brasil, especifi camente com relação a Enfermagem, 80% das denúncias surgem a partir de questões de enfrentamento, desacor- dos e desentendimentos e são tipifi cadas, principalmente, como impru- dência ou negligência, como as condutas avaliadas como impróprias na realização procedimentos, desrespeito nas relações interpessoais, divulgação inapropriada ou inverídica nas mídias sociais, maus tratos a pacientes, exercício ilegal da profi ssão, assédio moral, abuso de poder e confronto de competências (COREN, 2018). Na área da saúde, as modifi cações terapêuticas e de cuidado ocorrem rapidamente e de uma forma signifi cativa. Esta rapidez, faz com que os dilemas éticos sejam preocupação constante! Tomar uma decisão nem sempre é fácil. E se existem ques- tões que são simples de resolver, também existem outras que, tendo prós e contras importantes, se assumem como verdadeiros dilemas, onde o certo e o errado podem ser difíceis de determinar. Para tanto, os 22 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S aspectos morais e éticos, devem ser pautados e analisados com base nas leis, normas e resoluções vigentes, garantindo a certeza de que irá tomar a melhor decisão e agir de forma ética, sem passar por cima dos seus valores morais, profi ssionais e pessoais. Muitas vezes, os confl itos éticos passam desapercebidos. Nem sempre é possível enxergar os problemas e dúvidas diante de situações peculiares e, outras vezes, se fi ca indiferente aos mesmos. É necessá- rio problematizar o cotidiano, perceber as difi culdades, contradições, e questionar. Reconhecer uma situação dilemática é o primeiro passo na constituição de sujeitos éticos (LUNARDI et al., 2004). Equidade e Igualdade: Equidade e igualdade possuem sutis diferenças de entendi- mento, no entanto, são princípios fundamentais para sociedades que se querem justas. Contemporaneamente, equidade e igualdade cons- tituem valores essenciais para a construção de políticas públicas volta- das para a promoção da justiça social e da solidariedade. Quando grupos e indivíduos têm seus destinos entregues ao livre jogo do mercado, a tendência é o crescimento das diferenças so- ciais, do egoísmo possessivo das características da sociedade capita- lista. Pergunta-se: como se pode renegar a equidade como princípio de políticas sociais se o seu contrário se chama iniquidade? Como relegar a igualdade à história se o seu antônimo é a contínua e persistente de- sigualdade? (AZEVEDO, 2013). Esse raciocínio pode ser compreendido exemplifi cando o prin- cípio de igualdade baseado no trabalho, onde cada qual segundo sua capacidade, a cada qual segundo o trabalho realizado, permite o exer- cício do princípio de tratar desigualmente os desiguais para se alcançar a igualdade. Com este entendimento, o direito não teria que ser igual, mas desigual. A título de ilustração de um “direito desigual”, podemos citar por exemplo, o princípio da progressividade no direito tributário. Segundo este princípio, a alíquota de taxação deve ser maior para quem ganha mais, ou seja, quem ganha mais, contribui mais para o fundo público. Aplicando-se a progressividade tributária, o direito desigual arrecada mais para a promoção equitativa do bem comum. Neste sentido, o Estado, por intermédio do direito tributário, grava os mais aquinhoados para promover maior igualdade entre os membros da sociedade e para diminuir a diferença de renda entre as classes sociais. Assim, aqueles que têm mais e ganham mais pagam mais impostos e taxas para a redistribuição da renda social e a oferta de bens públicos. Aquele que ganha menos paga menos ou não paga e ainda recebe os benefícios da redistribuição. 23 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S O mesmo raciocínio é válido para as políticas educacionais. Se todos são tratados igualmente pelo Estado (direito igual), a desigual- dade permanece. Caso o “direito igual” prevaleça, os que, por contin- gências sociais, culturais e econômicas, tiverem menos oportunidades de estudos e de aquisição de conhecimento, continuarão a receber de- sigualmente conteúdos e capital cultural relacionados à ciência e ao saber. Em outras palavras, tratando a todos os educandos, por mais desiguais que eles sejam de fato, como iguais em direitos e deveres, o sistema escolar é levado a dar sua sanção às desigualdades iniciais diante da cultura (BOURDIEU, 1999, p. 53). De uma forma bem simplista: Equidade não é sinônimo de igualdade. A equidade cobra mais de quem tem mais (a igualdade, co- bra igualmente de todos) e dá mais a quem tem menos. Mas vale lem- brar que, o objetivo da equidade é aproximar os sujeitos da igualdade social ou da justiça. Justiça: São muitas as perspectivas de justiça. O conceito de Justiça, historicamente, tem a sua origem no termo latino iustitĭa e refere-se a uma das quatro virtudes cardinais (ou cardeais), e signifi ca aquela cons- tante e fi rme vontade de dar aos outros o que lhes é devido. A Justiça é aquilo que se deve fazer de acordo com o direito, a razão e a equidade. Historicamente e ainda com o sentido dado biblicamente (que podem ser encontrados em (Gênesis, capítulo 2, versículo15; Levíticos, capí- tulo 26, versículos de 5-6; Isaías capítulo1, versículo 5; dentre outros), Justiça é um conceito que se refere a um estado ideal de interação social em que há um equilíbrio, que por si só, deve ser razoável e im- parcial entre os interesses, riquezas e oportunidades entre as pessoas envolvidas em determinado grupo social. Este conceito está presente nos estudos de direito, fi losofi a, ética, moral e religião. Suas concepções e aplicações práticas variam de acordo com o contexto social e sua perspectiva interpretativa, o que origina controvérsias entre pensadores e estudiosos. Na bíblia católica a Justiça percorre todas as páginas e é alvo de todos os escritos sa- grados, pois Deus é um Deus de Justiça que leva a sua Justiça a cada ser humano em particular resgatando sua dignidade e o colocando em harmonia com toda a sua obra criadora. Consiste na particularidade do que é justo e correto, é a virtu- de que consiste em oferecer ou deixar a cada um o que por direito lhe pertence. A justiça deve buscar a igualdade entre todos cidadãos que convivam em um mesmo grupo, com respeito ver a todos da mesma forma perante as suas leis e oferecer a todos iguais garantias, mas 24 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S enfi m a Justiça é um conceito abstrato, que se refere a um estado ideal de interação social, em que há um equilíbrio razoável e imparcial entre os interesses, riquezas e oportunidades, entre as pessoas envolvidas dentro de um determinado grupo social. Segundo um dicionário da Língua Portuguesa (MICHAELIS, 2019), o termo ou palavra justiça, possui inúmeras determinações, no entanto uma apenas complementa a outra, mantendo sempre seu signi- fi cado original: Qualidade ou caráter do que é justo e direito; Conformi- dade dos fatos com o direito; faculdade de julgar segundo o que é justo e direito; Princípiomoral e de valor que se invoca para dirimir a disputa entre as partes litigantes; Aplicação do direito e das leis; poder de fazer justiça, poder de decidir sobre os direitos de cada um; O exercício desse poder; O sistema pelo qual as pessoas são julgadas em cortes; Tribu- nais, magistrados e todas as pessoas encarregadas no exercício da justiça; Cada uma das jurisdições que têm a seu cargo a administração da justiça; O reconhecimento do mérito e do valor de algo ou alguém. Imparcialidade: O termo imparcialidade pode ser entendido como um critério de justiça e equidade que se baseia em decisões tomadas com objetivi- dade, ou seja, signifi ca que a pessoa a quem compete julgar ou decidir uma questão deve manter a imparcialidade e não se deixar infl uenciar por prejuízos ou interesses que o levem a tentar benefi ciar uma das partes. É um termo praticado na imprensa e na justiça, e se refere a não privilegiar ninguém e nenhuma parte. Para exemplifi car, podemos pensar em uma dada situação: Suponhamos que um balão parte a janela de uma casa. Uma mulher sai da casa e encontra dois meninos que ela acha suspeitos. Entretan- to, outro menino chega e ela pergunta-lhe se viu quem partiu a janela. Como este menino é amigo de um dos acusados, não hesita em apontar o dedo a outra criança, mesmo não fazendo ideia daquilo que aconte- ceu na realidade. Essa decisão não é imparcial, uma vez que o suposto testemunho, por solidariedade ao seu amigo, quis salvá-lo do problema e não foi justo com o outro. Imparcial é um adjetivo de dois gêneros que descreve uma pessoa ou entidade que não é parcial, signifi ca alguém justo, reto, equi- tativo, equânime, apartidário ou neutro. Se um juiz de futebol benefi cia a equipe para o qual ele torce, ele está sendo parcial. O contrário da imparcialidade é a parcialidade. Negligência: Na negligência, alguém deixa de tomar uma atitude ou apre- 25 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S sentar conduta que era esperada para a situação. Age com descuido, indiferença ou desatenção, não tomando as devidas precauções. Pode ser resumido como: desleixo, descuido, desatenção, menosprezo, in- dolência, omissão ou inobservância do dever, em realizar determinado procedimento, com as precauções necessárias. Exemplo: médico que, ao realizar uma cirurgia, esquece um bisturi dentro do paciente. Imprudência: A imprudência, por sua vez, pressupõe uma ação precipitada e sem cautela. A pessoa não deixa de fazer algo, não é uma conduta omissiva como a negligência. Na imprudência, ela age, mas toma uma atitude diversa da esperada. Pode ser resumido como: falta de técnica necessária para realização de certa atividade, falta de cuidado, falta de precaução. Exemplo: motorista dirigindo em velocidade acima da permitida. Imperícia: Para que seja confi gurada a imperícia é necessário constatar a inaptidão, ignorância, falta de qualifi cação técnica, teórica ou prática, ou ausência de conhecimentos elementares e básicos da profi ssão. Um médico sem habilitação em cirurgia plástica que realize uma operação e cause deformidade em alguém pode ser acusado de imperícia. Pode ser resumido como: falta de cautela, de cuidado, é mais que falta de atenção, é a imprevidência acerca do mal, que se deveria prever, po- rém, não previu. Exemplo: engenheiro elétrico que assina um projeto de construção de um grande edifício. Tal profi ssional não tem conhe- cimento técnico para o fazer; o profi ssional habilitado é o engenheiro civil. INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Divisão de Ética das Ciências e Tecnologias. Setor de Ciências Sociais e Humanas. Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos. Paris, 2006. Disponível em:http://bvsms.saude.gov. br/bvs/publicacoes/declaracao_univ_bioetica_dir_hum.pdf SANTOS, M. Qual é a diferença entre princípios e valores? E o que isso tem a ver com a sua vida. Elos 360, 2017. Disponível em: <https://elos360.com.br/2017/02/20/qual-e-diferenca-entre- -principios-e-valores-e-o-que-isso-tem-ver-com-sua-vida/>. 26 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2011 Banca: FCC Órgão: TRT – Tribunal Regional do Traba- lho da 24ª Região - Mato Grosso do Sul) Prova: Técnico Judiciá- rio-Enfermagem: Médio. No exercício da enfermagem, situações podem acontecer por dis- plicência, atitude precipitada e falta de conhecimento técnico do profi ssional ao executar um determinado procedimento. Previstas no Código de Ética dos Profi ssionais de Enfermagem, tais falhas caracterizam-se, respectivamente, por: a) imperícia, imperícia, negligência b) negligência, imprudência, imperícia c) imperícia, negligência, imprudência d)imprudência, imperícia, negligência e) negligência, negligência, imprudência. QUESTÃO 2 Ano: 2015 Banca: IOBV Órgão: Prefeitura de Apiúna- SC. Prova - Auxiliar de Administrativo: Médio Quanto às regras de hierarquia no trabalho, é correto afi rmar que: a) Não há hierarquia no âmbito b) Todo profi ssional deve respeitar apenas sua chefi a direta; c) O profi ssional pode se recusar a fazer o seu trabalho. d) O profi ssional deve realizar as atividades para as quais foi contratado com perícia e prudência. QUESTÃO 3 Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: SEFAZ-RS Prova: Técnico Tribu- tário da Receita Estadual – SEFAZ_RS: Médio Os conceitos de ética e moral estão relacionados a noções de certo e errado, bem e mal. Embora, às vezes, os conceitos sejam usados de forma intercambiável, representam preceitos fi losófi cos diferentes, porque a ética: a) Consiste em princípios gerais defi nidos pelo grupo; b) É governada por normas sociais e culturais; c) É regida por normas legais ou profi ssionais aplicadas aos indivíduos; d) Tende a variar de uma sociedade para outra e depende de fatores como religião e cultura; e) É estruturada pelo grupo, não deixando margem de escolha indivi- dual. 27 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S QUESTÃO 4 Ano: 2017 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: EBSERH Prova: Téc- nico em Análises Clínicas (HUJB – UFCG): Fácil A bioética é apoiada por quatro princípios e um deles assegura o bem-estar das pessoas, evitando danos, e garante que sejam aten- didos seus interesses. Busca-se a maximização do benefício e a minimização dos agravos. Esse é o princípio da a) autonomia. b) não malefi cência. c) benefi cência. d) justiça. e) igualdade. QUESTÃO 5 Ano: 2017 Banca: CS-UFG Órgão: UFG Prova: Enfermeiro UFG: Médio A sondagem nasoentérica é uma atividade privativa do enfermeiro. Mesmo sabendo do grau de risco envolvido na atividade, o técni- co em enfermagem acredita que é possível realizar a técnica sem prejuízo para o paciente. Ao executá-la, o técnico em enfermagem pratica a ocorrência ética de: a) imperícia. b) iatrogenia. c) imprudência. d) negligência QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Alguns princípios e conceitos, são muito importantes para conhecer e diferenciar ética de moral. Diferencie ética de moral e descreva uma situação (uma pequena história) que exemplifi que esta diferença. TREINO INÉDITO A Bioética discute alguns temas polêmicos, como dar más notícias, alocação de recursos, ordens de não ressuscitação, suspensão ou não instalação de alimentação e/ou hidratação artifi cial, sedação paliativa (sedação controlada) e fi nitude da vida. Com base na bioética, assina- le a alternativa INCORRETA: a) O termo eutanásia é aplicado a prática de abreviar a vida para aliviar o sofrimento do paciente. b) As questões de bioética dizem respeito a vida dos membros da so- 28 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S ciedade, por isso, devem abordadas e discutidas dentro da sociedade. c) O termo distanásia consiste na prática de tratamentos que prolon- gam a vida sem a preocupação da qualidadeda vida e da dignidade do paciente. d) Condições como reprodução assistida, aborto, engenharia genética, planejamento familiar, doação de órgãos, suicídio assistido e outros assuntos que interessam a pessoa, ou ao cidadão, devem ser regula- mentados democraticamente. Não por colegiados de médicos ou juí- zes, mas por cada cidadão. e) Na ortotanásia, o indivíduo em estágio terminal é direcionado pelos profi ssionais envolvidos em seu cuidado para uma morte sem sofrimen- to, que dispensa a utilização de métodos desproporcionais de prolon- gamento da vida. É uma prática legalizada no Brasil, e só deve ser utilizada pelos profi ssionais da saúde após avaliação da equipe médica e confi rmação de morte eminente. NA MÍDIA ENFERMEIRO QUE APLICOU SUPERDOSE PRESTA DEPOIMENTO EM CONSELHO Em 2013, um enfermeiro aplicou uma superdose de adrenalina em uma criança de 1 ano e sete meses. A criança, foi a óbito dias depois de receber a substância. Em depoimento, o enfermeiro alegou ter “es- tranhado” a alta dosagem, mas cumpriu determinação da pediatra. Este caso clássico de imperícia, noticiado nas principais redes nacio- nais de comunicação, culminou com processo sobre o profi ssional de enfermagem e sobre a médica. O Coren-DF teve um prazo de seis meses para entregar o relatório fi nal sobre a investigação e foi em defesa do enfermeiro: “Ele se apre- sentou por livre e espontânea vontade e informou que questionou a médica duas vezes sobre a quantidade de adrenalina. Como a aplica- ção foi intramuscular, que tem absorção mais lenta, e não intravenosa, como é de costume, ele aplicou a medicação. Se fosse aplicada de forma intravenosa, ele não faria”, afi rmou o presidente do Coren-DF na época, Wellington Antônio da Silva. No depoimento, o profi ssional afi rmou que temeu que algo pudesse acontecer com a menina, caso não aplicasse a adrenalina. De acordo com o promotor de Justiça Thiago Gomide Alves, a médica agiu “com imperícia, descumprindo as regras técnicas de sua profi s- são”, o que provocou a morte da criança. A decisão do promotor foi baseada em investigações realizadas pelo MPDFT e no laudo de ne- 29 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S cropsia realizado pelo Instituto de Medicina Legal (IML). Este caso fatal de imperícia, leva a uma extensa refl exão ética. Para o presidente do Coren-DF, o momento é importante para se debater o papel dos profi ssionais que compõem as equipes que prestam atendimento nas unidades de saúde. Fonte: Globo .com/G1 Data: 23 maio 2013 21h58 Leia a notícia na íntegra: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2013/01/enfermeiro-que- -aplicou-superdose-presta-depoimento-conselho.html NA PRÁTICA São muitas as refl exões que emergem das condutas do ser humano. Essas condutas evidenciam seus valores éticos e morais. Existem inúmeras formas para evidenciar tais valores, e os fi lmes, cer- tamente expressam esses valores em determinadas culturas. Apresentamos aqui, uma lista de sugestões de cinco fi lmes. Nem todos são fi lmes de sucesso, mas são enfáticos nos valores éticos e morais que norteiam suas estórias. A sugestão, é que sejam assistidos em pe- quenos grupos e, discutidas as questões tratadas dentro dos conceitos éticos e morais e cada um. Vamos lá? The Purge (2013). Uma noite de crime. São 12 horas liberadas para que qualquer cidadão possa cometer qualquer tipo de crime. Ex-Machina (2015). Instinto artifi cial. O fi lme conta como é a relação humana com a inteligência artifi cial e, como a inteligência artifi cial pode infl uenciar nossas ações. Mary and Max (2019). Uma amizade diferente. Conta a estória de uma garotinha de oito anos, que sofre com seu peso e com a solidão e, de uma adulta que também sofre com a obesidade e com uma doença cha- mada síndrome de asperger, que infl uencia em suas relações sociais. 21 Gramas (2013). Envolve três personagens, cada um com problemas diferentes, relacionados a vida e a morte (transplante de coração, con- sumo abusivo de drogas, ex-presidiário que encontra na religião, seu alento). Detachment (2011). O substituto. Conta a história de um professor que decide ser professor substituto. Sua vida cruza com três pessoas: Uma aluna que sofre de depressão, uma professora e uma adolescente e ga- rota de programa. Essas pessoas infl uenciam a vida e a saúde mental deste professor, levantando inúmeros questionamentos éticos e morais. 30 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S ÉTICA PROFISSIONAL Toda a humanidade tem poder e responsabilidade em relação à ética. A humanidade é o elemento de ligação para realizá-los. A res- ponsabilidade ética, se pudesse ser medida, teria o tamanho e o peso dos direitos humanos reunidos de todo o mundo. A moral disciplina o comportamento do homem ele e com o meio social em que vive. Envolve os costumes, deveres e modo de pro- ceder dos homens com outros homens, segundo a justiça e a equidade. Os princípios éticos e morais são pilares na construção da identidade profi ssional e sua moral contribui para a formação da consciência profi s- sional que, quando aplicada as atividades profi ssionais, é indispensável porque na ação humana “o fazer” e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à efi ciência que todo pro- fi ssional deve possuir para exercer sua profi ssão com responsabilidade. O agir, refere-se à conduta, a um conjunto de atitudes que devem ser assumidas no desempenho das atividades profi ssionais. DIREITOS E DEVERES EM RELAÇÃO A ÉTICA PROFISSIONAL É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S 31 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S A deontologia, é a ciência dos deveres profi ssionais. Estuda os direitos, juízos de valores e busca compreender a ética como condição essencial para o exercício profi ssional. Apesar de basearem-se em regras que visam estabelecer de- terminada previsibilidade para as ações humanas, a moral e o direito, se diferenciam. A moral estabelece regras que são assumidas pela pes- soa, como forma de garantir o seu bem-viver Independe das fronteiras geográfi cas, e garante ações semelhantes entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam um mesmo referencial comum. O direito, por meio das leis, tem uma base territorial, que valem apenas para a área geográfi ca onde uma determinada população vive. Diferencia-se da ética e da moral por não estabelecer regras. A ética estuda o que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado, em busca de justifi cativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. A refl exão ética sobre o exercício profi ssional deve ser iniciada muito antes do início das práticas profi ssionais, em geral, no início da adolescência, quando se tem início o processo de escolha da profi ssão. Esta escolha, deve ser optativa, mas ao escolhê-la, devem ser observa- dos o conjunto de deveres profi ssionais que serão obrigatórios durante o seu exercício. Quando se escolhe uma carreira e os deveres que irá assumir, tornando-se parte desta categoria. A formação profi ssional, o aprendizado das competências e ha- bilidades, referentes à prática específi ca numa determinada área, inclui muita refl exão antes do início do exercício da mesma. Ao completar a formação em nível superior, o profi ssional faz um juramento, no qual se compromete a exercer a profi ssão comprometido com os deveres nela contido, caracterizando o aspecto moral da chamada Ética Profi ssional. A ética profi ssional é o conjunto de valores, normas e condutas que conduzem e conscientizam as atitudes e o comportamento de um profi ssional. O indivíduo que tem ética profi ssional cumpre com todas as atividades de sua profi ssão, seguindo os princípios determina- dos pela sociedade e pelo seu grupode trabalho. Desta forma, a ética profi ssional é de interesse e importância da empresa ou instituição e também do profi ssional que busca o desenvolvimento de sua carreira. Cada profi ssão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligei- ramente, de acordo com as diferentes áreas de atuação. É comum nos referirmos a este termo quando nos referimos por exemplo, ao comportamento de alguns profi ssionais como médi- cos, jornalistas, advogados, empresários e políticos. Para estes casos, é bastante comum ouvir expressões como: ética médica, ética jornalís- tica, ética empresarial e ética pública. 32 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S Na prática profi ssional, fazer e agir estão interligados. A com- petência e a efi ciência o profi ssional deve possuir para exercer bem a sua profi ssão, consiste no FAZER. Já as atitudes que deve assumir no desempenho de sua profi ssão, caracteriza-se no AGIR. Tanto a saúde quanto a doença são experiências de refl exão e escolhas morais. A saúde como experiência humana refl exiva, tende a servir como base para as decisões acerca da alocação dos escassos recursos disponíveis para assistência à saúde ou para as situações ex- tremas, como o início e término da vida, nascimentos artifi ciais, destino dos embriões, aborto, transplantes de órgãos, condições de sobrevi- vência terminal, entre tantos outros. Ao invés de pensar em alternativas para melhorar e estender a assistência à saúde das pessoas e focalizar a relação entre cliente e profi ssional, nós somos conduzidos a justifi car escolhas de políticas restritivas (BERLINGUER, 1996). A prática refl exiva implica em problematizar situações cotidia- nas com as quais nos deparamos quando assistimos pessoas, seja promovendo, prevenindo ou, cuidando de pessoas. Signifi ca tomar em consideração as dúvidas do nosso cotidiano, que forçam a refl etir sobre qual a melhor forma de aplicar uma injeção, contar a uma pessoa que a cirurgia não teve êxito, banhar alguém mesmo sem ter o material ne- cessário, a melhor maneira de desenvolver ações educativas em saúde, e assim por diante. Nenhum modelo esgota a problemática da ética da saúde (BUB, 2005). Apesar da abordagem dos problemas de saúde implicarem em intervenções em fatores sociais e políticos, comportamento humano e institucional, tradições e tecnologias, é no cotidiano da prática em saúde que exercemos nossa moralidade e nos deparamos com a fi nalidade e o sentido da vida humana, obrigações e deveres, e nos posiciona- mos acerca do bem e do mal. É na prática que, cotidianamente, nos é imposto decidir como devemos viver nossa vida, em relação a nós e em relação aos outros e, como devemos ser enquanto profi ssionais de saúde (BUB, 2005). A deontologia (do grego deontos = dever e logos = tratado), consiste no estudo, na ciência dos deveres envolvidos em cada profi s- são. Estuda os direitos e a emissão de juízos de valores, essencial para o exercício de qualquer profi ssão. Para todas as áreas da saúde, existe um Código de Ética (uma deontologia específi ca): Exemplos: Código de Ética Médica, Código de Ética da Fisioterapia, Código de Ética da Enfermagem, dentre tantos outros. 33 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S Estes códigos de ética, baseados na ética pura, orientam e direcionam os profi ssionais para as especifi cidades de cada profi ssão. Um código de ética tem início por meio da defi nição dos seus princípios, os quais fundamentam e se articulam em torno de dois eixos de normas: direitos e deveres. Quando defi ne os direitos de cada categoria profi s- sional, um código de ética delimitar o perfi l do seu grupo, abrindo-o à universalidade. Ao cumprir os deveres defi nidos no código de ética de sua profi ssão, cada membro daquele grupo social cumpre seu ideal de ser humano. A formulação de um código de ética é, por si só, um exercício de ética. Se não houver este exercício em sua produção, será somente um código moral defensivo de uma corporação. Para tanto, é neces- sário que estejam envolvidos todos os membros do grupo social que ele abrangerá e representará. Este processo exige que sua elaboração ocorra verticalmente, de baixo para cima, do todo para o uno, construin- do os consensos de forma progressiva para que o resultado fi nal seja aceito e represente as disposições morais e éticas do grupo. Elaborar um código de ética, exige um processo que seja edu- cativo para o grupo, resultando em um produto que cumpra uma a fun- ção educativa e de cidadania para o grupo profi ssional e para os demais grupos sociais. É importante destacar que um código de ética não tem força jurídica de lei universal, mas força simbólica. Códigos de ética podem prever sanções para os descumprimentos de seus dispositivos, no en- tanto, estes sansões dependem da existência de uma legislação, que lhe é juridicamente superior, e por ela limitado. Devido a esta caracterís- tica, um código de ética pode ser frágil na regulação dos comportamen- tos de determinada categoria ou grupo profi ssional Um código de ética só será realmente regulamentador quando fi zer parte do íntimo das pessoas, ou seja, precisa realmente as carac- terísticas éticas e morais do grupo. Para tanto, deve-se lembrar que quanto mais democrático for o processo de elaboração, mais força e legitimidade será a este agregado, e consequentemente, maiores as chances de adesão dos seus membros e sua efi cácia. Os códigos de ética de cada profi ssão são elaborados com o objetivo de proteger os profi ssionais, a categoria como um todo e as pessoas que dependem daquele profi ssional, mas há muitos aspectos não previstos especifi camente e que fazem parte do comprometimento 34 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S do profi ssional em ser eticamente correto, aquele que, independente de receber elogios, faz A COISA CERTA. Estar bem informado é imprescindível! Acompanhe as mu- danças nos conhecimentos técnicos da sua profi ssão, assim como, as mudanças em seus aspectos legais e normativos. Busque conhecimen- to! Pesquise! Leia! Muitos dos processos ético-disciplinares nos conse- lhos profi ssionais acontecem por desconhecimento, por negligência do profi ssional que o responde. Sigilo Profi ssional Os diferentes profi ssionais da área da saúde possuem diver- sas obrigações de natureza ética. A ética profi ssional é instituída pelos órgãos que dirigem e fi scalizam cada profi ssão. Há uma questão ética na atenção à saúde bastante presente na prática dos profi ssionais: a confi dencialidade, ou seja, aquilo que é secreto ou segredo. Na prática da assistência à saúde, muitas vezes é necessário que pacientes e seus familiares revelarem informações pessoais duran- te algum atendimento. Assim, fazem parte do sigilo profi ssional todos os dados revelados, bem como aqueles adquiridos por meio de outros pro- fi ssionais, de exames e de prontuários físicos ou eletrônicos. O segredo profi ssional baseia-se na ciência de fatos que chegam ao conhecimento da pessoa em razão da profi ssão que exerce e cuja revelação possa ocasionar danos àquele a quem o segredo pertence. Historicamente tem-se considerado que os profi ssionais de saúde têm a obrigação ética de sigilo profi ssional de todas as informa- ções no exercício da sua profi ssão, sendo que as bases morais que sustentam esse dever se apoiam em três argumentos: o respeito pela autonomia da pessoa, a existência de uma relação terapêutica e a con- fi ança social nos profi ssionais de saúde. O atual Código de Ética dos Profi ssionais de Enfermagem no Brasil (RESOLUÇÃO 564/2017), Resolução Cofen (Conselho Federal de Enfermagem), possui cinco artigos que tratam do sigilo profi ssional. No CAPÍTULO I- DOS DIREITOS, Art. 12: Abster-se de reve- lar informações confi denciais de que tenha conhecimento em razão de seu exercício profi ssional (BRASIL, 2017).No CAPÍTULO II – DOS DEVERES, seu Art. 52 traz: Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em razão da atividade profi ssional, exceto nos casos previstos na legislação ou por determinação judicial, ou com o consentimento escrito da pessoa envolvida ou de seu re- presentante ou responsável legal. No parágrafo 2º: O fato sigiloso deverá ser revelado em situações de ameaça à vida e à dignidade, na defesa própria ou em atividade multiprofi ssional, quando necessário à prestação da assistên- cia. No parágrafo 3º: O profi ssional de Enfermagem intimado como testemu- 35 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S nha deverá comparecer perante a autoridade e, se for o caso, declarar suas razões éticas para manutenção do sigilo profi ssional (BRASIL, 2017). Outras disposições previstas na legislação brasileira, a exem- plo: o Código Penal Brasileiro, defi ne no art. 154 o crime de violação do segredo profi ssional quando revelar a alguém, sem justa causa, segre- do de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profi s- são e cuja revelação possa produzir dano a outrem. A pena, nesse caso, é de detenção de três meses a um ano ou multa; o Código Civil Brasi- leiro, por sua vez, informa, no art. 229, que ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato cujo respeito, por estado ou profi ssão, deva guardar segredo; o Código de Processo Penal, igualmente, dispõe, em seu art. 207, que são proibidas de depor as pessoas que, em razão da função, ministério, ofício ou profi ssão, devam guardar segredo, salvo se, deso- brigadas pela parte interessada, quiserem dar seu testemunho. No entanto, a regra geral de não revelar segredo possui exce- ções, como vista no Art. 52, parágrafo 2 da Resolução 564/2017, pará- grafo 2: “O fato sigiloso deverá ser revelado em situações de ameaça à vida e à digni- dade, na defesa própria ou em atividade multiprofi ssional, quando necessário à prestação da assistência”. A primeira delas diz respeito aos casos previstos em lei, como é exemplo quando ocorre um crime (BRASIL, 2017). Outra exceção contida na lei, e que permite a revelação, é o art. 269 do Código Penal, que dispõe como omissão de notifi cação de doença, deixar de denunciar à autoridade pública doença cuja notifi ca- ção é compulsória. Mais uma exceção está compreendida na lei 8069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente, que exige a revelação de casos de sus- peita ou confi rmação de maus-tratos contra criança ou adolescente ao Conselho Tutelar, o mesmo ocorre em casos de abuso de cônjuge ou de familiar contra o idoso. Como visto, o Código de Ética dos Profi ssionais de Enferma- gem, admite a revelação de segredo por ordem judicial. No entanto, essa permissão vai de encontro aos ARTs. 229 do Código Civil e 207 do Código de Processo Penal, que devem ser cumpridos. Portanto, a regra é não revelar segredo profi ssional nem por ordem judicial. 36 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S Acesse os sites: (http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145. html/print/ ) e tenha acesso a íntegra da RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017 - Cofen – Conselho Federal de Enfermagem e (https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/9251/1/ Revista%20Percursos%20n23_Sigilo%20Profi ssional.pdf), com acesso ao trabalho, Sigilo Profi ssional (PEREIRA et al, 2012). Ética profi ssional e relações sociais O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de es- coamento de água da chuva; o auxiliar de almoxarifado que verifi ca se não há umidade no local destinado para colocar caixas de alimentos; o médico cirurgião que confere as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia; a atendente do asilo que se preocupa com a lim- peza de uma senhora idosa após ir ao banheiro; o contador que impede uma fraude ou desfalque, ou que não maquia o balanço de uma empre- sa; o engenheiro que utiliza o material mais indicado para a construção de uma ponte, todos estão agindo de forma eticamente correta em suas profi ssões, ao fazerem o que não é visto, ou aquilo que, alguém vendo, não saberá quem fez. A principal função das leis profi ssionais, é proteger os profi ssio- nais a ela inseridos e as pessoas, os grupos sociais que estão expostos as consequências do exercício daquela profi ssão. No entanto, existem muitos aspectos não previstos, mas que fazem parte do compromisso do profi ssional com a ética, como aquele que profi ssional que, indepen- dente de receber um aumento salarial, um elogio um uma promoção, sempre faz o que é correto (OLIVEIRA, 2012). Outra situação interessante de ser observada, é o trabalho vo- luntário, sem remuneração. O voluntário é aquele que se dispõe, por op- ção, a exercer a prática profi ssional sem remuneração, por um período determinado ou livremente. Esta prática pode ser exercida por diversos fi ns, como os assistenciais ou por benefi cência. Assim como o profi ssional remunerado, o voluntário deve estar sempre bem informado, acompanhando também, mudanças nos conhe- cimentos técnicos desta área de atuação e seus aspectos normativos. Deve buscar conhecimento constante. 37 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S ÉTICA PROFISSIONAL é a adesão voluntária a um conjunto de regras estabelecidas como sendo as mais adequadas para o exercí- cio da sua profi ssão. O profi ssional deve corroborar e exercer seu trabalho, respei- tando cada uma das normas estabelecidas pelo código de ética da sua profi ssão. As obrigações éticas da convivência humana devem pautar-se não apenas por aquilo que já temos, realizamos, somos, mas também por tudo aquilo que poderemos vir a ter, a realizar, a ser. As nossas pos- sibilidades de ser são parte de nossos direitos e de nossos deveres. É parte da ética da convivência. A atitude ética é uma atitude de amor pela humanidade. A mo- ral tradicional do liberalismo econômico e político acostumaram-nos a pensar que o campo da ética é o campo exclusivo das vontades e do livre arbítrio de cada indivíduo. Nessa tradição, também, a organização do sistema econômico político-jurídico seria uma coisa “neutra”, “na- tural”, e não uma construção consciente e deliberada dos homens na sociedade. O pensamento pós-moderno rejeita o conceito defendido pela modernidade de que existem verdades absolutas e fi xas. Toda verdade é relativa e depende do contexto social e cultural em que as pessoas vivem. Cada um percebe a verdade de sua própria forma. Não há “ver- dade”, mas sim “verdades” que não se contradizem, mas se comple- mentam. Isso inclui verdades religiosas. Ao considerar a ética profi ssional, existem ainda quatro eixos de conteúdo: respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade. Quando nos referimos ao espectro ético em uma determinada prática social/pro- fi ssional, de maneira que possamos reconhecer a existência de expec- tativas e de avaliações, cabe-nos sempre uma profunda indagação: o que se tem feito e dito a respeito de nós, profi ssionais da área saúde? Qual a nossa imagem de ética vivenciada? Essa imagem de um educador se considerada como ética revela a essência de minha função profi ssional e obscurece uma prática contrária aos princípios que acredito existirem? A transgressão da ética surge pela inconformidade e pela falta do conhecimento e não necessariamente pela má-fé, se não estiverem atreladas ao não moral. No entanto, não podemos esquecer que no campo da ética, não devemos estabelecer confi gurações apriorísticas. 38 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S As regras difi cilmente serão as mesmas, porém, mesmo quan- do o conhecimento e as competências são diferentes, a funcionalidade processual formal deve ser explicitada. Caso haja rompimentos de re- gras, é preciso rever o contrato e refl etir a prática no campo da dialética, nascendo à semente ética do sucesso de qualquer profi ssão. O espíritohumano é superador e busca, na essência, ações éticas para contrapor-se como remédio saneador dos males gerados, pois como já nos dizia a 2.500 a.C., Buda: “O bem se paga com o bem e o mal com a justiça”. É preciso que todo profi ssional conheça seus direitos de imagem, no alcance dos direitos penais, uma vez que a presença de um patrimônio moral profi ssional, associado a um patrimônio social de classe, deve ter seus símbolos representativos preservados e respei- tados. Mais que o indivíduo, existe a imaterialidade de seu conceito, sendo ético respeitar o nome profi ssional. Quando decidimos falar sobre ética, estamos nos referindo à necessidade imperiosa de contextualizar no tempo e no espaço históri- co todos os elementos fi losófi cos de maneira a podermos perceber, sob fragmentos, as condições dos problemas humanos. Já existem autores que discordam da nomenclatura da ética, já que nenhuma profi ssão necessita de códigos de ética, mas de deveres e de direitos, ou seja, de um estatuto, com força de lei, com sanções para as profi ssões já devidamente reconhecidas. Qualquer forma de outorgar um código de ética, criando diferenças de classes, merece pro- fundas refl exões. O artigo Ética e prática profi ssional em saúde, de Maria Bettina Camargo Bub, dimensiona a refl exão da ética profi ssional. Acesse o link: http://www.scielo.br/ scielo.php?pid=S010407072005000100009& script=sci_abstract&tlng=pt Regras deontológicas Segundo Oliveira (2012), na formação profi ssional existem dois princípios fundamentais: o da efi cácia e o da efi ciência. O primeiro exige que a formação seja feita tendo em vista um objetivo mensurável. O segundo que este seja atingido ao menor custo. Podemos ter um, 39 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S uma formação efi caz, mas pouco efi ciente, e vice-versa. Segundo Edgar Morin: “A ética se manifesta em nós de ma- neira imperativa, como exigência moral”. Esse imperativo origina-se de três fontes interligadas entre si: uma fonte interior ao indivíduo que se manifesta como um dever; outra externa, constituída pela cultura, e que tem a ver com a regulação das regras coletivas; e, por fi m, uma fonte anterior, originária da organização viva e transmitida geneticamente. Edgar Morin diz que no mundo da globalização onde as rela- ções desiguais sedimentam a natureza humana a existência de uma “ética da solidariedade” que rejeite todas as misérias, as desigualdades, a intolerância, as barbáries e fundamentalismo de toda ordem, daí a ne- cessidade de um princípio holístico que seja baseado numa totalidade simplifi cante. Nossa preocupação encontra os fi lósofos modernos, defenso- res da fi losofi a analítica que afi rmam que toda e qualquer manifestação moral é fundamentalmente forma de expressão emocional, sem nenhu- ma base racional. Sob essa refl exão, o mundo está cheio de pseudo- fi losofi as que separam o “deve” do “ser”, distanciando qualquer funda- mentação fi losófi ca. Sob esta ótica, como é possível que seres humanos consigam concordar até de cultura para cultura quanto à variedade de princípios morais e legais? E, mais importante, como é possível que sistemas le- gais e morais evoluam, ao longo dos séculos, na ausência do próprio fundamento racional ou teológico que os fi lósofos modernos tão efi cien- temente estão destruindo. É preciso refl etir sobre a deontologia da ética profi ssional como uma ciência que estabelece normas diretoras das atividades profi ssio- nais sob o signo de retidão moral ou honestidade estabelecendo o bem a fazer e o mal a evitar no exercício da profi ssão. Partindo do pressuposto de que toda atividade profi ssional é sujeita à norma moral, a deontologia profi ssional elabora sistematica- mente os ideais e as normas que devem orientar a atividade profi ssio- nal, devendo ter o seguinte esquema básico de conduta profi ssional: a) Na área da profi ssão, a deontologia inter profi ssional terá como norma fundamental – zelar, com sua competência profi ssional e honestidade, pelo bom nome ou reputação da profi ssão exercida. Subli- nhamos competência e honestidade, pois a reputação da profi ssão não deve ser procurada por si mesma ou a qualquer preço, mas deve ser a consequência natural dos valores e princípios éticos dos membros de uma organização, no exercício das ações à luz do Direito Constitucio- nal, comprometidos com o bem comum social segundo as atividades laborais que a profi ssão proporciona. 40 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S b) Na área da ordem profi ssional, ou seja, na relação com seus pares e colegas de profi ssão, a norma fundamental será – culto de leal- dade e solidariedade profi ssionais evitando críticas levianas, competi- ção e concorrência desleal, sem descambar, naturalmente para o aco- bertamento de qualquer ação dos colegas, sem nunca ferir a verdade, a justiça ou a moral, fugindo de toda “máfi a, de pactos de silêncio e de sociedades secretas”, pois não são necessárias. c) Na área da clientela profi ssional, composta por usuários dos serviços profi ssionais (verdadeiro coração da deontologia profi ssional), deverá haver três normas fundamentais – execução íntegra do serviço conforme o combinado com o usuário. Sempre que o pedido seja mo- ralmente lícito no plano objetivo, não vá contra o bem comum, contra terceiros ou contra o próprio solicitante. Se, do ponto de vista técnico, o pedido é menos seguro, bom ou tem consequências não previstas pelo solicitante, deve o profi ssional esclarecer o cliente, mostrando-lhe as inconveniências existentes e os procedimentos para melhor execução. Após, pode deixar o cliente deci- dir e assumir toda a responsabilidade pelas consequências, exceto se houver prejuízos ao bem comum ou a terceiros. A remuneração justa – nunca por motivo algum, deve ser ex- cessiva. Nada impede que se prestem serviços a menor preço ou mes- mo gratuitamente, em casos de necessidade fi nanceira do usuário. 2.1.4. Códigos de ética São símbolos ou signos de atitudes que preservam valores pessoais, coletivos e institucionais. Partindo-se do pressuposto maior de que profi ssão é o exercício habitual de uma tarefa a serviço de ou- tras pessoas, segundo o caráter de especifi cidade nas distintas tarefas estabelecidas nos níveis de competências profi ssionais. Como a prática busca relações e ambiências, é preciso con- duta condizente com princípios éticos específi cos. Faz-se necessário formar grupamentos de profi ssionais em atividades hegemônicas es- pecífi cas. É preciso que haja um código de linguagem ética, que refl ita os mesmos valores para cada realidade processante, seja perante o conhecimento seja no convívio com colegas, classe, sociedade, pátria e como fi m universal, perante a própria humanidade como conceito de mundo. Não há formação de conceitos profi ssionais com plena evidên- cia a terceiros, das capacidades e virtudes de um ser humano no exer- cício habitual de suas tarefas, no nível da qualidade superior, se ele não percorrer o caminho das práticas de conduta também qualifi cadas e mensuradas em valores éticos. Considerar a ética nas dimensões relativas signifi ca caracteri- 41 É TI C A A P LI C A D A À S A Ú D E - G R U P O P R O M IN A S zar uma permanente refl exão e revisão, de maneira que cada vez mais possamos caminhar para um processo de generalizações, na medida em que caem fronteiras e são suprimidos as tradições e os costumes culturais. Sabemos que ser ético é ser natural, estando as profi ssões a serviço do social, das células que as compõem, e do conjunto social indiscriminadamente. Ora, esse ideal de cooperação orgânica e social precisa de uma atmosfera moral competente. No entanto, nem sempre é observável em nossa época, pois o Estado como organização promo- vida pela sociedade oferece-nos exemplos contrários e contraditórios pelo exercício inefi caz do que são
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