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Ética Profissional e Deontologia em Fisioterapia

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Aula 01
Ética Profissional e Deontologia em Fisioterapia
Conceitos Fundamentais: Valor - Moral - Ética
O que é ética  
Ética é a área da filosofia dedicada às ações e ao comportamento humano, filosofia moral. O objeto de estudo da ética são os princípios que orientam as ações humanas e a capacidade de avaliar essas ações.
Ética e moral se diferenciam pela a ética ser compreendida de maneira universal, enquanto a moral está sempre ligada aos fatores sociais e culturais que influenciam os comportamentos.
De uma forma sucinta, a ética é uma teoria que se ocupa dos princípios que orientam as ações, já a moral é prática e está relacionada às regras de conduta.
A palavra ética é derivada do grego ethos, que significa, "hábito", "comportamento", "modo de ser".
A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada à vertente profissional. Existem códigos de ética profissional que indicam os princípios fundamentais que orientam uma profissão.
Assim, pode-se pensar em princípios básicos para o comportamento de alguns profissionais, tais como um médico, jornalista, advogado, empresário, político ou professor, sendo possível pensar em uma ética médica, ética jornalística, ética empresarial e ética pública, etc.
A ética pode ser confundida com lei, embora a lei tenha como base princípios éticos, a ética não é uma normativa, como as leis os são. Os códigos de ética possuem direcionamentos e o seu descumprimento pode ser passível de sanção, mas não são considerados crimes.
 Diferença entre ética e moral:
Ética e moral são temas relacionados, mas são diferentes. Isso porque moral se fundamenta na obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos. Já a ética, busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano.
A ética não se resume à moral, que é geralmente entendida como costume, ou hábito, mas busca a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver e agir no mundo.
Muitos filósofos importantes estudavam e definiam a ética. Para Aristóteles, por exemplo, toda a racionalidade prática visa um fim ou um bem e a ética tem como propósito estabelecer a finalidade suprema que está acima e justifica todas as outras, e qual a maneira de alcançá-la.
Essa finalidade suprema, para Aristóteles, é a felicidade. Não se trata dos prazeres, riquezas, honras, e sim de uma vida virtuosa, sendo que essa virtude se encontra entre os extremos e só é alcançada por alguém que demonstre prudência (conhecida como a justa medida).
O que é Ética e Moral:
No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.
Os termos possuem origem etimológica distinta. A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”. Já a palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo aos costumes”.
Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral.
Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.
No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambas responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em sociedade.
A principal diferença entre moral e ética é esta: a moral é o conjunto de regras que diz às pessoas o que é certo e o que é errado, enquanto a ética é uma reflexão sobre a moral (ou filosofia da moral).
A moral é o conjunto de normas que dizem respeito ao bem e ao mal, ao certo e ao errado. Essas normas fazem referência a valores (os chamados valores morais) que são transmitidos de geração a geração e orientam a conduta dos indivíduos no seu dia a dia.
Já a ética é um campo da filosofia cujo objeto de estudo são os princípios que orientam a moral. Nesse sentido, a ética é uma reflexão filosófica sobre a moral.
Assim, enquanto a moral aponta para os comportamentos particulares de indivíduos e grupos, a ética se aproxima aos princípios universais que regem o bem comum e a convivência entre os seres humanos de modo geral.
A palavra ética também é usada para designar certos deveres profissionais ou públicos. Fala-se muito da "ética dos políticos" - existe, inclusive, um Conselho de Ética e Decoro Parlamentar na Câmara dos Deputados, cuja função é aplicar penas em caso de descumprimento de regras por parte dos deputados.
Também existem os chamados "códigos de ética" profissionais, como o "código de ética médica", o "código de ética dos jornalistas", o "código de ética dos advogados" etc. Nesse sentido, a ética é um conjunto de princípios que regulam as ações de um determinado grupo profissional, em função do cumprimento de certos deveres.
A moral tem a ver com as condutas, com os costumes tradicionais de um determinado grupo. Há condutas moralmente corretas, e há condutas moralmente condenáveis (ou imorais). Já a ética, enquanto ciência das condutas, consiste num exame ou reflexão sobre o significado dos valores morais.
O filósofo inglês Bernard Williams (1929-2003) afirma que o objetivo da ética é responder às questões: "Como viver?" ou "Qual é o modo de vida que conduz à felicidade?". A moral, por outro lado, diz respeito aos deveres impostos pela sociedade, como não roubar, não mentir, não matar etc.
O filósofo grego Sócrates (469-399 a.C.) questionava as pessoas de seu tempo a respeito de certos princípios sobre os quais elas não paravam para pensar, como as virtudes e o bem. Sócrates punha os valores morais em discussão e buscava examinar as bases do pensamento e do comportamento humano.
Aristóteles (384-322 a.C.), em sua obra Ética a Nicômaco, desenvolveu as bases para a compreensão da ética enquanto área específica da Filosofia. O pensamento aristotélico sobre a virtude, o vício e a finalidade da vida humana é considerado um marco dos estudos da ética
Os seres humanos, enquanto seres sociais, compartilham dos valores morais do grupo dos quais fazem parte. Os valores morais são tradicionais (isto é, são transmitidos de geração a geração) e impostos como uma obrigação aos indivíduos. A ética, enquanto reflexão sobre a moral, pode contestar esses valores. Para o indivíduo moralista, que se orienta cegamente pelas regras morais, contestar as regras morais é algo impensável.
 O que são Valores:
Valores são o conjunto de características de uma determinada pessoa ou organização que determinam a forma como estas se comportam e interagem com outros indivíduos e com o meio ambiente.
Existem diversos tipos de valores: estéticos, religiosos, éticos, profissionais, familiares etc. Os valores humanos são os princípios morais que orientam a conduta das pessoas. Esses valores constituem um conjunto de regras estabelecidas para uma convivência saudável dentro de uma sociedade.
A expressão crise de valores faz referência a um cenário em que alguns valores tradicionais perdem importância e não são mais reconhecidos pela maioria da sociedade.
Diante desse cenário de crise, pode-se assumir uma postura reativa e pessimista - afinal, valores considerados corretos estão em declínio, sendo substituídos por outros valores moralmente condenáveis. Por outro lado, pode-se assumir uma postura otimista - em vez de se encararem as mudanças na sociedade como crises, é possível vê-las como movimentos de renovação, rumo a uma espécie de progresso ou melhoramento moral.
 
Valores humanos:
Os valores chamados de humanos são princípios baseados nos conceitos morais e éticos. Eles definem a forma de relacionamento entre as pessoas e, por consequência, o relacionamento e o funcionamentode uma sociedade.
Dessa forma, esses valores podem ser considerados como a base dos relacionamentos humanos, funcionando como um conjunto de normas que pautam as interações humanas e a tomada de decisões, seja em âmbito privado ou público.
Dentre os valores humanos mais importantes, podemos destacar os seguintes:
- Respeito entre as pessoas
- Empatia
- Solidariedade
- Cordialidade
- Educação
- Justiça
- Honestidade
- Humildade
- Responsabilidade
 O que é Consciência:
Consciência é o termo que significa conhecimento, percepção, honestidade. Também pode revelar a noção dos estímulos à volta de um indivíduo que confirmam a sua existência. Por esse motivo se costuma dizer que quem está desmaiado ou em coma está inconsciente.
A consciência também está relacionada com o sentido de moralidade e de dever, pois é a noção das próprias ações ou sentimentos internos no momento em que essas ações são executadas. A consciência pode ser relativa a uma experiência, problemas, experiências ou situações. Por exemplo: Ele estava completamente viciado, mas não tinha consciência disso.
O conceito de consciência está intimamente relacionado com termos como "eu", existência", "pessoa", revelando uma conexão existente entre consciência e a consciência moral. Em várias situações, pode ser o oposto da autoconsciência, onde o "eu" é o objeto de reflexão e da consciência moral.
É possível verificar que ao longo do tempo a filosofia abordou a consciência em duas vertentes: consciência intencional ou não intencional. De acordo com Edmund Husserl (fundador da fenomenologia), a consciência é uma atividade direcionada para alguma coisa da qual há consciência. A não intencional consiste a um mero reflexo da realidade que é apresentada.
Segundo Descartes, pensar e pensar que pensamos são coisas iguais (Penso, logo existo).
Kant fez a distinção entre a consciência empírica, que faz parte do universo dos fenômenos e a consciência transcendental, que capacita a associação de todo o conhecimento com a consciência empírica.
Hegel aborda a consciência como um crescimento dialético, que atinge um nível transcendente, alcançando a sua superação. Faz também a distinção entre consciência empírica, racional e teórica.
 Consciência moral:
É a certeza interior instantânea que algumas atitudes são certas ou erradas. A consciência moral também pode resultar no sentimento de culpa ou em alegria, dependendo do valor moral das ações em questão. O sentimento de culpa quando alguém faz alguma coisa errada é popularmente descrito como consciência pesada.
Algumas pessoas confundem consciência moral com consciência social. Apesar disso, o que distingue as duas é que a consciência moral possui uma relação de proximidade com o que é transcendente, porque não é baseada só em dados empíricos.
 
O que é Autonomia:
Autonomia é um termo de origem grega cujo significado está relacionado com independência, liberdade ou autossuficiência.
O antônimo de autonomia é heteronomia, palavra que indica dependência, submissão ou subordinação.
Em Ciência Política, a autonomia de um governo ou de uma região pressupõe a elaboração de suas próprias leis e regras sem interferência de um governo central nas tomadas de decisões.
Em Filosofia, autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é incompatível com elas.
Em Educação, a autonomia do estudante revela capacidade de organizar sozinho os seus estudos, sem total dependência do professor, administrando eficazmente o seu tempo de dedicação no aprendizado e escolhendo de forma eficiente as fontes de informação disponíveis. Quando se fala em Ensino e-Learning ou EAD (Ensino à distância) pretende-se que o estudante aplique o conceito de autonomia na educação.
 O que é Coerência:
Coerência é a característica daquilo que tem lógica e coesão, quando um conjunto de ideias apresenta nexo e uniformidade.
Para que algo tenha coerência, este objeto precisa apresentar uma sequência que dê um sentido geral e lógico ao receptor, de forma que não haja contradições ou dúvidas acerca do assunto.
A origem da palavra “coerência” está no latim cohaerentia, que significa “conexão” ou “coesão”.
 Vá mais Longe
ANTUNES, Maria Thereza Pompa. Ética: bibliografia universitária Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/3535/pdf/.  (Links para um site externo.)
Ler a Unidade 1, o conceito de ética e fontes das regras morais e comportamento ético. (pág. 10- 29).
 Agora é sua Vez
Ler o texto: DIAS, Reinaldo. Sociologia e ética Profissional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. Biblioteca Virtual. Disponível em;  https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/22111/pdf (páginas 122 - 138)
Referências
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
Código de Ética e Deontologia da Fisioterapia. Resolução nº424, 08 de Julho de 2013. (D.O.U. nº 147, Seção 1 de 01/08/2013). 
FONTINELE JÚNIOR, Klinger. Pesquisa em saúde: ética, bioética e legislação. 2. ed. Goiânia: AB, 2008.
SÁ, Antonio Lopes de. Ética profissional. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
PORTO, Dora (Org.). Bioética: saúde, pesquisa, educação volume 1. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 2014. v.1.
SALLES, A. A. BIOÉTICA: a ética da vida sob múltiplos olhares. Rio de Janeiro: Interciência, 2009. 
SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. 29. ed. Rio de Janeiro Civilização Brasileira, 2007. 
SATO, Michèle; CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: Pesquisa e Desafios. Porto Alegre, RS: Artmed, 2005.
SILVA, José Vitor da (Org.). Bioética: visão multidimensional. São Paulo: Iátria, 2010.
SLIDES
 ÉTICA
É o pensamento filosófico acerca do comportamento moral dos homens, dos problemas morais e juízos morais, enquanto Moral é o conjunto de normas, princípios e valores aceitos de forma livre e consciente, que regulamos comportamentos individual e social dos homens. 
CONCEITOS FUNDAMENTAIS VALOR - MORAL -ÉTICA
VALORES: 
-Latim valere:que tem valor,custo.
Uma crença duradoura em um modelo específico de conduta ou estado de existência, que é pessoalmente ou socialmente adotado, e que está embasado em uma conduta pré existente. (Rokeach,1973)
 MORAL: 
-É um sistema de valores, que tem a ver com os costumes, princípios, normas e códigos que tentam regulamenta o agir sob o ponto de vista do que é bom/mau, correto/incorreto, virtude/maldade...
A Moral responde à pergunta: “O que devo fazer?”
A Moral está contida nos códigos, que tendem a regulamentar o agir das pessoas.
Moral (Regras da Coletividade)
É a ciência das leis ideais que dirigem as ações humanas, sendo pois o mínimo de Direito para se viver em sociedade. 
“A Moral consiste em fazer prevalecer os instintos simpáticos sobre os impulsos egoístas”. 
Augusto Comte (1798-1857)
Conjunto de princípios, valores e normas que regulam a conduta humana em suas relações sociais.
ÉTICA:
- É um juízo de valor. Procura justificar racionalmente os costumes, princípios, normas e códigos que regulamentam o agir.
- A ética é a filosofia da moral e responde à pergunta: “Porque devo agir assim?”
- ETICIDADE: condição de vir a ser ético; aptidão de exercer a função ética.
 ÉTICA:
- Ethos grego):caráter (qualidades pessoais para a conduta e a atitude).
- Designa: senso do agir correto e benevolente.
Sentido: realização de atos, busca exigente além do acabado ou completo.
A ética se fundamenta em 3 pré-requisitos:
» CONSCIÊNCIA (Percepção dos conflitos);
» AUTONOMIA (condição entre a emoção e a razão);
» COERÊNCIA. 
(Segre & Cohen, 1999)
Consciência – Sentimento ou conhecimento, que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior.
Sentido ou percepção, que o ser humano possui do que é moralmente certo ou errado em atos emotivos individuais. “Agiu conforme sua consciência."
Autonomia:- Capacidade de governar – se pelos próprios meios.
Direito reconhecido a um país de se dirigir segundo suas próprias leis; soberania.
Direito de um indivíduo tomar decisões livremente; independência moral ou intelectual.
- Filosofia: Segundo Kant 1724 - 1804, capacidade da vontade humana de se auto determinar segundo uma legislação moral por ela mesma estabelecida, livre de qualquer fator estranho ou exógeno com uma influência subjugante, tal como uma paixão ou uma inclinação afetiva incoercível.
Coerência - Qualidade,condição ou estado de coerente.
- Ligação, nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias; relação harmônica,conexão.
Aula 2 
Ética Profissional (Deontologia) - Bases Filosóficas da Educação
O que é Ética Profissional:
Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta.
Ética é uma palavra de origem grega (éthos), que significa “propriedade do caráter”.
Muitas vezes a ética profissional é utilizada como sinônimo de deontologia. O termo deontologia também deriva de duas palavras gregas deon, que significa "dever, "obrigação" e lógos, que significa "razão", "lógica", "ciência".
Assim, a ética pode ser entendida como a orientação do caráter, enquanto a deontologia é a ciência do dever. Ambas cumprem a função de orientar as condutas que devem ser realizadas pela empresa.
Ser ético é agir orientado por princípios em vista do bem, sem jamais prejudicar o próximo. Ser ético é cumprir os bons valores estabelecidos pela sociedade em que se vive.
A ética profissional possui uma grande importância por orientar ao bom cumprimento de todas as atividades de uma profissão, seguindo os princípios determinados pela sociedade e por grupos de trabalho.
Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligeiramente, graças a diferentes áreas de atuação.
No entanto, há elementos da ética profissional que são universais, como a honestidade, a competência, a responsabilidade com a profissão, com colegas e com a sociedade.
 Código de Ética Profissional
O Código de Ética Profissional é o conjunto de normas éticas, que devem ser seguidas pelos profissionais no exercício de seu trabalho.
Este código é elaborado pelos Conselhos, que representam e fiscalizam o exercício da profissão.
O código de ética médica, por exemplo, em seu texto descreve:
“O presente código contém as normas éticas que devem ser seguidas pelos médicos no exercício da profissão, independentemente da função ou cargo que ocupem.
A fiscalização do cumprimento das normas estabelecidas neste código é atribuição dos Conselhos de Medicina, das Comissões de Ética, das autoridades de saúde e dos médicos em geral.
Os infratores do presente Código, sujeitar-se-ão às penas disciplinares previstas em lei”.
 O que é Deontologia:
Deontologia é uma filosofia que faz parte da filosofia moral contemporânea, que significa ciência do dever e da obrigação.
A deontologia é um tratado dos deveres e da moral. É uma teoria sobre as escolhas dos indivíduos, o que é moralmente necessário e serve para nortear o que realmente deve ser feito.
O termo deontologia foi criado no ano de 1834, pelo filósofo inglês Jeremy Bentham, para falar sobre o ramo da ética em que o objeto de estudo é o fundamento do dever e das normas. A deontologia é ainda conhecida como "Teoria do Dever".
Immanuel Kant também deu sua contribuição para a deontologia, uma vez que a dividiu em dois conceitos: razão prática e liberdade.
Para Kant, agir por dever é a maneira de dar à ação o seu valor moral; e por sua vez, a perfeição moral só pode ser atingida por uma livre vontade.
A deontologia também pode ser o conjunto de princípios e regras de conduta ou deveres de uma determinada profissão, ou seja, cada profissional deve ter a sua deontologia própria para regular o exercício da profissão, e de acordo com o Código de Ética de sua categoria.
Para os profissionais, deontologia são normas estabelecidas não pela moral e sim para a correção de suas intenções, ações, direitos, deveres e princípios.
O primeiro Código de Deontologia foi feito na área da medicina, nos Estados Unidos.
 O que é Decoro:
Decoro é o mesmo que agir com decência e pudor, seguindo as normas morais e éticas previstas em uma sociedade. Este termo também está relacionado com o comportamento de recato e respeito tido por alguém em determinada circunstância.
Quando se diz que uma pessoa age com decoro significa que se comporta de forma correta, do ponto de vista da moral e ética vigente em determinado grupo ou sociedade. A falta de decoro, por outro lado, se refere ao comportamento oposto, ou seja, agir sem respeito, dignidade e compostura em situações onde está é adequada.
 Decoro parlamentar
Consiste no comportamento exemplar que é esperado dos representantes políticos. Todas as regras comportamentais referentes ao decoro dos legisladores estão previstas nos regimentos internos da Câmara dos Deputados e do Senado.
Caso haja a chamada "quebra de decoro", ou seja, o parlamentar infrinja uma das regras de conduta, este deverá ser punido, correndo o risco de perder o seu mandato, assim como determina o inciso II, artigo 55 da Constituição Federal.
O Congresso é o responsável por organizar as votações que servem para julgar e cassar o mandato do representante político que agir de modo declaradamente incompatível com o decoro parlamentar.
O decoro também se refere a postura requerida aos indivíduos que exercem cargos ou funções públicas de modo geral.
Etimologicamente, a palavra "decoro" se originou a partir do latim decorum, que significa "decência" ou "conveniência". Este termo, por sua vez, deriva do verbo decere, que quer dizer "convir" ou "ser adequado".
 Sinônimos de decoro:
Entre alguns dos principais sinônimos de decoro, destaque para:
- Compostura;
- Modos;
- Maneiras;
- Modéstia;
- Equilíbrio;
- Pudor;
- Moralidade;
- Reserva;
- Recato;
- Resguardo;
- Retidão;
- Integridade;
- Honra;
- Probidade.
 Conceito de norma:
Norma é um termo que vem do latim e significa “esquadro”. Uma norma é uma regra que deve ser respeitada e que permite ajustar determinadas condutas ou atividades.
No âmbito do direito, uma norma é um preceito jurídico. Se uma pessoa não segue essa norma, então ela é considerada uma “infratora” ou será vista com maus olhos pelos demais.
Por exemplo: “Cometi uma infração ao conduzir a 120 quilômetros à hora quando a norma estabelece uma velocidade máxima permitida de 110 quilômetros/hora”, “Desculpe, mas aqui não é permitido fumar, é uma norma deste estabelecimento”, “Esta instituição tem normas que devem ser respeitadas por todos os seus integrantes, sem exceções”.
As normas jurídicas podem dividir-se em normas imperativas (são independentes da vontade do sujeito, já que não podem prescindir do seu conteúdo) e normas dispositivas (são prescindíveis partindo do princípio de autonomia da vontade).
Grupos dentro de uma sociedade se utilizam das normas para transmitir tradições e valores de geração para geração. Tais normas auxiliam a desenvolver num indivíduo os parâmetros que o guiarão em seus processos na vida pessoal ou profissional. Desse modo, é possível adequar o modo como uma pessoa se comporta, seja de forma individual ou em grupo.
As normas podem tanto ser determinadas pela sociedade quanto pelo próprio indivíduo, sendo que, nesse último caso, as normas tem o objetivo de reger e guiar a vida de uma determinada pessoa, com o intuito de organizar seus princípios.
Já as normas impostas pela sociedade devem ser seguidas não somente por um, mas todos os indivíduos que compõe essa sociedade.
Para a linguística, a norma é o conjunto dos usos padrões que os falantes de uma língua (comunidade linguística) levam a cabo no dia a dia. Alguns teóricos propuseram outras definições, considerando as construções gramaticais usuais ou as realizações prototípicas da fonética como normas.
Temos ainda as normas organizacionais, que são importantíssimas para a elaboração de produtos. Já que, por meio delas, são definidas especificaçõese características a serem utilizadas para os processos de desenvolvimento de produtos e serviços a fim de que esses estejam de acordo com que se necessita.
As normas abrangem diferentes áreas e temas, elas vão desde a segurança até a construção. E essas normas podem ser abrangentes (tendo relação com um método ou prática) ou mesmo mais específicas (sendo direcionadas para um produto ou serviço em específico.
 O que é Cognitivo:
Cognitivo é uma expressão que está relacionada com o processo de aquisição de conhecimento (cognição). A cognição envolve fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio etc., que fazem parte do desenvolvimento intelectual.
A psicologia cognitiva está ligada ao estudo dos processos mentais que influenciam o comportamento de cada indivíduo e o desenvolvimento cognitivo (intelectual). Segundo o epistemólogo e pensador suíço Jean Piaget, a atividade intelectual está ligada ao funcionamento do próprio organismo, ao desenvolvimento biológico de cada pessoa.
 Terapia Cognitiva Comportamental
A terapia cognitivo comportamental consiste em uma linha de psicoterapia que inclui vertentes da terapia cognitiva e da comportamental.
Esta terapia normalmente tem curta duração, entre três a seis meses e tem como objetivo ajudar o paciente a encontrar novas estratégias para enfrentar os seus problemas. Ajuda a entender que os sentimentos são despoletados por pensamentos e capacita o paciente a reinterpretar os seus pensamentos de forma mais construtiva.
 
Teoria Cognitiva de Piaget
A teoria cognitiva criada por Piaget, psicólogo suíço que teve grande impacto no âmbito da Educação, defende que a construção de cada ser humano é um processo que acontece ao longo do desenvolvimento da criança. O processo divide-se em quatro fases:
- Sensório-motor (0 – 2 anos)
- Pré-operatório ( 2 – 7 anos)
- Operatório-concreto ( 8 – 11 anos)
- Operatório-formal (a partir dos 12 anos até aos 16 anos, em média)
A terapia cognitiva é uma área de estudo sobre a influência do pensamento no comportamento do indivíduo. A junção dos dois conceitos levou à criação da terapia cognitivo-comportamental (TCC), aplicada à psicoterapia.
 Taxonomia dos objetivos educacionais:
A taxonomia dos objetivos educacionais, também popularizada como taxonomia de Bloom, é uma estrutura de organização hierárquica de objetivos educacionais. Foi resultado do trabalho de uma comissão multidisciplinar de especialistas de várias universidades dos Estados Unidos, liderada por Benjamin S. Bloom, no ano de 1956. A classificação proposta por Bloom dividiu as possibilidades de aprendizagem em três grandes domínios:
- O cognitivo, abrangendo a aprendizagem intelectual;
- O afetivo, abrangendo os aspectos de sensibilização e gradação de valores;
- O psicomotor, abrangendo as habilidades de execução de tarefas que envolvem o aparelho motor.
Cada um destes domínios tem diversos níveis de profundidade de aprendizado. Por isso a classificação de Bloom é denominada hierarquia: cada nível é mais complexo e mais específico que o anterior. O terceiro domínio não foi terminado, e apenas o primeiro foi implementado em sua totalidade.
 Domínio cognitivo:
As habilidades no domínio cognitivo tratam de conhecimento, compreensão e o pensar sobre um problema ou fato.
Conhecimento: memorização de fatos específicos, de padrões de procedimento e de conceitos.
Compreensão: imprime significado, traduz, interpreta problemas, instruções, e os extrapola.
Aplicação: utiliza o aprendizado em novas situações.
Análise: de elementos, de relações e de princípios de organização
Síntese: estabelece padrões
Avaliação: julga com base em evidência interna ou em critérios externos
 Domínio afetivo:
Na hierarquia de Bloom, o domínio afetivo trata de reações de ordem afetiva e de empatia. É dividido em cinco níveis:
Recepção: Percepção, Disposição para receber e Atenção seletiva
Resposta: participação ativa, Disposição para responder e Satisfação em responder
Valorização: Aceitação, Preferência e Compromisso (com aquilo que valoriza)
Organização: Conceituação de valor e Organização de um sistema de valores
Internalização de valores: comportamento dirigido por grupo de valores, comportamento consistente, previsível e característico.
 
Domínio psicomotor:
O domínio psicomotor, na hierarquia de Bloom, trata de habilidades relacionadas com manipular ferramentas ou objetos.
Bloom não criou itens para esse domínio; outros autores fizeram propostas. Um exemplo é:
Percepção: reconhece os movimentos essenciais.
Resposta conduzida: responde com coordenação motora fina e refinada a partir de treino.
Automatismos: automatizou movimentos reflexivos básicos na resposta.
Respostas complexas: elabora com desenvoltura e coordenação repostas a estímulos.
Adaptação: Improvisa movimentos, adapta-se e readapta-se em diferentes situações.
Organização: Organiza espontaneamente a partir de reflexos complexos respostas a estímulos.
 O que é filosofia?
Filosofia é uma área do conhecimento dedicada à construção de saberes lógicos e racionais. A filosofia produz um conhecimento sistemático a partir da argumentação e da criação de conceitos.
A filosofia se dedica a estudar qualquer assunto desde que se possa produzir um conhecimento válido a partir de sua argumentação. Consiste no estudo de problemas fundamentais relacionados ao conhecimento, à lógica, à existência, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem.
Filósofo é um indivíduo que busca o conhecimento, movido pela curiosidade, pelo questionamento do mundo e sobre os fundamentos da realidade.
Além do desenvolvimento da filosofia como uma disciplina, a filosofia é intrínseca à condição humana, não é apenas um conhecimento, mas uma atitude do ser humano em relação ao universo e seu próprio ser.
A "atitude filosófica" significa olhar tudo aquilo que existe, desde as coisas mais simples até as mais complexas com um olhar de estranhamento, de distanciamento e com vontade de conhecer.
A filosofia pode focar nas questões da existência humana, mas diferentemente da religião, não é baseada na revelação divina ou na fé, e sim na razão.
Desta forma, a filosofia pode ser definida como a análise lógica e racional de tudo aquilo que é relevante para a existência humana, individual e coletivamente, com base na compreensão do ser e do universo.
A palavra "filosofia" é a união de suas palavras gregas amor (philo) e sabedoria (sophia), significando, então, o "amor à sabedoria", "amor ao conhecimento".
A criação da palavra é atribuída ao filósofo grego Pitágoras, que definiu que o papel daquele que ama o saber é não aceitar passivamente nenhuma informação, é questionar e buscar um compreender todas as coisas.
Assim, qualquer assunto que seja considerado importante e possa produzir conhecimento é um objeto de estudo da filosofia.
A ciência, como é compreendida até hoje, nasce do método filosófico, do olhar atento e criterioso sobre a realidade, mas diferencia-se da filosofia por possuir uma parte empírica, o experimento.
A filosofia pode ser dividida em vários ramos, ou áreas de conhecimento, são elas:
- Metafísica
- Lógica
- Ética
- Estética
- Teoria do Conhecimento
- Antropologia Filosófica
- Filosofia da Natureza
- Filosofia Política
- Filosofia da Ciência
- Filosofia da Linguagem
- História da Filosofia
- O que é Virtude:
 O que é virtude:
Virtude é uma qualidade moral, um atributo positivo de um indivíduo.
Virtude é a disposição de um indivíduo de praticar o bem; e não é apenas uma característica, trata-se de uma verdadeira inclinação, virtudes são todos os hábitos constantes que levam o homem para o caminho do bem.
Há diferentes usos do termo, e existem vários exemplos de virtude, que estão relacionados com a força, paciência, coragem, o poder de agir, a eficácia de um ou a integridade da mente.
Virtude é um conceito que remete para a conduta do ser humano, quando existe uma adaptação perfeita entre os princípios morais e a vontade humana.
Há virtudes intelectuais, que são ligadas à inteligência e as virtudesmorais, que são relacionadas com o bem. A virtude intelectual consiste na capacidade de aprender com o diálogo e a reflexão em busca do verdadeiro conhecimento.
A virtude moral, por sua vez, é a ação ou comportamento moral, é o hábito que é considerado bom de acordo com a ética.
Em geral, na linguagem cotidiana, a palavra virtude é usada para nomear as qualidades gerais de uma pessoa.
A expressão "em virtude de" significa "visto que", "devido a", "uma vez que", etc.
 Vá mais Longe
ANTUNES, Maria Thereza Pompa. Ética: bibliografia universitária Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. Disponível em; https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/3535/pdf/ (Links para um site externo.).
Ler a Unidade 1, o conceito de ética e fontes das regras morais e comportamento ético. (pág. 122 - 138).
 
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 ÉTICA
Tem vários significados:
a) DECORUM: as atitudes corretas, humanitárias ou virtuosas das pessoas no seu agir;
b) DEONTOLOGIA: os deveres ou obrigações que podem caracterizar ou construir um determinado tipo de vida moral; 
c) ÉTICA POLÍTICA: as relações entre as pessoas e a sua comunidade, pautadas pelo que é conveniente e pelo que é mau ou inconveniente.
(Albert R. Jonsen, A Short History of Medical Ethics. New York: Oxford University Press, 2000. 153p.) 
ÉTICA PROFISSIONAL
• Deontologia:- deontos (grego) > dever. – Logus > estudo.
• Diceologia: - dikeos( grego) > direito.
A Deontologia é a codificação dos deveres profissionais e a Diceologia será a codificação dos direitos profissionais.
Deontologia profissional: conjunto de normas ,baseadas em direitos e deveres, que estabelecem as formas de agir permitidas e/ou proibidas para as pessoas de uma determinada profissão. O Código de Ética disciplina o exercício da profissão.
 ÉTICA PROFISSIONAL:
-NORMAS = ética prescritiva (descritiva, formal).
-Códigos de Ética.
Críticas aos CEs: 
Insuficiência, caráter legalista e corporativista;
Feitos sob o aval da corporação, trazem certo caráter prescritivo (que pode regular, formal e imperativamente), como lei positiva, distanciando–os do sentido ético.
Importância: formação técnica + formação ética.
 ÉTICA:
DOMÍNIO COGNITIVO : - Conhecimento (memória), compreensão, aplicação, análise, síntese, avaliação.
DOMÍNIO AFETIVO : - Interesses, atitudes (sentimento), receptividade, reação, organização, caracterização.
DOMÍNIO PSICOMOTOR : - Habilidades, percepção, predisposição, resposta (orientada, mecânica, complexa evidente).
-Ethos (grego): caráter (qualidades pessoais para a conduta e a atitude).
-Designa: senso do agir correto e benevolente.
Sentido: realização de atos, busca exigente além do acabado ou completo.
A ética se fundamenta em 3 pré-requisitos:
» CONSCIÊNCIA (Percepção dos conflitos);
» AUTONOMIA ( condição de entre a emoção e a razão);
» COERÊNCIA. 
(Segre & Cohen, 1999) 
BASES FILOSÓFICAS DA EDUCAÇÃO
 OBJETO DA FILOSOFIA
- Tem como objeto o homem e sua existência.
- A existência humana é “objeto” de investigação.
- A filosofia investiga o SER, o sentido de vida.
- A educação visa transmitir determinada imagem de ser humano, um tipo bem concreto de existência.
- Debruçar–se sobre os princípios filosóficos é ver qual a imagem de ser humano veiculada, e, as suas conseqüências para a educação.
- A filosofia nos dará os conceitos de compreensão, por isso é um ótimo instrumento de reflexão. 
FUNDAMENTOS ECUMÊNICOS DA ÉTICA
- Dignidade humana – Dignidade da vida – “ O homem é um fim em si e nunca pode ser tratado como um simples meio” (Kant).
- Qualidade de vida – É um grito pela dignidade humana.
- Felicidade – Realização humana. Vai além da realização subjetiva: é política, social, cultural, profissional, em nível de esperança e fé.
- Justiça – É o fundamento que sustenta todo agir pelo “Justo Meio”.
- Autonomia – Fazemos nossa própria lei para buscarmos a realização e não a destruição. Eticamente somos feitos para buscar a realização.
- Sacralidade da vida – A vida não tem preço, tem valor.
ÉTICA PROFISSIONAL está diretamente associada a ética social, onde o respeito aos princípios legais vigentes, à cidadania, aos pares de profissão, às instituições e autoridades constituídas são fundamentais para a credibilidade do ato profissional.
Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom.
Moore GE. Princípios Éticos. São Paulo: Abril Cultural, 1975:4
DEONTOLOGIA significa, etimologicamente, a ciência que estabelece as diretivas da atividade profissional sob a retidão moral ou da honestidade;
Deontologia elabora de maneira contínua e sistemática os ideais e as normas que devem reger a atividade profissional;
 Deontologia não visa, em nenhum momento ao valor da profissão no mercado de trabalho, os honorários ou mesmo lucros a serem auferidos no exercício profissional, nem mesmo à formação de um grupo corporativo.
Deontologia, de maneira profissional, estabelece três linhas básicas de conduta profissional:
Primeiro momento, na área do profissional, cuja regra de ouro é zelar pelo bom nome ou a reputação pessoal e social da profissão, dependente da preocupação com a competência e com a honestidade.
Segundo momento, temos o contexto da ordem profissional ou seja, na relação com seus pares de profissão, oculto à lealdade e à solidariedade profissional, reduzindo a grau zero qualquer espécie de competição e concorrência desleal e ilegítima.
Terceiro momento, trata da relação entre o profissional e aqueles que demandam seus serviços.
Deontologia (ética profissional) = Normas que indicam como devem se comportar indivíduos de determinado corpo sócio profissional.
No Brasil têm poder coercitivo (forçar ou obrigar).
Aula 3
Honestidade, Tecnociência, Conceito de Bioética
O que é Honestidade:
Honestidade é a palavra que indica a qualidade de ser verdadeiro: não mentir, não fraudar, não enganar.
Quanto à etimologia, a palavra honestidade tem origem no latim honos, que remete para dignidade e honra.
A honestidade pode ser uma característica de uma pessoa ou instituição, significa falar a verdade, não omitir, não dissimular. O indivíduo que é honesto repudia a malandragem e a esperteza de querer levar vantagem em tudo.
Exemplo: “É difícil encontrar um político honesto”.
Honestidade, de maneira explícita, é a obediência incondicional às regras morais existentes. Existem alguns procedimentos para alguns tipos de ações, que servem como guia, como referência para as decisões. Exercer a honestidade em caráter amplo é muito difícil, porque existem as convenções sociais que nem sempre espelham a realidade, mas como estão formalizadas e enraizadas são tidas como certas.
Saiba mais sobre o significado da Moral.
Para muitos, a pessoa honesta é aquela que não mente, não furta, não rouba, vive uma vida honesta para ter alegria, paz, respeito dos outros e boas amizades. Atualmente, o conceito de honestidade está meio deturpado, uma vez que os indivíduos que agem corretamente são chamados de "caretas", ou são humilhados por outros.
 Alguns sinônimos de honestidade são:
- Honradez
- Decoro
- Probidade
- Compostura
- Decência
- Pudor
- Dignidade.
 No mundo da música a honestidade é muitas vezes mencionada. Um exemplo disso é a música Pânico na Zona Sul, do grupo brasileiro de rap Racionais MC's, cuja letra afirma: "Honestidade nunca será demais, sua moral não se ganha, se faz".
A honestidade, do termo latim honestĭtas, é a qualidade do que é honesto. Portanto, a palavra faz referência àquele ou àquela que é decente, íntegro (a), recatado(a), reservado(a), razoável, justo(a), probo(a), reto(a) ou honrado(a), de acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora.
Por outras palavras, a honestidade constitui uma qualidade humana que consiste em comportar-se e expressar-se com sinceridade e coerência, respeitando os valores da justiça e a verdade.
A honestidade não se pode basear nos próprios desejos das pessoas. Atuar de forma honesta requer respeito pela verdade, que vai mais além das intenções. Um homem não pode atuar de acordo com os seus próprios interesses,por exemplo obviando à informação, e sendo considerado honesto.
 O filósofo chinês Confúcio (551 a.C.-479 a.C.) fez a diferença entre três níveis de honestidade. Num nível mais superficial (denominado Li), inclui as ações que uma pessoa realiza com o objetivo de cumprir os seus próprios desejos, tanto a curto como a longo prazo, embora nunca escondendo a sua sinceridade.
Um nível mais profundo é o Yi, onde o atuante não procura satisfazer o seu próprio interesse, mas antes o princípio moral da justiça, com base na reciprocidade.
Por fim, o nível mais profundo da honestidade é o Ren, para o qual é necessário auto compreensão prévia para compreender os outros. Este nível implica que um indivíduo deve tratar aqueles que se encontram num nível inferior da escala social da mesma forma que gostaria que os superiores o tratassem a ele.
 O que é tecnociência e qual seu lugar no nosso cotidiano:
Nas últimas décadas, ciência e tecnologia foram alvos de debate a respeito do vínculo de subordinação entre si. Se por um lado temos a ciência vista como produtora de todo conhecimento racional e verdadeiro, do outro temos a tecnologia, que se apresenta como a materialização dos resultados da atividade científica.
Após anos sendo vistas de formas separadas, ciência e tecnologia se unem em determinado aspecto e passam a ser conhecidas como “tecnociência”. A tecnociência nada mais é do que a privatização instrumental do conhecimento científico-tecnológico que já conhecemos há muito tempo, para produção de artefatos, tais como: computadores, celulares, televisores etc.
 Como funciona a tecnociência?
Apesar de parecer algo extremamente complicado e distante, os mecanismos de funcionamento da tecnociência são simples e estão sendo utilizados a todo o momento. Ao acessar o computador ou celular para ler materiais como este, o usuário está usufruindo dos resultados da tecnociência. Seu objetivo é bem simples e direto ao ponto: facilitar a vida de quem a utiliza.
O dia a dia do brasileiro fica cada vez mais acelerado e com sobrecargas de horas de trabalho. É pensando em situações de sobrecarga como esta que os mecanismos da tecnociência são aplicados. Como cita a pesquisadora Flávia Lacerda da FCI de Brasília, em sua tese de doutorado, é preciso que haja novas ferramentas para acompanhar o desenvolvimento das informações presentes em nosso mundo.
 Os novos meios de acessar informação no dia a dia. (Fonte: igenio.com.br):
Além das informações sobre o mundo, há a necessidade de criar ferramentas que sejam capazes de auxiliar na saúde do usuário, por exemplo, aliviando o estresse da rotina. Para se ter uma ideia da vasta aplicação dessa nova ciência em associação à tecnologia, empresas do ramo de jogos de azar utilizaram os princípios dessa tendência para permitir a efetuação de apostas online no Brasil de forma segura e eficiente, a fim de que a vida do trabalhador possa ser divertida (e sem sair de casa).
 Quais as vantagens do uso da tecnociência?
Tanto tecnologia quanto a ciência sempre proporcionaram vantagens individuais significativas na hora da resolução de certos problemas. Porém, a unificação de ambas está sendo capaz de proporcionar vantagens coletivas para a população em geral, como é o caso do crescimento da economia do país.
Segundo o Relatório do Plano de Ação do ano de 2017 do BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a utilização desses mecanismos trazidos pela tecnociência para a rotina do brasileiro será capaz de movimentar na economia nacional um valor estimado entre US$11 bilhões a US$25 bilhões de dólares.
 A tecnociência é prejudicial?
Realizar quase todas as atividades do dia a dia através de uma tela, seja de celular ou do próprio computador pessoal ou da empresa, pode assustar algumas pessoas. A tecnociência, assim como qualquer nova criação em nossas vidas, precisa ser usada com moderação, nunca em excesso.
Controlar o tempo que se passa em frente a computadores e celulares é fundamental para que a ferramenta de facilitação não vire algo prejudicial. Outra dica importante para evitar que a tecnociência vire algo nocivo é dar sempre prioridade, quando possível, à realização de certas atividades fora do mundo online. Não se pode esquecer que, apesar das facilidades, sair para uma casa de jogos em companhia de amigos queridos possui um valor sentimental que agrega muito a todos os seres humanos.
 Saúde e tecnociência no contexto da precarização do trabalho:
O conceito de saúde passou por modificações ao longo dos últimos anos, agregando perspectivas dos mais diversos campos. Para além das diversas áreas das ciências da saúde, as ciências humanas e sociais, as linguagens, a filosofia, a educação, entre outras, desempenham papel fundamental na compreensão da saúde. Hoje, a noção de saúde não se restringe à ausência de doenças, mas ao completo estado de bem-estar físico, mental e social. Ela é multifatorial e sua compreensão se dá na relação entre a teoria e a prática.
Vivemos hoje dilemas sociais que impactam a noção de saúde. O trabalho é um deles, pois está na essência da sociedade e dos seres sociais. Porém, as últimas décadas marcam o chamado neoliberalismo. Por meio desse modelo, tem-se uma agenda de desconstrução dos bens públicos, marcada pela deterioração de instituições e dos direitos sociais. Junto, surgem novas formas de trabalho que atendem a esse projeto de sociedade, marcadas pela precarização, pelo desemprego, pela informalidade e por discursos sedutores que buscam soluções individuais para os problemas.
A tecnociência, como modelo de produção do conhecimento que atende a tais demandas de um tempo em que a centralidade está no mercado, torna-se o espelho desses processos. Por ela, ciência, técnica, tecnologia e inovação são desconstruídas de seu caráter social e passam a ser objetos do privado e do lucro. O conhecimento e as ações de inovação científicas e tecnológicas para todos e todas e que poderiam ser capazes de romper com as desigualdades são colocados de lado.
Tais reflexões demonstram como saúde, tecnociência e a precarização se aproximam no contexto atual.
A tecnociência e o poder na cultura contemporânea: estrutura, atores, saberes, instituições, finanças
O saber considerado verdadeiro (“aquilo que é lícito pensar”) – em cada cultura, o que define a “ciência” de cada sociedade, está profundamente imbricado nesta cultura (Foucault, 1966). Esta consideração, embora originária da filosofia, é o fundamento das ciências sociais, seu ponto de partida e de chegada: o conhecimento, a verdade, o que constitui a marca característica do universo simbólico de cada sociedade, é fruto de construção social: não há verdades cognitivas fora ou acima da cultura de onde emergem.
A tecnociência é a marca epistêmica típica do modo específico de pensar e ser da sociedade capitalista ocidental, originada pela ciência moderna dos fins do século XVI, como mencionei atrás. Esta episteme tem, portanto, cinco séculos, sendo jovem diante de saberes e modos de produção de verdades de outras culturas e civilizações, mesmo ocidentais. A eficácia e a utilidade social são atualmente seus parâmetros básicos para aferição de veracidade, e não mais a comprovação de verdades teóricas (“descoberta de leis”), como no período clássico da racionalidade científica – séculos XVIII e XIX (Luz, 2012) –, nem mesmo verdades provisórias, como durante quase todo o século XX.
A ciência busca, neste século recém-iniciado, recriar a natureza à sua imagem, “funcional”, prática, mutável. Talvez a palavra “reformatar” traduza melhor o estilo de intervenção buscada pela tecnologia científica, inovadora da extensão e da moldagem da vida, do viver, e mesmo do morrer, ou do extinguir-se, tanto de seres vivos como inanimados. Tanto no micro nível humano, como no macro nível do planeta Terra e, possivelmente, em breve, de outros planetas.
É chegado, talvez, o momento de pensarmos se uma das ideias matrizes da racionalidade científica que emerge com a cultura moderna, a de natureza, pensada como uma totalidade desconhecidaa ser desvendada, unidade complexa e separada da espécie humana, dotada de leis a serem decifradas por uma linguagem formal, pode estar em processo de desvanecimento face a outras ideias, forças mais próximas da visão teórica e das percepções práticas e inovadoras da tecnociência, como a de ambiente, ou ambientes, no plural. Talvez as ideias de natureza e natural tenham perdido densidade teórica, ou interpretativa (Luz, 2012), face ao poder de invenção de novas realidades, não oriundas do mundo natural, fruto das habilidades que a tekné da racionalidade científica atual cria constantemente, perante a sua ligação com o mundo produtivo.
Este modo de saber interventor é, portanto, também, um modo de poder inédito sobre a vida. Um poder de origem económico-social, umbilicalmente ligado a uma cultura específica, a da sociedade capitalista, e que, mesmo sendo um poder de natureza predominantemente simbólica (Bourdieu, 1983, 1989), tem, entretanto, consequências concretas na vida, nos ambientes, nas coisas.
Em outras palavras, não é um poder que se exerce apenas sobre o que existe concretamente, mas também sobre o que se pensa socialmente, isto é, o imaginário: aquilo que se supõe ser verdade, que se deseja, que se julga bom ou mau: o que se faz, e como se faz, o que não se faz, e porque não se faz.
A tecnociência é uma construção sociocultural impressionante no presente: imensa Torre de Babel de disciplinas, com linguagens e modos de proceder específicos que se expandem em redes, buscando avanço quantitativo e qualitativo, e que tendem a se interligar em projetos interdisciplinares. 
Mas esta construção é, ao mesmo tempo, um modo de dirigir o pensar e o agir da complexa malha hierárquica disciplinada de seus agentes sociais: pesquisadores, professores, estudantes, gestores, além dos consumidores, de origens diversas, com suas motivações específicas e peculiares de consumo.
Pode-se afirmar aqui, sem temor de imprecisão, que praticamente tudo o que se consome na Terra agora é fruto da tecnologia científica: do alimento ao medicamento, da vestimenta ao mobiliário e à higiene da casa, da diversão dos jogos eletrônicos à sociabilidade dos encontros virtuais. Talvez seja possível corroborar o discurso dos filmes de ficção científica, que procuram ilustrar a que ponto a vida no planeta está dependente do funcionamento da tecnologia. 
E a tecnologia é fruto direto ou indireto do desenvolvimento científico, que por sua vez está fortemente imbricado no crescimento visto como desenvolvimento econômico, seja como semente ou como fruto. Ou, se preferirmos empregar a linguagem científica tradicional, como causa ou efeito.
Deste modo, as três perspetivas teóricas mencionadas no início desta apresentação parecem se confirmar: na sociedade capitalista a tecnociência é não apenas uma força produtiva: é um modo de pensar a vida e as coisas, uma racionalidade específica, e um modo de produzir – metodicamente – verdades, através do método científico (poder simbólico). 
O poder científico atual situa-se, assim, não só no plano da produção social, mas também no da reprodução da sociedade, e no imaginário social, num processo simbólico continuamente renovado – sobretudo via consumo – embora sem qualquer mudança efetiva nas “regras do jogo” social (Bourdieu, 1983; 1989).
Esta complexa estrutura mobiliza, para sua operacionalização concreta, regras próprias para funcionamento das hierarquias sociais, que determinam níveis de autoridade, estilos de linguagem, e modos de difusão e comunicação.
 O que é Bioética?
A Bioética é uma área de estudo focada na influência de princípios morais e éticos na prática médica e na pesquisa científica.
O conceito de Bioética pode ser bastante complexo, por isso é importante ter em mente que não existe uma única definição. De forma geral, estuda quais são as melhores soluções para conflitos éticos, para conseguir atender necessidades médicas sem desrespeitar valores importantes para os pacientes e para a sociedade em geral.
A ética na escolha de tratamentos para paciente ou no desenvolvimento de pesquisas são exemplos de casos em que a Bioética é importante para orientar as melhores decisões.
Esse estudo envolve pelo menos duas áreas: Ética e Biologia. Além dessas, a Bioética pode ser influenciada por estudos vindos da Biotecnologia, Biociência, Filosofia, Psicologia, Antropologia, Direito e Sociologia.
 Os 4 princípios da Bioética
 A Bioética tem quatro princípios que devem ser analisados para resolver dilemas éticos sobre atendimentos ou tratamentos de saúde. Os princípios são autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça.
· Autonomia:
 O princípio da autonomia determina que a vontade do paciente quanto aos tratamentos deve ser respeitada. Sabendo disso, os profissionais de saúde devem agir respeitando esses princípios pessoais e morais.
O princípio tem algumas exceções, como: atendimentos urgentes em que há risco de morte, doenças que devem ser obrigatoriamente notificadas ou quando o paciente não possui capacidade de decisão.
· Beneficência:
 O princípio da beneficência determina que os tratamentos médicos devem ser aplicados considerando o máximo de benefício com a menor quantidade de prejuízos.
A beneficência é a obrigação médica de fazer o que for melhor para o paciente, escolhendo os tratamentos que não causem danos ou que causem o menor prejuízo possível.
· Não-maleficência:
 Esse princípio se relaciona com a beneficência e determina que os profissionais de saúde devem fazer o possível para evitar danos intencionais aos pacientes.
O objetivo é evitar que os pacientes tenham que lidar com outras dores ou prejuízos além dos que já existem como consequências de sua condição de saúde.
Por exemplo, sempre que possível, deve-se evitar o uso de medicações que tenham efeitos secundários, que causem dor ou outros prejuízos de saúde.
· Justiça:
 O princípio da justiça determina que o acesso ao atendimento médico e aos tratamentos de saúde deve acontecer de forma justa, observando-se as necessidades dos pacientes.
Define que os profissionais de saúde tratem todos os doentes com o mesmo cuidado e atenção, sem diferenças no tratamento por questões sociais, culturais, étnicas, de gênero ou religiosas.
Também se refere à igualdade na avaliação dos tratamentos mais adequados a cada situação. Para isso, é preciso considerar tanto os valores morais e éticos do paciente, como a realidade de sua saúde e a necessidade do tratamento.
 A Bioética na Filosofia:
O conceito de Bioética é estudado na Filosofia por sua ligação com os conceitos de moral e ética e pela importância deles nas análises bioéticas.
Considerando esses conceitos juntamente com a preocupação ética nos procedimentos médicos, uma das principais preocupações da Filosofia é a humanização dos atendimentos. Essa área também auxilia na determinação dos limites morais e éticos na realização de pesquisas científicas.
Sócrates, Platão e Aristóteles são ainda hoje fontes de conhecimento paras questionamentos muito importantes da Bioética. Algumas reflexões Socráticas, como a preocupação com a ética e a consciência de que não existe somente um ponto de vista correto sobre um assunto são fundamentais na ética médica.
Platão questionou, por exemplo, a qualidade de uma vivência marcada por doenças e o desejo de prolongar uma vida pouco saudável.
O conceito de prudência de Aristóteles resume a capacidade de análise prévia para tomar decisões e evitar prejuízos. A prudência pode ser relacionada com o princípio da beneficência, que deve inspirar os profissionais de saúde a buscar o melhor tratamento aos seus pacientes.
 Qual a importância da Bioética?
A Bioética tem se tornado cada vez mais importante porque a evolução da medicina e o aparecimento de inovações científicas criam novos questionamentos sobre os limites éticos da conduta médica.
A Bioética ajuda a compreender quais são esses limites que devem ser considerados em pesquisas científicas e procedimentos médicos em áreas mais sensíveis. A pretensão da Bioética é facilitar que os procedimentosestejam de acordo com os valores éticos e morais mais cultivados em cada sociedade.
Além da saúde, a Bioética pode ser importante em questões como a regulamentação das alterações genéticas em alimentos (transgênicos) ou nos testes de medicamentos e cosméticos que são feitos em animais.
 Aplicação da Bioética na saúde:
O objetivo da Bioética na saúde é garantir que os pacientes recebam o tratamento mais adequado a sua situação, sem que o tratamento escolhido viole seus princípios pessoais.
São alguns exemplos de questões devem ser cuidadosamente analisadas na área da saúde:
- Realização de pesquisas que envolvem o genoma humano;
- Senso moral e limites éticos na pesquisa e nos testes de clonagem;
- Questões éticas e morais sobre a realização de aborto;
- Decisão sobre tratamento mais adequado;
- Direito de escolha por procedimento de eutanásia;
- Significado de morte com dignidade e morte assistida;
- Uso de células-tronco para pesquisa,
- Congelamento e descarte de óvulos em procedimentos de fertilização in vitro;
- Decisões sobre transplantes e doação de órgãos.
 História da Bioética:
O conceito de Bioética foi usado pela primeira vez na publicação do livro Bioética: uma revisão do relacionamento ético dos humanos em relação aos animais e plantas. O livro foi escrito por Fritz Jahr (1895-1953) e publicado na década de 1930.
Quando criou o conceito, Fritz se referia ao respeito que deveria basear as relações dos seres humanos com a natureza, defendendo que esse relacionamento não poderia deixar de considerar a ética.
A Bioética como conhecemos hoje surgiu um pouco depois, na década de 1970, a partir do trabalho do médico Andre Hellegers (1926-1979).
Ele foi pioneiro em estudar a aplicação da ética na prática médica, especialmente na reprodução humana, com foco em garantir a dignidade e o respeito aos valores éticos dos pacientes.
 A Bioética no Brasil:
No Brasil, a Bioética surgiu há poucas décadas, precisamente nos anos 90. O conceito se tornou ainda mais importante no país depois da criação de leis referentes à prática e à ética da medicina.
Outros fatores que influenciaram o crescimento do interesse pela Bioética no Brasil foram as pesquisas sobre genoma humano e clonagem e a criação de órgãos regulamentadores, como a Sociedade Brasileira de Bioética, fundada em 1995.
Foi só no início dos anos 2000 que a Bioética ganhou mais importância no país. Com mais interesse no tema, foram feitas mais pesquisas e diversos eventos sobre pesquisa bioética foram realizados.
O Brasil também ganhou mais cursos de especialização no assunto, o que fez crescer o número de profissionais com formação especializada em Bioética.
 Vá mais Longe
VEATCH, Robert M. Bioética – 3ª ed. - São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/5675/pdf (Links para um site externo.)
Ler o capítulo 1, Um Mapa no Campo da ética. (pág. 02 - 11).
 Agora é sua Vez
 Ler o texto: VEATCH, Robert M. Bioética – 3ª ed. - São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/5675/pdf Ler o capítulo3, Definição de morte, aborto, células tronco e bem estar animal: a base do status moral. (pág. 29 - 49).
Aula 4
Teorias Bioéticas (Principialismo), Dilemas éticos envolvendo a prática profissional
O que é Principialismo:
A utilização de “princípios” como forma de reflexão corresponde a uma abordagem clássica e bastante utilizada em Bioética.
O Relatório Belmont – promulgado em 1978, numa reação institucional aos escândalos causados pelos experimentos da medicina desde o início da 2ª Guerra Mundial – utilizou como referencial para as suas considerações éticas três princípios básicos: a Autonomia (respeito às pessoas); Beneficência e Justiça.
O filósofo americano Tom Beauchamp, que havia participado da Comissão que elaborou o relatório Belmont, e o teólogo James Chidress, ambos vinculados ao Kennedy Institute of Ethics, publicaram, também em 1978, seu livro Principles of Biomedical Ethics, que consagrou e ampliou o uso dos princípios para sistematizar a abordagem de dilemas e problemas bioéticos.
Assim, foram apresentados os chamados Quatro Princípios da Bioética: (respeito à)
- Autonomia;
- Não-Maleficência;
- Beneficência;
- Justiça.
Adicionado aos princípios contidos no Relatório Belmont, a Não-Maleficência é compreendida pelos autores como tão relevante quanto a Beneficência – e não apenas seu oposto. Para eles, os quatro princípios são prima facie, ou seja, têm a mesma importância hierárquica entre si.
Pretendem que cada um desses quatro princípios seja tomado como “obrigatório” apenas à primeira vista: as diretrizes que fluem deles devem ser seguidas quando não se chocarem com as que surgem de um princípio diferente.
 Os quatro princípios:
O primeiro dos princípios de Beauchamp e Childress demanda respeito pela Autonomia. Ainda que seja um conceito filosófico controverso, é tratado pelo método em termos de escolhas autônomas ou intencionais de agentes capazes de entender o que estão fazendo, e que estejam livres de influências indevidas em suas decisões. Exige que os outros não intervenham quando alguém fizer uma escolha autônoma, mesmo que a considerem “imprudente ou tola”.
Os autores argumentam ainda que “respeitar a autonomia” requer a adoção de medidas positivas para “promover e proteger” a capacidade dos agentes de agir de forma autônoma. Por exemplo, os profissionais de saúde devem informar os pacientes sobre os recursos possíveis de tratamento para sua condição e os resultados prováveis; garantir que a informação seja compreendida; e incentivar que participem das decisões, à luz de seus próprios valores e preferências.
Em situações específicas, como alguns procedimentos e em participação de pesquisa, é aplicável o Consentimento Informado, processo por meio do qual o indivíduo deixa claras sua decisão e consciência de riscos. A partir daí pode ser necessário que leia, compreenda e dê seu ok em um documento chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
O segundo princípio de Beauchamp e Childress é da Não-Maleficência, que estabelece que os profissionais de saúde não prejudiquem intencionalmente seus pacientes. Este princípio codifica o antigo pilar hipocrático médico primum non nocere: “acima de tudo, não causar danos”. Aqui, os autores indicam parâmetros como “não matar intencionalmente um paciente” e “não causar intencionalmente dor ou sofrimento desnecessário” a ele. Esse princípio poderia, por exemplo, determinar que o tratamento cessasse quando se tornasse fútil. Além disso, desempenha um papel importante na ética da pesquisa, ao proibir experimentos capazes de trazer prejuízos aos participantes, mesmo se consentirem.
Enquanto o segundo princípio de Beauchamp e Childress é largamente negativo, na medida em que veda várias ações, o da Beneficência é positivo: requer que profissionais tenham a obrigação moral de agir em benefício e no interesse dos atendidos. 
Ao contrário do que parece, eventuais conflitos não acontecem entre Beneficência e a Autonomia, mas sim, Autonomia e o Paternalismo – ações “paternalistas” são aquelas nas quais as decisões são tomadas pelos profissionais sem consultar as preferencias individuais dos assistidos, assumindo o que supõe “ser o melhor para eles”. 
O quarto princípio de Beauchamp e Childress é da Justiça, aplicado como sendo a expressão da justiça distributiva. Entende-se justiça distributiva a distribuição justa, equitativa e apropriada na sociedade, de acordo com normas que estruturam os termos da cooperação social. De acordo com tal perspectiva, uma situação de justiça estará presente sempre que uma pessoa receber benefícios ou encargos devidos às suas propriedades ou circunstâncias particulares.
Em Saúde, o princípio da Justiça estabelece como condição fundamental a equidade, obrigação ética de tratar cada indivíduo conforme o que é moralmente correto e adequado. O médico deve atuar com imparcialidade, evitando ao máximo que aspectos sociais, culturais,religiosos, financeiros ou outros interfiram na relação médico-paciente. Os recursos devem ser equilibradamente distribuídos, com o objetivo de alcançar, com melhor eficácia, o maior número de pessoas.
 “Moralidade comum”:
A partir de críticas de filósofos e bioeticistas que trabalham com outros modelos bioéticos – entre as quais, de que o método de Beachamp e Childress carece de “fundamentação teórica profunda” –, na quarta e quinta edições de Principles of Biomedical Ethics é apresentada uma nova justificativa para sua metodologia principialista.
Enquanto em edições anteriores os autores justificaram sua escolha de princípios em termos da convergência de teorias éticas sobre eles, as mais recentes sustentam que os princípios oferecem uma teoria da “moralidade comum” – mas não filosófica – compartilhada por membros de uma sociedade, a partir de senso comum e tradição.
Fontes:
Encyclopedia of Bioethics, 3rd edition Stephen G. Post
Principialismo, José Roberto Goldim, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
 Dilemas bioéticos na Atenção Básica:
“A Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e na inserção sociocultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável.” (BRASIL, 2006).
Entretanto, poderão surgir conflitos éticos nesse momento.
Os profissionais necessitam estar preparados para o reconhecimento de conflitos éticos, para a análise crítica de suas implicações, para o uso de senso de responsabilidade e para a obrigação moral ao tomar decisões relacionadas à vida humana.
 Desafios:
Como devemos nos relacionar com as outras pessoas, sejam os pacientes, sua família ou a equipe de saúde com quem trabalhamos?
 Nas profissões da área da saúde, é fundamental o estabelecimento de uma relação adequada com as pessoas, a fim de que o atendimento seja ético.
A ética vai além da resposta à pergunta: “Como devo me comportar diante dessa situação?”. A ética refere-se à busca do homem pela felicidade, visto que, para o homem, não basta sobreviver; importa viver e viver bem, uma vida com um sentido, um “para quê”. Esse é o verdadeiro significado de ética.
Na Atenção Básica, alguns dilemas (aqui denominados desafios bioéticos) poderão surgir, portanto será necessário seguir critérios para que essas posturas sejam adequadas.
 
Primeiro desafio ético: a postura profissional nas relações com o paciente, a família e a equipe de saúde:
Todos os profissionais da área da saúde estabelecem relações com outras pessoas, sobretudo com pacientes.
Entretanto, a globalização econômica, tecnocientífica e cultural gera uma reestruturação das relações humanas. Com a aquisição de novos conhecimentos científicos relativos à área da saúde, há a tendência de as relações entre as pessoas envolvidas perderem espaço, pois as atenções desviam-se para as novas tecnologias (ou biotecnologias), que passam a ser o objeto da confiança.
Para resgatar o sentido das relações humanas, há a necessidade de discussão sobre os novos desafios bioéticos que surgem na sociedade, em razão da interferência da tecnologia sobre a vida.
Na área da saúde, a postura “paternalista” do profissional (em que ele se considera superior por deter um conhecimento técnico especializado) desnivela as dignidades de profissional e de paciente, fazendo com que este último se sinta inferior, excluindo-se das decisões sobre sua própria vida.
Por isso, o profissional deverá mudar a postura de distanciamento do paciente, causada muitas vezes pela interposição da tecnologia entre eles. Para se aproximar do paciente, o profissional deve reconhecê-lo como um ser único, merecedor do melhor atendimento e considerar todas as suas dimensões (biológica, psicológica, social) durante o tratamento. Devemos acrescentar a pergunta “Como eu gostaria de ser tratado?” em todos os atendimentos que realizamos.
Para atingir essa finalidade, o trabalho em equipe torna-se fundamental.
Todos nós que nos dedicamos à atividade assistencial trabalhamos em equipe. Mesmo aqueles que trabalham em consultórios particulares trabalham em equipe. É importante lembrar-se disso quando nos ocupamos de cuidar do paciente. Desde o funcionário da recepção (ou do acolhimento) até aquele que vai realizar um procedimento clínico no paciente tem responsabilidade em relação a ele.
O funcionário responsável pelo agendamento, por exemplo, vai fornecer as primeiras informações para o paciente. Isso faz com que seja necessário que toda a equipe esteja bem treinada e que reconheça sua participação no processo de trabalho.
Além disso, um profissional da área da Saúde da Família trabalha com profissionais de outras áreas. Esse trabalho multiprofissional deve sempre visar ao cuidado integral à saúde do paciente, ou seja, trabalhar em equipe significa reconhecer que todos participarão do cuidado ao paciente e que esse cuidado será melhor se as decisões forem compartilhadas.
Outro aspecto a ser considerado na relação profissional-paciente é a confidencialidade das informações fornecidas.
 Segundo desafio ético: humanizar e acolher
A transformação da saúde em bem de consumo traz grandes desafios para os gestores em saúde. Cada vez que surge um tratamento novo, ou um equipamento novo (às vezes para responder a necessidades que podem nem mesmo ser de saúde, como as cirurgias plásticas estéticas), as pessoas têm o desejo de adquiri-lo. 
Assim, tratamentos de alta complexidade devem ser instituídos para garantir a vida, e não para responder a necessidades de consumo, o que faz com que nem todo tratamento disponível deva ser oferecido a todos.
O surgimento da Política Nacional de Humanização da assistência, que dentre outros itens incorpora o acolhimento, representa um desafio para os profissionais da saúde. Implica mudar a forma de atenção ao paciente do modelo biomédico para o modelo do cuidado.
Muitos de nós fomos formados seguindo o modelo biomédico, que privilegia o estudo das doenças, fragmenta o ensino em especialidades e assim enfatiza a formação técnica em detrimento da formação humanística e ética. Esse modelo reduziu o ser humano ao seu organismo biológico, levando os profissionais a serem vistos como simples prestadores de serviços.
A superespecialização na área da saúde atribui à doença um valor superior ao valor do doente. Se por um lado esse modelo favorece o desenvolvimento de materiais e técnicas, por outro traz o desafio de combinar esses avanços com as necessidades das pessoas, das sociedades e com seus valores morais.
Apesar de não ser possível nem desejável fugir dessa superespecialização, é preciso considerar os inconvenientes que ela pode trazer, como a perda da visão das pessoas como protagonistas do processo de cuidado na saúde.
Ao reduzir o corpo ao seu componente biológico, a saúde acaba por ser confundida com um bem que pode ser oferecido nas prateleiras, como uma mercadoria, o que dificulta o real entendimento das necessidades em saúde. A harmonia entre as diversas dimensões do ser humano (física, psíquica, social, espiritual) fica perdida se a busca for sempre a de solucionar problemas de natureza biológica.
A fim de aliar a excelência técnica ao compromisso social, é preciso prestar atenção integral mais humanizada, trabalhar em equipe e compreender melhor a realidade em que vive a população.
 Terceiro desafio ético: o esclarecimento
Para que uma pessoa possa consentir (aceitar) um tratamento, é preciso que ela esteja suficientemente informada. Isso significa que o profissional tem um papel muito importante no esclarecimento das pessoas. Para que esse esclarecimento ocorra, contudo, não basta fornecer ao paciente uma série de informações na primeira consulta. É preciso que essas informações a respeito da saúde do paciente tenham sido compreendidas e que sejam renovadas no decorrer do tratamento.
Muitas vezes, na consulta inicial, o paciente está com medo ou ansioso em razão do desconhecido (não sabe como o profissionalvai lidar com seu problema de saúde) ou por estar com dor. Esses fatores (medo, ansiedade e dor) limitam a autonomiado paciente. Se essa pessoa (paciente) estiver ansiosa, com medo ou com dor, ela estará vulnerável (terá limitação de sua autonomia) e, por isso, é muito importante que o profissional esteja preparado para lidar com essa situação. Nesses momentos, é fundamental que o profissional explique ainda melhor para o paciente no que consistirá seu tratamento e retome essas informações nas consultas futuras.
Outro fator fundamental é que, para haver esse esclarecimento, é preciso que as informações fornecidas sejam compreendidas. Nem tudo o que o profissional vai dizer para o paciente será entendido em um primeiro momento. Por isso, é preciso se certificar de que o paciente entendeu no que consistirá o tratamento. Para tanto, é necessário mais do que perguntar ao paciente “Você entendeu?”. É primordial conversar com o paciente e perguntar para ele “O que você entendeu a respeito de seu tratamento, ou de seu problema de saúde?”.
Mais um elemento que deve ser considerado pelo profissional para garantir o esclarecimento é que o modelo de comunicação a ser adotado pelo profissional seja bidirecional. Mas o que isso significa? Devemos nos preparar para ouvir o paciente. Os profissionais estão acostumados a informar os pacientes. Em uma consulta, o que se percebe muitas vezes é que o profissional fala mais do que o paciente.
Os psicólogos estão acostumados a ouvir seus pacientes, mas, para os outros profissionais que tratam da saúde das pessoas, essa não é a conduta mais comum. O que se verifica, na maioria das vezes, é que o profissional limita a coleta das informações à anamnese do paciente, ou seja, as informações colhidas são aquelas que dizem respeito à saúde do paciente, o que muitas vezes é feito por meio do preenchimento de um formulário pronto no qual se assinala com um X a resposta fornecida pelo paciente.
Há pouco (ou nenhum) espaço para o paciente falar sobre a sua doença, como a percebe e como ela está interferindo em sua vida. Esse espaço para o paciente falar é fundamental quando pretendemos percebê-lo em sua totalidade (quando queremos respeitar todas as dimensões da pessoa: física, psíquica, social e espiritual). Quando o profissional limita sua comunicação com o paciente ao momento da anamnese, está restringindo o tratamento à dimensão física dele. A comunicação é bidirecional quando o profissional fala e ouve seu paciente.
Quando conseguimos ouvir o paciente, informamos a respeito de sua saúde, percebemos se ele compreendeu o que foi explicado e renovamos essas informações ao longo do tratamento, temos a possibilidade de pedir seu consentimento para o tratamento. Assim, o consentimento se estabelece como um processo, e não fica limitado ao preenchimento de um formulário. O documento assinado pelo paciente, no qual ele autoriza o tratamento, é importante, mas de nada adianta se ele não compreendeu em que consistirá seu tratamento.
Outro aspecto a ser considerado quando se fala em consentimento é a necessidade de o paciente ter liberdade para decidir, mas essa liberdade sempre deverá estar associada à sua responsabilidade diante da decisão que for tomada. O profissional tem o dever de esclarecer, mas o paciente, uma vez esclarecido, tem o direito de decidir o que melhor lhe convém. Deve-se, pois, respeitar sua autonomia.
Quando o consentimento é obtido seguindo esses critérios, estabelecer-se-á a desejada aliança terapêutica entre profissional e paciente.
 
Quarto desafio ético: a privacidade e o sigilo
“A privacidade é o direito que o paciente tem de ser atendido em um espaço privado de consulta.” Esse é o conceito clássico de privacidade difundido no âmbito da saúde.
Entretanto, em diversas situações, o setting do atendimento tradicionalmente se desloca do “consultório”, ao qual o profissional está acostumado, para a casa, o lar do paciente, visto que as visitas domiciliares integram a Estratégia de Saúde da Família. Assim, nessas visitas, um diagnóstico da realidade das famílias é realizado no ambiente em que elas vivem.
As visitas domiciliares representam a possibilidade de conhecer melhor as pessoas e, dessa maneira, realizar ações educativas nas residências delas, facilitando a mudança de hábitos, e assim favorecendo a promoção de sua saúde.
Por outro lado, essas visitas são primordialmente realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde, que são vizinhos, amigos (ou inimigos) daquela família. Haveria um limite para a interferência na vida daquelas pessoas? Todas as informações colhidas podem (ou devem) ser compartilhadas por todos os membros da equipe de saúde?
As informações que um paciente fornece para um profissional devem ser mantidas em sigilo. Não podemos comentar com outras pessoas. Devemos também ter bastante cuidado com a equipe de saúde, que também é obrigada a manter o sigilo das informações. Contudo, algumas vezes, o profissional poderá se reunir com colegas para discutir um caso clínico, com a intenção de melhorar o atendimento ao paciente. Nesses casos, desde que mantida a identidade do paciente em sigilo, essa “consulta” é permitida.
Assim, é preciso estar atento à coleta das informações e ao preenchimento da anamnese, que muitas vezes é realizado diante de outras pessoas, em voz alta, o que poderá constranger o paciente. Além disso, os comentários, dentro e fora do ambiente de atendimento, devem ser evitados.
 Quinto desafio ético: a importância do prontuário
Os prontuários, quando compostos de registros bem documentados, representam a oportunidade de seguir e avaliar o tratamento de um paciente, bem como poderão fornecer dados relativos ao controle de qualidade do atendimento prestado.
É preciso documentar todos os aspectos no que tange aos cuidados dispensados ao paciente, sendo fundamental preencher e armazenar o prontuário de forma adequada. Salienta-se que esse documento, apesar de estar sob a guarda do profissional, ou do serviço, pertence ao paciente.
Nas Unidades de Saúde da Família, o prontuário único da família facilita o enfrentamento dos problemas vivenciados ao concentrar as informações sobre ela. Mas atenção especial à guarda das informações deve ser tomada, visto que os dados de cada um dos membros da família não podem ser disponibilizados para os outros membros, sob o risco de se agravarem os problemas referentes ao relacionamento entre eles.
Ademais, alguns serviços já estão utilizando o prontuário único eletrônico, que pretende facilitar o acesso dos profissionais aos dados do paciente (ou família), agilizar o atendimento, bem como facilitar a organização dos serviços.
Contudo, o prontuário eletrônico representa um novo desafio no que tange à manutenção do sigilo das informações que se referem ao paciente. Para proteger o acesso às informações contidas no prontuário, preservando o direito ao sigilo daqueles dados, é necessária a utilização de senhas e de certificados digitais.
Ressalte-se que a manutenção do sigilo das informações referentes à saúde do paciente, como anteriormente explanado, deve ser preservada quando da manipulação do prontuário, esteja ele em meio físico (papel) ou em meio eletrônico.
 Sexto desafio ético: a interferência na adoção (ou não) de estilos de vida saudáveis
As ações de saúde pública visam interferir no processo saúde-doença da coletividade, com a finalidade de proporcionar um melhor estado de saúde para as populações. Essas ações podem, contudo, gerar confrontos entre os interesses individuais e os coletivos, entre as liberdades individuais e o bem-estar ou a segurança da coletividade.
Todas as pessoas têm responsabilidades em relação à vida dos outros, afinal vivemos em sociedade. No entanto, a fim de tornar possível esse princípio, devem-se oferecer oportunidades para que as pessoas conquistem a autonomia necessária para a tomada de decisão sobre aspectos que afetem suas vidas e que sejam capacitadas para que, de forma livre e esclarecida, possam manter o controle sobre sua saúde e suas condições de

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