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Como fazer um projeto de pesquisa científica (modelo)

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IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DE FEIÇÕES EROSIVAS NAS ÁREAS DE EXPANSÃO URBANA NO MUNICÍPIO DE SÃO PEDRO-SP: RELAÇÕES ENTRE A CAPACIDADE DE SUPORTE E A DEMANDA EXIGIDA
Aluna: Carolina Franchini Santiago
Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Vitte
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RESUMO
O projeto de pesquisa realiza um estudo de caso no município de São Pedro – SP, de modo a organizar e exemplificar como que se dá a relação entre a capacidade de suporte do solo e a demanda exigida pela ocupação urbana. Para tal estudo será organizado um levantamento demográfico do município a partir de fontes secundárias, englobando áreas que estão em expansão urbana e como que essa expansão alterou o solo, no âmbito dos processos erosivos. A partir dos resultados obtidos será estabelecida uma análise integradora das relações existentes entre a capacidade de suporte do sítio natural e os processos erosivos resultantes da demanda exigida pela dinâmica urbano-demográfica.
INTRODUÇÃO
O solo é recurso básico para a constituição de tudo que existe hoje na superfície terrestre. Atualmente, boa parte dos solos sofre ou já sofreu com as ações degradadoras que são disparadas por processos naturais ou pela ação do homem que, por sua vez, molda o ambiente a sua volta para suprir as suas necessidades (MARX, 1999). Sendo um agente modificar e disparador de dinâmicas físicas, o homem, quando analisa-se este modelo de uso, é identificado como um transformador da natureza a um objeto, meramente um material de utilidade (HARVEY, 1981). 
A Ciência Geográfica busca a análise integrada entre o ambiente e o homem, além das relações que são mediadas por esses dois principais atores (BOGO, 2010). Assim, com os aspectos analisados, o que contribuiu para que a população se interessasse e reconhecesse os problemas ambientais, foi o fato de que ela própria passou a sentir os desmandos realizados contra a natureza (TAVARES, 1986). Dentre os problemas ambientais, podemos citar a perda de solos a partir de processos de degradação, sendo a erosão o principal deles. Tal problema pode ser considerado uma junção de questões políticas, econômicas, sociais e naturais que, somadas, resultam em ambientes de perda de solos (GUERRA et al, 1999).
Para evitar todos os problemas que estão associados ao uso inapropriado do solo, é fundamental a realização de estudos periódicos sobre as áreas que estão em expansão, seja em expansão agropecuária ou urbana e, ao mesmo tempo, são vistas como um risco para a qualidade vida de seus habitantes. Estudos que visem encontrar respostas aos processos de perda de solos e a identificação de padrões, são de fundamental importância para o entendimento deste tema na Ciência Geográfica.
A área de pesquisa deste projeto envolve o município de São Pedro e as relações entre a urbanização e os processos erosivos que moldam a paisagem deste município, localizado no interior do estado de São Paulo. São Pedro, dentro da proposta de criação da Macro Metrópole do estado de São Paulo (Macro Metrópole Paulista), está localizado dentro da Aglomeração Urbana de Piracicaba. Esta aglomeração conta com 22 municípios e com uma área aproximada de 7 mil km², correspondendo a aproximadamente 14% do território da Macro Metrópole, 2,8% do território paulista e 0,1% do território nacional (EMPLASA, 2015).
São Pedro
Figura 1: Localização do município de São Pedro dentro da Aglomeração Urbana de Piracicaba. Fonte: EMPLASA, 2015.
	
Demograficamente, AUP (Aglomeração Urbana de Piracicaba), representa cerca de 3,17% da população estadual e cerca de 0,7% da população nacional. A região apresenta densidade demográfica média de 186,80 hab./km² e, no período 2000/2010 cresceu, anualmente, a uma taxa de 1,22%, terceiro menor valor registrado dentre as unidades da Macro Metrópole e pouco acima da média estadual (1,10%) (EMPLASA, 2015). Nos últimos estudos realizados pela Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – Portal de Estatísticas do Estado de São Paulo), nota-se que em São Pedro existe uma evolução demográfica da população urbana quando comparada com a população rural. O gráfico abaixo apresenta tal evolução a partir de 1984 em um intervalo de 10 anos de dados:
Gráfico 1: População Urbana, Rural e Total em São Pedro em um intervalo de 10 anos a partir de 1984. Fonte: Fundação Seade, 2015.
	A partir do gráfico, nota-se um aumento populacional urbano significativo, enquanto que a população rural manteve-se com crescimento baixo e passou a diminuir a partir de 2004. Em dados gerais, a população total dobrou em cerca de 30 anos. Com isso, constatamos aumento na taxa de crescimento urbano e, como consequência, são gerados problemas de uso, ocupação e capacidade de suporte fornecida pelo sítio natural onde se encontra o município. A tabela abaixo apresenta o grau de urbanização do município e dados sobre a composição da população total, rural e urbana, a partir de 1984 e sua evolução em períodos de 10 anos:
	Variável
	1984
	1994
	2004
	2014
	Grau de Urbanização (em %)
	77,66
	78,47
	81,36
	85,3
	 População Total
	15.297
	22.532
	29.432
	32.731
	População Urbana
	11.880
	17.681
	23.946
	27.920
	População Rural
	3.417
	4.851
	5.486
	4.811
 Tabela 1: População Urbana, Rural, Total e Grau de Urbanização em São Pedro em um intervalo de 10 anos a partir de 1984. Fonte: Fundação Seade, 2015
Com a tabela nota-se que já em 1984 o grau de urbanização do município girava em torno dos 77% e que mesmo com um aumento de 135% da população urbana entre 1984 e 2014, o grau de urbanização não só manteve-se alto, mas como elevou-se quando comparado aos anos anteriores, chegando a cerca de 85%. Ainda é possível observar como se desenvolve a população rural dentro do município, ou seja, de 1984 a 2004 houve um aumento de cerca de 60% da população rural. Contudo, logo em seguida, já em 2014 existe uma queda de aproximadamente 12% em relação aos índices de 2004. Com esses dados, constata-se que a população urbana está em desenvolvimento demográfico. 
No município são constatadas ainda áreas descontínuas de urbanização, ou seja, ao longo de toda extensão urbana são encontradas manchas urbanas descontínuas em constante crescimento. É interessante notar que o município de São Pedro, segundo Santos (2001), por ter mais de 20 mil habitantes enfrenta um ritmo de crescimento populacional maior do que os índices da população total brasileira e da população urbana do país. De acordo com Santos, estima-se que de cada cem novos habitantes residentes no meio urbano, 88 estavam em localidades com mais de 20 mil habitantes. Esse fenômeno ocorre devido ao grande número de investimentos que passam a ser realizados na cidade e, assim, é gerada uma urbanização aglomerada e com crescimento constante. 
 Contudo, parte deste crescimento ocorre sem que haja uma observação prévia da capacidade de suporte do meio físico. Segundo Penteado (1978), o tipo do solo presente na região é altamente suscetível à erosão, sendo um tipo de neossolo quartzarênico (arenoso) da formação geológica Bauru. A formação Bauru abrange cerca de 47% do estado de São Paulo, ele recobre o substrato basáltico presente na formação da Serra Geral (PAULA E SILVA et al, 2003) e possui falhas que são resultantes da separação da placa tectônica Sul-Americana da placa Africana. Desse modo, devido ao tipo de solo friável da região em conjunto com a intensa expansão urbana associada às altas taxas de retirada de cobertura vegetal, podem ocorrer fenômenos erosivos diversos. 
Ainda constatamos que o Município de São Pedro está localizado no contato entre dois grandes compartimentos de relevo do estado de São Paulo: a depressão periférica da borda leste da Bacia Sedimentar do Paraná e o Planalto Ocidental. É uma região de ruptura de relevo e altimetria e condicionada a processos e dinâmicas naturais relacionadas as características da estrutura geológica e das atividades geomorfológicas associadas as condições de sua pedologia. 
OBJETIVO GERAL
· Identificar e mapearos processos e feições erosivas que são decorrentes da dinâmica de expansão urbana no município de São Pedro explorando suas origens e seus desenvolvimentos. 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Identificar e mapear feições erosivas urbanas na área de estudo;
· Organizar e compilar material cartográfico de temas que estão ligados à análise (pedologia, geologia, geomorfologia e expansão urbana, climatologia e clinografia);
· Elaboração e análise comparativa entre a dinâmica urbana e impactos sobre o meio físico;
METAS SEMESTRAIS
· 1° Semestre: Permanente revisão de Literatura para ampliação da base teórica de análise; Levantamento de dados cartográficos do sítio para identificação de fatores naturais de suscetibilidade a processos erosivos; Levantamento cartográfico sobre a evolução urbana do objeto de estudo; Compilação de dados demográficos do Município; Realização de trabalho de campo para correções preliminares e comprovação dos dados cartográficos preexistentes; Elaboração do relatório parcial da pesquisa; Submissão de resultados parciais para possíveis eventos acadêmicos.
· 2° Semestre: Elaboração de material cartográfico baseado nos dados secundários e no trabalho de campo realizado no semestre anterior; Trabalho de campo para confrontamento de informações cartográficas e correções do material (mapeamento); Confrontamento entre os resultados do mapeamento corrigido com a Literatura; Elaboração do Relatório Final seguida da elaboração de textos de divulgação científica; Participação no Congresso Interno de Iniciação Científica da Unicamp.
MÉTODOS
Boa parte das análises realizadas neste projeto serão formuladas com a pedologia e a geomorfologia que estão presentes no objeto de estudo. Ambas disciplinas, como parte da Ciência Geográfica, visam caracterizar o solo, a partir de sua composição e função dentro de um ambiente. Existe a necessidade de organização e gerenciamento racionais do espaço, para isso deve-se conhecer a estrutura, a dinâmica e as interdependências dos elementos, fatores naturais e, além disso, dos fatores humanos (TROPPMAIR, 1984). É a partir das definições propostas por essas duas ramificações do método geográfico que se torna possível a verificação de um objeto de estudo que seja mais especializado, como o tipo de solo, o relevo e entre outros aspectos.
Com os conceitos da Ciência Geográfica torna-se passível a realização de um planejamento ambiental que é de fundamental importância para a governabilidade de unidades federativas, tais como os municípios. Nelas o homem introduziu a desordem para instaurar a ordem (ISNARD, 1978). A ordem, mencionada anteriormente, no Brasil está associada a uma combinação de um desenvolvimento fluído, com solos frágeis e um regime climático variante (BOARDMAN, 1999). O homem acaba considerando-se o centro dos ecossistemas que o cercam. Desse modo, planeja e organiza o ambiente de modo a ter maior proveito possível (TROPPMAIR, 1984). Esses fatores acabam por culminar em dinâmicas que afetam não só o meio físico, mas, representam a influência de fatores socioeconômicos no processo de degradação dos ecossistemas (BOARDMAN, 1999).
Para as denominações de cunho físico, existe a formação inicial de feições erosivas, que passam a ser formadas em diversos níveis de atividade e formação na superfície. Assim, a partir de estudos morfogenéticos que serão utilizados para classificar as áreas que são consideradas de risco, será possível constatar processos erosivos iniciais, em estágio intermediário e processos avançados, tais como as voçorocas (OLIVEIRA, 1996).
CRONOGRAMA DE PESQUISA
	
Atividades
	Ano (meses)
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	10
	11
	12
	Revisão de literatura
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	Levantamento cartográfico
	X
	X
	X
	
	
	
	
	X
	X
	X
	
	
	Trabalhos de Campo
	X
	X
	
	
	
	
	
	
	X
	X
	
	
	Levantamento de informações secundárias
	X
	X
	
	
	X
	
	
	
	X
	X
	
	
	Elaboração de material cartográfico
	
	
	
	
	
	
	
	X
	X
	X
	X
	
	Participação em eventos acadêmicos
	
	
	
	
	
	
	X
	
	
	
	
	X
	Relatório parcial
	
	X
	
	X
	
	X
	
	
	
	
	
	
	Relatório final
	
	
	
	
	
	
	
	X
	X
	X
	X
	X
	O cronograma de pesquisa está sujeito a alterações de acordo com o desenvolvimento e com as possibilidades teórico-metodológicas que podem ser encontradas durante seu percurso. É importante destacar que serão feitas revisões da bibliografia básica, buscando sempre preencher os quesitos que são mais deficientes no projeto.	
REFERÊNCIAS
ROSS, J. L. S. O registro cartográfico dos fatos Geomórfico e a questão da Taxonomia do Relevo. In: Revista do Departamento de Geografia, nº6, FFLCHUSP, São Paulo, 1992.
GUERRA, A. T. Dicionário geológico-geomorfológico. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Conselho Nacional de Geografia, 1966.
GUERRA, A. J. T; SILVA A. S. da; BOTELHO R. G. M. Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. 339p.
TAVARES, A. C. A erosão dos solos no contexto da análise ambiental: o exemplo do alto custo do rio São José dos Dourados. 1986. 254 f. Tese (doutorado) - Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo, SP.
DAEE/SP. Controle de erosão: bases conceituais e técnicas: diretrizes para o planejamento urbano e regional: orientações para o controle de boçorocas urbanas. São Paulo, SP: Departamento de Águas e Energia Elétrica: IPT, 1989. 92p., il., 30 cm. Bibliografia: p. 87-92.
BOGO, A. Identidade e luta de classes. Editora Expressão Popular, 2008.
MARX, K. In______ BOGO, A. Identidade e luta de classes. Editora Expressão Popular, 2008. 2010, p. 140
ISNARD, H. O espaço do geógrafo. Boletim Geográfico 36.258-259 (1978): 5-16.
CAVAGUTI N. e CANIL K. In_____ GUERRA, A. J. T; SILVA A. S. da; BOTELHO R. G. M. Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil, 1999. P. 80 – 86.
OLIVEIRA J. B. de. In______ GUERRA, A. J. T; SILVA A. S. da; BOTELHO R. G. M Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil, 1999. P. 65 - 86
SILVEIRA, M. L. e SANTOS M. "O Brasil: território e sociedade no início do século XXI." Rio de Janeiro: Record, 2001. P. 202 – 205.
PAULA E SILVA F.; CHANG H. K.; CAETANO-CHANG M. R. "Perfis de referência do Grupo Bauru (K) no estado de São Paulo." São Paulo: Geociências v. 22. p. 21-32. Ed. Especial, 2003.
TROPPMAIR, H. O Geógrafo perante os problemas ambientais. Rio Claro, Documentos Geográficos da Argeo, v.110, 1984.
PENTEADO, M. M. Fundamentos de geomorfologia. Rio de Janeiro: IBGE, 1978.
BOARDMAN, J. Prefácio. In:______. Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. 1.ed. Rio de Janeiro: BCD, 1999. P 15 e 16.
HARVEY D. A produção capitalista do espaço. Tradução de Carlos Szlak. São Paulo: Annablume, 2005. 251 pp. 
População em São Pedro
 População Total	
1984	1994	2004	2014	15297	22532	29432	32731	População Urbana	
1984	1994	2004	2014	11880	17681	23946	27920	População Rural	
1984	1994	2004	2014	3417	4851	5486	4811

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