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INFLAMAÇÕES O processo inflamatório (inflamação = flogose, vem do latim, “pegar fogo”) é a resposta dos tecidos vascularizados a infecções e tecidos lesados. Consiste no recrutamento de células e moléculas de defesa do hospedeiro da circulação para os locais onde são necessárias, com a finalidade de eliminar os agentes agressores. Além do caráter imunitário, tem um caráter de reparação também. A inflamação pode ser causada por inúmeros estímulos, podendo ser infeccioso ou não, e advindos de agressões tanto endógenas (podem estar associadas ao estresse metabólico) quanto exógenas (físicas, químicas ou biológicas). TIPOS 1. Inflamação aguda: tem um início muito rápido (questão de minutos ou horas após o contato com o agente agressor); seu principal infiltrado celular são os neutrófilos (são os mais numerosos); a lesão geralmente é leve e autolimitada e os sinais locais e sistêmicos (sinais cardinais) proeminentes. 2. Inflamação crônica: tem um início mais lento (dias), com monócitos/macrófagos (macrófagos têm grande meia vida) e linfócitos; lesão é geralmente acentuada e progressiva e os sinais são menos proeminentes, podendo ser sutis (são retroalimentadas por citocinas). COMPONENTES Mastócitos: células teciduais Macrófagos: células de defesa teciduais Monócitos: aqueles na circulação e que partem desta para se diferenciarem em macrófagos Linfócitos: podem extravasar para atuar nos tecidos Neutrófilos (polimorfonucleados): maior quantidade no sangue, envolvidos na inflamação aguda Proteínas plasmáticas: complemento, fatores de coagulação, cininas, anticorpos Plaquetas Matriz extracelular: responsáveis pelo processo de reparo. FASES 1. Reação vascular: ação dos mediadores inflamatórios que atuam nos vasos mais próximos ao agressor, realizando vasodilatação (aumenta o fluxo de sangue, causa o rubor) e aumento de permeabilidade vascular. 2. Reação celular: recrutamento de leucócitos sendo, em uma inflamação aguda, o recrutamento de neutrófilos e, em uma crônica, de monócitos. COMO A INFLAMAÇÃO ACONTECE? Sempre que um determinado tecido sofre algum tipo de agressão, dentro de alguns minutos podemos observar dor, rubor, tumor e calor (e perda de função, mais comum em inflamações crônicas, são os sinais cardinais da inflamação) devido à vasodilatação e ao aumento da permeabilidade celular. Além dessa resposta vascular, há a resposta celular, na qual são recrutadas células do sistema imunológico e, após isso, ocorrer o reparo tecidual da região afetada. INFLAMAÇÃO AGUDA Na inflamação aguda, além da reação vascular, há a celular, com o recrutamento de neutrófilos (polimorfonucleados). Na imagem podemos observar que, com a vasodilatação ocorre a diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo, o que faz com que as células de defesa cheguem mais próximas ao endotélio, dando início ao processo de rolamento. Com isso, acontece a ativação das integrinas por quimiocinas até a obtenção de uma adesão estável onde, por fim, a célula irá migrar para o endotélio por diapedese. COMO ACONTECE – O PASSO A PASSO Quando há uma lesão tecidual, como um espinho entrando na pele, há entrada de bactérias (a própria pele tem uma microbiota própria). Após alguns minutos começam a aparecer os sinais cardinais de inflamação (resposta vascular), podendo aparecer, também, o pus (resposta celular). Por fim, existe um mecanismo para reparo tecidual do local da lesão. INJÚRIA TECIDUAL: entrada de patógenos – no tecido conjuntivo existem células residentes, como macrófagos e mastócitos, responsáveis por reconhecer a invasão e dar início à inflamação. Tudo começa com estímulos, que são chamados de agentes inflamatórios, podendo ser endógenos (estresse metabólico) ou exógenos (agentes químicos e físicos, patógenos). Os patógenos apresentam moléculas altamente conservadas associadas aos patógenos, os PAMP, que podem ser os poliglicanos, nos fungos, e as glicoproteínas, nos protozoários. No estresse metabólico e nos agentes físicos e químicos, existem as alarminas (padrões moleculares associadas aos danos – DAMP), como perda de ATP, liberação de HMGB-1, moléculas hiperglicadas, etc. Isso tudo gera irritação no tecido, e as alarminas são reconhecidas pelos receptores de reconhecimento padrão (são importantes por reconhecer e gerar um estímulo para a liberação de mediadores inflamatórios). Quando esses mediadores são liberados, há vários efeitos funcionais, como a indução de migração de células para os tecidos, aumentar a atividade microbicida dos leucócitos para morte dos microrganismos, etc. REAÇÃO VASCULAR LOCAL: com a liberação dos mediadores, ocorre a alteração da microcirculação (arteríola, capilar e vênula), com a dilatação (vasodilatação). A vasodilatação faz com que chegue muito mais sangue ao local, mas com fluxo reduzido devido ao aumento da calibragem dos vasos. Isso ajuda na aproximação das células de defesa ao endotélio para posterior migração para os tecidos. É importante lembrar que normalmente já existe a saída de líquido (transudado) do vaso, no entanto, num processo inflamatório há saída de líquido e proteínas (exsudato), pois com a vasodilatação e o aumento da permeabilidade celular, células passam com mais facilidade pelo endotélio. Uma das proteínas plasmáticas que extravasam são as do sistema complemento, que são ativadas pela via alternativa, pela clássica ou pela via da lectina. Independente da via, há a produção de vários mediadores químicos utilizados no processo inflamatório, como o C3b (fagocitose), C5a e C3a (inflamação) e MAC (complexo de ataque a membrana – entra água até a lise do micróbio). REAÇÃO CELULAR: atração de leucócitos – como os mediadores trazem os leucócitos para o local da injúria (principalmente neutrófilos por se tratar de uma inflamação aguda)? Há redução da velocidade do fluxo sanguíneo, o que causa uma marginação leucocitária. Essas células sofrem rolamento, que se dá pelo ligamento e desligamento de selectinas. Já a adesão firme ao endotélio é devido às integrinas, e enfim há o processo de diapedese dos leucócitos. Obs.: as quimiocinas são importantes para ativar as integrinas dos leucócitos e tornar as ligações mais firmes. A célula em rolagem sofre ação de quimiocinas que ativam as integrinas, tornando a reação mais forte e causando a adesão estável/firme. Há, então, a adesão da integrina à CD31 (PECAM-1) e posterior liberação de metaloproteases, que vão degradar o caminho para que a célula possa passar. Há, também, liberação de moléculas queladoras de Ca+2, que ajudam a separar as células endoteliais. Em seguida acontece o rompimento da ligação entre as moléculas de adesão com com a CD31, que volta a se unir como um “zíper” após a passagem do leucócito. FAGOCITOSE: reconhecimento através de recptores PAMPs. Uma vez que isso acontece há emissão de pseudópodes para o englobamento do patógenos e formação de uma vesícula conhecida como fagossomo, que irão se fundir com lisossomos e formar os fagolisossomos. Além disso pode haver produção de EROS, que ajudarão na degradação do patógeno. INFLAMAÇÃO CRÔNICA Nesta inflamação, a duração é prolongada (+12 semanas, meses, anos) e apresenta destruição tecidual e reparo por fibrose. Diferente da inflamação aguda, há recrutamento de monócitos, que se diferenciam em macrófagos. Os macrófagos podem migrar para órgãos linfoides secundários. É importante saber que predominam os sinais tardios da resposta inflamatória, como os fenômenos reparativos, sendo que os sinais iniciais típicos de inflamação (sinais cardinais, como eritema e edema) podem não ser aparentes. A inflamação crônica é um “silent killer”, relacionado a várias doenças, como doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, artrite, Alzheimer e doençasautoimunes. CAUSAS Infecções persistentes: microrganismos que não conseguem ser eliminados após uma inflamação aguda, como micobactérias, fungos, parasitas; Doenças de hipersensibilidade; Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos (endógenos ou exógenos): silicose, antracose. CARACTERÍSTICAS Infiltrado de células mononucleares (macrófagos, linfócitos e plasmócitos); Destruição tecidual intensa; Tentativas de reparo. Os monócitos, uma vez recrutados, se diferenciam em macrófagos nos tecidos, que podem se ativar de duas formas: para causar dano tecidual para eliminar o patógeno (classicamente) ou receber sinais para ter uma característica anti-inflamatórias para o reparo (alternativamente). POR QUE É IMPORTANTE O RECRUTAMENTO TANTO DE MONÓCITOS QUANTO DE LINFÓCITOS? Os monócitos se diferenciam em macrófagos, que tem a capacidade de fagocitose e de migrar para órgãos linfoides secundários (linfonodo, baço) onde encontramos linfócitos. Esses linfócitos podem ser específicos para determinados patógenos, então são recrutados pelos macrófagos para combater esse patógeno. Esses linfócitos T específicos ativados começam, então, a produzir citocinas que fazem o macrófago ficar ainda mais microbicida (devido ao IFN- gama), pois passam a produzir maiores taxas de EROS. Além disso, os linfócitos T ativados produzem IL-2, que garante que os linfócitos T continuem proliferando. Obs.: a inflamação crônica tem maior presença de citocinas como mediadores inflamatórios e, por isso, não estão tão presentes os sinais cardinais. INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA: forma de inflamação crônica caracterizada por coleções de macrófagos ativos, frequentemente com linfócitos T e, algumas vezes, associada à necrose central – para que o patógeno não se espalhe para o organismo. Então há várias diferenciações de macrófagos, e essa bainha de macrófagos fica mantida pelos linfócitos, que ficam liberando citocinas como IFN- gama. Glanuloma caseoso apresenta necrose e sua presença depende do agente causador, como o da tuberculose. Dois tipos de granulomas: Granuloma de corpos estranhos: muito comum quando temos contato com agentes agressores inertes, como fio de sutura (não gera resposta imune); Granulomas imunes: agente agressor com baixa virulência (poucas propriedades de agressão ao tecido), mas alta patogenicidade (desencadeia uma resposta imunológica alta no organismo), causado por bactérias e parasitas, por exemplo. A Mycobacterium tuberculosis é reconhecida e internalizada pelo macrófago, mas este não consegue destruí-la. O macrófago ativa os linfócitos T, que transforma o macrófago com um poder bactericida maior, e começa a recrutar mais monócitos para tentar circundar e isolar esse patógeno.
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