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Arvores notáveis

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 rio
 d
e jan
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Árvores notáveis, 
200 anos 
do Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro
Malena Barreto & Paulo Ormindo
Árvores notáveis 
200 anos do 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
001-064_ensaios_livro_port.indd 1001-064_ensaios_livro_port.indd 1 31.10.08 16:12:5031.10.08 16:12:50
organização
editing 
Paulo Ormindo
ilustrações botânicas
botanical illustrations
Malena Barretto & Paulo Ormindo
textos históricos
historical essays 
Rejan Rodrigues Guedes-Bruni, Begonha Bediaga, Marcus Alberto Nadruz Coelho, 
Tânia Sampaio Pereira, Marcos Sá Corrêa, Lorelai Brilhante Kury, Haroldo Cavalcante de Lima
verbetes de espécies
species entries 
Massimo Bovini & Elsie Franklin Guimarães
projeto gráfico
design 
a+a | design: Bitiz Afflalo, Glória Afflalo, Luiz Arbex
assistente editorial
editorial assistant
Renata Arouca
desenhos de detalhes e árvores
drawings of trees and details 
Malena Barretto & Paulo Ormindo 
(exceto except) 
Maria Alice Rezende (árvores trees) 
p. 68, 72, 74, 76, 82, 84, 86, 88, 90, 94, 96, 98, 100, 102, 104, 106, 108, 114, 116, 118, 120, 122, 
124, 126, 128, 130, 132, 134, 136, 138, 140, 142, 144, 146, 148, 150, 154, 158, 160, 162, 164, 166, 168, 172, 
174, 176, 178, 180, 182, 184, 186, 188, 190, 192, 194, 196, 198, 202, 204, 206, 208, 210, 212, 214, 
216, 218, 220, 222, 224, 226, 228, 230, 232
Renato Moraes (detalhes details) 
p. 74, 84, 90, 98, 108, 116, 132, 144, 148, 164, 168, 184, 190, 202, 208, 212, 216, 218, 230
desenhos de formas de folhas
drawings of leaf shapes
Glória Mariani
reproduções fotográficas
photographic reproductions 
Jaime Acioli
revisão de texto
proofreading 
Sérgio Bellinello Soares, Silvia Maria Kutchma, Rosalina Gouveia
versão para o inglês
english version 
Dorothy Sue Dunn de Araujo
pré-impressão
premidia 
ô de casa
supervisão gráfica
graphic supervision 
Glória Afflalo
impressão
printing and binding 
Ipsis Editora Gráfica
© andrea jakobsson estúdio editorial, 2008.
Todos os direitos reservados para o território nacional por 
Andrea Jakobsson Estúdio Editorial Ltda. 
All rights reserved for 
Andrea Jakobsson Estúdio Editorial Ltda. 
c n p j no 04.295.246/0001-99 
Rua Senador Dantas nº 75 gr. 1310, Centro, Rio de Janeiro, 
c e p 20031-204, Telfax: (5521) 2533-9353
www.jakobssonestudio.com.br
 
É vedada a reprodução deste livro no todo ou em partes sem 
a autorização expressa dos editores. 
Reproduction of this book or parts thereof without written authorization 
of the publisher is strictly forbidden.
001-064_ensaios_livro_port.indd 2001-064_ensaios_livro_port.indd 2 31.10.08 15:16:2531.10.08 15:16:25
Árvores notáveis 
200 anos do 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
ilustrações botânicas
Malena Barretto & Paulo Ormindo
organização: Paulo Ormindo
001-064_ensaios_livro_port.indd 3001-064_ensaios_livro_port.indd 3 31.10.08 15:16:2631.10.08 15:16:26
001-064_ensaios_livro_port.indd 4001-064_ensaios_livro_port.indd 4 31.10.08 15:16:2731.10.08 15:16:27
So the fair flower expands its lucid form
To meet the sun, and shuts it to the storm 
Erasmus Darwin. Botanic Garden: Economy of the Vegetation
Quando D. João vi fundou o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 1808, no mesmo local onde ainda 
hoje se encontra, ele não apenas criou uma instituição importante para a cidade como contribuiu para 
o desenvolvimento da ciência botânica que, ao longo dos séculos, esteve sempre presente na consti-
tuição da longa e tênue linha do conhecimento sistemático do mundo em que vivemos.
O pai da botânica ocidental, Teofrasto (371 − 287 a.C.), foi aluno de Aristóteles a quem suce-
deu no Liceu em Atenas. Enquanto prosseguia em suas explorações e conquistas, Alexandre Magno 
fazia com que fossem enviados a Teofrasto espécimes de plantas africanas e asiáticas desconhecidas 
na Grécia, tais como o algodão, a figueira baniana, a pimenta, a canela, a mirra e o olibano. Em seu 
jardim botânico, Teofrasto descrevia os espécimes e expandia seu estudo sistemático para além da 
tradicional utilidade farmacológica. 
Os tratados botânicos de Teofrasto se degradaram nas compilações produzidas na Idade 
Média. Apenas no século xv foram precisamente traduzidos para o latim pelo filósofo aristotélico 
Teodoro Gazis (1400 − 1475), natural da Tessalônica, refugiado na Itália pelas conquistas otomanas.
Os primeiros jardins botânicos acadêmicos da Era Moderna surgiram conseqüentemente na 
Itália. Voltados a princípio para o estudo das plantas medicinais, recuperando o foco anterior a Teo-
frasto, foram criados em Pisa (1544), Pádua (1545), Florença (1550) e Bolonha (1568). O horto botânico 
de Pisa foi criado por Luca Ghini (1490 − 1556), professor de Andrea Cesalpino (1519 − 1603) e Ulisse 
Aldrovandi (1522 − 1605), ambos citados por Linneus (1707 − 1778) como seus predecessores nas áreas 
da botânica e da história natural, respectivamente.
Linneus, cujo objetivo era classificar todos os seres vivos do mundo até então acessível, foi 
patrono intelectual de Erasmus Darwin (1731 − 1802), avô de Charles Darwin (1809 − 1882), e de Do-
menico Vandelli (1735 − 1816), diretor do jardim botânico de Pádua e que depois teve importância 
fundamental na tentativa de formulação de um pensamento verdadeiramente científico em Portugal 
e no Brasil.
Em 1765, Vandelli deixou Pádua a convite do marquês de Pombal para se estabelecer em 
Portugal, onde criou o Jardim Botânico de Ajuda, o primeiro do país, local muito freqüentado pelo 
futuro D. João vi durante sua infância. O italiano se tornou tutor do rapaz e, mais tarde, manteve 
ativa correspondência com José da Silva Lisboa (1756 − 1835) e José Bonifácio de Andrada e Silva 
(1763 − 1838), expoentes dos pensamentos econômico e científico brasileiros.
Ao chegar ao Rio de Janeiro, em 1808, D. João, certamente influenciado pela formação trans-
mitida por Vandelli, cuidou de escolher uma fazenda às margens da lagoa Rodrigo de Freitas para 
receber mudas enviadas das diversas possessões do império português, dando início à história tão 
bem descrita por Begonha Bediaga, Rejan Rodrigues Guedes-Bruni, Marcus Alberto Nadruz Coelho 
e Marcos Sá Corrêa neste livro.
As belas ilustrações de Malena Barretto e Paulo Ormindo, precedidas do texto de Lorelai 
Brilhante Kury, apresentam com imenso talento artístico e técnico as árvores admiráveis que existem 
hoje no arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, cuja vegetação é descrita por Haroldo Caval-
cante de Lima, Massimo Bovini e Elsie Franklin Guimarães.
Ciência e história têm sido foco constante das obras e das pesquisas patrocinadas pelo 
Banco BBM. Este novo livro visa homenagear a instituição do Jardim Botânico do Rio de Janeiro que, 
neste ano, completa 200 anos de contribuição ao pensamento científico e ao conhecimento sistemá-
tico brasileiros.
 
 Pedro H. Mariani
 Presidente do Banco BBM
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001-064_ensaios_livro_port.indd 6001-064_ensaios_livro_port.indd 6 31.10.08 15:16:5431.10.08 15:16:54
A pesquisa científica tem em Árvores notáveis – 200 anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro um in-
centivo para aprofundar o estudo das espécies botânicas brasileiras e a formação de novos profissionais. 
Ao mesmo tempo, o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro recebe um presente de 
aniversário pelos 200 anos, comemorados em 13 de junho de 2008. 
A publicação vem se somar às comemorações do bicentenário de uma das mais antigas insti-
tuições brasileiras. Um novo Jardim Botânico começou a surgir recentemente com a reforma de todos 
os espaços edificados e a restauração de seus acervos científico, paisagístico, artístico e arquitetônico 
de grande valor. A modernização está por toda a parte, desde a informatização do Herbário e da Bi-
blioteca, com seus108.700 volumes de obras especializadas e livros raros, até melhorias para o 
público, como a reforma do piso para facilitar o acesso de idosos, carrinhos de bebê e portadores de 
necessidades especiais.
Para acompanhar os novos tempos, ciência e arte se uniram no Espaço Tom Jobim – Cultura 
e Meio Ambiente, criado especialmente para imprimir uma dimensão cultural ao Jardim Botânico. 
O resultado desse “casamento” foi o surgimento de um novo público atraído por projetos e atividades 
culturais e pela Casa do Acervo, onde se encontra o acervo digitalizado das obras do compositor Tom 
Jobim. Um Centro de Referência de Produtos Sustentáveis também incorpora esse novo complexo na 
divulgação de artigos produzidos em harmonia com a natureza.
Árvores notáveis – 200 anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro é uma contribuição para a 
pesquisa, a conservação da biodiversidade e a preservação do meio ambiente, focos que sustentam a 
instituição. O incremento nas áreas de pesquisa e ensino ganhou novo impulso no Jardim Botânico 
com a introdução dos cursos de mestrado e doutorado em Botânica Tropical, reconhecidos pela Coor-
denação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior – Capes, e os cursos de extensão nas áreas 
de gestão ambiental e de ilustração botânica desenvolvidos na Escola Nacional de Botânica Tropical. 
O trabalho dos autores nos encoraja a ampliar cada vez mais esse setor, seja na modernização 
de laboratórios de apoio à pesquisa, como na reforma do prédio que abriga a área de pesquisa. Nesse 
sentido, a parceria iniciada em 1999 entre a instituição e o Banco BBM tem um papel relevante. O 
patrocínio ao projeto Inventário e Identificação das Coleções Botânicas e Históricas do Arboreto do 
Jardim Botânico permitiu, ao longo desses anos, inventariar a coleção viva e mapear as seções e can-
teiros do parque, assinalando os pontos de ocorrência das espécies – uma contribuição para 
pesquisadores e visitantes. 
Em julho de 2008 o Jardim Botânico inaugurou o primeiro Museu do Meio Ambiente da Amé-
rica Latina, que tem como função promover e realizar exposições sobre a questão ambiental no Brasil 
e no planeta. É um espaço representativo da relação do homem com a natureza e a realização de uma 
antiga aspiração da instituição que ganha mais um presente nas comemorações de seus 200 anos.
 A área do arboreto foi expandida em 15.000 m2. Nas estufas reformadas do Orquidário, Bro-
meliário, Insetívoras e Cactário, nos seis jardins temáticos – roseiral, medicinal, sensorial, bíblico, 
japonês e beija-flores –, nas numerosas aléias, canteiros, recantos naturais e no Caminho da Mata 
Atlântica, os autores têm, com certeza, uma fonte inspiradora para futuras obras.
 Liszt Vieira
 Presidente do Instituto de Pesquisas 
 Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Prefácio
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001-064_ensaios_livro_port.indd 8001-064_ensaios_livro_port.indd 8 31.10.08 15:17:2431.10.08 15:17:24
As ilustrações botânicas são recortes da natureza que, aproximando-se dos seus detalhes, nos dão a ver, a 
entender e a perceber as infinitas formas e cores dos seus elementos, trazendo à tona, em sua plenitude, 
aquele ser que está fora do nosso alcance, camuflado no universo vegetal das matas e das florestas.
 
Ao concebermos o projeto “Árvores Notáveis” tivemos como principal objetivo trazer ao olhar do pú-
blico, por meio da “arte de ilustrar plantas”, o que passa por vezes despercebido na natureza que nos 
circunda. São os elos de um todo que se encontra ameaçado por falta de conhecimento e reverência.
Este trabalho iniciou-se há exatos dois anos, visando também homenagear o bicentenário do 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, completado em junho de 2008. A flora brasileira é extremamente 
rica e, embora apenas uma fração mínima dela esteja representada na instituição, ali são envidados 
os melhores esforços para a sua conservação.
Foram convidados autores renomados para abordar os principais aspectos do Jardim Botânico 
do Rio de Janeiro: sua história, suas belezas naturais e seu propósito maior, que é o fomento à pes-
quisa e à divulgação do conhecimento da biodiversidade brasileira. Imagens de época e gravuras 
pertencentes ao acervo de obras raras da Biblioteca Barbosa Rodrigues ilustram esse rico percurso.
Uma vez estabelecido o tema “árvores notáveis”, escolher, dentre o vasto acervo arbóreo da 
instituição, as espécies a serem ilustradas, foi uma tarefa árdua. Como definir o que é “notável” se 
todos os seres da natureza em si já são notáveis em sua existência e complexidade? 
O universo do Jardim Botânico do Rio de Janeiro registra 7.240 espécimes (ou indivíduos) de 
2.533 espécies, pertencentes a 140 famílias, segundo os resultados apresentados ao final do projeto 
patrocinado pelo grupo BBM denominado “Inventário e Identificação das Coleções Botânicas e His-
tóricas do Arboreto do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro”, coordenado pelo 
biólogo Marcus Alberto Nadruz Coelho.
Diante de tal diversidade, unimos forças com os profissionais do Instituto de Pesquisas para 
definirmos os critérios de seleção, que consideraram as espécies representativas nos variados biomas 
nacionais, independentemente do número de indivíduos cultivados no Arboreto, contemplando prio-
ritariamente os aspectos estético, histórico, econômico e ambiental.
Árvores exóticas, como o baobá (Adansonia digitata), considerado sagrado no continente 
africano, e a mangueira (Mangifera indica), cujos primeiros exemplares no Arboreto datam de 1824, 
dividem espaço com espécies raras ou ameaçadas, como o pau-brasil (Cæsalpinia echinata) e as que 
se fazem notar na época de sua floração com a exuberância de suas flores, como o ipê (Tabebuia chry-
sotrica), a sapucaia (Lecythis pisonis), a quaresmeira (Tibouchina granulosa) e muitas outras. De 
grande importância ambiental, apontamos o anani (Symphonia globulifera), significativo exemplar de 
Mata Atlântica de Baixada.
Algumas espécies se notabilizam pelo porte. Quem nunca observou a sumaúma (Ceiba pen-
tandra), magnífica não só pela sua altura de quase 50 metros, mas pelas características marcantes de 
suas raízes externas, em forma de grandes tábuas, alcançando até 8 metros de altura?
Como poderia passar despercebida a presença numerosa de algumas espécies como a jaquei-
ra (Artocarpus heterophyllus), que foi introduzida no país oriunda da Índia e agora é uma invasora que 
chega a por em risco a mata nativa presente no Jardim Botânico?
Das 84 árvores aqui apresentadas, 70 são exclusivas ou predominantes no Brasil e 14 exóticas, 
sendo que quatro se encontram na lista de espécies ameaçadas pelo Ibama/2008: o mogno (Swietenia 
macrophylla), o pau-brasil (Cæsalpinia echinata), o jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra) e a castanha-
do-pará (Bertholletia excelsa).
No entanto, é preciso ressaltar que o tempo não foi nosso aliado, pois o tempo da “natureza” 
não é o mesmo do “ser humano”. Isso nos fez perceber que nós é que estamos à disposição da natu-
reza, e temos que entendê-la, respeitá-la e interagir com ela, e não subjugá-la.
9
001-064_ensaios_livro_port.indd 9001-064_ensaios_livro_port.indd 9 31.10.08 15:17:5131.10.08 15:17:51
Dessa forma, algumas espécies escolhidas foram substituídas por não terem frutificado ou 
florescido, ou mesmo porque o único exemplar disponível morreu após ter sido ilustrado, como foi o 
caso da charapilla (Dipteryx rosea – Fabaceæ), evidenciando a dinâmica do Arboreto que, além de 
estar sujeito aos elementos naturais, também sofre a ação antrópica que fragiliza exemplares mais 
suscetíveis a doenças e pragas.
As ilustrações aqui reunidas foram divididas em dois grupos, as pranchas principais e os 
desenhos. As pranchas compreendem aquarelas executadas em duas dimensões, 76 cm × 56 cm e 56 
cm × 38 cm, retratando flores ou frutos em tamanho natural. Os desenhos,executados a grafite e 
também em aquarela, ilustram os perfis das árvores e os detalhes ampliados que visam auxiliar o leitor 
na identificação de uma determinada espécie.
Tendo em vista o dinamismo da Taxonomia, optamos sempre por adotar o nome científico 
gravado nas placas de identificação no Jardim. No entanto, registramos também a nomenclatura 
atual. 
Cada espécie vem descrita com suas características principais, procedência, dimensões, uso, 
importância e com informações relativas a sua localização, expressa pelos canteiros designados tanto 
nos verbetes quanto no mapa do Arboreto. Ademais, disponibilizamos um mapa geral da instituição.
A elaboração destas obras demandou muito tempo, por vezes foram necessárias semanas 
para se concluir um único trabalho. Muitas foram elaboradas em várias etapas, na floração, na 
frutificação e no período de folhas, buscando sempre evidenciar o elemento mais representativo e 
vistoso. 
Os desafios foram numerosos e inesperados, incluindo desde coletas cuja execução deman-
dava escalada com equipamentos de alpinismo, até a preservação das flores e frutos em refrigerador, 
de maneira a possibilitar seu registro quando ainda com aspecto natural. Sempre acompanhando os 
caprichos da natureza, recorremos à Carpoteca do Jardim Botânico do Rio de Janeiro como fonte de 
materiais não disponíveis em um determinado momento.
Como ilustradores botânicos, buscamos resgatar e perpetuar uma arte que acompanha a 
humanidade desde os primórdios da civilização, e que se torna cada vez mais presente em sua estreita 
parceria com a ciência, a despeito de toda a evolução tecnológica do terceiro milênio. Esperamos que 
o nosso trabalho possibilite ao observador uma nova percepção da natureza que nos concede a vida
Paulo Ormindo
10 árvores notáveis · 200 anos do jardim botânico do rio de janeiro
001-064_ensaios_livro_port.indd 10001-064_ensaios_livro_port.indd 10 31.10.08 15:18:0031.10.08 15:18:00
Agradecimentos 
Ao Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro por nos acolher e nos permitir a difusão 
da Arte de Ilustrar Plantas, não apenas como professores do Programa de Ilustração Botânica da 
Escola Nacional de Botânica Tropical mas, principalmente, por todo o apoio recebido durante a 
realização desta obra. 
Este livro não teria sido realizado sem o patrocínio do Grupo BBM, tanto pela viabilização 
de um dos projetos mais importantes para o Arboreto – o Inventário e Identificação das Coleções, 
cujos resultados foram fonte de consulta para o conteúdo aqui publicado –, quanto pelo apoio à 
presente publicação desde sua fase inicial, que partiu da coleta para a confecção das aquarelas e 
desenhos.
Em especial, à querida amiga Glória Mariani, pelo carinho, mediação, compreensão e o 
completo engajamento no projeto não somente como amante das ciências naturais, mas sobretudo da 
arte botânica. 
A Angela Mariani e Pedro Henrique Mariani por terem acompanhado a elaboração do 
projeto.
Aos pesquisadores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro que aceitaram de pronto nosso 
convite para participar desta obra: Begonha Bediaga, Dr. Marcuz Alberto Nadruz Coelho, Dra. Rejan 
Rodrigues Guedes-Bruni e Dra. Tânia Sampaio Pereira. Em especial a Dra. Elsie Franklin Guimarães, 
ao Dr. Massimo Bovini e ao Dr. Haroldo Cavalcante Lima por atender à constante demanda de infor-
mações para elucidar as nossas dúvidas referentes às características taxonômicas de algumas espécies 
arbóreas. À pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Lorelai Brilhante Kury e ao jornalista e fotó-
grafo Marcos Sá Corrêa.
A Nara Vasconcellos, responsável pelo Bromeliário do Jardim Botânico, pelo apoio logístico 
e por ter acolhido a mim e a Malena Barretto com o Núcleo de Ilustração Botânica do Jardim Botâ-
nico, bem como aos ilustradores Ana Lucia, Ângela Saade e Claudia de Miranda pelo auxílio, apoio 
e confraternização nos momentos difíceis. Em especial a Maria Alice Rezende, pelas belas árvores 
e pelo árduo trabalho de campo, e a Renato Moraes, pelo requinte e primor com que desenhou de-
talhes em grafite. E a ambos pela paciência e atenção dispensadas para conosco, por vezes críticos 
e exigentes.
A Rafaela Forzza, curadora, e ao técnico Luis Fernando da Conceição, do Herbário do Jardim 
Botânico, pelo empréstimo de exsicatas e material da carpoteca.
Aos coletores, sem os quais muitas plantas não estariam aqui ilustradas. Ricardo Matheus, 
Fábio Rodrigues e Fabiano Rodrigues atuaram na localização e nas coletas iniciais. Em especial a Arno 
Fritz Neves Brandes e Izar Araújo Aximoff, pela maior parte das coletas e pelas várias escaladas. 
A todos da equipe da Biblioteca Barbosa Rodrigues pela atenção dispensada na busca de 
imagens e fontes e, em especial a Maria da Penha F. Ferreira.
A Alda Heizer e Luisa Maria Gomes de M. Rocha pela ajuda na localização de fotografias do 
acervo do Jardim Botânico.
A José Mourão, Heron Costas e Enio Kaippert.
Ao Prefeito do Jardim Botânico Guido Gelli e ao Curador das Coleções Vivas Ricardo Reis 
pela colaboração nos mapas. 
A Carlos Henrique Reif, Fábio França, Luiz Carlos Giordano, Marcia Campos, Mariana 
Saavedra, Paulo Botelho, que nos auxiliaram com informações iniciais e na localização das espécies, 
integrantes do projeto “Inventário e Identificação das Coleções”.
Aos colecionadores pelo empréstimo das obras:
Margarete de Macedo Monteiro e Ricardo Ferreira Monteiro (Symphonia globulifera)
Patrícia do Lago e Jorgito Bouças (Martiodendrum mediterrannium) 
Emilia e Lineu de Paula Machado (Cæsalpinia ferrea)
Deise Mantuano Secchin (Erythrina verna)
Edelvira Fernandes Barrozo (Peltophorum dubium)
Ivone Manzali de Sá (Physocalymma scaberrimum)
Shirley Sherwood (Sterculia speciosa)
11
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Mensagem do patrocinador 5
Prefácio 7
Nota dos autores 9
jardim botânico do rio de janeiro 14
Jardim Botânico do Rio de Janeiro: dois séculos de história 16 
Begonha Bediaga & Rejan Rodrigues Guedes-Bruni
O inventário da coleção 24
Marcus Alberto Nadruz Coelho
A missão global e o papel estratégico dos jardins botânicos 
para a conservação de plantas 32
Tânia Sampaio Pereira
O Rio de Janeiro 200 anos mais jovem 40 
Marcos Sá Corrêa
Ilustração botânica: a beleza da técnica 48 
Lorelai Brilhante Kury
Árvores notáveis: a exuberância da paisagem tropical 
no Jardim Botânico do Rio de Janeiro 56
Haroldo Cavalcante de Lima
árvores notáveis · malena barretto & paulo ormindo 64
Massimo Bovini & Elsie Franklin Guimarães (verbetes entries) 
apêndice 234
English Version 236
Formas de folhas 284
Leaf shapes 284
Glossário 286
Glossary 288
Referências iconográficas 288
Iconographic References 289
Índice remissivo 292
Index 292
Bibliografia dos verbetes 294
Bibliography 294
Biografias: Malena Barretto & Paulo Ormindo 295
Biographies: Malena Barretto & Paulo Ormindo 295
Mapas 296
Maps 296
Sumário
parte 1
parte 2
parte 3
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Jardim Botânico do Rio de Janeiro
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16 árvores notáveis · 200 anos do jardim botânico do rio de janeiro
Fábrica de pólvora
Thomas Ender
A paisagem às margens da Lagoa Rodrigo 
de Freitas, com o Morro Dois Irmãos, permite 
visualizar em primeiro plano os morrotes 
típicos da planície costeira da região sul da 
cidade, com vegetação alterada pelo uso do solo 
e, ao fundo, a provável sede da Fábrica 
de pólvora.
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17
Begonha Bediaga* 
Rejan Rodrigues Guedes-Bruni **
Jardim Botânico do Rio de Janeiro: 
dois séculos de história
A transferência da família real e da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro em 
1808, em fuga das tropas de Napoleão, constituiu um estímulo para que as lentas 
mudanças que se encontravam em curso na cidade se concretizassem. A adapta-
ção de uma Corte européia em uma colônia nos trópicos exigia um ambiente 
sociocultural à altura, e instituições como a Academia de Belas-Artes, a Impren-
sa Real, a Biblioteca Real, a Escola Médico-Cirúrgica e o Banco do Brasil, entre 
outras, foram criadas para atender essa demanda. Entretanto os tempos eram 
belicosos, D. João havia declarado guerra ao temível exército de Napoleão, e ur-
gia tomar providências, também, quanto à segurança do território e da família 
real, diante de um possível ataque francês. Entre essas medidas, a criação de 
uma fábrica de pólvora e uma fundição para suprir a artilharia era premente.
A Fazenda da Lagoa Rodrigo de Freitas pareceu o local ideal para a 
instalação da fábrica. As explosões que ocorreriam durante o manejo dos com-
ponentes da pólvora não afetariam o centro da cidade, distante dali, e o local 
era provido de água abundante, necessária para o funcionamento das máquinas. 
Assim, em maio de 1808, instalou-se, no terreno da fazenda desapropriada, a 
Fábrica de Pólvora e Fundição de Artilharia.
No mesmo terreno, iniciaram-se as atividades para a implantação de 
um jardim de aclimatação para especiarias do Oriente. A escassez de registros 
documentais sobre essa operação leva a crer que ela foi realizada, de certa forma, 
sigilosamente. Podemos conjecturar que se tratava de uma estratégia de oculta-
mento de propósitos, uma espécie de precaução em ocultar decisões e ações que 
pudessem interessar ao inimigo. O fato é que a iniciativa resultou em uma situ-
ação sui generis, talvez única no mundo: no mesmo local e simultaneamente, 
iniciaram-se a instalação de uma fábrica de pólvora e as atividades de um jardim 
botânico, ambos sob o sugestivo comando do Ministério dos Negócios Estran-
geiros e da Guerra.
Por que a decisão de instalar um jardim botânico nos arrabaldes da ci-
dade, no mesmo terreno de uma fábrica de pólvora? Por que não implantá-lo em 
um local de fácil acesso, onde a família real e a Corte pudessem dele usufruir, 
como por exemplo o Palácio de São Cristóvão, residência do príncipe regente? 
Na verdade, tratava-se de um empreendimento voltado para o cultivo de espé-
cies de plantas que trouxessem retorno econômico. E, além do necessário sigilo, 
era preciso garantir a segurança do empreendimento, uma vez que esses vegetais 
eram alvos de pirataria.
A decisão do governo português em invadir e dominar a Guiana France-
sa, em janeiro de 1809, revela não apenas uma ação de retaliação de Portugal em 
relação à França, como também o interesse português no acesso irrestrito ao fa-
moso Jardim Botânico de Caiena, La Gabrielle, onde se encontravam espécies 
trazidas de várias colônias francesas. Assim é que uma ordem real instruía as 
* Historiadora e pesquisadora do 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, doutoranda 
no Instituto de Geociências da Universidade 
de Campinas, Unicamp.
** Botânica e pesquisadora do Jardim Botânico 
do Rio de Janeiro, doutora em Ecologia pela 
Universidade de São Paulo, usp.
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18 árvores notáveis · 200 anos do jardim botânico do rio de janeiro
tropas de ocupação a preservar o local e a iniciar a transplantação de mudas e 
sementes para as províncias do Brasil.
Passado o período de guerra, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro inau-
gurou uma nova etapa, na qual se destacam a sua incorporação ao recém-criado 
Museu Real, atual Museu Nacional, e sua subordinação ao Ministério dos Ne-
gócios do Reino. Essa aproximação com o Museu Real, apesar de ter durado 
somente três anos, resultou na abertura dos portões à população. A convivência 
com aquele centro de pesquisas teve influência também na contratação do pri-
meiro dirigente botânico da instituição, Frei Leandro do Sacramento, formado 
em filosofia na Universidade de Coimbra, um dos mais conceituados cientistas 
do Brasil, com mérito reconhecido no exterior, citado por inúmeros naturalistas, 
com quem mantinha ativa correspondência. Com Frei Leandro, o Jardim Botâ-
nico do Rio de Janeiro passou a ocupar uma posição de referência para cientistas 
estrangeiros, assim como para instituições européias, que solicitavam freqüen-
temente plantas à instituição, tanto para identificação quanto para cultivo em 
seus países de origem.
 No período em que esteve à frente do Jardim Botânico do Rio de Janei-
ro, Frei Leandro pesquisou e incentivou a cultura do chá (Camellia sinenses, 
nomeada anteriormente Tea viridis), cujas sementes foram fornecidas gratuita-
mente, durante décadas, a fazendeiros de todo o país. Excelentes resultados 
começaram a surgir em outras localidades, como São Paulo e Minas Gerais, a 
partir das sementes produzidas e distribuídas pela instituição. O mesmo proce-
dimento foi adotado com outras culturas, no esforço de obter matérias-primas 
para a produção de mercadorias que oferecessem rentabilidade, como, por exem-
plo, a palha da bombonaça (Carludovica palmata), para confecção dos chamados 
chapéus-do-chile ou chapéus-panamá, e as amoreiras (Morus nigra), para ali-
mentar casulos do bicho-da-seda.
No entanto, a trajetória do Jardim Botânico do Rio de Janeiro não se-
guiu sem dificuldades, e algumas delas podem ser creditadas ao desejo de 
Accademia das Bellas Artes
anônimo, 1846
O Portal da Real Academia de Belas-Artes, 
depois da demolição do prédio em 1908, foi 
transferido para o Arboreto, onde ornamenta 
o término da Aléia Barbosa Rodrigues, 
popularmente denominada Aléia das Palmeiras, 
unindo simbolicamente as artes do homem 
e as da natureza.
Naturalistas belgas
Integrantes da Missão Massart, que em 1922 
vieram estudar a flora e a fauna brasileiras, 
fotografada na coleção de cactáceas.
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19
importar o modelo europeu de instituições congêneres. Essa almejada transpo-
sição resultou em constantes comparações e custou à instituição algumas 
críticas. Viajantes estrangeiros que deixaram registros sobre suas estadas no Bra-
sil manifestaram seu encantamento com nossa bela e generosa natureza, mas 
comentaram, freqüentemente, nossa dificuldade em obter proveito de tão abun-
dantes recursos como anotou o reverendo americano Robert Walsh quando da 
sua visita ao Rio de Janeiro:
Ele é chamado de Jardim Botânico mas não faz jus ao nome (…). Na 
realidade, o jardim é um pouco mais do que um local de descanso, 
onde as pessoas vão para passear e tomar a fresca.1
No relato acima, semelhante às anotações de outros viajantes, constam 
impres sões de menosprezo a uma instituição científica e ao trabalho dos brasilei-
ros. Esse tipo de observação legou à nossa história, corroborada pela publicação 
de João Barbosa Rodrigues,2 de que o Jardim Botânico do Rio de Janeiro não foi 
um local de “ciência” durante o primeiro século de existência, mas apenas um 
parque.3 
Entretanto, deve-se levar em consideração que a botânica pesquisada 
no Brasil não podia ser igual à da Europa. As novas correntes da historiografia 
da ciência que pesquisaram a atuação científica no século xix, inclusive na área 
das ciências naturais, constataram que os cientistas no Brasil buscaram estar 
em constante intercâmbio científico, de forma a aproximarem-se do conheci-
mento produzido, muitas vezes, através de coletas enviadas pelos próprios 
brasileiros, como argumenta Lopes na conclusão do seu estudo sobre a história 
do Museu Nacional:
Não só existiu atividade científica no Brasil no século xix, noâmbito 
das Ciências Naturais, institucionalizadas nas associações científicas, 
publicações, escolas e, particularmente, museus, como a quantidade, a 
1 walsh, Robert. 1828 – 29. Apud segawa, Hugo. 
1996. Ao amor do público: jardim no Brasil. 
São Paulo: Studio Nobel, Fapesp.
 
2 rodrigues, João Barbosa. 1908. Lembrança do 
1º Centenário do Jardim Botânico do Rio de 
Janeiro, 1808 – 1908. Rio de Janeiro: Officinas 
da ‘Renascença’, E. Bevilacqua & Cia.
3 Parque no sentido de jardim público para lazer 
e ornamentação, diferente de Arboreto 
(palavra usada mais adiante), que tem um 
conceito de coleção de plantas para fins 
científicos.
Portão da antiga Fábrica de Pólvora 
Atualmente, via de acesso ao espaço 
de recreação infantil.
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20 árvores notáveis · 200 anos do jardim botânico do rio de janeiro
qualidade e a continuidade de suas manifestações, expressas também 
pela existência de pessoas interessadas em ciências, que enviavam e 
coletavam, por exemplo, produtos para os museus, superaram nossas 
expectativas.4
A realidade com que se defrontavam constantemente os dirigentes da 
instituição era a escassez de verbas para implementar projetos. Foram inúmeros 
os pedidos de aumento da dotação orçamentária e as negativas por parte do go-
verno. Por sua vez, o Estado tentou solucionar esse impasse com a cessão do 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 1860, a uma organização de caráter priva-
do, Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, mediante as seguintes 
exigências: que o Jardim Botânico do Rio de Janeiro se mantivesse aberto à visi-
tação pública; que fossem garantidos a necessária manutenção do parque e o 
fornecimento de sementes e mudas; e que todos os escravos da nação fossem 
dali retirados e, em seu lugar, homens livres fossem contratados. O Estado, por 
sua vez, deveria contribuir com uma subvenção anual ao Instituto.
Pelo contrato, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro passava a ser uma 
área para experimentações e pesquisas agrícolas do Instituto, mas deveria tam-
bém multiplicar os conhecimentos por meio do ensino e da implantação do 
Asilo Agrícola.
No período em que o Jardim Botânico do Rio de Janeiro esteve sob a 
administração do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, as atividades da 
agronomia, que até então estavam vinculadas à botânica, passaram a interagir 
mais intensamente com a química, a fisiologia vegetal e a entomologia. A botâ-
nica, por sua vez, continuou com as pesquisas na área da sistemática, porém 
voltadas cada vez mais para o conhecimento das plantas nativas.
Com o fim da monarquia, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro voltou a 
subordinar-se ao Estado. Em 1890, assumiu sua direção João Barbosa Rodrigues, 
em cuja gestão fortaleceu-se a pesquisa botânica desvinculada da agronomia. 
Para tanto, foram criados o herbário e a biblioteca, as estufas e os viveiros foram 
reorganizados, e o Arboreto recebeu uma significativa coleção de plantas da 
Amazônia. As duras críticas que Barbosa Rodrigues deixou registradas sobre as 
administrações que o antecederam parecem refletir sua intenção de demarcar 
uma nova fase para a instituição. Um dos personagens mais ilustres e homena-
geados da história do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Barbosa Rodrigues tem 
seu nome associado à biblioteca da instituição, à sua principal revista científica, 
Rodriguésia, e à aléia principal do jardim.
Na década de 1910, cientistas da instituição, que realizavam pesquisas 
na área do atual Parque Nacional do Itatiaia (r j), perceberam que a devastação 
ambiental na região, fruto da intervenção do homem para criação de pastos e 
uso agrícola de terrenos, estava ocasionando a perda de referências para o acom-
panhamento das espécies locais. Os pesquisadores alertaram sobre a enorme 
biodiversidade da região, com características únicas: se uma ação conservacio-
nista não fosse ali implementada, muitas espécies acabariam sendo extintas.
Começava então um movimento em prol da preservação da área que re-
sultou na criação, em 1929, da Estação Biológica de Itatiaia, unidade integrante 
da estrutura organizacional do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Doravante os 
pesquisadores buscariam sensibilizar as autoridades para a criação do primeiro 
Parque Nacional do Brasil, à semelhança dos que existiam em outros países. Em 
1938, o Parque foi desvinculado do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e passou à 
jurisdição do recém-criado Serviço Florestal. Entretanto, a flora local continuou 
sendo inventariada. Uma expressiva coleção, no herbário do Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro, procede de inúmeros trabalhos sobre o tema e de coletas realiza-
das na área.
4 lopes, Maria Margareth. O Brasil descobre 
a pesquisa científica. Os museus e as ciências 
naturais no século xix. São Paulo, Hucitec, 
1997, p. 329.
Palma Mater
Uma das primeiras plantas introduzidas no 
Jardim Botânico, a palmeira Roystonea oleracea 
(jacq.) o. f. cook. Plantada pelo príncipe 
regente, D. João, teve sua imagem vinculada ao 
império e, por esta razão, foi denominada 
popularmente “palmeira-imperial”. 
Em 1972, foi fulminada por um raio e, em seu 
lugar, plantou-se outro exemplar, denominado 
Palma filia.
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21
Pesquisadores como João Barbosa Rodrigues (1842 – 1909), Albert Löef-
gren (1854 – 1918), Adolfo Ducke (1876 – 1959), Paulo Campos Porto (1889 – 1968) 
e Alexander Brade (1881 – 1971), apenas para citar alguns nomes, foram funda-
mentais à concepção da importância de uma estreita relação entre um campo de 
cultivo, representado pelo Arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e uma 
área natural sob menor influência das ações antrópicas, representada por diver-
sas regiões do país. Para tanto, empreendiam excursões ao campo a fim de anotar 
as observações, coletar, identificar e armazenar as amostras nas coleções de her-
bário da instituição.
O brilhantismo dos botânicos dessas gerações é atestado, entre muitas 
outras evidências, pelo pioneirismo de suas abordagens. Ainda no início do sé-
culo xx, esses pesquisadores associaram a conservação ex situ a uma área de 
conservação in situ, procedimento preconizado atualmente nos documentos nor-
teadores da União Internacional para a Conservação da Natureza – i u c n e do 
Botanic Gardens Conservation International – b g c i e adotado por jardins botâ-
nicos de todo o mundo. Muito contribuiu para essa abordagem pioneira a 
localização privilegiada do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Situado em zona 
adjacente ao Parque Nacional da Tijuca, dispõe de uma área de conservação in 
situ que o coloca entre um dos raros jardins, no cenário brasileiro, que possuem 
áreas nativas sob suas jurisdições.
Como em todas as instituições de pesquisa, o Jardim Botânico do Rio de 
Janeiro desde cedo preocupou-se em divulgar os trabalhos realizados em seus la-
boratórios e em informar sobre o desenvolvimento do Arboreto e as atividades e 
aquisições do herbário. A publicação Archivos do Jardim Botânico, primeira revis-
ta científica do Brasil exclusivamente voltada para a botânica, começou ser 
editada em 1915. Chama atenção a excelente qualidade gráfica do periódico, a 
exemplo da alta definição na reprodução das estampas e sua impressão. Esse 
apuro de acabamento nas imagens confirma a importância atribuída pela institui-
Lagoa Rodrigo de Freitas
Nicolau Facchinetti, 1888
Vista à margem da Lagoa Rodrigo de Freitas 
ao final do século xix. Vê-se o Morro Dois 
Irmãos, Pedra da Gávea e umas palmeiras 
enfileiradas, possivelmente do Jardim Botânico. 
Em primeiro plano, note-se uma linha de trem 
e uma residência ostentando a bandeira 
da França.
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22 árvores notáveis · 200 anos do jardim botânico do rio de janeiro
ção à taxonomia, para a qual as ilustrações são ferramentas fundamentais na 
diagnose, descrição e identificação dos táxons.
Na década de 1930, novos ventos na política apontavam para a idéia de 
popularização e disseminação das ciências. Em consonância com o novo contex-
to, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro criou um novo periódico, denominado 
Rodriguésia. Com escopo mais amplo do que Archivos, Rodriguésia publicava ar-
tigos das áreas de Botânica, Dendrologia, Agricultura, Entomologia, Genética, 
Fito geo grafia e Ecologia, entre outras. Inicialmente, buscou atingir o grande 
público por meio de uma linguagem mais acessível e, possivelmente, essa foi a 
primeira vez na história do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, então com 127 
anos, que se adotou uma política de informação científica para o público leigo. 
Porém, em alguns anos a Rodriguésia seguiria o caminho da maioria das revistas 
científicas e passaria a dedicar-se à comunicação entre os pares, tal como conti-
nua sendo publicada, com regularidade, até os nossos dias.
Certamente não se pode afirmar que a configuração que tem hoje o Jar-
dim Botânico do Rio de Janeiro é resultado tão-somente das suas atividades de 
pesquisa científica. Com uma longa trajetória institucional, de múltiplos objeti-
vos e usos, a conformação atual do Arboreto representa a sobreposição de muitas 
histórias e intervenções motivadas quer pelo valor científico das espécies, quer 
pela beleza paisagística. Além disso, a história da instituição também está pre-
sente nas muitas coleções organizadas por antigos cientistas que para ali levaram 
espécies provindas de todo o território nacional, obtidas em inúmeras viagens. 
Essas coleções, ou mesmo indivíduos solitários de algumas espécies, representam, 
muitas vezes, projetos de pesquisa que redundaram em importantes colaborações 
para a ciência. 
De fato, em seus dois séculos de existência, o Jardim Botânico do Rio 
de Janeiro passou por diversas mudanças em sua missão e em seus objetivos, 
consonantes com o contexto político, econômico e científico do país. De início, 
teve como principal incumbência, conforme já foi mencionado, a aclimatação 
Vista do cume do Corcovado
Thomas Ender
Esboço de uma visão geral do Rio de Janeiro 
onde se pode avistar o Pão de Açúcar, a Lagoa 
Rodrigo de Freitas e a Gávea, em cujas 
proximidades foi instalado o Horto Real. 
O autor, Thomas Ender, anotou no original, 
entre outros, “Lagoa de Freitas” e 
“Pólvora fábrica”.
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23
referências bibliográficas
domingues, Heloísa m. b. 2001. “O Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro”. In: dantes, Maria 
Amélia (org.). Espaços da ciência no Brasil: 
1800 a 1930. Rio de Janeiro: Fiocruz, p. 27 – 56.
lavôr, João Conrado Niemeyer. 1983. 
“Historiografia do Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro, no contexto da Fazenda Real 
da Lagoa Rodrigo de Freitas e seus 
desdobramentos”. In: Rodriguésia, Rio de 
Janeiro, ano 35, n. 57. Separata.
lopes, Maria Margareth. 1997. O Brasil 
descobre a pesquisa científica: os museus e as 
ciências naturais no século xix. São Paulo: 
Hucitec.
martins, Maria Fernanda Vieira. 1995. 
O Imperial Instituto Fluminense de Agricultura: 
elites, política e reforma agrícola (1860 – 1897). 
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal 
Fluminense, Niterói.
rodrigues, João Barbosa. 1908. Lembrança 
do 1º Centenário do Jardim Botânico do Rio 
de Janeiro. 1808 −1908. Rio de Janeiro: Officinas 
da ‘Renascença’, E. Bevilacqua & Cia.
sá, Magali Romero. 2001. “O botânico 
e o mecenas”. História, Ciências e Saúde: 
Manguinhos. 8 (supl.): 823 – 838.
segawa, Hugo. 1996. Ao amor do público: 
jardim no Brasil. São Paulo: Studio Nobel, 
Fapesp.
de plantas exóticas e das chamadas especiarias do Oriente, seguida do encargo 
de implantar outras culturas que tivessem, também, retorno econômico e boa 
comercialização para a agricultura. Posteriormente, ainda no século xix, a ins-
tituição esteve vinculada a projetos que procuravam responder a questões 
governamentais de relevo, entre elas a substituição da mão-de-obra escrava 
pela colonização e a busca de soluções para o esgotamento do solo e para as 
pragas que assolavam a agricultura. Hoje, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro 
colabora com as pesquisas na conservação da diversidade biológica e no enfren-
tamento de desafios para preservação da flora do país, seja em ambiente in situ 
ou ex situ.
Mas podemos verificar que a Botânica, no que concerne à sua tradicio-
nal tarefa de taxonomia, foi atividade constante na instituição, a exemplo da 
identificação de espécies para a agricultura ou para a implantação de florestas e 
posterior aproveitamento da madeira e do estudo de plantas medicinais. Com o 
passar dos anos, os desdobramentos da ciência botânica como a ecologia, anato-
mia, conservação e outros encontram-se, também, presentes na história do 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Concomitantemente às atividades de pesquisa, o Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro proporciona o acesso de seu Arboreto ao público desde 1819 inin-
terruptamente, colocando à disposição um espaço museográfico ao ar livre que 
divulga informações sobre a flora, além de oferecer uma área de contemplação e 
deleite da natureza, construída pelo homem em sua busca por conhecimento.
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Aléia das Mangueiras 
Um dos pontos tradicionais do Jardim Botânico 
do Rio de Janeiro, a aléia das mangueiras 
(Mangifera indica l.) é formada por árvores 
centenárias, cujos troncos distorcidos chamam 
atenção pela beleza ímpar.
Marcus Alberto Nadruz Coelho* 
O inventário da coleção
Em todo o mundo são reconhecidos jardins botânicos e arboretos que mantêm, 
em suas coleções, mais de quatro milhões de plantas vivas, representando cerca 
de 80.000 espécies registradas. Essas plantas são utilizadas como referência para 
pesquisas em conservação, reprodução e taxonomia, entre outras. É fundamen-
tal, portanto, estarem corretamente identificadas e terem sua procedência 
documentada, de maneira a garantir a confiabilidade dos registros. Organizar e 
disponibilizar essas informações constitui a essência do trabalho de produção 
e difusão de conhecimento de uma coleção viva (ex situ).
O Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro teve iní-
cio com a chegada da família real ao Brasil, em 1808. D. João vi fundou uma 
fábrica de pólvora na antiga propriedade de Rodrigo de Freitas (antigo engenho 
de cana-de-açúcar). Em junho daquele mesmo ano, criaria o Real Horto Botânico, 
onde as primeiras espécies foram introduzidas. Tratava-se de plantas produtoras 
de especiarias da Índia. A partir daí, várias outras foram ofertadas como doação 
ao príncipe regente, oriundas da América Central e da Ásia, dentre elas o chá e 
a cana-de-açúcar.
Os primeiros traçados das atuais aléias foram feitos por Frei Leandro do 
Sacramento, em 1824, quando o Real Horto já era denominado Real Jardim Bo-
tânico. Frei Leandro também arborizou as aléias e fez as primeiras identificações 
dos espécimes existentes, organizando-os cientificamente. A partir de 1859, o 
naturalista Custódio Alves Serrão assumiu a direção da instituição e deu con-
tinuidade ao trabalho iniciado pelo seu antecessor.
Em 1890, Joaquim de Campos Porto ficou à frente do Real Jardim confe-
rindo um cunho cultural e científico à coleçãoexistente, reorganizando os viveiros, 
aumentando o número das plantas vivas e refazendo a classificação específica dos 
exemplares cultivados. Também nesta gestão foram dados os primeiros passos 
para a criação e para a organização do herbário, que teve um grande crescimento 
no período de 1915 a 1931, quando Antônio Pacheco Leão era diretor. 
De 1890 a 1909, João Barbosa Rodrigues resolveu reunir as plantas por 
afinidades e dividiu o Jardim Botânico do Rio de Janeiro por seções. Barbosa Ro-
drigues contabilizou 71 famílias, 411 gêneros e 838 1 (Rodrigues, 1989) espécies 
nativas e exóticas no Arboreto. Depreende-se que, até essa época, o acervo de 
plantas vivas do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro vinha 
sendo cultivado sem registro. Somente após esse período os dados sobre as plantas 
vivas foram reunidos no fichário das “Plantas Cultivadas do Jardim Botânico”.
A partir de 1934, o diretor Paulo Campos Porto idealizou um plano de 
ação para o Arboreto, distribuindo os espécimes de acordo com os seguintes 
critérios: agrupamentos por família, exigências ecológicas e grupos regionais. 
Neste período, foram iniciadas as coleções das regiões Amazônica, Nordestina 
e Cerrado.
* Pesquisador titular do Instituto de Pesquisas 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 
Mestre em Botânica pela Universidade Federal 
do Rio de Janeiro / Museu Nacional e doutor 
em Botânica pela Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul. 
1 Esse número de espécies consta de uma errata 
inserida na primeira edição do Hortus 
Fluminensis de Barbosa Rodrigues, 1894. Há na 
“advertência” do mesmo documento menção a 
“450 ou 500 espécies vegetais”.
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26 árvores notáveis · 200 anos do jardim botânico do rio de janeiro
Algumas tentativas de inventariar e mapear as espécies do Arboreto fo-
ram empreendidas de 1940 até os tempos atuais. Mas os projetos “Recomposição 
e Dinamização do Parque Florístico”, “Levantamento Florístico e Restauração 
Paisagística do Parque do Jardim Botânico do Rio de Janeiro” e “Linhas de Ação 
da Área de Arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro” não alcançaram os 
objetivos propostos. 
Na década de 1960, o Jardim Botânico possuía 54 hectares (540.000 m²) 
de área total (números aproximados), dos quais 135.000 m² de matas e 322.000 m² 
de área cultivada, divididos em 15 aléias e 200 canteiros. O relatório da institui-
ção emitido em 1965 contabilizava cerca de 160 famílias com 7.000 espécies 
indígenas e exóticas (j b r j, 1965). Aparentemente, esses dados não refletiam a 
realidade e acreditamos que o correto teria sido 7.000 espécimes (ou indivíduos), 
tendo em vista que o número estimado em 2004 (Rede Brasileira de Jardins Bo-
tânicos, 2004) apontava um total de 4.000 espécies com 7.500 espécimes no 
Arboreto. Da mesma forma, os números do ano 2000 (Instituto de Pesquisas Jar-
dim Botânico do Rio de Janeiro, 2000) pareciam exagerar ao dar conta de 35.000 
indivíduos de 8.000 espécies.
No entanto, ao longo de sua história, a coleção do Arboreto sofreu per-
da de identidade filosófica e científica, resultando num abandono dos critérios 
iniciais − espécimes reunidos por grupos taxonômicos ou por ecossistemas bra-
sileiros −, que se refletiu na decadência das coleções vivas.
Muito embora o Arboreto do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro fosse referência na conservação tanto de espécies in situ quanto 
Lago Frei Leandro
Lago artificial construído por Frei Leandro 
do Sacramento, quando era diretor do 
Jardim Botânico, entre 1824 e 1829. Com a terra 
retirada do lago construiu-se o cômoro, onde 
hoje pode-se observar o busto em homenagem 
àquele diretor.
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ex situ (raras ou ameaçadas de extinção, de alto valor econômico, ou espécies 
necessárias para a restauração ou reabilitação de ecossistemas), era premente a 
elaboração de um inventário das plantas cultivadas para atualizar os nomes até 
então existentes, identificar aqueles que ainda permaneciam indeterminados e 
se estabelecer a dimensão real da coleção. Tal esforço seguiria a linha preconi-
zada pela estratégia dos Jardins Botânicos para a Conservação (Heywood, 1990), 
segundo a qual um dos principais critérios para uma instituição ser considerada 
um jardim botânico na plena acepção do termo, além da ordenação científica 
das plantas mantidas, é a documentação correta das coleções, incluindo a ori-
gem silvestre.
Em vista dessa necessidade, em 1999, foi formalizada uma parceria 
com o Banco BBM S.A. para dar início a um dos mais importantes projetos vol-
tados para o Arboreto, denominado “Inventário e Identificação das Coleções 
Botânicas e Históricas do Arboreto do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico 
do Rio de Janeiro”.
Para a realização do projeto, além dos pesquisadores participantes do 
Instituto, foram contratados mais cinco biólogos e dois auxiliares de campo. Os 
principais objetivos foram inventariar a coleção viva do Instituto, mapear seções 
e canteiros, assinalando os pontos de ocorrência dos espécimes, e divulgar o Ar-
boreto por meio dos resultados obtidos.
O Arboreto do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro 
ocupa uma área de 54 hectares, dos quais 38,8 hectares pertencem à área verde 
que compreende 40 seções, 194 canteiros, 122 aléias (batizadas com nomes dos 
Caramanchão
Os caramanchões, além de oferecerem alívio 
e sombra à caminhada do visitante, são 
utilizados como suporte para as plantas 
trepadeiras.
o inventário da coleção marcus alberto nadruz coelho
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28 árvores notáveis · 200 anos do jardim botânico do rio de janeiro
antigos diretores que passaram pela instituição ou naturalistas de renome inter-
nacional), cinco estufas (Cactário, Orquidário, Bromeliário, Insetívoras e 
Plantas Ornamentais) e quatro viveiros (Plantas Medicinais, Plantas Sensoriais, 
partes do Cactário e Bromeliário). Estão representados, também, ecossistemas 
brasileiros (Amazônia, Mata Atlântica, Restinga, Cerrado e Caatinga), exempla-
res das floras asiática (Jardim Japonês), mexicana e uma coleção de rosas 
(Roseiral). Dados de 1993 contabilizavam 40.000 indivíduos de 8.200 espécies, 
números esses considerados muito altos, e provavelmente resultantes de uma 
proposta sem embasamento contábil.
O projeto teve início com a elaboração da placa informativa da espécie. 
As informações necessárias à identificação dos espécimes consistem do nome da 
família botânica, da espécie, da autoria, do nome vulgar e da localidade de ocor-
rência. Essas informações fazem parte de um banco de dados que registra, ainda, 
a importância econômica, a localização no Arboreto, a entrada no herbário, a fe-
nologia, e a raridade ou ameaça de extinção.
Todos os espécimes, em fase reprodutiva (flor e/ou fruto), foram coleta-
dos, fotografados, numerados em seqüência na seção trabalhada e, finalmente, 
plotados em mapa referente ao canteiro em estudo. Posteriormente processou-
se a herborização, a identificação e a inclusão na coleção do herbário.
Ao final do projeto, os resultados alcançados registram 7.240 espécimes 
(ou indivíduos) de 2.533 espécies, pertencentes a 140 famílias. As famílias mais 
representativas são Arecaceæ, Leguminosæ, Myrtaceæ, Meliaceæ e Rubiaceæ, 
e as menos numerosas são Berberidaceæ, Juglandaceæ, Menispermaceæ, 
Passifloraceæ, Pinaceæ, Rhamnaceæ, Urticaceæ, Violaceæ e Vochysiaceæ, Bar-
ringtoniaceæ, Bixaceæ, Cactaceæ, Cannaceæ, Casuarinaceæ, Celastraceæ, 
Cyclanthaceæ, Piperaceæ e Sonneratiaceæ.
As espécies cujas famílias permanecem agrupadas no Arboreto são 
Acanthaceæ (ex. afelandra, seção 31), Apocynaceæ (ex. jasmim-manga, seção 11),Aquifoliaceæ (ex. chá-mate), Convolvulaceæ (ex. batata-doce), Cupressaceæ (ex. 
tuia) e Lythraceæ (ex. henna) todas na seção 5, Araceæ (ex. costela-de-adão, se-
ções 17 e 18), Arecaceæ (ex. dendê, seções 3, 4 e 19), Clusiaceæ (ex. mangostão, 
seção 24), Compositæ (ex. margarida) e Malpighiaceæ (ex. acerola, seção 18), 
Heliconiaceæ (ex. ave-do-paraíso, seções 15, 21 e 31), Leguminosæ (ex. pau-bra-
sil, seção 1, 14 e 32), Malvaceæ (ex. hibisco, seção 22), Marantaceæ (araruta, 
seção 15), Melastomataceæ (quaresmeira, seções 3 e 17), Moraceæ (ex. figueira, 
seção 29), Myrtaceæ (ex. pitanga) e Rutaceæ (laranja, seção 8), Oleaceæ (ex. 
azeitona, seção 5), Rubiaceæ (ex. café, seção 1), Smilacaceæ (ex. salsaparrilha, 
seção 18), Solanaceæ (ex. dama-da-noite, seção 23), Sterculiaceæ (ex. cacau, 
seções 17 e 18) e Verbenaceæ (ex. lágrima-de-cristo, seção 5).
Cerca de 35% dos espécimes cultivados são nativos do Brasil, engloban-
do os ecossistemas Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Amazônia. As exóticas 
estão representadas pelos continentes africano, americano, europeu, asiático e 
pela Oceania, sendo que os países com maior presença em espécies cultivadas 
são China, Índia, Madagascar, Malásia e México.
A coleção de palmeiras possui 149 espécies pertencentes a 64 gêneros 
e 53 indivíduos que permanecem indeterminados. Atualmente a família Areca-
ceæ (Palmæ) contabiliza cerca de 1.000 exemplares cultivados no Jardim 
Botânico. Considerada a família símbolo do Instituto, é representada, principal-
mente, pelas imponentes aléias de palmeiras-imperiais (Roystonea oleracea), 
plantadas em 1843. As origens das espécies são predominantemente exóticas 
(65%), representando todos os continentes.
A Guarea guidonea (carrapeteira), pertencente à família Meliaceæ, é uma 
das espécies com o maior número de indivíduos plantados, a maioria centenária, 
Jaqueira
Frei Leandro do Sacramento, quando da 
escavação do lago que leva seu nome, 
sentava-se à sombra da jaqueira (Artocarpus 
heterophyllus lam.), plantada em 1825, 
comandando o trabalho dos escravos. Oriunda 
da Índia, a espécie é cultivada em 
praticamente todos os países tropicais.
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Oficina de pintura de placas
Exemplos de placas de identificação dos 
espécimes cultivados, utilizadas ao longo dos 
anos no j b r j. Atualmente são elaboradas em 
acrílico para melhor resistirem às intempéries.
Grupo de funcionários do Kew Gardens 
com Dr. John Willys
 
O Arboreto do Jardim Botânico do Rio 
de Janeiro recebe todos os anos, além de 
turistas, um número considerável de 
pesquisadores estrangeiros, com a finalidade de 
conhecer os espécimes ali cultivados.
o inventário da coleção marcus alberto nadruz coelho
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30 árvores notáveis · 200 anos do jardim botânico do rio de janeiro
sendo que um deles recebeu o número “1” no primeiro processo de registro dos 
indivíduos cultivados no Arboreto. 
Das diversas espécies com algum potencial destacam-se as madeireiras, 
tais como Cedrela odorata (cedro), Cariniana estrellensis (jequitibá-vermelho), 
Cæsalpinia echinata (pau-brasil), Hymenæa courbaril (jatobá), Dalbergia nigra 
(jacarandá-da-bahia); medicinais, apresentando Bauhinia forficata (pata-de-
vaca), Carapa guianensis (andiroba), Cinnamomum camphora (cânfora), Cola 
acuminata (noz-de-cola), Syzygium aromaticum (cravo), e oleíferas, exempli-
ficando Aleurites moluccana (nogueira), Cinnamomum verum (canela), Cupressus 
sempervirens (cipreste-italiano), Elæis oleifera (dendê) e Oenocarpus distichus 
(bacaba-de-azeite).
Encontram-se também representadas no Arboreto algumas espécies 
ameaçadas de extinção, exemplificadas por Scaveola sericea (mangue-da-praia), 
Dalbergia nigra (jacarandá-da-bahia), Heliconia angusta (bico-de-guará), Swiete-
nia macrophylla (mogno), Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná), Astronium 
urundeuva (aroeira-do-sertão), Eugenia copacabanensis (cambuí-amarelo-gran-
de), Pavonia alnifolia (gueta), entre outras. 
A coleção de plantas medicinais encontra-se atrás do portal da antiga 
fábrica de pólvora, distribuindo-se em 26 canteiros com aproximadamente 100 
espécies entre brasileiras e exóticas, com destaque para as seguintes famílias: 
Labiatæ (menta, alecrim, lavanda), Asteraceæ (camomila, picão, carqueja), Pi-
peraceæ (pariparoba, capeba) e Verbenaceæ (cidrão, cambará).
Atualmente, o Arboreto do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro possui um precioso acervo de espécimes vivos representativo da 
flora brasileira e exótica, com funções científica e educacional. Tem por finalidade 
principal o cultivo de plantas destinadas a diversos estudos científicos, consti-
tuindo um santuário botânico onde pesquisadores de diversas áreas da ciência 
encontram meios para adquirir conhecimento sobre diversos grupos vegetais.
Por sua importância histórica, cultural, científica e paisagística, o Jar-
dim Botânico do Rio de Janeiro, desde 1938, é tombado pelo Instituto do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e sua área foi definida pela Unesco 
como área de Reserva da Biosfera, em 1992, e como Reserva da Biosfera da Mata 
Atlântica, em 1999 (Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 
2000). É considerado um dos dez mais importantes jardins botânicos no mundo, 
principalmente em função da riqueza científica representada pela coleção viva 
do Arboreto (Rede Brasileira de Jardins Botânicos, 2004).
referências bibliográficas
j b r j. 1965. Guia dos visitantes. Rio de Janeiro: 
Ministério da Agricultura.
j b r j. 2000. Instituto de Pesquisas Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: e m c. 
heywood, v. h. 1990. Estratégia dos jardins 
botânicos para a conservação. Rio de Janeiro: 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 
rede brasileira de jardins botânicos. 2004. 
Diversidade biológica nos jardins botânicos. 
rodrigues, j. b. 1989. Hortus Fluminensis. 
Rio de Janeiro: Expressão e Cultura.
Sumaúma
A sumaúma (Ceiba pentandra), espécie 
de grande porte da família das Bombacaceæ, 
pode ser encontrada na Amazônia.
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Interior do parque
O Arboreto do Jardim Botânico do Rio de 
Janeiro é formado por 190 canteiros, 
entrecortados por aléias. Em alguns canteiros 
pode-se encontrar famílias botânicas inteiras 
representadas.
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ár
vo
r
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s n
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táve
is, 200 an
o
s d
o
 jard
im
 bo
tân
ic
o
 d
o
 rio
 d
e jan
eiro 
Árvores notáveis, 
200 anos 
do Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro
Malena Barreto & Paulo Ormindo

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