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Fundamentação Teórica EJA Fundamentação Teórica 2 Fundamentação Teórica 3 Trajetória Histórica e Dimensões Políticas da EJA no Brasil Quando falamos em EJA – Educação de Jovens e Adultos –, temos como foco a realidade daqueles que não tiveram acesso à escola em idade adequada. Muitos desses são adultos das classes baixas, trabalhadores em centros urbanos ou áreas rurais, migrantes e imigrantes. Outros são jovens que possuem uma trajetória de vida marcada pela exclusão, por perdas e falta de esperança em relação aos benefícios que a educação pode proporcionar em nossa sociedade. Segundo a LDB nº 9.394 (BRASIL, 1996), Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional: Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. § 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular. § 1º Os exames a que se referem este artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos; Fundamentação Teórica 4 II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos. § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames. No plano nacional, foi apenas em meados do século XX que algumas campanhas começam a surgir. Durante muito tempo, essas campanhas de EJA tiveram o intuito “de superar o atraso daqueles que não sabiam ler nem escrever, adotando uma concepção instrumental de educação, sem levar em conta a experiência de vida dos trabalhadores” (SOUZA; 2011, p. 21). O interesse político era “erradicar” um dos entraves para o desenvolvimento, sem sequer questionar os reais problemas sociais e estruturais da nossa sociedade: a concentração de renda e de terras. A história da EJA deve ser, portanto, contextualizada a um cenário econômico, social e político, já que uma característica dessa modalidade de ensino é a relação entre a educação e o trabalho, uma vez que seus sujeitos são trabalhadores, jovens em busca do primeiro emprego e/ou trabalhadores aposentados. Para compreendermos a desigualdade social no Brasil, temos que nos lembrar de que nossa sociedade, desde o século XIX, tratava de modo diferente senhores e escravizados, proibia o voto à pessoa analfabeta, selecionava as pessoas votantes em função da renda. Nesse contexto social, tornou-se natural a discriminação em função da cor/raça, religião, gênero e orientação sexual, além das desiguais condições materiais impostas pela classe social em que um indivíduo estava inserido. A partir de 1930, já encontrávamos no país movimentos que discutiam a educação de adultos de forma significativa. Contudo, foi após a Segunda Guerra Mundial que os ideais democráticos incentivaram o debate acerca da educação das massas e da organização dos Centros de Cultura Popular, com a finalidade de difusão cultural para as classes trabalhadoras. Segundo Paiva apud Souza (2011), o ensino supletivo se expandiu pós 1930. Dois fatores foram essenciais para essa expansão: a) o processo de migração do campo para a cidade; Fundamentação Teórica 5 b) a preocupação governamental com a expansão do ensino elementar e, com ele, a educação de adultos. A demanda por essa modalidade de ensino foi escancarada quando o recenseamento geral mostrou, em 1940, que mais de 50% da população com mais de 15 anos eram jovens e adultos analfabetos. As primeiras iniciativas oficiais relacionadas à educação de adultos datam da década de 1940, quando foi criado o Fundo Nacional do Ensino Primário (FNEP), em 1942. Gadotti (2005) afirma que até 1940 a educação de adultos era entendida como uma extensão da escola formal. Já na década de 1950, ela passou a se expressar segundo duas tendências: uma influenciada por Paulo Freire e denominada como “educação libertadora” e, por outro lado, a tendência que compreendia a educação de adultos como “educação funcional” (profissional). O autor nos explica que na década de 1970, essas duas correntes permaneciam como expressão dessa modalidade de ensino. Tais propostas educativas (independente das tendências adotadas) foram chamadas de “campanhas de educação” e se remetiam a iniciativas governamentais que procuravam amenizar a grande discrepância social referente à situação de escolaridade das classes subalternas em relação às classes abastadas de nossa sociedade. A primeira Campanha de Educação de Adolescente e Adultos (CEAA) foi criada em 1947 e extinta em 1963. Havia uniformidade no material didático distribuído pela Campanha em todo o país, tanto para o meio rural quanto para o meio urbano. Criou-se dez mil classes de alfabetização no país, localizadas nas capitais e em cidades do interior. Tratou-se uma campanha extensiva de educação de adolescentes e adultos, a qual nasceu da regulamentação do FNEP e tinha como metas preparar a mão de obra alfabetizada nas cidades, ampliar a alfabetização de pessoas no campo e integrar os imigrantes e seus descendentes. Souza (2011) afirma que, politicamente, a campanha era uma estratégia para a melhoria dos índices de analfabetismo no país, ligada à ampliação das bases eleitorais e ao combate à marginalização social. Além disso, a campanha teve um caráter ideológico visível: fazer a alfabetização ser vista como um “flagelo” ou uma “vergonha nacional”. A CEAA estava baseada no ensino das técnicas de leitura e escrita, alfabetização em três meses e condensava o ensino primário em dois períodos letivos de 7 meses de duração. Fundamentação Teórica 6 A primeira CEAA foi organizada por Lourenço Filho e contribuiu para a introdução da educação supletiva às atividades regulares dos sistemas estaduais de ensino. Percebendo que a CEAA atingia resultados positivos nas cidades, o que não ocorria em localidades isoladas do interior do país, em 1948, Lourenço Filho desdobrou a campanha em duas, criando a Campanha Nacional de Educação Rural (CNER), que integrava ações conjuntas do Ministério da Educação e o Ministério da Agricultura, uma vez que não bastava apenas o acesso à alfabetização por parte do camponês, pois era preciso criar condições para melhorar a saúde, o trabalho e a produção dessa população. Com o fim da ditadura Vargas em 1945, o país passou por uma efervescência política e a ONU – Organização das Nações Unidas – alertava para a necessidade de integração dos povos, com o objetivo de alcançar a paz e a democracia. Esse histórico contribuiu para que a educação de adultos ganhasse destaque. As duas campanhas (CEAA e CNER) permaneceram em vigor até o momento em que a Presidência da República foi assumida por Juscelino Kubitschek (1956 a 1961). A partir daí dessa data, o INEP – Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos –, sob a presidência de Anísio Teixeira, passou a desenvolver um conjunto de pesquisas acerca da situação da escolaridade da população brasileira, cujos resultados colocavam em dúvida a eficácia das campanhas maciças de alfabetização. Em 1958, realizou-se o segundo Congresso Nacional de Educação de Adultos que buscava novas diretrizes e perspectivas teóricas para essa modalidade de educação. Paulo Freireteve destaque por dar atenção aos problemas sociais que geravam o analfabetismo e por seu método de alfabetização. “Com relação à metodologia, havia a preocupação de que o método envolvesse estratégias de ensino ´com´ o homem, e não ´para´ o homem”, pontua Souza (2011). Nesse período, colocou-se o princípio da pedagogia dialógica freireana, que significava valorizar o ser humano que aprende como alguém que traz uma bagagem de experiência e não como uma folha em branco. Em 1960, no Recife/PE, o Movimento de Cultura Popular (MCP), por influência das ideias de Paulo Freire, passa a criar escolas para o povo, com o aproveitamento dos espaços das associações de Fundamentação Teórica 7 bairros, entidades eclesiásticas, esportivas e da sociedade civil. O objetivo do MCP era ampliar o nível cultural e a conscientização das massas. “Além do trabalho de alfabetização, novas frentes de ação foram elaboradas, entre as quais se destacam o teatro, os núcleos de cultura popular, os meios informais de educação, o canto, a música, a dança popular e o artesanato” (SOUZA, 2011, p. 49). A influência da concepção freireana de educação manteve-se nos espaços da educação popular até os primeiros anos de 1960. Com a Ditadura Civil-Militar, em 1964, o caráter emancipatório e de conscientização política das experiências de educação de adultos passou a sofrer repressões e foram, com isso, extintas. Nesse contexto, observamos a retomada da iniciativa governamental de concentrar a educação de jovens e adultos em sua esfera institucional responsável pela alfabetização, o que desencadeou o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). O MOBRAL foi criado em 1967 e começou no Recife, na Paraíba e em Sergipe. Esse movimento tinha três características básicas: em relação aos sistemas de ensino regulares e demais programas de educação de adultos, possuía sua independência institucional e financeira, organização operacional descentralizada e apoiada em comissões municipais responsáveis pela realização da campanha Fundamentação Teórica 8 nas comunidades e a centralização das orientações do processo educativo por meio do órgão estatal responsável. O MOBRAL foi implementado entre 1967 e 1985. Apesar disso, na década de 1970, os centros de estudos supletivos foram inseridos no sistema regular de ensino. Dessa forma, essa modalidade complementava a atuação do MOBRAL, estendendo a escolaridade para além das primeiras séries. Segundo o MEC, ao final de 1983, haviam 80 centros com essa finalidade. Em 1985, o MOBRAL foi extinto e substituído pela Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos, a Fundação Educar. Essa fundação tinha como objetivo fomentar programas destinados aos que não tiveram acesso à escola ou que dela foram excluídos. “A fundação era vinculada ao MEC e atuava com o apoio financeiro das prefeituras municipais ou de associações da sociedade civil” (SOUZA; 2011, p. 52). Em 1990, a Fundação Educar foi extinta com o governo Collor. Como reflexo das discussões que permearam a Conferência Mundial sobre Educação para todos, na Tailândia, conhecida também como a conferência de Jomtien (UNESCO, 1998), permanecia a preocupação internacional com a existência de 900 milhões de analfabetos existentes no planeta e, a nível nacional, lançou-se o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC). Em 1996, com a aprovação da LDB nº 9.394 (BRASIL, 1996), a EJA ganha força e em nosso país passam a ser desenvolvidas iniciativas como os Encontros Nacionais de Educação de Jovens e Adultos (Enejas). Outras iniciativas no âmbito dos movimentos sociais, a exemplo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) são desenvolvidas a partir de práticas coletivas de alfabetização nos acampamentos e assentamentos de reforma agrária. No governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) criou- se o Programa de Alfabetização Solidária (PAS). A proposta foi lançada em 1996 e destinava-se a alfabetizar jovens e adultos que residiam em cidades com elevados índices de analfabetismo e baixo IDH –Índice de Desenvolvimento Humano. Tal programa tinha como característica peculiar as parcerias ou cogestão entre Estado e organizações da sociedade civil. No ano de 2000 são aprovadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Diante de campanhas e Fundamentação Teórica 9 movimentos de educação de jovens e adultos, ressalta-se os Encontros Nacionais de Educação de Jovens e Adultos (Enejas) como sendo o espaço público de debate das experiências de EJA no Brasil. Esse encontro agrega professores da EJA, instituições governamentais, alunos, movimentos sociais, instâncias sindicais, universidades e organizações não governamentais, etc. Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assume o governo, em 2003, já existia uma longa trajetória de combate ao analfabetismo. Ao continuar o percurso histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, temos a criação pelo MEC, no mesmo ano, do Programa Brasil Alfabetizado. O Programa Brasil Alfabetizado apresenta avanços em relação aos programas de alfabetização promovidos pelo país. É preciso valorizar o fato de ser um programa de iniciativa do governo, ao contrário do PAS, que destinava à sociedade civil a responsabilidade por um direito que somente poderia ser realizado pela efetiva ação do Estado. Fundamentação Teórica 10 A Biografia de Paulo Freire e suas referências teórico- metodológicas Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, em Recife, Pernambuco. Filho de Edeltrudes Neves Freire e Joaquim Temístocles Freire. Seu local de nascimento fez com que Paulo Freire conhecesse muito cedo a pobreza do nordeste brasileiro. Desde adolescente, ele se engajou na formação de jovens e adultos trabalhadores. Segundo Barreto (2004, p. 17): “Quando dedicou a seus pais o seu primeiro livro: Educação como prática de liberdade, Paulo diz que foi com eles que aprendeu o diálogo que ̀ tratei de manter com o mundo, com os homens, com Deus, com a mulher e com meus filhos´”. Paulo Freire falou de sua infância em muitas conferências e escritos. O autor foi alfabetizado no chão do quintal de sua própria casa, afirma Barreto (2004). Com a crise de 1929, a família do menino Paulo Freire, que era de classe média, foi obrigada a deixar a casa de Recife e se mudar para o Jaboatão, um município vizinho a capital pernambucana. Foi aí que Paulo Freire perdeu o seu pai e conheceu a pobreza. “As dificuldades enfrentadas levaram Paulo a perceber que havia algo de errado num mundo onde algumas pessoas eram submetidas a tantas carências e que estas injustiças podiam ser mudadas” (BARRETO, 2004, p. 21). Essa crença que, mais tarde Paulo Freire chamou de “otimismo crítico” foi uma das marcas de sua pedagogia que se indignou com a realidade injusta, mas também lutou pela sua transformação. Foi em Jaboatão que Paulo Freire concluiu o ensino primário. E para continuar os estudos, teria que se mudar para Recife, desde que não tivesse que pagar a escola. Foi sua mãe que procurou uma escola que oferecesse uma bolsa de estudo para seu filho. Após conversar com o diretor do Colégio Oswaldo Cruz, sua mãe conseguiu que o jovem tivesse a oportunidade de estudar. Deste colégio Paulo Freire só saiu para cursar a faculdade de Direito. Fundamentação Teórica 11 Mesmo assim ele voltou ao colégio como professor de português durante o tempo em que cursava a faculdade (BARRETO, 2004). Foi nessa época que Paulo Freire conheceu Elza Maia Costa de Oliveira, uma professora de pré-escola que marcou a sua vida pessoal e profissional. Aos 23 anos de idade, Paulo Freire se casou com Elza, com quem viveu 42 anos e teve 5 filhos. Embora tenha se formado advogado, Paulo Freire teve apenas uma única experiência com esta profissão. Pouco tempo depois de deixar a advocacia, Paulo Freire passou a trabalhar no SESI (Serviço Social da Indústria). Os dez anos que passou nestaInstituição foram decisivos para a sua formação como educador. Dizia que este foi o período fundante para a sua compreensão do pensamento, da linguagem e da aprendizagem dos grupos populares (BARRETO, 2004). Foi no SESI, a partir da convivência com diretores e professores da escola primária que Paulo Freire se convenceu do peso do autoritarismo na cultura brasileira. Nessa época, ele aprendeu a diferença entre “falar com alguém” e “falar para alguém”. Foi no Círculo de Pais e Mestres, no SESI, que se deu conta da importância de se levar em consideração os interesses dos educandos para as ações educativas. Saindo do SESI, Paulo Freire tornou-se professor universitário. Antes mesmo de fazer a tese, Paulo Freire requereu à universidade o “saber notório” no campo da educação. Em 1959, fez o concurso e foi contratado interinamente pela Universidade para ser professor de História e Filosofia da Educação no curso de Professorado de Desenho da Escola de Belas Artes, (BARRETO, 2004, p. 27). Em 1960, Paulo Freire foi um dos intelectuais que se engajaram no Movimento de Cultura Popular de Pernambuco (MCP), uma vez que o prefeito da cidade de Recife na época, Miguel Arraes, havia se interessado em ampliar os projetos educativos de crianças e adultos nas amplas áreas de pobreza da capital pernambucana: Naquela época, nós fizemos um circo que era um teatro ambulante. Nós fazíamos um levantamento nos bairros periféricos do Recife para saber em que terrenos colocar o circo, sem pagar imposto. Pesquisávamos o custo do cinema mais barato da área para igualar ao preço do ingresso. Lotávamos o circo e o povo adorava. Fundamentação Teórica 12 Levávamos peças mais progressistas, provocávamos os grupos populares a também fazer peças e propor artistas para serem trabalhados pela equipe de teatro. Outra coisa linda era que, durante a peça, o povo participava, gritava, entrava na peça (FREIRE apud BARRETO, 2004, p. 28). Foi também no MCP que Paulo Freire fez suas primeiras experiências no campo da alfabetização de adultos. A pedagogia de Freire aplicada à alfabetização provocou profunda raiva nas classes dominantes. Para essas, Paulo Freire era considerado comunista, inimigo de Deus e delas. A fundamentação para que as classes dominantes o chamasse de comunista baseava-se no fato de que Freire pregava uma pedagogia desveladora das injustiças, desocultadora das ideologias de classe, uma vez que afirmava que o trabalhador, enquanto educando, tinha que brigar pelo direito de participar das escolhas dos conteúdos ensinados a ele. Defendia uma pedagogia democrática que partia das ansiedades, dos desejos, das carências, dos sonhos das classes populares (BARRETO, 2004, p. 29). A sua pedagogia associava-se à experiência vivida, ao trabalho e à política. A sua teoria do conhecimento emergiu num contexto social em que 15 milhões de habitantes viviam na “cultura do silêncio”. As primeiras experiências do método começaram na cidade de Angicos (RN), em 1963. No ano seguinte, Paulo Freire foi convidado pelo presidente João Goulart para repensar a alfabetização de adultos em âmbito nacional. Em 1964 estava prevista a instalação de 20 mil círculos de cultura para 2 milhões de analfabetos. O golpe militar, entretanto, interrompeu os trabalhos ainda no início e reprimiu toda a mobilização conquistada (GADOTTI apud SOUZA, 2011, p. 126). A partir dessa sua prática, Paulo Freire criou o método que o tornaria conhecido no mundo. Freire foi exilado porque a Campanha Nacional de Alfabetização do governo João Goulart estava conscientizando imensas massas populares, o que incomodava as elites brasileiras. Depois de passar 75 dias na prisão, acusado de “subversivo e ignorante”, foi para Bolívia (onde ficou alguns dias) e depois para o Chile, onde viveu de 1964 a 1969. No Chile, Paulo Freire consolidou o seu pensamento, iniciado no Brasil. Lá, ele encontrou um espaço social, político e educativo muito dinâmico que o permitiu reestudar o seu método, avaliá- Fundamentação Teórica 13 lo e sistematiza-lo teoricamente. Os educadores das esquerdas o apoiavam em sua filosofia educacional, mas ele também sofreu resistência da oposição de direita do PDC (Partido Democrata Cristão), que o acusou em 1968 de escrever um livro “violentíssimo” que era A Pedagogia do Oprimido que só veio a ser publicado em 1970. Por isso, no ano seguinte, Paulo Freire foi obrigado a deixar o Chile. Em 1970, depois de passar quase um ano em Harvard, foi para Genebra, onde completou 16 anos de exílio do Brasil. Na década de 1970, Paulo Freire passou a assessorar vários países da África, auxiliando na implantação de sistemas de educação. Sobre uma dessas experiências foi escrita uma das obras mais importantes deste autor que é “Cartas à Guine Bissau”, de 1977. Nesse contexto, Paulo Freire se aproximou das culturas africanas, dos seus povos e de seus intelectuais como Amilcar Cabral. Nesse período, vem o contato mais próximo com a obra de Gramsci, Kosik, Habermas, e outros filósofos marxistas. Parece-me que o marxismo de Paulo Freire nutre-se nas obras desses autores, especialmente Gramsci. Isso se reflete nos diálogos mantidos com os educadores dos Estados Unidos, na última década, entre eles: Henri Giroux, Donaldo Macedo, Ira Shor e Peter MacLaren e Carlos Alberto Torres. Paulo Freire retorna aos Estados Unidos já com uma bagagem nova, trazida da África e discute o Terceiro mundo no Primeiro Mundo com Myles Horton [...] Paulo Freire voltou pela primeira vez para o Brasil em 1979 – definitivamente em 1980 – com o desejo de “reaprendê-lo” (GADOTTI, 2006, apud SOUZA, 2011, p. 128). Fundamentação Teórica 14 Fonte: Blog, O Cafezinho Figura 1 | Paulo Freire regressa ao Brasil após 10 anos de exílio (10/08/1979) Embora Paulo Freire tenha sido tributário da contribuição de inúmeros pensadores, ressalta Romão (2013), a síntese de suas ideias foi original, tanto do ponto de vista epistemológico, como do ponto de vista político, o que o possibilitou oferecer instrumentos para a ciência e para a militância. Uma de suas inovações foi a “desinfantilização” da educação dos adultos. Em Freire, o processo educacional transmuta- se em uma ação político-cultural, sendo que a leitura e a escrita devem ser significativas para aqueles que se alfabetizam, ou seja, devem estar contextualizadas em processos históricos e sociais. O contato com a situação concreta da classe trabalhadora brasileira e com o Partido dos Trabalhadores deu um vigor novo ao seu pensamento. Podemos até dividir o pensamento dele em duas fases distintas e complementares: o Paulo Freire latino-americano das décadas de 60-70, o autor de Pedagogia do Oprimido e o Paulo Freire cidadão do mundo, das décadas de 80- 90, dos livros dialogados, da sua experiência pelo mundo e de sua atuação como administrador público em São Paulo (GADOTTI, 2006, apud SOUZA, 2011, p. 128). Paulo Freire faleceu no ano de 1997, mas deixou vivo na ação de educadores e no pensamento a concepção de educação dialógica e problematizadora, apresentada principalmente na obra Pedagogia do Oprimido. Fundamentação Teórica 15 O educador, o educando e o conhecimento É de extrema importância se perguntar sobre qual é a concepção de mundo, de sociedade, de educação, de ensino, de sujeito que temos em mente quando projetamos a nossa ação pedagógica. Dependendo de como se orienta o pensar e o fazer educativo da prática pedagógica, teremos condições de categorizá-la em uma concepção tradicional ou uma concepção crítica. Segundo Souza (2011), encontramos na EJA justamente duas concepções de educação que guardam relação com a marca de um ensino tradicional, de um lado, e com a marca dialógica ou de um ensino problematizador de outro. Na abordagem tradicional, o ensino identifica o aluno como parte de um mundo que irá conhecer, ou seja, a realidade e os conhecimentos são transmitidos ou depositados nele. A educação, nesse caso,restringe-se à instrução e à transmissão de conteúdo. Os alunos, por sua vez, são instruídos pelos professores a partir de uma relação vertical entre professor-aluno. Além disso, predomina uma metodologia expositiva e a avaliação é uma forma de verificar se os conteúdos foram memorizados. Descrevemos, até o momento, as características do que Paulo Freire (2013) chamou de concepção bancária de educação. Nessa perspectiva, existe uma preocupação excessiva com as técnicas de ensino, os conteúdos estão deslocados da realidade social dos educandos, há distanciamento entre professor e aluno. A concepção de ensino caracterizada pela concepção dialógica de educação busca a interação entre homem e mundo, sendo que o sujeito é entendido como criador e elaborador de saberes. A cultura e a prática social são os pressupostos para que o homem seja pensado e educado. Segundo Souza: Fundamentação Teórica 16 [...] a escola é identificada como um dos lugares de conhecimento, mas não o único. O processo ensino-aprendizagem é desenvolvido objetivando a superação da relação entre opressores e oprimidos; há horizontalidade na relação professor-aluno, embora o docente tenha clareza quanto ao seu papel de orientador do processo educativo. A metodologia se caracteriza pela dialogicidade e pela problematização dos conteúdos escolares em relação aos conteúdos do mundo da vida. São desenvolvidos processos de autoavaliação, de forma que o planejamento de ensino, os conteúdos, a metodologia, a relação professor-aluno etc. possam ser repensados continuamente (SOUZA; 2011, p. 113). Com essa concepção, existe uma preocupação com a consciência política mediante o trabalho coletivo, assim como a valorização da prática social dos sujeitos do processo educativo. Apesar disso, a alfabetização não deixa de ser uma aquisição convencional de leitura, escrita, ortografia, indo além na busca pela interpretação dos conteúdos ideológicos, os quais estão envoltos das palavras e do discurso. Tabela 1 – Concepções de Educação Concepção Tradicional Concepção Dialógica Preocupa-se com que o aluno domine os conhecimentos tradicionais, instrumentalizando-o tecnicamente para isso Preocupa-se com o estudo de conhecimentos com significado sociocultural e, dessa lógica, os conteúdos emergem do mundo cotidiano. Fonte: SOUZA, M. A. “Educação de Jovens e Adultos”. Curitiba: Ibpex, 2011, p. 117 (Adaptado). Mais do que a aquisição de um sistema de código alfabético, aprender a escrever e a ler abre possibilidades para que os sujeitos percebam “o que realmente significa dizer a palavra: um comportamento humano que envolve ação e reflexão [...] é o direito de expressar-se e expressar o mundo, de criar e recriar, de decidir, de optar” (FREIRE, 1976, p.49 apud SOUZA, 2011, p. 121). Fundamentação Teórica 17 Outra característica da concepção dialógica consiste na prática educativa baseada no diálogo, sobretudo, porque os analfabetos são seres concretos, criadores, sujeitos que pensam e produzem saberes na sua prática social. Os conteúdos nessa concepção são selecionados a partir da investigação de palavras e temas geradores. Tal investigação tem como foco o pensar dos homens contextualizado à realidade que o cerca. Por isso, os temas escolhidos não são aleatórios, uma vez que fazem parte do cotidiano vivido pelos educandos e podem se constituir de aspectos da trajetória de vida, da situação socioeconômica, etc. Esse método de ensino visa construir no educando uma consciência crítica de si e de sua realidade. Nesse contexto, o analfabeto deve ser visto como sujeito do processo de alfabetização, transformador de si mesmo e, o educador, contribuirá na medida em que desenvolve uma técnica adequada promotora dos elementos da linguagem escrita, porém, de tal forma que aqueles representem a realidade do educando. O processo de alfabetização tem como primeiro passo contribuir para que o educando se torne um observador consciente da sua própria realidade, ou seja, ele deixa de ser um participante inconsciente para refletir sobre ela. No âmbito das práticas pedagógicas, tem-se a possibilidade de apresentar ao educando imagens de seu próprio modo de vida, a fim de que ele possa observar, discutir, abrindo assim o seu caminho para uma reflexão crítica. Neste contexto, a alfabetização decorrerá como consequência da visão sobre a realidade, a qual deverá associar a imagem da palavra à imagem de uma situação concreta. Se objetiva com essa concepção de educação atingir a consciência crítica, de modo que os educandos possam transformar a si e a sua situação no mundo. A alfabetização se torna um ato de conhecimento, pois, ao conhecerem a sie à realidade em que vivem, eles têm possibilidades de transformá-la. Fundamentação Teórica 18 O processo de alfabetização na EJA e o método Paulo Freire Na pedagogia do oprimido somente o oprimido pode se libertar de seu opressor. Esses, como oprimem, não libertam, nem se libertam. Neste contexto da luta do oprimido por superação da contradição em que se acha, afirma Freire (2013), o principal problema seria o surgimento do homem novo, humanizado. É a partir da dialética entre opressão versus humanização, encontrada na obra deste autor, que o homem oprimido deixa de querer oprimir e gera com seu ato a sua liberdade e a de seu opressor. Na obra freiriana, a posse da propriedade e do aparelho estatal nas mãos da classe dominante marca a opressão e a discriminação. Quem é a “pessoa humana”? São apenas os opressores e não os oprimidos, nesta perspectiva. Freire (2013) dirá que a violência como processo passa de geração a geração. O opressor não consegue enxergar sua situação porque é usufrutuário do sistema econômico imposto, e sua busca egoísta por “ter” afoga-se na posse da propriedade. Portanto, já não pode mais ser. Os opressores pensam a humanização como uma coisa a ser adquirida. Já os oprimidos são vistos pelos opressores como subversivos. Por isso, o autor afirma que se a humanização dos oprimidos é subversão, sua liberdade também é. Em função disso, o método de alfabetização de Freire é um processo, dirá Brandão (1981). Entre suas sequências e etapas de repetição, o método se cria e se refaz como numa história coletiva. Esta foi a ferramenta que Freire criou para ajudar os homens a ensinar-aprender a ler e escrever de um jeito mais humano. O que se quer ressaltar da metodologia freireana é sua potencialidade humanizadora como ferramenta de ensino- aprendizagem, não só para alfabetizar, como também para conscientizar e politizar. Na obra freireana, a liberdade é uma conquista e não uma doação. Por isso, exige busca permanente. Liberdade não é para Freire (2013) ideia que se faz mito. Mas, sim, a Fundamentação Teórica 19 condição inscrita para os homens inconclusos que somos. E lembra com maestria que somente a solidariedade, momento social no qual o subjetivo constitui com o objeto uma unidade dialética, pode haver práxis autêntica. Segundo Freire (2013), o conceito de educação bancária refere- se ao ato de depositar o conhecimento, sem que haja um diálogo entre educador e educando sobre suas visões de mundo. Para o autor, a dialogicidade é a essência da educação que tem como objetivo a prática da liberdade. A dialogicidade acaba evidenciando, para o educador, a necessidade de conectar o educando com o mundo. Para Freire (2013), o diálogo não pode ser apenas um depósito de ideias de um sujeito no outro, muito menos tornar uma simples troca de ideias entre permutantes. Ou seja, o diálogo deve estabelecer uma relação horizontal capaz de criar confiança entre os sujeitos, afirma o autor, possibilitando a reflexão e a consciência. É através do diálogo que os sujeitos refletem e desenvolvem sua ação crítica, ou seja, sua práxis. Para esse renomado pedagogo, os homens não se fazem no silêncio, mas sim na palavra, na reflexão-ação, no trabalho. Veja o perfil do educador dialógicotraçado pelo autor: Para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da educação não é uma doação ou uma imposição – um conjunto de informes a ser depositado nos educandos –, mas a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada. (FREIRE; 2013, 116) [Grifo meu] A pedagogia dialógica foi determinante para a compreensão do fenômeno educacional como um processo de troca social, determinado pela relação entre os agentes educacionais (sejam estes agentes escolares ou familiares) e os educandos. A Pedagogia do Oprimido, tal como construída teoricamente por Freire (2013), indica chegar aos conteúdos do saber dominante partindo daquilo que está profundamente inserido nos educandos, como vida e cultura, o que mobilizaria os esquemas de assimilação necessários para o ensino-aprendizagem dos sujeitos. Fundamentação Teórica 20 Quando este autor se refere aos seus sujeitos, pode-se captar a importância da conscientização para a ação social. Para chegar a isso, afirma Freire (2013), o sujeito passa por um processo de consciência crítica que supera o “medo da liberdade”. Para o autor o “medo pela liberdade” é decorrente da dominação cognitiva que impossibilita ao ator inserir-se no processo histórico (FREIRE, 2013, 31-32). Há diferentes métodos e metodologias de alfabetização e pode- se até dizer que todos – bem ou mal – funcionam para alguns sujeitos esforçados ou especialmente talentosos. Aliás, há até quem se alfabetize sozinho (autoalfabetização), mas o método Paulo Freire é o único que politiza o ensino-aprendizagem e, portanto, o único apropriado à libertação. Brandão (1981) explica bem o método de Paulo Freire, lembrando que ele é como algo vivo, ou seja, um método que se faz e refaz na prática docente: Falo sobre como o método educa enquanto se constrói e, portanto, falo de um método como um processo, com as sequências e etapas que ele repete cada vez; como uma história coletiva de criar e fazer, que é a sua melhor ideia (BRANDÃO; 1981, p. 15). Neste contexto, cabe ressaltar o que se configura como uma afirmação constante sobre o método: “ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozinho”. É justamente neste sentido que a educação se propõe como um ato coletivo e solidário, a qual, se transforma numa ação dialogal. A pedagogia humanizadora de Freire possibilita que a educação dialogue com temas (os temas geradores) fundamentais para a humanização. Brandão (1981) sintetiza os temas geradores a partir de sua prática com o método freireano: 1) A natureza e o homem: o ambiente. 2) Relações do homem com a natureza: o trabalho. 3) O processo produtivo: o trabalho como questão. 4) Relações de trabalho (operário ou camponês). 5) Formas de expropriação: relações de poder. 6) A produção social do migrante. Fundamentação Teórica 21 7) Formas populares de resistência e de luta. Pode-se, portanto, partir destes temas tão complexos para se alfabetizar através do método de Paulo Freire, como descreve Brandão (1981). A obra de Freire é um desafio ao senso comum presente no sistema escolar, que continua a acreditar que tais temas não importam para a educação da classe trabalhadora. Neste sentido, é que se percebe o sistema escolar reproduzindo a dinâmica social da dominação por meio do controle ideológico do currículo. As características centrais do método de Paulo Freire são: a) A pesquisa do universo vocabular, a partir da investigação dos elementos do mundo imediato do educando. b) Levantamento das palavras geradoras, que são um instrumento de leitura da língua e de releitura coletiva da realidade social. c) Proposição dos temas geradores. Brandão (1981) menciona que os temas geradores foram pensados por Paulo Freire para serem utilizados na fase pós-alfabetização. Eles permitem aprofundar o processo de alfabetização. d) O círculo de cultura é a proposta de um debatem, a fim de possibilitar que todos ensinem e aprendam. A partir do levantamento das palavras, a investigação dá elementos do mundo imediato, através dos quais os educandos podem seguir para as etapas seguintes do aprendizado coletivo e solidário. Após os temas serem investigados, forma-se o Círculo de Cultura. Trata-se de um círculo porque todos estão à volta de uma equipe de trabalho em que não há um professor, mas um animador de debates, o que permite aprofundar no processo de alfabetização através da escrita e da leitura da palavra escrita e do mundo. Como bem lembra Brandão (1981), o método de Paulo Freire não deve se impor a uma realidade, mas sim, servir a cada situação. Os dados de Brandão, sobre os resultados obtidos com a utilização do método freireano em Mossoró, antes do Golpe Militar de 1964, demonstram que numa única comunidade 300 trabalhadores foram alfabetizados em 45 dias. Tais dados são impressionantes, sobretudo porque subvertiam toda a lógica da política dominante para a educação na década de 1960. Além disso, a passagem do tempo não só confirmou a Fundamentação Teórica 22 eficácia do método Paulo Freire na alfabetização, como também descobriu sua abrangência para o processo de politização de grupos subalternos, como foi o caso da Nicarágua. Nesse país da América Central, Freire foi o principal articulador no desenvolvimento de uma campanha de alfabetização, a qual possibilitou que o número de analfabetos caísse vertiginosamente. Tal campanha foi premiada pela UNESCO como um modelo de luta contra o analfabetismo em contexto de profundas desigualdades e subdesenvolvimento. Conheça a lista das principais obras de Paulo Freire: Educação como prática da liberdade (1967). Pedagogia do oprimido (1968). Cartas à Guiné-Bissau (1975). Pedagogia da esperança (1992). À sombra desta mangueira (1995). Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa (1997). Fundamentação Teórica 23 BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. São Paulo: Arte & Ciência, 2004. BRANDÃO, Carlos R. O que é o método Paulo Freire. São Paulo: Brasiliense, Col. Primeiros Passos, 1981. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: Congresso Nacional. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 16 março 2017. DECLARAÇÃO MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013. ROMÃO, J. E. A Alfabetização e a Educação de Adultos em uma Perspectiva Freireana. In: LAURITI, N. C.; MOLINARI, S. G. S. (Orgs.). Perspectivas da Alfabetização. Jundiaí: Paco Editorial, 2013. SOUZA, Maria A. Educação de Jovens e Adultos. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2011. UNESCO. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação para as necessidades básicas de aprendizagem. Jomtien - Tailândia, 1998. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf>. Acesso em: 10 maio 2017. VITORINO, Diego C. Um divórcio entre Escola e Comunidade? Bananal – SP, um “laboratório a céu aberto” no Vale Histórico do Rio Paraíba do Sul. Araraquara-SP: FCLAr – Tese de Doutorado PPGEE, 2014. Referências
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