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PCC- ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO -EXEMPLO

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Proposta de Prática Curricular – 2020 
 
Curso: 
 
HISTÓRIA - FORMAÇÃO PEDAGÓGICA 
Disciplina: 
Aspectos Antropológicos e Sociológicos da 
Educação 
 
 
Aluno (a): Rodrigo Mundim de Andrade Dias 
 
Matricula: 20200942216 
 
Professor (a): EDELU KAWAHALA 
 
 
Novembro de 2020 
http://estacio.webaula.com.br/ead/#discipline-764
OBSERVAÇÃO E ANÁLISE SOBRE ASPÉCTOS SOCIOLÓGICOS. 
 
 
A sociologia é a parte das ciências humanas que estuda o 
comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os 
indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua 
singularidade é estudado pela psicologia, a sociologia tem uma base teórico-
metodológica voltada para o estudo dos fenômenos sociais, tentando explicá-
los e analisando os seres humanos em suas relações de interdependência. 
Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da 
sociologia. 
Os resultados da pesquisa sociológica não são de interesse apenas de 
sociólogos(as). Cobrindo todas as áreas do convívio humano — desde as 
relações na família até a organização das grandes empresas, o papel da 
política na sociedade ou o comportamento religioso —, a sociologia pode vir a 
interessar, em diferentes graus de intensidade, a diversas outras áreas do 
saber. Entretanto, os maiores interessados na produção e sistematização do 
conhecimento sociológico atualmente são o Estado, normalmente o principal 
financiador da pesquisa desta disciplina científica, e a sociedade civil 
organizada (movimentos sociais por exemplo). 
Assim como toda ciência, a sociologia pretende explicar a totalidade do seu 
universo de pesquisa. Ainda que esta tarefa não seja objetivamente alcançável, 
é tarefa da sociologia transformar as malhas da rede com a qual ela capta a 
realidade social cada vez mais estreitas. Por essa razão, o conhecimento 
sociológico, através dos seus conceitos, teorias e métodos, pode constituir para 
as pessoas um excelente instrumento de compreensão das situações com que 
se defrontam na vida cotidiana, das suas múltiplas relações sociais e, 
consequentemente, de si mesmas como seres inevitavelmente sociais. 
A sociologia ocupa-se, ao mesmo tempo, das observações do que é repetitivo 
nas relações sociais para daí formular generalizações teóricas; e também se 
interessa por eventos únicos sujeitos à inferência sociológica (como, por 
exemplo, o surgimento do capitalismo ou a gênese do Estado Moderno), 
procurando explicá-los no seu significado e importância singulares). 
A sociologia surgiu como uma disciplina a partir de fins do século XVIII, na 
forma de resposta acadêmica para um desafio de modernidade: se o mundo 
está ficando mais integrado, a experiência de pessoas do mundo é 
crescentemente atomizada e dispersada. Sociólogos não só esperavam 
entender o que unia os grupos sociais, mas também desenvolver um "antídoto" 
para a desintegração social. 
Hoje os sociólogos pesquisam macroestruturas inerentes à organização da 
sociedade, como raça ou etnicidade, classe e gênero, além de instituições 
como a família; processos sociais que representam divergência, ou 
desarranjos, nestas estruturas, inclusive crime e divórcio; e microprocessos 
como relações interpessoais. 
A sociologia pesquisa também as estruturas de força e de poder do Estado e 
de seus membros, e a forma como o poder se estrutura através de 
microrrelações de forças. Um dos aspectos que tem sido alvo dos estudos da 
sociologia, e também da antropologia, é a forma como os indivíduos 
constituintes da sociedade podem ser manipulados para a manutenção da 
ordem social e do monopólio da força física legitimada.[1] 
Sociólogos fazem uso frequente de técnicas quantitativas de pesquisa social 
(como a estatística) para descrever padrões generalizados nas relações 
sociais. Isto ajuda a desenvolver modelos que possam entender mudanças 
sociais e como os indivíduos responderão a essas mudanças. Em alguns 
campos de estudo da sociologia, as técnicas qualitativas — como entrevistas 
dirigidas, discussões em grupo e métodos etnográficos — permitem um melhor 
entendimento dos processos sociais de acordo com o objetivo explicativo. 
Os cursos de técnicas quantitativas/qualitativas servem, normalmente, a 
objetivos explicativos distintos ou dependem da natureza do objeto explicado 
por certa pesquisa sociológica: o uso das técnicas quantitativas é associado às 
pesquisas macrossociológicas; as qualitativas, às pesquisas 
microssociológicas. Entretanto, o uso de ambas as técnicas de coleta de dados 
pode ser complementar, uma vez que os estudos microssociológicos podem 
estar associados ou ajudarem no melhor entendimento de problemas 
macrossociológicos. 
 
 Teoria sociológica 
 
 
A primeira grande contribuição de Durkheim para a sociologia é a proposição 
de um método científico autônomo, positivo, capaz de alcançar o mesmo 
nível de confiabilidade e prestígio das outras ciências já consolidadas no século 
XIX. Em “As Regras do Método Sociológico”, Durkheim dirá que a primeira e 
mais importante regra da sociologia é “a de considerar os fatos sociais como 
coisas”. 
Ao equiparar os fatos sociais como “coisas”, Durkheim afirmava que o mundo 
social era passível de ser estudado da mesma forma que o mundo natural, com 
objetividade e independente das ações individuais, buscando observar suas 
regularidades da mesma maneira que um químico observa um fenômeno no 
laboratório. O sociólogo deveria deixar de lado suas pré-noções para poder 
tratar os fatos sociais com imparcialidade, como fenômenos exteriores ao 
universo psíquico dos indivíduos e assim obter resultados válidos, elaborar leis 
e até prever ações. A obra de Auguste Comte exerceu forte influência na 
construção desses pressupostos. 
Mas o que é um fato social? Durkheim afirma que: 
é fato social toda maneira de fazer, fixa ou não, capaz de exercer sobre o 
indivíduo uma coerção exterior; ou a ainda, que é geral na extensão de uma 
dada sociedade que tem uma existência própria, independente de suas 
manifestações individuais. 
Dessa definição podemos destacar três aspectos clássicos correspondentes 
aos fatos sociais: exterioridade (os fatos sociais localizam-se na sociedade e 
não nos indivíduos, independente das suas consciências), coercitividade (são 
impostos aos indivíduos pela sociedade, forçando-os a agir dentro de regras) 
e generalidade (são válidos para toda a coletividade e não somente para um ou 
outro indivíduo). 
Durkheim parte do pressuposto que a sociedade precede os indivíduos, sendo 
mais do que a mera soma dos mesmos. É a sociedade que condiciona os 
sujeitos, e não o contrário. Para esclarecer esse ponto, imaginemos uma 
pessoa que acaba de nascer: ela receberá um nome que não escolheu, assim 
como uma nacionalidade e um gênero ao qual pertencer independente da sua 
vontade; também será forçada a aprender o idioma falado pelos outros ao seu 
redor caso queira se comunicar, e terá que se adequar aos padrões normativos 
culturais e jurídicos daquela sociedade, vestindo certas roupas, evitando alguns 
comportamentos, optando por caminhos definidos e reprimindo impulsos que 
sejam vistos como negativos. Todos esses exemplos que citei tencionam 
mostrar, grosso modo, como a sociedade já está pronta antes do indivíduo 
nascer e como ela define as ações deste, independente das suas escolhas. 
Durkheim não sugeriu que a sociedade poderia existir sem os indivíduos, mas 
sim que, após serem criadas pelos indivíduos, as instituições sociais se tornam 
independentes deles, gerando dinâmicas que permanecem para além dos 
sujeitos. Esses fatos sociais acabam por sendo naturalizados, seguidos de 
forma inconsciente, ao ponto dos sujeitos não se darem conta que obedecem 
construções sociais. Caberia a sociologia explicar como essa totalidade 
condiciona suas partes. 
Contudo, nem toda ação repetida por todos os indivíduos pode ser chamada de 
fato social. Comer e respirar são ações que todos os seres humanos realizame 
que necessitam realizar para não morrer, mas pertencem ao campo da biologia. 
Já o direito, a religião, a família, o sistema financeiro, a moda, a divisão do 
trabalho e muitos outros são fatos sociais, pois são gerais (valem para todos), 
exercem coerção (causam pressão direta ou indiretamente sobre os indivíduos) 
e são exteriores (existem fora dos indivíduos). 
Para Durkheim, também existiram fatos sociais normais e fatos sociais 
patológicos. O que os diferencia? A princípio, os fatos sociais normais seriam 
os que mantêm regularidade na sociedade, enquanto os patológicos seriam os 
eventuais; em segundo lugar, os fatos sociais normais são sinônimos de uma 
sociedade saudável, coesa, enquanto os fatos patológicos caracterizariam uma 
sociedade doente, desestabilizada. Exemplos: uma taxa de criminalidade dentro 
da expectativa, na visão de Durkheim, é um fato social normal, pois o crime 
ocorre em todas as sociedades humanas e jamais deixará de existir. Já uma 
onda de criminalidade fora do comum e difícil de ser detida caracterizaria um 
fato social patológico. Não é preciso muito esforço para supor como essa 
diferenciação foi alvo de críticas pelos seus contemporâneos, já que ver o 
próprio fenômeno do crime como algo normal era incomum. 
Se nos atentarmos, alguns dos termos citados acima lembram as ciências 
naturais: “patológico”, “saudável” etc; traços da abordagem funcionalista. 
Herança do pensamento de Herbert Spencer e de outros pensadores, 
o funcionalismo presente na obra de Durkheim busca compreender os fatos 
sociais através da função que estes exercem no todo, tal qual órgãos num 
organismo: cada órgão exerce uma função e se todos estiverem cumprindo 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Funcionalismo_(ci%C3%AAncias_sociais)
seus papéis de forma adequada, o corpo continua funcionando bem. Caso 
algum não funcione direito, desenvolve-se a anomia, uma patologia que precisa 
ser remediada para que a ordem volte a se estabelecer. resumidamente, a 
sociedade é o corpo e os fatos sociais/instituições são os órgãos. 
Para Durkheim, explicar os fatos sociais significa demonstrar a função que eles 
exercem. Todavia, esta explicação não se encontra no futuro (a utilidade que 
nós projetamos nas coisas), mas se encontra no passado: primeiro é preciso 
investigar a razão pela qual surgiu aquela prática social (sua causa eficiente), 
para depois determinar sua função. Esta era a inovação que Durkheim 
propunha em relação a Herbert Spencer: a primeira investigação (causa 
eficiente) deve preceder à segunda (sua utilidade social). 
 
Mas o que mantém os seres humanos unidos? Para responder a essa questão, 
em seu livro “Da divisão do trabalho social”, Durkheim desenvolve dois 
conceitos: o de solidariedade mecânica e o de solidariedade orgânica. 
A solidariedade mecânica está presente nas sociedades pré-capitalistas e pré-
modernas, erroneamente chamadas de sociedades primitivas, onde os 
principais fatores de agregação são a força da tradição, o pequeno número de 
integrantes no grupo, a implacável coerção para se manter o grupo unido, além 
de um alto nível de homogeneidade entre os indivíduos. Peguemos como 
exemplo uma sociedade tribal, onde todos se conhecem e desempenham 
papéis semelhantes, com forte senso de pertencimento ao grupo, regras rígidas 
e sem muita diferenciação aparente entre os sujeitos. 
Onde reina a solidariedade mecânica, aparece o que Durkheim chama 
de consciência coletiva. Trata-se de um conjunto cultural de ideias morais e 
normativas compartilhado entre os indivíduos que compõem essas sociedades 
pré-capitalistas. Tal conjunto tem como função manter o grupo unido, 
constrangendo os comportamentos individuais que ameacem a integridade do 
coletivo. Essa consciência coletiva é adquirida pelos indivíduos através dos 
processos de socialização, como a educação. Nesses processos o indivíduo 
adquire hábitos, valores, comportamentos, costumes, senso moral; ou seja, é a 
partir desses processos que o indivíduo desenvolve sua identidade social. Não 
há muito espaço para o indivíduo se desvincular do grupo ao qual pertence ou 
exercitar particularidades. 
Já na sociedade de solidariedade orgânica, capitalistas, modernas, 
densamente populosas e urbanas, os indivíduos estão integrados na sociedade 
porque cada um passa a depender do outro, mas com um certo distanciamento. 
Este fenômeno se deve à especialização de funções, chamado de divisão 
social do trabalho. Nesse sentido, as sociedades modernas são altamente 
diferenciadas, com cada indivíduo exercendo funções bem específicas e 
distintas umas das outras, num sistema altamente complexo e dinâmico, criando 
um nível de interdependência elevado. Nas sociedades tribais o sujeito que faz 
o pão é um artesão, responsável por toda a cadeia de produção até o produto 
final. Já nas sociedades modernas quem deseja o pão depende do padeiro, que 
por sua vez depende do produtor de trigo, que também depende do 
transportador da mercadoria, que depende do produtor de veículos automotivos 
etc. Cada um exerce uma função distinta para que, ao fim, como numa linha de 
montagem, se tenha o produto final. 
Basta olharmos para todos os produtos que nos cercam, dos quais 
dependemos, e imaginar a enorme cadeia de produção que foi necessária para 
que possam estar ao nosso alcance. Ainda assim, para Durkheim, é graças a 
essa divisão social do trabalho que os indivíduos podem gozar de uma 
liberdade jamais antes vista noutras épocas, já que não precisam se ocupar em 
sanar todas as suas necessidades básicas, focando-se em poucos pontos e 
tendo maior tempo livre para outras atividades antes impossíveis. 
 
Devemos reconhecer o peso da figura polêmica dentro das ciências sociais, 
hora vista como conservador e noutras como um moderado. Seu trabalho 
influenciou vários nomes na área de ciências e antropologia, como Marcel 
Mauss, Talcott Parsons, Lévi-Strauss, Bronisław Malinowsk, Radcliffe-Brown, 
além de outros contemporâneos como Anthony Giddens, Pierre Bourdieu e 
muitos outros. 
 
Seguem abaixo as referências e indicações das principais obras de Durkheim 
traduzidas para o inglês, além das sugestões de leituras complementares. 
Livros de Émile Durkheim: 
• Da divisão do trabalho social (1893) 
• As regras do método sociológico (1895) 
• O suicídio (1897) 
• As formas elementares da vida religiosa (1912) 
• A educação moral (1925, obra póstuma) 
• Lições de sociologia (1950, obra póstuma)

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