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APS Direito empresarial II

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FMU – FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
Curso Direito
ATIVIDADE DIREITO EMPRESARIAL II
APS
Marina Pamela Rodrigues de Macedo
RA 2741057
ATIVIDADE APS DIREITO EMPRESARIAL II 
Resenha critica sobre os textos
I. Do caráter extraconcursal dos créditos falimentares decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial - Fátima Nancy Andrighi 
II. Aspectos processuais da decretação de ineficácia e da ação revocatória falimentar - Luiz Guilherme Marinoni e Ricardo Alexandre da Silva
III. Recuperação e falência de pequenas e microempresas – a lei complementar n. 147/2014 - Carlos Henrique Abrão 
Que se encontram no livro 10 anos de vigência da lei de recuperação e falência: (lei n. 11.101/2005): retrospectiva geral contemplando a lei n. 13.043/2014 e a lei complementar n. 147/2014 / Fátima Nancy Andrighi, Sidnei Beneti, Carlos Henrique Abrão (coordenadores). – São Paulo : Saraiva, 2015.
A RECUPERAÇÃO JUDICIAL E SEUS DIVERSOS POSICIONAMENTOS
A recuperação Judicial resume se a um interessante instrumento cujo objetivo visa auxiliar empresas das quais veem enfrentando dificuldades financeiras, a fim de que estas se reergam, paguem seus credores e por fim cumpram com sua função social gerando empregos e animando a economia. Mas ao nos depararmos com a realidade ficamos certados de diversos questionamentos sobre o êxito e os conflitos existentes nesse processo ambicioso.
Na obra Dez Anos de Vigência da Lei de Recuperação e Falência, coordenada por Fatima Nancy Andrighi, Sidnei Beneti e Carlos Henrique Abrão encontramos um excelente material de estudo com diversos posicionamentos e definições a respeito da Recuperação Judicial.
O Capitulo dois do Livro foi redigido pela ilustríssima Ministra Fatima Nancy Andriguini, nele se fala sobre a criação da Lei N.11.101/2005, concebida através da necessidade de se incorporar ao direito normas das quais correspondessem as necessidades econômicas do momento, visto que o sistema em vigor, ou seja, a Lei N. 7.551/45 se tornara obsoleta. 
A nova Lei conhecida por muitos como Lei de Falências tem como objetivo promover a preservação da empresa, sua função social e estimular a atividade econômica, buscando assim superar crises e manter a fonte produtora de empregos ao mesmo tempo em que se busca liquidar a divida empresarial através de um plano de reestruturação guiado por um administrador. Cabendo ao juiz, em suma, dirigir o processo negocial, zelar pelos direitos de todos os envolvidos, homologar o plano de reestruturação e por fim como último recurso decretar a falência da sociedade empresaria. Vale ressaltar que a quitação dos débitos da recuperanda ocorre através do concurso de credores. E outra divergência entre a lei atual e a antiga esta no fato das partes diretamente afetadas poderem, com interferência regulatória estatal minimizada, transigir em busca do melhor caminho para a quitação de seus créditos.
	Todavia entre os questionamentos a respeito da Recuperação Judicial temos o fator de que quem vai realizar transações com uma empresa da qual se encontra em processo de recuperação. Quais são as garantias de recebimento e por que alguém realizaria um negocio do qual você entraria em uma fila, para assim talvez, receber o que é seu por direito. Alguns diriam que é muito risco e naturalmente compartilho desse entendimento. 
Ademais se aceito o plano de recuperação a empresa recuperanda tentara segui-lo e por consequente necessitara de materiais e ajuda financeira para a manutenção de sua atividade. Uma tentativa de se sanar este problema existe no Art. 67 da LFRE do qual dispõe que a totalidade dos créditos decorrentes das obrigações contraídas pelo devedor durante o período da Recuperação reveste-se de natureza Extraconcursal, ou seja, devem ser pagos com precedência sobre qualquer credito submetido ao concurso de credores, por maior que seja sua preferencia na ordem de classificação, dando assim uma segurança para aqueles dos quais realizarem negócios jurídicos com a recuperanda. Data Vênia a Ministra na obra se refere com preocupação a expressão ``durante´´, utilizada nos artigos 67 e 84 da Lei das Falências, lançando o questionamento sobre qual o momento do processo recuperacional esta sendo contemplado no termo durante. Destacando o posicionamento da Doutrina da qual se mostra a favor de que todos os créditos decorrentes de obrigações contraídas após a distribuição do pedido sejam alçados à categoria de extraconcursais, a ministra cita Fabio Ulhoa Coelho que reconhece que esses credores, ao abrirem crédito a empresário declaradamente em crise, dão decisiva colaboração para a tentativa de superação da empresa em crise, assumindo um risco considerável. Logo a reclassificação dos créditos constituídos após a distribuição do pedido de recuperação judicial deve-se à importância deles para os objetivos desta sendo nada mais justo do que destacar esses credores do concurso falimentar e assegurar-lhes a extraconcursalidade.
Fatima Nancy Andriguini nos mostra que a questão também foi submetida a julgamento pelas duas turmas das quais integram a Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, do qual em votação unânime, deu parcial provimento ao recurso especial, para declarar que os créditos relativos a negócios jurídicos realizados com a sociedade falida após a data do deferimento do pedido de recuperação judicial classificam-se como créditos extraconcursais. Decidindo assim a turma julgadora assegurar mecanismos de proteção para aqueles os quais negociarem com empresas durante o período de recuperação judicial, visando assim garantir financiamentos e a compra de materiais necessários para o desenvolvimento das atividades da empresa recuperanda. 
Creio que apesar dos riscos de se fazer negocio com empresas em recuperação judicial o sistema jurídico brasileiro acertou ao assegurar privilégios os corajosos que o fizerem. Dando assim apoio às empresas recuperandas, assegurando a elas uma possibilidade de realização de empréstimos e de compra de matérias para que estas superem sua crise.
No Sexto Capitulo agora composto por Luiz Guilherme Marinoni e Ricardo Alexandre da Silva discorre sobre a decretação de ineficácia da ação revocatória falimentar, o estudo deles pretende aprofundar algumas questões processuais de analise do texto normativo dos quais têm se revelado problemáticas serias do cotidiano forense.
 Eles definem a Lei de Recuperação e Falências como um remédio processual do qual defende a igualdade entre os credores do falido. Os autores seguindo a tradição do direito falimentar brasileiro acreditam que a ineficácia da revogação falimentar se decreta quando ocorre alguma das hipóteses do art. 129 da LFRE não sendo necessária a comprovação de má-fé tanto do devedor como do credor, sendo a lei pautada por critério objetivo. Divergindo se do art. 130 da mesma lei cujo texto indica a intenção de se prejudicar credores como requisito para revocatória falimentar, indo contra ao sentido pacificado da doutrina no sentido de que o proposito de lesar não é requisito para revogação, bastando assim a ciência do devedor de que tal comportamento poderia ou prejudicaria os credores. 
Nesse debate a respeito da boa e má-fé nas ações revocatórias os autores mencionam também os arts. 136 e 86, III da lei de falências, indicando que os artigos possuem grave imprecisão técnica, pois se referem à hipótese que seja julgada procedente a ação revocatória e a revogação. Se a ação revocatória falimentar se fundamenta na ideia de conluio fraudulento entre o devedor e contratante. Portanto, havendo conluio fraudulento, evidentemente não se pode falar em contratante de boa-fé, logo penso assim como os autores que os dispositivos em questão deveriam sim sofrer modificação redacional, para que neles não constasse referência à revocatória falimentar, e sim apenas à decretação de ineficácia. Em meio a estas problemáticas e outras, os autores pregam que o objetivo dos dispositivos é garantir tratamentodigno a todos os envolvidos melhorando os dispositivos e sanando possível contradições.
	Por fim, o ultimo capitulo analisado trata da Lei Complementar N. 174/2014, ou seja, recuperação e falência de pequenas e microempresas, sendo redigido por Carlos Henrique Abrão. A meu ver assim como para o autor as pequenas e micro empresas tem estimada importância para a economia brasileira, sendo esta uma grande geradora de renda e emprego principalmente em períodos de crise. E por esse papel tão importante elas devem sim receber uma atenção exclusiva, principalmente quando estas se encontram em processo de recuperação judicial. 
O texto nos mostra que o Superior Tribunal de Justiça, por meio de súmulas, enunciados e recursos repetitivos, procura dar uma atenção a esta classe empresaria, porém as ferramentas se mostram insuficientes, apesar da redução de valores como exemplo a diminuição do salário do administrador judicial, o número de pequenas e microempresas das quais sobrevivem a uma recuperação judicial é baixíssimo. Para o autor sua obra representa um alerta para que se aja uma reforma legal acabando com superprivilegios, para que se diminua o poder soberano das assembleias e outras formas das quais apenas atrapalham a recuperação judicial tornando a apenas uma forma conflituosa de se recuperar créditos.
Analisando as evoluções positivas a favor nas pequenas e microempresas, junto com a Lei N. 147/2014, surge também o Diploma Normativo N. 13.043, de 13 de novembro de 2014, do qual possibilitou na esfera tributaria o parcelamento em 84 meses, de forma gradual, das dividas tributarias. Houve também alteração no que concerne a garantia fiduciária, impedindo se assim que financeiras ajuizassem ações de busca e apreensão a equipamentos necessários para a manutenção da atividade. Além do trabalho de entidades como o SEBRAE das quais visam diminuir a mortalidade das empresas. 
Nos pontos negativos temos correntes de especialistas que visto a rotatividade e falta de preparo de muitos microempreendedores acreditam que não se deveria ter a recuperação judicial para as pequenas e microempresas, apoiando se no fato da concorrência e acreditando que apenas os melhores devem permanecer e os outros devem sofrer as consequências, ressaltando se o fato de que 50% das microempresas não sobrevivem nem há dois anos no mercado.
Assim como o autor não concordo com tal premissa acredito que esta classe empresarial merece todo apoio visto a importância destas para a economia, principalmente por que este grupo ser um grande gerador de emprego, principalmente nas áreas periféricas.
Em uma analise criticas dos capítulos e por ser microempresária a mais de dez anos, fico triste ao ver que tantos recursos e tanta luta para a criação e manutenção de um sistema de recuperação de empresas, em situação de crise, para muitos nem exista. Empresários e credores de pequenas e microempresas sofrem e acham soluções afastadas da seguridade jurídica por não terem conhecimento legal, postergando dividas e cobranças que por fim desaguam em uma maior crise econômica. Nos textos se torna nítido que as recuperações judiciais nem sempre são bem sucedidas e por fim como dito por Carlos Henrique Abrão tornam se apenas um instrumento de quitação de dividas, mas ainda assim a meu ver funcionam sob supervisão legal.
Sobre outro aspecto que mostra congruência entre os autores esta na aplicabilidade das leis de recuperação e falências, os autores visam em sentido unanime a resolução de conflitos decorrentes da interpretação das normas, buscando seguridade jurídica de uma forma da qual sempre se contemple os objetivos propostos no conceito de Recuperação Judicial. 
Por fim pode se concluir que temos muito que se avançar em termos de Recuperação judicial, e estamos sim avançando, embora muito ainda seja apenas uma constituição simbólica usando o termo de Marcelo Neves. Acredito que entidades como SEBRAE e outras deveriam lançar campanhas massivas a respeito da importância de se manter a organização administrativa empresarial e a separação dos capitais pessoais e empresariais juntamente com a disseminação do conceito de Recuperação judicial, desmistificando-o e tornando ele uma boa opção, um remédio, para as empresas das quais enfrentam momentos de crise e também para seus credores. Ressaltando o fato de que embora muitas pequenas empresas não resistam aos primeiros anos existe ainda aquelas que apesar de estarem a muito tempo no mercado se sufocam com mudanças internas, de mercado e principalmente quando estas se afundam com crises financeiras geradas pela instabilidade econômica do país. A perda deste grupo acarreta sérios problemas, sendo o principal o desemprego, problema este que deve ser resolvido a todo custo.

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